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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

VENEZUELA - ELEIÇÕES E DESPOTISMO BOLIVARIANO


O assassinato, por militantes dos coletivos chavistas, de Luis Manuel Díaz do partido oposicionista Ação Democrática, num comício em Guárico, no centro da Venezuela, bem como os atentados a bala de que foram vítimas vários outros políticos da oposição ao longo do país durante a campanha, revelam que não há clima de tranquilidade para os cidadãos venezuelanos nas eleições legislativas que terão lugar no próximo domingo 6 de Dezembro. Tudo por conta da truculência de Maduro e dos seus militantes, aos quais se somam os "avispas negras", policiais cubanos que agem livremente na Venezuela, diretamente comprometidos no combate à oposição.

Assim, o pleito eleitoral de domingo será marcado pelas trapaças do Maduro e pelas dúvidas quanto à lisura do evento, levando em consideração que os observadores internacionais sumiram (o primeiro a anunciar que não participaria como observador foi o ex-presidente americano Jimmy Carter), em decorrência da falta de garantias por parte do governo venezuelano, ou simplesmente devido à agressiva atuação do atual Presidente para impedir que a fiscalização do pleito fugisse ao seu controle.

A única entidade internacional autorizada para fazer a vistoria do evento foi a UNASUL (União de Nações Sul-Americanas), criação do finado Chávez e que sempre faz o que os bolivarianos querem, haja vista que o seu secretário executivo é a execrável figura de Ernesto Samper Pizano, o corruptérrimo ex-presidente colombiano que, décadas atrás, protagonizou o que hoje o PT faz no Brasil: a corrupção generalizada para se perpetuar no poder.

Acontece que, na Colômbia, houve mobilização geral da sociedade. O famoso “Processo 8.000” foi instaurado pela Justiça e pelo Parlamento e terminou sendo brecada a tentativa de colocar as instituições republicanas desse país a serviço dos corruptos de plantão. Chávez, é claro, gostou de início de Samper Pizano e passou a considera-lo seu amigo do peito. Corruptos se atraem. Assim, essa obscura personalidade virou secretário executivo da UNASUL.

O Brasil, que sob o império lulopetralha dobrou a coluna vertebral diante dos bolivarianos, engoliu em seco a humilhante decisão de Maduro de rejeitar a indicação, por Dilma, do ex-ministro Nelson Jobim, para que presidisse a comissão da UNASUL que acompanharia as eleições do dia 6 de dezembro. Em mais uma humilhação imposta ao governo petista, foi rejeitado também o nome do ex-chanceler Celso Amorim, apresentado às pressas para substituir Jobim. Ernesto Samper Pizano, pressionado pelos bolivarianos, indicou então o ex-chanceler argentino Jorge Tatana.

Se a honorável Comissão de Verificação Eleitoral da UNASUL foi assim integrada, certamente não haverá objetividade nenhuma na sua missão fiscalizadora e os chavistas poderão agir à vontade para forjar o resultado que mais lhes agradar. O governo Maduro, aliás, tomou todas as providências para que o resultado das urnas não fuja ao seu controle.

Em primeiro lugar, a empresa encarregada de indicar os eleitores hábeis foi entregue aos cubanos que, diga-se de passagem, desde os mandatos de Chávez, já controlavam o “Ministério Venezuelano del Poder Popular para las Comunas y los Movimientos Sociales” que, pasmem os leitores, é administrado desde Havana e monitorado por 30 mil militares cubanos infiltrados nas Forças Armadas e nos Movimentos Sociais, garantindo o controle dos eleitores pelos “Comitês de Defesa da Revolução”.  Elias Jagua, o truculento Ministro dessa pasta (que tentou entrar armado no Brasil, no ano passado, para “dar palestras” aos dirigentes do MST), é apenas um títere dos cubanos. A soberania da Venezuela há tempo que voou pelos ares! É controlada pelos comunistas da Ilha caribenha.

Em segundo lugar, Maduro colocou na cadeia as principais lideranças da oposição: Antonio Ledezma (prefeito de Caracas) e Leopoldo López. Eles amargam pesadas condenas forjadas pela Suprema Corte, a pedido do governo e sem que tivessem sido garantidas a livre defesa nem a transparência no processo.

Recordemos que a empresa cubana encarregada de emitir as listas dos eleitores hábeis já protagonizou, em eleições passadas, verdadeiras orgias de falsificação, ao arrolar sistematicamente os defuntos entre os eleitores. Comissão do Senado Americano que estuda as eleições venezuelanas informava que foi muito acima do normal o aumento do número de eleitores entre 2003 e 2004 (ano em que a eleição aprovou o novo mandato de Chávez): eles passaram de 11,9 milhões para 14 milhões. Semelhante fenômeno de fecundidade ectoplasmática ocorreu na eleição de Maduro em 2013: houve um súbito aumento de 60% no número de eleitores hábeis (que chegaram a 18,9 milhões de votantes). 

Pesquisa recente realizada pela Universidade Católica Andrés Bello, de Caracas, informava, por outra parte, que em 14 dos 24 Estados há mais votantes que pessoas vivas. Como diria Érico Veríssimo (lembrando a frase dos positivistas gaúchos), na Venezuela chavista “os vivos são governados pelos mortos!”

Assim, dos 1799 candidatos inscritos para as eleições legislativas de 6 de dezembro, surgirá provavelmente uma nova Assembleia Nacional de 167 membros (164 deputados eleitos pelas entidades federais e 3 pela representação indígena) obediente ao governo chavista. Seria um verdadeiro milagre se isso não acontecesse. O sistema eleitoral venezuelano é misto, entre eleitos pelo voto maioritário (116 vagas) e pelo sufrágio proporcional em lista (51 vagas). Os Partidos são: o oposicionista Mesa de la Unidad Democrática (MUD), o oficialista Partido Socialista Unido da  Venezuela (PSUV) e o Gran Polo Patriótico Simón Bolívar (CPPSB), aliado do governo.

O presidente Nicolás Maduro mostrou-se intolerante e violento para com a oposição quando esta exigiu, no ano passado, que fosse criado um novo Tribunal Eleitoral independente do governo, que desse à oposição o mesmo tempo concedido aos candidatos oficialistas, nos debates na TV. Na época em que essas exigências foram feitas pelo movimento estudantil, houve uma brutal repressão por parte do governo, com um saldo trágico de 43 jovens assassinados pelas forças policiais.Com um quadro desses, Socorro Hernández, presidente do Conselho Eleitoral pôde afirmar cinicamente em dias passados, ao rejeitar as missões internacionais de observadores independentes: “Diante do avanço significativo do sistema eleitoral e do processo democrático venezuelano, não cabe falar em missões de observação”. Lula diria, novamente, que na Venezuela “há democracia demais”. 

Pelo menos, na Argentina que elegeu o liberal Macri para a Presidência, há um raio de esperança de que a subserviência aos déspotas bolivarianos comece a ser contida no seio do MERCOSUL. A decisão do novo Presidente argentino de aplicar à Venezuela a "cláusula democrática" vigente no bloco, será o início da retomada das práticas democráticas. Esperemos a posse de Macri. Dos petralhas, certamente, o único que podemos esperar é mais roubalheira ("Minha casa, minha vida" da Dilma é o seu "Petrolão" particular) e mais subserviência aos trogloditas bolivarianos e aos irmãos Castro.

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