tag:blogger.com,1999:blog-41971500277761263982024-03-05T01:30:53.184-08:00rocinanteUm espaço para defesa da Liberdade, da forma incondicional em que Dom Quixote fazia nas suas heroicas empreitadas!Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.comBlogger618125tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-25746685044714612722022-08-31T11:48:00.000-07:002022-08-31T11:48:13.370-07:00Não há dúvida de que com as políticas intervencionistas e revisionistas
implementadas pelo STF ao longo dos dois últimos anos, ingressamos num ciclo
autoritário que, espero, tenha curta duração. Tudo depende do que a sociedade
civil fizer. Não há soluções mirabolantes. Não seremos salvos nem pelos
marcianos nem por Dom Sebastião. A solução está, não duvidemos disso, únicamente
nas nossas mãos. Trata-se, como dizia Tocqueville (1805-1859), de "educar o
homem político", munido de um governo representativo que garanta a defesa dos
seus interesses. Ou como frisava Karl Popper (1902-1994), a tarefa inadiável
consiste em construir uma "sociedade aberta", que abra espaço institucional para
os indivíduos defenderem os seus interesses, a fim de preservar a liberdade, o
livre desenvolvimento econômico e as instituições democráticas. Com o intuito de
dar subsídios às novas gerações nesta difícil hora, lembrarei algumas conquistas
das últimas décadas. O ponto central é voltarmos a estudar, de forma
sistemática, as soluções liberais e tentar implementá-las. Desenvolverei, neste
ensaio, os seguintes itens: I - A pesada herança do ciclo lulo-petista e o repto
do estudo do Liberalismo. II – Núcleos atuais para o estudo do Liberalismo no
Brasil. III - Entrevista do autor à Revista do Clube Militar do Rio de Janeiro,
publicada em agosto de 2016, com o seguinte título: “Sociedade brasileira e
Patrimonialismo: as janelas para a democratização brasileira”.
<b>
<b>I - A pesada herança do ciclo lulo-petista e o repto do estudo do Liberalismo.
</b></b>
O Brasil, após 13 anos de lulopetismo no poder, poderia ter afundado no
socialismo bolivariano. Isso, certamente, se Lula e os seus seguidores
pautassem, eles sozinhos, os rumos da sociedade. Os lulopetistas ocuparam
setores essenciais do Estado, numa ação progressiva que se desenvolveu ao longo
das três últimas décadas. O aparelhamento petista da máquina pública começou
antes da eleição de Lula, mediante a ocupação de cargos de chefia nos
ministérios, nas universidades, nas redes oficiais de ensino básico e
fundamental, nos Municípios e nos Estados, nas empresas estatais e nos
sindicatos. Até a Igreja Católica abriu as portas à militância petista, ao
aderirem, não poucos bispos e padres, à teologia da libertação, tendo passado a
fazer dos templos lugar de reunião e fortalecimento dos sindicatos. Nisso os
petistas foram muito disciplinados, como no fato de pagarem, religiosamente, o
dízimo ao Partido, uma vez empossados em funções burocráticas. Mas eles estão
longe, muito longe, de fazer com que o Brasil, como um todo, aceite esse
modelito defasado, afinado com o que de mais atrasado há no mundo da política e
consolidado, no nosso país, ao ensejo da pérfida colaboração entre militância
lulopetista, políticos tradicionais corruptos, tribunais viciados, teologia da
libertação e empresários cooptados pelo PT. Como frisava o saudoso mestre
Antônio Paim (1927-2021), no seu livrinho intitulado: Para entender o PT , o
Partido dos Trabalhadores é a maior manifestação do espírito patrimonialista na
cultura brasileira. Nos seus quase quinze anos de mandato, o Partido tratou o
Brasil como propriedade privada dos donos da legenda, Lula, Dilma e amigos.
Eles, simplesmente, cuidaram para que o Estado fosse o seu instrumento do
sequestro do espaço público, em benefício da sigla partidária, com exclusão dos
que se opusessem. Foi uma ação sistemática de ocupação e de aparelhamento, tendo
utilizado a filosofia gramsciana, como alicerce doutrinário, para a empreitada.
O PT não teve dúvidas em utilizar todas as táticas de intimidação, desde o
patrulhamento e a calúnia, até a eliminação dos militantes que ousassem se
desviar dos interesses dos chefões. Os assassinatos de Celso Daniel (1951-2002)
e de Antônio da Costa Santos (1952-2001), Toninho do PT, são prova disso. Esses
atos de terrorismo lembram as conhecidas “purgas” com que os comunistas
castigavam dissidentes, no reinado de Lenine e Stalin, na Rússia bolchevique, ou
na eliminação de críticos e oposicionistas, na China de Mao. No trabalho de
marxistização do ensino básico, fundamental e secundário, foi de grande valia a
ajuda de pedagogos socialistas, como Paulo Freire (1921-1997). Ele, de fato,
embora tivesse recebido a influência dos teóricos da Escola Nova e da filosofia
personalista de Emmanuel Mounier (1905-1950), terminou se afinando com o ideal
do marxismo cultural na América Latina e com a tentativa de implantar esse
modelo no Brasil, com a ajuda da doutrinação de pedagogos e alunos. Nos anos
setentas, em Paris, Paulo Freire dirigia o Instituto Ecuménico para o
Desenvolvimento dos Povos (Institut Oecumenique pour le Développement des
Peuples – INODEP), uma fundação que acolhia militantes de organizações
guerrilheiras latino-americanas, com a finalidade de intercambiar experiências
no combate ao capitalismo, com financiamento do Conselho Mundial de Igrejas. Eu
próprio, militante de esquerda, em 1972, recebi bolsa para passar um ano em
Paris, no mencionado Instituto. Terminei renunciando à bolsa, sendo que a minha
esposa de então fez o mesmo, para proteger dois conhecidos tupamaros que fugiam,
na Colômbia, da repressão desatada pelo governo de Jorge Pacheco Areco
(1920-1998) no Uruguai. Eles passaram um ano na França, como alunos do Instituto
dirigido por Paulo Freire. O mencionado pedagogo acreditava no valor da luta
armada para implantar o socialismo. A sua “pedagogia libertadora” não era,
apenas, pedagogia. Era doutrinação, com abertura para a luta guerrilheira.
Contra a tentativa hegemônica petista e reagindo, também, contra a farta
divulgação do pensamento marxista no sistema de ensino, incluindo aí as
universidades, começaram a aparecer, ao longo dos últimos vinte anos,
organizações de jovens que buscavam ares menos contaminados. É particularmente
visível, no meio universitário, essa reação. Embora o grosso do professorado
esteja constituído por docentes afinados com o pensamento de esquerda, os jovens
buscam alternativas ideológicas, se destacando, entre elas, o pensamento
liberal. Na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde lecionei até maio de
2013, notei isso. Para responder a essa preocupação da nova geração, criei, ali,
vários espaços em que o pensamento liberal tinha lugar importante. Menciono-os:
o Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa”, que coordenei até
final de 2018; o Núcleo de Estudos Ibéricos e Ibero-americanos; o Núcleo de
Estudos sobre o pensamento de Madame de Staël e o Liberalismo Doutrinário; o
Núcleo Tocqueville-Aron para o estudo das Democracias Contemporâneas. Ao redor
de todos esses pequenos centros de pensamento e pesquisa, reuniram-se alunos da
UFJF e de outras Universidades e centros de estudo do Brasil. Dessas iniciativas
surgiram várias realizações acadêmicas, sendo a primeira o Portal Defesa
(www.ecsbdefesa.com.br) sob a direção do professor Expedito Bastos, historiador
e advogado, que divulgava as análises desenvolvidas pelos membros do Centro de
Pesquisas Estratégicas. A segunda realização foi concretizada nas revistas
eletrônicas Ibérica (www.estudosibericos.com) e Cogitationes
(www.cogitationes.org), ambas coordenadas por dois alunos do Curso de Filosofia
da UFJF, Alexandre Ferreira de Souza e Marco Antônio Barroso. Essas publicações
arejaram o ambiente rarefeito da cultura universitária, discutindo propostas
liberais e liberais-conservadoras, bem como analisando temas relativos à
história da cultura ocidental. Pena que o Portal Defesa, ao ensejo da
aposentadoria do seu diretor, o professor Expedito Bastos, foi fechado pela
direção da Universidade Federal de Juiz de Fora, em dezembro de 2019, após 14
anos de funcionamento. O espírito de abertura a todas as correntes de pensamento
e o compromisso com o estudo diuturno das necessidades estratégicas do Brasil,
incomodaram à direção da mencionada Universidade. Particular impacto causaram-me
os Encontros de Estudantes de Relações Internacionais. Participei de dois desses
eventos, o realizado em Ribeirão Preto, São Paulo, em 2009 (quando apresentei
uma análise do fenômeno do neopopulismo na América Latina) e o promovido pelo
Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande
do Sul, e que teve lugar de 19 a 22 de Setembro de 2013, quando proferi palestra
com o título: “Tocqueville e a agitação das ruas”. Em ambos os eventos, o
primeiro de caráter nacional (com mais de dois mil participantes) e o segundo de
alcance regional (com 400 participantes), fiquei impressionado com o interesse
dos alunos pelos temas relacionados com a filosofia liberal. Percebo que os
estudantes dos cursos de Relações Internacionais (que já passam da centena,
cobrindo o Brasil de sul a norte) são, especialmente, sensíveis ao atraso
representado pelo nosso Estado patrimonial, tacanhamente confinado nos limites
ideológicos de uma geopolítica de esquerda e afinado, na era lulopetista, com o
chavismo bolivariano. Duas tarefas inadiáveis vejo, como necessárias, para que
frutifique o trabalho destes grupos de jovens liberais: em primeiro lugar,
aprofundar no conhecimento sistemático dos clássicos do liberalismo, tanto dos
iniciadores dessa corrente na Europa (Locke, Kant, Montesquieu, Tocqueville,
Benjamin Constant de Rebecque, Madame de Staël, Raymond Aron e os Doutrinários
franceses, etc.), quanto dos liberais americanos, os chamados Patriarcas
fundadores das instituições republicanas nos Estados Unidos. O estudo dos
clássicos deve, evidentemente, abranger, também, os pensadores da Escola
Austríaca e as suas fontes ibéricas, que se remontam às teses da soberania
popular, especialmente no pensamento do maior filósofo espanhol do século XVII,
o padre Francisco Suárez (1548-1617), cuja obra: De legibus ac de Deo
legislatore (= Sobre as leis e Deus legislador) (1613) que já conta com tradução
portuguesa, deveria ser distribuída no Brasil. No caso dos Pensadores Liberais
brasileiros, deveriam ser estudados os textos dos fundadores do Instituto
Liberal, Og Leme (1922-2004) e Donald Stewart Jr. (1931-1999); os ensaios de
Roberto Fendt (1944-), ex-presidente do Instituto e a obra do mais importante
historiador das ideias econômicas da Escola Austríaca entre nós, Ubiratan Jorge
Iorio (1946-). Também deveriam ser estudados os escritos do jovem economista
Rodrigo Constantino (1976-), e as fundamentadas análises feitas por dois
scholars, professores da UFRJ, no terreno daquilo que se convencionou em chamar
de “modéstia epistemológica” do Liberalismo: Alberto Oliva (1950-) e Mário
Guerreiro (1944-); adicionaria também, as obras do jovem diretor executivo do
Instituto Liberal, Lucas Berlanza (1992-): Carlos Lacerda jornalista: repórter,
gestor e teórico da imprensa (2015) e Guia bibliográfico da nova direita – 39
livros para compreender o fenômeno brasileiro (2017). Esse esforço teórico teria
de se alargar, no âmbito ibérico e iberoamericano, ao estudo dos pensadores que
se debruçaram sobre as fontes liberais, projetando-as sobre a nossa realidade.
Ressaltam, aqui, José Ortega y Gasset (1883-1955), na Espanha, e Fidelino de
Figueiredo (1888-1967), em Portugal. No caso latino-americano, sobressaem nomes
como os de Antonio Caso (1883-1946) e Daniel Cossío Villegas (1898-1976), no
México. Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888), na Argentina. José Maria Samper
(1828-1888), Rafael Núñez (1825-1894), Carlos Lleras Restrepo (1908-1994) e Otto
Morales Benítez (1920-2015), na Colômbia, e o prêmio Nobel peruano Mario Vargas
Llosa (1936-). No caso brasileiro, deveriam ser estudados Silvestre Pinheiro
Ferreira (1769-1846), José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), Hipólito
José da Costa (1774-1823), Paulino Soares de Sousa (1807-1866), Aureliano
Cândido Tavares Bastos (1839-1875), Rui Barbosa (1849-1923), Tobias Barreto
(1839-1889), Joaquim Francisco de Assis Brasil (1857-1938), Gaspar da Silveira
Martins (1835-1901) e, na realidade atual, Miguel Reale (1910-2006), Antônio
Paim (1927-2021), Roque Spencer Maciel de Barros (1927-1999), José Osvaldo de
Meira Penna (1917-2017), José Guilherme Merquior (1941-1991), Ubiratan Borges de
Macedo (1937-2007) e Vicente de Paulo Barreto (1939-), para citar, apenas,
autores pioneiros. Uma segunda linha de trabalho deveria ser abarcada pelos
jovens liberais: projetar, sobre a realidade brasileira contemporânea, as luzes
da luta em prol da liberdade, defendida, com denodo, pelos clássicos do
pensamento filosófico e político que acabo de mencionar, a fim de enxergar
soluções para os grandes problemas que afetam às nossas instituições
republicanas. Sílvio Romero (1851-1914), o fundador da sociologia brasileira,
afirmava que, em matéria de pensamento social e político, não há
monocausalismos. A reflexão que proponho sobre a realidade brasileira deveria
ser efetivada, portanto, de maneira monográfica, abarcando os três grandes
aspectos que se entrecruzam na sociedade: o cultural, o político e o econômico.
Cada um desses aspectos é essencial e não pode se sobrepor aos outros. Surgirá
dessa reflexão, com certeza, uma agenda liberal para ser implementada na luta
político-partidária, sem a qual não se consegue pôr em prática os nossos ideais,
para termos uma sociedade com instituições que defendam a liberdade e não a
ameacem, como acontece atualmente. Os estudos sobre as fontes do Liberalismo e a
sua expressão, no Brasil, deveriam ser complementados com a análise diuturna da
história da nossa formação social, à luz dos postulados da Escola Culturalista
presentes na corrente do Culturalismo Sociológico. Quanto aos acervos onde se
podem encontrar as obras dos clássicos brasileiros, recomendo, aos jovens
estudiosos, o Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro (www.cdpb.org.br),
organizado em Salvador, na Bahia, pelo professor Antônio Paim. Esse acervo
encontra-se na Universidade Católica de Salvador. Recomendo, igualmente, o
acervo digital do Instituto de Humanidades, para aqueles que buscam se
familiarizar com as fontes do liberalismo clássico
(www.institutodehumanidades.com.br).
<b><b>II – Núcleos atuais para o estudo do Liberalismo no Brasil.</b>
</b>
Considero que, na atualidade, os lugares mais destacados para fomentar os
estudos do liberalismo, por parte das novas gerações, são as seguintes oito
Instituições: 1 – Instituto de Humanidades. 2 – Espaço Democrático do PSD. 3 –
Núcleo Ibérica. 4 – Instituto Liberal. 5 – Instituto Mises Brasil. 6 – Clube da
Aeronáutica. 7 – Academia Brasileira de Filosofia, reestruturada. 8 – Sociedade
Tocqueville, reestruturada. 1 – Instituto de Humanidades, que funciona em São
Paulo, sendo o seu Diretor Executivo o advogado Arsênio Eduardo Correia (1945-),
estudioso das questões sociais na Primeira República, bem como da base
doutrinária que permitiu a implantação, nos anos 80, da denominada “Nova
República”. Pertencia ao Instituto, como Presidente, o professor Antônio Paim. O
saudoso professor Leonardo Prota (1930-2016), um dos fundadores do Instituto,
deu uma contribuição extraordinária, em Londrina, com os Encontros de
pesquisadores e docentes da Filosofia Brasileira, entre 1989 e 2003. O Instituto
de Humanidades já se tornou conhecido, pelo fato de ter elaborado uma proposta
de educação humanística continuada, no seu Curso de Humanidades, cujos materiais
são oferecidos on line, sem custo algum, através do Portal do Instituto, neste
endereço eletrônico: (www.institutodehumanidades.com.br). No contexto das
atividades de pesquisa desenvolvidas pelo professor Antônio Paim, ressalta o seu
projeto de aprofundamento nas raízes da nossa história cultural. Trata-se de uma
proposta semelhante à desenvolvida, há duzentos anos, na França, pelo
doutrinário François Guizot (1787-1874), em torno à reconstituição da identidade
francesa, do ângulo do relato histórico, que terminou desaguando nos Cursos por
ele oferecidos na Sorbonne, com a finalidade de superar as deformações ensejadas
pela Revolução Francesa, que pretendeu cortar, radicalmente, com o passado. No
contexto da sadia reação cultural ensejada por Guizot, foram plantados os marcos
que possibilitaram a reconstrução da história cultural da França e da Europa, ao
ensejo dos seus cursos sobre a História da França e a História da Civilização
Européia. A proposta do professor Paim parte da reconstituição dos nossos elos
de identidade brasileira, retomando a antiga Coleção Brasiliana, que, no século
XX, ensejou a publicação dos principais trabalhos historiográficos acerca da
nossa formação como país. Já foi lançado, com esse intuito, o primeiro volume,
intitulado: Brasiliana Breve. Seguirão outros, que destacam aspectos específicos
da nossa historiografia, no terreno sociocultural. Paim dá continuidade, assim,
a projeto acalentado por ele há duas décadas, no sentido de, à maneira dos
doutrinários, reconstruir o caminho da nossa identidade liberal perdida. Essa
proposta foi formulada, por Paim, no início deste século. Em obras anteriores, o
Mestre havia deitado os alicerces para essa proposta, alargando a sua análise
até as origens do pensamento liberal moderno e situando, nesse contexto, a
tarefa de reconstrução cultural das nossas instituições, fazendo uma crítica bem
fundamentada ao marxismo, que é, segundo ele, a manifestação mais recente do
espírito cientificista na cultura brasileira. Destaquemos que toda essa pesquisa
empreendida por Paim, terminou se espraiando em Cursos regulares de extensão e
de pós-graduação, ao longo dos anos 80 e 90 do século passado, em instituições
de ensino superior públicas e privadas, como a Universidade de Brasília, as
Universidades Federal de Juiz de Fora e Gama Filho, no Rio de Janeiro. A
manifestação pioneira dessa atividade tinha ocorrido, nos anos 70 do século
passado, na PUC do Rio de Janeiro, ao ensejo da criação do Programa de Mestrado
em Pensamento Brasileiro, que contou com o apoio da seção cultural da
Organização dos Estados Americanos, com sede em Washington. Duas tarefas
práticas, de caráter imediato, apresentava o professor Paim: deveríamos nos
engajar, com coragem, em primeiro lugar, na consolidação, no Brasil, da educação
para a cidadania, sem a qual, não seria possível encontrarmos o caminho para a
nossa caminhada como país que aspira à plena democracia. Por iniciativa do
Mestre Paim, uma tentativa, nesse sentido, tinha sido feita pelos membros do
Instituto de Humanidades, há duas décadas, na obra intitulada: Cidadania: o que
todo cidadão precisa saber (2002). Tratava-se de uma proposta, endereçada aos
professores de ensino básico e fundamental, com a finalidade de estimular o
debate acerca do conteúdo que deveria ter a disciplina “educação para a
cidadania”, que seria inadiável implantar nas quatro primeiras séries do ensino
fundamental. Paralelamente a essa preocupação, o professor Paim cuidou, ao longo
dos últimos vinte anos, de definir as linhas mestras para a reestruturação da
classe política, cuidando de um aspecto fundamental para a atuação dela: o
aprimoramento da representação. 2 – Espaço Democrático do PSD. O professor
Antônio Paim desenvolveu, ao longo das três últimas décadas, destacado trabalho
no sentido da revalorização da classe política, junto a alguns partidos de
centro, nos quais atuou como assessor: primeiro, no antigo Partido da Frente
Liberal (PFL) e, nos últimos anos, no Partido Social-Democrático (PSD), fundado
pelo empresário e ex-Ministro Gilberto Kassab (1960-). A ideia de Paim era
tornar concreta a tarefa que Alexis de Tocqueville tinha definido como uma das
finalidades básicas da instituição do Estado democrático, de “educar o homem
político”, juntando as práticas da educação para a cidadania e do aprimoramento
da representação. Um exemplo, apenas, desse incansável trabalho de Antônio Paim
foi constituído pela obra intitulada: Personagens da política brasileira. O
nosso autor considerava que, no século XXI, haveria uma tarefa desafiadora:
tornar o Brasil um país realmente democrático, mediante a incorporação de uma
grande classe média à vida política, aperfeiçoando a representação. Consoante
Francis Fukuyama (1952-), - frisava Paim -, a China e a Rússia vivenciam,
hodiernamente, também, esse repto, a fim de saírem, definitivamente, do modelo
de Estado Patrimonial consolidado há séculos. A propósito, Paim escreve: “A
tarefa é desafiadora. O principal obstáculo a vencer está identificado: trata-se
do patrimonialismo. Em resumo, estamos no caminho que nos conduzirá à plena
instauração do regime democrático representativo, compreendidas as
características sociais requeridas (classe média). Para tanto, é preciso
recuperar o prestígio da classe política. O propósito de identificação de
personalidades marcantes ora empreendido, evidencia a presença de figuras
destacadas no meio político. Nada sugere que o ciclo histórico ora vivenciado
seja diferente”. 3 – Núcleo Ibérica. Foi fundado em 2009 por Alexandre Ferreira
de Souza, Marco Antônio Barroso, Bernardo Goytacazes de Araújo e Humberto
Schubert Coelho, meus ex-alunos no Curso de Filosofia da Universidade Federal de
Juiz de Fora. Este grupo conta, para efetivar as suas ações de análise cultural,
com o Portal Ibérica (www.estudosibericos.com) e com a Revista digital
Cogitationes (www.cogitationes.org) , criados há quinze anos. A principal
contribuição do Núcleo Ibérica tem consistido na análise crítica da realidade
brasileira, do ângulo liberal-conservador, à luz da filosofia de Immanuel Kant
(1724-1804), de espiritualistas como Jacob Böhme (1575-1624), teólogos como
Rudolf Otto (1869-1937), românticos franceses como Benjamin Constant de Rebecque
(1767-1830) e Madame de Staël (1766-1817), ou liberais conservadores herdeiros
destes, como Tocqueville. O Núcleo também estuda a obra dos
liberal-conservadores da tradição britânica, como é o caso de Edmund Burke
(1729-1797), Lorde Acton (1834-1902) e Roger Scruton (1944-2020). Os membros do
Núcleo Ibérica partiram para a pesquisa acadêmica de longo curso, sendo que
alguns deles defenderam teses de doutoramento sobre os autores mencionados, como
é o caso de Humberto Schubert Coelho (com tese sobre Jacob Böhme), Marco Antônio
Barroso (com tese sobre Benjamin Constant de Rebecque) e Alexandro Ferreira de
Souza (com tese sobre Rudolf Otto). Alguns membros do Núcleo (Alexandro Ferreira
de Souza, Marco Antônio Barroso e Bernardo Goitacazes de Araújo) participaram da
gestão do MEC, no início do governo Bolsonaro, me acompanhando, como
Secretários, no período em que desempenhei o cargo de Ministro da Educação,
entre 1º de janeiro e 8 de abril de 2019. Foi surpreendente a performance dos
meus ex-alunos no Ministério, mesmo não contando, alguns deles, com experiência
significativa em gestão pública (salvo no caso de Bernardo Goytacazes de Araújo,
que já tinha se desempenhado em funções públicas municipais, na sua cidade
natal, Três Rios). Marco Antônio Barroso à frente da Secretaria de Regulação e
Supervisão da Educação Superior (SERES) , Alexandro Ferreira de Sousa, como
titular da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e Bernardo
Goytacazes de Araújo, à frente da Secretaria de Modalidades Especializadas de
Educação (SEMESP) surpreenderam com a eficiência e a reta administração, no
curto trimestre em que tiveram de fazer frente aos enormes desafios das suas
respectivas repartições. Em tempo realmente curto os três mencionados ex-alunos
conseguiram sanear as suas respectivas Secretarias, fazendo com que de fato
prestassem o serviço de coordenação nas suas áreas específicas, tendo agilizado
a gestão pública e pondo fim às práticas de negociação político-partidária que
tinham prevalecido em governos anteriores. Isso prova a importância de uma
sólida formação humanística, como alicerce indiscutível para a boa gestão
pública. A presença e o apoio desses ex-alunos no Ministério foram fundamentais
para o meu trabalho. Reconheço, agradecido, a grande contribuição deles. Quando
saí do MEC, eles já tinham entregado à Casa Civil os respectivos projetos para
serem divulgados, ao ensejo dos 100 primeiros dias de governo. O MEC, aliás, foi
o primeiro Ministério a cumprir com essa exigência imposta pelo Presidente da
República. Recentemente, vinculou-se ao Núcleo Ibérica o professor Luciano
Caldas Camerino que, ao longo das três últimas décadas, desenvolveu, de forma
sistemática, seminários sobre os pensadores liberais clássicos, no seio do Curso
de Filosofia da UFJF. Eu próprio, estimulado pelos meus alunos, realizei
pesquisa de pós-doutorado sobre Alexis de Tocqueville e os doutrinários
franceses. Os seminários que, no Núcleo, desenvolvi sobre as relações entre
Patrimonialismo, Cultura e Literatura na América Latina, deram como resultado os
livros intitulados: A análise do Patrimonialismo através da Literatura
latino-americana: o Estado gerido como bem familiar e Patrimonialismo e a
realidade latino-americana. As análises que, do ângulo cultural, desenvolvi no
Núcleo, tendentes a criticar a falta de uma fundamentação ética que nos
permitisse superar o espírito contra-reformista, deram ensejo, de outro lado, ao
meu livro intitulado: Luz nas trevas: ensaios sobre o Iluminismo. 4 – Instituto
Liberal. Esta instituição continua a funcionar no Rio de Janeiro, sob a
presidência do empresário Salim Mattar (1948-) e a direção executiva do jovem
jornalista e escritor Lucas Berlanza Corrêa (1992-). Na nova organização
conferida por Lucas Berlanza ao Instituto, destaca-se a configuração digital do
Portal, onde divulga debates de atualidade, dos quais participam jovens liberais
do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras. Inspirados na ação do
Instituto Liberal do Rio, Núcleos de formação liberal têm sido criados em várias
cidades, ao redor dos seus respectivos Institutos Liberais. De outro lado, a
pesquisa desenvolvida por Lucas Berlanza tende uma ponte entre a nova geração de
liberais e as gerações anteriores, mediante o estudo detalhado das relações que
se podem tecer, no tratamento dos temas do Liberalismo, com a atual quadra da
história brasileira. Lucas Berlanza realiza uma inegável atividade de liderança,
dando subsídios aos Institutos Liberais que funcionam em outras regiões do país
e ajudando estes na programação e desenvolvimento de Cursos de Formação Liberal,
com estudo das obras dos clássicos do Liberalismo na Europa e nos Estados
Unidos, bem como no Brasil. Como editor, Berlanza tem desenvolvido projetos com
editoras internacionais, a fim de divulgar o pensamento de liberais brasileiros
. O traço marcante do Estado brasileiro, nestes tempos de luta contra o
lulopetismo e de triunfo de uma opção liberal-conservadora, representada por
Jair Bolsonaro, continua sendo o Patrimonialismo, que teima em sobreviver,
encarando o público como privado. Nesse combate, - considera Lucas Berlanza -, a
memória das lutas encetadas por Carlos Lacerda (1914-1977) contra o tradicional
cartorialismo do ciclo getuliano, revive o clima de luta periclitante pela
liberdade, que foi, também, o traço marcante dos Doutrinários e de Tocqueville,
na França. Berlanza retoma, assim, o melhor da nossa tradição política
liberal-conservadora que, inspirada em figuras como Winston Churchill
(1874-1965), não tem medo de lutar o bom combate, em prol da liberdade e dos
valores da civilização cristã. Lacerda deixou para o Brasil, frisa Berlanza, “o
legado de Ícaro”, encarnando o papel do “líder que (...) sustentou
simultaneamente princípios como a descentralização do poder e da administração,
a valorização da herança cultural ocidental e cristã (...), o receio do Estado
agigantado e opressor, o apreço pela sensibilidade patriótica e pelas virtudes
cívicas”. 5 – Instituto Mises Brasil. Foi fundado em 2017 por uma turma de
jovens estudiosos das obras do economista austríaco Ludwig von Mises
(1881-1973), sob a liderança de Hélio Coutinho Beltrão (1968-), formado em
finanças pela Universidade de Colúmbia. Ao lado dele, outros estudiosos das
teses de Von Mises participaram da fundação do Instituto, como Bruno Garschagen,
Ubiratan Jorge Iorio, Rodrigo Saraiva Marinho, Fernando Ulrich, Fernando e
Cristiano Fiori Chiocca, etc. Na parte editorial do Instituto Mises, colabora
renomado estudioso da obra de Russel Kirk (1918-1994), o historiador e pensador
de tendência liberal-conservadora Alex Catharino, pertencente, como membro
correspondente, ao Centro Tocqueville-Acton, na Itália. Alex Catharino é
fundador do Centro Interdisciplinar de Economia Personalista (Rio de Janeiro).
Em abril de 2018, o Instituto Mises Brasil foi considerado, pela quarta vez,
como o Think-Tank liberal, fora dos Estados Unidos, com maior influência nas
redes sociais. O Instituto publica, em São Paulo a Revista Mises, uma publicação
interdisciplinar de filosofia, direito e economia. O Instituto Mises Brasil
partiu, também, para a formação continuada de quadros técnicos na área da
economia, oferecendo cursos de pós-graduação em Economia da Escola Austríaca
(2016). 6 – Clube da Aeronáutica. Sob a liderança do coronel Araken Hipólito da
Costa, com a estreita colaboração do professor Francisco Martins de Sousa
(mestre e doutor em Pensamento Brasileiro e membro fundador da Academia
Brasileira de Filosofia), foi instituído, em 2009, o Curso de Pensamento
Brasileiro, como atividade cultural continuada do Clube. Os trabalhos
apresentados no desenvolvimento do Curso são publicados, regularmente, pela
Revista Aeronáutica. O Curso de Pensamento Brasileiro foi adotado, a partir de
2020, pela Universidade da Força Aérea, com sede no Campo dos Afonsos, no Rio de
Janeiro, dando, assim, maior abrangência ao estudo da nossa cultura na formação
de oficiais e do público civil em geral. Considero que, pela seriedade com que
os nossos militares, tradicionalmente, tem tratado os seus empreendimentos na
área cultural, esta nova versão do Curso de Pensamento Brasileiro dará um
reforço substancial ao estudo da cultura brasileira. A matéria que
tradicionalmente leciono no Curso de Pensamento Brasileiro, intitulada:
“História do Pensamento Político Brasileiro” foi publicada, em forma de livro,
pela Revista do Clube da Aeronáutica, em 2012. 7 – Academia Brasileira de
Filosofia, reestruturada. Ao longo dos últimos anos (2020-2022), a Academia
Brasileira de Filosofia tem recebido um impulso de reestruturação e de retomada
de um plano de ações culturais de ampla abrangência. Sob a presidência do
historiador e professor universitário Edgard Leite, a Academia encontrou novo
impulso, que se traduziu na reconstrução das instalações físicas da entidade,
situada na Casa do General Osório, cedida pela União para a Academia realizar,
nela, as suas atividades. Sob o acertado comando de Edgard Leite, o professor
Antônio Paim foi eleito Presidente Honorário da Instituição, constituindo essa
honraria a derradeira manifestação de uma entidade cultural, visando a
reconhecer a grande obra de pensamento e de cultura realizada pelo Mestre, que
faleceu em abril de 2021, com a idade de 94 anos. Edgard Leite coordenou os
trabalhos de planejamento e execução do Seminário comemorativo dos 200 anos da
Independência do Brasil (na última semana de junho de 2022), que contou com a
participação de historiadores de prol, tanto portugueses quanto brasileiros e
que teve lugar nas instalações da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro,
entidade que se somou, junto com a FAPERJ, à realização do evento. A ideia do
atual presidente da Academia Brasileira de Filosofia é renovar o estudo da
Filosofia no Brasil, mediante a diuturna pesquisa e reflexão sobre o Pensamento
Filosófico Brasileiro. 8 – Sociedade Tocqueville, reestruturada. O centenário
embaixador José Osvaldo de Meira Penna (1912-2017) fundou, no final dos anos 80,
a Sociedade Tocqueville, com a finalidade de estimular no Brasil o estudo da
obra do pensador e homem público francês Alexis de Tocqueville (1805-1859) e
fomentar a publicação, em português, da obra do autor de A Democracia na América
(1835-1840). Meira Penna coordenou a primeira edição brasileira dos Ensaios
sobre a Pobreza de Tocqueville, feita em parceria com a UniverCidade, no Rio de
Janeiro e realizou vários seminários, em Brasília e no Rio de Janeiro, sobre a
obra do grande pensador. O centenário diplomata tentou realizar, no nosso meio,
tarefa semelhante à empreendida, na França, por Raymond Aron (1905-1983), no que
tange à divulgação das ideias tocquevillianas, com a finalidade de dar vida nova
à democracia. Por iniciativa de Lucas Berlanza e contando com a minha
colaboração, está sendo organizada, novamente, a Sociedade Tocqueville, no Rio
de Janeiro, com a participação de estudiosos liberais que se interessam pela
obra do pensador francês. A finalidade da renascente Sociedade consiste em
estimular os estudos sobre a obra de Tocqueville, fazendo novas edições e
estimulando o debate sobre os rumos da democracia no século XXI, à luz do
pensamento tocquevilliano.
<b
<b> >III - Entrevista de Ricardo Vélez Rodríguez à Revista do Clube Militar do Rio
de Janeiro, publicada em agosto de 2016, com o seguinte título: “Sociedade
brasileira e Patrimonialismo: as janelas para a democratização brasileira”.</b
></b>
- Clube Militar: Em seus estudos sobre a formação e a evolução política e social
do Brasil, o fenômeno do patrimonialismo ocupa posição central. Como o senhor o
define e como avalia o papel por ele desempenhado, ao longo de nossa história? -
Ricardo Vélez: O Patrimonialismo, segundo Max Weber, constitui aquele tipo de
Estado que se formou a partir da hipertrofia de um poder patriarcal original,
que alargou a sua dominação doméstica sobre territórios, pessoas e coisas
extrapatrimoniais, passando a geri-lo tudo como propriedade particular ou
familiar. Daí o nome de “Patrimonialismo”. Diferencia-se esta modalidade do
denominado por Weber de “Estado Contratualista”. Nele, o poder estatal foi
organizado a partir de um consenso ou contrato entre as classes que lutavam pela
posse do poder. Não tendo sido possível a extinção daquelas na luta de classes,
o Estado moderno surgiu, nesse contexto, como fruto de um contrato. Tanto Max
Weber quanto Karl Wittfogel consideravam que o modelo contratualista ocorreu,
ali, onde houve Feudalismo de Vassalagem, ou seja, na Europa Ocidental e nas
Ilhas Britânicas. Já nas sociedades presididas por Estados Patrimoniais não
houve diferenciação entre as classes, não tendo havido adequada formação destas.
A sociedade ficou, assim, estratificada entre os donos do poder e o resto. Isso
explica a índole essencialmente autoritária dos Estados Patrimoniais, bem como o
caráter cooptativo da participação da sociedade. Só participa do esquema de
dominação quem for chamado pelo soberano. O Patrimonialismo, como modalidade de
Estado mis forte do que a sociedade surgiu ali, onde grandes organizações
pré-burocráticas ligadas ao controle da água estruturaram-se, tendo dado ensejo
aos primeiros grandes Estados despóticos de que tomou conhecimento a Humanidade.
Tal modelo vingou no Antigo Egito, no Império Chinês, nos Califados árabes, na
Rússia e nos impérios pré-colombianos Inca e Asteca. A herança que chegou até
nós, na América Latina, do velho despotismo ibérico pós-feudal, foi a dos
Estados Patrimoniais, intermediada, na Península Ibérica, pelos oito séculos de
dominação muçulmana. Os cristãos, vencedores dos mouros, copiaram deles o modelo
de poder concentrado e familístico típico das organizações hidráulicas
patrimonialistas. O que terminou sendo formado, após a descoberta da América por
Espanhóis e Portugueses, foi o tipo de colônias geridas, de forma
patrimonialista, pelos representantes do Rei, os Capitães Gerais e, depois, os
Vice-reis. - CM: Que tendências ou correntes de pensamento, além do
patrimonialismo, fizeram-se presentes em nossa história e podem explicar os
sistemáticos tropeços que vêm impedindo o desenvolvimento do país? - RV: Três
vertentes integrariam, a meu ver, o que o escritor peruano José María Arguedas
(1911-1969) denominava de “os rios profundos” da estratificação cultural. No
caso brasileiro, eu mencionaria: em primeiro lugar, o espírito
contrarreformista, em segundo lugar, o cartorialismo e, em terceiro lugar, o
cientificismo. O espírito contrarreformista de ódio ao lucro e de menosprezo
pelo trabalho foi consolidado, pela Inquisição portuguesa, na sua luta de
séculos contra os denominados “infiéis”, mouros e judeus. Para o Portugal
quinhentista que nos descobriu, somente a Coroa podia incorporar as riquezas
hauridas das descobertas e distribuídas, por ela, entre os “amigos do Rei”. A
forma de acumulação permitida aos colaboradores da Coroa, na luta contra os
“infiéis,” era a decorrente da “guerra santa”. Já o trabalho produtivo era
exorcizado como coisa ruim, castigo pelo pecado original. O cartorialismo
caracterizou-se pela ferrenha disposição da administração pública portuguesa
para controlar todas as atividades nas suas colônias, estabelecendo um regime
tributário duro sobre os produtores e exercendo aquilo que Fidelino de
Figueiredo denominou de “alfândega cultural”, ou seja, o rígido controle da
Metrópole sobre a entrada de ideias novas, de novas tecnologias e publicações.
Isso atrasou o surgimento de uma cultura independente e conduziu, por exemplo, à
Conjuração Mineira, que foi uma reação das elites coloniais contra a extorsiva
cobrança de tributos e a asfixia cultural impostas pela administração
ultramarina. O cientificismo foi o corolário do controle, pela Coroa, de todas
as atividades científicas e culturais. Somente o Estado teria a possibilidade de
se beneficiar do advento das técnicas novas, mediante a sua incorporação aos
Monopólios reais, não permitindo, no entanto, a livre pesquisa científica nem a
elaboração de novas tecnologias. Consolidou-se o cientificismo português, sob o
reinado de Dom José I, tendo sido o Marquês de Pombal, o seu primeiro ministro,
o encarregado de introduzir aqueles conhecimentos técnicos que reforçassem o
poder real e os monopólios régios. O resultado? Portugal se modernizou a meias,
sem conseguir estruturar uma economia pujante. À sombra desse cientificismo, sob
controle rígido do Estado, adotamos o Positivismo como filosofia oficial no
ciclo republicano, notadamente, no Rio Grande do Sul, com a organização, por
Júlio de Castilhos (1860-1903), da “ditadura científica” no Estado sulino,
modelo que Getúlio Vargas implantou, em nível nacional, no período compreendido
entre a Revolução de 30 e a proclamação do Estado Novo, em 37. Uma lamentável
manifestação desse “cientificismo” foi o estúpido tecnocratismo do governo
petista, que afundou o país no maior buraco financeiro da história (já
contabilizado por economistas como Mônica de Bolle e Paulo Rabello de Castro,
como atingindo a estratosférica soma de um trilhão de reais!). - CM: O vício
autoritário e estatizante, tão presente nos governos brasileiros, reflete
equívocos na formação intelectual do país? - RV: Certamente. O principal
equívoco: não há livre debate de ideias a respeito dos planos que os governos
apresentam. Os petistas são mestres na arte de sufocar o debate, mediante a
criação de falsos foros de discussão, os denominados “Conselhos Populares” ou
“Conferências Nacionais”. É a prática do assembleísmo aplicado à análise de
qualquer coisa. Funciona assim: os militantes petistas, experts na técnica da
dominação de reuniões e assembleias, encaminham as coisas para que o ponto de
vista deles termine vencendo, pelo cansaço ou pelo grito, na discussão ou no
foro. Os treze anos de governos petistas mostram isso à saciedade. - CM: Qual a
relação entre o patrimonialismo e a implantação de regimes autoritários ou
ditatoriais? - RV: A relação é proporcional e direta. Como o patrimonialismo
caracteriza-se pela privatização do Estado por uma patota, tudo leva a que se
oculte esse vício primordial. A melhor forma é a retórica utópico-democrática:
nós somos os representantes do povo. Logo temos a missão de implantar a
unanimidade! - CM: O Partido dos Trabalhadores teria exacerbado a prática
patrimonialista no país? - RV: O petismo é a manifestação mais completa, na
cultura política brasileira, da síndrome patrimonialista. Sempre houve, na nossa
história, privatização do poder por patotas. É a tese fundamental de um clássico
da sociologia brasileira, Os donos do poder (1958) de Raimundo Faoro. Mas o que
o PT fez foi potencializar o patrimonialismo, desenvolvendo mecanismos de
manipulação que o tornaram sistêmico. O que a operação Lava-Jato está revelando
é que, no terreno das políticas públicas, os petistas aparelharam o Estado de
forma a fortalecer empresas estatais para, a partir delas, cooptar as grandes
empreiteiras e os prestadores de serviços e achaca-los. Colocaram os mecanismos
de fiscalização do Estado a serviço dessa tarefa ignóbil. - CM: O Partido dos
Trabalhadores usa o patrimonialismo como instrumento para a conquista do poder
hegemônico? - RV: Sem dúvida. Os petistas pretendiam tomar o poder de forma
definitiva e total, como fizeram os bolcheviques na Revolução Russa de 1917. Uma
das táticas bolcheviques consistiu em amedrontar os dissidentes, como fizeram
com os mencheviques. Ocorreu isso, aqui, com a fraqueza dos tucanos em face dos
ataques do MST (durante os governos de FHC). Ocorre isso, ainda, agora, com as
idas e vindas tucanas da oposição firme e clara para a contemporização e por aí
vai, deixando muito frágil a linha da luta aberta contra esses corruptos, que se
assenhorearam, sem escrúpulos, do poder. Ora, a posição socialdemocrata
civilizada é de oposição ao totalitarismo petista. Por que não deixar claro isso
nas tomadas de posição, agindo, sempre, como oposição para valer no Parlamento?
- CM: O agronegócio constitui, hoje, um polo de resistência ao patrimonialismo?
- RV: Sem dúvida nenhuma. O agronegócio se sustenta a si próprio, sem a
interferência do governo. Nos próximos anos espero que isso se transfira para a
ação política, com a formação de um partido conservador, que represente as
forças do agronegócio e que peite, com coragem, a esquerda radical. Líderes não
faltam. Um deles: Ronaldo Caiado, que já foi candidato presidencial. Pode voltar
à luta pela presidência, mas com uma proposta partidária clara. Ele, ou outro
que faça a mesma coisa, terá seguidores. Kátia Abreu, uma mulher corajosa e
lutadora, se aproximou, infelizmente, muito da Dilma e isso lhe tirará
legitimidade para articulações futuras do lado oposicionista. - CM: Qual a
influência da revolução cultural gramsciana na potencialização da mentalidade
patrimonialista brasileira? - RV: A revolução cultural gramsciana, sabemos,
consiste em “tomar a sopa pelas beiradas”, para implantar o comunismo. Foi o
diagnóstico feito por Gramsci para a Itália do período entre as duas Guerras
Mundiais. Tomar o poder numa luta aberta contra o Executivo, como fizeram os
bolcheviques, seria praticamente impossível, dado o desenvolvimento atingido
pela Europa Ocidental, com a formação de grandes classes médias. O caminho
sugerido por Gramsci (que sempre foi um leninista) apontava para outra tática:
derrubar a ordem de valores da sociedade ocidental, a fim de que o edifício
caísse por si próprio. Pau na família, na religião, na moral cristã, nas
instituições burguesas! É o que os petistas têm feito, ao longo dos seus trinta
e seis anos de existência. Lula, que foi alimentado pelo regime militar como X-9
que ajudaria a desmontar o sindicalismo varguista, terminou sendo o ovo da
serpente. Inoculou, na sociedade brasileira, o vírus gramsciano, com a ajuda dos
intelectuais petistas. - CM: O senhor vislumbra, na atualidade brasileira,
sinais ou indícios de que seremos capazes, algum dia, de vencer a cultura
política do patrimonialismo? - RV: Não duvido de que o Brasil será capaz de
vencer o vírus do patrimonialismo. A verdadeira zika que ameaça a saúde dos
brasileiros não é a proveniente do mosquito, é a que veio de São Bernardo do
Campo com Lula e patota. O Brasil está cansado dos petistas. E os tirará do
poder. - CM: Que providências ou reformas o senhor julga prioritárias para que o
país se recupere da grave crise política, econômica, social e moral a que foi
arrastado nos últimos 13 anos? - RV: As seguintes medidas seriam fundamentais:
saneamento da economia mediante rígido controle do gasto público. Diminuição do
tamanho do governo e do Estado (13 ministérios seria o desejável). Eliminação do
número de cargos de confiança do Executivo (vamos convir que 20 mil é coisa de
doido). Reforma política já, adotando o voto distrital. Reforço ao TCU para
controle do gasto público pelo Congresso. Fim das Emendas Parlamentares e das
Alianças de Legenda no Congresso. Fidelidade partidária e impossibilidade de
pular de legenda em legenda. Privatização imediata das empresas estatais, a
começar pela Petrobrás e a Eletrobrás. Isso já seria um bom começo. - CM: Esse
esforço não é pequeno. É tarefa para uma geração? - RV: Sem dúvida. Mas, quanto
mais cedo começarmos, melhor. Após uma década com as coisas saneadas, o Brasil
voltará a se orgulhar de si próprio no contexto internacional. - CM: Professor
Velez-Rodriguez, a Revista do Clube Militar agradece sua valiosa colaboração e
abre espaço para alguma mensagem que o senhor queira deixar para nossos
leitores. - RV: A minha mensagem de otimismo e de coragem para as novas gerações
que estão aí, sofrendo já os efeitos da era lulopetralha. Continuem lutando, nas
redes sociais, nas Universidades e Colégios, nas ruas, pela liberdade. Vale a
pena lutar pelos nossos valores tradicionais, pela família, pela religião, pela
tolerância, pela moral cristã, pelos valores que os petralhas tentaram
aniquilar. PT nunca mais!
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Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-63579444191570249472021-02-23T11:26:00.002-08:002021-02-23T11:26:17.980-08:00O QUE OS MINISTROS DO STF PARECEM NÃO SABER - Por: PERCIVAL PUGGINAO QUE OS MINISTROS DO STF PARECEM NÃO SABER
Percival Puggina
Alguém precisa informar aos ministros do STF, em especial aos ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, que há uma diferença entre aquilo que chamamos instituições e democracia propriamente dita. As instituições são importantes, mas são instrumentais. Muitas vezes, o apreço à democracia impõe ao cidadão consciente o dever de se manifestar quando alguma instituição age em desfavor ou contra a democracia, ou passa a atacar a vontade manifesta nas urnas, ou quando o Judiciário assume papel de oposição ao Executivo. Ou ainda quando projetos de interesse nacional são esterilizados nas gavetas dos presidentes da Câmara e do Senado e quando denúncias contra membros de algum poder não são sequer examinadas como determinam os regimentos internos.
A sociedade, por outro lado, tem direito natural às próprias percepções. Só alguém cuja vida política se conduz às apalpadelas, ou submetida exclusivamente aos próprios interesses, não percebe que há uma carência de funcionalidade em nossas instituições, em nossos poderes de Estado.
A insensibilidade quanto a isso, a ignorância dessa realidade por parte das elites dirigentes do país dói. Dói em quem não deveria. Dói nos cidadãos pagadores de todas as contas. Dói mais, sempre, nos mais carentes. Dói em quem arduamente produz e escassamente consome. Dói nas perdas causadas pela instabilidade institucional que marca todos os períodos democráticos de nossa história republicana. Se algo assim não berra aos ouvidos e não fulge aos olhos de um ou de vários ministros do STF, a ponto de dizerem que o clamor decorrente age contra a democracia, então fica evidente que quem o diz se perdeu no bê-á-bá dos problemas nacionais. E das dificuldades alheias. No conhecimento e no convívio de suas excelências, os seres humanos mais parecidos com povo são os serviçais de suas residências.
Em palestra realizada hoje, neste dia 22 de fevereiro em que escrevo, o ministro Alexandre de Moraes afirmou: “Se é verdade que o Brasil vive o mais longo período de estabilidade democrática de toda a República, a partir da Constituição de 1988, também não é menos verdade que com essas milícias digitais estamos sofrendo o mais pesado, o mais forte, o mais vil ataque às instituições e ao Estado democrático de direito”. Se para o ministro “estabilidade democrática” consiste em haver eleição na periodicidade certa e na sequência prevista, então Cuba é uma referência democrática há 62 anos.
Nossas instituições – exatamente elas, em seu desalinho e concepção irracional – proporcionam uma incessante instabilidade política que se reflete em tudo mais! Saímos de uma crise para outra, de um escândalo para outro. Crises e escândalos, todos, vão ficando para trás. Aquelas, as crises, sem solução porque as causas persistem; estes, os escândalos, escorados na mais reverente impunidade. Nossa bolsa de valores está sempre à beira de um ataque de nervos, à espera de um mal súbito, ambulâncias à porta. O mundo não vê o Brasil como um país de boa governança e estabilidade política e jurídica.
A desditosa combinação de um STF herdado de tempos enfermos e um Congresso Nacional de reduzido padrão moral proporciona partidos políticos em excesso e eleições custosas ao contribuinte. Mandatos são obtidos com verbas públicas de distribuição obscura (para dizer o mínimo), em eleições não auditáveis. Um grupo político hegemônico como o antigo PRI mexicano se instituiu e opera na base de todos os governos há 32 anos e há quem veja azul a grama dessas realidades. Definitivamente, os problemas que perturbam a nação não são os mesmos que afetam a sensibilidade dos ministros do STF. Suas desavenças com alguns jornalistas militantes e as ditas “fake news” são infinitamente menos importantes que as fake analysis cotidianas da grande mídia militante e a ação política exercida por membros do Supremo.
Ninguém está tão longe da solução quanto quem sequer percebe que a democracia em nosso país tem problemas institucionais infinitamente maiores que os que possam ser causados por meia dúzia de jornalistas nas redes sociais. Essa é a mais escancarada manobra diversionista da história do Brasil.
*Publicado originalmente em Conservadores e Liberais, o site de Puggina.org
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-13913506159807760162021-02-17T11:04:00.002-08:002021-02-17T11:04:26.015-08:00A PARTEIRA DO ATRASOAprendi de guri que os alunos mais dedicados aos estudos eram aqueles que disputavam – disputavam mesmo – os primeiros lugares da turma. Eu não estava na estressada Coreia do Sul do século 21 e em nenhuma metrópole dominada pelo liberalismo, mas em Santana do Livramento. Ninguém, na turma, sonhava com ser um bamba entre os tigres asiáticos. Éramos apenas meninos e meninas dos anos 50, numa cidade interiorana no extremo sul do Brasil. Mas estudávamos pacas, disputávamos notas. E, assim, aprendíamos muito.
Aquela experiência escolar, vivida no antigo curso primário – hoje ensino fundamental – valeu-me para a vida. Compreendi então, ainda em calças curtas, que o progresso e o sucesso têm tudo a ver com esforço e quanto maior ele for, maior será a recompensa. Foi o que me tornou resoluto adepto da valorização do mérito. A União Soviética, a extinta URSS, exigiu muito empenho dos Estados Unidos para acompanhar seus avanços tecnológicos na corrida armamentista e espacial. Por quê? Porque havia muita coisa em jogo. O resto do país era um retrato do fracasso comunista, mas havia na URSS um nível de excelência nesses dois conjuntos de atividade.
Cuba, não deixava por menos. Seus atletas costumam ser feras em competições internacionais. Por quê? Porque na sociedade cubana, na Cuba da libreta “provisória” de racionamento, que já conta 60 anos de existência, os atletas têm acesso a proteínas que o restante da população não consegue comprar. Nos países comunistas, o mérito esportivo alivia os penares da existência. Ademais, a vitória esportiva é instrumento de propaganda de regimes que sobrevivem à custa da propaganda. Resumindo: em países sob regime totalitário de viés marxista podem surgir áreas de excelência, mas isso só ocorre se há algo sendo disputado.
***
Dirigente de um sindicato de servidores, em nota sobre o projeto de Reforma Administrativa enviada pelo governo ao Congresso, declarou: “Precisamos nos mobilizar contra essa proposta vergonhosa, que retira direitos dos futuros servidores públicos, com avaliações duvidosas para obtenção de estabilidade e aposta na meritocracia, prática antidemocrática e perigosa para a administração pública”.
Ou seja, que tudo fique como está ainda que a sociedade permaneça superonerada e mal atendida. A avaliação de desempenho, tão comum nas empresas privadas, é habitualmente recusada no serviço público sob a alegação de que grupos diferentes e indivíduos diferentes são incomparáveis em suas circunstâncias, limitações e possibilidades. Todos deveriam receber um bom salário e ponto final. Confunde-se avaliação de desempenho com comparação entre pessoas.
Não preciso dizer em que ponta do time joga a autora da declaração. Sua tese tem tudo a ver com o pensamento que subtrai quanto pode de quem produz muito e transfere para quem produz pouco até que ninguém produza mais (não estou negando a necessidade de políticas sociais). As consequências teoricamente previsíveis são bem verificáveis na vida real. Mas a tese tem penetração e acolhimento porque, apesar da profunda perversão que produz, se reveste com o manto de suposta justiça, bordado nas cores da benevolência. No fundo é a tal absorção da ideia de justiça pela de igualdade.
Portanto, quando se automatizam as promoções funcionais, desvinculando-as do merecimento, quem resulta automatizada é a mediocridade. No mundo de qualquer época, a mediocridade é parteira do atraso. Queira Deus que o Congresso Nacional perceba que suas responsabilidades têm prioridade sobre seus interesses eleitorais!
*Publicado originalmente em Conservadores e Liverais, o site de puggina.org.
Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-34161834080833522022021-02-17T10:58:00.000-08:002021-02-17T10:58:07.929-08:00RECADOS AMEAÇADORES DO STF - Percival Puggina
Como não consegui ligar para o ministro Luiz Fux para saber se era verdadeira a farta informação sobre recados enviados à Câmara dos Deputados e ao Palácio do Planalto, tenho que ficar com o que, com pequenas variações e sem serem desmentidos, relataram os grandes meios de comunicação. Segundo eles, os ministros teriam avisado que a confirmação da deputada Bia Kicis na presidência da CCJ da Câmara era uma declaração de guerra e que a interlocução com a Comissão seria interrompida.
Por quanto sei, a deputada tem sobre a conduta do STF, sua composição, e alguns dos membros da Corte, uma opinião em tudo semelhante à da maior parte da sociedade brasileira. A atual composição do Supremo é uma sequela dos longos governos anteriores, em completa dissintonia com as posições políticas vencedoras da eleição de 2018, o que era previsível. O que não era previsível é que a maior parte dos ministros, desde o início, visse o novo governo como um antagonista a ser contido e tratado como tal. Sobram exemplos de uma “guerra” que já vai longa, não declarada e nunca revidada.
Manifestações de rejeição a ministros quando expostos ao público se tornaram frequentes em aeroportos ou no exterior, e isso os deixou com os nervos à flor da pele. Passaram a tratar os demais poderes e toda divergência com autoritarismo e arrogância, como se todos fossem casca grossa.
Sei que não é novidade haver facções políticas que não sabem perder eleições. Aliás, que não admitem derrotas. Quando perdem, não admitem as consequentes mudanças. Querem que tudo permaneça como está, ou seja, como fizeram ou desfizeram. A novidade, na minha perspectiva, são recados ameaçadores do STF aos demais poderes. Lembrei-me da indignação que causou, com razão, a frase grosseira do então deputado federal eleito por São Paulo, Eduardo Bolsonaro, quando disse que para fechar o STF bastaria um cabo e um soldado.
No caso, amplificada pelo fato de ser filho do presidente o deputado que a proferiu, era uma opinião pessoal. Agora, estamos diante de recados de um poder aos outros dois. Veto a um nome de parlamentar é um pé na porta do Parlamento e do Palácio do Planalto. É conduta audaciosa.
Como poder cuidador da Constituição, o STF, há dois anos, vem enguiçando o sistema de “freios e contrapesos” inerentes à operação dos três poderes de Estado. O STF atua como poder “peso pesado” com freio desregulado e conduta intimidatória.
*Publicado originalmente em Conservadores e Liberais, o site de Puggina.orgRicardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-18143123902482245712020-06-07T05:21:00.001-07:002020-06-07T05:21:29.057-07:00PARIS DAS LUZES, SEGUNDO O PLANO DE ÉTIENNE TURGOT (1739)<br />
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">“Paris das Luzes”. O título que escolhi para
este ensaio foi-me sugerido pela bela obra de Alfred Fierro e Jean-Yves Sarazin,
recentemente publicada na capital francesa pela <i>Réunion des Musées Nationaux</i>,
sob o título de <b><i>Le Paris des lumières d’après le Plan Turgot <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>.</i></b>
Considerei a leitura dessa obra algo muito esclarecedor e plástico, em relação
ao espírito da Ilustração e à mentalidade geométrica que se projetou na
modernidade e que, de uma forma ou de outra, tem tido influência decisiva sobre
o hodierno urbanismo. Mas não foram os aspectos técnicos desta última
disciplina que me seduziram na obra em apreço. Chamou-me a atenção,
sobremaneira, o caráter humanístico da mesma. A partir da janela do urbanismo,
os autores foram descortinando a vida e costumes dos homens do século XVIII,
com todas as suas angústias, incertezas, expectativas. Na verdade, já tinha eu
ficado seduzido com a publicação, em edição fac-similar, do plano de Turgot,
feita em 1999 pela Livraria Chapitre, de Paris. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><b><i>
</i></b>A introdução a esta obra, de autoria de Laure Beaumont-Maillet (chefe
do Gabinete de Ilustrações da Biblioteca Nacional francesa) é uma bela lição
acerca dos aspectos existenciais e urbanísticos da Cidade Luz, nas primeiras
décadas do século XVIII.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Estrangeiros e franceses que visitavam Paris,
na primeira metade desse século, tinham da capital uma imagem bastante viva,
que corresponde a uma abordagem nitidamente experimental, tratando de
quantificar as riquezas da cidade, bem como a forma em que ela respondia às
expectativas dos viajantes. É um ponto de vista decorrente da valorização das
certezas obtidas a partir da própria vivência individual, deixando de lado os
argumentos de autoridade e sem esquecer a razão matemática quando se trata de
quantificar fenômenos. Ponto de vista cem por cento moderno. Eis um pequeno
relato de uma testemunha da época, Pierre Prion, que conta, nos seguintes
termos, a impressão que teve da sua permanência na capital durante vários dias,
em 1738: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Paris pode se vangloriar de possuir novecentas
e cinqüenta ruas, nas quais situam-se cerca de vinte e duas mil casas,
iluminadas por cinco mil cento e trinta e duas lâmpadas (...). A cidade possui
quarenta e quatro colégios, vinte e seis grandes hospitais, cinqüenta fontes
públicas, oito portas ou arcos de triunfo, uma dúzia de pontes, outros tantos
mercados, vinte e cinco portos, cinqüenta e dois açougues, cinqüenta peixarias,
quatro feiras livres, vinte e cinco bebedouros para os cavalos, quarenta e
cinco esgotos, oitenta e duas carroças com caçamba para retirar os detritos,
oito jardins públicos, seis academias reais, quatro bibliotecas públicas e
trinta tribunais para a administração da justiça”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndentCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> A
descrição do viajante Prion não parava aí. Calculava que, para a alimentação
dos cerca de setecentos mil habitantes de Paris, eram necessários, a cada ano,
“sessenta mil bois, quatrocentas mil ovelhas a quarenta mil porcos”. A cidade
contava, outrossim, com vinte mil carroças e cento e vinte mil cavalos. (Só a
título comparativo, para auferir a grande povoação da França, entre 1740 e 1744
a população do país estimava-se em 24 milhões e 600 mil habitantes).<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndentCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> O
Plano de Turgot, elaborado entre 1734 e 1739, compartilha com o relato anterior
a preocupação com uma apreensão vivencial da cidade (“fenomenológica”, diríamos
hoje) e tendo como norte, também, a expressão exata dos fenômenos observados. É
o primeiro plano feito “a vôo de pássaro” no decorrer dos séculos XVII e XVIII,
diferente, portanto, dos Planos rigorosamente geométricos que eram elaborados
usualmente nesse período. Antecipa, certamente, os hodiernos Planos de Paris “à
vol d’oiseau”, elaborados pelo Ministério dos Trabalhos Públicos, dos
Transportes e do Turismo. O que prevalecia, nele, não era tanto a preocupação
com a exatidão matemática, mas a possibilidade de ensejar, naquele que o
observasse, a experiência de ver Paris desde cima, como se estivesse voando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndentCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> Michel
Étienne Turgot (1690-1751), originário de uma família de nobres da Normandia e
pai do famoso ministro liberal de Luís XV, Anne-Robert-Jacques Turgot
(1727-1781), era membro da magistratura do Parlamento de Paris. Em 1729, Luis
XV o nomeou preboste dos comerciantes de Paris (“Prêvot des marchands”), uma
espécie de Prefeito para cuidar dos assuntos ligados à limpeza e abastecimento
da cidade; nesse cargo permaneceu até 1740, tendo sido reconduzido cinco vezes.
A escolha, segundo a praxe da época, devia ser ratificada pelos magistrados
municipais. De acordo com o testemunho de Voltaire, a administração de Turgot
foi muito positiva para a capital. “Seria conveniente – frisava o citado
escritor – que Michel Turgot fosse nosso edil e nosso pretor perpétuo”. Em
1737, o preboste realizou a canalização do Grande Esgoto, situado na <i>rive
droite</i> parisiense, a primeira obra de saneamento básico de que se tem
notícia; providenciou, ademais, a reforma do “Quai de L’Horloge” na Ilha da
Cidade, assim como o embelezamento dos bairros com numerosas obras de arte;
desenvolveu uma hábil política de abastecimento e efetivou a construção de uma
paliçada defronte à base da ponte oriental da ilha Louviers, para desviar os
blocos de gelo carregados pelo rio Sena na estação invernal. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndentCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> Mas
o preboste preocupou-se, também, com a preservação da memória municipal e com
os estudos que hoje denominamos de “planejamento urbano”. No que tange à guarda
da memória, criou os cargos de historiador e de geógrafo da cidade, e os
preencheu com dois renomados estudiosos: Pierre Nicolas Bonamy, para o
primeiro, e o abade Jean Delagrive (autor, aliás, de importante cadastro
urbano), para o segundo. No relativo às atividades de planejamento, o
administrador Turgot adquiriu, em 1737, para o acervo da Prefeitura, o
denominado Plano da “Tapisserie” (elaborado em 1570 e desaparecido
possivelmente nos incêndios da Revolução de 1789). Outra providência foi a
ordem para elaborar o famoso Plano da cidade, entre 1734 e 1739. A idéia de
Turgot era, sem dúvida, estabelecer uma comparação da Paris da sua época com a
revelada no Plano da “Tapisserie”, a fim de enxergar a forma em que tinha se
efetivado o seu crescimento, para prever os futuros desdobramentos. Mas o
preboste pretendia, também, oferecer ao viajante uma guia confiável da cidade,
que possibilitasse a rápida identificação de ruas, monumentos e bairros. Para
isso foi adotado o modelo de plano “a vôo de pássaro”. Convém destacar que esse
modelo foi introduzido, pioneiramente, pelo Plano da “Tapisserie”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndentCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> Em
janeiro de 1734, Turgot contratou com um famoso desenhista, Louis Bretez,
membro da Academia de Saint-Luc (organização rival da Academia Real de Pintura
e Escultura), a elaboração do Plano pretendido. Bretez era considerado, na
época, o maior especialista francês em matéria de perspectiva. Falecido antes
de terminar o trabalho, os desenhos das pranchas que ainda faltavam, terminaram
sendo feitos por Claude Lucas, membro da Academia Real. Apesar dos contratempos
(que obrigaram a ampliar o prazo inicial de um ano), a obra esteve pronta em
1739. Esta constava de vinte pranchas, que foram editadas em formato de álbum
de arquiteto, em edições de luxo, semiluxo e comum. A edição de luxo foi
distribuída nas principais Cortes da Europa e de outros Continentes (como a de
Pequim), e certamente constituiu a principal carta de apresentação da capital
francesa no mundo da época. A propósito da repercussão que teve, na época da
sua publicação, o <b><i>Plano de Turgot</i></b>, escreve Laure
Beaumont-Maillet:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndentCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> Como
se pode comprovar, o plano de Turgot não vale somente pela sua beleza formal. É
um documento de primeira ordem e basta examina-lo durante algumas horas para
ficar cativado pelo entusiasmo que levou ao redator do <b><i>Mercure de France</i></b>
a afirmar, não sem uma certa dose de lisonja:<i> O autor desta imensa e
laboriosa obra superou-se a si mesmo. Mas seria possível pensar na perfeição
deste empreendimento sem a orientação e sem a guia das luzes do nosso ilustre
Preboste dos Comerciantes, cuja memória será sempre uma bênção para Paris?<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[6]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndentCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> O
Plano de Turgot não poderia ser entendido sem compreender, previamente, a
guinada efetivada pelo pensamento francês na época da denominada “crise da
consciência européia”, <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
entre 1680 e 1715, ou seja, no final do governo de Luis XIV (cujo reinado
estendeu-se de 1643 até 1715).<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
A fim de ilustrar esses aspectos prévios, bem como a situação do urbanismo
francês no período apontado, me detendo, no final, no <b><i>Plano de Turgot</i></b>,
desenvolverei os seguintes itens: <b>I</b> - O clima da Ilustração, <b>II</b> -
Aspectos fundamentais do urbanismo francês nos séculos XVII e XVIII, e <b>III </b>-
Análise do <b><i>Plano de Turgot</i></b><i> </i>de 1739. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndentCxSpLast" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> Não
pretendo, de forma alguma, menosprezar os aspectos técnicos das reformas
urbanas registradas por Turgot. Referir-me-ei às mesmas como leigo em assuntos
urbanísticos, centrando a atenção na mentalidade que elas pressupõem,
justamente na medida em que a configuração física da cidade revela escalas de
valores e ideais de vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">I <span style="font-variant: small-caps;">– O clima da Ilustração.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Partamos
da caracterização que, do ângulo do pensamento, Immanuel Kant (1724-1804) faz
da Ilustração, chamando a atenção para o fato de que, se ela é o domínio da
razão na vida de cada um, de outro lado não deixa de ser verdadeiro que é muito
cômodo permanecer na menoridade intelectual. Para o pensador alemão, a
Ilustração consiste na <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Saída do homem da sua menoridade, da qual ele
mesmo é responsável. Menoridade, ou seja, incapacidade de se servir do seu
entendimento sem a orientação de outrem, menoridade da qual ele mesmo é
responsável, pois a causa reside não na falta de entendimento, mas na falta de
decisão e de coragem para se servir dele sem a tutela de outro. <i>Sapere aude!</i>
Tem coragem para te servir do teu próprio entendimento! Essa é a divisa das
Luzes. A preguiça e a covardia são as causas de que uma grande parte dos homens
permaneça, prazerosamente, em minoria de idade ao longo da vida, apesar de que
a natureza os liberou, já há bastante tempo, da direção alheia (<i>naturaliter
majorennes</i>) e, por isso, é tão fácil para outros se erigirem em seus
tutores. É tão cômodo ser menor de idade!<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Ora, essa saída da menoridade intelectual
realiza-se, na Europa, ao longo dos séculos XVII e XVIII. Conquistada no século
XVI a liberdade de pensamento no plano religioso, com o livre exame, nos dois
séculos subseqüentes esta liberdade alargar-se-á ao plano político, primeiro,
com a consolidação, na França, da <i>raison d’État</i> iluminista, efetivada
pelo absolutismo de Luis XIV, para depois se aplicar ao plano social, no
decorrer do século XVIII. Esse processo culmina com a Revolução de 1789 e a
derrubada da velha ordem, passando a sociedade a encarnar os ideais
iluministas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">1) <span style="font-variant: small-caps;">Primeiro
momento da razão iluminista: o absolutismo de Luís XIV.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Para François Guizot, na sua <b><i>História da
civilização na Europa</i></b>, a França conheceu o estabelecimento do Estado moderno,
plenamente institucionalizado, com o reinado de Luís XIV. Até então não havia,
propriamente, uma política de Estado, racional, coerente, continuada. Com Luís
XIV aparece uma gestão pública totalmente devotada ao crescimento econômico,
político e cultural da França, no cenário internacional, convertendo-a na
grande potência da época e superando as Nações concorrentes: Inglaterra e
Espanha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">A – O espírito do absolutismo iluminista na
França.-</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;"> O próprio Luís XIV deixou claro o espírito do absolutismo por ele
institucionalizado, quando, nas suas <b><i>Memórias</i></b>, escreveu o
seguinte, para expressar o tipo de relação existente entre os súditos e o
governo, fazendo, evidentemente, tudo girar em torno deste:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Estes dois interesses [dos súditos e do
governo] não são mais do que um (...). A tranqüilidade dos súditos só se
encontra na obediência. (...) Sempre é menos ruim para o público suportar do
que controlar incluso o mau governo dos reis, do qual Deus é único juiz. Aquilo
que os reis parecem fazer contra a lei comum funda-se, geralmente, na razão de
Estado, que é a primeira das leis, por consentimento de todo mundo, mas que é,
no entanto, a mais desconhecida e a mais obscura para todos aqueles que não
governam.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">A concepção do Estado centralizador
pressupunha, para Luís XIV, a idéia de que a sua pessoa era o centro do poder,
bem como a fonte legitimadora do mesmo nas várias áreas da administração. Mas
se o soberano tinha os seus ministros e os seus intendentes, ele estava seguro
de que as decisões fundamentais cabiam à sua inteira responsabilidade pessoal.
Nas suas <b><i>Memórias</i></b> frisava a respeito:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Informado de tudo, escuto os meus súditos mais
humildes; conheço a todo o momento o número e a qualidade das minhas tropas,
bem como a situação das minhas praças; dou incessantemente as minhas ordens
para todas as suas necessidades; trato imediatamente com os ministros
estrangeiros; recebo e leio os despachos; redijo, eu mesmo, uma parte das
respostas e passo aos meus secretários o cerne das demais; regulo os ingressos
e os gastos do meu Estado; faço com que me prestem conta diretamente aqueles a
quem coloco nos cargos importantes; conduzo os meus negócios de forma tão
secreta quanto nenhum outro tinha feito antes de mim; distribuo as graças pelo
meu próprio critério e conservo, se não me engano, aqueles que me servem,
embora favorecidos com benefícios, destinados a eles mesmos e aos os seus,
dentro de uma modéstia muito longínqua da elevação e do poder dos primeiros
ministros.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">A preservação do Estado, o seu fortalecimento
sobre a sociedade e, a partir daí, a política emergente através da legislação
outorgada pelo monarca, somente isso garantiria a supremacia da França em face
das outras potências da época. Acerca da racionalidade em torno ao
fortalecimento do Estado Nacional, Guizot escreve o seguinte, se referindo
especificamente às guerras travadas por Luís XIV:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Trata-se de guerras de um governo regular,
estabelecido no centro dos seus Estados, e que trabalha para conquistar ao
redor dele, para estender e consolidar o seu território; numa palavra, são
guerras políticas. Elas podem ser justas ou injustas; podem ter custado muito
caro à França; há mil considerações para fazer contra a sua moralidade ou
contra os seus excessos. Mas, de fato, elas são portadoras de um caráter
incomparavelmente mais racional que as guerras anteriores. Elas não são mais
nem fantasias nem aventuras. Elas são decididas por motivos sérios: é tal
limite natural que é preciso atingir, tal população que fala a mesma língua e
que é desejável juntar, tal ponto de defesa que é preciso adquirir contra uma
potência vizinha. Sem dúvida que aí está presente a ambição pessoal. Mas
examinai uma a uma as guerras de Luís XIV, sobretudo as da primeira parte do
seu reinado, e encontrar-lhes-eis motivos verdadeiramente políticos. Vê-las-eis
pensadas no contexto do interesse francês, em prol do interesse do poder ou da
segurança do país. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Em relação à <i>raison d’État<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></i>que presidiu, durante o longo governo de
Luís XIV, à sua política externa, Guizot destaca que sob esse reinado consolidou-se,
na França, uma diplomacia racional, alicerçada unicamente na busca da
estabilidade do poder no interior do país e do equilíbrio do mesmo na Europa,
tendo sido superadas as tendências que faziam da política exterior simples
continuidade de interesses religiosos. A coisa mais importante do reinado de
Luís XIV não foi o estabelecimento do modelo absolutista de governo, mas a
busca da racionalidade na política exterior, sempre procurando a segurança e a
estabilidade do Estado francês no contexto europeu. A propósito, escreve:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O poder da França, a
sua preponderância na Europa, a submissão das potências rivais, numa palavra, o
interesse político do Estado, a força do Estado, essa é a meta para a qual Luís
XIV constantemente tendeu (...). Ele agiu muito menos em prol da propagação do
poder absoluto, do que por um desejo de poder e de engrandecimento da França e
do seu governo. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">B – Absolutismo e
administração moderna.-</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Luís XIV, no sentir de Guizot, foi o primeiro a tornar
realidade plena o ideal da administração moderna, que consiste em dar ensejo a
um conjunto de meios direcionados a tornar realidade, o mais rápida e
prontamente possível, o indiscutível predomínio da vontade do poder central em
todos os cantos da sociedade, fazendo com que esta comprometa com essa vontade
todas as forças sociais, tanto humanas quanto econômicas. Em relação a este
aspecto, Guizot frisa:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tal foi a obra,
efetivamente, da administração de Luís XIV. Até ele, nada havia de mais
difícil, na França e no resto da Europa, do que fazer penetrar a ação do poder
central em todos os cantos da sociedade e concentrar no seio dele os meios de
força de que ela dispunha. Foi para isso que Luís XIV trabalhou e nisso teve um
certo sucesso, incomparavelmente melhor do que o obtido pelos governos
precedentes. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn14" name="_ftnref14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tocqueville, por sua
vez, caracteriza assim a feição eminentemente centralizadora do absolutismo de
Luís XIV, que se converteu na identidade do Antigo Regime e que terminou dando
ensejo à ulterior tradição estatizante, que ressurgiu com o Primeiro Império:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Um corpo único
colocado no centro do Reino, que regulamenta a administração no país todo; um
mesmo ministro dirigindo a quase totalidade dos negócios interiores; em cada
província, um só agente que cuida de toda a rotina; nenhum corpo administrativo
secundário ou corpos podendo agir sem autorização prévia; tribunais de exceção
julgando os negócios de interesse da administração e dando cobertura a todos os
seus agentes. O que significa tudo isto a não ser a centralização que conhecemos?<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn15" name="_ftnref15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O predomínio
indiscutível do Estado absolutista no seio da sociedade pressupõe uma série de
medidas políticas, tanto internas quanto externas, que visam a reforçar a
imagem do poder. Cuidar dela, no contexto europeu, significa, para o precursor
do absolutismo moderno na França, o cardeal Richelieu, em primeiro lugar
destruir todas aquelas forças que, no interior do Estado, pretendam diminuir o
poder real. Em segundo lugar, o cardeal aconselhava cuidar da imagem externa do
Monarca, exaltando, sempre, o seu nome nas nações estrangeiras, notadamente em
Roma que era, naqueles tempos, como uma espécie de vitrine do poder. A
respeito, escrevia o mencionado ministro de Luís XIII, no seu <b><i>Testamento
político</i></b> (publicado em 1709):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Quando Vossa
Majestade se resolveu a dar-me ao mesmo tempo a entrada em seus conselhos e
grande dose de sua confiança para a direção de seus negócios, posso dizer com
verdade que os huguenotes partilhavam o Estado; que os grandes se conduziam
como se não fossem súditos, e os mais poderosos governadores das Províncias,
como se fossem soberanos nos seus cargos. (...) Não obstante todas estas
dificuldades, que representei a Vossa Majestade conhecendo o que podem os reis
quando usam bem do seu poderio, ousei prometer-lhe sem temeridade, segundo
penso, que Vossa Majestade encontraria o bem do Estado e que dentro de pouco
tempo a prudência e a força de Vossa Majestade e as bênçãos de Deus dariam essa
nova feição a este Reino. Prometi-lhe empregar toda minha indústria e toda
autoridade que lhe aprouvesse dar-me, para arruinar o partido huguenote,
rebaixar o orgulho dos grandes, reduzir todos os súditos ao seu dever e exaltar
o Seu nome nas nações estrangeiras, ao ponto que devia ser.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn16" name="_ftnref16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Parte essencial da
administração moderna sob o absolutismo é o conhecimento objetivo, pelo
Monarca, dos recursos humanos e materiais que o Reino possui. Os Intendentes
serão os encarregados de fazer o levantamento minucioso das riquezas do país,
bem como do número dos seus habitantes. Lembremos que em 1680 Luís XIV institui,
para todas as regiões da França, os cargos de Intendentes de Justiça, Polícia e
Finanças. Posteriormente, já no reinado de Luís XV (que se estende de 1715 até
1774), em 1730, o chefe dos Intendentes, Orry, que exercia o cargo de
controlador-geral, ao efetivar um censo acerca do estado econômico da França,
afirmava: “Porque sem este conhecimento, não é possível calcular a quantidade
de alimentos necessários à subsistência dos habitantes”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn17" name="_ftnref17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">C – Absolutismo e
estética da ordem, no Classicismo.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O funcionamento do Estado Absolutista,
centrado em Luís XIV, dá ensejo, nas Letras, à Geração Clássica (1661-1685),
algumas de cujas características culturológicas são: - <i>a celebração do reino
da ordem</i> (os privilégios do clero e do parlamento são garantidos pelo monarca,
numa corte domesticada ao redor dele em Versailles, para onde o soberano
transferiu a sua residência em 1682); - <i>a legislação da conformidade às
regras sociais </i>(os “homens bons” são aqueles que, de forma mais perfeita,
respeitam as convenções ditadas pela Corte. O “bom cortesão possui a cultura
necessária para sustentar, com sucesso, qualquer conversa, e vigia as suas
palavras, as suas roupas, as suas atitudes, de forma a jamais fugir ao bom
tom”);<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn18" name="_ftnref18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
- <i>a ortodoxia religiosa</i> (o catolicismo é reforçado como religião do
Estado, com a conseqüente derrota do jansenismo) e – <i>o advento do bom gosto</i>
(os escritores submetem-se às regras da arte ditadas pelos protegidos da Corte.
“A regra das regras consiste em agradar”, afirma Molière).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O Estado tudo
controla. Nada escapa aos <i>Intendentes </i>do Rei. Todas as atividades
culturais sofrem o carimbo da censura oficial. A Comunidade de Livreiros e
Impressores de Paris, rigorosamente controlada pelos emissários do Monarca,
exerce o seu domínio irrestrito sobre os produtos culturais. A religião passa a
girar ao redor do Soberano. O Catolicismo é a religião do Estado, situação que
leva à revogação, por Louis XIV, do Edito de Nantes, em 1685. A língua
francesa, como escreve o filósofo Pierre Bayle, em 1680, “é, a partir de agora,
o ponto de comunicação de todos os povos da Europa”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn19" name="_ftnref19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
O governo absolutista, frisa a respeito Robert Darnton,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tentava controlar a
palavra impressa submetendo-a a instituições que representavam o absolutismo de
Luís XIV: censura (<i>censeurs royaux</i> ligados à<i> Direction de la
Librairie</i>, ou administração do setor livreiro); polícia (<i>inspecteurs de
la librairie</i> especializados, comandados pelo chefe da polícia parisiense);
e uma guilda monopólica (corporações provinciais e sobretudo a <i>Communautée
des Libraires et des Imprimeurs </i>de Paris, que detinha a maior parte dos
privilégios e os impunha inspecionando os carregamentos locais). Para ser
publicado legalmente, um livro precisava transpor todos os obstáculos desse
sistema e estampar um privilégio real impresso com todas as letras. Como um <i>copyright
</i>moderno, o privilégio conferia a seu possuidor o direito exclusivo de
reproduzir o texto. No entanto, servia também como um selo real de aprovação.
Garantia a qualidade e a ortodoxia do texto, asseguradas ainda pela aprovação
dos censores, que costumava figurar no começo ou no final do livro. Para ser
totalmente legal, um livro tinha de conformar-se aos complexos padrões
estabelecidos pelo Estado.<i> <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn20" name="_ftnref20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[20]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É o universo da estabilidade, depois do sopro
vital da Renascença e das agitadas jornadas das guerras de religião, eventos
que marcaram, respectivamente, os séculos XV e XVI. Essa estabilidade repercute
na arquitetura da cidade de Paris, que segue, nas suas obras, as prioridades
assinaladas pelo Poder Real, seja privilegiando os locais de comércio (à luz do
colbertismo econômico), seja destacando as <i>Places Royales</i>, que
simbolizam o caráter centrípeto da Monarquia absoluta, que, aliás, já tinha
eclodido no pacífico monumentalismo de Versailles.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn21" name="_ftnref21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
A respeito dessa idéia de estabilidade, escreve Hazard:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O espírito clássico,
na sua força, ama a estabilidade: ele gostaria de ser a estabilidade mesma.
Após a Renascença e a Reforma, grandes aventuras, é chegada a época do
recolhimento. A política, a religião, a sociedade, a arte são subtraídas às
discussões intermináveis e à crítica insatisfeita. O pobre navio humano
encontrou o porto: possa ele aí repousar por longo tempo, permanecer ali para
sempre! A ordem reina na vida. Para que tentar experiências que tudo colocam no
pelourinho da crítica, por fora do sistema fechado que foi reconhecido como
excelente? Há temor em face do espaço que contém surpresas, e há a vontade de,
se possível, fazer parar o tempo. Em Versailles, o visitante tem a impressão de
que as águas não caem; elas são suspensas, são forçadas a algo novo, são
relançadas em direção ao céu: como se houvesse a vontade de faze-las servir
eternamente.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn22" name="_ftnref22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Se o centro de tudo é
o Rei, o escritor não precisa se afastar do seu lugarejo, conquanto cumpra com
os requisitos estéticos e comportamentais fixados pela Corte. Esse
“provincianismo estetizante” foi caracterizado assim por Hazard:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Quando Boileau tomava
as águas de Bourbon, pensava se encontrar no limite do mundo; Auteuil
bastava-lhe. Paris bastava a Racine; e os dois, Racine e Boileau, ficaram bem
chateados quando tiveram de seguir o Rei nas suas expedições. Bossuet jamais
foi à Roma, nem Fénelon. Molière jamais foi rever a butique do barbeiro de
Pézenas. Os grandes clássicos são estáveis. Errantes serão Voltaire,
Montesquieu, Rousseau; mas não se passou dos uns aos outros, sem um obscuro
trabalho.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn23" name="_ftnref23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">2)
Segundo momento da razão iluminista: a sociedade racional e a derrubada do
Antigo Regime.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A harmonia desse
processo centralizador ensejado pelo absolutismo de Luís XIV entrou em declínio,
já no final do século XVII e começo do XVIII. Toda a racionalidade de que era
portador o monarca e que lhe possibilitou fazer girar as forças sociais ao seu
redor, passou à sociedade que, paulatinamente, foi tomando conta do Estado. A
respeito dessa mudança essencial, frisa Guizot:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O fato é
incontrovertível. No século XVII, o governo francês está à testa da civilização
européia; no século XVIII, ele desaparece: é a sociedade francesa, separada do
seu governo, muitas vezes voltada contra ele, que precede e guia nos seus
progressos o mundo europeu. É aí que encontramos o vício incorrigível do poder
absoluto (...). O que faltava essencialmente à França de Luís XIV eram
instituições, forças políticas que subsistissem por si mesmas, capazes de ação
espontânea e de resistência.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn24" name="_ftnref24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Trata-se de um
período de grande turbulência, mas de enorme riqueza intelectual, algo assim
como o surto de vida e de valorização da razão individual que ocorreu na
Renascença Italiana, após séculos de estagnação ensejados pelo domínio da
Escolástica no mundo do saber. Um escritor do período, o irlandês Laurence
Sterne (1713-1768) dá o seu testemunho acerca da forma em que ele enxergava
essa explosão de vitalidade e de aplicação indiscriminada da razão a todos os
aspectos da realidade, no seio da ilustração francesa: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">É uma época tão cheia
de luz, que mal existe um país ou recanto da Europa cujos raios não se cruzem e
se mesclem uns com os outros. O conhecimento em muitas de suas ramificações é,
em muitos casos, como a música numa rua italiana, na qual podem tomar parte
aqueles que não pagam nada. (...). Mas não existe nação abaixo do céu em que
haja abundância de maior variedade de saber, em que as ciências sejam mais
competentemente perseguidas, ou mais firmemente conquistadas do que aqui, onde
a arte seja encorajada e, em breve, se erga bem alto, onde a Natureza (tomada
em seu todo) tenha tão pouca coisa pela qual se responsabilizar e, para
encerrar tudo isso, onde haja mais engenho e variedade de caracteres para
alimentar o espírito.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn25" name="_ftnref25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em decorrência da
riqueza que encobre essa aplicação indiscriminada do princípio do livre exame,
vale a pena que nos detenhamos um pouco nos seus aspectos mais marcantes.
Alguns deles, aliás, como teremos oportunidade de ver mais adiante, influirão,
de forma decisiva, sobre o perfil multifacetado do urbanismo francês e, mais
particularmente, revelar-se-ão no audacioso plano de Turgot/Bretez. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os aspectos que
desenvolverei são os seguintes: em primeiro lugar, o livre exame como reação
social ao absolutismo. Em segundo lugar, a crise da consciência européia
ensejada pelo livre exame. Em terceiro lugar, a importância atribuída às
viagens e o conseqüente surgimento de um gênero literário utópico-heróico. Em
quarto lugar, a crise da história enquanto disciplina do conhecimento. Em
quinto lugar, a valorização do princípio da experimentação e da sua
conseqüência no plano da sensibilidade, o prazer. Por último, em sexto lugar,
analisarei o pano de fundo do cientificismo (sobre o qual pretende ser
organizado esse disperso tabuleiro de conhecimentos e de sensações), polarizado
pelo espírito rousseauniano, que já prenuncia os horrores da Revolução de 1789
e do terror jacobino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A – Livre exame:
reação social contra o absolutismo.-</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Aplicado à sociedade, o princípio do livre
exame enfraqueceu o governo e passou a submeter tudo (instituições, tradições,
crenças) ao seu implacável crivo. É a revanche da sociedade contra o poder
avassalador do monarca. O uso da razão, que inicialmente se espraiou nas
revoluções religiosas do século XVI, terminou sendo encampado pelas monarquias
absolutas no século seguinte. As respectivas sociedades passaram,
paulatinamente, no decorrer do século XVIII, a usufruir desse direito do livre
exame. Ora, a universalidade desse processo é o que mais espanta aos
observadores da história francesa do período.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O caráter do livre
exame, no século XVIII, - frisa a respeito Guizot - consiste na universalidade.
A religião, a política, a filosofia pura, o homem e a sociedade, a natureza
moral e material, tudo se converte em objeto, ao mesmo tempo de estudo, de
dúvida, de sistema.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As antigas ciências
são desestruturadas, elevam-se as novas ciências. É um movimento que avança em
todos os sentidos, embora surgido de um mesmo e único impulso.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn26" name="_ftnref26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Uma vez de posse da
iniciativa, as diversas forças sociais e os indivíduos passaram a submeter tudo
ao crivo implacável da razão crítica, demolindo velhos princípios, enxergando
novos horizontes, submergindo instituições e tradições na mais radical análise
que pretendia checar tudo à luz da experiência. Nada, nem a história, nem o
calendário, nem as unidades de pesos e medidas, nem a divindade, puderam se
evadir dessa maré montante do racionalismo iluminista, cujo grande orgasmo foi
a Revolução Francesa, da qual pretendia sair o <i>homem novo, </i>imaginado por
Rousseau no seu <b><i>Contrato Social</i></b><i>.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn27" name="_ftnref27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[27]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Esse processo ocorreu
na Inglaterra, primeiro, com a Gloriosa Revolução de 1688, e depois na França,
já no final do século XVIII. As semelhanças entre ambas as revoluções são
grandes, no sentir de Guizot. As diferenças correm por conta da forma extremada
em que, na França, ocorreu a revolução do livre exame, que terminou sendo
encampada pelo democratismo rousseuniano, tendo dado ensejo a um modelo mais
radical de absolutismo, o exercido pelo déspota em nome das massas.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn28" name="_ftnref28" style="mso-footnote-id: ftn28;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Na Inglaterra, diversamente, a revolução do livre exame foi mais mitigada,
coexistindo os anseios renovadores com a preservação da tradição monárquica,
tendo sido todo o processo enquadrado na prática da representação de interesses,
com a adoção da Monarquia Constitucional e Parlamentar. O autor que inspirou
essa mudança nas Ilhas Britânicas foi John Locke<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn29" name="_ftnref29" style="mso-footnote-id: ftn29;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
A respeito desse complexo fenômeno escreve o historiador francês:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No século XVIII, eu
teria dificuldade para dizer, em verdade, quais eram os fatos exteriores que o
espírito humano respeitava, que exerciam sobre ele qualquer domínio. Ele se
aborrecia com o estado social na sua totalidade e o menosprezava. Concluiu que
estava chamado a reformar tudo, e chegou a se considerar a si próprio como uma
espécie de criador. Instituições, opiniões, costumes, a sociedade e o homem
mesmo, tudo apareceu como devendo ser refeito, e a razão humana encarregou-se
da empreitada. (...) Eis o poder que, no decorrer do século XVIII, encontrou-se
em face do que restava do reino de Luís XIV. (...) O fato dominante da
revolução da Inglaterra, a luta do livre exame e da monarquia pura, deveria,
também, eclodir na França. Sem dúvida que as diferenças eram grandes e deveriam
se reproduzir nos resultados. Mas, no fundo, a situação geral era semelhante e
o acontecimento definitivo possui o mesmo sentido.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn30" name="_ftnref30" style="mso-footnote-id: ftn30;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">B – A crise da
consciência européia.-</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Mas a passagem entre o predomínio do absolutismo
iluminista (tipificado, na França, por Luís XIV) e o racionalismo encarnado
pela sociedade não foi tranqüila. Paul Hazard com muita propriedade denominou
essa transição de “a crise da consciência européia,”<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn31" name="_ftnref31" style="mso-footnote-id: ftn31;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
ocorrida no período que se estende de 1680 até 1715. Nesse momento de crise,
tudo foi posto em dúvida. Cada um, no seio da sociedade, atribuiu-se o direito
de tudo submeter ao crivo da razão, sem que importassem as conseqüências. A
propósito, frisa Hazard:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Então ocorreu uma
crise na consciência européia; entre a Renascença, da qual ela procede
diretamente e a Revolução francesa, que ela prepara, não há nada de mais
importante na história das idéias. A uma civilização fundada sobre a idéia de
dever, os deveres em relação a Deus, os deveres para com o príncipe, os
“nouveaux philosophes” ensaiaram antepor uma civilização fundada sobre a idéia
de direito: os direitos da consciência individual, os direitos da crítica, os
direitos da razão, os direitos do homem e do cidadão.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn32" name="_ftnref32" style="mso-footnote-id: ftn32;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os efeitos desse
estado de espírito foram, em primeiro lugar, a morte das antigas tradições e
das crenças recebidas dos antepassados; o agnosticismo em matéria religiosa; a
quebra da autoridade dos antigos líderes e a sua derrubada, junto com as
instituições que tinham sido erguidas em séculos de história; o triunfo do
ceticismo em matéria filosófica, enfim, uma ruptura fundamental com o passado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Era necessário –
frisa a respeito Hazard – construir uma filosofia que renunciasse aos sonhos
metafísicos, sempre enganadores, para estudar as aparências que as nossas
frágeis mãos podem atingir, e que devem ser suficientes para nos satisfazer.
Era necessário edificar uma política sem direito divino, uma religião sem
mistério, uma moral sem dogmas. Era preciso forçar a ciência a não ser mais um
simples jogo de espírito, mas decisivamente um poder capaz de submeter a
natureza. Graças à ciência, seria conquistada, sem nenhuma dúvida, a
felicidade. Reconquistado assim o mundo, o homem o organizaria em prol do seu
bem-estar, de sua glória e da felicidade do futuro.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn33" name="_ftnref33" style="mso-footnote-id: ftn33;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[33]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Eric Voegelin
(1901-1985) define como uma “revolta <i>egofânica</i> do Ocidente” (na trilha
da <i>gnose</i>, repassada ao mundo moderno, no final da Idade Média, por
Joaquim de Fiore), essa perda de abertura à transcendência, típica da
modernidade, que encontra na Ilustração um dos seus pontos altos. Para Voegelin<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn34" name="_ftnref34" style="mso-footnote-id: ftn34;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[34]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
o fracasso da maior parte das revoluções modernas, a Francesa, a Alemã e a
Russa, (excetuada a Revolução Americana de 1776), decorre do fato de se terem
inspirado nessa morte da transcendência apregoada pelos escritores e <i>philosophes</i>
do período da c<i>rise da consciência européia</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">C – Importância
atribuída às viagens e conseqüente surgimento de um gênero literário
utópico-heróico.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
período acima apontado de “crise da consciência européia” é muito rico em
literatura de viagens. O fato de terem se integrado, nessa época, à economia e
à cultura européias, as mais remotas regiões do Planeta, fez com que a
imaginação acompanhasse tal epopéia. Ocorreu algo assim como o que acontece,
hoje, com a literatura de viagens interplanetárias, que romanceia o esforço de
conquista do Cosmo pelo homem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Esse gênero literário
novo possuía, na Ilustração, mais ou menos a mesma estrutura nas mais variadas
obras. A fórmula era simples: no início contava-se a história de um manuscrito
que foi transmitido ou encontrado de forma prodigiosa. O manuscrito narrava a
história de um herói, que enfrentou perigos de toda índole, na maior parte das
vezes tendo sido vítima de naufrágio, e que miraculosamente se salvava,
chegando a uma terra incógnita, geralmente situada no hemisfério sul. A narrativa
descrevia as riquezas e a civilização dessa nova terra, que reproduzia o
esquema ideal das Utopias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O verdadeiro jogo –
frisa a respeito Hazard – consiste em se transportar a uma terra imaginária e
em examinar o estado religioso, político e social do velho continente. Trata-se
de mostrar que o Cristianismo, em geral, e o Catolicismo, em particular, são
absurdos e bárbaros; que os governos, em geral, e a monarquia, em particular,
são iníquos e detestáveis, que a sociedade deve ser refeita desde as suas raízes
e na sua totalidade. Quando esta demonstração fica completa, o herói da viagem
fictícia não tem mais o que fazer senão regressar à Europa para ali morrer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Embaladas nesse novo
estilo, foram postas em circulação, no período apontado, numerosas obras que
ganharam a popularidade dos hodiernos <i>best-sellers</i>. As modalidades eram
as mais variadas: narrativas, descrições, relatos, antologias curiosas,
memórias de missionários em regiões longínquas, etc. O cidadão comum, que não
saía da sua casa, viajava no grande mundo da imaginação, sentado no canto da
sua sala aquecida pela pequena lareira. A literatura do extraordinário o
seduzia, o homem comum tinha acesso aos grandes vôos da fantasia, nas asas
dessa enorme torrente literária que tudo abarcava e que se projetava sobre o
desconhecido dos novos mundos, tornando-os familiares. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os narradores eram
viajantes comuns, médicos, missionários, comerciantes, aventureiros. A própria
produção filosófica não se furtava a esse clima do extraordinário. Descartes
(1596-1650), de forma pioneira, ainda em tempos do classicismo, deu largada à
sua sistemática reflexão em torno à razão, a partir de uma viagem ao interior
de si mesmo, aventura que devia ser refeita por cada leitor, de acordo com o
convite formulado pelo filósofo, no seu <b><i>Discurso do Método.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn35" name="_ftnref35" style="mso-footnote-id: ftn35;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[35]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>
</i></b>Isso para não falar da obra de ficção por excelência da época, <b><i>O
Quixote</i></b> de Cervantes, cuja narrativa estruturava-se, como era praxe, a
partir da pressuposição do achado de um manuscrito de autor desconhecido (o
misterioso Cide Hamete Benengeli), que o legou à posteridade, em árabe. O
grande romancista espanhol teceu o seu relato com magistral ironia, de um lado
agradando o leitor com as maravilhosas aventuras do seu herói e dos personagens
que, aos poucos, iam sendo engolidos pela fantasia, mas, também, apresentando
uma nova modalidade de herói moderno, ícone da Ilustração ibérica.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn36" name="_ftnref36" style="mso-footnote-id: ftn36;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[36]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O curioso é que essa
literatura do maravilhoso projetava-se, também, sobre a vivência religiosa.
Nunca antes se publicou tanto nesse terreno. Os grandes livreiros desse
segmento editorial eram inicialmente os judeus, que montaram verdadeiras
empresas que procuravam atender a todas as necessidades: as dos próprios
judeus, <i>ashkenazi </i>ou <i>sefarditas</i>, e as dos cristãos. Os
testemunhos dados pelos historiadores da comunidade judaica de Amsterdã (de
finais do século XVII e começos do XVIII), mostram que a mencionada comunidade
não só destacou-se nos trabalhos do comércio de cereais, mas também nos
relativos à produção bibliográfica. Mas nessa empresa editorial, iniciada por
judeus holandeses e portugueses, entraram também os editores cristãos. O
historiador Henry Méchoulan escreve a respeito: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Judeus e não judeus
iriam unir os seus esforços pelo amor de Deus e pelo lucro nas associações
comerciais que excluíam toda e qualquer discriminação. Menasseh bem Israël, que
tinha comparecido em 1634 à feira do livro de Fraknfurt, compreendeu a
importância da demanda (editorial) na Polônia e, um ano mais tarde, associou-se
a Johannes Jansonius que financiou a impressão de bíblias, de rituais e de
saltérios para a Europa do leste. Um pouco mais tarde, dois comerciantes judeus
alemães encomendaram-lhe 3000 Pentateucos com comentários de Rachi. Quando se
tratava de edições em grandes tiragens, os investidores não judeus estavam
sempre presentes. Foi assim que Arent Dirk Bos e Ameldonc financiaram a
impressão de 4000 exemplares de uma edição vocalizada da <i>Michna</i>.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn37" name="_ftnref37" style="mso-footnote-id: ftn37;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[37]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os intelectuais,
outrossim, viajavam, como os aventureiros. O filósofo e o cientista não ficavam
mais trancafiados nos seus gabinetes. As viagens constantes e os debates com os
seus pares, constituíam duas atividades essenciais. Vê-se que a ciência já
obrigava os que a praticavam, a uma das suas exigências básicas: o confronto
das opiniões com a comunidade científica. A respeito, frisa Hazard:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os sábios enriqueciam
a sua ciência de cidade em cidade, como Antônio Conti, natural de Pádua, que
viajou em 1713 a Paris e em 1715 a Londres, a fim de intervir na querela do
cálculo infinitesimal; foi a Hannover para conferenciar com Leibniz e, de
passagem pela Holanda, teve o cuidado de visitar Leuwenbroeck. Os filósofos
viajavam, não certamente para ir meditar em paz numa sala aquecida, mas para
conferir as curiosidades do mundo, tal como fizeram Locke e Leibniz. Os reis
também viajavam. Cristina de Suécia morreu em Roma em 1689. E o Czar Pedro
partiu para a Europa em 1696. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn38" name="_ftnref38" style="mso-footnote-id: ftn38;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[38]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Conseqüentemente, as
obras publicadas revestiam esse caráter de <i>best-sellers</i> do gênero em
voga, que não se prendia a um único estilo, mas que tinha como denominador
comum dar notícia de algo maravilhoso ou atraente para o gosto do leitor.
Vejamos alguns títulos: <b><i>O gentil-homem estrangeiro viajante na França</i></b>;
<b><i>Il buratino verídico, ou instruções gerais para quem viaja</i></b>; <b><i>Guia
dos caminhos para ir por todas as províncias da Espanha França, Itália e
Alemanha</i></b>; <b><i>A cidade e a República de Veneza</i></b>; <b><i>Descrição
da cidade de Roma para uso dos estrangeiros</i></b>; <b><i>Guia para os
estrangeiros desejosos de ver e entender as mais notáveis coisas da real cidade
de Nápoles</i></b>; <b><i>Nova descrição do que de mais notável há na cidade de
Paris</i></b>; <b><i>As delícias da Itália</i></b>; <b><i>Delícias e encantos
da Dinamarca e da Noruega</i></b>; <b><i>Delícias da Grã Bretanha e da Irlanda</i></b>;
<b><i>O Estado e as delícias da Suíça</i></b>; <b><i>As maravilhas da Europa</i></b>.
Até a filosofia pegou carona nesse gênero do efêmero, como diria, hoje, Gilles
Lipovetsky.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn39" name="_ftnref39" style="mso-footnote-id: ftn39;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[39]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Lembremos que um dos maiores pensadores da época escreveu livro intitulado <b><i>Filosofia
para princesas.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn40" name="_ftnref40" style="mso-footnote-id: ftn40;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[40]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>
</i></b>Com razão Paul Hazard define de forma muito ampla o estilo dessas
obras, que são escritas tendo como pano de fundo o gosto pelas viagens e a
feição, digamos turística, de apreender o mundo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Gênero literário de
fronteiras indecisas, cômodo porque podia tudo abarcar, tanto as dissertações
eruditas, como os catálogos dos museus, ou as histórias de amor, a Viagem triunfava.
Esse gênero poderia ser uma relação maçante, carregada de dados científicos, ou
bem um estudo psicológico, ou também um puro romance, ou bem tudo isso ao mesmo
tempo. Havia quem o criticava, e quem o louvava. Mas, tanto elogios quanto
críticas mostravam, todos eles, o lugar importante que esse gênero tinha
ganhado e de que forma não seria possível se afastar dele. O mesmo gosto que o
fazia prosperar, favorecia, também, a indústria dos itinerários e das guias.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn41" name="_ftnref41" style="mso-footnote-id: ftn41;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[41]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A valorização do
estranho e do maravilhoso implicou numa hieratização do <i>bon sauvage</i>. Via
de regra, as mais afastadas culturas eram modelos de humanidade e civilização.
Bastava que fossem desconhecidas e longínquas, sociedades inteiras eram
endeusadas. Maometanos, budistas tibetanos e chineses eram considerados
arquétipos de refinamento e de ética pública. De todas as culturas exóticas,
talvez tenha sido a chinesa a mais valorizada, fato que levou um grande
pensador, Leibniz (1646-1716), a deixar obra marcante que louvava o pensamento
e as instituições do grande Império, os seus <b><i>Escritos sobre a China</i></b>.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn42" name="_ftnref42" style="mso-footnote-id: ftn42;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[42]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Um viajante da época, Boulainvilliers, destacava o seguinte:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os Chineses são
privados da Revelação; eles conferem ao poder da matéria todos os efeitos que
nós atribuímos à natureza espiritual, da qual eles rejeitam a existência e a
possibilidade. Eles são cegos e, possivelmente, obstinados. Mas são assim
depois de quatro ou cinco mil anos e a sua ignorância, ou teimosia, não privou
ao seu estado político de nenhuma dessas maravilhosas vantagens destinadas aos
homens razoáveis (...): comodidade, abundância, prática das artes necessárias,
estudos, tranqüilidade, segurança. (...). É de se admirar que, dentre as
grandes religiões da Humanidade, não haja nenhuma que, sem o auxílio da
Revelação e rejeitando igualmente os maravilhosos sistemas e os fantasmas da
superstição e do terror tenha podido, como (a Cultura Chinesa), oferecer um
fundamento útil para a conduta dos homens, alicerçando tudo apenas sobre as
bases do dever natural.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn43" name="_ftnref43" style="mso-footnote-id: ftn43;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[43]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O gênero literário utópico
heróico em ascensão tinha a sua utopia: as civilizações longínquas. E
assinalava uma tarefa ao herói, o homem comum da Europa de fins do século XVII
e começo do XVIII: destruir tudo o que lembrasse a civilização ocidental,
considerada como a anti-utopia. Tarefa deveras trágica, pois deixaria sem chão
um país, como a França, que na segunda metade do século XVIII faria as maiores
mudanças sofridas por uma nação européia ao longo da sua história. Acerca desse
quadro de destruição que se anunciava, assim escreve Paul Hazard:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O que impressiona
nesses romances, é uma vontade continuada de destruir. Nenhuma tradição que não
seja contestada, nenhuma idéia familiar que seja aceita, nenhuma autoridade que
possa subsistir. São demolidas todas as instituições; tudo é contraditado à
vontade. Velhos sábios aparecem oportunamente para substituir, com os seus
sermões laicos, os ministros do culto; eles cantam as vantagens das repúblicas
incorruptíveis e das oligarquias tolerantes, da paz que é obtida pela persuasão,
da religião sem sacerdotes e sem igrejas, do trabalho suave que se converte em
prazer. Eles pregam a sabedoria que reina nas suas terras, terras admiráveis
que esqueceram a noção do pecado. Lá em cima, um salto de imaginação reconduz à
aventura, uma obscenidade alegra por um instante o leitor; pelo menos, o autor
pensa nisso. Logo a seguir, continua a mostrar como nossa vida cotidiana é
fatigante, rasteira, não razoável, triste. E volta a pintar os dias felizes que
se vivem nesse país que não existe. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn44" name="_ftnref44" style="mso-footnote-id: ftn44;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[44]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">D – A crise da
história enquanto disciplina.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Este aspecto é paradoxal. Pois se o que
interessa é o novo, o maravilhoso, o que se passa alhures, bem poderíamos supor
que se valorizasse, nessa época, a ciência histórica. Mas não acontece isso. A
historiografia é simplesmente impossível. Porque os pressupostos das
sociedades, situados no nevoeiro dos tempos, são inatingíveis. Não há uma idéia
clara e distinta que nos permita fazer entender o que se passava nas cabeças
dos nossos antepassados, e nas dos antepassados dos outros povos. A humanidade
seria como uma assembléia de doidos, cada um contando de que forma vivem os
seus fantasmas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O Iluminismo
simplesmente jogou pela janela o senso do histórico. O homem, na sua
individualidade, é necessariamente passional, crédulo, mal instruído,
negligente. Para fazer história, como dizia Fontenelle, seria necessário achar
um ser humano que “tivesse sido expectador de todas as coisas, ao mesmo tempo
que indiferente e dedicado.”<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn45" name="_ftnref45" style="mso-footnote-id: ftn45;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[45]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
O historiador seria como o metafísico que, de posse de determinados fatos,
elabora uma interpretação deles puramente teórica, sem condição de verificar a
validade desse esquema conceitual, e sem que tenha certeza de que apreendeu os
fatos como eles são. A conclusão que podemos tirar dessa situação é que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No profundo das
consciências, a história entrou em falência, e o sentimento mesmo da
historicidade tende a ser abolido. Se o passado é abandonado, é porque ele
parece inconsistente, impossível de ser apreendido, e sempre falso. Perdeu-se a
confiança naqueles que pretendiam conhece-lo. Eles, ou bem se equivocavam, ou
bem mentiam. Houve como que um grande desabamento, depois do qual não se viu já
mais nada de certo, senão o presente; e todas as miragens tiveram de refluir em
direção ao futuro.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn46" name="_ftnref46" style="mso-footnote-id: ftn46;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[46]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No seio do Iluminismo
surge, na segunda parte do século XVIII, uma tentativa de pôr ordem na
irracionalidade da história, atrelando os fatos humanos a fatores inamovíveis,
como as causas físicas que movimentam os astros. É a física de Newton aplicada
aos fatos humanos, trabalho de que se desincumbe Laplace na sua obra intitulada
<b><i>Ensaio filosófico sobre as probabilidades</i></b>, na qual propunha o
seguinte: “Apliquemos às ciências morais e políticas o método fundado na
observação e no cálculo, método que nos tem servido tão bem nas ciências
naturais”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn47" name="_ftnref47" style="mso-footnote-id: ftn47;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[47]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Tocqueville, aliás, alertou para a perda do senso histórico, bem como para o
esquecimento da dimensão humana, aspectos que se escondem por trás desse
historicismo cientificista. A propósito, escreve: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os historiadores que
vivem nos tempos democráticos não recusam, pois, apenas atribuir a alguns
cidadãos o poder de agir sobre o destino do povo; ainda tiram aos próprios
povos a faculdade de modificar a sua própria sorte e os submetem ora a uma
providência inflexível, ora a uma espécie de cega fatalidade. Segundo eles,
cada nação é invencivelmente ligada, pela sua posição, sua origem, seus
antecedentes, sua natureza, a certo destino que nem todos os esforços poderiam
modificar. Tornam as gerações solidárias umas das outras e, remontando assim,
de época em época e de acontecimentos necessários em acontecimentos
necessários, à origem do mundo, compõem uma cadeia cerrada e imensa, que
envolve todo o gênero humano e o prende. Não lhes basta mostrar como se deram
os fatos; comprazem-se, ainda, em mostrar que não podiam dar-se de outra forma.
Consideram uma nação que chegou a certo ponto da sua história e afirmam que foi
obrigada a seguir o caminho que a conduziu até ali. Isto é muito mais fácil que
mostrar como teria podido fazer para seguir um melhor caminho.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn48" name="_ftnref48" style="mso-footnote-id: ftn48;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[48]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">E – Valorização do
princípio da experimentação e da sua conseqüência no plano da sensibilidade, o
prazer.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Robert<b>
</b>Darnton deixou um acabado estudo acerca da forma em que o corpo humano, no
Iluminismo, entendido como máquina perfeitíssima inserida no grande mecanismo
do cosmo, abria a porta para a busca do prazer, não na forma um tanto ingênua
da descoberta do mesmo como eclosão primaveril da vida (como em Boccaccio, na
Renascença), mas na versão investigativa de quem pode desmontar essa
maravilhosa máquina, conhece-la nos seus mais escondidos parafusos, a fim de
extrair dela o máximo de satisfação, algo perfeitamente calculável. Esse
constituiria, no sentir de Darnton, o <i>leitmotiv </i>dos denominados por ele
de “<i>best-sellers</i> proibidos da França pré-revolucionária”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn49" name="_ftnref49" style="mso-footnote-id: ftn49;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[49]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Certamente
encontraremos uma diferença bastante grande entre o frescor das <b><i>Carmina
Burana</i></b> renascentistas e as anatômicas e nada poéticas abordagens do
corpo humano numa obra típica do século XVIII, como o relato intitulado <b><i>Thérèse
philosophe</i></b>, atribuída a um certo Jean-Baptiste de Boyer, marquês de
Argens. A poesia erótica cede lugar à tentativa cartesiana de descrever a
realidade apreendida à luz de um princípio que tudo explica, em função da
estrutura das nossas máquinas corporais, pois, como diz o autor de <b><i>Thérèse
philosophe, </i></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A disposição de
nossos órgãos, o arranjo de nossas fibras, certo movimento de nossos fluidos –
tudo determina o tipo de paixões que agem sobre nós, dirigindo nossa razão e
nossa vontade nos menores e nos maiores atos que realizamos. Assim são formados
os fanáticos, os sábios e os tolos.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn50" name="_ftnref50" style="mso-footnote-id: ftn50;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[50]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Busca constante do
prazer, exposição minuciosa das molas corporais do mesmo, narrativa licenciosa
que, por vezes, chega às raias do cabotinismo libertino e da pornografia, os
autores que fazem sucesso nesse gênero são numerosos. Lembremos a obra do
Marquês de Sade (1740-1814),<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn51" name="_ftnref51" style="mso-footnote-id: ftn51;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[51]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
bem como a de outros escritores menos famosos, mas nem por isso menos lidos na
sua época, como o visconde de Guillerages (1628-1685), aristocrata amigo de
Racine e próximo a Luís XIV, Claude-Prosper Jolyot de Crébillon, conhecido como
Crébillon Filho (1707-1777) e o barão Dominique Vivant Denon (1747-1825), que
foi o primeiro diretor do Museu do Louvre.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn52" name="_ftnref52" style="mso-footnote-id: ftn52;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[52]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Destaquemos, para
finalizar este item, que a literatura que deu vazamento a estas idéias era
claramente subversiva para os padrões de moralidade do Estado Absolutista. Ela
contribuiu à sua derrubada. Os controles oficiais, rigorosamente exercidos nos
tempos de Luís XIV, com o avanço do século XVIII foram arrefecendo,
pressionados pelos editores piratas, que se subtraiam à férula do absolutismo.
A respeito, frisa Robert Darnton:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Dezenas de editoras
surgiram junto às fronteiras francesas. Centenas de agentes atuaram num sistema
clandestino para levar os livros aos leitores. Entretanto, essa vasta indústria
desviou grande parte da riqueza do reino e ao mesmo tempo difundiu em seus
domínios muitas idéias nada ortodoxas. Vendo-se incapaz de destruir a
concorrência que ajudara a criar, a administração francesa inventou categorias
para permitir a comercialização dos livros que não podiam receber um privilégio
real, porém não atacavam a Igreja, o Estado ou a moralidade convencional. Em
1750, inspetores de livros distinguiram num espectro amplo variadas nuanças de
legalidade que iam de <i>privilèges</i> a <i>permissions tacites</i>, <i>permissions
simples, permission de police</i> e simples <i>tolérances.</i> Pouco a pouco,
de maneira quase imperceptível, a legalidade descambou na ilegalidade.
Entrementes, porém, uma literatura libertina florescera, minando todos os
valores ortodoxos do Antigo Regime.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn53" name="_ftnref53" style="mso-footnote-id: ftn53;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[53]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A literatura
pornográfica do século XVIII mantinha uma característica comum aos demais
romances de aventuras: queria seduzir o leitor já a partir do título. O tempo
urge, novas experiências estão a ser oferecidas ao público e o escritor que
trata acerca de temas despudorados procura chamar a atenção dos seus fregueses
– medida perfeita de marketing literário – carregando as tintas nos títulos das
suas obras e ilustrando vivamente as capas. A respeito, escreve o estudioso
Jean-Marie Goulemont: “O livro seduz pela sua capa, seu título, sua página de
título, antes de enfeitiçar pela leitura”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn54" name="_ftnref54" style="mso-footnote-id: ftn54;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[54]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
De fato, é só dar uma olhada em alguns títulos desse tipo de literatura, para
chegar à conclusão de que os escritores de temas pornográficos tinham chegado a
um vale-tudo para conquistar a atenção dos seus leitores. Eis uma pequena
mostra: <b><i>Vênus no claustro ou a religiosa de camisola </i></b>(1746); <b><i>Memórias
de Suzon, irmã do porteiro dos cartuxos, escritas por ela mesma </i></b>(1783);
<b><i>Minha conversão ou o libertino de qualidade </i></b>(1783); <b><i>A arte
priápica, por um octogenário</i></b> (1787); <b><i>Ciência prática das mulheres
da vida </i></b>(1787); <b><i>A Messalina francesa ou as noites da Duquesa de
Pol...</i></b> (1789); <b><i>Vênus no cio ou vida de uma célebre libertina </i></b>(1790);
<b><i>As crianças de Sodoma na Assembléia Nacional, ou deputados da ordem da
Manchete </i></b>(1790); <b><i>Os repousos secretos ou as partes finas de
vários deputados da Assembléia Nacional </i></b>(1790); <b><i>Os furores
uterinos de Maria Antonieta, mulher de Luís XVI </i></b>(1791), etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">F – Pano de fundo
cientificista.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
disperso tabuleiro de conhecimentos e de sensações, ensejado pela reação ao
absolutismo a partir da <i>crise da consciência européia</i>, estava
solidamente amarrado numa concepção determinística do homem e do cosmo, que
terminaria dando lugar à concepção mecânica e matemática do universo humano,
claramente presente em autores de finais do século XVIII como Condorcet.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn55" name="_ftnref55" style="mso-footnote-id: ftn55;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[55]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Mas não se tratava, apenas, de uma visão abstrata e matemática do homem. Havia
algo de mais perigoso: tudo foi colocado a serviço da procura incessante da <i>felicidade
geral</i>, numa concepção sociológica que bania o dissenso, estabelecendo as
bases da democracia de massas. Foi Rousseau quem, no seu <b><i>Contrato Social</i></b>,
deitou as bases dessa nova filosofia política, concepção que recebeu o nome
técnico de <i>democratismo </i>ou de <i>democracia totalitária</i>.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn56" name="_ftnref56" style="mso-footnote-id: ftn56;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[56]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O arrazoado
roussoista era mais ou menos assim: a felicidade humana está fundamentada na
unanimidade de opiniões e de crenças; logo deve ser banido, a qualquer preço, o
dissenso. A melhor forma de banir o dissenso é o terror imposto pelos <i>puros,</i>
no interior do Estado. O espírito geométrico, aliado à concepção unanimista da
sociedade, triunfa definitivamente. A eclosão desse fenômeno deu-se na
Revolução Francesa e no terror por ela desencadeado. A respeito, escreve
Hazard: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O que impressiona,
ainda, é o triunfo do espírito geométrico. Regular tudo com metro, ordena-lo
tudo seguindo o número e a medida: esse desejo persegue os autores, persiste
até nos seus sonhos e nas suas loucuras. Poderosa, inflexível, é assim essa
tendência niveladora. Ela aplica-se a todas as manifestações da vida, mesmo à
linguagem, que não deve ter nada de empírico, que deve ser totalmente racional
(...).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ruas regulares, grandes
construções portadoras, todas elas, de uma mesma fachada: eis uma cidade bem
construída. Jardins perfeitamente geométricos, onde as árvores são enfileiradas
de acordo a se portam frutos mais ou menos úteis e agradáveis: que belos
jardins! Tudo é ensaiado com os números. (...) Quando se está inebriado com
esse espírito e o sujeito se depara com o concreto, vem o sofrimento. Ou,
melhor, o concreto mesmo é submetido, de bom ou mau grau, a uma transformação
geométrica (...). De todos os utopistas, aquele que mais pensou e pesquisou,
Tyssot de Patot, autor de <b><i>Voyages et aventures de Jacques Massé </i></b>(1710),
escreve nas suas <b><i>Cartas:</i></b> “Há tantos anos que viajo pelos caminhos
amplos e luminosos da geometria, que enfrento, com pena, as sendas estreitas e
obscuras da religião (...). Eu busco, sempre, a evidência ou a sua
possibilidade”. São livros nos quais encontramos muitas bobagens, em meio a
muitas quinquilharias. Neles aparecem idéias mal delineadas, mas violentas;
sentimentos expostos desastradamente, mas poderosos. Eles prenunciam não somente
Swift, Voltaire, Rousseau, mas também o espírito jacobino e Robespierre.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn57" name="_ftnref57" style="mso-footnote-id: ftn57;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[57]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">II</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"> - Aspectos fundamentais do
urbanismo francês nos séculos XVII e XVIII.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Utilizarei aqui o conceito de <i>urbanismo</i> em sentido lato, como a
aplicação da razão no esforço em prol de tornar habitável a cidade, definida,
fundamentalmente, na modernidade, como núcleo humano construído ao redor de um
poder político e de um mercado.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn58" name="_ftnref58" style="mso-footnote-id: ftn58;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[58]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Não
me aterei, portanto, ao conceito estrito de <i>urbanismo</i>, cunhado no final
do século XIX como “ciência da cidade”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Três grandes idéias acompanharam, na França, o surgimento do urbanismo
moderno: 1) as preocupações de ordem prática, 2) a estética urbana e 3) as
relações entre urbanismo e política.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 53.45pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><span style="mso-list: Ignore;">1)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">As
preocupações de ordem prática.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A principal delas
consiste na recusa do gigantismo urbano. Os autores do período eram
conscientes, como frisavam Delamare e Le Cler du Brillet no seu <b><i>Traité de
la police</i></b>, de 1738, de que “é necessário (...) fixar a extensão ou o
tamanho de uma cidade, para que ela não pereça pelo seu próprio peso”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn59" name="_ftnref59" style="mso-footnote-id: ftn59;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[59]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Destarte, o Rei procura, mediante medidas legais, impedir que Paris ultrapasse
os 500 mil habitantes que possui no século XVIII. O controle sobre o
crescimento urbano torna-se, no entanto, ineficiente. Em que pese a legislação
que fixa pesadas multas àqueles que construírem além dos limites estabelecidos
por Luís XIV,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>no entanto, em 1670 são
recenseadas aproximadamente 1300 casas construídas de forma irregular. Contudo,
embora a legislação continue sendo desrespeitada, o poder central não esmorece
na sua luta para fixar limites ao crescimento urbano. Em 1724 Luís XV formula
importante “Declaração real”, que fixa os limites da cidade. Embora bem
concebida (com relação aos textos legais anteriores), a ordem real não é
respeitada, obrigando o governo a promulgar nova legislação restritiva. O
crescimento da cidade é fruto, portanto, de duas forças: uma, centrífuga, que
quer limitar a expansão urbana, centrando a vida da cidade ao redor do núcleo
do poder. A segunda força que interage, centrípeta, é protagonizada pelos
atores econômicos, que buscam a expansão dos seus negócios, alargando os
limites estabelecidos pelo Rei. A propósito, frisa Jean-Louis Harouel:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O governo continua,
portanto, fiel ao princípio de uma limitação de Paris, embora se resignando a
um crescimento semi-clandestino da cidade, que ele ratifica entretanto pelo
amplo traçado do cinturão dos <i>Fermiers Généraux</i>. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn60" name="_ftnref60" style="mso-footnote-id: ftn60;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[60]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A posição contrária
ao crescimento urbano, adotada pela Monarquia, alicerça-se em razões que hoje
denominaríamos de estratégicas. O gigantismo urbano é perigoso porque: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo2; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Torna
difícil o abastecimento de gêneros alimentícios, aumentando o preço das
mercadorias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo2; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Dificulta
a preservação da ordem pública e o bom funcionamento da administração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo2; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Complica
as comunicações entre os bairros, ao aumentar a distância entre eles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo2; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Esvazia
o centro da cidade, com a conseqüente depreciação dos imóveis públicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo2; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Torna
difícil a manutenção de um “cinturão verde” ao redor da cidade, que garanta a
produção de frutas e legumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas, se o Rei quer
impedir o crescimento descontrolado da cidade, é preocupação central sua, de
outro lado, dotar a urbe de vias de comunicação amplas, que facilitem a
circulação entre os vários bairros e as áreas centrais. Em 1607 Sully é nomeado
por Henrique IV <i>inspetor-chefe</i> de vias, com a finalidade de fiscalizar o
traçado das ruas, eliminando obstáculos e alargando-as. É de 1783 a declaração
real que ordena que as ruas de Paris tenham, no mínimo, dez metros de largura.
São construídas grandes avenidas que comunicam a periferia com o centro da
cidade (tornando facilmente acessíveis bairros como os Inválidos ou da Escola
Militar).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A essas razões de
circulação das pessoas, a partir de 1740 junta-se outra de caráter sanitário:
vias mais largas possibilitam a renovação do ar da cidade, necessário à saúde
pública. A preocupação de Michel Etienne Turgot como <i>Prêvot des Marchands</i>
é grande nesse sentido; lembremos que ele desempenha esse importante cargo
entre 1729 e 1740, culminando a sua administração justamente no momento em que
começam a ser levadas em consideração, na legislação, as razões ambientais. A
legislação ulterior incorpora definitivamente essa preocupação. Os decretos
reais de 1783 e 1784, relativos à fixação da largura das ruas e da altura das
casas, visam precisamente a “possibilitar um ar mais salubre, facilitando sua
circulação”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn61" name="_ftnref61" style="mso-footnote-id: ftn61;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[61]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Igual preocupação
ambiental acompanha, nesse período, à abertura de jardins. Tendo desaparecido
muitos jardins medievais ao longo do século XVI, era necessário substitui-los
por jardins públicos e passeios, aos quais vêm se somar jardins particulares
abertos ao público. Datam dessa época os jardins das Tuileries, do Palácio
Real, de Luxemburgo, bem como o Jardim do Rei (Jardim das Plantas). A moda dos
passeios e dos jardins difunde-se, ao longo do século XVIII, até às pequenas
cidades de província.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A preocupação com a
circulação do ar é acompanhada, em meados do século XVIII, do cuidado para com
o saneamento básico. É do <i>Prêvot des Marchands</i>, Turgot, em 1740, a
primeira iniciativa a respeito, com a abertura da valeta de Ménilmontant. Essa
obra deu início à construção da rede de esgoto parisiense, com o intuito de
substituir as anti-higiênicas sarjetas que, desde a Idade Média, ocupavam o
meio das ruas. Preocupação com o saneamento do meio-ambiente conduz à
legislação que, a partir de meados do século XVIII, concentra os matadouros –
outrora espalhados pela cidade – na Ilha dos Cisnes e centraliza os curtumes,
que acompanhavam os matadouros, no subúrbio de Saint-Marcel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Prisões e hospitais –
considerados fontes de poluição do ar – devem ser situados na periferia da
cidade, segundo as recomendações de administradores e higienistas. As
realizações neste terreno ficam, no entanto aquém do esperado. No que tange aos
cemitérios, as tendências urbanísticas do século XVIII visam ao estabelecimento
de uma separação entre vivos e mortos, indo em contra da tradição medieval de
pacífico (e anti-higiênico) convívio entre uns e outros. A propósito, frisa
Jean-Louis Harouel:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Exíguos,
sobrecarregados, mal-conservados, geralmente abertos ou mal fechados, o que
possibilita que freqüentemente animais venham ali pastar e até cachorros e
porcos desenterrem cadáveres, em alguns casos depósitos de imundícies,
constituem uma área de lazer para as crianças, um local de encontro para os
amantes, um espaço onde os tecelões secam as lãs ou mesmo uma verdadeira via de
comunicação. O cemitério é propriedade, portanto, ao menos tanto de vivos
quanto de mortos, o que aumenta, acredita-se, o risco de contaminação. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn62" name="_ftnref62" style="mso-footnote-id: ftn62;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[62]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Para fazer frente a
essa realidade, o Rei proíbe, em 1776, os enterros dentro de igrejas e ordena a
transferência dos cemitérios insalubres para a periferia da cidade. Essa
determinação, no entanto, encontra séria oposição de parte da sociedade,
acostumada ainda à velha praxe medieval de convívio entre vivos e mortos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No que tange à
infra-estrutura, deve-se destacar que, nos séculos XVII e XVIII, há um grande
esforço de construção de igrejas, hospitais, edifícios públicos, albergues,
intendências, mercados, casernas e particularmente teatros. Estes últimos
constituem centros que animam a vida dos novos bairros. Em relação à
arquitetura, prevalece o estilo denominado de “expressivo”, que liga a
aparência do imóvel à sua função social. A propósito deste item, escreve
Harouel:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Remonta ao século
XVIII a idéia muito moderna de uma arquitetura expressiva, notadamente no que
diz respeito aos edifícios públicos: a função de um imóvel deve ser expressa
pela sua arquitetura. Essa preocupação é bastante visível nos principais
edifícios parisienses da segunda metade do século XVIII: Monnaie, Escola de
Medicina, Mercado de Cereais, Odéon.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn63" name="_ftnref63" style="mso-footnote-id: ftn63;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[63]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O abastecimento de
água da cidade aperfeiçoa-se. No século XVII são instaladas duas bombas
hidráulicas: a da Pont-Neuf (Samaritaine) e a da Pont Notre-Dame. Elas
alimentam dois reservatórios, de onde é distribuída a água por carregadores. Em
1777, os irmãos Perrier instalam uma dezena de bombas a vapor. No início do
século XIX é adotado o sistema de captação, com o desvio do rio Ourcq pelo engenheiro
Bruyère, que executa plano do seu mestre Perronet. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">As preocupações de
ordem prática com as questões urbanísticas exigiam um elenco de servidores
públicos, que ajudassem o Rei a manter a ordem urbana. Nas Províncias, esses
funcionários eram basicamente três: o <i>Inspetor-chefe de limpeza pública, </i>o
<i>Diretor de Construções do Rei</i> (que, no caso de Versailles, exercia as
funções de <i>Inspetor-chefe</i> da cidade) e o <i>Intendente do Rei </i>(que
era o ancestral do <i>Prefeito</i>)<i>.</i> Já no caso de Paris, a
administração urbana contava com os seguintes funcionários: <i>Prefeito</i>
(cargo que era desempenhado pelo <i>Prêvot des Marchands</i>), <i>Inspetor-chefe
de limpeza pública, Diretor de Construções do Rei, Secretário de Finanças de
Paris, Fermier Général (Secretário da Receita) </i>e <i>Tenente de Polícia </i>(encarregado
das questões de segurança).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Todo o conjunto de
medidas práticas visando a tornar a cidade habitável, exigia, certamente, uma
base legal. A Monarquia preocupou-se, ao longo dos séculos XVII e XVIII, com
três aspectos essenciais da legislação urbana: circulação, segurança e
estética. Quem aplica as leis emanadas do Conselho Real é a autoridade do
serviço de limpeza pública, que é a instância governamental que concede licença
para construir casas ou prédios. Em nome dessas três variáveis, a autoridade
pode impedir construções que não se enquadrem dentro dessas exigências. Não é
raro a autoridade do serviço de limpeza pública (bem como a do sistema viário)
ordenar a demolição de imóveis mal-conservados ou que tenham sido construídos
fora das determinações legais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Duas exigências, que
datam de início do século XVII, em Paris, visam garantir a segurança das
construções, bem como o seu enquadramento nas exigências viárias e estéticas: é
fixada a altura máxima dos prédios em 22,5 metros e, para obter a autorização
para construir ou reformar, é decretada a obrigação de requerer à autoridade do
serviço de limpeza pública, um alinhamento do imóvel em questão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em duas
circunstâncias o Rei intervém diretamente – mediante o seu <i>Diretor de
Construções</i> -, a fim de consolidar, num único decreto real, todas as
exigências (de circulação, de segurança e estéticas) a serem cumpridas, num
grande projeto que abarca a totalidade de uma cidade: em Versailles (onde o
Monarca fixa as vias, a distribuição das casas e a sua estética, em harmonia
com o Palácio Real) e em Rennes, em 1723, a fim de organizar a reconstrução da
cidade. Em ambos os casos, em Versailles e em Rennes, o Conselho do Rei
promulga decretos que regulamentam as exigências urbanísticas. Essa legislação,
no sentir de Harouel,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Comporta uma
regulamentação de urbanismo que especifica os materiais a serem utilizados,
prevê subterrâneos com abóbadas, proíbe as saliências. Encontram-se, ainda,
anexados ao decreto um plano de alinhamento e um desenho de fachada obrigatório
em todas as ruas. O urbanismo regulamentado do Antigo Regime chega, portanto,
neste caso preciso, a uma planificação urbana integral.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn64" name="_ftnref64" style="mso-footnote-id: ftn64;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[64]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O Direito das
Operações de Urbanismo vai se consolidando aos poucos, na medida em que as
necessidades o exigem. O órgão legiferante é o Conselho do Rei. Ao longo dos
séculos XVII e XVIII vai surgindo, assim, a legislação urbanística. No caso
específico da desapropriação para efetivação de obras públicas, um decreto do
Conselho estabelece quais os terrenos ou imóveis que devem ser cedidos pelos
proprietários; o decreto também fixa os procedimentos a serem postos em
prática: o <i>Intendente</i> nomeia um perito, o proprietário outro e, no
final, o funcionário fixa um valor intermediário, para proceder à
correspondente indenização. Destarte, podemos concluir que reivindicações
constantes num documento revolucionário como <b><i>A Declaração dos direitos do
Homem e do Cidadão</i></b> (na qual se reivindicava o direito à justa
indenização), tinham raízes na legislação vigente no Antigo Regime. Os
problemas ficavam por conta da crônica falta de dinheiro que a Monarquia
enfrentava para pagar aos cidadãos pelas desapropriações feitas. Será
necessário, neste ponto, esperar a Restauração e o saneamento na gestão das
finanças públicas, para que o pagamento das indenizações se torne, de fato,
prévio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A política de
desapropriações do Antigo Regime ancorava na teoria do “direito real
universal”, que permitia ao Rei, “senhor de domínio eminente”, exercer a
desapropriação mediante indenização. Os litígios nas operações de urbanismo são
resolvidos pelo <i>Intendente</i> assistido por um <i>Conselho de Intendência</i>.
O mencionado funcionário torna-se, aos poucos, o juiz de direito comum no que
concerne às desapropriações. Podemos concluir afirmando que na França do século
XVIII, o direito urbanístico constituía já uma parte do direito administrativo.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn65" name="_ftnref65" style="mso-footnote-id: ftn65;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[65]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 53.45pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><span style="mso-list: Ignore;">2)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><!--[endif]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">A estética urbana.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Segundo o clássico
livro de Freminville, <b><i>Dictionnaire ou traité de la police générale des
villes</i></b>, <b><i>bourgs, paroisses et seigneuries de la campagne </i></b>(Paris,
1758), “a beleza das cidades consiste principalmente no alinhamento das ruas”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn66" name="_ftnref66" style="mso-footnote-id: ftn66;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[66]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Este é um axioma do urbanismo clássico. O traçado urbano, para ser belo, deve
obedecer a uma figura retangular. Mas os traçados em forma de estrela também
são utilizados a partir do século XVIII. No terreno da arquitetura, prevalece a
preocupação com a regularidade das fachadas, como na <i>Place Vendôme</i>. O
essencial é a aparência, a fachada. Uma vez edificada esta, é vendida, podendo
o comprador construir nos fundos como quiser, sem ter o direito de modificar a
parte externa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A cidade de Paris
vai, aos poucos, se integrando à natureza. A respeito, escreve Harouel: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Esse movimento se
esboça em Paris desde o século XVI, com a criação dos primeiros cais do
Pont-Neuf, concluído em 1606. Assiste-se a uma verdadeira revolução em relação
à cidade medieval, na qual ladeava-se ou atravessava-se o rio sem mesmo
perceber sua existência: sobre as margens, sobre as pontes, o pedestre
caminhava em uma rua como nas outras. A partir de então abre-se a cidade para o
rio, e a realeza, em 1769 e, mais tarde, em 1786, ordena à municipalidade
parisiense a demolição de todas as casas das pontes e margens. Mas esse
trabalho está longe de ser concluído em 1789.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn67" name="_ftnref67" style="mso-footnote-id: ftn67;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[67]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O contato com a
natureza dá-se, também, com a abertura de passeios, ali onde as velhas muralhas
foram demolidas.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn68" name="_ftnref68" style="mso-footnote-id: ftn68;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[68]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Esse processo de demolição das muralhas medievais ocorre ao longo do reinado de
Luís XIV e acelera-se no decorrer do século XVIII. A explicação é simples: o
Estado nacional já foi devidamente consolidado. A segurança não depende mais de
muralhas nas cidades, mas de uma política externa habilidosa, em que os
interesses da França são respeitados, em decorrência de tratados assinados com
os soberanos estrangeiros, estreitamente vigiados pelos exércitos do Rei
francês. Luís XIV consolidou, assim, uma estratégia de demarcação de fronteiras
e de respeito a elas, reforçando a idéia de <i>soberania nacional</i>. Este
aspecto entrará definitivamente na cultura política da França. O alargamento de
fronteiras, ocorrido após a Revolução de 1789, com as guerras napoleônicas,
alicerçar-se-á sobre essa concepção de estratégia moderna. O que Napoleão
pretendeu fazer foi garantir a segurança das fronteiras da França, mediante uma
série de alianças com os principados estrangeiros, que garantia a supremacia do
país no cenário europeu. A idéia napoleônica do “bloco continental” confirmava,
não negava, a estratégia de soberania formulada por Luís XIV.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 53.45pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><span style="mso-list: Ignore;">3)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">As
relações entre urbanismo e política.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">As praças reais são,
nos séculos XVII e XVIII, os espaços urbanos onde se torna visível a presença
do soberano e o culto a ele devotado pelos seus súditos. Elas são uma criação
do urbanismo francês, a partir da união de dois elementos que os urbanistas
italianos utilizavam separadamente: a praça programada e a estátua do soberano.
Vale a pena mencionar as mais importantes praças, algumas das quais
encontraremos destacadas no Plano de Turgot, como terei oportunidade de mostrar
mais adiante. Eis as principais delas: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo2; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Place Dauphine</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">: ela é triangular e encontra-se situada na
ponta da Ilha da Cidade, em ligação com o Pont-Neuf. Foi construída por
Henrique IV, no início do século XVII. A praça foi reformada por Maria de
Médicis, que em 1605 ofereceu a Paris uma estátua eqüestre do marido, erigida
sobre o terrapleno do Pont-Neuf, diante da entrada da praça<i>.</i> Destinada
inicialmente aos cambistas, parece que os construtores inspiraram-se na antiga <i>Place
de Change</i>, que era também triangular e cercada por arcadas, e se encontrava
na cidade de Metz, capital do banco judeu. Em relação ao significado desta obra
no contexto da monarquia absoluta, frisa Harouel:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">É à idéia de uma
italiana que se deve a primeira estátua eqüestre de Paris. Mas o resultado é o
nascimento de um elemento urbano tipicamente francês, a praça real, conjugação
da praça programada e da estátua. É o reflexo urbanístico da monarquia
absoluta, então em plena ascensão. Aliás, Richelieu não se engana e faz erigir
uma estátua eqüestre de Luís XIII no centro da praça real de Henrique IV.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn69" name="_ftnref69" style="mso-footnote-id: ftn69;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[69]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo2; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Place Royale </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(<i>ou des Vosges</i>): criada por Henrique
IV, no início do século XVII. De forma quadrada, parece que os construtores
inspiraram-se nas praças italianas e nas cidades novas do Leste da França, como
Vitry-le-François. As duas praças mencionadas (<i>Dauphine e des Vosges</i>)<i>
</i>são, em sentido estrito, segundo os historiadores do urbanismo, as
precursoras das <i>Places Royales.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Place des Victoires</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">: realizada no século XVII por Mansart
para honrar Luís XIV. Trata-se de um “sublime servilismo” do marechal La Feuillade
e consiste numa capela do culto ao absolutismo, ao ar livre. No centro do
espaço ocupado pela praça há uma estátua eqüestre do soberano, iluminada dia e
noite por quatro grandes faróis de navegação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Place Vendôme </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ou <i>Place Louis le Grand</i>: Construída
num momento em que a estrela de Luís XIV começava a se apagar, já no final do
seu reinado (entre 1685 e 1699). Antes deste momento, contudo, ao ensejo dos
triunfos do monarca absoluto, cidades e assembléias, pela França afora,
solicitam, ao soberano, permissão para erigir praças em seu nome. No entanto,
as derrotas militares da segunda metade do reinado de Luís XIV retardam essas
iniciativas. Apenas em 1713 é criada a Praça Real de Lyon, em 1718 a de
Montpellier e em 1726 a de Rennes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O período em apreço viu
surgirem, posteriormente a Luís XIV, algumas <i>Places Royales</i> em homenagem
a Luís XV. Tais são, por exemplo, a <i>Place de la Concorde</i>, em Paris, bem
como, na Província, a segunda <i>Place Royale </i>de Rennes e as que se
encontravam situadas nas cidades de Valenciennes, Nancy e Reims. Simbolizando
as desgraças da monarquia, já no final do século XVIII, vale recordar que as <i>Places
Royales</i> projetadas em homenagem a Luís XVI ficaram só no esboço, com
exceção da situada na cidade de Nantes, que jamais chegou a receber, no
entanto, a estátua real. Valha, também, anotar que o modelo das <i>Places
Royales</i> atingiu outros países pela Europa afora, como o testemunham as
praças reais de Bruxelas, Copenhague e Lisboa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Figura central das <i>Places
Royales </i>é a estátua do Soberano, cuja atitude vai evoluindo desde o
triunfalismo do Monarca guerreiro e conquistador - à la Luís XIV -, e chegando
à etapa mais tranqüila do Rei pacificador – Luís XV –. Eis a avaliação feita
por Bachaumont, em 1752, acerca das estátuas reais:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Elas são uma maneira
de exaltar o fervor monárquico. Até a metade do século XVIII, aproximadamente
as estátuas das praças reais apresentam um príncipe guerreiro e vitorioso
enquanto que as esculturas do pedestal evocam os triunfos militares do reino.
Mas a partir de 1750 as vozes se exaltam para pedir uma estátua do rei em pé ou
sentado tranqüilamente... pacificador e reproduzindo nele a Paz, a Abundância,
as Ciências e as Belas-Artes.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn70" name="_ftnref70" style="mso-footnote-id: ftn70;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[70]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Certamente a <i>Place
Royale</i>, incluindo a estátua do Monarca, é o cartão de visita da Paris da
Ilustração. Cartão de visita que vai mudando conforme o espírito da época:
agressivo e solene, seguindo as pegadas do modelo absolutista com Luís XIV,
portador de boas-novas no terreno da riqueza, com o espírito burguês
predominando no reinado de Luís XV e quase tirando o Monarca de cena, com o
ambiente pré-revolucionário, em que o que mais aparece é a Nação. Eis a bela
síntese feita, a respeito, por Jean-Louis Harouel: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Uma vez que as praças
reais contribuem para a manutenção da fidelidade ao monarca, elas tendem a
reforçar a unidade do reino.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na verdade,
o rei é, em princípio, a única ligação entre as diversas províncias. A nação
francesa é, em grande medida, o fruto dos esforços da monarquia: segundo o
direito público do Antigo Regime, ela encarna-se na pessoa do soberano. Dito
isto, à medida que se avança no século XVIII, é possível perguntar-se sobre a
eficácia política das praças reais. Com efeito, a elite urbana à qual elas são
particularmente destinadas encontra-se, a partir de então, sob a influência do
espírito das <i>Luzes</i> e das sociedades intelectualizadas e, em decorrência
disso, não possui mais o fervor real das classes populares. Ainda, no espírito
dos elementos <i>esclarecidos</i> da sociedade, as estátuas das praças reais
não são dedicadas ao verdadeiro rei, muito cristão, descendente de São Luís,
mas ao déspota esclarecido que se desejaria que fosse, bem mais autoritário,
colocando todo seu poder a serviço do racionalismo, do direito natural laico e
das teorias dos filósofos. Quanto aos projetos das praças Luís XVI, muitos
parecem vazios de todo fervor real e portadores somente de uma ideologia
geralmente vaga. Em suma, quanto mais se aproxima o final do século XVIII, mais
o gênero urbanístico da praça real veicula abstrações antinômicas ao sistema
político e ao direito público em vigor. Atrás da praça real esboça-se, cada vez
mais, a praça da Nação.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn71" name="_ftnref71" style="mso-footnote-id: ftn71;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[71]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">As <i>Places Royales</i>
simbolizavam a supremacia do Rei, tanto no plano absolutista do século XVII,
quanto do ponto de vista do importante papel que a Monarquia desempenhou no
século seguinte, como caixa de ressonância dos anseios da população, em que
pese o malogro do reinado de Luís XVI, malogro paradoxal, uma vez que, como
lembrava Tocqueville em <b><i>O Antigo Regime e a Revolução</i></b>, foi
deposto justamente o soberano que decidiu responder melhor às pressões
populares. A respeito, escrevia o pensador francês:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O rei continuava a
falar como quem manda, mas obedecia, na realidade, a uma opinião pública, que o
inspirava ou arrastava diariamente e que consultava, temia e lisonjeava
constantemente: absoluto quanto à letra da lei, limitado pela sua prática. Já
em 1784, num documento público, Necker mostrava como um fato incontestado que <i>“a
maioria dos estrangeiros encontra dificuldades em visualizar a autoridade
exercida hoje, na França, pela opinião pública e compreender qual é esta
potência invisível que comanda em tudo, até no palácio do rei. Entretanto, é
assim que as coisas acontecem”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn72" name="_ftnref72" style="mso-footnote-id: ftn72;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[72]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas, se as <i>Places
Royales</i> simbolizavam o poder da Monarquia absoluta, com o alargamento das
fronteiras do Reino sob Luís XIV, assiste-se, na França, no final do século
XVII e no início da seguinte centúria, a uma reformulação da estratégia de
defesa: visa-se a defender, já não só a cidade de Paris, mas o território
nacional, onde o Soberano exerce o seu poder. Assim, a partir de Luís XIV, e
com maior ênfase no reinado do seu sucessor, as antigas muralhas de Paris
desaparecem, mas surgem, em compensação, portos de guerra e lugares
fortificados que garantem, de um lado, a tranqüila circulação das mercadorias
e, de outro, a submissão à França das regiões conquistadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A idéia de defesa
alarga-se à dimensão do Estado nacional. Paralelamente, mediante a incorporação
de nova tecnologia guerreira, notadamente no terreno da infantaria, os exércitos
do Rei modernizam-se, de forma a atender rapidamente aos requerimentos da
segurança do país. Richelieu, já no final do reinado de Luís XIII, fixou o
número de efetivos do Exército Francês em cem mil homens, tendo-se este
tornado, assim, a maior força da Europa.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn73" name="_ftnref73" style="mso-footnote-id: ftn73;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[73]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
A organização definitiva do Exército, com uma estrutura hierárquica e
disciplinada foi obra de Louvois, em 1689. Esse trabalho será completado no
século seguinte; efetivamente, em 1761 Choiseul reorganiza o Exército, que
passa a contar com a artilharia modernizada por Gribeauval. (Bonaparte tirará
dessa estrutura grande vantagem, no Consulado, em finais do século XVIII, e no
Império, a partir de 1805). Eis as principais realizações do reino de Luís XIV,
em matéria de construções defensivas:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Construção,
por Colbert, de dois portos fortificados: Rochefort e Brest.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Criação
das cidades-fortalezas de Huningue, Sarrelouis, Longwy, Montdauphin, Neubrisach
e Mont-Louis, a partir dos planos estratégicos de Vauban.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Fundação,
por Colbert, do porto comercial de Lorient, na desembocadura do canal de
Deux-Mers. Lembremos que, sob Luís XIII, Richelieu já tinha ordenado a
construção do entreposto comercial de Port-Louis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Construção,
na segunda metade do século XVII, por ordem de Luís XIV, da cidade de
Versailles, inaugurando o modelo de cidade-principesca. O plano de construção
foi organizado a partir de três avenidas, Saint-Claud, Paris e Sceaux, a fim de
fazer da cidade um prolongamento do Castelo real e do seu parque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Construção,
no início do século XVIII, de Port-Vendres, sob a direção do marechal de
Mailly, comandante-em-chefe do Rousillon.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">III
</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">- Análise do Plano de
Turgot, de 1739.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Paris a vôo
de pássaro</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, ordenado por Turgot em 1734 teve vários
desenhistas. O primeiro foi – como já destaquei no início deste ensaio - Louis
Bretez, que trabalhou na elaboração do </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> entre janeiro de 1734 e 1738, ano em que faleceu. Bretez, por sua vez,
foi auxiliado por um desenhista de nome Saury. O desenhista falecido foi
substituído imediatamente por um gravador de topografia muito conhecido,
Antoine Coquart, que passou a ser auxiliado por um outro gravador, Claude
Lucas. Segundo informa a inscrição que aparece na capa do </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, a obra foi
terminada em 1739. Tanto Bretez como os outros desenhistas tiveram total apoio
da Prefeitura de Paris para procederem à elaboração do levantamento dos prédios
e monumentos que deveriam constar no <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i>Plano</i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. Foram munidos, pelo preboste Turgot, de um passaporte especial, a fim
de que pudessem entrar em qualquer domicílio, convento, centro de estudos, casa
de comércio ou repartição pública, a fim de fazerem os esboços que deveriam
servir de base para o desenho final da obra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">As dimensões do </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> eram: 7 pés de altura por 10 de largo (ou seja, aproximadamente 2
metros por 3).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Constava de 20 pranchas
ornadas, na capa, com uma figura alegórica da cidade de Paris. A primeira
edição do </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (que ficou completa em 1740) constava de 550 exemplares em formato de
luxo, 472 exemplares em formato de semiluxo e 684 exemplares em formato simples.
Ao todo, portanto, a primeira edição foi de 1706 exemplares. Como destaquei na
introdução a este trabalho, o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">na sua edição de luxo foi distribuído entre as
grandes cortes européias, bem como entre as mais importantes monarquias de
outros Continentes (como a turca e a chinesa). Foi igualmente distribuído na
França com certa liberalidade. Sabe-se, por exemplo, que os 85 membros da
Academia de Pintura e Escultura receberam exemplares da obra, na edição de
semiluxo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Entre a Renascença e o final do século XVIII, foram elaborados onze
grandes planos de Paris.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn74" name="_ftnref74" style="mso-footnote-id: ftn74;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[74]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Eis
a enumeração deles:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O mais antigo foi o denominado </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano da Tapisserie</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (elaborado
em 1570) e, que como já frisei, foi comprado em julho de 1737 por ordem de
Turgot, para a Prefeitura de Paris.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Paris</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, desenhado por Antoine Coquart para o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Traité
de Police</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, de Nicolas de la Mare (1705).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Paris</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, desenhado por Antoine Coquart para a </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Histoire
de Paris</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> de Félibien e Lobineau (1725).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Grande Plano de Paris</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, elaborado por Roussel entre 1729 e 1730.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Quatro Planos
Geométricos de Paris</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, elaborados pelo abbé
Delagrive, que se tornaria o geógrafo da cidade (1728).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano Turgot/Bretez</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, (1734-1739).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Paris e os
seus subúrbios</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, elaborado por Claude Lucas e Antoine Coquard para
Bernard Jaillot (1748).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Paris</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, de Deharme (1763).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Paris</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, que foi publicado por Bernard Jaillot na sua obra </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Recherches critiques, historiques et topographiques sur
la Ville de Paris </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(1772-1775)</span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano da Cidade</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, mandado elaborar pelo arquiteto Edne Verniquet, Comissário de la
Voirie (1775).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano dos Artistas</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, elaborado, em 1793, por antigos membros da Academia Real de
Arquitetura e que terminou inspirando boa parte das reformas feitas na cidade,
no início do século XIX.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Dentre todos eles, o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano Turgot/Bretez</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> sobressai pela dimensão humana que o caracteriza. É, como já frisei,
um “plano a vôo de pássaro”, feito do ponto de vista não do Estado absolutista,
mas levando em consideração a perspectiva do cidadão. Nesse sentido, o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> em questão
exprime, de forma muito clara, os valores que passavam a imperar nessa quadra
da Ilustração Francesa. O Estado absolutista abria a porta para a encarnação,
na Sociedade, da Razão iluminista. O texto do contrato assinado pelo preboste
Turgot com Bretez, em 17 de janeiro de 1734, deixa claro esse espírito de
predominância dos interesses dos cidadãos, por sobre os interesses exclusivos
da Monarquia. Eis o teor do mencionado contrato:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Nós (...) da Repartição da Cidade [</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Le
bureau de Ville</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">], levando em consideração que os diferentes Planos
que, até o presente, têm sido feitos acerca do crescimento desta capital do
reino, acompanhando as suas diversas mudanças e acréscimos, em que pese o fato
de terem sido exatos nas suas perspectivas e justos nas suas medidas, não são
capazes, contudo, de satisfazer a curiosidade dos súditos do Rei e dos
estrangeiros, que, para aqui chegar, precisariam de que a cidade fosse
representada levando em consideração a perspectiva e o relevo, e com essa
regularidade que torna possível reconhecer, de forma individualizada, os
edifícios e os monumentos públicos e, ainda, aqueles prédios que, postos a
serviço de muitos cidadãos, lembram a memória dos grandes mestres da
arquitetura. Enfim, estamos convencidos de que, ora os monumentos sejam
considerados separadamente, ora olhados como integrando um único conjunto na
sua espécie, temos realizado um dever (...) ao chamar à nossa presença o senhor
Louis Bretez, com quem pactuamos o seguinte: ele entregará em dezembro de 1735
(...) um plano desenhado, de forma acabada, à mão, e gravado sobre pergaminho
fino (...), representando, em perspectiva e a vôo de pássaro, tanto esta vila
de Paris, quanto os subúrbios dela, onde serão identificados todas as igrejas,
edifícios, praças, hotéis e mansões particulares, bem e claramente definidos.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn75" name="_ftnref75" style="mso-footnote-id: ftn75;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[75]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A data de entrega do </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">à Prefeitura de Paris foi,
como se pode observar do exposto nas páginas anteriores, alterada pelo preboste
para 1739. Dezembro de 1735 era uma data muito próxima! Já nos tempos em que
foi publicado, o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> suscitou muitos debates, movidos principalmente pelos que achavam que
não era suficientemente “geométrico”. Mas a posição que prevaleceu na época
foi, em geral, positiva, mesmo reconhecendo as licenças geométricas adotadas.
Justamente em virtude de se tratar de um mapa que dava conta dos prédios,
tornando-os visíveis, o seu valor como preservador da memória arquitetônica foi
reconhecido desde os primórdios. Um autor como Auguste de Mauperché, por
exemplo, no seu conhecido livro </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Paris ancien, Paris
moderne, </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">publicado em 1814, escrevia:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (...) converteu-se em documento muito útil depois que os
revolucionários destruíram um tão grande número de templos do Eterno, dos quais
ele tem preservado para nós as representações exteriores, de forma que,
tomando-o como guia, o desenhista pode, ainda, reproduzi-los. Este </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> terminará por ser
de um valor extraordinário quando o mestre dos mestres (o Tempo) tenha feito
desaparecer o resto das magníficas construções com as que Paris estava
engalanado antes de 1789.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn76" name="_ftnref76" style="mso-footnote-id: ftn76;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[76]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">certamente congelou, para a posteridade, uma urbe que seria
profundamente alterada na sua aparência no final do século XVIII. Outras
cidades européias foram violentamente modificadas, antes de Paris, em virtude
de desastres naturais ou provocados acidentalmente pela mão do homem. Tal foi o
caso, por exemplo, de Londres, no incêndio que consumiu boa parte da cidade
antiga em 1666, ou de Lisboa, arrasada pelo terremoto de 1755. Mas a cidade de
Paris foi destruída sistematicamente na Revolução de 1789, que varreu de cena
tudo aquilo que lembrasse o Antigo Regime. A respeito do valor historiográfico
do </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, frisa Laure Beaumont-Maillet:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">É um documento inapreciável para a história da arquitetura parisiense
do final do século XVIII. Apresenta-nos, efetivamente, todos os monumentos da
capital e ainda o desenho dos jardins, com uma certa garantia de exatidão, pois
Bretez fez visitas </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">in loco</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> graças à autorização que lhe tinha sido concedida. Este </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">possui o inconveniente de ter sido desenhado muito rapidamente; mas,
pelo menos, esta rapidez na sua execução permite-lhe dar uma imagem muito
homogênea da capital nos anos 1734-1736. (...). A imagem que o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> oferece de
Paris apresenta muito interesse para o não especialista e fornece muitas
informações ao historiador e ao arqueólogo. Reproduz muitos prédios ignorados
pelos artistas, ou que, em virtude do destino, simplesmente não deixaram nenhum
traço iconográfico. Tal é o caso, por exemplo, da Igreja dos Teatinos, bem como
de muitas construções conventuais de infinidade de comunidades religiosas,
mesmo de alguma importância.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn77" name="_ftnref77" style="mso-footnote-id: ftn77;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[77]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l2 level1 lfo5; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 53.45pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><span style="mso-list: Ignore;">1)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><!--[endif]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">Perspectiva
e técnica do Plano de Turgot/Bretez.</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> foi impresso com uma inscrição ritual que lembrava todos os burocratas
da Corte direta ou indiretamente relacionados com o projeto. A parte intitulada
“Observations” apresentava algumas informações importantes quanto ao ponto de
vista estético que prevaleceu, relativizando os rígidos padrões geométricos então
imperantes. Eis o texto das mencionadas “Observations”:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Foi decidido, ao mandar gravar este plano da
Cidade de Paris, fazer ver de um só golpe de vista todos os edifícios e todas
as ruas que ela comporta, o que não poderia ter sido executado senão tomando
algumas licenças que as regras austeras da geometria e da perspectiva condenam.
Mas, sem essas licenças, teria sumido uma parte dos objetos mais interessantes,
que se encontrariam escondidos por outros, ou totalmente desfigurados. Alguns
dos faubourgs entraram só em parte neste plano, que teria se convertido em algo
muito extenso se se pretendesse fazê-los aparecer por inteiro. Em que pese o
fato de ter se pretendido dar com esta obra uma justa visão desta cidade, não
nos gabamos de tê-lo conseguido com perfeição, não sendo possível dar conta, ao
mesmo tempo, do tamanho imenso desta capital, bem como da magnificência de
todas as partes que a compõem.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn78" name="_ftnref78" style="mso-footnote-id: ftn78;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[78]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> encomendado pelo preboste Turgot inovava, pois, do ângulo técnico. Os </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Planos</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> realizados anteriormente por Roussel e o abbé
Delagrive tinham adotado uma rigorosa perspectiva geométrica, segundo o costume
da época. Para os trabalhos de planejamento de vias e demais obras públicas
esta era, certamente, mais apropriada. Mas o </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> visava, como foi dito acima, servir aos
cidadãos e aos estrangeiros que visitavam a cidade. Tratava-se, mais, de um
Plano geral, com vistas a orientar os viajantes, ou aqueles que gostariam de se
situar em algum ponto da cidade. A técnica utilizada foi, por isso, inovadora,
e definida como </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">“perspective à la cavalière, sans point de vue ni point de distance”</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (perspectiva cavaleira, ou projeção oblíqua,
própria de quem observa a cidade como se pairasse por cima dela num cavalo
alado, sem ponto de vista nem ponto de distância).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Trata-se, certamente, de uma completa
dessacralização da urbe, a serviço da visão particular do observador. O
Iluminismo estético cumpria assim a sua função. Já não se trata mais de manter
a ordem geométrica perfeita do classicismo, a serviço de um poder absoluto,
inamovível. Trata-se de esmiuçar a cidade, nos seus vários ângulos e
esconderijos, em função de uma finalidade eminentemente prática: servir ao
viajante e ao cidadão que transita por ruas e avenidas, a fim de saber onde
está.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Justamente pelo fato de o </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> ser inovador, adotando o gênero que hoje
denominamos de “fotografia aérea”, era preciso que o desenhista fosse uma
figura de prol das técnicas da perspectiva: para nega-las era necessário
conhece-las a fundo. Foi o que o preboste previu ao escolher Louis Bretez,
autor, aliás, do mais importante manual de perspectiva do século XVIII,
publicado em 1706 e reeditado em 1751 com o seguinte título: </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">La perspective
practique de l’architecture contenant par leçons une manière nouvelle, courte et
aisée pour représenter em perspective les ordonnances d’architecture et les
places fortifiées, ouvrage très utile aux peintres, architectes, ingénieurs et
autres dessinateurs.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn79" name="_ftnref79" style="mso-footnote-id: ftn79;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[79]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A respeito dessa novidade técnica, escreve
Laure Beaumont-Maillet:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A escala dos objetos ali é constante; não
poderia ser de outra forma, pois sem isso o plano teria se convertido em algo
incompreensível. Se as ruas não fossem três ou quatro vezes mais largas do que
na realidade, os tetos das casas as ocultariam completamente. A perspectiva é
disposta de tal forma que cada prédio, cada ilhota de casas é vista em três
quartas partes. O lado que olha para o oeste apresenta-se um pouco mais de
frente, o que olha para o norte apresenta-se um pouco mais de perfil. O autor,
efetivamente, derrogou o uso geralmente estabelecido, de orientar os mapas
segundo o meridiano, pois querendo dar de Paris uma imagem em elevação, deveu
escolher um meio que permitisse observar de frente os portais das igrejas, a
maior parte dos quais orientados, de fato, para o Ocidente. O noroeste da
capital está situado na parte baixa do plano.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn80" name="_ftnref80" style="mso-footnote-id: ftn80;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[80]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l2 level1 lfo5; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 53.45pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><span style="mso-list: Ignore;">2)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><!--[endif]--><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">La vie parisienne.</span></i></b><b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Paris, no século XVIII, vira uma festa que se prolonga pelo século
seguinte, em que pese às desgraças da Revolução de 1789 e do Terror jacobino.
Testemunho da </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">festa parisiense</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> é dado pelo jovem general Bonaparte, que, em carta ao seu irmão José,
escreve o seguinte, em 1795:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tudo está tranqüilo (...). Este grande povo entrega-se ao prazer: as
danças, os espetáculos e as mulheres que aqui são as mais belas do mundo
tornam-se a grande preocupação. A abastança, o luxo, o bom tom, tudo voltou:
não se recorda mais o terror senão como um sonho (...) Vive-se aqui muito bem,
com muita preocupação de alegria; dir-se-ia que cada um procura descontar o
tempo de sofrimento e que a incerteza do futuro leva a nada poupar dos prazeres
do presente (...).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esta cidade é sempre
a mesma: tudo para o prazer, para as mulheres, os espetáculos, os bailes, os
passeios, os ateliês dos artistas.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn81" name="_ftnref81" style="mso-footnote-id: ftn81;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[81]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A grande rival de Napoleão, Madame de Staël (1766-1817) considerava que
não se podia ser plenamente feliz senão em Paris. A capital da França, frisava
a notável escritora, “reunia tanto homens ilustres da Inglaterra quanto homens
inteligentes da França. (...) A permanência em Paris tem-me parecido sempre a
mais agradável de todas” <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn82" name="_ftnref82" style="mso-footnote-id: ftn82;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[82]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Nessa bela cidade podia-se dar liberdade criativa à imaginação, no campo das
artes, como desfrutar de todos os prazeres mundanos e participar das mais
agradáveis e ilustradas conversas nos salões. Paris, segundo Madame de Staël,
iluminava ao resto do mundo. Daí por que sofreu tanto quando Napoleão a
condenou ao exílio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Se esta era a situação do final do século, na época do preboste Turgot
a cidade ainda é uma grande mistura de idade média e de modernidade, sem que isso
queira dizer que a capital francesa não possa ostentar já, em 1740, o título de
“cidade luz da Europa”. Mas os contrastes são evidentes. Prevalecem, nos
subúrbios e nas áreas populares próximas ao centro, aglomerações humanas como
as das cidades medievais. Arlete Farge escreve a respeito, traçando um quadro
fiel dessas verdadeiras cabeças-de-porco que constituíam a maior parte das
habitações:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O imóvel do mercado dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Quinze-Vingts, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">situado na paróquia de São Roque, assemelha-se a todos os outros
imóveis parisienses: entulhado de lojas, de ateliês, cortado por ruelas e
passagens, cheio de alojamentos e dormitórios sob os tetos, exibe seus
esconderijos e suas entradas, não permite quase o refúgio, mas garante sempre o
descanso e uma soneca, tirados sem conforto e quase sem privacidade.
Formigueiro geralmente úmido abriga uma população que o ocupa de alto a baixo,
sem deixar vazios e aproveitando o menor espaço. Posto que os muros transpiram
água, no térreo, a viúva </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Cochard</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> zela pelo seu bacalhau e a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Rambure</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> decidiu organizar um posto de vendas de endívias e de ervas. O mercado
está na praça para vender, a cada manhã, algumas reservas acumuladas. Os
balcões dos açougues deixam pouco espaço aos operários e aos ajudantes que, uma
vez terminado o trabalho, dormem sobre estrados de madeira. Na ultima sala que
dá sobre o pátio, uma cozinheira assa alguns perus até o amanhecer, a fim de
tê-los prontos na parte da manhã. Janelas abertas, o marceneiro chama ao
trabalho os seus dois ajudantes que, fazendo algazarra, aliviam os bolsos dos
clientes, assim como os rapazes da frente. Mais abaixo, a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Simone</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> tem um pequeno
alojamento: vendedora de alimentos cozidos, compra durante o dia sobras de
comida, pratos deixados pelos ricos, e os conserva em grandes tijelas, antes de
dispô-los sobre o seu balcão de mercado. Balcão cuja localização ela defende
com furor, tão bem situado está, sendo por isso muito disputado; ela deve mesmo
preserva-lo aos pontapés e socos, desferidos contra os pequenos vendedores que
acordaram mais cedo do que ela. A porta do seu quarto dá para um reduto sem
janelas, onde moram um cocheiro e a sua mulher lavadeira. Nesse imóvel moram
muitas lavadeiras: o cheiro do linho sujo mal se distingue do proveniente das
águas do Sena, trazidas a cada dia pelos carregadores d’água. É necessário
encher os reservatórios dos andares. Por entre duas portas entreabertas na
sobreloja, escapam panos de linho que tentam secar apesar da umidade. Abaixo,
na entrada da loja da vendedora d’ervas, fardos de roupas esperam para ser entregues
à tarde aos clientes. O vapor d’água tudo molha e deixa opacas as janelas e
derrapantes os degraus das escadas. Na sobreloja, os eflúvios dos perus assados
misturam-se aos provenientes das águas estancadas e fétidas. Pelo menos esses
eflúvios devem ser menos ásperos do que os provenientes do bacalhau seco.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn83" name="_ftnref83" style="mso-footnote-id: ftn83;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[83]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Esse quadro de precariedade habitacional é completado com a descrição
da população nas ruas. “Há, muitos mendigos em Paris – queixava-se um viajante
da época – célebres nas artes da adulação para tirar dinheiro aos pedestres,
especialmente às mulheres”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn84" name="_ftnref84" style="mso-footnote-id: ftn84;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[84]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span class="MsoFootnoteReference"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
população, certamente, tem muito de rude, abrigando personagens que na Espanha
do mesmo período eram chamados de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">pícaros</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, ou seja, aqueles que, para conseguir alguns trocados, fazem qualquer
negócio, algo assim como o quadro (líder da TV popular brasileira), batizado
com o sugestivo nome de: “Se Vira nos Trinta”, do apresentador dominical
Faustão. A pobreza aparece aqui e acolá, rivalizando com o engenho do povão.
Nas ruas, ao caminhar, o pedestre precisa ter cuidado com a sujeira das valetas
e, também, com a que pode vir de cima, como quando alguém grita “garde d’eau!”
e despeja, sem maior cerimônia, o conteúdo do urinol pela janela.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn85" name="_ftnref85" style="mso-footnote-id: ftn85;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[85]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Mendicidade, nanismo e jeitinho são como que três marcas registradas da
geografia humana parisiense, numa época em que a dieta alimentar não era das
melhores. A propósito desse quadro humano, escrevia Laurence Sterne:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Aquilo que me abalou (...) foi a inexplicável brincadeira praticada
pela natureza ao produzir tamanha quantidade de anões. Sem dúvida, em certas
ocasiões ela brinca com isso, em quase todos os recantos do mundo; mas, em
Paris, não há limite algum para suas diversões. A deusa parece quase tão
brincalhona quanto é sábia. Ao levar comigo essa idéia ao sair da </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Opera Comique</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, medi de acordo
com ela todo mundo que eu via caminhando nas ruas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Que exercício melancólico! Especialmente
quando o tamanho era extremamente reduzido. (...) Ver tantos seres miseráveis
expulsos, por força das circunstâncias, de sua própria espécie (...). O que me
dá tristeza registrar (é que) em cada três homens, um é pigmeu! Um viajante
médico poderia dizer que é devido a bandagens exageradas; um mal-humorado, à
falta de ar e um viajante inquisitivo, para fortalecer o sistema, pode calcular
a altura de suas casas, e em quantos pés quadrados nos sexto e sétimo andares
de suas moradias estes vários membros da </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Bourgeoisie
</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">comem e bebem juntos (...). Mas a desgraça era que
os cidadãos de Paris estavam tão confinados que não tinham realmente espaço
suficiente para ter crianças.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn86" name="_ftnref86" style="mso-footnote-id: ftn86;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[86]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Pobreza e amontoamento. Essas duas realidades eram rigorosamente
controladas pelo tenente geral de polícia, à frente das 48 comissarias
(delegacias), por ele chefiadas nos vinte bairros parisienses. A polícia tem,
em cada quarteirão, os seus informantes, que diligentemente comunicam ao alto
funcionário qualquer distúrbio que se apresente no bairro. Este é um lugar
rigorosamente circunscrito. Todo mundo se conhece. A referência de cada um é a
representação que os vizinhos têm dele. Ocupação e lugar de moradia são
rapidamente registrados pelos vizinhos da rua. Quando a polícia chega, em
minutos lhe é transmitida a informação desejada. Fulano de tal, que exerce tal
ocupação, que mora na rua tal, com tais pessoas. O forasteiro é facilmente
identificado. Registra-se, na época de Turgot, a tradição de que um bandido
demora ao máximo três dias para ser encontrado: a polícia fica de olho na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Pont Neuf</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, por onde
fatalmente o meliante deverá passar, a fim de se dirigir aos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">faubourgs</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> mais distantes,
que rodeiam o centro da cidade. A respeito desse contexto de referências mútuas
que é o bairro, escreve Arlette Farge:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ao mesmo tempo em que um lugar, o bairro é uma referência, uma espécie
de ser vivo. Ele reage aos acontecimentos, ao sucesso e às desgraças de cada
um. Nos interrogatórios ou nos testemunhos, a sua presença é constante. Ser
conhecido do bairro é sempre um bom augúrio; pelo contrário, passar por
estranho ou vagabundo, não pressagia nada de bom. Ofendê-lo é, sempre, algo de muito
grave. Ele acolhe os seres e as situações, pondera as reputações e as
transmite, dirige um jogo complexo no qual não se pode perder, pois as
conseqüências não são nunca fáceis. É um ator, exemplar pelo seu poder; ao
mesmo tempo em que não tem um rosto definido, pois pode possuir, pelo menos,
mil faces (...). É, assim, um formidável receptor; entre o momento da ação e o
da reação, ele mostra a sua razão, que a polícia e o Estado caracterizam,
segundo o caso, como febre ou como loucura, como doçura ou passividade, como
candura ou fidelidade. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn87" name="_ftnref87" style="mso-footnote-id: ftn87;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[87]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A polícia é o olho do Rei nos bairros e nos subúrbios parisienses. Nada
lhe escapa. Preocupa ao tenente geral de polícia a administração do que passou
a ser denominado de opinião pública, que é constituída pelo que se diz e se
pensa no bairro. Policiamento é, portanto, interpretação das reações da
coletividade, algo assim como uma “caça às palavras, às intenções e aos
cochichos”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn88" name="_ftnref88" style="mso-footnote-id: ftn88;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[88]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
O tenente de polícia tem os seus informantes, que estendem o raio de escuta das
autoridades até os cafés e os lugares de diversão pública, como os </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">cabarés</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> situados nos
distantes subúrbios, onde os parisienses podem comprar e consumir vinho, ao
mesmo tempo em que se divertem nas </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">guinguettes </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ou bailes populares de rua, atividades que lhes são vedadas na zona
central da cidade. No </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">de Turgot aparece, aliás, uma referência aos divertimentos populares: é
identificado, nele, o curioso local denominado de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Combat
des animaux</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, situado na rue de Sèvres. Ali os parisienses
assistiam a lutas entre animais variados como um lobo contra um cachorro, um
porco contra ratos, num espetáculo de mundo-cão em que “a crueldade, às vezes,
atingia uma imaginação sem limites”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn89" name="_ftnref89" style="mso-footnote-id: ftn89;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[89]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Nessa sociedade pautada verticalmente pela Monarquia, abre-se um espaço
especial para os regozijos populares, ao ensejo da liturgia real. As principais
datas são generosamente celebradas, com farta distribuição, pelos funcionários
públicos, de comida e bebida. As celebrações acontecem em espaços abertos, como
a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Place de Grève</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, situada em frente ao </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hotel de Ville</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, centro administrativo da cidade. Mas as festas reais também acontecem
nos bairros. A respeito dessas celebrações, Arlette Farge escreve:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">É (...) solicitado ao bairro que palpite ao uníssono com o tempo real,
do corpo físico, místico e guerreiro do príncipe de Deus. Toda circunstância
real deve permitir celebrar as núpcias do rei e do seu povo. O povo-rei e o
rei-povo são convidados a se reencontrar numa celebração coletiva, na qual não
há mais escassez, onde o pão e a carne abundam sob as luzes e os fogos. É a
festa da </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">outorga</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">octroi </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ou folguedo com abundância), e esse tempo assim ritmado (minuciosamente
preparado pelos comissários e intendentes, sendo tudo relatado, nos mínimos
detalhes, ao subtenente de polícia e, portanto, ao rei) significa, também, a
suspensão do tempo privado do pobre.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn90" name="_ftnref90" style="mso-footnote-id: ftn90;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[90]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas se a vida nos bairros perde quase totalmente a privacidade, tanto
nas festas da realeza quanto no dia a dia do trabalhador, a intimidade ainda
permanece incólume no que tange às relações homem-mulher. É aí que se dá a luta
do cidadão pela defesa da honra. Em relação a este ponto, Arlette Farge
escreve:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Nesse clima inseguro, a aliança entre o homem e a mulher é necessária
para sobreviver: é a relação mínima que sedimenta a esperança e constrói uma
relativa estabilidade. As condições da aliança (convivência, sedução,
concubinato, mau comércio, casamento, gravidez legítima ou ilegítima)
pressupõem conflitos e estratégias em face da honra. O espaço que se constrói
ou se desfaz entre o homem e a mulher é, assim, um lugar onde se produz o
pensamento de si. Acontecidos os conflitos, explicitados nos interrogatórios e
nos testemunhos, revelam a forma em que um e outra, o homem e a mulher, encaram
a existência, o cuidado do outro, o cuidado de si e a consciência de uma
normalidade nas relações masculino-feminino.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn91" name="_ftnref91" style="mso-footnote-id: ftn91;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[91]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Na relação homem-mulher, parece ser o povão que leva a melhor parte: ao
passo que nos estratos populares prevalecem a espontaneidade nos
relacionamentos e a alegria de viver<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn92" name="_ftnref92" style="mso-footnote-id: ftn92;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[92]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>, nas
camadas altas as regras do jogo são bem demarcadas, a partir dos interesses que
acompanham a dote da esposa. Uma vez contratado o casamento, a dote converte-se
em elemento de discórdia. A mulher, aliás, detém um claro privilégio nesse
terreno: é ela que detêm o gosto pelo luxo e pelos bens, que gasta as economias
familiares, que faz circular o dinheiro nos seus compromissos sociais e nas
frivolidades da vida dos salões. “</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Coquette</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e dispendiosa - testemunha um cronista da época, Mercier - ela arruína
o marido e faz reinar a desordem econômica por onde passa” <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn93" name="_ftnref93" style="mso-footnote-id: ftn93;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[93]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Napoleão, aliás, dava testemunho dessa realidade, nas reprimendas que dirigia à
Imperatriz Josefina, em decorrência dos seus gastos excessivos, chamando-a de
“minha fera terrível” <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn94" name="_ftnref94" style="mso-footnote-id: ftn94;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[94]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l2 level1 lfo5; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 53.45pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><span style="mso-list: Ignore;">3)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">O Rio Sena e a economia da cidade.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A imagem do Rio como artéria viva da cidade foi uma constante no
imaginário social parisiense, a partir da Ilustração. Na Idade Média, os
cidadãos davam as costas ao Sena, ou melhor, viviam como se ele não existisse,
edificando casas nas pontes e sem maiores preocupação urbanísticas para com as
suas margens. O Rio ganha personalidade no decorrer dos séculos XVII e XVIII e,
já no século XIX, a sua imagem incorpora-se ao cotidiano para simbolizar a vida
da Nação – a democracia, frisava Royer-Collard após o ciclo napoleônico, em
1822, corre “a margens cheias”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn95" name="_ftnref95" style="mso-footnote-id: ftn95;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[95]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> – Os
projetos urbanísticos valorizam a vizinhança do Rio. Os bairros novos que são
construídos no século XVII na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île de la Cité, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">por exemplo, apresentam a parte frontal de hotéis e mansões para o Sena.
Definitivamente, o Rio passava a formar parte da vida dos parisienses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> focaliza, basicamente, a cidade: ruas, prédios, avenidas, praças,
parques. A urbe está vazia de pessoas, de movimento. Esta variável fica por
conta do Rio Sena, das suas águas, das suas margens, das pontes, das ilhas: aí
aparecem as pessoas e o movimento da vida. O Rio cruza uma cidade bastante
grande, a mais populosa da Europa na época (cerca de 700 mil habitantes). Eis a
bela e detalhada descrição do fluxo vital e comercial do Sena (em que marcam
encontro todos os atores econômicos, bem como os burocratas que os atazanam com
a cobrança de impostos), segundo Laure Beaumont-Maillet: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Miríades de barcos e barcaças navegam ao longo do rio, ora cheios de
sacos e de forragem, ora vazios. Por vezes um pescador pôde ter se acomodado
aí. Outros tipos de embarcações podem ser distinguidos. Unidas ou não à margem
por um pontão, cobertas por um teto de madeira ou munidas de grandes arcos que
sustentam toldos, são barcos-lavadouros. Ao longo do convento dos Teatinos,
vê-se distintamente alguém lavar um lençol. Um pouco mais acima, remontando o
rio, ou bem próximos ao Porto </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Paul</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, o seu ancoradouro, aí estão os barcos destinados ao transporte dos
passageiros, identificáveis pelo seu grande mastro. (...) Há, enfim, defronte
ao hotel de Lassay, bem como na altura da ponte do Arsenal, os patachos. São
chamadas assim pequenas construções, verdadeiros escritórios flutuantes para a
cobrança dos impostos sobre gêneros de consumo, nos quais trabalham os
funcionários da fazenda encarregados de visitar os barcos e de arrecadar os
direitos de entrada para as mercadorias que se destinam à cidade vindas pelo
rio. (...) As margens do rio não estão ainda plenamente desenvolvidas. É
preciso dizer que as atividades comerciais obstaculizam e retardam a construção
de verdadeiros cais em vários lugares.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>As margens ainda estão pontilhadas por uma dezena de portos para
atividades específicas e que devem permanecer de fácil acesso. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn96" name="_ftnref96" style="mso-footnote-id: ftn96;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[96]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A - Os Portos.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O rio Sena apresenta ao
viajante da época uma série de Portos, a maioria deles destinados ao comércio,
fato que indica a grande vitalidade da economia parisiense. Vejamos,
rapidamente, a descrição desses lugares que ganham grande destaque no </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">São, ao
todo, onze Portos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sobre a margem direita, encontra-se, de entrada, o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porto de la Rapé</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A seguir, e quase geminado com a localidade
anterior, acha-se o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porto</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">d’Arsénal,</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> que serve essencialmente para o transporte de madeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Depois se encontra o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porto</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Paul</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, no cais dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Célestins</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, destinado ao serviço dos coches de água.</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Bem ao lado, na extremidade do cais de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ormes</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, acha-se o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porto do Feno</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, cujo nome indica
claramente a sua função, justificada pela vizinhança da praça </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">des Veaux. <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Não longe dali está o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porto
do Trigo</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, à direita da rua </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">de la
Mortellerie</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, onde estão agrupados os comerciantes de cereais
da capital.</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Vem, em seguida, o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porto</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Nicolas</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, sob o Louvre.</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Finalmente, completa a paisagem de pontos
comerciais da margem direita, o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porto das Pedras</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, em frente à cidadela do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Gros-Caillou</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Do lado esquerdo do Rio encontram-se,
sucessivamente, o porto </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Bernard</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, no qual prevalecia o comércio de madeira.</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Um pouco depois, o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Port au
Vin</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, perto do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mercado
dos Vinhos. <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A seguir, acha-se o longo </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porto</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">de la
Grenoiullère. <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mais adiante, na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ilha da
Cidade</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, perto do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Pont
Rouge</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, encontra-se o mais antigo Porto da cidade</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, Saint-Landry</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, construído na
alta Idade Média.</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">B – As Ilhas.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Na época, o Rio Sena formava,
ao passar pela cidade, quatro ilhas:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île Saint-Louis.</span></i><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antigamente, ao longo da Idade Média, esta Ilha
sofria com as periódicas inundações decorrentes do aumento do caudal do Sena.
Nela pastava gado e as lavadeiras a utilizavam para secar roupas. Entre 1356 e
1359 a Ilha foi dividida por um fosso defensivo, sendo que a parte leste foi
denominada de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ilha das Vacas</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e a parte oeste recebeu o de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ilha
Notre-Dame.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Em 1614 foram feitas obras de grande importância
na Ilha, sob a direção de um arquiteto de renome, Cristophe Marie, que recebeu
do rei o direito a explorar o espaço que seria preparado: foi preenchido, em
primeiro lugar, o fosso aberto na Idade Média; em segundo lugar, para evitar as
inundações, o solo foi elevado em oito metros e, em terceiro lugar, foram
construídas duas pontes em pedra, que passaram a unir a Ilha à cidade e
procedeu-se à urbanização do espaço, tendo sido abertas cinco ruas e
construídos, entre 1618 e 1660, os hotéis e mansões que, unificados no mesmo
estilo simples da época, deram esse traço de elegância clássica que se conserva
até os dias atuais. Em 1725, pouco antes de Turgot ordenar o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">a Ilha recebeu o nome de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Louis.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île de la Cité.</span></i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">É, desde a
Antigüidade, o coração de Paris. Aparentemente constitui um obstáculo situado
no meio do Sena, mas é, ao mesmo tempo, a ponte natural entre as duas margens
do Rio. Nela, os Romanos, na época primordial de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Lutetia,
</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">fizeram grandes obras de engenharia para impedir as
crônicas inundações. Nos tempos de Turgot, a Ilha era cortada por tortuosas
ruas dos tempos medievais, como as denominadas </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Lanterne,
de la Juiverie</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">du marché Palu. </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A Ilha, na época do preboste, está longe de merecer a aparência que a
sua importância histórica exigiria. As construções se aglomeram, umas coladas
às outras, conferindo-lhe aquele sujo aspecto de cidadezinha medieval. Nos
extremos da Ilha, duas imponentes construções dominam o espaço: a Catedral de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Notre Dame</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e o Palácio. Doze
minúsculas paróquias distribuem-se pela Ilha, que não é procurada pelas elites
para nela fixarem residência, em que pese a proximidade do Parlamento, sediado
no Palácio. Trata-se, portanto, na época de Turgot, de um centro desvalorizado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île Louviers.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> No século XV era chamada de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île aux Javelles </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(ou </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">dos Feixes</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">), em virtude da vegetação selvagem que ali crescia, pois, por ser inundada
com freqüência pelo Rio Sena, era desabitada. No final desse século recebeu o
nome do seu comprador, Charles de Louviers. Ao longo dos séculos XVI e XVII, a
ilha permanece desabitada e é utilizada como campo de treinamento dos arqueiros
e dos arcabuzeiros do Rei. Serve, na época de Turgot, como entreposto comercial
para guardar as toras de madeira que garantirão o abastecimento de lenha da
cidade, preocupação marcante do preboste. Um dado curioso: calcula-se que a
quantidade de madeira consumida pelos parisienses, ao longo do século XVII,
daria para encher, a cada ano, mais de seis vezes a Catedral de Notre-Dame.
Generosa utilização dos recursos naturais que, certamente, acabou com as
riquezas florestais da França, numa época em que a idéia de “desenvolvimento
auto-sustentado” nem sequer era cogitada! Esta ilha desaparecerá,
posteriormente, em 1843, tendo sido anexada à margem do Sena, para formar o
Boulevard Morland.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île des Signes (ou
dos Cisnes).</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Na época de Turgot, mudou o seu nome primitivo de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île Maquerelle. </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">É uma longa faixa
de terra que se estende acompanhando o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Gros
Caillou</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, e que será cedida pela Prefeitura da Cidade em
1773 à Escola Militar, cujos administradores a anexaram à margem do Rio,
recheando o canal que a separava dela. Nos tempos de Turgot, a mencionada ilha
servia de lugar de pastagem para os rebanhos vacuns da Paróquia de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Sulpice</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, bem como de
entreposto para as toras de madeira que iriam abastecer o comércio e os lares
da cidade. Em meados do século XVIII foram concentrados, na ilha, os matadouros
da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">C – As Pontes.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Não ficaria completa a
paisagem parisiense sem estas construções, bem típicas da cidade. As Pontes
foram, até bem entrado o século XVII, apenas lugares onde se morava, dando
ensejo a verdadeiras tragédias quando o leito do Rio crescia, no período de
chuvas, e desabavam as construções feitas com bases precárias. Tinha-se, na
Idade Média, a falsa idéia de que o que garantiria a solidez dessas
pontes-cabeças-de-porco era o peso delas, não o aprofundamento dos seus
alicerces. Laure Beaumont-Maillet assim sintetiza o quadro das Pontes
Parisienses na época de Turgot:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Uma dúzia de pontes, somente, (contra trinta e cinco de hoje) permitem
atravessar o Sena. As mais antigas são a ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Notre-Dame</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e a ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Au Change</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> sobre o grande braço, às quais correspondem a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Petit-Pont</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e a ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Michel</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, sobre o braço
pequeno. A partir do final do século XVI, o crescimento considerável da capital
exigiu a construção de outras pontes. Foram sucessivamente edificadas a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Pont</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">-</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Neuf, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">a primeira a unir o rio diretamente de uma margem à outra (apoiando-se,
na verdade, sobre um dos extremos da </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ilha da Cidade</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">),<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>iniciada no reinado de
Henrique III, em 1578, e terminada sob o de Henrique IV, em 1607; depois a
ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Marie</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (1614-1635), a ponte
</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">De la</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tournelle</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (1620), a ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Royal </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(1685). O </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel-Dieu </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">é servido por duas
pontes: a ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Au Double</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (1634), cujo nome provém do pedágio cobrado de cada pedestre, um </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">double tournois</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (...) e a ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Charles</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. Quanto à ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Rouge</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e à ponte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">De Gramont, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">são simples
passarelas de madeira que ligam, uma, a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ilha da
Cidade</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> à </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ilha Saint-Louis</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, outra, a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ilha Louviers </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ao cais de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Célestins.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Destaca-se, também, a paliçada destinada a reter os blocos de gelo
carregados pelo rio durante o inverno, de forma a proteger a gare de navios do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Arsenal.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn97" name="_ftnref97" style="mso-footnote-id: ftn97;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[97]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A Ponte mais valorizada na época de Turgot parece ser, ainda, a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Pont Neuf</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, acerca da qual
um viajante dos tempos do preboste afirmava entusiasmado:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Todo mundo que já passou pela </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Pont
Neuf</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> deve admitir que, de todas as pontes jamais
construídas, ela é a mais nobre – a mais bela, a mais grandiosa e a mais leve,
a mais comprida, a mais larga - que jamais uniu terra a terra na face do globo
terráqueo.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn98" name="_ftnref98" style="mso-footnote-id: ftn98;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[98]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sem dúvida que esta obra marca o início da reformulação da arquitetura
de pontes em Paris. Ela possibilitou, pela primeira vez, que os pedestres
contemplassem a perspectiva do Sena e ensejou, paulatinamente, o planejamento
de outras pontes livres de construções. A </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Pont-Neuf</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> converteu-se, já no século XVII, após a sua inauguração em 1607, no
principal passeio turístico da cidade. Após essa ponte, outras foram planejadas
sem habitações, como a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Pont Royal</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. Ao longo do século XVIII as pontes parisienses foram sendo
desobstruídas, notadamente após a gestão de Moureaux-Desproux como </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Maître Général des Bâtiments</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, que culmina em 1769. Mas será somente na Revolução de 1789 que as
pontes se verão definitivamente desimpedidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">4)<i>
Boulevards</i><span style="mso-bidi-font-style: italic;">, passeios e ruas.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A Paris dos tempos do preboste Turgot é uma cidade meio medieval, meio
moderna. Do passado feudal, a cidade herdou a velha muralha na qual
encontravam-se as seguintes vinte portas: </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Cloud,
d’Auteil, Dauphine, Maillot, Champerret, Clichy, de Saint-Ouen, de
Clignancourt, de la Chapelle, de la Villette, de Pantin, des Lilas,</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">de Montreuil, de Vincennes, de Picpus,
de Choisy, d’Italie, d’Orléans, de Châtillon, de Versailles.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn99" name="_ftnref99" style="mso-footnote-id: ftn99;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[99]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>
</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O tecido urbano possui alta densidade. As ruas são
estreitas e sinuosas, sendo que muitas delas não passam de caminhos de terra
batida. A exceção parece ser a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île Saint-Louis</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, na qual, já no século XVII, as artérias foram traçadas com
perspectiva. No centro antigo da cidade, somente a rue </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Antoine</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> conta com um
traçado moderno. É conveniente lembrar que o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> de Turgot dá a falsa impressão de retratar uma cidade onde prevalecem
a ordem e o espaço. Na perspectiva à vôo de pássaro adotada pelos desenhistas a
serviço do preboste, como já vimos, as ruas aparecem mais largas do que na
realidade, a fim de garantir a visão de conjunto e permitir ao viajante a rápida
identificação de vias e logradouros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O fator de racionalização urbana corre por conta da iniciativa real. A
respeito, Jean-Louis Harouel escreve:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A cidade de Paris situa-se diretamente sob a supervisão do poder real.
É a ele que cabe a difícil tarefa de dirigir o urbanismo da capital. A realeza
executa diretamente alguns embelezamentos tais como os Champs-Elysées. Mas,
sobretudo, ela coordena a ação das autoridades locais: a prefeitura, tendo em
sua direção o chefe dos comerciantes, que na prática é escolhido pelo rei; a
Secretaria de Finanças de Paris, muito mais ativa que aquelas das províncias; o
tenente de polícia, criado sob Luís XIV, que exerce em nome do rei um embargo
geral sobre a administração da capital.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn100" name="_ftnref100" style="mso-footnote-id: ftn100;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[100]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Após 1724, a abertura de uma rua só pode ser feita mediante a
apresentação de um plano, que deverá ser estudado e aprovado pelo </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Maître Général des Bâtiments. </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A abertura de ruas, no decorrer do século XVIII, tornou-se possível
graças ao loteamento de terrenos de antigas mansões. Esses loteamentos ocorrem
no bairro do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Odéon</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (no local onde ficava a mansão de Condé), no bairro de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Halle au Blé</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (Mercado de
Cereais, no terreno da mansão Soissons) e numa parte do jardim do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Palais Royal </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(onde o duque de
Chartres mandou abrir ruas). As vias antigas são objeto de melhoramentos
progressivos, graças ao trabalho desenvolvido, no decorrer do século XVIII,
pela Secretaria das Finanças. As indenizações por desapropriação são geralmente
de responsabilidade dos proprietários das casas que não foram demolidas. Esse sistema
de indenização é abandonado em 1720. A partir de então não se concebem grandes
alargamentos, nem a abertura de eixos de circulação. Falta o mecanismo
financeiro que somente será elaborado no final do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ancien
Regime</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, a fim de a própria municipalidade bancar as obras
públicas em profusão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Nos séculos XVII e XVIII, o poder real, incapaz de conter o crescimento
da cidade, deve resignar-se a organizar, um tanto precariamente, a expansão
urbana, que se efetua principalmente do lado direito do rio. A dinâmica do
crescimento urbano acelera-se a partir da decisão de Luís XIV, de suprimir as
antigas muralhas da cidade. A respeito dessa política de desobstrução, escreve
Beaumont-Maillet:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Seguro, em decorrência dos seus sucessos militares, e convicto de que
Paris não deve temer mais uma invasão inimiga, Luís XIV resolveu fazer da sua
capital uma cidade aberta, livre dos grilhões das suas muralhas. Um decreto do
Conselho, em 1670, ordenou a demolição da velha muralha de Carlos V e, além
dela, de todos os baluartes construídos ulteriormente, desde a Bastille até a
porta Saint-Denis e depois, em 1676, da porta Saint-Denis até a porta
Saint-Honoré, a fim de dar lugar a um passeio plantado com árvores, ao qual foi
dado o nome de boulevard (do flamengo </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">bohlwerk</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, ou seja, fortificação), mas que se denomina, preferencialmente, de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">murada.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn101" name="_ftnref101" style="mso-footnote-id: ftn101;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[101]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Surgem, assim, os Passeios Públicos ou Boulevards. Eis os principais
deles:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Passeio do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Rempart
repleto de árvores </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(ou Muro arborizado), criado sob Luís XIV em
substituição às antigas fortificações, nos atuais </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Grands
Boulevards</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. As portas da antiga muralha medieval são
substituídas pelos arcos do triunfo: Portas </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">São
Denis</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint Martin.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Champs-Elysées</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, iniciado sob Luís XIV e terminado sob Luís XVI, que mandou eliminar a
pequena colina da </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Étoile, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">prolongando a avenida até a Ponte de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Neully.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Passeio público de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Vincennes</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e avenidas circunvizinhas aos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Invalides,
</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">obras de Luís XIV e Colbert.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os Passeios que acompanham a Escola Militar, obra
de Luís XV.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Essas obras tinham sido precedidas pela abertura, no século XVII, de
duas vias de menores dimensões do que os Boulevards: o Passeio do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Arsenal, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">construído, no
início do século XVII, por Sully (no lugar do atual </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Boulevard
Morland</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">) e o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Cours-de-la-Reine</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, aberto por Maria de Médicis em 1616.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No decorrer do século XVIII, notadamente a partir de 1760, e,
sobretudo, no século XIX (culminando com as grandes reformas urbanas de
Haussmann), a abertura de Boulevards vai se multiplicar, dando ensejo à malha
de grandes passeios que conhecemos atualmente. Tudo isso com um grande preço,
denunciado por escritores como Victor Hugo: a definitiva desaparição da Paris
medieval, da qual, talvez, a última resenha seja o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano de Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, que se
situa, como temos dito anteriormente, entre o antigo e o moderno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Vale a pena registrar as dimensões dos primeiros </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Boulevards, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">bem como o que
eles significavam para os parisienses, na época do preboste Turgot. A
propósito, escreve Beaumont-Maillet:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O passeio assim criado é muito largo: quatro fileiras de árvores
delimitam, de uma parte e de outra da via central, reservada à circulação das
carroças, larga ela mesma de dezesseis tosas (ou seja, ao redor de trinta e
dois metros), duas vias paralelas de dezoito a vinte pés (um pouco mais de seis
metros), para uso dos pedestres. Aparece, assim, uma nova forma de via urbana,
que era já prefigurada, mas em menor escala, pelo </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Cours
la Reine</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Passeio de l’Arsénal.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> A caminhada pelos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Boulevards</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> é, no século XVIII, muito popular. É o lugar de encontro dos
elegantes, das costureirinhas galantes, dos gentis-homens, dos militares
bonitões, dos padres mundanos e dos vendedores ambulantes. Esses passeios jogam
um papel decisivo na vida política, literária e galante de Paris.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn102" name="_ftnref102" style="mso-footnote-id: ftn102;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[102]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">5) Hotéis, mansões e palácios.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O traslado da Corte a Paris pelo jovem soberano Luís XV, em 1715, bem
como o deslocamento das fortunas provocado pela bancarrota do financista Law,
em 1720, fazem com que burgueses e nobres apliquem os seus rendimentos em
construções, evitando as aplicações financeiras. É chegada uma idade de ouro
para o desenvolvimento da capital francesa, notadamente dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Faubourgs </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ocidentais. O
centro da Corte passa a se fixar no </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Louvre</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (residência de Luís XV) e no </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Palais-Royal</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (moradia de Philippe d’Orléans). Perto desse centro do poder são
construídos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtels</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (Mansões), nos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Faubourgs
Saint-Germain </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">e </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Honoré. </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Eis algumas dessas novas construções, registradas no </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel d’Évreux</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (hoje Palácio do Eliseu), construído por Mollet, em 1718, para
Louis-Henri de la Tour d’Auvergne, conde D’Évreux.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> da condessa de Feuquières.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">do chanceler d’Arguesseau.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> do duque de Charost.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">do duque de Duras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel de Belle-Île</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, construído por Bruant, em 1720, no </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Quai
d’Orsay, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">e que foi incendiado, posteriormente, pela Comuna
de Paris.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Palais-Bourbon, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">construído por Girardini, em 1722, para a princesa de Bourbon, quarta
filha legitimada de Louis XIV com Madame de Montespan.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel Matignon, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">construído por Jean Courtonne, em 1721, na rue de Varenne (no bairro
dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Invalides</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">), para o
marechal de Montmorency.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Hôtel du Maine, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ou </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">du Fermier General Peyrenne de Moras</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, hoje </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Musée Rodin, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">também situado na Rue de Varenne, nos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Invalides.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">6) Parques e jardins.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">As reformas sofridas pela cidade de Paris, ao longo dos séculos XVII e
XVII, fizeram com que os jardins medievais praticamente desaparecessem. No
entanto, novos Jardins públicos foram abertos. O </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano
Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> registra a existência deles. Estes são os mais
importantes:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardins des Tuileries</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. Este conjunto constituiu o primeiro jardim público da cidade e serviu
de inspiração para que outros fossem abertos, ao longo do século XVIII.
Destaca-se a idéia de que o soberano zela pela saúde e pelo divertimento dos
seus súditos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">La promenade du Mail</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardins de l’Arsenal</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin de l’Hôtel de
Valois</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin de l’Hôtel de
la Reine Margot</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin de Luxembourg</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin du Cours de la
Reine, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">que foi reconstruído, em 1720 pelo duque d’Antin.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin du
Palais-Royal.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin Royal des
Plantes Médicinales, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">criado por Guy de la Brosse em 1633, num terreno
situado do lado de fora da </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porte Saint-Victor, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">na colina de Coupeaux, antigo depósito de lixo dos açougueiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin de l’Infante</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, aberto ao sul do Louvre para a jovem princesa espanhola prometida de
Louis XV.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin de l’Hôtel de
Soubise.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Jardin de l’Hôtel du
Grand Prieur du Temple.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">7) Mercados e Indústrias.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A Revolução Industrial ainda não tinha chegado à França na época de
Turgot. Lembremos que a primeira manifestação desse modo de produção, na
Europa, acontece na Inglaterra, em 1730. Na França, apenas em 1756 será fundada
a manufatura de porcelanas de Sèvres. O comércio e algumas manufaturas são as
atividades econômicas que prevalecem na cidade de Paris. A agricultura está
ausente, só sendo possível cultivar vinhedos e hortigranjeiros na parte
exterior da cidade, onde, aliás, florescia, no século XVIII, uma incipiente
indústria vinícola, que garantia o abastecimento de bares e cabarés. Todo o
esforço econômico do período de Luís XIV voltou-se para o reordenamento das
guildas de trabalhadores e de manufatureiros ao redor do poder real, cioso
controlador de todas as atividades produtivas. É o espírito do colbertismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No reinado de Louis XV, em que pese a presença, na segunda metade do
século XVIII, de ministros liberais como </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Anne-Robert-Jacques Turgot, filho do
preboste, a preocupação que prevalecia era com o cobro de impostos a nobres,
comerciantes e artesãos, bem como em relação ao abastecimento da cidade. Louis
XV herdou do seu pai uma política tributária muito forte, que deu ensejo a não
poucas revoltas dos comerciantes. De um lado, os Decretos do Conselho do Rei,
de 1660, tinham restabelecido com rigor a organização corporativa do trabalho,
no melhor estilo das guildas medievais. De outro, foram criados numerosos
impostos, que visavam onerar não apenas os nobres proprietários de terras, mas
todos aqueles que desenvolvessem atividades produtivas, não importando a classe
social. Exemplo desse tipo de tributação foi o <i>dixième</i>, criado em 1708,
já no final do reinado de Louis XIV, e que gerou não pouco descontentamento
popular. Em 1726, Louis XV criou a <i>Ferme Générale des Droites du Roi</i>,
uma espécie de Receita Federal, com poderes ampliados para que executasse com
rapidez as dívidas dos contribuintes e recenseasse novos pagantes. Essa
política orçamentívora continuará firme ao longo de todo o século XVIII,
culminando, dez anos antes da Revolução, com a construção, ao redor da cidade
de Paris, do conjunto de repartições pertencentes ao “Escritório dos Cobradores
de Impostos” (<i>Enceinte des Fermiers Généraux</i>), obra belamente realizada
pelo arquiteto Ledoux, em 1785.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A respeito da forma
em que o <b><i>Plano</i></b> revela as atividades comerciais da cidade, escreve
Beaumont-Maillet:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O plano não nos
fornece somente indicações sobre a utilização do espaço urbano, mas também
acerca da vida cotidiana dos parisienses. Indica, com extremada precisão, a
localização dos balcões de impostos municipais. Duas grandes manufaturas
unicamente aparecem: a dos vidros, em Reuilly e a dos gobelinos. A terceira
grande manufatura, a de sabões, em Chaillot, fica por fora do seu quadro. Paris
não é, aliás, uma cidade que produz muito: o consumo é, de longe, a função mais
importante.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn103" name="_ftnref103" style="mso-footnote-id: ftn103;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[103]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Paris é uma cidade
que constrói de forma bastante acelerada, ao longo do século XVIII. As matérias
primas para esse tipo de atividade são, muitas delas, provenientes de minas e
pedreiras situadas nos <i>Faubourgs</i> mais remotos. O <b><i>Plano Turgot</i></b>
registra esse aspecto da economia urbana. A respeito, escreve Beaumont-Maillet:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Vemos, também, minas
suburbanas, especialmente as de gesso, na colina Montmartre, minas a céu aberto
que aparecem como crateras irregulares, no fundo das quais foram traçados
caminhos para permitir a circulação de pesadas carretas. Túneis vão, às vezes,
de uma à outra. Vêem-se, igualmente, pedreiras (sem dúvida, de materiais para
construção) no Faubourg Saint-Marcel, ao lado do caminho do Moulin-des-Prés, e
ao fundo da rua do Faubourg Saint-Denis aparece um depósito de areia. As partes
altas dos arredores ostentam moinhos de vento: na colina Montmartre, nos
Faubourgs Saint-Jacques e Saint-Michel. Um único moinho d’água é desenhado: o
moinho do Hospital Geral, sobre o Bièvre.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn104" name="_ftnref104" style="mso-footnote-id: ftn104;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[104]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O comércio recebe, no
<b><i>Plano</i></b>, uma atenção toda especial. Eis a detalhada descrição que
de mercados, feiras, açougues e matadouros faz o mencionado autor:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Vêem-se as feiras
Saint-Germain e Saint-Laurent, esta última mais detalhadamente, verdadeira
cidadela de galpões de madeira dispostos em forma de tabuleiro de xadrez, à
sombra de castanheiras. Mercados, como o d’Aguesseau (...). O mercado de
cavalos, no Faubourg Saint-Antoine, chama nossa atenção. Ele foi instalado lá
em 1687. Recordemos que o cavalo é o meio de locomoção e que Paris conta com
aproximadamente vinte mil deles. Muitos açougues são desenhados, especialmente
o da rua do Faubourg Saint-Antoine, o do Apport Paris, atrás do Grand Châtelet,
o dos Invalides na vila de Gros-Caillou. Por açougue é preciso entender:
matadouro. Os animais são, efetivamente, conduzidos vivos a Paris, seja por
tratadores, seja por comerciantes de fora, e eles são mortos nestes abatedouros,
em plena cidade. Não é necessário chamar a atenção para os riscos à higiene
decorrentes dessa prática, tanto por causa da sujeira causada pela passagem de
animais de grande porte pelas ruas, quanto pelos restos de sangue que desses
lugares escoam para as vias públicas, formando riachos infectos e podres.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn105" name="_ftnref105" style="mso-footnote-id: ftn105;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[105]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O <b><i>Plano Turgot</i></b>
documenta, também, a existência, na periferia da cidade, de lixões, que
constituem verdadeiras montanhas de dejetos, aos que se soma o produto infecto
proveniente da limpeza das fossas. Esses lixões encontram-se no vilarejo de
Pincourt, bem como no <i>Faubourg du Temple. </i>Jardineiros e cultivadores de
hortigranjeiros acodem a esses soturnos lugares para tirarem daí abono para os
seus jardins e plantações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">8) Conventos e estabelecimentos de ensino.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A cidade de Paris estratificou, nas suas construções, a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">raison d’État</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> do absolutismo de
Louis XIV, que fazia do catolicismo a religião oficial. Em que pese o fato da
crise da fé, decorrente da Ilustração e das críticas dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">philosophes, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">encontramos uma
forte presença, na cidade, das comunidades religiosas e das construções
próprias delas, além, é lógico, das antigas abadias e igrejas que se
conservaram da Idade Média, das quais os </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano
Turgot</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> dá um testemunho valioso, uma vez que, como foi
destacado em páginas anteriores, a Revolução de 1789 destruiu muitas dessas
edificações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Quanto às construções provenientes da Idade Média, o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> destaca as
grandes abadias como a de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Martin-des-Champs</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, a de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sainte-Geneviève</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e a de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Antoine</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. É também caracterizado o convento dos antigos templários, </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">le Temple</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, junto com o
Palácio do Grande Prior. Igrejas do período medieval são, também registradas,
como a de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Pierre de Montmartre </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">e as quatorze paróquias existentes na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Île de
la Cité.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Dá-se notícia, também, dos cemitérios, que
aparecem um pouco escondidos entre os prédios. O que mais se destaca (embora,
na realidade, não fosse o maior), é o dos Inocentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ao longo dos séculos XVII e XVIII, aproximadamente uma centena de novas
casas religosas foram construídas em Paris, dando a alguns </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">faubourgs </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(como </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Sulpice </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">e </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Val-de-Grâce, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">por exemplo) uma
fisionomia toda particular, ainda visível. Algumas edificações desse tipo são,
por exemplo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A da comunidade dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Bernardines</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, situada inicialmente na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Abbaye-aux-Bois</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> e, posteriormente, após o ano de 1654, localizada em </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Noyon</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, na rue de Sèvres. A igreja
desta comunidade data de 1718.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O Seminário das Missões Estrangeiras, construído,
em 1663, na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue de Babylone.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O convento dos Benedictinos de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Panthémont</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, que se instalaram
na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue de Grenelle.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A casa das Damas de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Thomas-de-Villeneuve,
</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">situada na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue de
Sèvres.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O convento das Filhas da Conceição, construído na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue de Charenton.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A igreja e o convento dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Capucines du faubourg Saint-Honoré</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, construídos em 1722.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l3 level1 lfo3; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 79.7pt; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A residência dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Frères
de la Doctrine Chrétienne</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, reconstruída na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue de Berey, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">em 1733.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Quanto aos estabelecimentos de ensino, Beaumont-Maillet assim sintetiza
a imagem que nos passa o </span><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano Turgot: </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A celebridade das escolas atraiu as ordens religiosas, desde meados do
século XII, para as ladeiras do monte </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sainte-Geneviève</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. Multiplicou-se a fundação de colégios, abrigados pela muralha de
Filipe Augusto (da qual são representados alguns vestígios, especialmente uma
torre com teto cônico na </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue des Prêtres
Saint-Paul</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">). Mas esses registros são escassos. Sente-se que
Bretez estava mais preocupado em fixar as construções realizadas recentemente,
do que em registrar os vestígios de um passado ao qual não se dava quase
nenhuma importância. No século XVIII, esses colégios estão em total declínio,
mas as suas construções subsistem.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn106" name="_ftnref106" style="mso-footnote-id: ftn106;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[106]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">9)
Faubourgs<span style="mso-bidi-font-style: italic;"> e </span>Quartiers.<span style="mso-bidi-font-style: italic;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ao longo dos séculos XVII e XVIII, Paris
experimentou um crescimento vertiginoso, decorrente do fato de a França ter
garantido a segurança nas fronteiras do país. Foi de Louis XIV a decisão de
tornar Paris uma cidade aberta, mediante um decreto do Conselho, em 1670. Nesse
instituto legal era tomada uma providência fundamental ao alargamento da
cidade: ordenava-se a demolição do que restava a muralha de Carlos V, bem como
de todas as fortificações construídas ulteriormente, desde a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Bastille</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> até a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Porte Saint-Denis</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. Em 1676 foram removidas todas as fortificações existentes entre esta
Porta e a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Honoré</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, a fim de dar lugar a um passeio protegido
por árvores, que recebeu o nome de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">boulevard.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Essas providências deram ensejo a uma pressão
crescente dos setores da sociedade ligados à política e ao comércio, no sentido
de ocupar áreas centrais da cidade e dos seus arredores. Ora, essa pressão
tentou ser contrabalançada pelo poder real, mediante numerosas leis e decretos
que visavam limitar o crescimento da cidade. Assim, por exemplo, em 1672, o
Monarca estabelecia trinta e cinco novos limites para fixar o crescimento dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">faubourgs</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. No entanto, estes continuam a se alargar, acompanhando
o alongamento das vias radiais, como a </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue Saint-Antoine.</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> É assim como, progressivamente, nesse contrapeso de forças, de um lado
da sociedade, de outro lado, do trono, vão surgindo e se consolidando novos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">faubourgs, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">como </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Germain </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">e </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Honoré</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. Já no final do século XVII, com a abertura
da </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Place
Louis-le-Grande </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(a conhecida </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Place Vendôme</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">), abre-se espaço para um novo crescimento da
cidade ao redor dela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O crescimento urbano continua ao longo do
século XVIII, em que pese os esforços da Monarquia, no sentido de estabelecer
limites à expansão urbana. Decretos de 1724, 1726 e 1728 repetem a proibição de
construir aquém dos limites fixados. Novas pressões sociais levam a novas
negociações com o poder real, que termina abrindo brechas habilmente ocupadas
pelos atores econômicos e sociais. É assim que, em 1728, os donos de curtumes
são autorizados a construir em lugares até então vedados, como as </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rues Lourcine </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(hoje </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Édouard Quénu</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">), </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">du
Feria-Moulin</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Censier, Mouffetard </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">e </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Saint-Victor </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(conhecida atualmente
como </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Geoffray-Saint-Hilaire</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">). Em 1740, os habitantes do </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">faubourg Saint-Honoré</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> beneficiar-se-ão de concessões semelhantes,
que liberavam o espaço para construções até o </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">hôtel d’Évreux.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn107" name="_ftnref107" style="mso-footnote-id: ftn107;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[107]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O próprio preboste Turgot, em 1737, toma a
iniciativa de sanear ampla região afetada pelo canal de esgoto que desaguava no
Sena, denominado impropriamente de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue de Ménilmontant. </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
fim de acabar com o mau cheiro que impedia a ocupação urbana dos arredores, o
preboste comanda a maior obra de engenharia do século XVIII, abrindo um novo
canal, com maior pendente. Essa obra será encerrada dois anos depois, em 1739,
um tempo recorde para a magnitude do empreendimento, no qual trabalharam dois
mil operários.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;">Conclusão<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Paris das Luzes. Ao longo destas páginas
tentei mostrar de que forma a capital francesa tornou-se, nos séculos XVII e
XVIII, a “cidade luz” da Europa, cantada por poetas, visitada por imperadores e
reis, imitada por urbanistas. Fi-lo interpretando o </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano Turgot/Bretez</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, à luz dos comentários suscitados, hodiernamente,
entre os especialistas, em decorrência da feliz reedição do mencionado
documento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> do preboste revela, certamente, uma cidade um tanto asséptica. Não
aparecem identificados os núcleos de pobreza e miséria que grassavam nas
cidades européias da época. Mendigos e prostitutas, aliás, sumiam de cena, com
regularidade, internados pelas autoridades da cidade em lugares de “tratamento
social” (a pobreza e a criminalidade eram consideradas uma doença, que
precisava ser tratada em lugares adequados, sendo prisões e centros de
internamento o destino desses miseráveis). O Hospital Geral, criado em 1656,
possui, na época de Turgot, dois centros: </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Bicêtre</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> (para mendigos e vagabundos) e </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">la Salpêtrière </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(para prostitutas), este último resenhado no </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">É famosa a tela de Étienne Jeaurat, de 1757,
intitulada: “</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A conduite des filles de joie à la Salpêtrière</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">”, na qual é representada a cena da prisão e
condução de prostitutas a essa instituição correcional, perto da porta
Saint-Bernard.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A respeito da função social desempenhada por
esses centros, frisam Alfred Fierro e Jean-Yves Sarraszin:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Na margem (esquerda) do Sena estende-se o
imenso hospício de la Salpêtrière. Com Bicêtre, é o principal estabelecimento
do Hospital Geral, criado em 1656 para lutar contra a mendicidade: seguindo o
princípio de que um problema dissimulado é um problema resolvido, trancafia-se
ali os indigentes para esconder a miséria do Grande Século. Ali são submetidos
a trabalhos forçados e a condições de vida muito rigorosas, os homens em Bicêtre,
as mulheres na Salpêtrière. Mais de quatro mil inválidos, indigentes ou
prostitutas, apinham-se na proporção de seis mulheres por leito, que vão
ocupando em rodízio. La Salpêtrière possui os seus próprios serviços:
lavanderia (com um longo tanque coberto e ligado à margem por uma passarela), e
moinho para moer os grãos destinados aos prisioneiros. Um moinho d’água,
chamado do Hospital, encontra-se perto da confluência do rio Bièvre com o Sena
e dois moinhos de vento localizam-se nas ladeiras de la Butte aux Cailles. O
caminho que os une, chamado dos dois Moinhos, recebeu, em 1867, o nome de
Jenner, médico inglês que inventou a vacina. É na Salpêtrière onde a monarquia
encontra as candidatas para povoar, à força, as suas colônias das Antilhas, de
Louisiana, do Canadá, dando ensejo a uma trata de brancas oficial, descrita
pelo abade Prévost em </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Manon Lescaut</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, romance aparecido em 1731 e que teve um grande sucesso. A ala leste
dos edifícios antigos do hospital recebeu, aliás, o nome de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ala Manon Lescaut.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn108" name="_ftnref108" style="mso-footnote-id: ftn108;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[108]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas embora a Paris dos séculos da Ilustração
esconda a suas mazelas, a cidade é, como ficou demonstrado nestas páginas, cada
vez mais, o espaço que vai sendo ocupado pelos seus habitantes, que passam a
exercer o domínio sobre o espaço urbano, tirando-o, paulatinamente, das mãos do
monarca absoluto. Também pudera! A França, com os seus vinte e tantos milhões
de habitantes, é – nos tempos do preboste - o país mais populoso de uma Europa
que, no decorrer do século XVIII, experimenta a explosão de uma verdadeira bomba
demográfica, passando a sua população de 118 milhões, em 1700, para 185
milhões, em 1800. São os prolegômenos do fenômeno que Ortega y Gasset denominou
de “a revolução das massas”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftn109" name="_ftnref109" style="mso-footnote-id: ftn109;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">[109]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Em que pese este fato, o </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Plano Turgot/Bretez</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> apresenta-nos, também, restos da Paris medieval, com a ingenuidade do
nome de algumas ruas desses antigos tempos, tais como </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue du Bout-du-Monde, </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ou </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">rue de Mauvaises-Paroles.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Nessa </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">sociedade de massas</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Paris descobre o charme da vida urbana, com
os </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">boulevards</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">, com os salões povoados de belas damas, com
os passeios dos seus habitantes por esses espaços que serão as passarelas da
nova moda e dos </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">affaires</span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> amorosos. O Rio Sena,
progressivamente liberado do entulho medieval construído desordenadamente sobre
as pontes, passa a se integrar à vida citadina como paisagem que será, no
século XIX, </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">leitmotiv </span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">permanente de poetas e
pintores. O grande valor da obra de Turgot/Bretez consiste em ter sido
testemunha plástica dessas modificações, que alteraram profundamente a
estrutura da cidade de Paris e que deram ensejo ao surgimento do moderno
conceito de urbanismo. Modelo que, na trilha da Ilustração Francesa que passou
a falar “para toda a Humanidade”, tornou-se paradigma da cidade hodierna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpLast" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<h2 style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></span></h2>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">BAECKE, Antoine de; MÉLONIO, Françoise.<b><i>
Histoire culturelle de la France – 3. Lumières et liberté – Les dix-huitième et
dix-neuvième siècles. </i></b>(Coleção dirigida por Jean-Pierre Rioux e
Jean-François Sirinelli).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Paris: Seuil,
1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">BARRIELLE, Jean-François. <b><i>O estilo Luís
XV. </i></b>(Tradução de Teresa Maria Louro Perez). São Paulo: Martins Fontes,
1986. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">BASTIDE, François-Régis. <b><i>Saint-Simon par
lui même. </i></b>Paris: Seuil, 1967.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">BEAUMONT-MAILLET, Laure. “Portrait d’une ville
à vol d’oiseau”. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Batang;">In: TURGOT, Michel
Étienne. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">Plan de Paris
1735-1739. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">(Primeira edição fac-símile). Paris: Claude
Tchou & Sons, 1999, p. I-XII.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">CARADEC, François; MASSON, Jean-Robert
(organizadores).<b><i> Guide de Paris mystérieux. </i></b>Paris: Éditions
Princesse, 1978.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Batang;">CASTEX, Pierre-Georges;
SURER, Paul. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Manuel des études littéraires françaises –
XVIIe. Siècle. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">(Obra com a colaboração de Georges Becker).
Paris: Hachette, 1947.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">CERVANTES,
Miguel de. <b><i>Don Quijote de la Mancha, </i></b>(edição do IV Centenario,
com estudos introdutórios de Mario Vargas Llosa, Francisco Ayala e Martín de
Riquer), Madri: Alfaguara / Real Academia Espanhola / Associação das Academias
da Língua Espanhola, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">CONDORCET. <b><i>Matemáticas y
sociedad. </i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(Introdução
e seleção de textos de Roshdi Rashed; tradução espanhola de José Antonio Robles
García). 1<sup>a</sup>. Edição em espanhol. </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">México: Fondo de Cultura Econômica, 1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">CONSTANT de Rebecque, Henri-Benjamin. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Princípios de Política, </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(tradução espanhola de Josefa
Hernández Alonso, introdução de José Alvarez Junco), Madrid; Aguilar, 1970.</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Batang;">DARNTON, Robert. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">Os
best-sellers proibidos da França pré-revolucionária. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">(Tradução
de Hildegard Feist). São Paulo: Companhia das Letras, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Batang;">DARNTON, Robert. <b><i>The
Business of Enlightenment – A publishing History of the Encyclopédie 1775-1800.
</i></b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cambridge – Massachusetts:
Harvard University Press / Belknap Press, 1979.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">DELL, Bruno.<b><i> Histoire de Paris. </i></b>(Editor
artístico, Jean-Michel Fleury; documentação a cargo de Véronique Foz). Paris:
Hatier, 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">DESCARTES,
Renato. <b><i>Discurso do método e Tratado das paixões da alma. </i></b>(Tradução,
prefácio e notas de Newton de Macedo).<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Lisboa: Sá da Costa, 1937.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">DUCHET-SUCHAUX,
Gaston e Monique. <b><i>Guide chronologique de l’histoire du monde. </i></b>Edição
revisada. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Paris: Hachette, 1992.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">DUPÂQUIER,
Jacques. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">La population française aux XVIIe et XVIIIe
siècles.</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> 2ª. Edição. Paris: Presses Universitaires de
France, 1993</span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Coleção <i>Que sais-Je?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">FARGE, Arlette. <b><i>La vie fragile –
Violence, pouvoirs et solidarités à Paris au XVIIIe siècle. </i></b>Paris:
Hachette, 1986.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">FIERRO, Alfred; SARAZIN, Jean-Yves. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">Le Paris des lumières d’après le Plan Turgot
1734-1739. </span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">Paris: Éditions de la
Réunion des Musées Nationaux, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">FRANCASTEL, Pierre (organizador). <b><i>L’urbanisme
de Paris et de l’Europe 1600-1680.</i></b> Paris: Klincksieck, 1969.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">GIGNOUX, C-J. </span><b><i><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Batang;">Turgot. </span></i></b><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Batang;">Paris: Arthème Fayard, 1945.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">GOULEMONT, Jean-Marie. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Esses livros que se lêem com uma mão
só – Leitura e leitores de livros pornográficos no século XVIII. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Tradução de Maria Aparecida Corrêa).
São Paulo: Discurso Editorial, 2000.</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">GUERLAC,
Henry. “Vauban – O impacto da ciência na guerra”. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">In: PARET, Peter. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Construtores da estratégia moderna. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(Tradução de Joubert
de Oliveira Brízida). Rio de Janeiro: Bibliex, 2001, vol. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">I, p. 97-132.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">GUILLERAGUES, CRÉBILLON &
DENON. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Na
alcova – Três histórias licenciosas, </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(tradução, seleção e posfácio de
Samuel Titan Jr.), São Paulo: Companhia das Letras, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">GUIZOT, François. <b><i>Histoire de la
civilisation en Europe depuis la chute de l’Empire Romain jusqu’à la Révolution
Française.</i></b> </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">8ª. Edição. Paris: Didier, 1864.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">GUIZOT, François. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Histoire de la
Révolution d’Anglaterre 1625-1660. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(Edição preparada por Laurent Theis, com
introdução deste autor). </span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Paris: Laffont, 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">HAROUEL, Jean-Louis. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">História
do urbanismo. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">(Tradução de Ivone Salgado). 4<sup>a</sup>.
Edição. Campinas: Papirus, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">HAZARD, Paul. <b><i>La </i></b></span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">crise de la conscience européenne 1680-1715. </span></i></b><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Batang;">Paris: Arthème Fayard, 1961.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">KANT, Immanuel. “Respuesta a la
pregunta: Qué es la Ilustración?”, in: ERHARD, VON MOSER, <i>et alii</i>. <b><i>Qué
es Ilustración? </i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(Estudo
preliminar de Agapito Mestre; tradução espanhola de Agapito Mestre e José
Romagosa). 3ª. Edição. </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Madrid: Tecnos,
1993, p. 17-29.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Filosofia para
princesas.</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">
(Versão espanhola, prólogo e notas de Javier Echeverría). </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Madrid: Alianza Editorial, 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm. <b><i>Writings
on China. </i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(Versão
inglesa, notas e comentários a cargo de Daniel J. Cook e Henry Rosemont Jr.). </span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Chicago: Open Court, 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">LÉVY,
Artur. <b><i>A vida íntima de Napoleão. </i></b>(Tradução de Emil Farhat). São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1943.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">LIPOVETSKY,
Gilles. <b><i>O império do efêmero – A moda e seu destino nas sociedades
modernas.</i></b> (Tradução de Maria Lúcia Machado). São Paulo: Companhia das
Letras, 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">LUIS XIV, Rei da França. <b><i>Memorias. </i></b>(Versão
espanhola de Aurélio Garzón del Camino). México: Fondo de Cultura Econômica,
1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">MAZZARINO, Giulio Cardeal. <b><i>Breviário dos
políticos.</i></b> (Tradução de Ana Theresa Basílio Vieira). Rio de Janeiro:
Lacerda Editores, 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MÉCHOULAN,
Henry. <b><i>Etre Juif à Amsterdam au temps de Spinoza. </i></b></span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">Paris:
Albin Michel, 1991.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">MÉLONIO, Françoise. <b><i>Tocqueville et les
Français. </i></b>Paris: Aubier, 1993.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">MICHAUD, Guy. <b><i>Guide France – Manuel de
Civilisation française. </i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Colaboração
de Georges Hacquard). Paris: Hachette, 1965.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">OGRIZEK, Doré. <b><i>France. </i></b>(Colaboração,
para os textos, de Dominique LE BOURG e Jean DESTERNES). Paris: Odé, 1953.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">ORTEGA Y GASSET, José. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A rebelião das
massas. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(Tradução de Marilene Pinto Michael). 2<sup>a</sup>.
Edição. São Paulo: Martins Fontes, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">PUISEUX
– DURIN (Editores). <b><i>Paris. </i></b>7<sup>a</sup>. Edição. Paris: Services
de Tourisme Michelin, 1956.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">RICHELIEU,
Cardeal Duque de (Armand du Pleissis). <b><i>Testamento político. </i></b>(Tradução
e apêndice de David Carneiro). São Paulo: Atena Editora, 1959.</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">ROUSSEAU, Jean-Jacques. <b><i>Du contrat social. </i></b>Paris:
Garnier/Flammarion, 1966.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">ROSANVALLON, Pierre. <b><i>Le moment Guizot. </i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Paris: Gallimard, 1985.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">SADE,
Donatien Alphonse François – Marquês de. <b><i>Os 120 dias de Sodoma.</i></b>
São Paulo: Hemus, 1969.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">STAËL-HOLSTEIN, Germaine Necker
Madame de. <b><i>Dix années d’exil.</i></b> (Edição crítica preparada por
Simone Balayé e Mariella Viannello Bonifácio). Paris: Fayard, 1996.</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">STERNE, Laurence. <b><i>Uma viagem sentimental através da França e da
Itália.</i></b> (Tradução de Bernardina da Silveira Pinheiro; revisão,
introdução e notas de Marta de Sena). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TALMON, J. L. <b><i>Los
Orígenes de la democracia totalitaria. </i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">(Tradução ao espanhol de M. Cardenal
Iracheta). </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">México: Aguilar, 1956.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">TOCQUEVILLE, Alexis
de. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">O Antigo Regime e a Revolução. </span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">(Tradução de Yvonne Jean;
apresentação de Zevedei Barbu; introdução de J. P. Mayer). 3<sup>a</sup>.
Edição. Brasília: Universidade de Brasília; São Paulo: Hucitec, 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">TOURNIER, Paul. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">Paris, las claves de su historia.</span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;"> Barcelona: Ma non troppo / Robinbook,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>2001.<b><i> <o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">TRUILLEUX, Rodolphe.<b><i> Paris insólita &
misteriosa</i></b>. (Tradução de Alda Porto; fotos de Jacques Lebar). Rio de
Janeiro: Record, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">TURGOT, Michel Étienne. <b><i>Plan de Paris
1735-1739. </i></b>(Primeira edição fac-símile, constando de 20 planos
parciais; introdução de Laure Beaumont-Maillet; litografias de Michel Casse;
pasta de Dermont-Duval; composição do texto a cargo de Blanchard e Filhos).
Paris: Claude Tchou & Sons / Livraria Chapitre, 1999.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">VELHO, Otávio Guilherme (organizador). <b><i>O
fenômeno urbano. </i></b>(Introdução de Otávio Guilherme Velho; tradução de
Antônio Carlos Pinto Peixoto <i>et alii</i>). 2<sup>a</sup>. Edição, Rio de
Janeiro: Zahar, 1973.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">VERNE, Júlio. <b><i>Paris no século XX. </i></b>(Tradução
de Heloísa Jahn; prefácio e estabelecimento do texto de Piero Gondolo della
Riva). São Paulo: Atica, 1995.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">VOEGELIN, Eric. <b><i>Les religions politiques. </i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(versão francesa de Jacob Schmutz).
Paris: Les Éditions du Cerf, 1994.</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">WEBER, Max. “Conceito e categorias da cidade”.
In: VELHO, Otávio Guilherme (organizador). <b><i>O fenômeno urbano. </i></b>(Tradução
do ensaio de Max Weber a cargo de Antônio Carlos Pinto Peixoto). Rio de
Janeiro: Zahar, 1973, p. 68-89.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-fareast-font-family: Batang;">WHITE, Edmund.<b><i> O flâneur – Um passeio
pelos paradoxos de Paris. </i></b>(Tradução de Fernando Moraes. Ilustrações de
Paulo Pasta).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>São Paulo: Companhia das
Letras, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoCaption" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> </span><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">FIERRO, Alfred; SARAZIN, Jean-Yves. <b><i>Le
Paris des lumières d’après le Plan Turgot 1734-1739. </i></b>Paris: Éditions de
la Réunion des Musées Nationaux, 2005.</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> TURGOT, Michel Étienne. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Plan
de Paris. </span></i></b><b><i><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">1735-1739. </span></i></b><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">(Primeira
edição fac-símile, constando de 20 planos parciais; introdução de Laure
Beaumont-Maillet; litografias de Michel Casse; pasta de Dermont-Duval;
composição do texto a cargo de Blanchard e Filhos). Paris: Claude Tchou &
Sons / Livraria Chapitre, 1999.</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Apud FIERRO e SARAZIN, <b><i>Le
Paris des lumières d’après le Plan Turgot<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>1734-1739.</i></b> Ob. cit., p. 7.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> DUPÂQUIER, Jacques. <b><i>La
population française aux XVIIe.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>et
XVIIIe. siècles.</i></b> </span>2ª. Edição. Paris> Presses Universitaires de
France, 1993, p. 98.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> Cf. FIERRO – SARAZIN, <b><i>Le Paris des lumières d’après le Plan
Turgot<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1734-1739.</i></b> Ob. cit.,
ibid. BEAUMONT-MAILLET, Laure, “Por</span><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">trait d’une ville à
vol d’oiseau”, in: </span><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">TURGOT, Michel
Étienne. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Plan de Paris
1735-1739. </span></i></b><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">(Primeira edição fac-símile, constando
de 20 planos parciais; introdução de Laure Beaumont-Maillet; litografias de
Michel Casse; pasta de Dermont-Duval; composição do texto a cargo de Blanchard
e Filhos). Paris: Claude Tchou & Sons / Livraria Chapitre, 1999, p. III.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Apud BEAUMONT-MAILLET, Laure,
“Portrait d’une Ville à vol d’oiseau”, ob. cit., p. XII.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Cf. HAZARD, Paul. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">La crise de la conscience européenne
1680-1715. </span></i></b><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Paris: Arthème
Fayard, 1961</span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Batang;">.</span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Luís XV era bisneto de Luís XIV. Luís XVI, sucessor de Luís XV, era neto deste.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> KANT, Immanuel. “Respuesta a la
pregunta: Qué es la Ilustración?”, in: ERHARD, VON MOSER, <i>et alii</i>. <b><i>Qué
es Ilustración? </i></b></span>(Estudo preliminar de Agapito Mestre; tradução
española de Agapito Mestre e José Romagosa). 3ª. Edição. <span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Madrid: Tecnos, 1993, p. 17-18.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
LUÍS XIV, Rei da França. <b><i><span style="mso-fareast-font-family: Batang;">Memorias.
</span></i></b><span style="mso-fareast-font-family: Batang;">(Versão espanhola
de Aurelio Garzón del Camino). México: Fondo de Cultur</span><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-fareast-font-family: Batang;">a
Económica, 1989, p. 37.</span><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
LUÍS XIV, Rei da França. <span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Ob.
cit., p. 28.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> </span><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">GUIZOT, François. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Histoire de la civilisation en Europe depuis
la chute de l’Empire Romain jusqu’à la Révolution Française.</span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;"> </span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">8ª. Edição. Paris:
Didier, 1864, p. 391.</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
GUIZOT, ob. cit., p. 393-394.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
GUIZOT, ob. cit., p. 396-397.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> </span><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">TOCQUEVILLE, Alexis
de. </span><b><i><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">O Antigo Regime e a Revolução. </span></i></b><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">(Tradução
de Yvonne Jean; apresentação de Zevedei Barbu; introdução de J. P. Mayer). 3<sup>a</sup>.
Edição. Brasília: Universidade de Brasília; São Paulo: Hucitec, 1989, p. 93.</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
RICHELIEU, Cardeal Duque de (Armand du Pleissis). <b><i>Testamento político. </i></b>(Tradução
e apêndice de David Carneiro). São Paulo: Atena Editora, 1959, p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">17-19.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Apud DUPÂQUIER, ob. cit., p.
36.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. CASTEX, Pierre-Georges; SURER,
Paul. </span><b><i>Manuel des Études Littéraires Françaises – XVIIe. Siècle. </i></b>(Colaboração
de Georges Becker). <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Paris:
Hachette, 1947, p. 3.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Apud DUCHET-SUCHAUX, <b><i>Guide chronologique de l’histoire du monde.</i></b> <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Paris: Hachette, 1992, p. 242. </span>No
Congresso de Rastadt, em 1714, o francês é utilizado, pela primeira vez, como
língua diplomática, em substituição ao latim.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
DARNTON, Robert. <b><i>Os best-sellers proibidos da França pré-revolucionária. </i></b>(Tradução
de Hildegard Feist). São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 11.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Cf. FRANCASTEL, Pierre (organizador). <b><i>L’Urbanisme de Paris et l’Europe
1600-1680. </i></b>(Apresentação de Pierre Francastel). <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Paris: Klincksieck, 1969, p. 16-17.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> HAZARD, ob. cit., p. 15.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAZARD, Paul. Ob. cit., p. 17.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
GUIZOT, ob. cit., p. 400-401.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn25" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref25" name="_ftn25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
STERNE, Laurence. <b><i><span style="mso-fareast-font-family: Batang;">Uma viagem
sentimental através da França e da Itália.</span></i></b><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"> (Tradução de Bernardina da Silveira
Pinheiro; revisão, introdução e notas de Marta de Sena). Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2002, p. 22.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn26" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref26" name="_ftn26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
GUIZOT, ob. cit.,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>p. 403-404.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn27" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref27" name="_ftn27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. ROUSSEAU, Jean-Jacques. <b><i>Du
contrat social. </i></b>Paris: Garnier/Flammarion,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1966.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn28" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref28" name="_ftn28" style="mso-footnote-id: ftn28;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Uma das mais lúcidas análises sobre o absolutismo exercido em nome das massas
foi feita por Benjamin Constant de Rebecque, na sua clássica obra intitulada <b><i>Princípios
de Política, </i></b>(tradução espanhola de Josefa Hernández Alonso, introdução
de José Alvarez Junco), Madrid; Aguilar, 1970, p. 132 seg.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn29" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref29" name="_ftn29" style="mso-footnote-id: ftn29;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Guizot analisa o processo revolucionário na Inglaterra, na sua obra intitulada <b><i>Histoire
de la Révolution d’Anglaterre 1625-1660. </i></b>(Edição preparada por Laurent
Theis, com introdução deste autor). Paris: Laffont, 1997.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn30" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref30" name="_ftn30" style="mso-footnote-id: ftn30;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> GUIZOT, ob. cit., p. 405-406.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn31" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref31" name="_ftn31" style="mso-footnote-id: ftn31;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> HAZARD, Paul.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">La crise de la conscience européenne
1680-1715</span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Paris: Arthème Fayard, 1961.</span><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn32" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref32" name="_ftn32" style="mso-footnote-id: ftn32;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAZARD, Paul. Ob. cit., p. 9.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn33" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref33" name="_ftn33" style="mso-footnote-id: ftn33;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[33]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAZARD, Paul. Ob. cit., p. 8-9.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn34" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref34" name="_ftn34" style="mso-footnote-id: ftn34;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[34]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. VOEGELIN, Eric. </span><b><i>Les
religions politiques. </i></b>(versão francesa de Jacob Schmutz). Paris: Les
Éditions du Cerf, 1994.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn35" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref35" name="_ftn35" style="mso-footnote-id: ftn35;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[35]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Cf. DESCARTES, Renato. <b><i>Discurso do método e Tratado das paixões da alma. </i></b>(Tradução,
prefácio e notas de Newton de Macedo).<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Lisboa: Sá da Costa, 1937.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn36" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref36" name="_ftn36" style="mso-footnote-id: ftn36;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[36]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
O herói cervantino, Dom Quixote, efetivamente, é apresentado como a antítese do
herói clássico, que busca a estabilidade e o sossego. Com muito acerto Hazard
chama a atenção para o fato de Dom Quixote ser um herói da aventura que busca
uma utopia, em contraposição, por exemplo, ao “Cavaleiro da Capa Verde”, que no
capítulo XVIII da segunda parte de <b><i>Dom Quixote</i></b> encarna o
Classicismo, ao pronunciar estas palavras: “Me da la vida el temor de lo que
será después”, às quais se contrapõem as razões quixotescas, que centram toda a
finalidade da vida do homem em optar pelo estreitíssimo caminho da cavalaria
andante, que não sossega diante do conquistado, mas que busca novas aventuras.
Cf. CERVANTES, <b><i>Don Quijote de la Mancha, </i></b>(edição do IV
Centenario, com estudos introdutórios de Mario Vargas Llosa, Francisco Ayala e
Martín de Riquer), Madri: Alfaguara / Real Academia Espanhola / Associação das
Academias da Língua Espanhola, 2004, p. 686 seg, <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn37" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref37" name="_ftn37" style="mso-footnote-id: ftn37;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[37]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> MÉCHOULAN, Henry. </span><b><i>Etre
Juif à Amsterdam au temps de Spinoza. </i></b><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Paris: Albin Michel, 1991, p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>92.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn38" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref38" name="_ftn38" style="mso-footnote-id: ftn38;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[38]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> HAZARD, ob. cit., p. 18.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn39" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref39" name="_ftn39" style="mso-footnote-id: ftn39;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[39]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. LIPOVETSKY, Gilles. </span><b><i>O
império do efêmero – A moda e seu destino nas sociedades modernas.</i></b>
(Tradução de Maria Lúcia Machado). São Paulo: Companhia das Letras, 2003.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn40" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref40" name="_ftn40" style="mso-footnote-id: ftn40;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[40]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm. </span><b><i>Filosofia
para princesas.</i></b> (Versão espanhola, prólogo e notas de Javier
Echeverría). <span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Madrid:
Alianza Editorial, 1989.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn41" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref41" name="_ftn41" style="mso-footnote-id: ftn41;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[41]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> HAZARD, ob. cit., p. 19.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn42" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref42" name="_ftn42" style="mso-footnote-id: ftn42;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[42]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm. <b><i>Writings
on China. </i></b></span>(Versão inglesa, notas e comentários a cargo de Daniel
J. Cook e Henry Rosemont Jr.). <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Chicago:
Open Court, 1994.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn43" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref43" name="_ftn43" style="mso-footnote-id: ftn43;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[43]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Apud HAZARD, ob. cit., p. 32-33.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn44" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref44" name="_ftn44" style="mso-footnote-id: ftn44;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[44]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> HAZARD, ob. cit., p. 34.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn45" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref45" name="_ftn45" style="mso-footnote-id: ftn45;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[45]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Apud HAZARD, ob. cit., p. 56.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn46" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref46" name="_ftn46" style="mso-footnote-id: ftn46;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[46]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> HAZARD, ob. cit., p. 38.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn47" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref47" name="_ftn47" style="mso-footnote-id: ftn47;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[47]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Apud ROSANVALLON, Pierre. <b><i>Le
moment Guizot. </i></b></span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Paris:
Gallimard, 1985, p. 22.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn48" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref48" name="_ftn48" style="mso-footnote-id: ftn48;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[48]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> TOCQUEVILLE, Alexis de. </span><b><i>A
democracia na América.</i></b> (Tradução de Neil Ribeiro da Silva). 2<sup>a</sup>.
Edição em português. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1977, p. 377.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn49" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref49" name="_ftn49" style="mso-footnote-id: ftn49;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[49]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
DARNTON, Robert. <b><i>Os best-sellers proibidos da França pré-revolucionária. </i></b>(Tradução
de Hildegard Feist). São Paulo: Companhia das Letras, 1998.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn50" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref50" name="_ftn50" style="mso-footnote-id: ftn50;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[50]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Apud DARNTON, ob. cit., p. 268.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn51" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref51" name="_ftn51" style="mso-footnote-id: ftn51;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[51]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Cf. SADE, Donatien Alphonse François – Marquês de. <b><i>Os 120 dias de Sodoma.</i></b>
São Paulo: Hemus, 1969.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn52" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref52" name="_ftn52" style="mso-footnote-id: ftn52;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[52]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Cf. A excelente seleção de escritos destes três autores feita por Samuel Titan
Jr.: GUILLERAGUES, CRÉBILLON & DENON. <b><i>Na alcova – Três histórias
licenciosas, </i></b>(tradução, seleção e posfácio de Samuel Titan Jr.), São
Paulo: Companhia das Letras, 2001.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn53" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref53" name="_ftn53" style="mso-footnote-id: ftn53;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[53]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> DARNTON, ob. cit., p. 11-12.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn54" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref54" name="_ftn54" style="mso-footnote-id: ftn54;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[54]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> GOULEMONT, Jean-Marie. </span><b><i>Esses
livros que se lêem com uma mão só – Leitura e leitores de livros pornográficos
no século XVIII. </i></b>(Tradução de Maria Aparecida Corrêa). São Paulo:
Discurso Editorial, 2000, p. 172.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn55" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref55" name="_ftn55" style="mso-footnote-id: ftn55;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[55]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> CONDORCET. <b><i>Matemáticas y
sociedad. </i></b></span>(Introdução e seleção de textos de Roshdi Rashed;
tradução espanhola de José Antonio Robles García). 1<sup>a</sup>. Edição em
espanhol. <span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">México: Fondo de
Cultura Econômica, 1990.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn56" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref56" name="_ftn56" style="mso-footnote-id: ftn56;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[56]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Cf., a propósito do termo <i>democracia
totalitária</i>, TALMON, J. L. <b><i>Los Orígenes de la democracia totalitaria.
</i></b></span>(Tradução ao espanhol de M. Cardenal Iracheta). México: Aguilar,
1956.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn57" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref57" name="_ftn57" style="mso-footnote-id: ftn57;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[57]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAZARD, ob. cit., p. 34-35.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn58" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref58" name="_ftn58" style="mso-footnote-id: ftn58;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[58]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. WEBER, Max. </span>“Conceito e
categorias da cidade”. In: VELHO, Otávio Guilherme (organizador), <b><i>O
fenômeno urbano.</i></b> (Tradução do ensaio de Weber a cargo de Antônio Carlos
Pinto Peixoto). Segunda edição. Rio de Janeiro: Zahar, 1973, p. 68-89. Na
página 70 desta obra, Max Weber caracteriza a cidade nos seguintes termos: “É
normal que a cidade, tão logo se apresenta com uma estrutura diferente do
campo, seja por sua vez sede de um senhor, ou de um príncipe, e lugar de
mercado, ou possua centros econômicos de ambas as espécies – <i>oikos</i> e
mercado – e também é freqüente que tenham lugar periodicamente na localidade,
além do mercado local regular, feiras de comerciantes em trânsito. Porém a
cidade – no sentido que usamos o vocábulo aqui – é um <i>estabelecimento</i> de
mercado”.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn59" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref59" name="_ftn59" style="mso-footnote-id: ftn59;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[59]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Cit. Por HAROUEL, Jean-Louis. <b><i>História do urbanismo. </i></b>(Tradução de
Ivone Salgado).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>4<sup>a</sup>. Edição.
Campinas: Papirus, 2004, p. 61.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn60" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref60" name="_ftn60" style="mso-footnote-id: ftn60;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[60]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, ob. cit., p. 63.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn61" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref61" name="_ftn61" style="mso-footnote-id: ftn61;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[61]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, ob. cit., p. 64.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn62" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref62" name="_ftn62" style="mso-footnote-id: ftn62;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[62]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, ob. cit., p. 66.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn63" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref63" name="_ftn63" style="mso-footnote-id: ftn63;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[63]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, ob. cit., p. 67.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn64" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref64" name="_ftn64" style="mso-footnote-id: ftn64;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[64]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, ob. cit., p. 88.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn65" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref65" name="_ftn65" style="mso-footnote-id: ftn65;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[65]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Cf. HAROUEL, ob. cit., p. 90.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn66" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref66" name="_ftn66" style="mso-footnote-id: ftn66;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[66]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Cit. Por HAROUEL, ob. cit., p. 68.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn67" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref67" name="_ftn67" style="mso-footnote-id: ftn67;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[67]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, ob. cit., p. 69.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn68" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref68" name="_ftn68" style="mso-footnote-id: ftn68;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[68]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
A preocupação com o equilíbrio entre cidade e natureza aparece já na
legislação, notadamente no decreto real<i> </i>de 1669, em que Colbert fixa os
princípios que devem presidir a exploração das florestas e os cuidados com o
meio ambiente, em dois institutos legais intitulados: <i>Principes de la
Gestion des Forêts</i> e <i>Grande Ordonnance des Eaux et Forêts.<o:p></o:p></i></div>
</div>
<div id="ftn69" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref69" name="_ftn69" style="mso-footnote-id: ftn69;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[69]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, ob. cit., p. 71.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn70" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref70" name="_ftn70" style="mso-footnote-id: ftn70;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[70]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
BACHAUMONT, <b><i>Essais sur la pe</i></b><b><i><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">inture, la sculpture et l’architecture,</span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Paris, 1752, apud HAROUEL, ob.
cit., p. 72.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn71" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref71" name="_ftn71" style="mso-footnote-id: ftn71;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[71]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, ob. cit., p. 72-73.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn72" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref72" name="_ftn72" style="mso-footnote-id: ftn72;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[72]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
TOCQUEVILLE, <b><i>O Antigo Regime e a Revolução, </i></b>ob. cit., p. 165-166.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn73" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref73" name="_ftn73" style="mso-footnote-id: ftn73;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[73]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Cf. GERLAC, Henry. “Vauban – O impacto da ciência na guerra”. <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">In: PARET, Peter. </span><b><i>Construtores da
estratégia moderna. </i></b>(Tradução de Joubert de Oliveira Brízida). Rio de
Janeiro: Bibliex, 2001, vol. <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">I,
p. 98-99.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn74" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref74" name="_ftn74" style="mso-footnote-id: ftn74;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[74]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. FIERRO – SARAZIN, ob. cit., p.
7-15. BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p. IV.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn75" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref75" name="_ftn75" style="mso-footnote-id: ftn75;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[75]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Apud BEAUMONT-MAILLET, “Portrait
d’une ville á vol d’oiseau”, ob. cit., p. IV.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn76" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref76" name="_ftn76" style="mso-footnote-id: ftn76;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[76]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Apud BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p.
VI.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn77" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref77" name="_ftn77" style="mso-footnote-id: ftn77;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[77]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p. VI.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn78" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref78" name="_ftn78" style="mso-footnote-id: ftn78;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[78]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Apud BAUMONT-MAILLET, Laure, ob.
cit., p. V.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn79" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref79" name="_ftn79" style="mso-footnote-id: ftn79;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[79]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p. III
–IV. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn80" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref80" name="_ftn80" style="mso-footnote-id: ftn80;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[80]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p. VI.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn81" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref81" name="_ftn81" style="mso-footnote-id: ftn81;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[81]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Apud LÉVY, Artur. </span><b><i>A
vida íntima de Napoleão. </i></b>(Tradução de Emil Farhat). São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1943, p. 35.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn82" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref82" name="_ftn82" style="mso-footnote-id: ftn82;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[82]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> STAËL-HOLSTEIN, Germaine Necker
Madame de. <b><i>Dix années d’exil.</i></b> (Edição crítica preparada por
Simone Balayé e Mariella Viannello Bonifácio). Paris: Fayard, 1996, p. 135-136.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn83" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref83" name="_ftn83" style="mso-footnote-id: ftn83;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[83]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> FARGE, Arlette. <b><i>La vie
fragile - Violence, pouvoirs et solidarités à Paris au XVIIIe. Siècle. </i></b>Paris:
</span>Hachette, 1986, p. 17-18. Autores da época, como Laurence Sterne, dão
testemunho da precariedade em que vivia a classe média parisiense; a propósito,
escreve: “Pois bem, acontecia que havia apenas uma cama na casa, os outros dois
quartos não tendo mobília alguma, como é de costume em Paris...” (<b><i>Uma
viagem sentimental através da França e da Itália, </i></b>ob. cit., p/ 126).<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn84" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref84" name="_ftn84" style="mso-footnote-id: ftn84;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[84]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
STERNE, Laurence. <b><i>Uma viagem sentimental através da França e da Itália</i></b>.
<span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Ob. cit., p. 133.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn85" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref85" name="_ftn85" style="mso-footnote-id: ftn85;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[85]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. STERNE, Laurence. </span><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Ob. cit., p. 157, nota 66.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn86" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref86" name="_ftn86" style="mso-footnote-id: ftn86;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[86]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> STERNE, Laurence. Ob. cit., p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>74-75.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn87" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref87" name="_ftn87" style="mso-footnote-id: ftn87;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[87]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> FARGE, Arlette. <b><i>La vie
fragile. </i></b></span><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Ob.
cit., p. 20.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn88" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref88" name="_ftn88" style="mso-footnote-id: ftn88;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[88]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> FARGE, Arlette, ob. cit., p. 20-21.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn89" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref89" name="_ftn89" style="mso-footnote-id: ftn89;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[89]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, Laure. </span>“Portrait
d’une ville à vol d’oiseau”. Ob. cit., p. XII.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn90" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref90" name="_ftn90" style="mso-footnote-id: ftn90;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[90]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
FARGE, Arlette. <b><i><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">La vie
fragile, </span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">ob.
cit., p. 27.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn91" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref91" name="_ftn91" style="mso-footnote-id: ftn91;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[91]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
FARGE, Arlette.<b><i> La vie fragile, </i></b>ob. cit., p. 29-30. <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn92" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref92" name="_ftn92" style="mso-footnote-id: ftn92;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[92]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
A propósito da “alegria de viver” do povinho francês, o escritor Laurence
Sterne dá o seguinte testemunho, descrevendo o comportamento jovial do seu
criado: “O charme de La Fleur (pois sua própria experiência era um passaporte)
logo pôs à vontade todos os criados na cozinha; e como um francês, quaisquer
que sejam as suas aptidões, não tem nenhuma espécie de pudor em mostrá-las, em
menos de cinco minutos, La Fleur retirava a sua flauta e, dando ele próprio
início à dança com a primeira nota, pôs a dançar a <i>fille de chambre, </i>o <i>maître
d’hôtel, </i>o cozinheiro, o ajudante de cozinha e todo o pessoal da casa, cães
e gatos, além de um velho macaco; suponho que nunca houve uma cozinha mais
alegre desde o Dilúvio” (<b><i>Uma viagem sentimental através da França e da
Itália, </i></b>ob. cit., p. 59).<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn93" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref93" name="_ftn93" style="mso-footnote-id: ftn93;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[93]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Apud FARGE, Arlette, ob. cit., p.
33.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn94" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref94" name="_ftn94" style="mso-footnote-id: ftn94;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[94]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
LÉVY, Artur. <b><i>A vida íntima </i></b><b><i><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">de Napoleão. </span></i></b>(Tradução de Emil
Farhat). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1943, p. 96.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn95" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref95" name="_ftn95" style="mso-footnote-id: ftn95;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[95]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
Apud MÉLONIO, Françoise. <b><i><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Tocqueville
et les Français. </span></i></b><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Paris:
Aubier, 1993, p. 16.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn96" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref96" name="_ftn96" style="mso-footnote-id: ftn96;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[96]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p.
VI-VII</span>.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn97" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref97" name="_ftn97" style="mso-footnote-id: ftn97;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[97]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p. VII.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn98" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref98" name="_ftn98" style="mso-footnote-id: ftn98;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[98]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
STERNE, Laurence. <b><i>Uma viagem sentimental através da França e da Itália. </i></b><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Ob. cit., p. 126.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn99" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref99" name="_ftn99" style="mso-footnote-id: ftn99;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[99]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Cf. OGRIZEK, Doré. <b><i>France.
</i></b></span>(Colaboração, para os textos, de Dominique LE BOURG e Jean
DESTERNES). <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Paris: Odé, 1953,
p. 250-251.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn100" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref100" name="_ftn100" style="mso-footnote-id: ftn100;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[100]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
HAROUEL, Jean-Louis, <b><i>História do Urbanismo. </i></b><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">Ob. cit., p. 76.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn101" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref101" name="_ftn101" style="mso-footnote-id: ftn101;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[101]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> BEAUMONT-MAILLET, “Portrait
d’une ville à vol d’oiseau”</span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">, ob. cit., p. IX.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn102" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref102" name="_ftn102" style="mso-footnote-id: ftn102;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[102]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, “Portrait d’une
ville à vol d’oiseau”, ob. cit., p. IX.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn103" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref103" name="_ftn103" style="mso-footnote-id: ftn103;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[103]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p. XI.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn104" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref104" name="_ftn104" style="mso-footnote-id: ftn104;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[104]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p. XI.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn105" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref105" name="_ftn105" style="mso-footnote-id: ftn105;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[105]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p. XI.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn106" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref106" name="_ftn106" style="mso-footnote-id: ftn106;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[106]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p.
VIII.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn107" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref107" name="_ftn107" style="mso-footnote-id: ftn107;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[107]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Cf. BEAUMONT-MAILLET, ob. cit., p.
X.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn108" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref108" name="_ftn108" style="mso-footnote-id: ftn108;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[108]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> FIERRO-SARAZIN, ob. cit., p.
138.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn109" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PARIS%20DAS%20LUZES%20SEGUNDO%20O%20PLANO%20DE%20TURGOT%20-%201739%20(1).doc#_ftnref109" name="_ftn109" style="mso-footnote-id: ftn109;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-fareast-font-family: Batang;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt;">[109]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"> Cf. ORTEGA Y GASSET, José. </span><b><i>A
rebelião das massas. </i></b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(Tradução
de Marilene Pinto Michael). 2<sup>a</sup>. Edição. São Paulo: Martins Fontes,
2002.<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-82410308284324716722020-06-02T04:14:00.000-07:002020-06-02T04:14:39.514-07:00Pensadores Portugueses - ALEXANDRE HERCULANO (1810-1877)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIuw4BYeOkeBvsQPCmc-f2Die9B2QXdvP-8KQDPnZsbFv9pT66dtldztAtZJc7zr9_y0W_g15y5N1UiI4acP-D2Xf0Df_TW0DpolERyuF2RPpIwBhrjKBCJjQQug-mb3f5AtmsjH8J0RIT/s1600/ALEXANDRE+HERCULANO+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="271" data-original-width="186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIuw4BYeOkeBvsQPCmc-f2Die9B2QXdvP-8KQDPnZsbFv9pT66dtldztAtZJc7zr9_y0W_g15y5N1UiI4acP-D2Xf0Df_TW0DpolERyuF2RPpIwBhrjKBCJjQQug-mb3f5AtmsjH8J0RIT/s1600/ALEXANDRE+HERCULANO+1.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Neste ensaio serão desenvolvidos dois itens: I – Breve sinopse
bio-bibliográfica de Alexandre Herculano. 2 – Espírito doutrinário e romantismo
na versão de Alexandre Herculano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> I - BREVE SINOPSE BIO-BIBLIOGRÁFICA.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A</span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">lexandre
Herculano de Carvalho nasceu em Lisboa, em 28 de março de 1810, ano 3<sup>º</sup>
da invasão francesa. Os seus pais foram Teodoro Cândido de Araújo (recebedor da
Junta dos Juros e que professava idéias liberais) e Maria do Carmo de São
Boaventura (descendente de pedreiros e mestres de obras do Paço). Cursou
Herculano os seus estudos de Humanidades, preparatórios à Universidade, no
Colégio de São Filipe de Nery, dirigido pelos Padres Oratorianos, onde também
fez os seus estudos o grande pensador luso-brasileiro Silvestre Pinheiro
Ferreira (1769-1846). Impedido de frequentar a Universidade, em decorrência de
problemas de saúde do seu pai, o nosso autor viu-se obrigado a assistir a um
curso técnico, tendo-se matriculado na Aula de Comércio (que tinha sido criada
pelo Marquês de Pombal) e frequentou, na Torre do Tombo, a cadeira de
Diplomática. Essa formação recebida pelo historiador português, sem dúvida
influenciou diretamente nos rumos da sua vida intelectual, tendo herdado dos
Oratorianos o contato com as idéias neoplatônicas. O nosso autor tirou,
outrossim, da sua passagem pela Torre do Tombo, nas aulas de Diplomática, a
diuturna procura e valorização dos documentos antigos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O agitado clima político da época foi, com certeza, outro fator que
influiu, decididamente, no perfil intelectual de Herculano. Grandes mudanças
experimentou Portugal no início do oitocentos, em decorrência da agitação de
idéias e da reformulação do panorama político europeu, ao ensejo da gesta
napoleônica e do ulterior confronto entre democratismo e monarquia, que de uma
ou outra forma se espalhou pelos países que receberam a influência cultural da
França. António Borges Coelho (1928-) sintetiza assim esse pano de fundo
histórico: "A primeira metade do século XIX é uma época
extraordinariamente fértil em acontecimentos políticos. Invasões Francesas,
fuga da Família Real, guerrilhas, regência do diplomata inglês William Carr Beresford
(1768-1854), execução de Gomes Freire de Andrade (1757-1817) e dos outros
conjurados, revolução de 1820, Constituição de 1822 (a primeira Constituição de
Portugal), Vilafrancada, carta constitucional de 1826, monarquia absoluta de
1828, revolução liberal do mesmo ano esmagada com o corolário de enforcamentos
no Porto, Aveiro e todo esse sudário descrito por Herculano nos <i>Mártires da
liberdade</i>" [Coelho, 1965: 9-10].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As primeiras poesias de Herculano revelam-nos um jovem inflamado pelas
idéias tradicionalistas, que o levaram a tecer elogios ao regime absolutista de
Dom Miguel I (1802-1866), em 1828. No entanto, essa etapa é curta, porque logo
a seguir, em 1829, Herculano fazia a crítica "aos tiranos". A partir
de então o nosso autor familiarizou-se com o meio social que cultivava as
idéias liberais, os salões literários, notadamente o da Marquesa de Alorna,
Leonor de Almeida Portugal (1750-1839), por cujo intermédio o nosso autor foi
estimulado a ler as obras de René de Chateaubriand (1768-1848) e Madame de
Staël (1766-1817). Que as primeiras idéias dos românticos franceses tinham
entrado cedo entre os denominados <i>estrangeirados</i> portugueses, fica
provado a partir da correspondência entre Dom Pedro de Souza Holstein
(1781-1850) - Duque de Palmela - com Madame de Staël, na primeira década do
século XIX [cf. Staël-Souza, 1979].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A Revolução de Julho de 1830, na França, animou sobremaneira a juventude
liberal portuguesa. O nosso autor, com a idade de 21 anos, participou, em 21 de
agosto de 1831, do levantamento do Quarto Batalhão de Infantaria. Os amotinados
foram esmagados pelas forças governamentais, com um balanço trágico: 300 mortos
e 40 fuzilados em Lisboa. Herculano conseguiu se refugiar numa fragata francesa
e fugir para Inglaterra. Embora tivesse sido curta a permanência do nosso autor
no exílio europeu (ao todo seis meses, entre 21 de agosto de 1831 e o final de
fevereiro de 1832, tendo ficado semanas apenas na Inglaterra e, depois, algum
tempo mais dilatado na França), esse período foi o bastante intenso como para
imprimir um selo intelectual indelével na restante parte da sua obra. Para os
tacanhos espíritos acostumados às benesses do turismo acadêmico é, certamente,
um período curto demais. Não assim para jovens sedentos de cultura e
interessados em compreender as intrincadas condições da sua época. Lembremos
que, por esse mesmo tempo, um jovem francês, de apenas 26 anos, parte, na
companhia de seu melhor amigo, para os Estados Unidos, onde passa nove meses,
com a finalidade de estudar o sistema penitenciário e compreender o fenômeno da
democracia americana. Desse curto período nasce, entre outras obras, a <i>Democracia
na América</i>, esse clássico da ciência política que ainda causa admiração
pela sua abrangência e que tornou o seu autor, Alexis de Tocqueville
(1805-1859), conhecido pelo mundo afora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Dois importantes centros de documentação foram frequentados pelo jovem
Herculano durante a sua permanência na França: a Biblioteca Pública de Rennes,
na Bretanha, e a Biblioteca Nacional de Paris. Certamente, o publicista francês
mais lido nesse período era o todo-poderoso ministro da Instrução de Luís
Filipe I (1773-1850), François Guizot (1787-1874), cuja obra foi consultada com
entusiasmo pelo nosso autor. Daí emerge a inspiração doutrinária de Herculano,
sendo essa, sem dúvida nenhuma, a caraterística intelectual mais marcante do
seu pensamento, como teremos oportunidade de ilustrar ao longo deste ensaio.
Mas não foi apenas de Guizot que o nosso autor recebeu influência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Também foi moldada a sua inteligência pelo espiritualismo de Pierre-Paul
Royer-Collard (1763-1845), através do <i>ecletismo espiritualista </i>de Victor
Cousin (1792-1867), que possibilitaria estabelecer uma ponte mediadora entre o
empirismo lockeano e a filosofia transcendental de Immanuel Kant (1724-1804).
Além da inspiração neoplatônica, recebida dos seus mestres Oratorianos,
Herculano foi tributário das idéias de Georg W. Hegel (1770-1831), muito
provavelmente não de maneira direta, mas, como em Guizot, tendo recebido essa
influência através de Victor Cousin, de forma a considerar "a história,
desde as formas elementares do mundo inanimado até às realizações mais perfeitas
da humanidade, que são os heróis, como o desenvolvimento progressivo da Idéia
ou Razão divina. Cada século e cada época encarna uma idéia, ou melhor, uma
fase da Idéia" [Saraiva, 1977: 49]. Junto com o hegelianismo, o nosso
autor recebeu embalada a idéia de progresso, que o filósofo alemão, por sua
vez, tinha haurido nas obras de Giambattista Vico (1668-1744) e Carl von Savigny
(1779-1861).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Outra importante vertente do pensamento francês, com a qual o nosso
autor se familiarizou, nas suas leituras realizadas em Rennes e Paris, foi a do
cristianismo liberal representado pelo grupo do jornal <i>Avenir, </i>que
apareceu em Paris, em 1830, sob a orientação de Hugo Felicité de Lamennais
(1782-1854), com a finalidade de conciliar a vivência cristã com os ideais da
revolução burguesa, apregoando a separação da Igreja em relação ao Estado e
defendendo a conquista da Liberdade também para o proletariado. Na conhecida
obra de Lamennais intitulada: <i>Essai sur l'Indifférence en matière de
Réligion</i>, era defendida, contra a visão apologética tradicional, a
existência de um senso comum da humanidade que, à maneira de uma religião
civil, transpareceria, ao longo da história, na legislação, nos costumes e nas
crenças dos vários povos. Sem dúvida que estas idéias, de corte epistemológico
tradicionalista, contribuíram a moldar a desconfiança de Herculano em face dos
sistemas racionalistas de pensamento, bem como na sua crítica aos excessos
perpetrados pela Ilustração, em nome de uma razão abstrata.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vale a pena destacar um aspecto das influências recebidas, no que tange
à concepção da historiografia. Além da principal obra de Guizot, as <i>Lições
sobre a História da Civilização na Europa</i> (1828), o nosso autor leu a obra
de Augustin Thierry (1795-1856), as suas conhecidas <i>Lettres sur l'Histoire
de la France<b> </b></i>(1827). Vejamos a forma em que o principal historiador
da formação de Herculano, Antônio José Saraiva (1917-1993), ilustra as
influências recebidas desses dois autores, destacando a particular forma em que
eles focalizam a história, lida do ponto de vista da responsabilidade das
classes médias burguesas:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">"Herculano chegava à França na época da grande voga dos estudos
históricos de Thierry e Guizot, que davam a perspectiva histórica da revolução
burguesa pela qual ele se estava batendo. Thierry oferecia (...) a história do
Terceiro Estado, que fizera a revolução. Reconstitui as suas humildes origens
nos municípios que reerguem as muralhas derrocadas pela passagem dos bárbaros
invasores, se defendem contra a rapina dos senhores feudais e dos reis,
arrancam pela insurreição as cartas de foral, acolhem os servos fugitivos,
elegem os seus magistrados, se educam na liberdade e no trabalho. O Terceiro
Estado concluíra, enfim, a sua obra derrubando as muralhas da Bastilha. Thierry
abre desta maneira na história, dentro do impulso do século XVIII, a
perspectiva da marcha das maiorias para a riqueza e a liberdade; e chama a
atenção para as lutas de classes através das quais se realiza o progresso. A
França, diz ele, não é uma nação, mas duas nações irreconciliáveis, uma das
quais acabará por esmagar a outra. E na história de Portugal, saudando a
revolução portuguesa de 1820, mostrava Thierry os antigos antecedentes da
classe média resistindo à aristocracia e manifestando-se nas cortes. Recordava
a este propósito a frase de Madame de Staël: <i>La liberté est ancienne; seul
le despotisme est moderne</i>. Opondo a classe burguesa, produtora de riqueza,
aos privilegiados feudais, que vivem de um imposto lançado sobre o trabalho,
Thierry desenvolve, retrospectivamente, a apologia da produção que se encontra
nas obras de Saint-Simon (1760-1825), de quem fora secretário. Mas já Guizot
sugere outra visão da história. Também ele (...) se ocupa do Terceiro Estado e
da sua ascensão; mas as lutas de classes assumem, no seu quadro histórico, o
aspecto de lutas de <i>princípios</i>: o princípio da<i> unidade</i>
personificado no Papado, o princípio <i>democrático</i> representado pelas
comunas, o princípio da <i>liberdade</i> introduzido pelos bárbaros. E a
Providência executa, por intermédio deles, o seu plano sobre a Terra, sem que
os homens se deem conta da obra em que trabalham, como operários que realizam,
separadamente, as diferentes peças de uma máquina cujo projeto desconhecem. É
sobretudo com base nesta preparação cultural, tentando aplicar os princípios
gerais da renovação filosófica, da renovação religiosa e da reforma
econômico-social consciencializada pelos historiadores, que Herculano enfrenta
os problemas da reconstrução moral da sociedade portuguesa, imposta pela queda
do antigo regime. Tais problemas constituem a sua principal preocupação de 1834
a 1843, isto é, entre o fim da guerra civil e a preparação da <i>História de
Portugal</i>" [Saraiva, 1977: 51-52].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Em fevereiro de 1832 o nosso autor embarcou de regresso à Ilha
Terceira, formando parte do corpo expedicionário de 7.500 homens que, em 8 de
julho do mesmo ano, desembarcaram no Mindelo. Herculano era o soldado de número
99 da 3<sup>ª</sup> Companhia de Voluntários da Rainha. Participou na linha de
frente da guerra civil que se seguiu. Antes de terminar o conflito, vemos o
nosso autor, liberado do serviço militar e transformado em pesquisador que
trabalha, incansavelmente, na busca de fontes primárias da história portuguesa.
Na qualidade de 2<sup>º</sup> bibliotecário da Biblioteca Pública do Porto
(criada por essa época com os fundos da livraria do Bispo), Herculano percorreu
as bibliotecas monásticas do norte de Portugal, na busca de documentos que
possibilitassem a reconstrução da gesta portuguesa, um trabalho sem dúvida
inspirado no ofício de historiador que Guizot expõe detalhadamente na sua obra.
Ainda na cidade do Porto, no ano de 1835, o nosso autor colaborou no jornal <i>O
Repositório Literário,<b> </b></i>órgão da Sociedade das Ciências Médicas e da
Literatura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas o democratismo de inspiração rousseauniana e jacobina estava em
ascensão em Portugal. A Revolução de Setembro de 1836 que restaurou a
Constituição de 1822, foi considerada, pelo nosso autor, como um lamentável
retrocesso. O seu ensaio intitulado: <i>A Voz do Profeta</i>, testemunha o
descontentamento de Herculano para com a "populaça" em ascensão.
Nesse mesmo ano pediu demissão do seu cargo público no Porto e regressou a
Lisboa, onde se engajou na luta contra o <i>setembrismo</i>. Herculano, como
aliás o seu inspirador, Guizot, era um liberal moderado. O jovem escritor era
um <i>cartista</i> que defendia entusiasticamente a posição de Dom Pedro IV
(1798-1834), inimigo declarado do modelo absolutista ensejado pelo <i>miguelismo</i>,
bem como do democratismo. Sem emprego, o nosso autor aceitou, em 1837, a
redação de <i>O Panorama</i>, semanário ilustrado, editado pela Sociedade
Propagadora dos Conhecimentos Úteis. Aderiu, em 1838, à nova Constituição, que
representava um modelo de transição entre o democratismo da Carta de 22 e as
tendências moderadas. Nesse mesmo ano, Herculano publicou a primeira edição das
suas poesias, sob o título de: <i>A Harpa do Crente</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em 1839, o nosso autor foi nomeado, pelo rei Dom Fernando II (1816-1885),
Diretor das Bibliotecas Reais da Ajuda e das Necessidades. Nessa nova posição,
o jovem historiador, que então contava com 29 anos, pôde se dedicar às
pesquisas históricas. Ao longo da década de 1840, o nosso autor firmou a sua
vocação de historiador e escritor, com os seus<i> Apontamentos para a história
dos bens da Coroa e dos Forais</i>, com os romances <i>Eurico, o Presbítero</i>
e <i>O Pároco da Aldeia</i> e com os dois primeiros volumes da <i>História de
Portugal</i>. Em 1840, por interferência de Rodrigo Magalhães, ministro do
Reino, o nosso autor foi eleito deputado pelo círculo eleitoral do Porto. A sua
breve passagem pelo Legislativo traduziu-se em duas iniciativas: o nosso autor
combateu o projeto de lei que criava um depósito bancário para a fundação de
jornais (medida decerto restritiva à liberdade de imprensa); de outro lado,
como já fizera Guizot na França, o jovem deputado preparou um projeto de
reforma do ensino popular. Nessas empreitadas, contou com a colaboração de
alguns amigos como António Luis de Seabra (1798-1895), António de Oliveira
Marreca (1815-1889) e Vicente Ferrer Neto Paiva (1798-1886), que se destacou
por ser um dos filósofos de inspiração krausista que mais influenciou na
renovação das idéias jurídicas em Portugal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ao ensejo da restauração da Carta de 1842 por António Bernardo da Costa
Cabral (1803-1889), o nosso autor retirou-se da cena política, não tendo
aceitado o convite formulado pelo chefe do Estado para que ocupasse o cargo de
Inspetor Geral dos Espetáculos, de que João Baptista de Almeida Garrett
(1799-1854) tinha sido afastado. Dedicou-se Herculano, ao longo destes anos, às
suas pesquisas históricas. Em 1850 publicou o terceiro volume da <i>História de
Portugal</i>, tendo desencadeado a reação do clero conservador. Em ensaios
contundentes, o nosso autor defendeu a sua obra, como nos intitulados: <i>Eu e
o Clero</i>, <i>Solemnia Verba</i> e no prefácio à <i>História da origem e do
estabelecimento da Inquisição em Portugal</i> (cujo primeiro volume apareceria
depois, em 1853).<b> </b>Em 1844, o nosso autor foi admitido na Academia, na
qualidade de sócio correspondente. Nesse mesmo ano traçou os lineamentos gerais
de uma obra que ficou inédita, intitulada: <i>Estudos sobre a Idade Média
Portuguesa</i>, na qual, à maneira de Thierry, pretendia revolucionar a
historiografia nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas Herculano, doutrinário por vocação, não se limitou à vida
intelectual. Participou ativamente, em 1850, do protesto dos intelectuais
contra a denominada "Lei das Rolhas", que constituía um atentado contra
a liberdade de imprensa. Na sua casa, no ano seguinte, realizaram-se as
reuniões dos oposicionistas que levaram à queda de Costa Cabral, ao ensejo do
golpe de estado que deu início à denominada <i>Regeneração</i>. Mas a situação
política não se estabilizou com a ascensão do novo governo, de que
participaram, inicialmente, alguns dos seus amigos. Desiludido com os rumos
pouco liberais do governo emergido da <i>Regeneração</i>, o nosso autor passou
a participar ativamente da oposição, através dos seus artigos nos jornais <i>O
País</i> e <i>O Português</i>. Em 1853 candidatou-se, pela oposição, às
eleições municipais, tendo sido eleito presidente da Câmara Municipal de Belém.
Aos poucos, o nosso autor converteu-se no porta-voz mais destacado da média
burguesia rural. Naquele mesmo ano, publicou o primeiro volume da <i>História
da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal</i>. Fundou, em 1856, o
Partido Progressista Histórico, tendo participado de sua direção. Em 1857
combateu a Concordata com a Santa Sé. Em 1860, como membro da Comissão Revisora
do <i>Código Civil</i>, propôs a introdução, em Portugal, do casamento civil,
tendo sido atacado duramente pelo clero. Herculano defendeu-se numa série de
artigos contundentes que publicaria mais tarde sob o título de: <i>Estudos
sobre o casamento civil</i>. A atividade intelectual do nosso autor foi
bastante intensa, ao longo da década de 1850. Além dos trabalhos já
mencionados, no ano de 1853 apareceu o quarto volume da <i>História de Portugal</i>.
Entre 1853 e 1854 preparou a edição dos documentos medievais portugueses dos
séculos XII e XIII, sob o título de: <i>Portugaliae Monumenta Historica</i>. Em
1853, a sua <i>História de Portugal</i> recebeu da Universidade um elogio
oficial, de que foi relator o seu amigo Vicente Ferrer Neto Paiva. Em 1859, foi
publicado o último volume da <i>História da Inquisição</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Presença tão destacada no universo cultural e político português do
período, conferiu ao nosso autor a auréola de liderança cívica que todos
reconheciam, até críticos como Teófilo Braga (1843-1924) que, na sua <i>História
do Romantismo</i>, escreveu o seguinte: "Nunca ninguém exerceu um poder
tão grande, na forma a mais espontaneamente reconhecida; as opiniões
entregavam-se à sua afirmação, como um povo se entrega a um salvador"
[apud Coelho, 1965: 16]. Privava o nosso autor da amizade de Dom Pedro V
(1837-1861), mas não quis aceitar as benesses e distinções que lhe foram
oferecidas, como a nomeação de par do Reino, a condecoração com a ordem Torre e
Espada e a regência de uma cadeira no Curso Superior de Letras. Em 1867,
Herculano casou-se com Hermínia Meira (nascida em 1815), que conhecia desde a
sua infância. Instalou-se, a partir desse tempo, na sua Quinta de Vale de
Lobos, que tinha adquirido em 1859 com os recursos gerados pelas suas publicações.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Afirmando que dava por terminada a sua carreira literária dedicou-se,
nos anos seguintes, à vida agrária. O Imperador do Brasil, Dom Pedro II
(1825-1891), foi lá visitá-lo. Mas o velho doutrinário não podia deixar de
refletir sobre as realidades da sua época. Desse período datam alguns escritos
seus muito significativos, como a correspondência com Joaquim Pedro de Oliveira
Martins (1845-1894) e as suas críticas às decisões do Concílio Vaticano I,
reunido em 1869-1870. Em 1873, Herculano começou a publicar os seus escritos
avulsos, que tinham anteriormente aparecido na imprensa, sob o título de <i>Opúsculos</i>.
Esta obra, em dez volumes, terminou de ser editada, postumamente, em 1908.
Defensor intransigente da propriedade rural, o nosso pensador, no entanto,
mostrou-se sensível à sorte dos camponeses da sua região, que lhe renderam
sentida homenagem quando da sua morte, ocorrida em 13 de setembro de 1877.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <b>II-ESPÍRITO DOUTRINÁRIO E ROMANTISMO NA VERSÃO DE ALEXANDRE
HERCULANO.</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nesta segunda parte da minha exposição farei uma análise sucinta dos
principais aspectos que integram a concepção doutrinária e romântica de
Herculano. Serão desenvolvidos os seguintes itens: 1) A crise em Portugal,
segundo Herculano e a geração romântica; 2) A fundamentação da moral na
religião; 3) A concepção religiosa do homem; 4) Concepção religiosa da história
e da política; 5) O liberalismo de Herculano; 6) Crítica à filosofia incrédula;
7) Paralelo do romantismo de Herculano com a versão romântica de Domingos
Gonçalves de Magalhães (1811-1882).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A obra de Herculano insere-se no amplo contexto do romantismo europeu,
em cujas origens remotas, segundo António José Saraiva, está o progresso econômico,
político e social da burguesia e cujo desfecho identifica-se com as
conseqüências da grande revolução industrial que, desde 1850, transformou
totalmente a vida na Europa. A função que o escritor romântico passa a
desempenhar, no seio da sociedade européia dessa época, é de grande
importância, porquanto as camadas sociais em ascensão procuram uma
identificação plástica dos seus ideais, através das obras literárias [cf.
Saraiva, 1976: 729-730].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">1 - A crise de Portugal, segundo Herculano e a geração romântica.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A obra de Herculano deixa transluzir a crise que atingia Portugal no
século XIX. A intelectualidade dedicar-se-ia a denunciar essa crise e a
analisá-la desde diferentes ângulos. Segundo Joaquim Veríssimo Serrão (1925-),
"o último terço do século XIX eleva-se, no caso português, como época de
profunda crise política, econômica e ideológica. Mas, por mais paradoxal que
pareça, não o foi no domínio da cultura, dado que algumas das maiores figuras
do pensamento nacional puderam então erguer a sua obra, para o que basta citar
Antero de Quental (1842-1891), Teófilo Braga (1843-1924), Oliveira Martins
(1845-1894), Abílio Manuel Guerra Junqueiro (1850-1923), Alberto Sampaio (1841-1908)
e outros" [Serrão, 1977: 18]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A reflexão da <i>intelligentsia</i> portuguesa sobre a crise do país,
teve a sua maior manifestação nas chamadas Conferências Democráticas que se
efetuaram em Lisboa nos meses de maio e junho de 1871, com os objetivos de
"ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo-o assim nutrir-se dos
elementos vitais de que vive a humanidade civilizada; procurar adquirir a
consciência dos fatos que nos rodeiam na Europa; agitar na opinião pública as
grandes questões da Filosofia e da Ciência moderna; estudar as condições de
transformação política, econômica e religiosa da Sociedade portuguesa"
[apud Serrão, 1977: 20].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O manifesto de convocação às <i>Conferências Democráticas</i> foi
assinado por homens de variada formação como Antero de Quental, Teófilo Braga
(1843-1924), Eça de Queirós (1845-1900), Manuel de Arriaga (1840-1917) e
Germano Meireles (1842-1877), todos antigos estudantes de Coimbra; Augusto
Fuschini (1843-1911) e Augusto Soromenho (1833-1878), professores do Curso
Superior de Letras, etc. Segundo Antero, a crise de Portugal repousava, toda
ela, no absolutismo que vingara na Península Ibérica desde o século XVI.
Veríssimo Serrão sintetiza assim a análise anteriana:<i> </i>"Que razões
profundas haviam levado a Península, condutora dos destinos europeus até o fim
do século XVI, a ser ultrapassada por outras monarquias, como a França e a
Inglaterra? Para o notável pensador, o absolutismo, como marca política que
assentava na aliança do Poder real e da Igreja de formação tridentina, esgotara
as energias medievais das nações hispânicas, já de si depauperadas pelo esforço
colossal da expansão ultramarina. Dando-se à propagação de um ideal
civilizador, que impunha uma política de conquistas e uma forte ambição
comercial, a Espanha e Portugal tinham-se visto a braços com o desapego da vida
rural e do trabalho útil, deixando de produzir a riqueza indispensável ao seu
fortalecimento. Tal fato explicava a crise que atingira a Ibéria no último
quartel de quinhentos: em Portugal, com o termo do reinado de D. Sebastião (1554-1578)
e a perda da independência; em Espanha, com o desastre da Invencível Armada e a
morte de Filipe II (1527-1598)" [Serrão, 1977: 21].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Qual foi a fórmula receitada por Antero para superar a crise que
avassalava Portugal? Posto que os males presentes provinham da fixação no
passado, mediante uma educação baseada nele, tratava-se, agora, de romper
virilmente com esse mesmo passado. Diz Antero a respeito: "Dessa educação
que a nós mesmos demos durante três séculos provêm todos os nossos males
presentes. As raízes do passado rebentam por todos os lados do nosso solo;
rebentam sob a forma de sentimentos, de hábitos, de preconceitos. Gememos, sob
o peso dos erros históricos. A nossa fatalidade é a nossa história. (...). Que
é pois necessário para readquirirmos o nosso lugar na civilização? Para
entrarmos outra vez na Europa culta? É necessário um esforço viril, um esforço
supremo; quebrar resolutamente com o Passado. Respeitemos a memória dos nossos
avôs, mas não os imitemos..." [apud Serrão, 1977: 22]. Para Herculano,
como para Antero, a crise de Portugal, no século XIX, baseava-se no teocratismo
de inspiração absolutista que predominava, sufocando as liberdades individuais
e locais. Herculano vai até as raízes do absolutismo luso, analisando, na sua <i>História
de Portugal</i>, as origens do fenômeno na Península Ibérica. Adotando o rico
conceito weberiano de<i> dominação patrimonial </i>ou <i>patrimonialismo</i>,
podemos frisar que Alexandre Herculano consegue ilustrar, de maneira muito clara,
a forma que assumiu em Portugal o exercício do poder como propriedade
particular do príncipe, que é a nota caraterística do patrimonialismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Herculano salienta o fato de que, a partir de 1097, consolidou-se, em
Portugal, o exercício do poder como bem particular e hereditário do príncipe.
Eis as suas palavras a respeito: "Casando sua filha Teresa (1080-1130) com
Henrique de Borgonha, (1066-1112), Affonso VI (1047-1109) não se limitou a
entregar a este o governo da província portucalense, com a qual já frequentemente
se confunde, nos monumentos dessa época, o distrito conimbricence e o de
Santarém, debaixo do nome comum de Portugal. As propriedades regalengas, isto
é, do patrimônio do rei e da coroa, passaram a ser possuídas, como bens
próprios e hereditários, pelos dois consortes. Assim, o cavaleiro francês, que
viera buscar na Espanha uma fortuna mais brilhante do que poderia esperar na
pátria, viu realizadas as suas esperanças, porventura além daquilo que
imaginara" [Herculano, 1914: II, 19-20]. O predomínio dos interesses
particulares dos governantes na estrutura política, fenômeno típico do
patrimonialismo, é assim ilustrado por Herculano, referindo-se à história
portuguesa do século XI: "Mas, em realidade, cada um dos personagens que
figurava naquele drama, quer príncipes, quer senhores, só pensava em tirar das
desgraças públicas a maior vantagem possível. As alianças faziam-se e
desfaziam-se rapidamente; porque nenhuma sinceridade havia no procedimento dos
indivíduos. Os interesses particulares dos nobres e prelados cruzavam-se com as
questões políticas e modificavam-nas diversamente" [Herculano, 1914: II,
65-66].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A própria batalha de Ourique (1139), definida por Herculano como "a
pedra angular da monarquia portuguesa", porquanto a partir dessa vitória sobre
os sarracenos os soldados aclamaram monarca o moço príncipe Affonso Henriques
(1109-1185), é considerada por ele como uma "audaz empresa do príncipe dos
portugueses", na qual tomaram parte os cavaleiros vilãos dos diversos
conselhos, ou dos distritos, obrigados pelas suas cartas de foral. Esse tipo de
obrigação para colaborar na "obra do príncipe" é já uma marca
bastante definida da índole patrimonial que revestia o exercício do poder no
seio da nascente monarquia portuguesa. Herculano salienta um fato que
contribuiu, decisivamente, para o progressivo acúmulo de poderes nas mãos dos
monarcas, na Península Ibérica: ao longo dos séculos X e XI vai se abandonando,
progressivamente, o direito eletivo dos visigodos em matéria de sucessão e vai
se substituindo "por uma espécie de direito consuetudinário", baseado
na preservação de uma herança patrimonial de pai para filhos. Assim foi como o
principado de Portugal veio a cair nas mãos de um príncipe estrangeiro, Dom
Henrique de Borgonha, ao casar com Teresa, a filha de Afonso VI [cf. Herculano,
1914: I, 218-228; II, 19-20].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O poder patrimonial do príncipe reforçou-se em Portugal, segundo
Herculano, graças à interferência do poder papal, originando assim a tendência
ao absolutismo católico que tantos males causou ao País ao longo dos séculos
XVIII e XIX. Ele relata, pormenorizadamente, a forma em que foi adotado o poder
de interferência do Papa em Portugal, no século XI, por parte de Affonso
Henriques, que pretendia reforçar o seu próprio poder, contra as tradições
visigóticas em que apoiava a sua soberania o rei de Aragão, Afonso I
(1073-1134). Eis o relato de Herculano: "É indubitável que as instituições
da monarquia de que Portugal fizera até então parte contradiziam a sua
separação perfeita e absoluta; era, portanto, necessário anulá-las por uma
jurisprudência superior a elas. O povo a cuja frente Afonso I se achava não
tinha, nem podia ter, um direito público diferente do leonês: este era o mesmo
dos visigodos, segundo o qual a existência política do rei dependia em rigor da
eleição nacional; e, na verdade, havia muitos anos que o jovem príncipe recebia
dos seus súditos o título de rei, posto que nenhum ato nos reste de uma eleição
regular. Mas isto não era bastante para destruir as leis góticas que se opunham
à desmembração da monarquia, apesar de alguns abusos anteriores. Assim, com um
direito político assaz disputável, numa época em que a força resolvia mais do
que nunca a sorte dos povos e dos imperantes e, sendo possível, ou antes
provável, que, renovada a luta da independência, Portugal, ainda em débil
infância, viesse ou cedo ou tarde a sucumbir, como sucedera à Navarra, só
colocando o seu trono à sombra do sólio pontifício, Affonso Henriques podia
torná-lo sólido e estável. À supremacia que em geral o sumo pastor exercia
sobre as monarquias cristãs, associava-se a idéia de que na Espanha tinha a sé
romana um domínio particular e imediato, e por isso, uma vez que ela se
declarasse protetora do novo estado, a existência individual deste estribava-se
numa jurisprudência política superior às mesmas instituições visigóticas"
[Herculano, 1914: II, 189-190].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O ingresso da política portuguesa no seio do pensamento teocrático
iniciou-se, então, a partir da decisão de Affonso Henriques de reconhecer a
doutrina da tutela papal desenvolvida por Gregório VII (1015-1085). Herculano
termina assim o relato do fato, assinalando as conseqüências políticas e
espirituais que se seguiram para a Coroa portuguesa: "Partindo do
pensamento teocrático predominante na cristandade, Affonso Henriques, apenas
assentada a paz de Zamora, tratou de iludir as conseqüências dela que lhe
podiam ser de futuro desfavoráveis, apelando para a doutrina de Gregório VII e
reconhecendo que ao pontífice pertencia o sumo império dos Estados cristãos da
Península. (...). As condições desta homenagem eram que os seus sucessores
contribuiriam sempre com igual quantia (censo anual de quatro onças de ouro) e
que ele rei, como vassalo (<i>miles</i>) de São Pedro e do Pontífice, não só em
tudo o que pessoalmente lhe tocasse, mas também naquilo que dissesse respeito
ao seu país e à honra e dignidade do mesmo país, achasse auxílio e amparo na
Santa Sé, não reconhecendo domínio algum eminente, eclesiástico ou secular, que
não fosse o de Roma na pessoa do seu legado. (...). Assim, mediante o censo
prometido e por aquele testemunho de obediência e submissão, Lúcio, na
qualidade de sumo pastor, lhe prometeu que ele e seus sucessores, como
herdeiros do príncipe dos Apóstolos, dariam bênçãos e proteção material e
moral, com que, fortes contra os inimigos visíveis e invisíveis, resistissem
aos seus adversários e obtivessem na morte a recompensa da vida eterna"
[Herculano, 1914: II, 192-194].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">À adoção da tutela papal para ver garantido o poder patrimonial do
monarca veio juntar-se, no século XV, a inspiração das leis portuguesas no
direito romano. Até na historiografia revelar-se-ia o "amor exagerado
pelas coisas romanas". Com veemência escreve Herculano a respeito: "O
primeiro escritor, conhecido por nós, que usou da palavra <i>lusitani</i> para
designar os portugueses, foi o desgraçado bispo de Évora Dom Garcia de Meneses
(morto em 1481), vítima desse mesmo amor exagerado das coisas romanas que fez
triunfar o poder absoluto de Dom João II (1455-1495) da organização política da
Idade Média, e que, em literatura, levava aquele prelado a dar aos compatrícios
o nome coletivo de uma porção de tribos célticas da antiga Espanha"
[Herculano, 1914: I, 38]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Além do progressivo esquecimento do direito visigótico e da adoção da
tutela papal, outra causa veio a contribuir ao avanço do absolutismo em
Portugal: a influência árabe. No longo período que vai desde 709 até 1490, os
cristãos lutaram, constantemente, contra os sarracenos na Península Ibérica,
adotando muitos elementos da cultura muçulmana, especialmente no relacionado
com a forma de exercício do poder político. A concentração dos poderes
militares, judiciais e administrativos numa só cabeça, esse era o traço
fundamental da política sarracena, e esse estilo foi rapidamente copiado pelos
cristãos, não só por razões de segurança, num meio em que a guerra era a
constante e a paz a exceção, mas também para garantir a continuidade das
próprias conquistas [cf. Herculano, 1914: I, 161-170].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Herculano reconhece, assim, a ausência de feudalismo na Península
Ibérica, bem como a inclinação dela, num primeiro momento, para a progressiva
desmembração (com o surgimento dos que Weber denomina de "senhores
patrimoniais locais") [cf. Weber, 1944: IV, 131] e, num segundo momento,
para a consolidação do absolutismo monárquico de tipo patrimonial, capaz de
cooptar todos os demais poderes. A respeito, frisa o historiador: "Antes
de acabarem as guerras do emir de Toledo, Fernando I (1016-1065), achando-se
bastante enfermo, voltou a Leão, onde, agravando-se a doença, faleceu nos fins
de dezembro do ano de 1065. Já anteriormente, seguindo as pisadas de Sancho o Maior
(994-1035), o rei leonês tinha determinado num concílio ou cortes a forma por
que todos os seus filhos deviam herdar cada qual uma porção dos vastos estados
que lhes legava. Estas divisões, contrárias ao disposto no código visigótico, o
qual, no mais, se conservava geralmente em vigor, tinham origem, quanto a nós,
não tanto no amor excessivo dos príncipes para com seus filhos, como nas
circunstâncias que haviam acompanhado o crescimento da monarquia fundada por
Pelagio (350-423). A rápida narração que temos feito basta para se conhecer que
essa monarquia, depois de se dilatar por certa extensão do território, tendia
constantemente a desmembrar-se em pequenos principados. Cada conde ou
governador de distrito, tendo necessariamente, em virtude do estado de guerra
contínua, juntos em suas mãos todos os poderes militares, judiciais,
administrativos, era quase um verdadeiro rei, e nada mais fácil do que
esquecer-se de que lá ao longe, para o lado das montanhas das Astúrias, havia
um homem superior a ele. Sem existir o feudalismo, causas análogas às que o
tinham gerado no norte da Europa atuavam na Espanha, e estas causas, mais fortes
nos distritos da fronteira árabe, onde a energia dos respectivos condes devia
ser maior e o seu poder mais ilimitado, faziam com que aí as rebeliões fossem
mais freqüentes e algumas coroadas de bom sucesso, como sucedeu, primeiro com a
Navarra ao oriente, depois com Castela no centro, e por último com Portugal, ao
ocidente. Palpando, por assim dizer, esse espírito de desmembração, que nascia
da força das coisas, depois que os estados cristãos adquiriram pela conquista
mais remotos limites, Fernando Magno procurou que as tendências de separação,
em vez de aproveitarem a estranhos, revertessem em proveito dos membros da sua
família, e que se assim evitassem as lutas civis, cedendo a essas tendências em
vez de tentar, talvez inutilmente, reprimi-las". [Herculano, 1914: I,
233-234].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">2 - A fundamentação da moral na religião.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Herculano concebe a sua obra literária e no campo do ensaio, como uma
grande campanha para a reconstrução moral da sociedade portuguesa, abalada
pelas lutas entre os proprietários rurais aliados à agiotagem (o partido
cartista ao qual estava filiado ele e que contava com a influência do Paço, das
prerrogativas régias e da limitação censitária do voto) e a pequena burguesia
industrial (o partido setembrista, que contava com o apoio das maiorias
eleitorais urbanas). Essa luta situa-se no período de 1835 a 1844 [cf. Saraiva,
1976: 170; Serrão, 1977: 68]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No contexto da luta entre as facções políticas que se digladiavam na sua
época, Herculano enxerga um mal profundo, comum aos políticos que nelas
militavam: a hipocrisia, que é caracterizada por ele nestes termos: "Na
maioria das sociedades atuais falta geralmente aos homens públicos o valor não
só para ousar o bem, mas, até, para praticar francamente o mal. Deste fato
psicológico, que assinala as épocas de profunda decadência moral, deriva
principalmente a hipocrisia: a hipocrisia, que é a anemia da alma. A altivez
insolente do poder que se coloca acima do decente e do legítimo e que ri das
invectivas da opinião indignada, como de um clamor sem sentido"
[Herculano, 1914: I 13-14]. O nosso autor junta a esta crítica contra o
comportamento hipócrita dos poderosos, uma outra dirigida contra o materialismo
reinante na sociedade, que produz a desagregação dela e a morte do espírito.
Nas suas <i>Composições várias</i>, o historiador escreve: "A
incredulidade ameaçada de desterro nas regiões onde, por mais de cinqüenta anos
imperava como rainha, faz-se fabril e bucólica; senhoril e disputadora ainda há
pouco, torna-se rude, bestial e grosseira", porque "o materialismo
pouco a pouco expulso do meio daqueles que primeiro recebem as inspirações de
uma civilização progressiva vai aninhar-se nas tabernas, nos prostíbulos e, o
que é de sentir, nas choupanas colmadas. Em mais duma, quando a desventura se
assenta ao pobre lar camponês, este que dantes se abrigava na resignação, no
orar, no derramar lágrimas aos pés da cruz, procura agora o esquecimento na
embriaguez, o remédio da miséria no roubo e até a salvação no suicídio"
[apud Beirante, 1977: 81].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A luta política de Herculano é em prol da fundamentação da conduta
humana e da moral na religião, a única que pode, segundo ele, dar base estável
ao agir do homem. Essa fundamentação entrou em crise na Revolução Francesa, que
desconheceu, sumariamente, a tradição e tornou-se impossível nos sistemas
filosóficos que, inspirados no racionalismo ou no sensualismo, esbarraram em
contradições internas insuperáveis [cf. Saraiva, 1977: 58/63]. O fato
religioso, no qual Herculano procura basear a moral, é fundamentado mediante
argumentos que tentam mostrar a sua objetividade histórica. "Buscada deste
modo a certeza - escreve Herculano -, a vitória do cristianismo é infalível:
ele repousa em provas históricas de indubitável autoridade, porque, além da sua
clareza e força, não contradizem a razão nem a consciência" [Herculano,
1914: III, 201]. Contudo, Herculano não cai no tradicionalismo de Lamennais, ao
basear a credibilidade do cristianismo não na autoridade como única fonte de
verdade religiosa, mas em argumentos de caráter histórico. No entanto, segundo
reconhece Saraiva, não deixa de haver contradição no pensamento do historiador
português neste ponto, porquanto embora rejeite a tradição como fonte de
credibilidade, "afirma-se tradicionalista porque a razão principal da sua
campanha religiosa é de ordem sociológica: a necessidade de conservar
determinados símbolos e expressões afetivas da vida coletiva capazes de manter
a coesão e a moralidade pública" [Saraiva, 1977: 74]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Esse tradicionalismo de ordem sociológica reflete-se no seguinte texto
de Herculano, em que patenteia a sua valorização do cristianismo como religião
que alivia ao homem na busca do sentido para o seu destino e a sua felicidade:
"Creio em ti (Cristianismo), porque a tua moral é sublime (...), porque
nos explicaste como os destinos do homem se compensavam além do sepulcro (...),
porque só tu soubeste revelar a consolação à extrema miséria sem horizonte e os
terrores à completa felicidade sem termo" [apud Beirante, 1977: 81]. De
outro lado, a índole liberal de Herculano salta à vista aqui: acredita no
cristianismo porque ele resolve o problema do sentido do agir do homem. Não se
trata, em momento algum, da crença numa religião por ela mesma, mas em função
de um projeto humanístico: dar sentido à vida do indivíduo e salvá-lo da
destruição a que foi conduzido pelo filosofismo e pelo teocratismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Essa religiosidade humanística herculaniana, de cunho nitidamente
liberal-doutrinário, é salientada por Cândido Beirante, que ao se referir à
supremacia dada por Herculano à religião, afirma: "A prioridade absoluta
ou superioridade da religião é triplamente apontada por Herculano.
Primeiramente, pela imutabilidade dos seus preceitos. A este respeito é de
notar o combate encarniçado que Herculano conduzirá, mais tarde, contra o <i>neocatolicismo</i>
por causa dos novos dogmas: o da Infalibilidade pontifícia e o da Imaculada
Conceição. A superioridade da religião assenta, em segundo lugar, no fato de
ela aceitar e explicar cabalmente a condição humana: <i>corpo e alma</i> ou
misto de <i>miséria e de grandeza.</i> Em terceiro lugar, é superior, dado que
impõe uma moral exigente como condição para a salvação individual. Em 1841,
Herculano dissera o mesmo: <i>O Evangelho é mais claro e preciso que os
volumosos escritos de todos os moralistas filósofos desde Platão até Kant: a
moral que não desce do céu nunca fertilizará a terra</i>" [Beirante, 1977:
80-81]. Em suas <i>Composições várias,<b> </b></i>Herculano explica a ênfase
social dada por ele à religião, nestes termos: "a religião é, pois, uma
necessidade social, já que ela é o fundamento da moral e esta é o suporte da
sociedade civilizada. Eis claramente exposto o sentido último da apologia do
Cristianismo: tomaremos a defesa da religião porque sem ela não há civilização,
não há bons costumes e sem estes não só a liberdade não é possível, mas nem
sequer a sociedade" [apud Beirante, 1977: 81].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Fundamentada a conduta humana no fato religioso cristão, na pureza da
Revelação Evangélica, Herculano explicita os elementos essenciais que
contribuem, segundo a mensagem bíblica, para nortear o comportamento do homem.
Há dois aspectos essenciais nesse ponto: o cristianismo supõe a liberdade como
condição do homem e da fé, de um lado; de outro lado, o mandamento supremo do
cristianismo, a caridade, sintetiza a doutrina moral do cristianismo e
fundamenta a vida em sociedade. A caridade estabelece a verdadeira igualdade
entre os homens, ao acabar com o egoísmo. "Assim concebido, diz Saraiva
[1976: 71], o cristianismo é o aliado natural do liberalismo". Baseado
nessa perspectiva autenticamente liberal, Herculano rompe, definitivamente, com
o ultramontanismo e com o tradicionalismo católico em geral, salientando a
compatibilidade que há entre a defesa dos interesses materiais dos indivíduos e
a dos seus interesses espirituais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Poderíamos afirmar até que Herculano consegue enunciar as bases de uma
nova ética que tornasse os católicos verdadeiramente comprometidos com a sua
sociedade, sem contudo cair no materialismo. Esforço de conciliação de valor
invulgar para quem, como ele, nascera e vivera num meio não formado na ética
calvinista. Esforço que já tinha sido feito na França por católicos como
Royer-Collard ou como o próprio Alexis de Tocqueville [cf. 1977: 403-405], que
levou a este último, aliás, a formular a sua noção de "interesse bem
compreendido", aquele que concilia a defesa dos próprios interesses com o
imperativo cristão da solidariedade e do amor ao próximo. Lição de moderação
que, sem dúvida, Herculano tirou das leituras que fez da obra de Guizot, durante
a sua permanência na França.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em relação a esse ponto, escreveu Herculano: "Defendei os vossos
interesses espirituais juntamente com os vossos interesses físicos. É a nossa
doutrina, porque não queremos insultar a memória dos nossos pais que combateram
e padeceram para conquistar essas garantias e direitos inscritos no pacto
político do país; porque não queremos amaldiçoar o nosso passado, nós que
viemos ocupar nas fileiras da liberdade o lugar onde eles caíram. É a nossa
doutrina, porque entendemos que as necessidades morais do homem social não são
menos atendíveis que as suas necessidades materiais (...). É a nossa doutrina,
porque o progresso material é filho das conquistas da liberdade, do progresso e
da civilização moral. A máquina a vapor e o caminho de ferro não nasceram entre
os povos servos; nasceram nos países onde as garantias individuais, o amplo
direito de associação, a franca manifestação do pensamento, a verdade
eleitoral, a independência de poderes; os fatos sociais, em suma, em que
aparece a fisionomia de um povo livre eram uma realidade (...). Pugnar pelos
melhoramentos materiais que razoavelmente o país tem direito a pedir sem querer
todavia que se lhes sacrifiquem ou sequer se posponham os sacrossantos direitos
dos cidadãos" [apud Beirante, 1977: 115].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">À luz das anteriores considerações podemos entender a noção herculaniana
de progresso, que abarca tanto o desenvolvimento dos fatores materiais quanto
dos morais, no homem. A respeito, escreve Cândido Beirante [1977: 116]:
"Herculano utiliza muitas vezes a expressão<i> progresso moral e material</i>;
outras vezes, <i>progresso material e intelectual</i> e também <i>progresso
material e social. </i>Todas estas designações contêm em si o aspecto moral do
progresso, num sentido lato, tal como o entendia Herculano (...). No pensamento
herculaniano, o verdadeiro progresso é o que engloba os factores materiais
juntamente com os morais. Quando houver um divórcio entre estes dois grupos
componentes do progresso humano, entrar-se-á num estado de pré-decadência que
virá a trazer (a prazo mais ou menos curto) a decadência generalizada. O grande
termo de comparação para as suas considerações vai buscá-lo à História, à
decadência do Império Romano". Contudo, o verdadeiro progresso não se dará
no seio da sociedade, segundo Herculano, senão na medida em que o espírito
humano for educado devidamente na leitura, na ilustração, na civilização, no
cultivo das artes, no desenvolvimento das ciências. Aqui o nosso autor assume a
melhor tradição da Ilustração, sem contudo cair no extremo de apregoar a
absoluta emancipação da razão humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em <i>O Panorama</i>, semanário que dirigiu entre 1837 e 1839, Herculano
afirma que a verdadeira civilização é a do espírito humano. Segundo ele, quem
lê, "bebe a largos tragos na taça da sabedoria (e é) cidadão de todas as
repúblicas, membro de qualquer sociedade, contemporâneo de qualquer
século". No mesmo semanário, o nosso autor escreveu em 1839: "Não é
da abertura de canais e estradas, do acréscimo das exportações, do fomento da
indústria, que depende a felicidade futura do povo: é da educação. Ilustre-se,
civilize-se, aprenda a conhecer o que lhe convém, renasça nele a boa moral, e a
antiga virtude portuguesa, que depois será o próprio povo quem, sem socorro do
governo, e até apesar do governo se preciso for, abrirá canais e estradas,
melhorará a agricultura, aumentará o comércio, aperfeiçoará a indústria".
Herculano critica, porém, as reformas progressistas empreendidas pelo Marquês
de Pombal (1699-1782) que entraram em declínio após a sua saída do governo, porque
"este é o destino de todos os progressos que não nascem do seio da
sociedade e do desenvolvimento das idéias" [apud Beirante, 1977: 117].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O progresso integral do homem, que abarca o cultivo do espírito humano,
é um dever moral. A propósito, escreve o nosso autor: "Negar o
aperfeiçoamento intelectual aos homens, deixá-los na bruteza e na ignorância é
um ato imoral, um menoscabo de deveres sagrados e por conseqüência um crime (...).
O homem não passará de máquina se carecer de instrução e raciocínio. É,
portanto, preciso cultivar-lhe o espírito (...). Os proveitos e cômodos de que
a Europa atualmente goza (...) nasceram todos da cultivação das artes". Em
1872, Herculano escrevia: "Ninguém por certo nega a utilidade de favorecer
o trabalho literário e científico, principal elemento do progresso
social". O progresso material, segundo ele, é muitas vezes conquistado às
custas do homem: "Pobre povo - escreve o historiador - mal sabes tu à
custa de quantos gozos interiores, de quantas esperanças, de quantos sonhos
formosos, hás-de ir comprando os progressos e a civilização!" [apud
Beirante, 1977: 118]. A grandeza moral de Herculano ergue-se como figura
solitária que contesta, com a sua palavra e a sua própria vida, uma sociedade
entregue ao imediatismo e às conveniências políticas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Antero de Quental escreveu, em fins de setembro de 1877, o elogio de
Herculano para a Revista <i>Os dois mundos</i>. Para Antero, o nosso autor
escondeu-se no retiro de Vale de Lobos, durante os últimos anos, voltando as
costas para uma sociedade em atrito com o seu ideal de vida: "Na
fisionomia moral de Alexandre Herculano - escreve o poeta luso - há certas
linhas que fazem lembrar o perfil enérgico e simples dos heróis típicos da
nacionalidade portuguesa. Pertencia a essa grande linhagem que acabou com ele.
O seu século, admirando-o, considerava-o todavia com um certo ar ininteligível,
como se sentisse vagamente que aquele homem pertencia a um mundo extinto, um
mundo cujo altivo sentir já ninguém compreendia. E acabaram, com efeito, por não
se compreenderem" [apud Serrão, 1977: 217-218].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Oliveira Martins, em <i>Portugal contemporâneo</i> [1984: II, 225-226],
escreveu elogio semelhante de Alexandre Herculano, salientando o estoicismo do
seu caráter: "A cova do cemitério de Azóia onde baixou o cadáver de
Herculano no verão de 77 é, no seu isolamento, o símbolo da insensibilidade com
que Portugal o sepultou (...). A palavra que o retrata é o Caráter, porque nele
a vida moral e intelectual eram uma e única (coisa). Dissemos pois Caráter no
sentido e valor que a palavra teve na Antigüidade, e não na vaga acepção
moderna (...). O tipo de caráter à antiga é o estoico e este é propriamente que
define a fisionomia de Herculano; este o tipo que passo a passo veio crescendo
até dominar os últimos anos, (...) quando os desenganos do mundo o degradaram
para o exílio, não como um mártir, mas como um homem que, protestando sempre,
se não converte nem se corrompe". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Oliveira Martins tinha caracterizado Herculano como "o único
português moderno". Joaquim Veríssimo Serrão identifica a grandeza de
Herculano como decorrente da sua vocação de escritor e do seu espírito liberal.
A propósito frisa: "Apesar das críticas de alguns nomes da geração de 70,
como Teófilo Braga e Adolfo Coelho, tinha-se assim gerado em torno de Herculano
uma admiração quase exclusiva pelo homem e pelo escritor que era o símbolo de
sua geração (...). A nobilitação intelectual obrigava um grande escritor a ser
também um homem grande, alguém que soubera impor-se à consideração pública
pelas atitudes que tomara nos debates e problemas que afetavam toda a Nação. O
liberalismo exigia que no indivíduo se reunissem os dois múltiplos que definem
os verdadeiros modelos de uma sociedade" [Serrão, 1977: 214-215].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">3 - Concepção religiosa do homem.</span></b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É patente o influxo da Bíblia, especialmente dos escritos de São Paulo, na
vida intelectual de Herculano. Eis o que afirmava a respeito o nosso autor em
1876: "Com a idade e com a reflexão, entre os personagens eminentes do
Novo Testamento começou a sobressair um que dia a dia cresceu a meus olhos em
sublimidade. Era São Paulo. São Paulo tornou-se, afinal, para mim, o grande
vulto do Cristianismo militante. Foi São Paulo que me perdeu" [apud
Beirante, 1977: 98-99]. A vida humana, para Herculano, percorre várias etapas,
que ele define no seu romance <i>O Pároco da Aldeia</i>, em 1843, do ponto de
vista da luta entre a razão humana e a <i>crença viva</i>. Eis as suas palavras
a respeito: "Tal é o destino da inteligência neste breve desterro: dois
dias conserva as recordações verdadeiras e puras da sua origem imortal: outros
dois alumia-se com o fogo fátuo das paixões e esperanças: o resto deles
resolve-se na luta tormentosa das idéias, dos afetos, dos desenganos: depois
vem o dormitar da velhice e a regeneração da morte" [apud Beirante, 1977:
84].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vejamos a forma em que Herculano explica o desenvolvimento da vida
humana, ao longo dessas quatro etapas. Na primeira, correspondente ao período
da infância e da poesia, a alma conserva "recordações verdadeiras e puras
da sua origem imortal (...); nesse tempo tudo me chegava aos olhos da alma
alumiado, risonho, variegado, porque tudo transparecia através de um prisma de
sete cores da inocência singela e crédula da infância". No segundo
período, Herculano evoca as paixões e esperanças e a dúvida instala-se no seu
coração. A respeito, frisa: "A inocência morreu, a poesia íntima e crente
desbaratou-se, o sentimento religioso esmoreceu; mas ficam os deleites dos
sentidos que nos embriagam; os aplausos das multidões aos nossos hinos
decorados, que elas ainda julgam sublimes e esplêndidos; aplausos que nos
desvairam: fica-nos uma filosofia orgulhosa e insensata, que se crê profunda,
uma ciência superficial que se crê completa, pela qual dormimos tranquilos
sobre a negação de todas as idéias místicas de todas as lembranças de
Deus" [apud Beirante, 1977: 84].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O terceiro período caracteriza-se pela luta entre a Razão e a Fé. Eis a
descrição que dele faz Herculano: "A poesia suave e pura da infância e da
puberdade passou; passa também o íris das paixões férvidas, das ambições
insaciáveis, da crença na própria energia. Começa então o pardo crepúsculo,
que, semelhante a herpes lentos, vai lavrando por todas as nossas opiniões e
afetos e os prostra, os subjuga. Desde essa época, a vida tem largas horas de
tédio, em que o existir é uma carga pesada; porque nos falta alicerce em que
possamos firmar-nos; porque flutuamos sobre as névoas densas do duvidar de
tudo". Segundo Cândido Beirante, este é o período das grandes polêmicas
com o clero. Sem chegar a rejeitar a fé num catolicismo de tipo pré-tridentino,
Herculano opõe-se ao clero ultramontano e reacionário, particularmente aos
jesuítas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Manuel de Serpa Pimentel (1825-1900) caracterizava assim, em 1881, a
personalidade do nosso autor, neste período polêmico: "Alexandre Herculano
era um cismontano como Bossuet (1627-1704), um jansenista como Pascal
(1623-1662), um velho católico como Doellinger (1799-1890). Espiritualista
cristão, via o cristianismo compatível com a liberdade e a moral do Evangelho e
como a única base sólida da civilização e do progresso". Para Silva
Cordeiro, o polêmico Herculano "na Idade Média teria ficado a dois passos
da heresia, semi-ariano como Atanásio (+373), montanista como Tertuliano
(160-220), mas tenaz e altíloquo ante os bispos de Roma como Cipriano (+258) em
defesa dos relapsos, ou como São Bernardo (1090-1153) invectivando a corrupção
da Igreja. Esta maneira de encarar o problema religioso, se lhe concitava ódios
nos dois campos, foi também uma das forças ocultas de seu prestígio, porque o
deixava bem a descoberto, consciência surpreendida em flagrante" [apud
Beirante, 1977: 89].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Cândido Beirante, por sua vez, caracteriza assim o esforço conciliador
de Herculano entre filosofia e Deus neste terceiro período, bem como a
distinção que introduz entre clero e religião: "Na sua obra de
doutrinação, há uma idéia fixa: conciliar a <i>filosofia</i> e Deus, daí a
apologia dum cristianismo semelhante ao dos primeiros cristãos (...). Isto
compreende-se muito bem no caso de Herculano, porque ele viu as massas
populares fanatizadas pelo clero regular lutarem durante dois anos contra os
liberais, como se se tratasse duma<i> guerra santa</i> contra os infiéis. Esta
distinção entre clero e religião, no que diz respeito ao Cristianismo, é uma
dicotomia perigosa pelas conseqüências que envolve. Podíamos ver nesta sua
religião quase natural e no seu latente anticlericalismo uma herança das Luzes
que, com o decorrer do tempo, se acentuou" [Beirante, 1977: 69].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O quarto período assinalado por Herculano corresponde à etapa final da
sua vida, quando do seu refúgio no Vale de Lobos. Diz o historiador a respeito:
"A mente se definha e ela apenas dormita para despertar vigorosa ao sol da
eternidade, que rompe atrás do sepulcro (...). Depois da taça do mel esgotada,
resta a do absinto. Que se resigne e espere aquele que vai devorando os dias da
dúvida e do desalento. Chegará a hora de renascer para a poesia e para a
certeza: será a hora da morte". A solução herculaniana do conflito entre
Fé e Razão é colocada num plano trans histórico. Como afirma Cândido Beirante,
"a confiança não o abandona. Se não pode conciliar, neste mundo, a fé
cristã com os imperativos da razão e do século, resta ainda o Além que, para
ele, é uma certeza" [Beirante, 1977: 86].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">4 - Concepção religiosa da história e da política.</span></b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Fundamentada a moral humana numa visão transcendente ao indivíduo, é
lógico que a explicação da história seja feita em termos transpessoais e
sobrenaturais. Para isto, Herculano encontrou farto material de inspiração no
espiritualismo platônico de Santo Agostinho (354-430). A realidade verdadeira
não é a constituída pelos acontecimentos mutáveis, mas a que se baseia nas
idéias eternas. Assim, a história é explicada em termos trans históricos. Por
trás dos acontecimentos humanos estão as Idéias que movimentam a história. Cada
época, na história da civilização, representa uma idéia. Mas no fundo de todo o
processo histórico, há uma base ontológica que sustenta o acontecer humano:
trata-se, numa perspectiva claramente agostiniana, da sabedoria e vontade de
Deus que conduzem a história. Em outros termos, a razão da história é a
Providência divina. A fundamentação herculaniana da história é, portanto, de
caráter religioso, porque, como diz Saraiva [1976: 89], "uma teoria
providencialista da história é, afinal, uma interpretação religiosa dos
acontecimentos". O providencialismo herculaniano tem, contudo, uma outra
fonte de inspiração que lhe permite conciliar o progresso com a Providência
divina, como bem assinala Cândido Beirante [1977: 97]: "Herculano, bem
como os historiadores do período romântico, vão conciliar ambos os termos
(Progresso e Providência divina). Por que será que Herculano é providencialista
e ao mesmo tempo presta culto sincero ao Progresso indefinido? É que, em
Herculano, influíram dois grandes filósofos da história: Vico e Herder
(1744-1803)".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O próprio Herculano reconhece essa influência numa carta dirigida a
Oliveira Martins, do seu último refúgio de Vale de Lobos: "No tempo em que
eu andava peregrinando por esse mundo literário, antes de me acolher ao mundo tranquilo
da santa rudeza, conversei um pouco com Vico e Herder, com Vico e Herder como a
Itália e a Alemanha os geraram, e não como os aleijaram os cabeleireiros
franceses". Vários anos antes, em 1839, Herculano já tinha expressado a
necessidade de "escrever uma história de Portugal, segundo o sistema de
Vico e Herder" [apud Beirante, 1977: 97]. Valha anotar que na <i>Scienza
Nuova</i>, cujo subtítulo reza: "<i>História ideal das leis eternas de que
dependem os destinos de todas as nações, o seu nascimento, o seu progresso, a
sua decadência e o seu fim</i>", Vico sustenta a tese de que o progresso
autêntico não pode surgir do desconhecimento de Deus ou do abandono da lei
moral. Nesse ponto, certamente, o pensador italiano distancia-se dos filósofos
do período racionalista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A Providência divina é definida por Vico como "sabedoria suprema a
qual, sem força de lei, mas usando dos próprios costumes dos homens, regula e
conduz divinamente a grande comunidade das Nações". Podemos afirmar que a
interpretação da história em Vico é agostiniana, mas integrando essa visão com
a mentalidade moderna, baseada na idéia de progresso. A respeito, Franco
Américo frisa que "a conciliação da causalidade divina com o livre
arbítrio (...) tenta-a Vico na consideração dinâmica da história e da Providência.
Em virtude desta colaboração entre Deus e o homem, a história tem um valor
humano e um sentido divino" [apud Beirante, 1977: 97]. A influência de
Vico estende-se, no século XVIII, ao pensador alemão Herder, em quem Herculano
também diz inspirar-se. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A idéia básica de Herder, segundo Tonnelat, consiste em "provar que
na Terra há uma só e mesma espécie humana a quem Deus prometeu um
aperfeiçoamento constante e uma felicidade sempre aumentada. Só o homem é
perfectível, dentre todos os seres terrestres" [apud Beirante, 1977: 97].
Herder também salienta a idéia, tão cara a Herculano, como frisei
anteriormente, de que os progressos materiais e os avanços científicos são
igualmente importantes, posto que através deles se revela o poder da razão
humana. A cultura, segundo ele, longe de afastar os homens de Deus, os aproxima
dele. Apesar de o progresso da cultura não ter o mesmo ritmo em todos os povos,
não existe superioridade de um povo sobre os outros, segundo Herder, pois as
luzes da razão sempre encaminham os homens para o melhor, e, de outro lado, os
progressos dos diversos povos contribuem para o progresso geral da Humanidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Desenhadas as linhas gerais do providencialismo herculaniano, bem como
das fontes que o inspiraram, analisemos a aplicação que Herculano faz do seu
providencialismo à história e à política portuguesas. O providencialismo é
claro. À maneira dos antigos profetas bíblicos (e valha a pena registrar aqui a
semelhança entre a pregação providencialista herculaniana e o discurso dos <i>doutrinários</i>
franceses, notadamente Royer-Collard, François Guizot e o mais importante
discípulo destes, Alexis de Tocqueville), o historiador português identifica-se
como arauto da Providência, que lhe incumbiu a missão de fazer ver a ruína
futura da sua Pátria. Eis a síntese que Beirante [1977: 104] faz desse aspecto
profético: "N' <i>A voz do Profeta</i>, escrito que bem parece uma
proclamação bíblica de estilo profético, Herculano fala muitas vezes da
Providência que o enviou e lhe faz ver a ruína futura da Pátria. Tem várias
exclamações em que proclama o seu providencialismo: <i>O Senhor nosso Deus é
justo: curvemos a cabeça diante da sua Providência</i> (<i>Opúsculos</i>,<b> </b>I,
p. 36). Relembrando os tempos em que fora <i>soldado da liberdade</i>, diz: <i>A
Providência infundiu-nos valor, e sofremos, sem murmurar, a fome</i> (<i>Opúsculos,</i>
I, p. 38) e <i>o que padece não deve queixar-se, nem rebelar-se contra a
Providência; porque essa queixa inspira-a a soberba </i>(<i>Opúsculos,<b> </b></i>I,
p. 42). A sua confiança está no justo juízo de Deus: <i>A justiça celeste nunca
dorme, como na alma do criminoso nunca se cala o remorso</i> (Idem, p. 44). Ao
terminar <i>A voz do Profeta</i>, Herculano, desdobrado em profeta, exclama:<i>
Não sabia como desculpasse perante a Providência os pecados do povo</i> (Idem,
p. 114)".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A idéia de Vico, de conciliação entre a Providência divina e o livre
arbítrio, subjaze no seguinte texto de Herculano: "A religião, portanto,
não encontra na indústria nem na ciência que versa sobre suas causas e leis
gerais, a menor oposição. No pensamento do Cristianismo (...) é o trabalho que
fecunda a natureza, e multiplica por Deus este festim da criação, ao qual a
Providência convida tudo o que tem fome. O que repugna à religião não é a
conquista do homem sobre a matéria - é o reinado da matéria sobre o homem – (...).
O Cristianismo, igualando os homens moral e religiosamente, unindo-os pelos
laços da fraternidade, enobrecendo todo o trabalho honesto, ferindo pelo nariz
a escravatura (...) deu início a uma época inteiramente nova para as relações
de homem a homem" [apud Beirante, 1977: 57-58]. A partir desses
pressupostos básicos, de que a Providência lhe encomendou a missão de assinalar
o perigo de ruína da sua Pátria e da conciliação existente entre livre arbítrio
e Providência divina, Herculano passa a interpretar a história como um processo
dirigido por Deus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eis, por exemplo, a forma em que ele explica o surgimento das nações
modernas, repetindo os traços gerais da exposição de Guizot no seu clássico
livro intitulado:<b><i> </i></b><i>Histoire de la Civilisation en Europe depuis
la chute de l'Empire Romain jusqu'à la Révolution Française</i>: "Grandes
historiadores têm desenhado o sombrio e imenso quadro da dissolução do Império
dos Césares. Este resumia toda a civilização antiga; resumia-a e continha-a em
si. Essa dissolução havia acabado a tarefa que a Providência lhe destinara na
obra do progresso humano. O Cristianismo aprofundara já as raízes na terra,
vicejava aspergido com o sangue dos mártires, abrigava as sociedades com a sua
vasta sombra e, tomando os membros desse cadáver gigante que se desconjuntava,
ia preparando cada um deles para o converter num corpo social cheio de mocidade
e de vida. Novas migrações desciam do setentrião ao meio-dia da Europa para o
renovar, como em tempos remotíssimos tinham descido das chapadas interiores da
Ásia a povoa-lo. As legiões, a política dos imperadores e a majestade do nome
romano serviram por algum tempo de dique à invasão. Fora, porém, Deus que
soltara a torrente. Era uma luta sublime a da civilização contra a barbaria;
mas esta rompeu as barreiras. As hostes e as tribos selvagens do norte
arrojavam-se por cima do Império: a vaga seguia-se à vaga. Daquele grande
cataclismo nasceram as nações modernas" [Herculano, 1914: I, 69].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em relação à luta de séculos, na Península Ibérica, entre cristãos e
sarracenos, afirma Herculano [1914: I, 157-158]: "A Providência decretara
a restauração do Cristianismo na Península e os seus decretos deviam
cumprir-se, bem se, às vezes, a execução deles parecesse retardar-se". E
interpreta de modo providencialista a decadência do império muçulmano na
Península Ibérica e o triunfo do Cristianismo: "Sem recusar aos guerreiros
da cruz a audácia e o entusiasmo próprios daqueles vigorosos tempos, as suas
façanhas reduzem-se às proporções ordinárias quando se confrontam com a
situação dos que eles venceram e subjugaram. Longe também de negar por este
modo a intervenção da Providência nos destinos do gênero humano, só aí
acharemos motivos para admirar as leis de ordem moral que regem o universo, não
menos imutáveis do que as leis físicas que presidem à existência material dele.
Os maometanos da Península oferecem-nos pelo meado do século XII mais um desses
exemplos, ao mesmo tempo terríveis e salutares, de que abunda a história.
Naquele país, seja qual for o seu grau de civilização e poderio, onde falece o
amor da pátria, onde os vícios mais hediondos vivem à luz do sol, onde a todas
as ambições é lícito pretender e esperar tudo, onde a lei, atirada para o
charco das ruas pelo pé desdenhoso dos grandes, vai lá servir de joguete às
multidões desenfreadas, onde a liberdade do homem, a majestade dos príncipes e
as virtudes da família se convertem em três grandes mentiras, há aí uma nação
que vai morrer. A Providência, que o previu, suscita então outro povo que venha
envolver aquele cadáver no sudário dos mortos. Pobre, grosseiro, não numeroso,
que importa isso? Para pregar as tábuas de um ataúde, qualquer pequena força
basta" [Herculano, 1914: I, 201-202].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Até os acontecimentos negativos são ordenados pela Providência divina.
Referindo-se à derrota sofrida pelos cristãos portugueses na batalha de Alcácer
Quibir (1578), afirma o historiador português: "A destra de Deus tinha
escrito no livro da Providência o dia em que para Portugal devia acabar a
glória de séculos e toda a casta de prosperidades. Um dia e uma batalha acabou
assim com a fúria e a felicidade de um povo que fora tão afamado e temido"
[Herculano, 1914: I, 104-105]. Em que pese as derrotas dos povos e as quedas
dos Impérios, contudo, o progresso é inevitável e Deus é quem o promove.
"O gênero humano - frisa o nosso autor - que sempre caminha avante,
deixaria acaso após si esta porção de seus membros, chamada nação portuguesa?
Não, porque ninguém pode contrastar os decretos da Providência nem os
progressos da humanidade (...). E criaria a Providência o homem para o
assemelhar aos tigres e leões e não o destinaria a mais nobres e altos
fins?". Todo o progresso humano tem em Deus a sua origem. A propósito,
frisa Herculano [1914: I, 105]: "Felizmente Deus, que inspirou ao gênero
humano a sociabilidade e o desejo do aperfeiçoamento, põe na sociedade remédio
para os males que deviam resultar da imperfeita ciência. (...). Na mesma
natureza do nosso espírito está esse remédio contra o ceticismo e contra as
suas precisas conseqüências, o egoísmo e a imoralidade". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O progresso, contudo, não caminha sempre em linha reta. Pode ter paradas
e até retrocessos, que Herculano denomina de <i>aberrações do progresso</i>.
Com isso, o nosso autor pretendia, à maneira de Guizot, conquistar os burgueses
receosos de seu tempo, que viam com apreensão o confuso panorama político do
país. Para ele, a burguesia deve assumir a sua responsabilidade de classe
orientadora da sociedade, sem se deixar assustar pelas crises passageiras. A
respeito, escreve na sua obra: <i>História da origem e estabelecimento da
Inquisição em Portugal</i>: "Os membros da burguesia que não têm conduta
nem ânimo para afrontar as aberrações do progresso (aberrações que nunca faltam
nas conjunturas das grandes transformações) mentem aos destinos da sua classe,
maldizem a santa obra de civilização, as tradições de seu país, os fins do
cristianismo e os próprios atos da sua vida pública anterior" [apud
Beirante, 1977: 110-111].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Cândido Beirante [1977: 111] sintetiza assim esse aspecto do pensamento
herculaniano: "Realmente, Herculano faz a apologia do Progresso em nome
das tradições e da liberdade, em nome do cristianismo e da civilização. O
progresso sócio-moral, uma vez conseguido, não pode ser destruído". A
certeza da inevitabilidade do progresso alicerça-se na crença de que é vontade
de Deus expressa no Evangelho. A respeito, frisa Herculano: "A liberdade,
a civilização, o progresso, que são leis de Deus, reveladas nas aspirações de
todos os homens, nos caracteres dos séculos, no desenvolvimento invencível do
espírito humano; a liberdade, a civilização e o progresso, que se contêm no
Evangelho de Cristo" [apud Beirante, ibid.]. A inevitabilidade do
progressismo de Herculano salta à vista no seguinte texto, escrito por ele no
desenvolvimento de notável polêmica travada no jornal <i>O Português</i>, em
1853: "O caminho de ferro é inevitável, inflexível como o destino. Que se
nos permita uma expressão hiperbólica. Se não construíssemos vias férreas,
protestando contra a civilização, a Providência, que dirige a Humanidade, as
faria cair do céu sobre nossos campos. Ao homem não é lícito desobedecer ao
gênero humano, cujos passos na estrada do futuro Deus alumia com o facho da luz
eterna" [Apud Beirante, 1977: 109].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Qual é o papel do historiador? Herculano considera que ele deve
testemunhar, perante a sociedade da sua época, esse sentido oculto em direção
ao progresso, que a Providência traçou para a Nação portuguesa. Observado os
fatos antigos, o historiador pode traçar os lineamentos gerais do que poderá
vir a ocorrer num povo. É necessário, para isso, conhecer as próprias
tradições. Não existe, contudo, uma história iluminista da Humanidade. Cada
povo percorre a sua trilha. Mas o historiador não pode se deixar enganar pelos
fatos descosturados. Deve interpretá-los à luz da idéia providencialista. O
historiador, de outro lado, deve levar em consideração a liberdade humana, o
que o conduzirá a não pretender traçar leis gerais, como as das coisas
naturais, mas a tentar identificar tendências esclarecedoras do comportamento
dos homens. Pode-se, apenas, esboçar uma <i>probabilidade</i>, em relação ao
comportamento humano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A propósito da metodologia da história defendida por Herculano, escreveu
o saudoso filósofo português Eduardo Abranches de Soveral [2002: 12]: "Ao
observar que tudo o que realmente acontece tem uma causa e que os sucessos só
parecem fortuitos porque se ignora aquilo que os determinou, tem Herculano
inteira razão, segundo penso. Não obstante, deverá anotar-se que, sobretudo no
plano da realidade histórica, a maioria das causas não são naturais mas
humanas. E se, quanto às primeiras, se poderá metodologicamente admitir um
seguro conhecimento, integrando-as num sistema de leis permanentes e
universais, já, quanto às segundas, esse conhecimento seguro não é possível,
pois o comportamento livre dos homens é, como tal, imprevisível. Quando muito
se poderá estabelecer um sistema normativo à luz do qual esse comportamento
livre se objectivaria do modo mais eficaz e perfeito. (Para Herculano, o valor
que daria às ações humanas a máxima consistência ontológica seria a
liberdade)".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">5 - O Liberalismo de Herculano.</span></b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Fazendo um esforço de síntese, analisaremos nesta parte seis aspectos do
Liberalismo de Alexandre Herculano: a) a sua decidida rejeição do despotismo;
b) a inspiração religiosa do pensamento político; c) a vinculação do
liberalismo de Herculano com a tradição; d) o nacionalismo; e) a preocupação do
liberalismo herculaniano por chegar ao estabelecimento de instituições
políticas que garantam a realização dos ideais professados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A)</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <b><i>Rejeição do despotismo</i></b>.- Na
sua <i>História de Portugal</i>, Herculano critica a forma em que se concentrou
o poder nas mãos do monarca, esquecendo as antigas tradições de liberdades
locais, originárias da Idade Média. A rejeição do absolutismo é um traço
constante na sua obra. Eis a forma em que Joaquim Veríssimo Serrão sintetiza a
crítica histórica feita por Herculano ao surgimento do absolutismo português:
"O apego à Monarquia, como instituição suprema para o bom governo dos
povos, nunca foi posto em causa pelo historiador, que via na figura régia o
garante do equilíbrio político e social. Mas com a condição de os monarcas
guardarem as liberdades que asseguravam a grandeza e a virtude dos cidadãos,
não os transformando em súditos e escravos. A baliza temporal de D. João II (1455-1495)
para distinguir as duas fases históricas da Nação, constitui um dos axiomas de
Herculano, que, sendo um medieval de formação, via nos fins do século XV, com a
expansão em curso e a tendência para o absolutismo, a grande viragem que
alterou gravemente o equilíbrio português. Daí que assacasse os maiores
defeitos aos reis posteriores [...], como se a história moderna do país se
houvesse reduzido a um acervo de misérias e desgraças. Tal foi a influência de
Herculano neste pensamento, que levou autores capazes, como Oliveira Martins, a
situarem a decadência nacional no processo de descobrimentos e conquistas,
reduzindo a figuras pobres os monarcas posteriores ao Príncipe Perfeito (Dom
João II)" [Serrão, 1977: 47-48]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não podemos deixar de encontrar aqui, nesta defesa de Herculano em prol de
uma monarquia aberta à defesa da liberdade, um eco do pensamento de Guizot, que
defendeu a Monarquia de Julho na França e que, de forma clara, considerava ser
a Monarquia brasileira uma instituição em defesa das liberdades e da
representação, constituindo uma garantia contra o despotismo [cf. Guizot, 1864:
247-271].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Já salientamos, na no início da Segunda Parte deste ensaio, a
forma em que, de acordo com Herculano, consolidou-se o poder em Portugal como
propriedade particular do príncipe, o que ensejaria o surgimento do absolutismo
a partir do século XV. Limitemo-nos aqui, simplesmente, a enfatizar a sua
rejeição a qualquer forma de despotismo, como algo absolutamente alheio à
natureza dos povos livres. Eis a forma em que o nosso autor introduz a sua <b><i>História
de Portugal</i></b>: "A liberdade tem conseqüências inevitáveis; as
gerações dos povos livres participam perante o futuro da responsabilidade dos
poderes públicos ou, antes, a responsabilidade é delas, porque têm sempre força
e meios para os revogar aos sentimentos do pudor e do dever quando eles a
esquecem. As virtudes ou os crimes dos que as governam; a sua glória ou a sua
desonra pertence-lhes. O despotismo, esse não o podem chamar à autoria. Para
mim a questão, vista por esse lado, estava resolvida. Não era, não podia ser o
desejo de reagir contra manifestações oficiais e solenes o que me impelia a
renovar esforços tanto tempo interrompidos. Era uma destas afeições
individuais, modestas e desinteressadas, que nascem, como flor singela, nos
pedregais da vida" [Herculano, 1914: I, 13]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O historiador português é um liberal no sentido pleno da palavra,
abarcando a sua doutrina as três instâncias essenciais da cultura, da política
e da economia. É kantiano do ponto de vista cultural (embora não tenha lido
jamais a obra do pensador de Königsberg, mas tomado contato com os seus
lineamentos gerais muito provavelmente através da obra de Madame de Staël <i>De
l'Allemagne</i>, que possibilitou aos portugueses o conhecimento do kantismo)
[cf. Staël, 1968]. Herculano, outrossim, acredita na livre iniciativa em
matéria econômica (embora com ressalvas conservadoras quanto à adoção da
técnica, que deve ser adotada sobre um pano de fundo moral). No que tange à
política, o nosso autor defende denodadamente o indivíduo, na sua liberdade,
contra os avanços do estatismo. Eis um texto bem revelador dessa índole liberal
ampla. Em carta endereçada a Oliveira Martins em 10 de dezembro de 1870,
escreve Herculano: "Eu, meu caro democrata e republicano, nunca fui muito
para as idéias que mais voga têm hoje entre os moços e que <i>provavelmente
virão a predominar</i> por algum tempo no século XX, predomínio que as não
tornará nem piores nem melhores do que são. A liberdade humana sei o que é: uma
verdade da consciência, como Deus. Por ela chego facilmente ao direito
absoluto; por ela sei apreciar as instituições sociais. Sei que a esfera dos
meus actos livres só tem por limites naturais a esfera dos actos livres dos
outros e por limites factícios restrições a que me convém submeter-me para a
sociedade existir e para eu achar nela a garantia do exercício das minhas
outras liberdades. Todas as instituições que não respeitarem estas idéias serão
pelo menos viciosas. Absolutamente falando, o complexo das questões sociais e
políticas contém-se na questão da liberdade individual. Por mais remotas que
pareçam, lá vão filiar-se. Mantenham-me nesta, que pouco me incomoda que outrem
se assente num trono, numa poltrona ou numa tripeça. Que as leis se afiram
pelos princípios eternos do bom e do justo, e não perguntarei se estão acordes
ou não com a vontade de maiorias ignaras" [apud Oliveira Martins, 1984:
229].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Aparece nestes dois textos um eco da influência recebida por Herculano
dos doutrinários e os seus discípulos, como Tocqueville. Não é de claro sabor
tocquevilliano essa profissão de fé na defesa da liberdade, semelhante à
confissão que fazia o pensador francês de estar sempre do lado daquela, em que
pese a tradição despótica que tomou conta do seu país? Lembremos a profissão de
fé liberal de Tocqueville [1988: 93-95], formulada na sua obra <i>O Antigo
Regime e a Revolução:</i> "Alguns hão de acusar-me de mostrar neste livro
um gosto muito intempestivo pela liberdade, a qual, segundo me dizem, é algo
com que ninguém mais se preocupa na França. Só pedirei àqueles que me fariam
esta censura, lembrar-se que esta tendência é muito antiga em mim. Há mais de
vinte anos, falando de uma outra sociedade, escrevia quase textualmente o que
vão ler aqui. No meio das trevas do futuro já podemos descobrir três verdades
muito claras. A primeira é que em nossos dias os homens estão sendo levados por
uma força desconhecida, que temos a esperança de poder regular e abrandar, mas
não de vencer, e que os impele suave ou violentamente a destruir a
aristocracia. A segunda é que, em todas as sociedades do mundo, aquelas que
sempre encontrarão as maiores dificuldades para escapar por muito tempo ao
governo absoluto, serão precisamente estas sociedades onde não há mais e não
pode haver uma aristocracia. A terceira é que em nenhum lugar o despotismo
poderá produzir efeitos mais nocivos do que neste tipo de sociedade, porque
mais do que qualquer outra espécie de governo, ele favorece o desenvolvimento
de todos os vícios, aos quais estas sociedades estão especialmente sujeitas, e
assim as empurra numa direção à qual uma inclinação natural já as fazia pender.
(...). Só a liberdade pode combater eficientemente, nesta espécie de
sociedades, os vícios que lhes são inerentes e pará-las no declive por onde
deslizam. Com efeito, só a liberdade pode tirar os cidadãos do isolamento no
qual a própria independência de sua condição os faz viver, para obrigá-los a
aproximar-se uns dos outros, animando-os e reunindo-os cada dia pela
necessidade de entender-se e agradar-se mutuamente na prática de negócios
comuns. Só a liberdade é capaz de arrancá-los ao culto do dinheiro e aos
pequenos aborrecimentos cotidianos (...) para que percebam e sintam sem cessar
a pátria, acima e ao lado deles. Só a liberdade substitui vez por outra o amor
ao bem-estar por paixões mais enérgicas e elevadas, fornece à ambição objetivos
maiores que a aquisição das riquezas e cria a luz que permite enxergar os
vícios e as virtudes dos homens. (...) Eis o que eu pensava e dizia há vinte
anos. Tenho de confessar que desde então nada aconteceu no mundo que me levasse
a pensar e falar diferentemente. Tendo demonstrado a boa opinião que eu tinha
da liberdade num tempo em que alcançou o apogeu, não acharão ruim que nela eu
persista quando a abandonam".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para Herculano, a rejeição do despotismo é um princípio que não admite a
menor dúvida. Em carta a Oliveira Martins datada em 10 de dezembro de 1870
[apud Serrão, 1977: 194] escreve estas palavras, que lembram a rejeição do
absolutismo feita por John Locke (1632-1704) no seu <i>Primeiro Tratado sobre o
Governo Civil. </i>Note-se o sabor empirista do texto, que defende a soberania
da Nação como um fato: "Tão ilegítimo acho o <i>direito divino</i> da
soberania régia, como o <i>direito divino</i> da soberania popular. A soberania
não é direito: é fato - fato impreterível para a realização da lei psicológica,
até fisiológica, da sociabilidade, mas, em rigor, negação, porque restrição,
nos seus efeitos, do direito absoluto, e cujas condições são, portanto,
determinadas só por motivos de conveniência prática e dentro dos limites
precisos da necessidade. Fora disto toda a soberania é ilegítima e monstruosa.
Que a tirania de dez milhões se exerça sobre o indivíduo, que a de um indivíduo
se exerça sobre dez milhões, é sempre a tirania, é sempre uma coisa
abominável".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eduardo Soveral destacou a firmeza das convicções liberais de Herculano,
abeberadas na sua vida familiar e que o levavam a não transigir com o
despotismo, em qualquer uma das suas manifestações. A respeito, frisa Soveral
[2002: 6]: "Também as convicções liberais que herdou cedo lhe moldaram a
sensibilidade e lhe nortearam as idéias políticas. Desde sempre repudiou o
absolutismo régio e o jacobinismo radical e revolucionário, apostado em
instaurar, com o apoio despótico das maiorias, uma igualdade que considerava
utópica. E pugnou por um regime em que se não ficasse na afirmação de
princípios e boas intenções, mas de forma efectiva fosse garantida a liberdade
civil".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">B)</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <b><i>Liberalismo e Religião</i></b>.- Já
analisamos suficientemente, nas páginas anteriores, a inspiração religiosa que
marca todo o pensamento herculaniano. Reforcemos as considerações feitas,
mostrando a íntima ligação que existe entre a sua forma de entender o liberalismo
e a visão religiosa do homem e do mundo. Veríssimo Serrão [1977: 50] afirma que
"O liberalismo de Herculano não põe em causa, antes defende com vigor, o
apego religioso que animou os Portugueses no seu ideal de cristandade. O
respeito que mereciam as cinzas dos antigos heróis identificava-se nele com o
próprio culto da Nação portuguesa.<i> A vergonha, vergonha eterna</i> não
provinha de se manter a lembrança desses homens, mas da ambição e falta de
caráter de muitos outros que, em nome de uma nova doutrina política, colhiam os
benefícios de um saque no patrimônio nacional e reduziam ao enxovalho tradições
venerandas". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Oliveira Martins, por sua vez, define assim a índole religiosa do
liberalismo herculaniano: "A tradição religiosa, ou antes aquela
pseudotradição de um catolicismo liberal inventada pelo romantismo servia,
pois, ao filósofo para temperar o seu individualismo, conciliando-o com um
resto de autoridade social consagrada nas prerrogativas do trono
representativo. De tal modo se combinava o racionalismo com o romantismo, e
este traço é o que dá a Herculano, ou antes à sua doutrina, um caráter de
individualidade original, depois do ensino apenas racionalista de Mouzinho da
Silveira (1780-1849)" [Oliveira Martins, 1984 : II, 235]. A inclinação de
Herculano em favor do liberalismo monárquico, é devida a um esforço de
adaptação do liberalismo ao contexto católico português, a fim de superar o
risco do democratismo. Certamente pesa aqui, como já foi destacado, o influxo
de Guizot e dos demais doutrinários, que na França já tinham tentado equacionar
um tipo de solução semelhante, ao ensejo da monarquia de Luís Filipe. O nosso
autor queria um tipo de liberalismo que não colidisse com as tradições
religiosas e que possibilitasse a superação do jacobinismo e do terror.
Veríssimo Serrão [1977: 195] afirma a respeito o seguinte: "Herculano
considerava o regime<i> democrático</i> como inadaptado aos estratos mentais do
homem europeu, marcado pela crença católica que levara ao fortalecimento das
instituições de vários países. Admitia que na origem da mentalidade republicana
da Suíça e das colônias inglesas da América estivesse a força respectiva do
calvinismo e do puritanismo, como <i>prolação da sua vida moral</i>. A índole,
os costumes e a expressão própria desses países mergulhava em práticas
religiosas que lhe mantinham o vigor. Já o mesmo não sucedia com as nações
católicas da Europa, ligadas pelas suas raízes seculares ao liberalismo
monárquico".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Herculano era um doutrinário de pura cepa. Interessava-lhe não apenas a
vida intelectual, mas a sua projeção sobre o mundo da política, a fim de
torná-la a esta mais humana. À maneira de Pierre-Paul Royer-Collard ou de
Guizot, aspirava a transformar as instituições de seu país, tornando-as mais
civilizadas, ou seja, pondo-as a serviço do homem, superando portanto a velha
tradição despótica do absolutismo. Se se afastou da vida pública em alguns
momentos da sua vida, fê-lo para reativar a sua reflexão em face da sociedade e
voltar à liça levando novas abordagens, que possibilitassem uma renovação das
instituições. A propósito deste traço do nosso autor, escreveu Eduardo Soveral
[2002: 9]: "Interessa declarar antes que comungo da opinião dos que
entendem que o recolhimento em Vale de Lobos não deve ser interpretado como uma
renúncia à vida pública que a incompreensão, a inveja, a má fé, e os mesquinhos
ataques pessoais tornavam, uma vez mais, inabalável para um homem de princípios
e de caracter como ele era. Penso também, que Herculano, pelo contrário, soube
reagir positivamente a esse clima malsão da vida cultural portuguesa, e que, em
Vale de Lobos, continuou a desempenhar o papel público que mais se lhe
afeiçoava: exercer um magistério intelectual e moral, fora e acima das
correntes, dos grupos, e mesmo das instituições, excluindo-se de qualquer
espécie de cumplicidade, inclusive daquelas que a aceitação de mercês e
honrarias permitisse admitir".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Doutrinário, liberal portanto, mas também contrário ao democratismo e
defensor convicto da monarquia representativa. Herculano escreve, em carta
dirigida a Oliveira Martins [1984: II, 230] em 10 de dezembro de 1870: "A
democracia repugna às nações ocidentais da Europa educadas pelo catolicismo
que, na pureza da sua índole, é o tipo da monarquia representativa. Seria
preciso ignorar a imensa influência que as religiões têm no desenvolvimento
intelectual e moral das grandes famílias humanas, na formação lenta da sua
índole particular, para não perceber quão difícil é dar um caráter, não só
novo, mas até oposto, ao seu organismo social e político". Em que pese a
inspiração religiosa do seu liberalismo, nem por isso fica minguada a
capacidade crítica de Herculano, conforme ele mesmo confessa: "Depois de
uma época de incredulidade em que lentamente perece uma religião, os espíritos
cultivados que adotam outra para encher um vácuo e para satisfazer a
necessidade psicológica de crer, nem por isso perdem de todo os hábitos de
ceticismo e, se abraçam com ardor a nova idéia na sua generalidade, não abdicam
de repente as tendências para a discussão e para a dúvida nas espécies
particulares" [apud Beirante, 1977: 68].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A mescla da herança iluminista-liberal e do espírito religioso, em
Herculano, que é típica aos românticos em geral, cria nele uma divisão interna,
que é caracterizada da seguinte forma por Beirante [1977: 66]: "Herculano
é um <i>homem dividido</i>: de algum modo é filho espiritual dos iluministas,
mas reage duramente contra a sua irreligião. Por um lado, é sensível ao acervo
das suas idéias, por outro lado, manifesta-se de acordo com muitas das críticas
que lhes são feitas pelos pensadores eclético-espiritualistas das primeiras
décadas de oitocentos. Herculano procura seguir uma via de conciliação entre os
sistemas opostos que se digladiavam surdamente desde finais do século XVII. Vai
adotar a forma do<i> espiritualismo eclético</i>, que afinal já era uma síntese
entre o cristianismo e a filosofia anterior". Podemos salientar,
finalmente, que a síntese entre liberalismo e cristianismo em Herculano
processou-se a partir da sua busca de um princípio que lhe acalmasse "a
necessidade psicológica de crer", sem contudo abandonar totalmente o
espírito da ilustração. Herculano relata, assim, a sua luta por encontrar esse
princípio religioso: "Não achando [...] esperança na religião da matéria
em que me criaram, fugi para a religião dos espíritos e, por uma teoria de
abstração subjetiva, expliquei como Deus me ajudou nas minhas, aliás
inexplicáveis, divagações" [apud Beirante, 1977: 65]. Esse espírito de
procura da religiosidade, como frisamos, é comum aos românticos. Eles, como
frisa Beirante, "vão criar uma nova tábua de valores religiosos, morais,
estéticos, etc., opostos à da filosofia das Luzes. Os escritores do romantismo
vão voltar-se para o Cristianismo primitivo<i> sem as superstições de dezoito
séculos</i> (na expressão de Herculano), ao contrário dos iluministas que
procuravam realizar a divisa de Voltaire: <i>esmaguemos o infame</i>"
[Beirante, 1977: 66].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Herculano, sem dúvida, acredita no progresso. Mas vincula a defesa deste
a um fundo moral, sem o qual perderia o sentido. Eduardo Soveral destacou
pertinentemente esse aspecto do pensamento herculaniano, da seguinte forma:
"Esclareça-se que a posição de Herculano quanto ao progresso técnico do
país, designadamente quanto à construção do caminho de ferro e da sua ligação à
Europa, era muito complexa. Tentarei resumi-la. A sua posição doutrinária de
fundo era a seguinte: a subordinação do progresso técnico a padrões morais era
condição sem a qual mais valeria que ele não se efetivasse. No que em
particular se referia a Portugal, e atendendo ainda ao facto de ser uma nação
pequena, e à generalizada tendência para aceitar sem crítica e imitar as idéias
e modas que o comboio nos traria diariamente de além-Pirineus, entendia que
assim ficaria em grande risco a nossa cultura e o nosso modo de ser. Só
gradualmente, e com um maior conhecimento e uma mais justa avaliação das nossas
tradições, esse ampliado contacto com o que nos era estranho seria benéfico e
não destrutivo. No plano econômico entendia que era prioritário o
desenvolvimento da agricultura, e que seria apoiando-se nela que a
industrialização devia operar-se. O recurso ao crédito externo, como acontecia
com a construção da linha férrea, traria certamente, segundo pensava, prejuízos
futuros" [Soveral, 2002: 8]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <b>C)</b> <b><i>Liberalismo e Tradição</i></b>.- No liberalismo
herculaniano encontramos uma ponte que o liga à tradição medieval, e que lhe
permite formular, já no campo das instituições políticas, soluções que sejam
aceitas pela Nação, cujo passado ele respeita. Atitude semelhante de culto à
tradição medieval encontramos na obra de John Locke, sobretudo quando o
filósofo inglês estabelece o princípio dos direitos da Nação, e o culto aos
valores religiosos como base da política, o que lhe faz mitigar o
individualismo e o racionalismo herdados, respectivamente, de Hobbes e de
Descartes. Essa presença da tradição, em Locke, deu-se graças ao influxo que
teve nele a obra de Richard Hooker (1554-1600) intitulada <i>Ecclesiastical
Polity</i>, verdadeiro compêndio das tradições medievais anglo-saxônicas em
matéria política. Pois bem, aspecto semelhante de culto à tradição encontramos
na obra de Herculano. Mais uma vez, a responsabilidade pela presença deste
aspecto no pensamento herculaniano cabe à sua inspiração romântica, como bem
salientou Joaquim Veríssimo Serrão [1977: 193]: "Tem de fixar-se o
princípio de que o nosso autor foi, ao mesmo tempo, um romântico e um liberal,
pela época em que viveu e pela expressão do seu ideário. Se a sua concepção
medieva e a busca de uma definição secular para a origem da nação portuguesa o
prendem ao movimento romântico, a valorização do homem como princípio e fim da
sociedade política tornou-o um liberal de expressiva marca. Como pensador,
Herculano foi mais romântico; como homem para quem a ação política tinha de
orientar-se pelo culto estrênuo de uma doutrina, impõe-se pela segunda face. É
na conjugação dos dois movimentos, sem qualquer escusada alternativa, que
Herculano encontrou a plena realização da sua personalidade, no diálogo
permanente que a si próprio impôs entre a pureza doutrinal e a sua vivência no
tempo". Diálogo permanente que decorre, ao nosso modo de ver, da
influência marcante que os doutrinários franceses exerceram na sua obra e no
seu pensamento. Afinal, essa tensão constante entre a concepção do mundo e a
ação para transformar o universo político, constitui a marca registrada de
homens como Guizot, Royer-Collard e dos que, na França, recolheram essa
herança, como é o caso de Tocqueville, ainda no século XIX e de Raymond Aron,
no século seguinte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Um texto do nosso autor serve para ilustrar o profundo respeito que ele
professa pelas tradições da Nação portuguesa. Eis as suas palavras: "Oh!
Que se a minha débil voz pudesse retumbar nos paços dos grandes e no conselho
dos legisladores, eu lhes dissera: nossa glória passou, e o nome português é a
fábula do mundo. Caímos no fundo do nosso abatimento, incertos acerca do
futuro; é para o passado que, sem rubor ou sem custos, podemos volver os olhos:
não apagueis portanto na face da terra natal todos os vestígios de recordações
de consolo. Esses claustros, esses templos ora desertos, eram cheios de vida e
de ruído em dias de virtude e de renome, e por baixo dessas lages dormem homens
que nos legaram larga herança de boa fama. Não vendais ao rico as ossadas dos
nossos antepassados, que disso tomarão as raças vindouras estreita conta à
vossa memória, nem fieis da piedade do abastado, porque a infâmia que lhe
aumentar os tesouros deixa de lhe ser infâmia. Ele espalhará ao vento as cinzas
aviltadas, com o mesmo descaro com que o verdugo espalha as do justiçado,
condenado a assim cumprir com a sua justiça. Monumentos da história e fonte de
meditações são os sepulcros, e em quase todas essas campas, hoje cobertas de
musgo, se lê em letras meias gastas o nome de varões abalizados. Eles passaram,
mas oxalá nunca a sua memória pereça. É ela o grito de consciência nacional:
este grito, se o deixardes soar, talvez ajude à liberdade a regenerar os nossos
filhos" [apud Serrão, 1977: 49-50].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">D)</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <b><i>O Patriotismo</i></b>.- Em que pese a
caracterização de <i>estrangeirado</i> com que Joaquim Barradas de Carvalho
(1920-1980) tentou tipificar Herculano, o liberalismo do historiador português,
pelo contrário, é de profunda inspiração nacional. Poderíamos aqui lembrar tudo
quanto foi afirmado anteriormente sobre o culto ao passado e acerca do papel
atribuído à religião no pensamento herculaniano. O patriotismo foi uma das
características da geração do nosso pensador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Veríssimo Serrão [1977: 11] afirma a respeito que "um forte
sentimento pátrio animou os homens do século XIX, que punham os valores
nacionais acima do ideário pessoal e, quando não o faziam na prática, tinham
pelo menos a consciência de respeitar esse princípio. Foi esse um dos grandes
legados do liberalismo que cumpre nesta hora relembrar na figura de um dos seus
maiores. Também a crença nos direitos individuais que animou o espírito
oitocentista, mantém viva a ressonância dos que acreditam no homem como o fim
último da sociedade". Segundo a análise crítica que Herculano faz da
história portuguesa, a falta de força moral que por volta de 1870 se alastrava
em Portugal não era conseqüência da liberdade, mas justamente tinha sido
causada pela carência dela, pois tanto o absolutismo quanto a influência
francesa conseguiram perverter a reta evolução do espírito medieval português.
Em que pese o sistema constitucional da sua época ser "incompleto,
contraditório, às vezes absurdo", ele não foi responsável pela
descaracterização do país, mas a má aplicação que se fizera dele. Herculano
frisava que "o mal está antes no país que nas instituições", nunca
deixando de nutrir a esperança de que o seu ideal tivesse perenidade [cf.
Serrão, 1977: 205-206].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E)</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <b><i>Preocupação com o aperfeiçoamento das
instituições políticas</i></b>.- Ao ser a história, segundo Herculano, a
simples manifestação de idéias que obedecem a um plano previamente traçado pela
sabedoria divina e que evoluem de acordo com a vontade de Deus, a organização
social dar-se-á em base à manifestação desse plano divino, cujos arautos serão,
no sentir de Herculano, os espíritos ilustrados, autênticos representantes do
sentido comum da sociedade. Assim, segundo diz Saraiva [1976: 109], "a
razão pública se converte na razão de uma aristocracia encarregada de pensar
pelo todo coletivo de que faz parte; e a soberania do direito na soberania de
um grupo privilegiado". O pensamento elitista de Herculano é o mesmo que
empolgava ao partido cartista. Antônio José Saraiva [ibid.] sintetizou esse
elitismo assim: "à soberania popular contrapõe-se uma sociedade
hierarquizada politicamente, em que o voto pertence à aristocracia selecionada
pelo censo: soberania da Razão ou do Direito era o nome que se dava à soberania
desta oligarquia".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na base da concepção herculaniana sobre a sociedade hierarquizada,
encontramos duas tradições que inspiram o seu pensamento, provenientes porém de
horizontes diferentes. De um lado, achamos a herança liberal clássica de John
Locke, com a sua insistência na representação de interesses, na sociedade,
através de uma elite abençoada por Deus, no contexto da mentalidade calvinista:
os proprietários. Só que no caso de Herculano, que teoriza fora do contexto
calvinista, os simples proprietários são substituídos pelo mercador, o artista,
o industrial, o professor, o homem de letras, o proprietário urbano ou rural, o
cultivador, o capitalista, "todos esses atentados vivos contra a igualdade
democrática" tão combatida por Herculano. De outro lado, encontramos na
visão hierárquica de Herculano a inspiração organicista, que o leva a defender
a idéia de umas classes médias reguladoras da sociedade. Influência certamente
haurida da leitura de Guizot. Uma sociedade puramente igualitária conspira
contra a realidade das coisas humanas. A desigualdade é um fato normal da
sociedade, porque decorre da natureza orgânica que lhe é própria. Em que pese a
visão organicista e hierárquica da sociedade, não podemos desconhecer a
valorização que Herculano faz da soberania popular, expressada através das
eleições.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">De acordo com o providencialismo herculaniano, existe uma norma absoluta
ou arquétipo, que permanece no mundo das idéias, que é superior às sociedades e
independente das suas fases históricas e pela qual devem ser aferidas as
instituições e as ações dos homens. A idéia da justiça transcendente e soberana
insere-se no contexto dessa crença. "Acreditamos na justiça - frisa
Herculano - como verdade absoluta pela qual as sociedades vão procurando aferir
os seus atos à medida que se aperfeiçoam" [apud Saraiva, 1976: 104]. É
aqui que Herculano desenvolve a sua teoria da soberania. A sociedade consegue
realizar a idéia de justiça, se fazendo representar moderadamente através das
elites ilustradas - que para Herculano identificam-se com as classes médias
portuguesas da sua época - mediante o voto censitário, as eleições indiretas e
o reconhecimento da monarquia como garantidora da estabilidade do Estado. As
classes médias estariam integradas pelos mais capazes. É a noção já elaborada
por Guizot de "cidadão capaz", pivô da sua teoria da soberania, como destaca
com pertinência Pierre Rosanvallon [1985: 121]. O poder é algo que existe de
fato na sociedade; o papel da soberania popular é justamente o de tratar de
reduzir ao mínimo o caráter despótico do poder, de forma que transluza na
sociedade a idéia da justiça. E só o sistema representativo garante esse
processo. A palavras de Herculano a respeito são taxativas: "Acreditamos
na razão humana indagadora das leis do justo, como fonte de soberania. É por
isso que queremos a verdade do sistema representativo, que proporciona à razão
os meios de se produzir e manifestar pela discussão, de ser consagrada pela
eleição, e de reduzir constantemente o poder de fato à soberania de
direito" [apud Saraiva, 1976: 106].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Herculano considera que para garantir a liberdade do sistema representativo,
o regime mais consentâneo é o governo parlamentar. Além disso, é necessário
defender constantemente a imprensa e zelar pela pureza do sistema eleitoral. Na
geração contemporânea do nosso autor coube a um grande estadista, Mouzinho da
Silveira, pôr em prática muitas das idéias professadas por ele. Sobre Mouzinho,
escreveu Herculano em 1841: "Só havia um homem capaz de aplicar a
filosofia à política: era o homem que tornou impossível o regime absoluto em
Portugal, o senhor Mouzinho da Silveira" [apud Beirante, 1977: 50]. Num
ensaio publicado em francês, em 1856, quinze anos depois, Herculano refere-se
assim à obra do estadista: "<i>Mouzinho fut un verbe, una idée faite
chair: il a été la personification d'un gran fait social, d'une révolution qui
est sortie de sa tête</i>". Os seus relatórios como ministro da Fazenda
não propunham senão "la réligion du bien-être matériel du progrès
économique" [apud Beirante, ibid.]. O próprio Mouzinho, no seu testamento,
expressa a sua missão de estadista nestes termos: "Vim ao mundo em época
fertilíssima em reflexões e invenções, que devem mudar a face do mundo para
grande melhoria material e para melhor multiplicação do gênero humano"
[apud Beirante, ibid.]. O aspecto central da obra de Mouzinho consistiu em
deitar as bases para o surgimento, em Portugal, de uma classe média rica e
capaz de sustentar as instituições do governo representativo, dentro da mais
clara referência ao ideário dos doutrinários franceses. As reformas que
Mouzinho encaminhou e que empolgaram Herculano, dizem relação à supressão das
ordens religiosas que pretendiam se manter sobranceiras ao Estado, à eliminação
do papel-moeda para conter o surto inflacionário, à redistribuição das terras
favorecendo a produtividade, ao combate à exploração escravista nas colônias e
à luta contra a improdutividade do clero e da nobreza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">6 - Crítica à filosofia incrédula.</span></b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Herculano não nega validade à filosofia. Insurge-se, sim, contra o
pensamento iluminista que, a partir de Voltaire, desconheceu o fato religioso.
Considera que essa filosofia vã é a responsável direta pelas crises da
sociedade européia ao longo do século XIX. Eis a forma em que o nosso autor
caracteriza a obra da filosofia incrédula: "Como a florinha do campo, a
alma por onde passou a procela da filosofia, esse turbilhão transitório de
doutrinas, de sistemas, de opiniões de argumentos, pende desanimada e tristonha;
e na claridade baça do cepticismo, que torna pesada e fria a atmosfera da
inteligência, não pode aquecer-se aos raios esplêndidos do sol de uma crença
viva" [apud Beirante, 1977: 65]. Herculano julga severamente as escolas
que, a seu ver, deixaram em segundo plano o aspecto religioso. A respeito, o
nosso autor escrevia em 1838: "A verdade! Que é a verdade? [...] Quem me
dará uma resposta cabal? [...] Cada uma das escolas que perquire desde os
acesos partidários do prazer, os histriões de ferro, chamados Estoicos; desde
os semicristãos Platônicos, até os semirepublicanos Epicúreos, desde o
pessimista Heráclito até o otimista Pangloss, passando pelo justo meio do
compensador Azaís, cada escola me aturde com a sua quimera especial [...]. Na
terra, porém, ser-nos-á totalmente defesa a Verdade? Creio que não" [apud
Beirante, 1977: 91].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para o historiador português, só é válida a obra da razão que se abre à
fé. É o que Herculano expressa no seguinte texto: "A crença da civilização
devia ligar-se com esta: a guerra entre o Evangelho e o Progresso era absurda:
era guerra entre luz e luz, não entre luz e trevas. Concordes a fé e o saber, a
sua ação sobre os destinos das nações brevemente será imensa e irresistível. É
por isto, incrédulos, que vos não convém tentar outra vez reconstruir o andaime
podre do filosofismo cadavérico. Por vosso próprio interesse deixai pelas
tabernas sua derradeira estância; deixai-o pavonear-se na praça, mas não o
leveis (...) para o mundo imenso, solene, santo, das inteligências! Resignai-vos,
pois, em silêncio, na vitória intelectual do cristianismo contra a filosofia da
incredulidade" [apud Beirante, ibid.]. Levando em consideração que a
fundamentação da moral humana estruturou-se, segundo Herculano, por via
sobrenatural através da Revelação Bíblica, ele não tem inconveniente em duvidar
da capacidade da razão, lhe atribuindo impotência radical que só é superada
pela intuição mística, graça divina, que se constitui em única possibilidade
para atingir o Absoluto. Assim, Herculano vê impossível aceitar, <i>tout-court</i>,
o ecletismo, que supõe a capacidade da razão humana. Mas o nosso autor utiliza,
no entanto, algumas respostas desse sistema, para equacionar problemas
concretos, como o relacionado à interpretação do processo histórico, ou o que
se refere à teoria política do Estado ou à reforma literária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O fundamental, do ângulo da epistemologia da verdade, é reconhecer a
Providência divina. Uma vez aceito este ponto de vista, bem-vinda a razão
iluminada pela fé e administrada pelas classes médias, postas por Deus para
garantir o feliz desfecho da história portuguesa. Herculano é um audaz defensor
da liberdade de imprensa que, sabe, beneficia a atuação das classes médias,
contra os radicais e os absolutistas. No seu belo opúsculo intitulado <i>A
Imprensa,<b> </b></i>o nosso autor faz uma clara profissão de fé liberal (como
outrora fizera o precursor dos doutrinários, Benjamin Constant de Rebecque, no
famoso discurso que constitui o testamento ideológico do autor de <i>Princípios
de Política</i>) [cf. Constant, 1970]. O historiador português defende sem
meias tintas a liberdade de imprensa, pautada certamente pela defesa dos
interesses da média da opinião, ou seja, das classes médias, as chamadas a
dirigir a sociedade portuguesa pelo caminho do bem comum a todos os cidadãos.
Herculano frisa a respeito: "A liberdade de imprensa é um dogma, o
primeiro da religião política moderna, e para muitos até um axioma de
filosofia: uma potência essencialmente superior a todas forçosamente é livre.
Fique portanto dogma e axioma, porém entenda-se qual é o sentido que neste caso
cabe à palavra liberdade. [...] Não falamos aqui senão em relação à moral e à
política. A imprensa moderada produz a verdade e a animação para o bem; o
silêncio da imprensa ou o delírio frenético da imprensa, nublam a verdade,
tiram a energia e o gosto do bem, fazem que a opinião tornada falível, nem seja
prêmio a bons e castigo a maus, porque maus e bons a desprezam, como ela
merece: quando se pode chamar e se chama ladrão a todos, o que o é consola-se
com a honrada companhia em que o meteram; o que não era, talvez, e até por
despeito, se decide a aproveitar os prós do ofício, de que já lhe fizeram
sofrer os percalços. A aplicação copiosa e injusta da pena, quebrou-lhe o que
ela tinha de doloroso, criou uma espécie de impunidade, equivalente a uma mudez
profunda da opinião. [...] A liberdade de imprensa, como as demais liberdades,
deve, portanto, ter a sua medida e esta medida não pode ser outra senão a que
naturalmente limita todas essas liberdades para que possam coexistir em
proveito de todos os cidadãos" [Herculano, 1898e: 17-23].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas se a crítica à filosofia incrédula leva Herculano a descartar os
excessos do iluminismo na versão francesa, de outro lado, em virtude do mesmo <i>élan</i>
liberal e antidogmático, o nosso autor é tremendamente duro para com o espírito
ultramontano, encarnado na atitude jesuítica, que utiliza as instituições
eclesiásticas para fortalecer uma proposta de dominação despótica. Herculano,
como outros católicos liberais do seu tempo (Tocqueville na França ou Rui
Barbosa no Brasil, por exemplo), não aceita o clericalismo no seio da sociedade
civil. Um trecho apenas para ilustrar essa feição do nosso pensador. No
opúsculo intitulado <i>A reacção ultramontana em Portugal</i>, ao analisar a
perniciosa presença do espírito jesuítico, Herculano escreve, em 1857, ao
ensejo da perseguição que lhe foi movida pelos jesuítas: "Onde vos
dissemos, filhos de Santo Inácio, que éreis incapazes de um assassínio moral?
Onde vos dissemos que não podíeis minar debaixo da terra como a toupeira,
cortar a raiz de uma planta, destruir uma existência literária? Onde que não
tínheis força para fazerdes um acervo dessa lepra de Job, que devora moralmente
tantos dos nossos homens públicos, e que todas as telhas do maior edifício da
capital não bastariam a raspar, para o atirardes contra um indivíduo? O que vos
dizíamos é que sois muito fracos, não diante de um homem que podeis ferir de
noite e pelas costas, mas diante do país, diante da razão pública, diante da liberdade,
a quem deveis tudo e que haveis traído vestindo a santa roupeta. (...), O
terreno pois da contenda é um terreno neutro, onde os homens de bem e sinceros
de todas as escolas políticas podem pelejar unidos como irmãos. A guerra é
contra a usurpação estrangeira e com o jesuitismo e ultramontanismo <i>ad hoc</i>
de certo tipo de reacionários, fezes de todos os partidos (...). O catolicismo,
ainda o mais fervoroso, é estranho à contenda. Não se trata hoje da crença que
herdamos de nossos pais e que devemos transmitir intacta a nossos filhos.
Trata-se do direito. Trata-se de manter os limites do sacerdócio e do império.
Acima também do debate está o sumo pontífice, o primaz da igreja católica, o
primeiro entre os seus coepiscopos. Impecável e santo perante os homens,
enquanto espontânea e individualmente não transpõe os limites em que
circunscrevem a sua ação as instituições eclesiásticas, cumpre-nos curvar a
cabeça diante dele como chefe visível da igreja, no exercício das suas
legítimas atribuições. O que não somos obrigados a aceitar é os erros e abusos
dos seus ministros ou a deslealdade dos nossos [...]" [Herculano, 1908:
7-15].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Herculano atribui papel importante à Igreja portuguesa na formulação da <i>média
da opinião </i>no seio das classes médias, que devem dirigir o processo
político. Mas a voz que deve ser escutada é, fundamentalmente, a do <i>Pároco
de Aldeia</i> (que significativamente é o título de um dos seus mais
importantes romances). O historiador português desconfia da cúria romana e de
tudo quanto simbolizar fidelidade política a um soberano além fronteiras.
Aceita a autoridade espiritual do Papa, nunca a sua ingerência em assuntos
políticos. António José Saraiva ilustrou muito bem a posição do nosso autor, no
seguinte trecho: "O alto clero e as ordens religiosas são peças essenciais
do mundo feudal, pois são eles que desfrutam os dízimos e outros direitos
feudais, e que dispõem dos chamados bens de mão morta, retirados da circulação
de capitais. A classe média dos párocos de aldeia não é economicamente solidária
com o antigo regime, vive, como qualquer trabalhador, das missas, batizados ou
casamentos que celebra, e, pormenor que Herculano salienta, nada lucra com os
dízimos. Julgava-se possível um entendimento entre a burguesia clerical e a
burguesia econômica, política e cultural. Segundo a bela utopia de <i>O Pároco
de Aldeia</i>, competiria aos párocos divulgar a mensagem evangélica tal como o
liberalismo a concebia: a mensagem igualitária e fraternal, que condenava os
escribas e fariseus, que derruía em nome da justiça a exploração do que
trabalha pelo que não trabalha, que inspiraria a tolerância, que fortaleceria
as virtudes sociais, o amor da família, a morigeração, os hábitos da caixa
econômica. Insuflar um espírito novo nas antigas formas rituais, valorizar o pároco
a expensas do alto clero e utilizá-lo na difusão do catolicismo liberal - tal
parece ser o pensamento fundamental d' <i>O<b> </b>Pároco de Aldeia</i>, o qual
nos dá a chave da aparente contradição do tradicionalismo e reformismo no
pensamento religioso de Herculano" [Saraiva, 1976: 76].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">7 - O romantismo de Herculano e o de Domingos
Gonçalves de Magalhães.</span></b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tentando reivindicar uma visão espiritualista do homem, o ecletismo
espiritualista de Magalhães, o maior expoente do romantismo no Brasil,
desempenha um papel similar ao representado pela obra de Herculano em Portugal.
Não cabe aqui uma exposição completa do pensamento de Magalhães. Simplesmente
procederemos, à maneira de conclusão deste ensaio, a uma rápida comparação do
pensador brasileiro com Herculano. Há nos dois autores um ponto de partida
comum: o afã de reivindicar nas obras literárias a importância da fé na vida do
homem, e a crença, profundamente enraizada, de que só em Deus alcança pleno
sentido a vida humana. Mas enquanto Herculano desenvolve, a partir daí, uma
concepção religiosa e não filosófica do mundo, Domingos de Magalhães parte para
um autêntico trabalho de cunho filosófico. A respeito, escreve um dos mais
importantes estudiosos brasileiros deste último, Roque Spencer Maciel de Barros
(1927-1999): "Magalhães responde filosoficamente à questão que já
suscitara como poeta: encontra, tão racionalmente quanto lhe é possível, aquele
fundamento religioso a que, como poeta, chegara pela fé... A razão justifica a
fé e aniquila a dúvida e o ceticismo" [Barros, 1973: 222]. Contrastando
com a descrença herculaniana nos sistemas filosóficos, Domingos de Magalhães
fundamenta toda a sua obra teórica numa visão filosófica, que deita as bases
para uma concepção espiritualista do mundo, na qual possam se inspirar, por sua
vez, a justificação racional da liberdade, da moral e ainda da política,
conforme expressa no Prólogo à sua obra principal, <i>Fatos do Espírito Humano</i>.
A respeito, escreve Roque Spencer: "Só a filosofia - e naturalmente uma
filosofia verdadeira - pode dar, em plenitude, as razões do espiritualismo e
justificar a própria fé" [Barros, 1973: 222].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em contraste com a fundamentação da conduta humana no fato religioso
cristão feita por Herculano, Gonçalves de Magalhães baseará toda a sua visão da
liberdade e da moral, numa análise filosófica inspirada em Cousin e
parcialmente em Malebranche e Berkeley. Magalhães tenta uma explicação do homem
em termos puramente espiritualistas, que negam qualquer valor substancial ao
mundo material, mesmo ao próprio corpo, já que o universo sensível só existe
intelectualmente em Deus, como pensamentos seus. O homem, preso no corpo, é
livre por ser espírito e adquire a conotação de ente moral justamente em
virtude dessa "resistência do corpo". A moral de Magalhães, como a de
Cousin, é uma moral do dever que valoriza a intenção do autor e não o resultado
do ato" [Barros, 1973: 220-221]. Há, no entanto, um traço comum à teoria
herculaniana e à visão filosófica de Magalhães: em virtude do fundo
neoplatônico que anima, de longe, os seus sistemas de pensamento, há a
tendência, em ambos, a infravalorar o mundo visível, bem considerando que por
trás dele há uma idéia, dirigida em última instância pela Providência divina
(Herculano), ou bem identificando o mundo sensível, sem mais, como pensamento
de Deus (Magalhães). Contudo, a diferença fundamental consiste no fato já
mencionado de Domingos de Magalhães valorizar a meditação filosófica, enquanto
Herculano a desvaloriza. Em relação a Magalhães é importante salientar que, de
acordo com a sua visão da moral do dever, há uma relação direta entre
moralidade e sociedade. O homem é moral porque inserto no corpo e, logicamente,
na sociedade. "Moralmente falando - escreve Magalhães - o ato é bom, justo
e belo, se serve para a conservação e perfeição da sociedade; e a intenção é
pura e meritória, se tende ao mesmo fim. A intenção é imoral, e seu mérito
nenhum, se o egoísmo, o amor próprio determinou o ato" [Apud Barros, 1973:
221]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">BIBLIOGRAFIA <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">BARROS, Roque Spencer Maciel de [1973].<b><i> A
significação educativa do romantismo brasileiro: Gonçalves de Magalhães.</i></b>
São Paulo: Edusp / Grijalbo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">BEIRANTE, Cândido [1977]. <b><i>A ideologia de
Herculano: Da teoria do progresso da civilização às reformas regeneradoras de
Portugal. </i></b>Santarém: Junta Distrital.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">CALAFATE, Pedro [1990]. "Herculano
(Alexandre)". In: <b><i>Lógos, Enciclopédia luso-brasileira de Filosofia. </i></b>Lisboa
/ São Paulo: Editorial Verbo, vol. 2, pg. 1084-1093.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COELHO, António Borges [1965]. <b><i>Alexandre
Herculano. </i></b>Lisboa: Presença.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">CONSTANT de Rebecque, Henry Benjamin [1970]. <b><i>Princípios
de política. </i></b>(Tradução ao espanhol de Josefa Hernández Alonso;
introdução de José Alvarez Junco). </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Madrid: Aguilar. </span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">GUIZOT, François [1864]. <b><i>Histoire de la Civilisation en Europe
depuis la chute de l'Empire Romain jusqu'a la Révolution Française. </i></b></span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">8<sup>ª</sup> edição. Paris: Didier.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre [1898a].<b><i> Opúsculos -
Controvérsias e estudos históricos. </i></b>6<sup>ª</sup> edição. Lisboa:
Bertrand; Rio de Janeiro: Francisco Alves.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre [1898b]. <b><i>Opúsculos -
Questões públicas - Vol. I. </i></b>6<sup>ª</sup> edição. Lisboa: Bertrand; Rio
de Janeiro: Francisco Alves.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre [1898c]. <b><i>Opúsculos -
Questões públicas - Vol. II. </i></b>5<sup>ª</sup> edição. Lisboa: Bertrand;
Rio de Janeiro: Francisco Alves. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre [1898d].<b><i> Opúsculos -
Questões públicas - Vol. IV. </i></b>3<sup>ª</sup> edição. Lisboa: Bertrand;
Rio de Janeiro: Francisco Alves.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre [1898e]. <b><i>Opúsculos -
Questões públicas - Vol. V. </i></b>3<sup>ª</sup> edição. Lisboa: Bertrand; Rio
de Janeiro: Francisco Alves.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre. [1908]. <b><i>Opúsculos -
Questões públicas - Vol. VI.</i></b> Lisboa: Bertrand - José Bastos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre [1914]. <b><i>História de
Portugal. </i></b>Lisboa: Aillaud & Bertrand, 8 volumes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre [1927]. <b><i>Fragmentos
literários - Volume I. </i></b>Rio de Janeiro: Sauer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HERCULANO, Alexandre [1987]. <b><i>História da
origem e do estabelecimento da Inquisição em Portugal. </i></b>Lisboa: Círculo
de Leitores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">OLIVEIRA MARTINS [1984]. <b><i>Portugal
contemporâneo. </i></b>(Estudo introdutório de Moniz Barreto). Lisboa:
Europa-América, 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ROSANVALLON, Pierre [1985]. <b><i>Le moment Guizot.</i></b> </span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Paris: Gallimard.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SARAIVA, António José [1976]. <b><i>História da
literatura portuguesa. </i></b>9<sup>ª</sup> edição. Porto: Porto Editores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SARAIVA, António José [1977]. <b><i>Herculano e o
Liberalismo em Portugal.</i></b> Lisboa: Bertrand.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SERRÃO, Joaquim Veríssimo [1977]. <b><i>Herculano e
a consciência do liberalismo português.</i></b> Lisboa: Bertrand.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SOVERAL, Eduardo Abranches de [2002]. "Sobre
as posições filosóficas, religiosas e políticas de Alexandre Herculano".
In: <b><i>Revista da Faculdade de Letras do Porto. </i></b>2<sup>ª</sup> série,
no. 19 (2002): pg. 5-19.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">STAËL Holstein, Germaine Necker Madame de [1968]. <b><i>De
l'Allemagne.</i></b> (Cronologia e Introdução de Simone Balayé). Paris: Garnier
Flammarion, 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">STAËL Holstein, Germaine Necker Madame de; Dom
Pedro de SOUZA Holstein, conde de Palmella [1979]. <b><i>Correspondence. </i></b>(Prefácio,
introdução, comentários e notas a cargo de Béatrix d'Andlau). Paris; Gallimard.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">TOCQUEVILLE, Alexis de [1977].<b><i> A democracia
na América. </i></b>(Tradução, prefácio e notas de Neil Ribeiro da Silva). Belo
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp.<b>
</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">TOCQUEVILLE, Alexis de [1988]. <b><i>L'Ancien Régime et la Révolution. </i></b></span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">(Prefácio, notas, cronologia e bibliografia a cargo de Françoise
Mélonio). Paris: Flammarion.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">WEBER, Max [1944]. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Economía y sociedad. </span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">(Tradução ao
espanhol a cargo de J. Medina Echavarría <i>et alii</i>). 1<sup>ª</sup> edição
em espanhol. México: Fondo de Cultura Económica, 4 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-43702389358574491352020-06-02T04:08:00.000-07:002020-06-02T04:08:40.347-07:00Pensadores Portugueses - ANTERO DE QUENTAL (1842-1891)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjccM8DwMAoAFsCgLZgGr0cU_gNKSHgvAtHNinNYAJdhjGS_-ZoGI2WTd8wMhAqpYXowUyskc-TtclDwfyvbEMDopL0C0NcTcXzcmvKaDXOQQ73VrpX480TwNc3WtGQic5rT_At7XNIThBx/s1600/ANTERO+DE+QUENTAL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjccM8DwMAoAFsCgLZgGr0cU_gNKSHgvAtHNinNYAJdhjGS_-ZoGI2WTd8wMhAqpYXowUyskc-TtclDwfyvbEMDopL0C0NcTcXzcmvKaDXOQQ73VrpX480TwNc3WtGQic5rT_At7XNIThBx/s1600/ANTERO+DE+QUENTAL.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Esta exposição consta de duas partes: I – Breve sinopse
bio-bibliográfica de Antero de Quental. II – Antero de Quental, ensaísta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">I - BREVE SINOPSE
BIO-BIBLIOGRÁFICA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
Tarquinio de Quental, de origem nobre, nasceu em Ponta Delgada, ilha de São
Miguel (no arquipélago das Açores), em abril de 1842. Viveu na cidade natal até
os 14 anos de idade, num ambiente bucólico em que se destacava a religiosidade
familiar. O tio avô de Antero era o padre Bartolomeu de Quental, orador sacro
de renome, escritor de temas místicos e fundador da ordem da Congregação do
Oratório. Impressionado pela figura deste familiar, bem como pela leitura do
poema <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Deus</i>, que integrava a obra
intitulada <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Harpa do Crente</i></b> do grande historiador Alexandre Herculano, o
nosso autor cultivou durante algum tempo a idéia de se tornar sacerdote. No
entanto, o contato com as "correntes do espírito moderno", que Antero
conheceu ao longo dos seus estudos de direito em Coimbra (realizados entre 1856
e 1864), terminou por fazer apagar no seu coração essa tendência herdada da
religiosidade familiar. A partir de 1865, ano em publica as suas <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Odes
Modernas</i></b>, consolida-se esse afastamento e o conseqüente surgimento no
espírito do poeta e ensaísta da atitude crítica em face das tradições
portuguesas. Adolfo Casais Monteiro considera que Antero exerceu uma posição de
liderança em relação aos seus companheiros de estudo (Teófilo Braga, Vieira de
Castro, Adolfo Coelho, Oliveira Martins, Eça de Queirós e outros), no que tange
a uma reflexão crítica sobre Portugal e a sua cultura. A propósito, Casais
Monteiro escreve: "Se procurarmos ter uma visão de conjunto da geração de
70, quanto à orientação geral das idéias, o lugar de iniciador e condutor de
Antero salta imediatamente à vista" [apud Moisés, 1974:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>8]. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Antero ocuparia assim, em Portugal, para a
geração intelectual a que pertencia, posição semelhante à ocupada no Brasil por
Tobias Barreto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
e a "geração coimbrã"<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>buscavam
regenerar a cultura portuguesa, presa demais às tradições católicas dos ancestrais.
O nosso autor alimentou por essa época, outrossim, o desejo de ir para
longínquas terras americanas a fim de lutar pela liberdade ao lado de heróis
aventureiros como Garibaldi. Os ideais revolucionários terminaram dando ensejo
a um projeto bem mais modesto, mas que libertava o nosso pensador da cômoda
atividade de advogado: após ter aprendido em Lisboa o ofício de tipógrafo,
viajou para Paris (onde exerceu essa profissão) e Espanha, em 1867. Regressou
dali ao pouco tempo, em 1868, com os quebrantos psicossomáticos que o afetariam
até a morte. Nesse ano viajou para os Estados Unidos da América, tendo publicado,
no final do mesmo, o folheto intitulado: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portugal perante a Revolução da Espanha. </i></b>Influenciado
pelas idéias radicais da Revolução Espanhola, bem como pelos ideais do
socialismo francês, o nosso autor passou a se engajar cada vez mais nas lutas
sociais e operárias. A sua atividade era intensa. Como confessava Antero na sua
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta
autobiográfica</i></b>, "ao mesmo tempo que conspirava a favor da União
Ibérica, fundava com a outra mão sociedades operárias e introduzia, adepto de
Marx e de Engels, em Portugal a Associação Internacional dos Trabalhadores. Fui
durante uns sete ou oito anos uma espécie de Lassalle, e tive a minha hora vã
de popularidade" [Quental, 1974: 132]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
primeiro escrito político de Antero datava de<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>1864. Sob o título de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Defesa da Carta Encíclica de S. Pio IX
contra a chamada opinião liberal</i></b>, o nosso autor fazia uma paradoxal
defesa da opinião do Papa, que tinha condenado o liberalismo no <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Syllabus</i></b>,
e que era atacado por liberais que se diziam ao mesmo tempo católicos. Na sua <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta
autobiográfica</i></b> Antero explicava assim a sua posição: "glorificando
o Pontífice pela beleza de sua atitude intransigente em face do século, via
nessa intransigência uma lei histórica, rezava respeitosamente um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Profundis</i> sobre a Igreja condenada
pela mesma grandeza da sua instituição a cair inteira mas não a render-se, e
atacava a hipocrisia dos jornais liberais" [Quental, 1974: 132]. No
inverno de 1865 o nosso autor passou a criticar a velha escola de crítica
literária portuguesa representada António Feliciano de Castilho. A crítica de
Antero aos mestres antiquados da crítica literária portuguesa foi sistematizada
por ele no ensaio intitulado <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bom senso e bom gosto, carta ao Exmo. Senhor
António Feliciano de Castilho.</i></b> O clima iconoclasta<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e renovador do ensaio anteriano foi destacado
pelo nosso autor na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta autobiográfica, </i></b>com as seguintes palavras:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i></b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>"Quando o fumo se dissipou, o que se viu
mais claramente foi que havia em Portugal um grupo de 16 a 20 rapazes, que não
queriam saber da Academia nem dos acadêmicos, que já não eram católicos nem
monárquicos, que falavam de Goethe e Hegel como os velhos tinham falado de
Chateaubriand e de Cousin; e de Michelet e Proudhon, como os outros de Guizot e
Bastiat; que citavam nomes bárbaros e ciências desconhecidas, como glótica, filologia,
etc., que inspiravam talvez pouca confiança pela petulância e irreverência, mas
que inquestionavelmente tinham talento e estavam de boa-fé e que, em suma,
havia a esperar deles alguma coisa, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>quando assentassem</i>" [Quental, 1974:
133]. Datava de 1865 ainda um outro escrito de crítica literária:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">
Dignidade das letras e literaturas oficiais.<o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
1871 formou-se ao redor de Antero o Grupo do Cenáculo, que concebeu as famosas
Conferências do Cassino, que marcaram um momento importante da crítica
filosófica e sociológica à tradicional cultura portuguesa. Eça de Queirós deu a
respeito um valioso testemunho, em que destacava a figura carismática do nosso
autor: "Antero, que desembarcara em Lisboa como um Apóstolo do socialismo,
a trazer a palavra aos gentílicos, em breve nos converteu a uma vida mais alta
e fecunda. Nós fôramos até aí, no Cenáculo, uns quatro ou cinco demônios,
cheios de incoerência e de turbulência. Sob a influência de Antero, logo dois
de nós, que andávamos a compor uma ópera-bufa, contendo um novo sistema do
Universo, abandonamos essa obra de escandaloso delírio, e começamos à noite a
estudar Proudhon nos três tomos da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Justiça na Revolução e na Igreja</i></b>,
quietos à banca, com os pés em capachos, como bons estudantes. E do Cenáculo,
de onde, antes da vinda de Antero (que foi como a vinda do rei Artur à confusa
terra de Gales), nada poderia ter nascido além da chalaça, versos satânicos,
noitadas curtidas a vinho de Torres, e farrapos de Filosofia fácil, nasceram, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mirabile dictu, </i>as Conferências do Cassino,
aurora de um mundo novo, mundo puro e novo que depois, oh dor!, creio que
envelheceu e apodreceu..." [apud Moisés, 1974: 9-10].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Modernizar
Portugal: tal era o intuito perseguido por Antero e pelos seus colegas com as
famosas Conferências, que ensejaram forte movimento oposicionista do governo e
das classes tradicionais, até serem proibidas. Eis a forma em que os jovens
reformadores justificavam o seu empreendimento:<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>"Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós uma
transformação política, e todos pressentem que se agita, mais forte que nunca,
a questão de saber como deve regenerar-se a organização social. (...) Abrir uma
tribuna, onde tenham voz as idéias e os trabalhos que caracterizam este
movimento do século, preocupando-nos sobretudo com a transformação social,
moral e política dos povos. Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo-o
nutrir-se assim dos elementos vitais de que vive a humanidade civilizada.
Procurar adquirir a consciência dos fatos que nos rodeiam, na Europa. Agitar na
opinião pública as grandes questões da Filosofia e da Ciência moderna. Estudar
as condições da transformação política, econômica e religiosa da sociedade
portuguesa. Tal é o fim das Conferências Democráticas" [apud Moisés, 1974:
10].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">As
Conferências começaram no dia 22 de maio de 1871 com a exposição de Antero
intitulada: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Espírito das Conferências</i></b>. A segunda, também da autoria de
Antero, intitulava-se: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Causas da decadência dos Povos Peninsulares
nos últimos três séculos</i></b>. Para o nosso pensador, tais causas eram três:
o Catolicismo ultramontano que emergiu do Concílio de Trento, o Absolutismo da
monarquia portuguesa e as Conquistas do Estado português além mar, na África,
na Ásia e na América do Sul. A revolução, inspirada no cristianismo, seria o
único meio de abrir Portugal à modernidade. A respeito, frisava o nosso autor,
antecipando as palavras de Rosa Luxemburgo (no opúsculo da escritora polonesa,
publicado em 1905 com o título de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Cristianismo e as Igrejas: o Comunismo dos
primeiros cristãos</i></b>): "O Cristianismo foi a Revolução do mundo
antigo: a Revolução não é mais do que o Cristianismo do mundo moderno"
[apud Moisés, 1974: 10]. Ficava clara em Antero a inspiração do seu conceito de
reforma radical ou revolução num espiritualismo tributário da civilização
cristã. Assim, mesmo que tendo se distanciado da fé dos seus pais, o nosso
pensador permanecia inspirado pelo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">élan</i>
místico, de uma religião civil à maneira rousseauniana, ou dos cultos cidadãos
que tanto sucesso tiveram na França com Henri-Claude de Saint-Simon, Augusto
Comte, para não deixar de mencionar a religiosidade burguesa em que Guizot
tentava ancorar a sua reformulação do Estado e da representação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
1872 Antero publicou as suas <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Considerações sobre a filosofia da história
literária portuguesa. </i></b>Em 1887, a pedido do estudioso Wilhelm Storck,
Antero escreveu a sua conhecida <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta autobiográfica, </i></b>em que ficava
clara a sua inspiração religiosa, nas seguintes palavras: "O fato
importante da minha vida, durante aqueles anos, e provavelmente o mais decisivo
dela, foi a espécie de revolução intelectual e moral que em mim se deu, ao
sair, pobre criança arrancada do viver quase patriarcal de uma província remota
e imersa no seu plácido sono histórico, para o meio da irrespeitosa agitação
intelectual de um centro, onde mais ou menos vinham repercutir-se as
encontradas correntes do espírito moderno. Varrida num instante toda a minha
educação católica e tradicional, caí num estado de dúvida e incerteza, tanto
mais pungente quanto, espírito naturalmente religioso, tinha nascido para crer
placidamente e obedecer sem esforço a uma regra reconhecida" [Quental,
1974: 131].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
1874 Antero tinha adoecido gravemente, como frisava ele na sua <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta
autobiográfica</i></b>, "com uma doença nervosa de que nunca mais pude
restabelecer-me completamente" [Quental, 1974: 136]. Essa crise levou-o a
aprofundar numa concepção espiritualista do mundo e do homem, superando o
naturalismo pelo qual tinha sentido forte atração no período anterior. As
leituras dos autores alemães, notadamente Leibniz, Lange, Kant e Hartmann, bem
como algumas leituras de livros budistas, constituíram o seu alimento
espiritual neste duro período. "No <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Psiquismo</i>
- frisava o poeta - isto é, no Bem e na Liberdade moral, é que encontrei a
explicação última e verdadeira de tudo, não só do homem moral mas de toda a
natureza, ainda nos seus momentos físicos elementares" [Quental, 1974:
137]. No próximo item explicaremos melhor essa concepção de Antero, no contexto
da evolução da filosofia na segunda metade do século XIX. Os últimos 21 Sonetos
do poeta, publicados nos seus <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sonetos Completos</i></b> são inspirados por
esse espiritualismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
1889 Antero escreveu o seu ensaio intitulado <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na
segunda metade do século XIX.</i></b> Este escrito constitui, sem dúvida, o
testamento espiritual do nosso escritor, tanto no que se refere à sua concepção
pessoal do homem e do mundo, quanto no relacionado à sua avaliação da cultura
filosófica da época. A respeito da importância que o mencionado ensaio
representa na obra de Antero, escreveu o estudioso português Leonel Ribeiro dos
Santos: "Antero decide-se pela oportunidade de oferecer, sob pretexto de
traçar um quadro do desenvolvimento do espírito filosófico no seu século, uma
síntese orgânica dos problemas e motivos fundamentais que determinaram a sua
própria evolução intelectual. Neste sentido, as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências</i></b> não são menos
a síntese da evolução intelectual e do pensamento de Antero do que são, como
pretendem, a síntese das correntes fundamentais do pensamento na segunda metade
do século XIX. Esta identidade entre o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espírito
pessoal</i> e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espírito do tempo</i> não
deve parecer estranha em quem tanto e desde tão cedo se esforçou por ser um
homem do seu tempo, a síntese de idéias da sua época, e que acabaria por
conceber o processo de evolução e maturação da consciência individual como a
passagem do egoísmo pessoal para a visão universal isto é, para a identificação
e a comunhão com o sentido e destino do Universo. As <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências </i></b>devem, por
conseguinte, ser consideradas como o esboço mais desenvolvido da filosofia
anteriana" [Santos, 1989: 14-15].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Este
ensaio foi, sem dúvida, o coroamento da meditação anteriana. Publicadas pela
primeira vez em 1890, um ano antes do suicídio do poeta em Ponta Delgada, as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências
</i></b>são como que o testemunho do otimismo imanentista com que o sofrido
poeta açoriano passou a encarar a existência, superando a crise pessimista que
o tinha afetado espiritualmente anos atrás, mas que, paradoxalmente, teria se
abatido novamente sobre a sua alma nos últimos momentos, fato que o levou à
desesperada solução. Resta-nos, contudo, o silêncio e o mistério em torno às
vivências imediatas que conduziram Antero ao suicídio, nesse final de tarde de
11 de setembro de 1891.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">II
- <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ANTERO DE QUENTAL, ENSAÍSTA<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
figura de Antero desponta no universo das letras portugueses como poeta. Mas
poucos conhecem o Antero ensaísta e ativista político. Ora, estas duas últimas
variantes estão intimamente ligadas. O Antero-pensador é a outra cara da moeda
do Antero-homem-de-ação. Poderíamos até frisar que ele foi, em Portugal, uma
espécie de doutrinário, certamente não de inspiração liberal como Benjamin
Constant de Rebecque, Royer-Collard ou François Guizot, mas de feição
socialista. Ele e Oliveira Martins guardam essa marca de intelectuais engajados.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Desenvolveremos
os conceitos fundamentais da filosofia de Antero nos seguintes doze itens: 1) O
ensaio <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda metade do século XIX</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">, </i>no contexto da obra anteriana; 2)
Espírito metafísico mas não sistemático da meditação anteriana; 3) Finalidade
do ensaio sobre as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">;</i> 4) Poesia e religião na filosofia anteriana; 5) Natureza absoluta
e relativa da Filosofia; 6) A metafísica latente que corresponde a cada período
histórico e a aproximação eclética entre os sistemas na modernidade; 7) As
quatro noções metafísicas que caracterizam o pensamento moderno; 8) Crítica ao
dogmatismo do idealismo sistemático alemão; 9) O predomínio do processo
indutivo e do espírito científico; 10) A renovação do espiritualismo no
kantismo e na psicologia científica; 11) Resposta às questões espiritualismo /
liberdade e mecanismo / determinismo; 12)<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>A plena manifestação do espírito na ordem moral. Concluiremos destacando
o perfil do espiritualismo anteriano no panorama cultural português e
assinalando as fontes de que se louvou o nosso pensador na elaboração da sua
filosofia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">1) O ensaio sobre as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda
metade do século XIX, </i>no contexto da obra anteriana<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
sintetizou a sua concepção filosófica nesse belo ensaio que foi publicado em
1890, no fim de sua vida. Várias tentativas têm sido feitas pelos estudiosos do
pensamento anteriano, para assinalar as etapas da obra do poeta-filósofo. Lúcio
Craveiro da Silva, por exemplo, no seu estudo intitulado <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Antero de Quental, evolução do
peu pensamento filosófico, </i></b>divide a vida intelectual do autor, bem como
a sua produção filosófica, em cinco períodos: a) da formação universitária
(1861-1864). A respeito deste frisa Craveiro da Silva que tal<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>"período de formação de seu caráter foi
atravessado por um rasgão de dúvida que abalou a sua crença católica e
tradicional, e o fez voltar sofregamente para as novas correntes da filosofia
européia e para as novas realidades sociais"<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>[Silva, 1959: 16]. b) Período da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Questão Coimbrã </i>(1865-1866)<i style="mso-bidi-font-style: normal;">,</i> no qual são fatos marcantes o intento
de realização do ideal socialista que o poeta teve em Paris como tipógrafo, nos
anos 1867-1868, e a sua visita aos Estados Unidos em 1869. c) Período de febril
propaganda socialista (1870-1874), no qual o fato marcante são as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Conferências do Casino </i>(1871). d)
Período da crise pessimista (1874-1881).<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>e) Por último, período em que o poeta ensaia uma síntese filosófica
(1881-1891).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Já
para José Bruno Carreiro na sua obra intitulada <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Antero de Quental: subsídios para
a sua biografia,</i></b> são fundamentais três períodos na vida intelectual de
Antero: a) agitação política (1870-1873). b) Crise pessimista, que coincide
praticamente com a permanência do poeta em Vila-do-Conde (1874-1881). c) Período
em que se perfila a figura de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santo
Antero</i> e que é caracterizado pelo amadurecimento da sua obra filosófica
(1882-1891). Joaquim de Carvalho, nas suas magníficas análises sobre Antero,
que foram publicadas com o título de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estudos sobre a cultura portuguesa do século
XIX - Volume I: Anteriana</i></b>, identifica os mesmos períodos na vida do
autor, salientando que na evolução do espírito do poeta açoriano "julgamos
ver a sucessão de três vidas ou núcleos de polarização interior - o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homem novo</i>, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">desesperado </i>e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filósofo</i>
- considerando como marcos capitais da expressão literária desta existência,
tão revolta metafísicamente e tão estável afectivamente, as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Odes
Modernas, </i></b>os <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sonetos</i></b> e as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na
segunda metade do século XIX, </i></b>ou sejam, respectivamente, o manifesto da
juventude, o testamento do poeta e o derradeiro ideário do sages"<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">.</i></b>
[Carvalho, 1955: 6].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Como
se pode observar, a distinção dos períodos da evolução intelectual de Antero
não difere essencialmente nos autores citados, sendo que Craveiro da Silva
desdobra em três etapas o primeiro período assinalado por Bruno Carreiro e por
Joaquim de Carvalho. Para todos eles, de outro lado, o ensaio de Antero sobre
as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências
gerais da Filosofia</i></b> representa a mais importante síntese do seu pensamento
filosófico, como bem o salientou Joaquim de Carvalho no texto que acabamos de
citar. Ampliando a sua observação, afirma este autor: "A marcha ascendente
no sentido de uma nova concepção da vida e da existência tem duas expressões
capitais:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>os sonetos do último ciclo - o
quinto, constituído pelos sonetos escritos entre 1880 e 1884, os quais
significam o testamento político de Antero e o ensaio sobre as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências
gerais da Filosofia na segunda metade do século XIX</i></b> (1890), que
condensa o seu testamento filosófico" [Carvalho,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1955: 162-163].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">2) Espírito
metafísico mas não sistemático da meditação anteriana<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Não
há dúvida quanto à índole metafísica da meditação anteriana. Essa caraterística
influi definitivamente em toda a sua obra. Em carta a Oliveira Martins (de 13
de maio de 1876), o poeta confessa que "eu, por mim, sinto-me incapaz de
caminhar direito pela realidade enquanto não tiver, como um espartilho de fino
aço, que me sustente, todo um sistema de idéias transcendentais - e é isto que
me faz parecer muitas vezes estranho e sonambulesco" [in: Carvalho, 1955:
292]. Essa sede metafísica inspira a própria linguagem poética do nosso autor,
podendo ser caracterizado o seu estilo como "idealizador de emoções
intelectuais", no sentir de Ruy Galvão de Carvalho [1965: 175] e a sua
imaginação como "de tipo aéreo, como aliás convém aos metafísicos e aos
homens de instinto libertário" segundo a apreciação de João Mendes [1971:
481].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Essa
inspiração metafísica do pensamento anteriano foi assim tipificada por Joaquim
de Carvalho em relação à crise pessimista: "Necessidade dum sistema
absolutista de idéias, carência de bases inabaláveis e alentadoras do pensamento
discursivo e da ação - eis a essência da crise metafísica de Antero. A dúvida
que então o afligia não era a dúvida dum céptico. Ignorava, padecia de
incertezas, sentia-se atraído para soluções opostas e diversas, mas no íntimo
admitia a possibilidade de certezas e verdades transpessoais (...). O mobilismo
e o fenomenismo repugnavam-lhe como subversores da concepção do mundo, e porque
o entusiasmo idealista e romântico da juventude o habituara nobremente a
repudiar o conceito instrumental de verdade, (...) procurava a verdade absoluta
ou, como ele diz com sabor kantiano, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um
sistema de idéias transcendentais</i> que tornassem possível e explicável a
variedade da experiência e a esta dessem norte" [Carvalho, 1955: 292-293].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
que pese a inspiração metafísico do seu pensamento, Antero não é um filósofo
sistemático. Essa característica é patente para quem se aproximar da sua obra.
Ele mesmo reconhece essa caraterística em carta escrita a Eça de Queirós em
1889, afirmando que desistia de expor a sua filosofia "porque fazê-lo
estaria acima das minhas forças e, ademais, ninguém me entenderia" [apud
Carvalho, 1955: 191].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">3) Finalidade do
ensaio sobre as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da
Filosofia</i></span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">É
clara a finalidade que Antero persegue no seu ensaio escrito em 1890, um ano
antes da sua morte. Situado no último período da sua produção filosófica
(1882-1891), o autor trata de reagir contra o naturalismo que o tinha
influenciado marcadamente nos períodos anteriores e que o teria conduzido à
crise pessimista (1874-1881). Na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta autobiográfica</i></b> que o nosso
autor endereçou a Wilhelm Storck (em 14 de maio de 1887), Antero confessa:
"A minha antiga vida pareceu-me vã e a existência em geral
incompreensível. Da luta que então combati, durante 5 ou 6 anos, com o meu
próprio pensamento e o meu próprio sentimento que me arrastavam para um
pessimismo vácuo e para o desespero, dão testemunho, além de muitas poesias,
que depois destrui (...) as composições que perfazem a secção 4ª (de 1874 a 80)
do meu livrinho (...). Direi somente que esta evolução de sentimento
correspondia a uma evolução de pensamento. O naturalismo, ainda o mais elevado
e mais harmônico, ainda<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o dum Goethe ou
dum Hegel, não tem soluções verdadeiras, deixa a consciência suspensa, o
sentimento, no que ele tem de mais profundo, por satisfazer. A sua
religiosidade é falsa, é só aparente; no fundo não é mais do que um paganismo
intelectual e requintado" [Quental, 1974: 136].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Joaquim
de Carvalho sintetizou assim a finalidade perseguida por Antero no seu ensaio
sobre as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia: </i></b>"Com veemente sinceridade,
como é próprio da filosofia<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> de alguém</i>
sem a impedimenta de um filósofo escolar, as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências </i></b>são a
expressão viva do esforço de Antero em demanda de uma concepção universal, do
Mundo e da Vida, que, estabelecendo a ponte entre a Ciência e as aspirações
morais, lhe dissipasse a sensação de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">suspensão
da consciência</i>, que o naturalismo lhe provocara" [Carvalho, 1955:
191]. Essa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">concepção universal do mundo e
da vida</i>, veremos,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Antero a orienta
em direção do espírito e da realização de um projeto moral como m máxima
expressão da grandeza humana. O tipo de homem perfeito, para o poeta, não será
já o revolucionário que derruba reinos, nem sequer o cientista ou o filósofo
abstrato. O ideal humano apregoado por Antero na parte final do seu ensaio será
o da santidade. Como bem sublinhou ele na sua <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta autobiográfica, </i></b>"para
o santo, o mundo deixou de ser um cárcere; ele é, pelo contrário, o senhor do
mundo, porque é o seu supremo intérprete. Só por ele é que o Universo sabe para
que existe: só ele realiza o fim do Universo". Ao longo desta apresentação
desenvolveremos as idéias fundamentais de Antero em relação ao seu
espiritualismo, que o levam a formular no seu ensaio sobre as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências
gerais da Filosofia</i></b> o que Joaquim de Carvalho denominou de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">transcendentalismo anteriano</i> [cf.
Carvalho, 1955: 300].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">4) Poesia e religião
na filosofia anteriana<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Heidegger
sublinhou em vários dos seus ensaios (principalmente em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A origem da obra de arte</i></b>
e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hölderlin
e a essência da poesia</i></b>) que a poesia é o dizer da descoberta ou da
revelação do ser, porquanto no dizer poético põe-se em obra a verdade
projetante daquele. Porisso a obra de arte, cuja essência não é outra coisa
diferente da poesia, funda verdadeiramente e institui o mundo, ao trazer a um
povo o conceito da sua própria realidade. Como afirma o filósofo alemão,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a poesia não é "um simples ordenamento
que acompanharia a realidade humana, nem um mero entusiasmo passageiro, como
também não é uma simples exaltação ou um passatempo. A poesia é o fundamento
que suporta a História"<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>[cit. por
Ferreira da Silva, 1964: I, 261].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Não
podemos deixar de mencionar, mesmo que rapidamente, este importante aspecto da
obra anteriana que lhe dá, aliás, muita atualidade. Para Antero, a poesia é fundamentalmente
revelação do ser. Daí porque não podemos entender a sua evolução filosófica sem
levarmos em consideração a sua obra poética. Referindo-se aos sonetos, afirma o
poeta açoriano em carta dirigida em 5 de julho de 1876 ao amigo Lobo de Moura:
"reconheço que de tudo quanto tenho escrito é onde tenho posto mais
verdade, digo verdade pessoal, expressão exacta do meu íntimo sentir. O atual
(refere-se ao seu soneto <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Transcendentalismo</i></b>), mais do que
qualquer outro, tem esse valor. Posso chamar-lhe um salmo, uma efusão
religiosa, porque está ali com efeito a minha religião, o meu culto da
existência supra-sensível, sem o qual não sei o que seria desta minha pobre
existência sensível" [apud Carvalho, 1955: 299-300]. Esse soneto
justamente sintetizava toda a doutrina espiritualista que Antero expõe nas <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências
gerais da Filosofia</i></b>. Eis os dois tercetos: "Não é no vasto mundo -
por imenso / Que ele pareça à nossa mocidade - / Que a alma sacia o seu desejo
intenso... / Na esfera do invisível, do intangível, / Sobre os desertos, vácuo,
soledade, / Voa e paira o espírito impassível!"<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Delfim
Santos salienta a íntima relação existente, em Antero, entre o seu sentir
poético, o lirismo, e o espiritualismo, assinalando o influxo anteriano no meio
português: O seu espiritualismo - frisa - põe a descoberto e revela em forma
admirável,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um dos aspectos permanentes
do pensamento nacional e fixa as suas principais coordenadas no lirismo, de que
ele é um dos mais excelsos representantes. Sampaio Bruno, apesar de o seu inicial
labor ter sido encarado com simpatia pelos positivistas, em breve adere a essa
mesma corrente metafísica e dedica um volume profundo ao tratamento
especulativo da idéia de Deus" [Santos, 1971: 451]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Salientemos
um outro aspecto sem o qual não poderiamos interpretar o pensamento filosófico
de Antero: o seu profundo sentimento religioso. Ele constitui, na obra do poeta
açoriano, como que o ambiente em que se desenvolve toda a sua meditação
filosófica. Essa caraterística é, ao nosso entender,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma das responsáveis mais diretas pelo
profundo apreço de que goza a obra anteriana no meio português. Antero representa
como que a materialização desse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Leitmotiv
</i>da cultura lusa, surgida ao ensejo da fé cristã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">"Espírito
naturalmente religioso" escrevia Antero de si mesmo em 1887, numa das suas
cartas. Jaime de Magalhães Lima, por sua vez,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>afirma que "acima de todos os talentos de Antero, porventura
humilhando-os, ele foi talvez o mais religioso dos religiosos que o sangue
português gerou". Luis de Magalhães não hesita em frisar que os
sentimentos de Antero pela Igreja Católica "seguiram o mesmo rumo de
respeito, de simpatia e de admiração, embora não houvesse reingressado no
seu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>grêmio, nem uma crença definida e
precisa se restabelecesse no seu espírito. Lia com encanto e alto interesse os
grandes Padres da Igreja e até forrageava no campo da Teologia no seu ermitério
de Vila-do-Conde" [apud Carreiro, 1948: I, 25].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
que pese a crise pessimista que o abalara, Antero escrevia assim em carta de
1876: "O meu misticismo dia a dia se consolida mais, como sentimento e
como doutrina. Neste último ponto tenho realmente feito importantes progressos,
devidos a um belo método que inventei e que consiste no estudo das religiões
(especialmente o Cristianismo) segundo um critério metafísico. Creio que já uma
vez lhe toquei neste meu método, a que eu dou a máxima importância, porque o tenho
achado fecundíssimo. É neste sentido que vou prosseguindo os meus estudos,
lentamente, mas com segurança, porque caminham com alvo fixo" [apud
Carvalho, 1955: 300]. Na parte final do ensaio anteriano sobre as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências
gerais da Filosofia</i></b>, que analisaremos a seguir, o pensador açoriano
insiste na necessidade de o sentimento religioso vivificar a realização do
projeto moral, que é a máxima manifestação do espírito. Craveiro da Silva
sintetizou muito bem os principais pontos da meditação anteriana: "Espiritualismo.
Busca de Deus. Preocupação moral. Problema da dor. Sentido da existência. Valor
das ciências e da metafísica. Reação contra um soberbo e frio intelectualismo
que despreza as vozes humanas do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">coração</i>"
[Silva, 1959: 153].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">5) Natureza absoluta
e relativa da Filosofia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
inicia o seu ensaio sobre as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda
metade do século XIX</i></b>, salientando o caráter vivo da meditação
filosófica que, como o pensamento em geral, é suscetível de progresso e
retrocesso. A filosofia tem dois aspectos: no seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fieri</i> incessante, que trata de exprimir consciente e
sistematicamente a misteriosa realidade do ser, ela representa "o que há
de absoluto no pensamento". Mas, ao mesmo tempo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>representa "o que há de relativo na
consciência que o pensamento tem de si mesmo)" [Quental, 1931: 62-63].
Esses dois aspectos, no entanto, estão intimamente relacionados, porquanto a
filosofia progride graças ao que tem de relativo: essa relatividade consiste na
dúvida, através da qual a filosofia consegue não só propor os grandes
problemas, mas começar a resolvé-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Iludem-se,
então, pergunta Antero, os que procuram a verdade na filosofia? E responde:
iludem-se aqueles que buscam nela uma verdade completamente acabada em que
possam instalar-se. E manifesta a sua antipatia por esse tipo de filosofia, que
é a própria negação do espírito filosófico. A propósito frisa: "Uma
filosofia definitiva, feita e assente uma vez para todo o sempre, implicaria a
imobilidade do pensamento humano: o absoluto anestesiá-lo-ia. Essa tal
verdade,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>aspiração ingênua de espíritos
incultos, pode animar os crentes e exaltar os entusiastas; nos domínios do puro
pensamento nunca produzirá senão vertigem e ilusão" [Quental, 1931: 63].
Isso não significa, no entanto,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que a
verdade filosófica não exista: a sua relatividade, considera Antero,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>implica limitação e não erro. Trata-se de uma
verdade simbólica em que a imagem imperfeita da verdade incognoscível apresenta
alguns vagos lineamentos. Não sendo o absoluto, participa contudo da sua
natureza. Baseado nessas considerações, o autor propõe a seguinte definição da
filosofia: "É a equação do pensamento e da realidade, numa dada fase do
desenvolvimento daquele e num dado período do conhecimento desta: o equilíbrio
momentâneo entre a reflexão e a experiência; a adaptação possível em cada
momento histórico (da história da ciência e do pensamento) dos fatos conhecidos
às idéias diretoras da razão, e a definição correlativa dessas idéias, não por
esses fatos, mas em vista deles" [Quental, 1931: 64].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">6) A metafísica
latente que corresponde a cada período histórico e a aproximação eclética entre
os sistemas na modernidade<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
virtude dessa natureza do pensar filosófico, salienta Antero,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a cada período histórico corresponde a sua
própria filosofia. Não que a razão mude na sua essência: permanecendo sempre e
em todos os temos a mesma, a experiência varia continuamente; em relação a ela
a razão define, coordena e sistematiza as diversas concepções.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Essa
identidade da razão consigo mesma permite reconhecer,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>entre os diferentes sistemas de uma época
determinada, um ar de família, uma metafísica latente, que são expressão de um
estado íntimo psicológico de cada período da civilização. Forma-se assim,
segundo Antero, o substrato da alma coletiva de cada idade. É possível,
pergunta ele, que a razão humana atinja e sintetize esse substrato que,
inconscientemente, anima os diferentes sistemas, num dado momento histórico do
pensar humano? O autor não chega a reconhecer essa possibilidade. No entanto
afirma que, em compensação,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dá-se uma
interpenetração dos diferentes sistemas filosóficos em cada época, fenômeno que
se manifesta na aproximação dos diferentes pontos de vista, que se materializa
num ecletismo ou num sincretismo mais ou menos sistemático.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ao
sincretismo que caracteriza o ambiente filosófico na segunda metade do século
XIX, contribuem vários fatores, entre os quais Antero menciona os seguintes:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o cansaço produzido pelas discussões
intermináveis; o ceticismo que acompanha a esse cansaço; a complicação
crescente dos sistemas; a erudição; uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">surda
elaboração geral</i> do pensamento metafísico e, por último, o espírito prático
das <i style="mso-bidi-font-style: normal;">multidões não filosofantes</i> que
exigem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resultados e não disputas</i>, a
fim de terem um chão firme de afirmações dogmáticas. Em que pese a atualidade
desse fenômeno de sincretismo, ele tem-se dado em outras épocas: foi por
exemplo o que aconteceu no período alexandrino, quando se uniram as diferentes
correntes de Pitagóricos, Platônicos, Estóicos e até Peripatéticos, no esforço
de elaboração de uma última fórmula<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> menos
nítida mas talvez mais ampla, sutil e profunda</i> do racionalismo iluminista
dos pensadores helênicos. Foi o que aconteceu, também,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com o sábio ecletismo de São Tomás de Aquino,
que sintetizou na gigantesca <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Summa Theologica</i></b> a herança de três
séculos de criação filosófica e de acirradas disputas entre correntes tão
diferentes como as filosofias de Santo Anselmo, Pedro Abelardo, Lanfranco e
Santo Alberto Magno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Na
época moderna também aparece esse espírito de sincretismo. Depois de terem-se
formulado, ao longo dela, desde a Renascença até a segunda metade do século XIX
os mais variados sistemas filosóficos, tendo-se revestido a razão com
manifestações idealistas, espiritualistas, panteístas, materialistas e céticas,
hoje se experimenta um progressivo enfraquecimento da atitude dogmática e do
espírito de sistema. O fenômeno do criticismo é uma das caraterísticas do espírito
moderno, e é responsável por essa crise do dogmatismo sistemático. Eis a forma
em que o autor caracteriza o que ele chama de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">período alexandrino do pensamento moderno</i>: "E também de todos
os lados o espírito prático, debatendo-se no meio da confusão moral da
sociedade contemporânea, aspirando, como no período greco-romano, a uma direção
segura, pede mais uma vez aos filósofos resultados e não disputas. A hora do
joeiramento das verdades adquiridas, da crítica e coordenação dos diversos
pontos de vista, e da conciliação dos sistemas parece ter soado para a
filosofia moderna. Entre os muitos sintomas, que o indicam, um dos mais
frisantes é por certo o gradual enfraquecimento do espírito de sistema, do
fanatismo dogmático. Não só se não criam já novos sistemas, verdadeiramente
originais e inteiriços, mas todos os homens realmente inteligentes,
inclinando-se, como é natural, mais ou menos para certas soluções gerais,
forcejam entretanto por se conservarem sempre acessíveis a outras influências,
venham elas de onde vierem, conquanto que sejam racionais. O adepto de uma
escola, segundo os velhos moldes, absoluto e intransigente, faz-nos hoje muito
proximamente o efeito de uma inteligência acanhada, às vezes quase de um
extravagante. Um largo criticismo vai rapidamente substituindo o antigo
dogmatismo. Por este lado ainda, tudo indica que somos entrados no que se pode
chamar o período alexandrino do pensamento moderno" [Quental, 1931: 69].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
se pergunta, contudo, se essa aproximação eclética entre os sistemas, produzida
pelo criticismo moderno, não passa de uma simples convergência acidental, ou
se, pelo contrário, trata-se de uma verdadeira síntese do pensamento. E
responde afirmando esta segunda hipótese, baseado no fato de encontrar, no
arcabouço do pensamento da idade moderna, um substrato de noções metafísicas
que, penetrando todos os sistemas, tornam possível a apreensão filosófica da
unidade fundamental. As noções capitais, segundo Antero, seriam quatro: as de
força, de lei, de imanência ou espontaneidade e de desenvolvimento. Vale a pena
citar as suas próprias palavras a respeito: "É efetivamente para alguma coisa
como uma síntese do pensamento moderno que parece caminhar-se. A história
mostra-nos, com efeito, a existência de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">substratum</i>
de noções metafísicas comuns a toda a filosofia moderna, que penetram mais ou
menos profundamente os diversos sistemas, e não só os sistemas mas ainda todas
as criações espirituais dos povos modernos, afeiçoam os seus processos de
pensar, inspiram as teorias gerais das suas ciências, como determinam as
tendências típicas da sua arte, da sua poesia, da sua política, modificam a sua
religiosidade, infiltram-se no sentido geral, constituindo por assim dizer a
atmosfera intelectual e psicológica do mundo moderno, ao qual dão a sua feição
histórica particular e a sua unidade fundamental. Essas noções capitais são as
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">força</i>, de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lei</i>, de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">imanência </i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espontaneidade</i>
e de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">desenvolvimento</i>" [Quental,
1931: 70].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ora,
é esse substrato de noções metafísicas o responsável pelo caráter revolucionário
do pensamento moderno e, ao mesmo tempo, o que o diferencia do pensamento
antigo. Enquanto este último se inclinava para a abstração e para o formalismo
dialético, o pensamento moderno é decididamente realista na forma de conceber
as idéias e as suas relações com o mundo objetivo; enquanto no pensamento
antigo a metafísica era<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> quase uma
derivação da lógica</i>, no pensamento moderno, pelo contrário, a lógica é
determinada pela metafísica; enquanto para o pensamento antigo a realidade era
a emanação de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser em si absoluto e só
verdadeiramente existente</i>, já para o pensamento moderno a realidade
consiste no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fieri</i> incessante de um
ser "em si só potencialmente existente e que só realizando-se atinge a
plenitude"; enquanto no pensamento antigo o princípio de energia dos seres
era exterior a eles e a distinção entre matéria e forma era radical,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>no pensamento moderno elas são indissolúveis
e "fundem-se na natureza autônoma dos seres" cujo princípio de
energia, longe de ser exterior, constitui a sua essência; enquanto para o
pensamento antigo o movimento dos seres parecia reproduzir um arquétipo
primordial, inalterável e fixo desde toda a eternidade, já no pensamento
moderno o movimento consiste numa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">criação
em permanência</i> dos próprios seres; enquanto para o pensamento antigo a
necessidade dos fatos aparecia como um decreto exterior imposto de cima sobre
os seres, e determinando a sua natureza, no pensamento moderno é a natureza
deles que determina a sua necessidade, de dentro para fora; enquanto o pensamento
antigo considerava a realidade como dividida ou fracionada numa série de
categorias incomunicáveis entre si, o pensamento moderno considera a realidade
como o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ato único de uma substância
omnímoda</i>, sendo todos os seres momentos ou modalidades dela, que por sê-lo
intercomunicam-se constantemente; enquanto o pensamento antigo fazia do
universo uma máquina, cujo plano de funcionamento lhe era imposto de fora, o
pensamento moderno, pelo contrário, concebe o universo como um ser vivo, cuja
atividade obedece a um princípio intrínseco: "as tendências espontâneas do
seu próprio desenvolvimento". Em síntese, enquanto o pensamento antigo
buscava a unidade fora do universo, o pensamento moderno a encontra na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">unidade imanente na mesma diversidade</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">7) As quatro noções
metafísicas que caracterizam o pensamento moderno<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
analisa, ao longo do seu trabalho sobre as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda
metade do século XIX, </i></b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a forma em
que se apresentam, no pensamento moderno, as quatro noções metafísicas que o caracterizam.
Analisa essa presença mostrando a atuação viva desse substrato metafísico no
seio do pensamento moderno. Essa substrato será, em última análise, o que
permitirá entender o rumo do pensamento filosófico da modernidade. Acompanhemos
o poeta-filósofo na sua análise. Mas, antes, salientemos um aspecto que
poderíamos chamar metodológico na meditação anteriana. Tanto a aparição no
plano da consciência moderna, do substrato metafísico a que aludimos
anteriormente, quanto da evolução dessa consciência à luz das noções basilares,
não é obra de um indivíduo isolado. É, fundamentalmente, uma obra coletiva e
cíclica, em que os pensadores e as correntes, muitas vezes inconscientemente e
opondo-se uns aos outros, contribuem para uma finalidade profunda e desconhecida,
que leva o espírito moderno até atingir a sua maturidade. Além disso, devemos
levar em consideração outra caraterística do evoluir do pensamento moderno: a
sua estreita vinculação ao desenvolvimento científico. Antero pressupõe que
filosofia e ciência vão de mãos dadas, de forma tal que "cada passo para
diante no terreno da especulação provoca logo no campo das ciências uma
remodelação das suas teorias gerais"; paralelamente, a fundação de uma
ciência nova ou o progresso de uma delas obrigam a filosofia "a aprofundar
ou definir melhor os seus princípios".<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Para o autor,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é justamente esse
caráter coletivo e cíclico que mencionávamos atrás, o elemento que faz da
filosofia moderna uma verdadeira história, ou seja, uma unidade de
desenvolvimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
primeiro elemento pertencente ao substrato metafísico que se manifesta no
século XVII é a idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">força</i>. Os
responsáveis por essa inserção são Descartes, Bacon,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Leibniz, Espinoza, Galileu e Copérnico. A
revolução feita por eles no que se refere à compreensão dos<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> primeiros princípios do movimento e da matéria</i>, ensejou uma
autêntica consistência para a filosofia moderna. Tanto o cartesianismo quanto a
monadologia de Leibniz são materializações da idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">força.</i> O cartesianismo, por exemplo, afirma Antero, leva à
conclusão da <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>identidade do ser e do saber, </i>bem como à
da<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>"autonomia dum universo que,
análogo no fundo ao espírito, só pelas suas idéias imanentes existe e se
governa"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">.</i> Em que pese a
vinculação de Descartes aos credos tradicionais, diz Antero,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Espinoza encarregou-se de salientar a idéia
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">força</i> contida na sua filosofia, ao
formular o seu panteísmo, tendo-se inspirado na filosofia cartesiana. Leibniz,
com a sua monadologia, por sua vez, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fazia
da força a essência comum da matéria e do espírito.</i> Ao fundamentar a
monadologia na teoria da harmonia preestabelecida, Leibniz fazia, de outro
lado, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma grande afirmação da idéia de
lei. </i>Para Antero,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>essa idéia que
forma parte do substrato metafísico em que se apoia o pensamento moderno,
"saía ao mesmo tempo da elaboração das ciências físicas". Assim,
duplamente alicerçada na ciência e na filosofia, a idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lei</i> entrou no espírito moderno de forma
definitiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
século XVIII, com todo o seu ímpeto revolucionário, traz ao arcabouço das
noções últimas do pensamento moderno a idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">desenvolvimento. </i>Tal idéia, considera Antero, inspira filosofias
muito diversas como o naturalismo de Diderot, o panteísmo de Lessing, o
idealismo de Vico, o deísmo de Herder, o humanismo poético de Goethe e
Schiller, a paixão revolucionária de Rousseau e até o seco racionalismo de
Voltaire. Eis a forma em que Antero explica a aparição dessa idéia no seio do
pensamento moderno: "A idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">desenvolvimento</i>
é a conseqüência e o complemento natural das idéias de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">força </i>e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">imanência. </i>Saindo
da evolução lógica delas, é o último elo da grande cadeia das concepções
modernas fundamentais. Apareceu pois no seu tempo e no seu lugar. Com
efeito,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se a essência da força é a
atividade, a sua existência pressupõe uma série contínua de atos,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>atos que, sucedendo e apoiando-se cada um no
anterior e como que envolvendo-o, não podem ser a simples repetição do mesmo ato
(pois a repetição do mesmo ato reduz-se, metafisicamente, a um ato único), mas
um avanço do posterior relativamente ao anterior, que nele vem contido, um
alargamento da esfera de ação da força, isto é um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">desenvolvimento.</i> Todo o ser tende para a afirmação de si mesmo,
isto é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para a expansão e realização da
sua essência, que exprime a sua mesma existência, lhe é imanente, a sua
potência ou virtualidade de expansão e realização é necessariamente ilimitada,
pois no momento em que encontrasse um limite <i style="mso-bidi-font-style: normal;">absoluto</i> a essência do ser estaria em contradição consigo mesma
(...). O universo aparece-nos agora não já somente como o grande ser autônomo e
eternamente ativo, mas como o ser de ilimitada e infinita expansão, tirando de
si mesmo, da sua inesgotável virtualidade, de momento para momento, criações
cada vez mais completas (...).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Divino e
real ao mesmo tempo, manifesta a si mesmo a sua essência prodigiosa,
contempla-se numa infinidade de espelhos e em cada um sob um aspecto
diverso" [Quental, 1931: 76-77].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Kant
é o responsável pelo ingresso, no seio do pensamento moderno, da idéia
metafísica de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">imanência</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espontaneidade</i>, segundo Antero. O
filósofo alemão representa para o pensamento moderno o que Sócrates tinha
representado para o pensamento grego. Este último com o conceptualismo, Kant
com o criticismo, conseguiram libertar o pensamento filosófico das cadeias do
dogmatismo. Kant pretende, fundamentalmente,<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
</i>"assentar as verdadeiras bases dos nossos conhecimentos".<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como?<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Antero responde: a solução para Kant está na imanência do espírito, ou
seja, no reconhecimento de que "é partindo do espírito que se há de
conhecer o mundo objetivo, não partindo do mundo objetivo que se há de conhecer
o espírito".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
nosso autor é enfático ao concluir que, queira Kant ou não, o espírito é o
verdadeiro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">noumenon, </i>o espírito
"é o ser tipo, a medida de todos os seres". Antero sintetiza as suas
apreciações a respeito do criticismo kantiano com estas palavras: "O
universo, no kantismo, reflui todo para a consciência e some-se nela, mas para
de lá sair transformado, análogo ao espírito e idêntico com o espírito. O
subjetivismo de Kant é, pois, ou coisa alguma, - a impossibilidade de qualquer
conhecimento além do da mesma faculdade de conhecer, neste caso sem objeto
-<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ou então, como o entenderam Fichte,
Schelling e Hegel, o reconhecimento da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">identidade
do ser e do saber</i>, a generalização do espírito a todo o universo, um
idealismo realista, que, ao mesmo tempo que subordina todos os seres às leis da
razão, põe a razão e as suas leis latentes em todos os seres, ainda os mais
elementares. Sendo isto assim,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e não
parece que possa ser de outro modo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a
crítica de Kant veio, pelo rodeio do ceticismo, confirmar e ampliar
prodigiosamente as idéias fundamentais do pensamento moderno, levando-as, pode
dizer-se, até as suas últimas conclusões" [Quental, 1931: 79-80].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
reduz a significação histórica do kantismo ao que, segundo o seu modo de ver, é
aquilo que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">legitimamente saiu dele</i>,
ou seja, o realismo transcendental de Schelling e Hegel, que tiveram a
incumbência de alargar as bases do criticismo kantiano, reinterpretando o
panteísmo e o naturalismo do período anterior, do ponto de vista do novo
idealismo transcendental da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Crítica da Razão Pura.</i></b> A nova
filosofia que sai dessa releitura, baseia-se na identidade do ser e do saber e
constitui a síntese mais acabada do substrato metafísico que representa a base
do pensamento moderno. Antero caracteriza assim essa nova síntese da filosofia
pós-kantiana, que explica a realidade como um grande processo evolutivo do ser,
com uma finalidade espiritual: "A nova filosofia fundada sobre a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">identidade do ser e do saber</i> leva as
idéias fundamentais do espírito moderno, as idéias de força, imanência e
desenvolvimento, até o máximo grau de condensação. Schelling e Hegel fundaram
definitivamente a doutrina da evolução, e fundaram-na na mais alta região das
idéias, onde ela domina todo o pensamento do nosso século. A evolução, vista
dessa altura, não é somente o processo mecânico e escuro da realidade; é o
próprio processo dialético do ser tem as suas raízes, comuns com as raízes da
razão, na inconsciente mas fundíssima aspiração da natureza a um fim soberano,
a consciência de si mesma, a plenitude do ser e a ideal perfeição. A lei
suprema das coisas confunde-se com a sua finalidade e essa finalidade é
espiritual. Com Schelling e Hegel a filosofia da natureza compenetra-se dos
seus verdadeiros princípios metafísicos: o mecanismo dissolve-se no dinamismo,
cujo tipo último é o espírito. O universo, à luz do realismo transcendental dos
dois grandes sucessores de Kant, transfigura-se; o seu movimento aparece como
uma sucessão e encadeamento de idéias e a sua imanência define-se como a da
alma infinita das coisas" [Quental, 1931: 81].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">8) Crítica ao
dogmatismo do idealismo sistemático alemão<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
que pese a importante contribuição da filosofia alemã, que levou o pensamento
moderno a realizar essa grande síntese inspirada no idealismo kantiano, o
realismo que radicalmente empolga a meditação filosófica do seu tempo, frisa
Antero,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>conduz a "valorizar os
aspectos cambiantes das coisas, a comprazer-se com a linha sinuosa das
realidades", e a superar as limitações dos filósofos alemães. As
mencionadas limitações consistem no dogmatismo que ainda secretamente inspira
essa sistematização, principalmente o pensamento hegeliano. O pensamento
moderno, sem abandonar a grande síntese em torno do espírito feita pela
filosofia alemã, quer mudar o dogmatismo e trocá-lo por "alguma coisa de
espontâneo e orgânico", como a fonte de inspiração da ciência moderna: a
natureza.. Nesse sentido, frisa Antero, o pensamento moderno sente-se mais
representado por um homem como Goethe, "poeta, artista, naturalista, por
cima disso viajante e homem de mundo, tendo também uma clara orientação<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>filosófica", mas longe do espírito de
sistema que caracteriza a um pesado construtor de silogismos como Hegel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
fim de fundamentar a sua crítica ao dogmatismo filosófico alemão, e de
justificar a necessidade de superá-lo numa nova interpretação filosófica mais
realista, baseada no reconhecimento das descobertas científicas dos últimos
séculos, Antero fixa o divisor de águas entre filosofia e ciência. Essa distinção
é reduzida por ele a quatro pontos: 1)<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o
terreno da especulação está limitado aos primeiros princípios das coisas e à
análise das idéias fundamentais, enquanto "o grande e variado mundo dos
fatos pertence inteiro à observação, à experiência e à indução". 2)<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A hipótese que gera a teoria e que fecunda a
ciência, é filha legítima da especulação, mas não se impõe à ciência, apenas
ilumina-a, sendo sempre necessário que a observação, dirigida pelos métodos
próprios de cada ciência, confirme a hipótese; esta é, portanto, o ponto de
contato entre a filosofia e a ciência. 3) A cada ciência preside uma idéia
fundamental, sendo missão da filosofia tomar posse dessa idéia e de todas elas,
para as tornar matéria das suas especulações, cabendo à ciência o dever de realizar
o desenvolvimento dessas idéias no mundo dos fenômenos. 4) Por último,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sintetizando as características<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mencionadas anteriormente para a filosofia e
para a ciência, Antero frisa que cabe a esta última a tarefa de desenhar,
"com os traços firmes das leis positivas, o quadro do universo na sua
variedade e complexidade fenomenal", enquanto à filosofia cabe a missão de
"interpretar superiormente a significação desse quadro" e de tentar
descobrir a chave do grande enigma do ser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Por
aqui se compreende melhor a crítica que Antero faz ao dogmatismo da filosofia
alemã: o seu apriorismo absoluto levou-o a tentar realizar a "pretensão
exorbitante de tentar construir o universo dedutivamente e só com o poder da
dialética", perpetrando assim um verdadeiro atentado contra as ciências
modernas que, nos últimos três séculos, tinham-se esforçado por criar uma
imagem realista do universo, "pedra a pedra, pela paciente observação e
pela indução cautelosa". Contra a tentativa de construir o universo
dedutivamente e só com o poder da dialética, tentativa que se materializou
especialmente no sistema hegeliano, insurgiram-se as próprias ciências da
natureza e as ciências humanas, que incorporara, a partir de 1830, a idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">evolução</i>. "Ela irrompia, frisa
Antero, quase ao mesmo tempo, no chão de todas as ciências, desde a astronomia
(...) até a antropologia, a etnografia e a lingüística".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Assim
foi como a física, por exemplo, esquecendo a velha hipótese dos fluidos
imponderáveis ao restaurar a doutrina cartesiana do éter, encaminhava-se para a
teoria da unidade e correlação das forças físicas, a química, por sua vez,
demonstrava a circulação no universo "duma mesma matéria disfarçada na
variedade das formas", ao chegar às noções de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">corpos inorgânicos </i>e<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> corpos
orgânicos. </i>A geologia tornava-se geogenia sob a inspiração de Cuvier,
Leopoldo de Buch, Alexander de Humboldt, E. de Beaumont, etc., ou seja, ciência
de uma evolução, considerando o globo "quase um ser vivo, que se
desenvolve". A paleontologia, uma das ramas da geologia, adotava também a
idéia de evolução, inspirando-se nos grandes precursores de Darwin, Lamark e
Geoffroy Saint-Hilaire. A antropologia também aderia à idéia evolucionista e
transformava-se em verdadeira ciência natural, ao testemunhar as origens
animais do homem. E a lingüística, por sua vez, assumia também uma perspectiva
evolucionista ao destacar o progresso sofrido pela linguagem, a partir da
simplicidade da expressão humana "que correspondia à rudeza primordial do
pensamento". Desta forma mostra Antero como as ciências caminharam, já
antes da metade do século XIX, por uma via que renegava qualquer tentativa de organização
apriori e que se regia pela idéia mestra de evolução. Conclui a respeito:
"Reconheçamos que era, pelo menos, mal escolhido o momento pela filosofia
transcendental para vir impor a essas diligentes e poderosas obreiras os seus
planos apriori".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas
a crítica às pretensões apriorísticas do idealismo alemão não se limitara só à
intervenção das ciências positivas. Também insurgiram-se contra essas
pretensões a história e a psicologia. A primeira, ao salientar a importância
essencial de um fator imponderável na explicação dos fatos humanos: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o fortuito. </i>Escreve a respeito Antero:
"Providência, Acaso? Liberdade humana? Tudo é possível: mas o certo é que
estava aí um elemento irredutível à teoria". Só esse fato, considera nosso
autor, é suficiente para tirar credibilidade às pretensões apriorísticas da
filosofia alemã. E confirma a sua apreciação com estas palavras, salientando o
caráter indutivo e a índole peculiar da disciplina que estuda os fatos humanos
no tempo: "A história não é a metafísica. As idéias metafísicas dominam e
penetram a história, não a fazem. Na ordem dos fatos, não se pode construir
apriori o que não se conheça já a posteriori. Sem direção metafísica não poderá
nunca haver verdadeira e superior compreensão da história:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mas, com tudo isso, os historiadores
continuarão a procurar o encadeamento e a lei real dos fatos no estudo crítico
dos mesmos fatos e deixarão sempre uma larga margem àquele factor (necessário,
sem dúvida, como tudo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mas de uma
necessidade que escapa à razão, embora provavelmente não esteja fora da razão),
a que chamarão cada um, conforme a cambiante filosófica do seu pensamento,
Providência, acaso, liberdade, ou simplesmente o desconhecido" [Quental,
1931: 89].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
psicologia como ciência da alma insurgira-se também contra as pretensões
sistematizadoras apriori do dogmatismo alemão.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>A própria escola escocesa, em que pese a índole não plenamente
científica das suas afirmações, tirava porém toda possibilidade ao dogmatismo,
pelo fato de que reconhecia uma esfera moral que não podia ser substituída por
nenhuma abstração mental. E conclui Antero: "Ora, se o sentimento moral
não é a filosofia nem se pode substituir à<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>filosofia, é muito certo também que filosofia alguma, que o sentimento
moral reprove, poderá prevalecer contra ele". Nesse sentido, reconhece o
nosso autor, os escoceses conseguiram o fim que pretendiam: reivindicar a
existência da alma espiritual. De outro lado, a psicologia dos espiritualistas
franceses (Royer-Collard, Maine de Biran, Jouffroy, Cousin, Ravaison), apesar
de ter-se limitado apenas a uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ciência
literária</i>, no sentir de Taine, que só conseguiu "produzir um mito de
escola e um simples Deus oficial", representava porém mais um obstáculo às
pretensões apriorísticas do hegelianismo, ao reivindicar em nome da consciência
humana a irredutibilidade do espírito do homem à qualquer abstração filosófica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Eis
a forma em que Antero interpreta a contribuição dos espiritualistas franceses,
ao mesmo tempo em que não deixa de reconhecer as suas limitações, salientando de
outro lado a forma em que eles representaram as idéias de<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> força </i>e<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> imanência</i>:
"Mais do que qualquer outro sistema metafísico, o da nova filosofia alemã,
arrastando e como que triturando os seres na sua poderosa engrenagem,
substituindo à realidade a dialética, parecia anular os indivíduos, fundidos na
absoluta unidade do ser-idéia, e suprimir a liberdade como incompatível com a
necessidade lógica dos desenvolvimentos desse ser. Por muito profunda que fosse
a concepção hegeliana da história, da política, da ética - e era-o, sem dúvida
alguma -, por muito subtis que fossem as suas distinções - e eram-no, também -,
esta objeção surgia irresistivelmente e, ainda quando não ia até condenar o
sistema em globo, apontava em todo o caso para uma lacuna gravíssima, um
aleijão de nascença que tornava suspeita a sanidade de todo o organismo. E,
torno a dizé-lo, essa objeção não era só filosófica, era humana: daí a sua
grande força. Em face dessa necessidade superior dos desenvolvimentos do
ser-idéia, substituindo-se nos indivíduos ao seu princípio íntimo de ação, onde
ficavam, o que eram o esforço intrépido dos heróis, as lutas secretas da
virtude e os seus dolorosos triunfos, a abnegação sublime dos mártires, a
renúncia voluntária dos bons e dos justos, onde ficava o dever e a liberdade e
toda a nobreza moral que estas duas palavras exprimem? Coisa curiosa, aqui
nesta profunda região do senso íntimo e da verdadeira realidade humana os
espiritualistas, pouco filósofos, nada metafísicos, pareciam representar mais
genuinamente essas idéias de força e imanência, de que o hegelianismo é a mais
vasta e poderosa sistematização, do que o mesmo Hegel e o seu sistema!" [Quental,
1931: 96-97].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
salienta, a seguir, que o protesto dos espiritualistas contra o desconhecimento
da dimensão espiritual e irredutível da consciência, por parte da filosofia
dogmática, também se estendia às "tendências mecanistas e deterministas
das ciências". Essa crise, a seu ver, pode exprimir-se "por esta
antítese: espiritualismo e liberdade, dum lado, mecanismo e determinismo, do
outro". O autor pergunta se poderá resolver-se esta formidável antítese.
Para dar a resposta, faz um balanço dos elementos com que pode contar. Os
fenômenos que mais importância têm nesse contexto, e que constituem "os
dois fatos mais consideráveis da história da filosofia" na segunda metade
do século XIX, são, por um lado, "o descrédito da especulação metafísica
sistemática e das ambiciosas construções <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a
priori</i>, e o conseqüente predomínio do processo indutivo e do espírito científico;
por outro lado, a transformação ou antes visceral renovação do caduco
espiritualismo, retemperado no criticismo kantiano e numa psicologia
verdadeiramente científica"<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>[Quental, 1931: 98].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">9) O predomínio do
processo indutivo e do espírito científico<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
relação ao primeiro fato (predomínio do processo indutivo), Antero considera
que a crise da filosofia transcendental alemã proveio do fato de pretender
deduzir o ser da razão, o que supõe que a razão se conhecesse a si mesma com
uma certeza absoluta. No entanto, afirma, tudo leva a pensar que a razão se
conhece de forma muito imperfeita, "só nos seus elementos fundamentais,
nas suas grandes faculdades e noções''. Se a razão é, como pretendem os
filósofos alemães, a expressão superior do ser, isso mesmo nos deve levar a
crer que existe uma distância enorme entre a razão e os "estados obscuros
e rudimentares de onde partiu". A consciência que a razão tem das suas
origens remotas, "daquela região inferior que é o mundo objetivo", é
muito confusa. Este fato permite a Antero concluir que é evidente "o
descrédito da especulação metafísica sistemática e das ambiciosas construções
apriori". Contudo, se o dogmatismo da metafísica sistemática está em
crise, isso não significa que o pensar filosófico esteja em crise também.
Antero considera que é chegado o momento de uma profunda mudança no que ele
chama de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">temperamento</i> da filosofia.
Essa mudança consiste em que a meditação filosófica da metafísica se torne
científica; de transcendental se torne realista e de dedutiva, indutiva. Porém,
não nega simplesmente a possibilidade da metafísica. Reconhece que no seio
desta nova tendência pode haver uma metafísica, a partir da experiência e dos
fatos. E considera que a mudança de temperamento da filosofia está presente no
pensamento de Comte, Spencer, Stuart Mill e Taine. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito do anterior, Antero frisa: "Um recrudescimento do espírito
filosófico é uma das características da segunda metade do nosso século.
Somente, a par com esse recrudescimento, dá-se uma mudança no temperamento da
filosofia: de metafísica, torna-se científica; de transcendental, realista; de
deductiva, inductiva. Querem-se idéias, mas que as idéias se adaptem o mais
perfeitamente possível aos fatos, não que pairem, em largo vôo, por cima deles.
É esta nova tendência que se patenteia na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia
Positiva</i> de Augusto Comte, na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia
da Evolução</i> de Herbert Spencer, na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lógica</i>
de Stuart Mill, no livro <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Da inteligência</i></b> de Taine e em outras
obras consideráveis deste tempo. Procura-se chegar à síntese pelo caminho da
inducção; procura-se até construir a metafísica partindo da experiência só e
dos fatos. Todos almejam por imprimir à especulação um caráter positivo"
[Quental, 1931:100].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
caráter fundamental da ciência perante a complexidade do real, considera
Antero,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>consiste em "procurar os
elementos irredutíveis dos fenômenos complexos, decompondo a aparência enganosa
das coisas e resolvendo-a em fatos últimos", que são os únicos suscetíveis
de serem apreendidos com rigor e que, de outro lado, constituem expressão
perfeita da linguagem científica, porquanto podem ser reduzidos a fórmulas
matemáticas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Assim se materializa o
ideal científico de explicar o complexo pelo simples. Mas é justamente nesse
esforço de simplificação que aparece o vício do mecanismo, tendência que afeta
diretamente à filosofia inspirada na ciência moderna. O mecanismo se dá no
arcabouço da ciência, pois ao decompor a realidade, despojando-a das qualidades
segundas que revestem os fenômenos, "o resíduo objetivo de toda sensação é
sempre, em última análise, um movimento". Podemos concluir, portanto, que
os fatos últimos da ciência são simples movimentos. O mecanismo científico,
assim caracterizado por Antero, gera o determinismo, pois a concatenação de
movimentos é necessariamente explicada pelo princípio da causalidade mecânica.
Desta forma, considera Antero, as ciências da natureza, bem como a filosofia
nelas inspirada, são mecanistas e deterministas. O autor conclui assim: "O
mundo da mecânica é o mundo da necessidade. Reina ali, de uma maneira absoluta,
o princípio da causalidade mecânica. Não se concebe movimento que não tenha
atrás de si outro movimento; nenhum se cria, assim como nenhum se destrói. Uma
ação é provocada por outra, e a sua intensidade é medida pela intensidade da que
a provocou. Tudo ali se passa segundo leis simples e férreas, nem há lugar para
o acaso ou a Providência, assim como o não há para a espontaneidade; uma série
de fatos chama outra série de fatos, e os fenômenos sucedem-se numa ordem
invariável e fatal, ordem que porisso mesmo pode ser rigorosamente conhecida,
descrita e prevista. A precisão da ciência funda-se nesta âncora, e uma
filosofia científica da natureza tinha de ser determinista, pela mesma razão
por que tinha de ser mecanista" [Quental, 1931: 102].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
universo científico é, além de mecanista e determinista, evolutivo. Mas com um
tipo de evolução puramente cumulativa. Levando em consideração a forma em que
as ciências da natureza enfrentam o universo, não reconhecendo nele uma
substância com poderes de renovação constante de si própria nas suas
manifestações, mas como simples concatenação mecânica de movimentos simples, o
autor salienta que o conceito de evolução assumido por tais ciências é
puramente formal, gerando assim a "fantasmagoria do mundo fenomenal".
E conclui em relação a esse ponto: "Reduzindo assim a uma ilusão subjetiva
o que dava à evolução a sua substancialidade, excluído qualquer aumento de ser,
qualquer superioridade verdadeira, o universo, agregado uniforme regido por
leis matemáticas, dissolve-se numa vasta mecânica de forças elementares"
[Quental, 1931: 105-106]. Ora, a filosofia científica da natureza é, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a fortiori</i>, porquanto inspirada nas
ciências, uma filosofia evolucionista.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Antero diferencia aqui a forma em que é entendida a evolução por parte
da filosofia e das ciências da natureza, de um lado, e por parte da metafísica
alemã, de outro. Para esta última, a evolução implica a idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aumento de ser</i>, qualidade que lhe
provinha da "virtualidade infinita da idéia (de substância) no seu
processo de desenvolvimento. A evolução tinha, pois, (...) um conteúdo
verdadeiro, era essencialmente substancial". Entretanto, a evolução para a
filosofia e as ciências da natureza é entendida, segundo Antero, como processo
puramente formal, despojado de qualquer aumento de ser. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mecanismo,
determinismo, evolução: eis as três caraterísticas que marcam profundamente a
filosofia e as ciências da natureza. Em que pese o rigor matemático alcançado
pelas ciências nesse contexto, bem como o caráter científico assumido pela
filosofia nelas inspirada, há em tudo isso um aspecto negativo: a concepção da
realidade e do homem é essencialmente fatalista, porquanto tudo se reduz a
movimentos determinados, conduzindo, em última análise, ao pessimismo. A vida
do espírito, a espontaneidade, as aspirações do nosso sentimento moral, ficam
sem resposta nesse gélido universo. Diante desse quadro, o autor afirma,
angustiado: "De tudo isto resulta uma concepção das coisas extremamente
precisa, mas limitada à esfera inferior do ser e por isso abstrata e
inexpressiva. Daí o que quer que é de glacial e morto na sua lucidez. É um
universo que se move nas trevas, sem saber por que nem para onde. Não o alumia
a luz das idéias, não lhe dá vida a circulação do espírito. Paira sobre ele um
mudo fatalismo. A inerte serenidade, que inspira a sua contemplação, é muito
semelhante ao desespero. A sua beleza puramente geométrica tem alguma coisa de
sinistro. Nada nos diz ao coração, nada que responda às mais ardentes
aspirações do nosso sentimento moral. Para que, um tal universo? E para que
viver nele? Nada alimenta tanto o mórbido pessimismo dos nossos dias como este
gélido fatalismo soprado pela ciência sobre o coração do homem" [Quental,
1931: 106-107].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Até
aqui o autor caracterizou o que ele reconhece como um dos "fatos mais
consideráveis da história da filosofia", ou seja, "o descrédito da
especulação metafísica sistemática e das ambiciosas construções apriori e o
conseqüente predomínio do processo indutivo e do espírito científico". Assinalou
Antero a respeito os aspectos positivos e negativos desse novo espírito
científico, mostrando que se bem permitiu superar o dogmatismo metafísico da
filosofia alemã, conduziu, de outro lado, a uma visão mecanista, determinista e
formalmente evolutiva do universo que, logicamente, deixa sem responder as
questões surgidas do fundo do sentimento moral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">10) A renovação do
espiritualismo no kantismo e na psicologia científica<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Vejamos
agora a forma em que Antero analisa o outro fato considerável na história da
filosofia na segunda metade do século XIX, "a transformação ou antes
visceral renovação do caduco espiritualismo, retemperado no criticismo kantiano
e numa psicologia verdadeiramente científica" [Quental, 1931: 98]. Em
primeiro lugar, o nosso autor coloca no seu lugar a concepção mecânica do
universo. Não se trata de uma síntese científica desprezível. Afinal de contas,
"representa o substratum sobre que assentam as mais altas operações da
razão". O erro consiste em pretender identificar essa conquista com a
dinâmica total do espírito. A crítica que o autor fez anteriormente ao
mecanismo científico que gera o determinismo, visa não à necessária abstração
que a razão faz sobre a realidade material, mas à aplicação dessa abstração, de
caráter matemático, à vida do espírito. Situando-se numa perspectiva de
inspiração kantiana, Antero considera que "o quadro rígido do mecanismo
universal exprime a dinâmica das coisas" no seu aspecto exterior e
abstrato e frisa que se trata, por isso mesmo, de um quadro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">simples </i>e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fixo</i>. E conclui: "é necessário porque é elementar; e, porque é
elementar, é incompleto". Portanto,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>a concepção mecânica do universo é incompleta; a resposta para os
grandes interrogantes do espírito humano deve provir de outro lugar. E, o que é
mais importante do ponto de vista do conhecimento, essa concepção científica é
possível porque existe uma dimensão - transcendental - mais ampla do espírito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito desse ponto, frisa Antero: "É, pois, um erro, uma ilusão
monstruosa esta concepção mecânica do universo, que resulta da grande síntese
científica dos últimos 40 anos? De modo algum. É uma verdade fundamental, mas
circunscrita, positiva dentro dos seus limites, mas incompleta na medida da
estreiteza desses limites. Já vimos que estes são os da mesma inteligência
científica. E assim como os dados empíricos sobre que opera a inteligência
científica são o substratum sobre que assentam as mais altas operações da
razão, assim a sua concepção mecânica será o substratum do conhecimento
racional do universo. Esse quadro rígido do mecanismo universal exprime a
dinâmica das coisas no que elas têm de exterior e abstracto, por isso mesmo de
simples e fixo. É necessário porque é elementar; e, porque é elementar, é
incompleto (...). Tal como é, representa um resultado enorme: a síntese do
espírito moderno no terreno do conhecimento científico. Outros elementos do
mesmo espírito, que aqui faltam e que, pela própria natureza das coisas, aqui
deviam faltar, mas que abundam em outra esfera virão ampliá-lo, fecundá-lo,
alumiá-lo com a penetrante luz transcendental, que necessariamente lhe
falece" [Quental, 1931: 108].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
espírito, considera Antero, existe e tem vida própria. Os fatos constatados
pelas ciências são apenas o ponto de partida. Mas o que lhes confere ser e
expressão é a inteligência, ao entrarem nas categorias desta e serem
organizados pela elaboração mental. Numa perspectiva sempre kantiana, o autor
não duvida em afirmar que o conhecimento "é um fato legítimo e próprio do
espírito". Assim como este tem vida própria no que tange ao conhecimento,
ele também é espontâneo no campo da vontade, que se autodetermina em face de
motivos sem que eles a determinem. A respeito Antero escreve: "Os fatos
são o ponto de partida das idéias, cuja virtualidade está no espírito: em si
são inertes e inexpressivos. O que lhes dá a expressão e verdadeiro ser é a
inteligência, em cujas categorias entram, fundidos pela elaboração mental, como
em outros tantos moldes, ordenando-se nelas e por elas. O conhecimento é pois
um fato íntimo e próprio do espírito, e o universo conhecido o produto da sua
espontânea atividade. E assim como o espírito é espontâneo na esfera do conhecimento,
não o é menos na da vontade. Determina-se esta em vista de motivos, mas não a
determinam eles. Tem em si a raiz última das suas determinações. Ser causa é a
própria essência da vontade. Não há volição, ainda a mais elementar, que seja
absolutamente passiva: a determinação da vontade nunca é assimilável à
determinação mecânica porque tem um fim, e esse fim (em última análise) está
nela mesma. Por trás da determinação limitada está uma virtualidade
ilimitada" [Quental, 1931: 114-115].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
que é, afinal, o espírito para Antero? Ele o define como força espontânea e
consciente: "O espírito é pois uma força espontânea: mas é, por cima
disso, uma força consciente. É esse predicado que vem completar a sua plenitude
e fazer dele a força tipo. Conhecendo-se, possui-se na identidade fundamental
de todos os seus momentos, vê-se na sua unidade e propõe a si mesmo o seu próprio
fim. Este conhecer-se tem graus: é mais ou menos íntimo; mas, ainda nos ínfimos
graus, a unidade do espírito aparece já,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>encerrando o mais elementar a virtualidade do mais pleno. Fazendo-se
toda a evolução do espírito dentro da sua própria natureza, e não sendo mais do
que a gradual realização de si mesmo em si mesmo, há oposição entre as
sucessivas esferas do seu desenvolvimento, nunca contradição. É assim que o
espírito, sem sair de si, se cria e fecunda continuamente, compenetrando-se
cada vez mais com a sua própria essência, extraindo dela, da sua infinita
virtualidade, momentos cada vez mais complexos e ricos de ser, até atingir a
mais alta consciência de si. Reconhece-se então idêntico com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu </i>absoluto e independente de toda a
fenomenalidade: concebe Deus como o tipo de sua mesma plenitude, concebe e
sente a vida moral como a esfera da realização desse ideal. A realização desse
ideal parece-lhe agora como o seu fim último, aquele de que os fins
anteriormente propostos, limitados e transitórios, eram só imagem e preparação.
Este fim último, porém, sendo imanente, confunde-se com a perfeição do seu
mesmo ser: na atração dele reconhece a causa de toda a sua evolução, que só
para realizá-lo tendia. Pela realização dele é livre<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- livre na medida exata em que o realiza
-<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(...). Reunindo deste modo na sua
unidade, agora consciente, a causa e o fim, a sua autonomia é completa"
[Quental, 1931: 115-116].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
síntese, o espírito é para Antero uma força espontânea e consciente que,
conhecendo-se, possui-se na identidade fundamental de todos os seus momentos,
vê-se na sua unidade e propõe a sim mesmo o seu próprio fim. Convém frisar que
na análise anteriana da dinâmica do espírito, estabelece-se uma confusão entre
dois planos, o ontológico e o crítico, que o levam a identificar a dimensão
transcendental do espírito, no campo do conhecimento e da vontade, com a
afirmação do eu absoluto, Deus. Outra anotação importante:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Antero dá primazia ao plano moral, como
esfera da realização da plenitude humana. A partir daí, a filosofia do nosso
autor assume um caráter de projeto moral que materializa o ideal da plenitude
do espírito. Antero salienta que assim como a filosofia anterior "se
resolvera num dinamismo mecânico", o seu espiritualismo resolve-se num
dinamismo psíquico. Esta característica ele faz derivar da autonomia do
espírito. A respeito, afirma: "Segundo o nosso espiritualismo, o espírito
define-se como uma força autônoma que se conhece na sua íntima natureza, que é
causa dos seus próprios fatos e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>só às
suas próprias leis obedece, que a essas leis submete os fatos objetivos e só
assim lhes dá significação e realidade, que a si mesma determina o seu próprio
fim, que existe em si e em si encontra a sua plenitude. Sendo a força autônoma,
consciente e plena, é a força por excelência, a força tipo. O espiritualismo
resolve-se num dinamismo psíquico, assim como o materialismo da filosofia
científica da natureza se resolvera num dinamismo mecânico" [Quental,
1931: 116-117]. Vale a pena salientar, aqui, uma nova confusão que Antero
estabelece, ao identificar o plano transcendental da consciência com o plano
psíquico, que faz referência ao processo subjetivo-individual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Entendido
o saber científico dentro deste amplo contexto do espiritualismo anteriano,
desaparece qualquer contradição entre metafísica e ciência, pois se trata já
não de formas de conhecimento antagônicas, mas de manifestações complementares
do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">saber total</i> que é, ao mesmo tempo,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">positivo e metafísico, experimental e
especulativo. </i>Em relação a este ponto, frisa o nosso autor: "A
metafísica e a ciência não são pois rivais, mas colaboradoras na obra do
conhecimento, e a concepção metafísica e a científica não devem ser
representadas como duas esferas opostas, mas como dois círculos concêntricos.
Finalmente e como conseqüência do que fica dito, só este processo tem o caráter
do verdadeiro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">realismo</i>: ele constitui
o saber total, ao mesmo tempo positivo e metafísico, experimental e
especulativo, tomando o ser na sua unidade, da qual o espírito só
arbitrária<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e violentamente pode ser
amputado, e na ordem de desenvolvimento dos seus momentos, dos quais o espírito
é o superior e típico" [Quental, 1931:<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>120]. Antero conclui a análise da profunda renovação do velho
espiritualismo com estas palavras: "temos pois já conhecido o terreno da
síntese do pensamento moderno, o dinamismo, e o processo adequado à realização
dela, a interpretação do mecanismo pelo psiquismo".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">11) Respostas às
questões espiritualismo / liberdade e mecanismo / determinismo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Feito
o balanço que se propunha dos elementos com que podia contar, para responder à
dupla questão da antítese espiritualismo/liberdade e mecanismo/determinismo,
Antero trata de dar uma resposta direta na última parte do seu Ensaio. Em
primeiro lugar, salienta que "é no terreno da idéia de espontaneidade que
se resolve a antítese determinismo/liberdade". Em segundo lugar, lembra
que a caraterística fundamental do espírito consiste em que a sua idéia básica,
a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espontaneidade</i>, envolve as de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">força</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">causa</i>. A <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espontaneidade</i>
seria, pois, a capacidade da força-espírito para se determinar a si mesma ou,
em outros termos, para ser causa de si mesma. Levando em consideração, em
terceiro lugar, que é pela força-causa do espírito que em último termo pode ser
explicada a realidade do mundo natural, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Antero conclui que é daquele tipo de força da
qual deveremos deduzir a natureza íntima de todas as forças, inclusive as mais
elementares. Em quarto lugar, o autor salienta um fato que para ele é evidente:
não há, no mundo natural, ser totalmente passivo; todos os seres, mesmo os mais
simples, possuem certa espontaneidade, no sentido de que em tudo palpita uma
vontade própria, que não é mais nada do que a tendência teleológica a realizar
o próprio fim. Para Antero é claro que há alguma coisa de espontâneo "e um
acordo do ser com a sua verdade profunda e com a sua infinita
virtualidade", mesmo nos fenômenos que se nos revelam como os mais
elementares no campo da matéria, terreno no qual parece reinar o determinismo
mecânico. Essa secreta finalidade que em todo ser revela uma força-causa que
procura um fim, não pode ser explicada pelo simples fluir dos fenômenos, como
se os antecedentes determinassem a finalidade dos conseqüentes: o fenômeno
antecedente é só condição para que se produza o conseqüente. A propósito, frisa
Antero: "A causa do fenômeno está na mesma natureza do ser onde ele se dá,
ou antes, do qual ele é essencial modalidade". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Da
anterior análise o nosso autor conclui que a distância existente entre os seres
do mundo natural e o espírito não é intransponível. Esse pouco de
espontaneidade que os seres naturais têm assemelha-os ao espírito. "Não há
ainda a liberdade - afirma Antero - no alto sentido espiritual desta
palavra:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mas é o prenúncio dela e o seu
germe. Na espontaneidade inconsciente da matéria está a raiz do que na
consciência se chama verdadeiramente de liberdade" [Quental, 1931: 123].
Em que consiste propriamente a liberdade? Deixemos que o próprio Antero
expresse o seu pensamento: "A liberdade, no rigoroso sentido da palavra, é
pois a espontaneidade quando plena, isto é, quando o ser, não já espontâneo
apenas na sua atividade exteriormente condicionada (...), o é ainda nessa mesma
condicionalidade, criando conscientemente os motivos das suas determinações e
criando-os em vista do próprio fim. Neste ponto culminante, o motivo da
determinação identifica-se com a essência e o fim do ser que se determina:
este, conformando-se com o motivo, conforma-se exclusivamente consigo mesmo. A
sua determinação é agora um fato absolutamente seu, é ele mesmo, na plenitude
da sua essência, refletindo-se na realidade, é essa essência, substituindo-se a
todas as leis exteriores, feita lei única da sua atividade. Agora, quando mais
se determina, mais livre é, porque as suas determinações, motivadas só pelo seu
próprio fim, não envolvendo elemento algum estranho à sua substância e tirando
dela a sua matéria e a sua forma, são atos perfeitamente adequados à sua
potência e outras tantas realizações da sua mesma unidade" [Quental, 1931:
123].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Trata-se,
sem dúvida, ao nosso modo de ver, da dimensão transcendental da atividade
humana, o que poderiamos chamar de fundamentação transcendental da moral.
Antero não duvida em atribuir ao agir humano, desta forma considerado, um valor
ideal e absoluto. O nosso sentimento de liberdade provém da nossa união a esse
centro que unicamente se revela através da consciência, mediante a razão. É o
que ele salienta no texto a seguir: "Este ser, que está todo em cada um
dos seus atos, cuja essência se substitui ao universo, e cuja atividade não
reconhece outros limites senão as leis da sua própria natureza, realiza por
certo o ideal de ser livre. É por isso também que é um ser só ideal. Deus, se
Deus fosse possível, seria esse ser absolutamente livre. Mas, por isso que não
é real, é que é verdadeiro. Ele é o tipo da plenitude do ser, tipo de que a
nossa liberdade moral, aquela que com tamanhos esforços conseguimos realizar, é
só vaga imagem, longínqua semelhança. Esse ideal da nossa essência, esse eu do
nosso eu, último e mais profundo, é o centro de atração de toda a vida
espiritual: é na união com ele que nos sentimos livres, livres na medida exata
dessa união. Segredo mais íntimo do ser, mas tão sepulto na inconsciência das
coisas, não o descobre o mundo. Revela-o a consciência e é a razão o seu
intérprete soberano. Só pela razão somos verdadeiramente" [Quental,
1931:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>124]. Vale a pena salientar que,
neste texto ao menos, Antero permanece estritamente no plano transcendental,
sem fazer a confusão de planos que criticamos anteriormente. O teor da sua
referência a Deus, neste texto, é muito claro: "Por isso que não é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">real</i>, é que é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">verdadeiro</i>". O nosso autor exclui qualquer referência ao plano
ontológico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
grandeza humana, em que pese as nossas limitações de seres condicionados
"pelo organismo, pelos instintos, pelas relações exteriores" (e como
sofreu Antero com esses condicionamentos!) consiste nesse podermos nos
identificar com o próprio ideal. Em síntese, a nossa grandeza de seres humanos
provém do nosso valor moral, que por sua vez se alicerça nessa dimensão
transcendental do nosso agir. A respeito, o pensador-poeta escreve:
"Fixando em si esses elementos do seu próprio ideal, esses princípios
geradores do seu espontâneo desenvolvimento, este pobre eu que somos, ou
parecemos ser, tão estreitamente condicionado pelo organismo, pelos instintos,
pelas relações exteriores que o comprimem num círculo fatal, este pobre eu, que
assim começa captivo e quase esmagado, transpõe gradualmente esses limites,
transborda, por assim dizer, sobre o mundo que o continha, substitui motivos
próprios aos motivos alheios, faz-se fim onde era meio e, de particular e
limitado, transforma-se finalmente no que se diria outro eu, impessoal,
absoluto, todo razão e vontade pura. Identificado com o próprio ideal só agora
é ele mesmo. Não concebemos que outra coisa seja ser livre" [Quental,
1931: 125].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
evolução universal, à luz do relacionamento natureza/espírito, assume uma
caraterística de unidade e de progressiva caminhada até a realidade do
espírito, que em último termo comanda todo o processo. "A cadeia universal
das inexistências - frisa Antero -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na
sua prodigiosa espiral de espirais, aparece-nos como a ascensão dos seres à
liberdade, na qual descobrimos a causa final de tudo" [Quental, 1931:
126]. O nosso autor atribui as seguintes características à evolução universal:
a) ela não é uma lei imposta de fora à natureza. Baseia-se, pelo contrário, na
"virtualidade infinita do ser", que está presente mesmo nas
realidades mais simples como as moléculas. b) Essa evolução dirige-se "a
um fim, à realização dessa virtualidade, à plenitude e perfeição do ser".
c) De outro lado, a evolução universal não é uma lei fatal, cega, mas trata-se
de uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lei racional</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">análoga à razão. </i>d) A evolução universal
pode caracterizar-se, também,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como
"a aspiração profunda de liberdade, que abala as moles estelares como
agita cada uma das suas moléculas". e) Trata-se de um processo "não
já puramente formal e aparente, mas real, substancial, é um verdadeiro
progresso", que consiste em que "cada nova esfera de desenvolvimento
traduz um aumento de ser". f) Esse aumento de ser, em que consiste o cerne
dessa evolução universal, se dá graças a um gradual desdobramento da infinita
virtualidade que possui a natureza, consistindo essa virtualidade no fato de o
ser-causa estar "imanente nas formas limitadas" e juntar "ao
tipo inferior preexistente esse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quid </i>novo
e diverso, com que produz o tipo superior". g) Este tipo superior não é
uma pura formalidade mas "é-o substancialmente e em toda a verdade"
porque "é mais rico de idéia" e "contém mais ser". h) No
processo evolutivo o tipo superior explica o inferior, pois "é para aquele
que este gravita". i) Por último, frisa Antero, "se o ideal supremo,
que a tudo atrai, para que tudo gravita, é razão, vontade pura, plena
liberdade, a evolução só será perfeitamente compreendida definindo-se como a
espiritualização gradual e sistemática do universo" [Quental, 1931:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>127-128].<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
síntese, podemos afirmar que a evolução é para Antero, fundamentalmente, um
processo de progressiva espiritualização do universo. É, ao mesmo tempo, um
processo de humanização das coisas, pois a máxima manifestação do espírito acontece
na consciência humana. Graças a esse processo de espiritualização da natureza,
frisa, "o espírito humano sente agora palpitar nas coisas o que quer que é
análogo à sua própria essência", em virtude de que "ele próprio é que
é agora a chave do enigma universal", pois só ele "conhece a causa e
o fim de tudo e esse segredo sublime é a sua verdade mais íntima, o seu mesmo
ser".<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Antero conclui este arrazoado
assim: "O universo aspira com efeito à liberdade, mas só no espírito
humano a realiza". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">12) A plena
manifestação do espírito na ordem moral<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Se
o rumo da evolução é o homem, para entendermos o sentido do progresso daquela
devemos considerar, em última instância, em que consiste verdadeiramente a
feição humana do mesmo. Antero frisa, em primeiro lugar, que "o progresso
da Humanidade é (...) essencialmente um fato de ordem moral". O progresso,
portanto, pressupõe o contínuo exercício da razão e da vontade humanas, para
conseguir o aprimoramento moral. A respeito, frisa o nosso poeta-pensador:
"sem o esforço sempre renovado do pensamento para a razão, da vontade para
a justiça, de todo o ser social para o ideal e a liberdade, o caminho andado
escorrega debaixo dos pés". E, num outro lugar, afirma em relação à forma
em que entende o progresso: a sua essência "está justamente nessa
intervenção, cada vez mais larga e intensa, do espírito na humanidade (...). A
criação da ordem racional e o alargamento indefinido do domínio da justiça, tal
é a definição do progresso. Fato da liberdade, ele consiste intimamente num
desdobramento incessante da energia moral, numa reação contínua da vontade sob
o estímulo do ideal, e é por isso que a virtude é a verdadeira medida do
progresso das sociedades" [Quental, 1931: 130]. Em que pese o fato de a
ordem criada pelo direito refletir a moralidade e a liberdade humanas, o
progresso, porém, deve-se manifestar, fundamentalmente, na consciência
individual. "No mundo da consciência<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>- frisa Antero -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dissolvem-se
todas as leis naturais na única lei moral. A lei moral, criada pelo espírito
para si mesmo, ou melhor, expressão da unidade final realizada pelo espírito em
si mesmo, da inteira compenetração da vontade com o seu ideal, é lei perfeita
da liberdade, porque o próprio dever, à medida que a sua idéia se aprofunda,
perde gradualmente o rígido caráter de obrigação, que lhe dava não sei que
longes de fatalidade, e transforma-se em atração pura, puro amor"
[Quental, 1931: 131].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">É
pois no seio da consciência que o espírito se liberta de todas as limitações,
ensejando um mundo transcendente e definitivo. Esse mundo transcendente tem
alguma coisa de absoluto e é não individualizado, apesar de ligado ao
indivíduo. Nesse mundo se dá, para o indivíduo, a "transição do ser para o
não-ser, que eqüivale, quanto cabe na realidade, à plenitude e perfeição do
ser. É o que, na linguagem (que para nós não pode ser senão simbólica) do
misticismo, se chama a união da alma com Deus: nós diremos simplesmente que é a
união do eu com o seu tipo de perfeição" [Quental, 1931: 131]. Impõe-se,
portanto, para Antero, uma espécie de ascese em que o indivíduo renuncie ao
egoísmo tornando-se instrumento do bem universal, seguindo os ditames da
consciência moral e inserindo-se, assim, no mundo da transcendência. Essa
espécie de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">kénosis</i> do indivíduo
condu-lo à liberdade. Diz Antero a respeito: "A renúncia a todo o egoísmo
é para ele (o indivíduo) o caminho direto que o leva à liberdade, à perfeição,
à beatitude". Agindo assim, frisa o nosso autor, o indivíduo conquista a
virtude que sintetiza os ideais da liberdade, da perfeição e da beatitude e que
coloca o indivíduo numa perspectiva universal e eterna.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Graças à virtude, frisa Antero, a existência
do homem "já não é de uma individualidade particular, circunscrita no
tempo e no espaço, condicionada pelo temperamento, pela raça, pela nação, pelo
período histórico, pela educação, por mil circunstâncias fortuitas; não:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é como que a existência dum princípio
universal, impessoal, absoluto, atuando indiferentemente num ponto do espaço, e
a sua obra, a virtude, não é também uma obra particular e transitória, mas
universal e absoluta. A virtude, liberdade suprema, é por isso a realidade por
excelência, a única realidade plena" [Quental, 1931: 132-133]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sem
essa ascese, frisa Antero, torna-se impossível a vida moral. E ela é também a
verdadeira vivência religiosa e a fonte do único culto: "a consciência do
justo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- afirma -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é o único templo do único Deus; e, nesse
templo, a renúncia ao egoísmo é o único culto, Cessasse um só instante esse
culto,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>esse holocausto do egoísmo nas aras
do ideal, e imediatamente toda a vida moral se suspenderia (...). O mundo moral
só subsiste por essa renúncia" [Quental, 1931: 133]. Consequentemente o
máximo desenvolvimento da ascese e da virtude, que é a santidade, é o termo de
toda a evolução e a máxima libertação a que o homem pode aspirar.
"Concluamos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- escreve Antero -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que a santidade é o termo de toda a evolução
e que o universo não existe nem se move senão para chegar a este supremo
resultado. O drama do ser termina na libertação final pelo bem" [Quental,
1931: 134]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero
culmina o seu ensaio refletindo sobre as tendências básicas do pensamento moderno
na segunda metade do século XIX. Caracteriza essas tendências como orientadas
no sentido de uma síntese indutiva: " Não será - escreve -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma nova construção <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>apriori</i>, depois de tantas
outras, mais um sistema<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- último e
definitivo sistema -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mas a coordenação
superior e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(...) a interpretação dos
fatos positivos no ponto de vista dos últimos princípios fornecidos ao mesmo
tempo pela análise da razão e pela análise da consciência" [Quental, 1931:
135]. Caracteriza tal <i style="mso-bidi-font-style: normal;">coordenação
superior</i> como um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espiritualismo
idealista</i> que florirá e frutificará<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>"no tronco robusto do materialismo". E lhe atribui as
seguintes notas: a) será "superior à ciência como idéia e como
critério", mas a ela estará submetido do ponto de vista do fornecimento da
matéria-prima "que tem de ser elaborada especulativamente". Assim, a
nova síntese do pensamento moderno, 2) reunirá, na sua unidade, "as duas
tendências divergentes da inteligência moderna, resolvendo nessa unidade
superior, por uma mútua penetração, a antítese da razão e da experiência".
Por se tratar de uma síntese, todas as grandes correntes do pensamento moderno
no século XIX estarão representadas, aproveitando o que cada uma delas tem de
legítimo: o positivismo (sob o aspecto da adoção de uma ordem de evolução formal
dos dados científicos); o idealismo alemão (pela afirmação da evolução
dialética da realidade e pela adoção do princípio da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">identidade do ser e do saber</i>); o espiritualismo (pela introdução de
elementos psíquicos na especulação, bem como pela adoção da idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">força-espírito</i>, e pela finalização de
todo o processo evolutivo na lei moral, que soluciona o conflito
determinismo-liberdade); por último, o criticismo também estará representado
(pela "verificação severa dos princípios pela dúvida sistemática", que
se insurge contra o dogmatismo). 3) A nova <i style="mso-bidi-font-style: normal;">coordenação
superior</i> do pensamento moderno reproduzirá o pluralismo da sociedade
moderna que, longe de ser uma igreja fechada "é uma larga comunhão de
inteligências e de sentimentos, fecunda na medida da sua mesma variedade e
liberdade, rica de impulsos diversos, que são outras tantas manifestações da
atividade sempre criadora da natureza humana".<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Assim, essa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">coordenação superior</i> será caracterizada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">unidade
na variedade. </i>4) Por último, "a síntese do pensamento moderno,
preparada pelos filósofos, tem de ser a obra coletiva da humanidade
culta"; para isso,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>essa síntese não
poderá ser <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um grande e acabado sistema</i>,
mas um "alto ideal comum, um princípio universal de inspiração, falando a
todas as potências da alma humana, e a cada uma na sua língua".<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esse ideal será "o espírito criador da
civilização moderna". Antero termina valorizando o papel do pensamento
filosófico moderno, que se orienta a essa síntese. A propósito, afirma:
"Se definir o espírito duma civilização e torná-lo cônscio de si mesmo é a
obra essencial da filosofia, não se poderá dizer que a filosofia moderna tenha
mentido à sua missão". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Conclusão<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Destaquemos,
em primeiro lugar, o posto que Antero ocupa no panorama cultural português. Eça
de Queirós, nas belíssimas páginas que dedicou ao querido amigo, salienta a
presença tutelar de Antero no pensamento português e alicerça a sua afirmação em
dois fatos: Antero, de um lado, possuía uma alma onde, na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">meiga e intraduzível</i> expressão francesa,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">il faisait
très bom</i>. "Por isso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- afirma
Eça -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>todos os intelectuais, que uma vez
o encontrassem, lhe conservavam para sempre um sentimento que era misturado de
amor e não dissemelhança da devoção. E tínhamos ainda nele um confortante
orgulho, pois bem sentíamos que esse homem tão simples, com uma má quinzena de
alpaca no verão, um paletó cor de mel no inverno, vivendo como um pobre
voluntário num casebre de vila pobre, sem posição nem fama, sempre ignorado
pelo Estado, nunca invocado pelas multidões, era o elo rijo, o mais rijo elo de
fino ouro, que prendia Portugal ao mundo do pensamento. Ora uma nação só vive
porque pensa<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e pelo que pensa. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cogitat - ergo est.</i> Naquele humilde, pois, que se comprazia entre
os humildes, estava a mais larga e mais rica soma da verdadeira vida de
Portugal" [Queirós, 1970: 285]. Em segundo lugar, no sentir de Eça, Antero
representou, para o Portugal moderno, um precioso testemunho de valor humano e
moral. "Por mim penso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- escreve Eça
de Queirós -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e com gratidão, que em
Antero de Quental me foi dado conhecer, neste mundo de pecado e
escuridade,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>alguém, filho querido de
Deus, que muito padeceu porque muito pensou, que muito amou porque muito
compreendeu, e que, simples entre os simples, pondo a sua alma em curtos
versos, era um gênio que era um Santo" [Queirós, 1970: 288].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">São
justamente as afirmações de Eça de Queirós as que nos permitem descobrir a
verdadeira dimensão filosófica de Antero, especialmente no ensaio analisado
nestas páginas. É importante enxergar no poeta e pensador açoriano o homem que
vive profunda e sinceramente a sua existência e que, filho da sua época, trata
de dar uma resposta ao interrogante do sentido da vida humana a partir dos
elementos filosóficos com que contava. A síntese espiritualista que Antero nos
apresenta é inseparável da sua vida e do seu martírio. Talvez por não ter
atendido suficientemente para esse aspecto, um crítico como Lúcio Craveiro da
Silva faz um juízo negativo demais sobre o nosso autor. "É verdade<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- frisa o citado autor -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que Antero não sintetizou sistemas, mas
princípios e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tendências</i> de sistemas,
colhendo na vasta seara da filosofia moderna algumas idéias fundamentais. Mas,
se é assim,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com que direito pode afirmar
ter realizado uma remodelação e síntese dessa filosofia? Por que se abandonam
uns princípios e se preferem outros? Qual o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">critério?</i>
Em última análise, perdemo-nos num labirinto de círculos viciosos. Foi o que
aconteceu. Se Antero se propusesse uma simples enumeração histórica,
evidenciando os pontos de contacto, porque os há, criticando, analisando,
escolhendo, realizaria obra proveitosa, mas de crítica da história da
filosofia. Ao lermos as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda
metade do século XIX</i></b>, pressentimos à flor de pena este preconceito e
esta superficialidade" [Silva, 1959: 107-109].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
obra filosófica de Antero, a sua síntese espiritualista, longe de ser como
afirma o severo crítico uma "triste <i style="mso-bidi-font-style: normal;">réverie</i>
dum gênio infeliz" [Silva, 1959: 138], representa, pelo contrário, a
maturidade de uma evolução pessoal à procura da resposta filosófica acerca da
questão fundamental sobre o sentido da vida humana. O critério por que pergunta
Craveiro da Silva é o da sinceridade moral de Antero, assim expressado por Eça
de Queirós: "Mas sobretudo se impunha pela sua autoridade moral. Antero
era então, como sempre foi, um refulgente espelho de sinceridade e rectidão. De
nascença a sua alma viera toda limpa e branca, e quando Deus a recebeu,
encontrou-a decerto tão limpa e branca como lha entregara" [Queirós, 1970:
261]. Em termos filosóficos, Joaquim de Carvalho expressa assim o alto ideal
moral que foi o critério inspirador do poeta-filósofo: "Em Antero, a
liberdade, ou mais propriamente a subjetividade irredutível da consciência foi,
a um tempo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a intuição e o clarão
iluminante, que eticamente lhe deu o sentimento da autonomia e
compreensivamente a noção da insuficiência de toda a explicação que não tome em
linha de conta esse dado. Consequentemente, Antero partiu da consciência viva
da sua personalidade, e a partir dela considerou as relações humanas e a
realidade natural, o que importa dizer que foi intrinsecamente idealista, quer
na maneira de estimar o conviver social, quer ainda na de considerar o mundo
natural, que só é tal pela referência à consciência pensante" [Carvalho,
1955: 235]. O próprio Antero já tinha assinalado esse norte de ideal ético à
sua obra, quando confessa,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta
autobiográfica</i></b>, que "Morrerei com a satisfação de ter entrevisto a
direção do Pensamento europeu, o norte para onde se inclina a divina bússola do
Espírito humano, Morrerei também, depois de uma vida moralmente tão agitada e
dolorosa, na placidez de pensamentos tão irmãos das mais íntimas aspirações da
alma humana, e,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como diziam os antigos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">na paz do Senhor!</i>" [Quental, 1974].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
que pese as limitações de Antero enquanto pensador sistemático, Joaquim de
Carvalho salienta que a essência da mensagem espiritualista do poeta-filósofo,
a sua convicção inquebrantável no valor superior do espírito humano, permanece
como uma lição preciosa para o mundo de hoje. "À sua razão e à sua
consciência<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- afirma o crítico português
-<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o homem justo aparece como o fim da
existência, e assim tinha de ser, porque o homem é o único ente que pensa e
pode elevar-se ao ideal da Humanidade, inseparável da consciência da Justiça e
do Bem" [Carvalho, 1955: 245].<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Trata-se, para Joaquim de Carvalho, mais de uma filosofia inspirada pela
percepção poética e não puramente intelectual do homem, o que dá ao pensamento
anteriano uma grande proximidade às expectativas do homem contemporâneo. Foi o
coração que ditou a filosofia a Antero? - pergunta Joaquim de Carvalho.
"Responder - frisa este autor -<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>seria criticar, porventura até refutar. Dir-se-á poética, pela forma
como alarga a consciência e se situa na Natureza, reduzida a série de eventos
desprovidos de valor intrínseco; mas as suas repulsas são ainda as nossas
repulsas, os seus anelos, os nossos anelos, e qualquer que seja a incoerência
das idéias ou os saltos da ordem subjetiva para a objetiva, da existência para
o valor, singulariza e enobrece esta concepção da liberdade e este sentido da
moralidade o esforço para a criação espiritual de um mundo mais justo, e para a
emancipação deste desolador cativeiro de cegueiras, tradições e mecanismos, que
nos encadeiam e expulsam do nosso ser profundo e do nosso destino humano"
[Carvalho, 1955: 246].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Vejamos
agora as fontes em que se inspirou o espiritualismo anteriano e aprofundemos um
pouco no teor filosófico deste. Acerca do último ponto, Joaquim de Carvalho
inclina-se a caracterizar o pensamento de Antero como um "pandinamismo
psíquico", ou um "transcendentalismo" [Carvalho, 1955: 223;
246]. A essência desta filosofia consiste em que "pela conversão da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Idéia</i> em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Espírito</i>, confere à existência e à vida um sentido profundo, em que
a razão e o coração coincidem. A vida devém uma aspiração para o melhor, uma
ascensão íntima para a liberdade, e em face do Universo assim
espiritualizado" [Carvalho, 1955: 223-224]. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">transcendentalismo</i> de Antero, frisa Joaquim de Carvalho, "não
tem o significado kantiano nem tampouco o cartesiano e escolástico; é a
apreensão ôntica, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">na esfera do invisível
e do intangível</i>,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da suprema
essencialidade e valor do espírito". Trata-se, pois, da "apreensão da
existência metafísica como realidade suprema e cuja expressão conceptual se
encontra com algum desenvolvimento nas <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda
metade do século XIX </i></b>" [Carvalho, 1955: 300-301]. Em relação às
fontes de que se nutriu a filosofia anteriana, Joaquim de Carvalho salienta que
"Antero foi um grande leitor, dispersivo, que não sistemático; atesta-o o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Catálogo
da livraria de Antero de Quental, legada à biblioteca pública de Ponta Delgada</i></b>
e confirmá-lo-á mais copiosamente o inventário das fontes espirituais da sua
obra. A sua curiosidade, insaciável e volúvel, associada por demais em certos
períodos ao desejo de fundamentar alguns escritos de filosofia da História ou
de pura especulação, levara-o ao contacto quase sempre superficial, com as
atitudes e com as idéias que mais rigorosamente se perfilam na história do
pensamento"<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>[Carvalho, 1955:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>310-311].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">As
fontes da meditação anteriana foram, além de Hegel ("o guia principal da
reflexão de toda a sua vida", segundo Joaquim de Carvalho), Leibniz, Kant
(através de expositores como Désiré Nolen), Emílio Boutroux (na sua obra<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">
Contingência das leis da natureza</i></b>), Windelband (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História da filosofia moderna</i></b>),
Alberto Lange (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História do materialismo</i></b>), Désiré Nolen (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">La critique de Kant et la
métaphysique de Leibniz, histoire et théorie de leurs rapports</i></b>, Paris, 1875),
Charles Rémusat (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De la Philosophie allemande, Rapport à l'Académie des Sciences Morales
et Politiques précedé d'une Introduction sur les doctrines de Kant, de Fichte,
de Schelling et de Hegel</i></b>, Paris, 1845) e principalmente Eduardo von
Hartmann (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Gesammelte Studien und Aufsätze,</i></b> 3ª edição, Leipzig; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Phënomenologie
des sittlichen Rewusstseins, Prolegomena zu künfitgen Ethik,</i></b> Berlim,
1879; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Religionsphilosophie. Ersterhistorischkritischer Theil. Das Religiöse
Bewusstsein der Menschheit,</i></b> Leipzig; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Philosophie de l'Inconscient</i></b>,
traduit de l'allemand, Paris, 1876) [cf. Carvalho,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1955:171-172; 312-314].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
contribuição da obra de Eduardo von Hartmann é importante na elaboração do
pensamento anteriano, a partir da crise pessimista que sofreu o poeta e cujo
auge situa-se em 1875. Joaquim de Carvalho salienta que dois temas interessaram
ao nosso poeta no primeiro contato com o pensador alemão: "a fundamentação
do pessimismo e a concepção da religião" [Carvalho, 1955: 281-282]. No
entanto, esse primeiro contato seria indireto, através de um artigo de Léon
Dumont, publicado na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Révue Scientifique.</i></b> Segundo o
crítico português, neste artigo que versa sobre a filosofia do inconsciente de
Hartmann, "radica inicialmente a comoção intelectual no sentido
pessimista" [Carvalho, 1955: 290]. O influxo definitivo da obra do
pensador alemão em Antero é assim sintetizado por Joaquim de Carvalho: "A
influência de Hartmann se exerceu inicialmente, em 1872, no sentido da
fundamentação do pessimismo, e posteriormente, em 1876, na meditação duma
concepção da religião, especialmente cristã, e na descoberta, crítica, da
realidade metafísica" [Carvalho, 1955: 301]. No entanto, o influxo de
Hartmann sobre Antero, longe de revelar simples adoção passiva do pensamento
alheio por parte do poeta-filósofo, revela a inegável capacidade criativa
dele,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>bem como a sua orientação
filosófica. O nosso autor aprofundou no conhecimento da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia do Inconsciente</i></b>
do pensador alemão a partir da publicação em Paris, em 1877, da tradução
francesa. Nessa altura, frisa Joaquim de Carvalho, "Antero havia atingido
(...) o caminho do transcendentalismo, e por isso o terceiro contato com a
filosofia de Hartmann reveste acima de tudo feição subsidiária, isto é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de contributo para a elaboração pessoal do
sistema exposto sinteticamente nas <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda
metade do século XIX</i></b>" [Carvalho, 1955: 301].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
filosofia de Hartmann, efetivamente, não chega tão longe quanto o pensamento
anteriano na trilha do espiritualismo. O pensador alemão, na linha do idealismo
de Kant, do Fichte da primeira época e de Hegel, repudiou a idéia de Deus com
atributos de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">antropopatismo</i>, quer
dizer, com caraterísticas de consciência, memória, sentimento, pensamento,
etc., como frisa Joaquim de Carvalho, "fenomenologicamente ligados à
existência de um sistema nervoso, concebendo-o, em conseqüência, sem as
limitações inerentes ao eu, como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espírito
inconsciente e impessoal</i>" [Carvalho, 1955: 307-308].<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Isso equivale a afirmar, em palavras do
próprio Hartmann, que "a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">forma infinita</i>
eqüivale à <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>própria ausência de qualquer forma</i>, e que
a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">consciência absoluta</i> que se
considera necessária a Deus, é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">idêntica à
inconsciência absoluta</i>" [apud Carvalho, 1955: 309].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antero,
é certo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sofreu um forte influxo de
Hartmann. Não podemos negar que "se deixou impregnar de algumas concepções
hartmantianas" [Carvalho, 1955: 314] nos aspectos relacionados à
significação metafísica do inconsciente e ao seu ativismo cósmico, bem como à
efemeridade da consciência, ao panteísmo histórico-evolutivo e à morfologia da
ilusão de felicidade. Contudo, nas <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda
metade do século XIX</i></b>, Antero supera definitivamente a posição de
Hartmann, ao salientar o caráter personalista do espírito em confronto evidente
com a inconsciência absoluta a que chega o filósofo alemão. Como frisa
lucidamente Joaquim de Carvalho, "Antero jamais enveredou por esta
metafísica do conhecimento; através das profundas vicissitudes e mutações do
pensamento foi sempre personalista, considerando firmemente, embora sem
meditação assídua e penetrante, a personalidade como inerente à essência do
espírito, tão firmemente que constitui até um problema de difícil, senão<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>impossível explicação,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como pôde conciliar o personalismo com a
teoria do Inconsciente como realidade psíquica independente dos graus e forma
da consciência" [Carvalho, 1955: 309-310].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
atualidade da meditação anteriana situa-se justamente nessa dimensão de
valorização do espírito como realidade pessoal, que não pode ser reduzido a
nenhuma determinação de ordem fáctico ou exterior, que aponta para um projeto
moral de autodeterminação e que não pode ser captado só mediante a fria razão,
mas que podemos atingir unicamente através da vivência metafísica que não
exclua o sentimento. Ao fixar essa posição, bem como ao criticar o racionalismo
e o determinismo por que tinham enveredado as ciências na segunda metade do
século XIX, e ao apontar a necessidade de uma nova síntese espiritual e
personalista do conhecimento, Antero não faz mais do que prenunciar a meditação
contemporânea, que com Husserl inicia essa<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>espécie de saneamento filosófico, orientado no sentido de levar o homem
dos nossos dias a realizar livremente o seu ser que, para o iniciador da
fenomenologia, consiste basicamente em "realizar a razão que lhe é inata,
realizar o esforço de ser fiel a si mesmo, de permanecer idêntico a si mesmo em
tanto que racional"<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>[Husserl, 1962:
272].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">CARREIRO,
José Bruno [1948].<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Antero de Quental: subsídios para a sua biografia. </i></b>Ponta
Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">CARVALHO,
Joaquim de [1955]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estudos sobre a cultura
portuguesa do século XIX - Volume I - Anteriana.</i></b> Coimbra: Universidade
de Coimbra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">CARVALHO,
Rui Galvão de [1965]. "O gênio poético de Antero". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Brotéria</i></b>,
Lisboa, vol. 81, no. 3 (setembro de 1965): pg. 175 seg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">FERREIRA
DA SILVA, Vicente [1964]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Obras completas. </i></b>(Prefácio de Miguel
Reale). São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia, volumes I e II.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">HUSSERL,
Edmund [1962]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale
Phënomenologie. </i></b>Husserliana, Band VI, Nijhoff.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">MENDES,
João [1971]. "Antero e o complexo de Caronte". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Brotéria,
</i></b>Lisboa, vol. 93, no. 11 (novembro de 1971): pg. 481 seg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">MOISÉS,
Carlos Felipe [1974]. "Prefácio: esboço biográfico e estudo crítico".
In: Antero de Quental,<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Poesia e prosa. (Sonetos completos, poemas
e prosa escolhidos). </i></b>(Seleção, prefácio e notas de Carlos Felipe
Moisés). São Paulo: Cultrix, pgs. 7-25.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">QUEIRÓS,
Eça de [1970]. "Um gênio que era um santo". In:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Obras - Notas contemporâneas.</i></b>
Lisboa: Livros do Brasil, pg. 285 seg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">QUENTAL,
Antero de [1931]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Prosas, Volume III. </i></b>Coimbra: Imprensa da Universidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">QUENTAL,
Antero de [1974]. "Carta autobiográfica". In:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Poesia e prosa (Sonetos
completos, poemas e prosa escolhidos). </i></b>(Seleção, prefácio e notas de
Carlos Felipe Moisés). São Paulo: Cultrix.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">QUENTAL,
Antero de [1989]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências gerais da Filosofia na segunda metade do século XIX.</i></b>
(Apresentação, organização e notas de Leonel Ribeiro dos Santos). Lisboa: Editorial
Comunicação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">RODRÍGUEZ
Sánchez, José Luis [1974]. "La fenomenología transcendental y la crisis de
la ciencia y de la vida". In:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Anuário filosófico, </i></b>Universidad de
Navarra, vol. 7, pg. 313 seg. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">SANTOS,
Delfim [1971]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Obras completas I - Da filosofia. </i></b>Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">SANTOS,
Leonel Ribeiro dos [1989]. "Apresentação". In: Antero de Quental, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tendências
gerais da Filosofia na segunda metade do século XIX. </i></b>(Organização,
apresentação e notas de Leonel Ribeiro dos Santos). Lisboa: Editorial
Comunicação, pg. 11-34.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">SILVA,
Lúcio Craveiro da [1959]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Antero de Quental, evolução do seu
pensamento filosófico.</i></b> Braga: Livraria Cruz.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1993]. "Anotações acerca do espiritualismo de Antero
de Quental". In:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Colóquio Antero de Quental: Anais.</i></b>
Aracaju: Fundação Augusto Franco, pg. 81-96.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">[Este Ensaio foi
publicado parcialmente nos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anais do
Colóquio Antero de Quental</i>, publicados em Aracaju - Sergipe, em 1993, pela
Fundação Augusto Franco, pg. 81-96. O texto foi ampliado especialmente pelo
autor para o Proyecto Ensayo]<o:p></o:p></span></b></div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-73113773292825027362020-05-31T06:03:00.000-07:002020-05-31T06:03:57.705-07:00Pensadores Portugueses - ANTÔNIO BRAZ TEIXEIRA (1936-)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi46PxKt5IDknQVgBJP4kTFuHcrFDU-KGj__s73Q5draJwy9nda5ToHiVdrhsGUkGbdj1Iy6OfirJqO7Veccp0t3ghvuJzuR6dG03nb3fPBZn46aR2-ObFuaCXERRqCPTk5brIqTqd9BwwN/s1600/ANT%25C3%2593NIO+BRAZ+TEIXEIRA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="277" data-original-width="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi46PxKt5IDknQVgBJP4kTFuHcrFDU-KGj__s73Q5draJwy9nda5ToHiVdrhsGUkGbdj1Iy6OfirJqO7Veccp0t3ghvuJzuR6dG03nb3fPBZn46aR2-ObFuaCXERRqCPTk5brIqTqd9BwwN/s1600/ANT%25C3%2593NIO+BRAZ+TEIXEIRA.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">I - BREVE SINOPSE BIO-BIBLIOGRÁFICA</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ntónio Braz Teixeira nasceu em Lisboa em 1936,
cidade onde cursou a Faculdade de Direito e deu início à carreira como docente
universitário, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e, depois, nas
Universidades Autônoma e Internacional. Paralelamente à vida acadêmica, Braz
Teixeira tem ocupado importantes cargos na administração pública do seu país.
Foi Secretário de Estado da presidência do Conselho de Ministros, em 1980, no
governo de Francisco de Sá Carneiro (1934-1980), bem como Secretário de Estado
da Cultura no governo seguinte. Desempenhou, também, os cargos de Diretor do
Teatro Dona Maria II, em Lisboa, e de Vice-presidente do Conselho de Gerência
da Radiotelevisão Portuguesa (RTP), tendo sido nomeado, em 1992, Presidente da
Imprensa Nacional Casa da Moeda, onde desenvolveu amplo programa de edições de
obras de pensadores portugueses; nesse mesmo cargo. criou uma coleção destinada
a divulgar obras significativas da cultura brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A obra de
Braz Teixeira é muito fecunda, no que tange à historiografia das idéias
filosóficas e jurídicas em Portugal, sendo considerado como um dos mais
respeitados historiadores portugueses das idéias, na atualidade. Foi iniciativa
sua, quando Secretário do Estado da Cultura do governo português, a criação da
revista<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Cultura Portuguesa</span></i>. Também foi de sua lavra a fundação de<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Nomos</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">-
Revista Portuguesa de Filosofia do Direito e do Estado</i></span>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Braz
Teixeira tem tido importante destaque no que tange à efetivação do diálogo intercultural
entre Portugal e o Brasil. Foi um dos principais inspiradores para a criação,
em 1991, em Lisboa, do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, que conta com a
representação de pensadores portugueses e brasileiros. A partir dessa entidade,
Braz Teixeira impulsionou, decididamente, a realização bianual, em Portugal,
dos colóquios "Tobias Barreto", com a finalidade de estudar os
principais pensadores brasileiros e as suas relações com a cultura portuguesa.
Braz Teixeira pertence à Sociedade Científica da Universidade Católica
Portuguesa, à Sociedade Portuguesa de Filosofia, à Academia das Ciências de Lisboa,
bem como à Academia Brasileira de Filosofia, como membro correspondente.
Acha-se vinculado, de forma muito atuante, ao Instituto Brasileiro de
Filosofia, fundado e presidido em São Paulo por Miguel Reale (1910-2006), tendo
colaborado com numerosos ensaios filosóficos e no terreno da historiografia das
idéias na <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Revista Brasileira de Filosofia</span></i>, órgão do mencionado
Instituto. Colabora regularmente em outras publicações periódicas, de Portugal
e do Brasil, como a<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Revista Portuguesa de Filosofia,</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Espiral, Nova Renascença,
Análise,</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista Jurídica, Didaskalia, Reflexão,
Ciências Humanas, Presença Filosófica, </i></span>etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A obra de
António Braz Teixeira foi objeto de detalhado estudo, no Brasil, no 7º Encontro
dos Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira, realizado por Leonardo
Prota (1930-2016) no Centro de Estudos Filosóficos de Londrina, em setembro de
2001. Relacionam-se, a seguir, os trabalhos que foram apresentados nesse
evento:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1 - <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Trajetória
de António Braz Teixeira</span></i> (comunicação de Antônio Paim, do Instituto
Brasileiro de Filosofia e do Instituto de Humanidades). 2 - <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">António
Braz Teixeira e o movimento da Filosofia Portuguesa</span></i>, (comunicação de
Ricardo Vélez Rodríguez, da Universidade Federal de Juiz de Fora e do Instituto
Brasileiro de Filosofia. Comentário de Constança Marcondes Cesar (1945-) da
Universidade Católica de Campinas. 3<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia da literatura na obra de António
Braz Teixeira</i> (comunicação de Mariluze Ferreira de Andrade e Silva, da
Universidade Federal de São João del Rei). 4 - <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Como António Braz Teixeira
entende a denominada Filosofia Luso-Brasileira</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>(comunicação de José Maurício de Carvalho, da Universidade
Federal de São João del Rei). 5 - <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Presença da idéia de Deus na meditação de
António Braz Teixeira e que lugar atribui à Teologia</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>(comunicação de Tiago Adão Lara, da Universidade Federal de
Juiz de Fora. Comentário a esta apresentação de Manuel Cândido, da Universidade
de Lisboa). 6 -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">António Braz Teixeira, filósofo da saudade<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>(comunicação de Anna Maria Moog Rodrigues, da Universidade
Gama Filho). 7 - <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">António Braz Teixeira, uma filosofia do espírito</span></i> (comunicação
de Paulo Alexandre Esteves Borges, da Universidade de Lisboa). 8 <i>- O
pensamento jus-filosófico de António Braz Teixeira</i> (comunicação de Aquiles
Côrtes Guimarães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro). 9 - <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Posicionamento crítico de António Braz
Teixeira diante das principais teorias do direito </i>(comunicação de Selvino
Antônio Malfatti, do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>10 - <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">O problema
da justiça em António Braz Teixeira</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">
</b></i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(comunicação de Ubiratan Borges
de Macedo, da Universidade Gama Filho). 11 - <i style="mso-bidi-font-style: normal;">António Braz Teixeira e o pensamento krausista em Portugal<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>(comunicação de José Esteves
Pereira, da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto de Filosofia
Luso-Brasileira). 12 - <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Braz Teixeira por
ele mesmo</i> (António Braz Teixeira, do Instituto de Filosofia
Luso-Brasileira).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
boletim do Centro de Estudos Filosóficos de Londrina intitulado <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">7º
Encontro Nacional de Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira</span></i>,
Leonardo Prota caracteriza, da seguinte forma,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>a obra do nosso pensador: "A trajetória filosófica de António Braz
Teixeira pode ser resumida como se segue. Sendo docente de disciplinas
jurídicas (Direito Fiscal e Direito Financeiro, inicialmente, passando depois
para Filosofia do Direito e do Estado) e, ao mesmo tempo, pertencendo ao
chamado<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> movimento da Filosofia Portuguesa</i>,
acabou voltando-se para o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que ele mesmo
denomina de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pensamento
filosófico-jurídico português.</i> Mais tarde, por suas ligações com o
professor Miguel Reale e, também, devido à presença no Brasil, desde a segunda
metade dos anos setenta a meados da década seguinte, de Eduardo Soveral (1927-2003),
Francisco da Gama Caeiro (1928-1994) e Affonso Botelho (1919-1996) - pessoas de
seu círculo de relações -,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>interessou-se
pelo que tem sido denominado de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofia
luso-brasileira</i>. Assim, sua volumosa obra abrange tanto a filosofia do
direito como o estudo das filosofias portuguesa e brasileira. Acha-se
caracterizada em <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Logos - Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia,</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> </span>editorial Verbo, vol. V, 1992), num
verbete do professor Paulo Borges (Da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa)" [Prota,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>2001: 2].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">II - O MOVIMENTO DA <i style="mso-bidi-font-style: normal;">FILOSOFIA PORTUGUESA</i> SEGUNDO BRAZ TEIXEIRA.</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mais do
que tratar, de forma exaustiva, acerca do lugar que António Braz Teixeira ocupa
no movimento da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia Portuguesa</i>,
farei, na minha exposição, um balanço acerca de como ele entende a meditação
filosófica, se louvando de conceitos desenvolvidos no seio da mencionada
corrente. A fim de ilustrar o tema central da minha exposição, desenvolverei
quatro itens: 1) Conceito de filosofia e de filosofias nacionais; 2) Caráter
mediador da antropologia filosófica; 3) A experiência religiosa e a corrente da
Filosofia Portuguesa e 4) A experiência jurídica e a filosofia do direito.
Concluirei destacando os aspectos mais marcantes do legado filosófico do nosso
pensador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1 - Conceito de Filosofia e de Filosofias Nacionais</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
filosofia não é, para Braz Teixeira, um discurso puramente abstrato, sem
nenhuma relação com o homem concreto. Para ele, o existencialismo e a
fenomenologia deixaram claro que a meditação filosófica abarca o homem na sua
concreção histórica. A filosofia é, assim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lógos</i>
que surge no seio de uma nação, fala uma linguagem, debruça-se sobre problemas
específicos que desvelam o ser humano. Essa contribuição dada pela filosofia
contemporânea abriu as portas para que o homem português, a quem se tinha
negado, num contexto racionalista, a vocação de pensar, descobrisse a sua
identidade filosófica, traduzindo o viver numa meditação projetada sobre a
vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
respeito, o nosso autor afirmava, já em 1959, numa das suas primeiras obras:
"Cabe ao pensamento desenvolvido sob o signo existencial o mérito de ter afirmado
e demonstrado, contra as tendências excessivamente racionalistas de certo falso
universalismo, pretensamente utópico e ucrónico, a idéia da não existência de
uma Filosofia universal, desinserida de qualquer complexo espácio-temporal, mas
antes da existência de Filosofias nacionais, já que cada povo, enquanto
especial concepção do mundo e da vida, é já <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia
viva</i>, expressão do seu particular modo de ser nacional, a que os
pensadores, intérpretes da situação histórico-cultural concreta do seu povo e
do seu tempo, dão superior forma racional. O português, a quem sucessivas
gerações, ligadas a um conceito excessivamente racionalista, abstracto e formal
de Filosofia, tinham negado um pensamento nacional, por congênita incapacidade
filosófica, começa a ser reabilitado, agora que a Filosofia procura concentrar
novamente sobre o real e a vida todas as suas atenções, valorizando-os em todos
os seus aspectos e, abandonando todas as pretensões de explicação sistemática e
total, por compreender, como Gustav Radbruch (1878-1949), que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o mundo não é divisível pela razão sem
deixar resto</i>, está interessada, acima de tudo, pelo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homem de carne e osso</i>, pela vida, pelo concreto, pela existência
humana, pelo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">estar-no-mundo</i>,
pretendendo atingir, não <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a pseudo-lógica das idéias claras, mas a
lógica verdadeira, a da estrutura do vivente e da geometria íntima da natureza</i>,
de que fala Jacques Maritain (1882-1973). A esta luz ressalta, com notável
nitidez, o caráter eminentemente<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
existencial</i> da<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>nossa<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>Filosofia, dispersa na nossa poesia, na
nossa mística, na nossa teologia, na nossa literatura novelística e de viagens
e nas obras de intenção propriamente filosófica" [Teixeira, 1959: 9-10].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
epígrafe colocado no início da obra de que foi extraída a anterior citação, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A
filosofia jurídica portuguesa actual</span></i>, Braz Teixeira cita as
seguintes palavras do pensador espanhol Angel Ganivet (1865-1898): "La
filosofía más importante de cada nación es la suya propia, aunque sea muy
inferior a las imitaciones de extrañas filosofías" [Teixeira, 1959: 9].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas se a
Filosofia caracteriza-se pela sua inserção na história, no entanto, também
devemos reconhecer o seu compromisso com a verdade. O nosso pensador faz suas
as palavras de José Marinho (1904-1975), quando afirma: “A Filosofia é
desenvolvimento de uma visão autêntica do ser e da verdade, numa situação
concreta do homem e do pensar do homem, no espaço e no tempo" [apud
Teixeira, 2000a: 32]. Em relação ao compromisso com a verdade que caracteriza
ao filosofar, escreve Braz Teixeira: "A Filosofia não é, como os outros
tipos de saber, um corpo de doutrina, um acervo de conhecimentos ou um conjunto
articulado de soluções ou de respostas, mas um processo, uma actividade
permanente de interrogação sobre o próprio saber, seu valor e seus fundamentos.
O que constitui a sua essência é a busca constante e sempre recomeçada da
verdade e não a sua posse. Não é um saber feito, que possa transmitir-se e se
vá adicionando, mas um conjunto permanente de interrogações, nunca
definitivamente respondidas, em que cada resposta que o filosofar a si próprio
se dá é sempre uma resposta provisória, que se converte em nova interrogação.
Com efeito, enquanto a solução resolve, dissolve, elimina ou suprime o
problema, a resposta filosófica não é solucionante, deixando irresoluto o
problema e viva a interrogação. Daí que, diversamente do que acontece com os restantes
tipos de saber humano, a Filosofia seja, essencial e radicalmente,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> interrogativa, problemática </i>e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não solucionante</i>" [Teixeira, 2000a:
15-16].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
filosofia, segundo Braz Teixeira, possui esse caráter de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">irresolubilidade</i>, em virtude da sua dimensão aporética, que decorre
da inadequação essencial entre o ser e o pensar. Justamente porque a realidade
transcende ao pensar, aquela constitui-se, para o homem, em algo de misterioso,
inesgotável pelo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lógos.</i> Em relação a
esse ponto, frisa o nosso pensador: "A Filosofia é, assim,
fundamentalmente,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> aporética</i>, já que a
sua actividade interrogativa do real e do próprio pensamento a conduz à
identificação e ao tratamento das aporias, à verificação de que o pensamento e
a realidade se não identificam e de que nem tudo é pensável ou abarcável pela
razão humana. É precisamente daqui que surge a noção de<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> incognoscível</i> ou de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mistério</i>,
não como o que contraria a razão ou o pensamento humano, mas como o que o
excede, ultrapassando a sua capacidade ou possibilidade de conhecimento ou
compreensão. Trata-se, pois, do domínio, não do irracional por defeito, por
contrário à razão, mas do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">irracional por
excesso </i>(Leonardo Coimbra, 1883-1936), do que, ultrapassando a razão, só é
acessível por via mística, por inspiração angélica ou por revelação
divina" [Teixeira, 2000a: 27].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O caráter
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">aporético</i> do filosofar não invalida,
antes pressupõe a capacidade da razão de apreender o real numa primeira visão
intuitiva, denominada por José Marinho de<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
visão unívoca</i>. Firma-se, a partir desta, a dimensão teórica da filosofia.
Assim caracteriza o nosso autor essa dimensão: "Sendo a Filosofia
pensamento reflexivo ou especulativo, e sendo este actividade própria da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">razão</i>, que se exerce, discursivamente,
através do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">raciocínio</i>, não pode
esquecer-se, no entanto, que não só a razão humana se não garante a si própria
enquanto órgão de conhecimento ou de pensamento, pressupondo sempre a sua
actividade um prévio acto de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">crença</i>,
por um lado na racionalidade do real e, por outro, na capacidade da razão para
se apreender a si e para compreender a realidade, como ainda, que o raciocínio
ou a actividade cognoscente da razão tem sempre como condição ou pressuposto
uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intuição</i> ou uma primordial <i style="mso-bidi-font-style: normal;">visão</i>, assim como se nutre do outro da
razão, seja <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sensação</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">imaginação </i>ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">crença</i> e das múltiplas formas de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">experiência</i>, sendo, nessa medida,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> razão experimental</i>, razão aberta ao outro de si, ao não racional,
tantas vezes erradamente confundido ou identificado com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">irracional</i>. Assim, em sua radicalidade ou como saber radical, a
Filosofia é sempre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">teoria</i>, no seu
originário e tradicional sentido, isto é,<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
intuição intelectual</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">contemplação de
idéias</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>visão espiritual do invisível</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">teoria do ser e da verdade.</i> De igual
modo, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">compreensão</i> da realidade ou
do ser e da sua verdade que todo o pensamento filosófico procura alcançar
depende sempre de uma prévia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">apreensão</i>
intuitiva, sensível ou trans-sensível, daquilo a que José Marinho chamou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">visão unívoca</i>" [Teixeira, 2000a:
27-28].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O caráter
situado do filosofar, que o nosso autor já tinha apontado na sua obra de 1959, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A
filosofia jurídica portuguesa actual</span></i>, é destacado de forma mais
completa num dos seus últimos escritos, na segunda edição de <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Sentido
e valor do direito</span></i>. Repitamos as suas palavras, que constituem
decantada expressão do pensamento de Braz Teixeira, nos últimos anos:
"Actividade humana, a Filosofia é, como o próprio homem, ser do tempo,
radicada e dinâmica, interrogação permanente a partir de uma situação concreta,
de uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">circunstância</i> definida, está
indissoluvelmente ligada a uma língua, a uma tradição, é um movimento
espiritual num espaço-tempo que não é homogéneo e uniforme mas múltiplo e
diverso, como o ser individual de cada filósofo. Daí que, sendo embora una na
busca da verdade, a Filosofia seja múltipla e diversa na variedade dos seus
caminhos, pois, se são imutáveis os enigmas com que se defronta, é sempre outro
o movimento do pensamento que pensa e interroga, pensando-se e interrogando-se
também a si. Por outro lado, se a Filosofia é actividade ou processo da razão
que se interroga a partir de uma intuição ou visão a que sempre regressa ou a
que sempre se refere, está também sempre condicionada pela língua em que o
filósofo pensa, já que não há pensamento sem palavra nem linguagem, ainda que
este não se pretenda comunicar pela fala ou pela escrita. (...). Deste modo,
não pode haver verdadeiro pensamento filosófico, enquanto discurso racional,
sem palavras nem linguagem" [Teixeira, 2000a: 30-31].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na trilha
desta reflexão, a filosofia reveste-se, no sentir de Braz Teixeira, das
caraterísticas culturais da língua em que está expressa, ganhando, assim, o
colorido nacional em que se encontra situada. Todo discurso filosófico
refere-se, na modernidade, a esse contexto, fora do qual sairia da história. A
respeito, o nosso autor escreve: "Ora, as palavras de cada língua contêm
virtualidades especulativas próprias, que não só permitem, por vezes, dilucidar
ou esclarecer melhor certos problemas a que outras só dificilmente acedem (como
acontece, por exemplo, com a distinção entre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser </i>e<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> estar</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser </i>e<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
ente</i> que o português, o castelhano e o italiano fazem, mas que não existem
em francês ou em inglês), ou penetrar mais fundamente em certos sentimentos
mais complexos ou mais intensamente vividos ou experimentados (por exemplo, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">saudade</i> luso-galaica, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ilusión</i> castelhana, a<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> dor</i> romena, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sehnsucht</i> germânica ou a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">morriña
</i>galega). Assim, se o pensamento filosófico autêntico é sempre universal,
porque demanda o uno essencial do ser e da verdade, nas suas formas e nas suas
expressões é, também, sempre, individual e nacional, dado o carácter radicado e
situado de todo o pensar e agir humanos" [Teixeira, 2000a: 31-32].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Posto que
expressa em língua nacional, a filosofia reveste-se, em cada uma delas, de
gêneros literários diversos. O pensador português lembra, a respeito, que
Julián Marías (1914-2005)<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na obra
intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Ensayos de teoría</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>[Madrid,
1954, apud Teixeira, 2000a: 33] identificou catorze formas literárias válidas
do discurso filosófico ocidental. Isso testemunha a riqueza da meditação
filosófica, que é suscetível de ser vertida em múltiplas formas de expressão,
dependendo da personalidade e dos pendores literários de cada pensador. Em
relação a essa variedade, frisa Braz Teixeira: "Diferentemente do que,
muitas vezes, se diz ou do que uma análise superficial poderia levar a
concluir, a Filosofia não só não constitui um género literário, como não tem
uma forma própria e única de exprimir o seu discurso, quando adopta a forma
escrita para comunicar o pensamento pensado pelos filósofos. Na verdade, basta
atentar, com mediana atenção, na história da Filosofia ocidental, para
concluir, de imediato, que esta tanto se tem expressado através do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">poema</i> ou da forma poética (Parménides,
Lucrécio, Nietzsche, Teixeira de Pascoaes), como do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">diálogo</i>, de estrutura teatral ou não (Platão, Cícero, Leão Hebreu,
Berkeley, Leibniz, Leonardo Coimbra), do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aforismo</i>
(Heráclito, Pascal, José Marinho), como da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">máxima
</i>ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">reflexão</i>, geralmente de índole
ou intenção moral (Epicteto, Marco Aurélio, La Rochefoucauld, Matias Aires), da
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">autobiografia</i> (Santo Agostinho, Dom
Duarte, Descartes), como do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ensaio</i>
(Bacon, Locke, Maine de Biran, António Sérgio), do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tratado </i>(Aristóteles, Espinosa, Hume, Wittgenstein) como do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">comentário</i> (Averróis, São Tomás de
Aquino, Pedro da Fonseca), da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">suma</i>
(São Tomás, Pedro Hispano, Ockam), como do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sistema
</i>(Hegel, Comte, Cunha Seixas, Leonardo Coimbra)" [Teixeira, 2000a:
32-33].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2 - Caráter mediador da Antropologia Filosófica</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
antropologia filosófica, no sentir do nosso pensador, ganhou um lugar de
destaque na hodierna meditação ocidental. Isso em decorrência da evolução das
próprias ciências, que conseguiram se ver livres do estreito cientificismo do
século XIX, bem como do fato de a meditação filosófica ter superado os limites
do racionalismo, por força da crítica vivificante ensejada pela fenomenologia,
a filosofia dos valores e o existencialismo. "Para esta nova situação
especulativa contribuiu, em não pequena medida<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>- frisa Braz Teixeira - a crise ou a derrocada do sistema de idéias,
valores e crenças filosóficas e científicas que havia constituído o substrato
cultural em que assentou a vida espiritual da segunda metade do século XIX.
Desencadeada pelos novos caminhos da microfísica, da biologia e da psicologia e
pelas correntes de pensamento que, em oposição ao positivismo, ao evolucionismo
e ao monismo materialista que àqueles, em geral, andou associado, essa crise
veio não só demonstrar as insuficiências e as contradições dos modelos
epistemológicos fundados nas ciências do mundo sensível e do minorado conceito
de razão de que partiam ou que nelas estava pressuposto, como chamar a atenção
para a especificidade e a irreductibilidade do mundo da vida e da psique à
matéria e ao mundo inorgânico, para a autônoma e superior realidade do
espírito, para o valor gnósico da intuição, da imaginação e do sentimento, para
as fecundas e essenciais relações entre a razão e o impropriamente chamado
irracional, para o indivíduo singular e concreto, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homem de carne e osso</i>, de que falava Unamuno (1864-1936)"
[Teixeira, 1993: 79].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
antropologia centro-europeia, no entanto, percorreu caminho diferente do
trilhado pela meditação antropológica em Portugal. Naqueles países ficou
restrita à análise fenomenológica e terminou dando ensejo à formulação de
ontologias regionais. Em Portugal, no entanto, graças especialmente à corrente
da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia Portuguesa</i>, a
antropologia filosófica abriu-se a uma visão metafísica projetada sobre um pano
de fundo cósmico e escatológico, de que a meditação de José Marinho, Álvaro
Ribeiro (1905-1991), António Quadros (1923-1993), Afonso Botelho (1919-1998) e
Leonardo Coimbra são exemplos vivos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fazendo
uma síntese do espírito que anima hoje à antropologia filosófica da corrente em
apreço, escreve Braz Teixeira: "No que à filosofia portuguesa respeita, a
sua indagação no domínio da antropologia filosófica ou metafísica tem dado
preferência aos problemas da origem, liberdade e destino do homem, do mal, da
morte e da imortalidade, a uma teoria dos sentimentos que não se detém na sua
fenomenologia ou na sua dimensão psicológica ou meramente afectiva, mas atende
às suas conexões cósmicas e ao seu significado unitivo e resgatante, e em que
ocupam lugar primordial o amor e a saudade, a alegria e a dor e que a graça
divina coroa e enleva, às questões relativas à formação e à educação do homem,
não descurando nem esquecendo o carácter sexuado do ser humano. Deste modo, se
a antropologia filosófica contemporânea tende, noutros países e noutros povos
do nosso continente, a circunscrever-se a uma dimensão humanista e fechar-se
numa finitude temporal e mundana, a filosofia portuguesa tem revelado uma dupla
abertura e um duplo horizonte, simultaneamente cósmico e escatológico, pois
sabe, como o lembrou Leonardo Coimbra, que o homem é um ser<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> criado em natureza para se fazer em liberdade</i>, pelo que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não é uma inutilidade num mundo feito, mas o
obreiro de um mundo a fazer</i>" [Teixeira, 1993: 81].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
filosofia, para Braz Teixeira, está situada historicamente, em virtude do
caráter temporal do homem. A dimensão ôntica deste condiciona a sua meditação
sobre o real. Ora, como o ser humano pensa fundamentalmente em base aos
problemas com que se defronta, a meditação filosófica está condicionada por
essa perspectiva problemática. A Antropologia Filosófica é, destarte, a
perspectiva mediadora entre a teoria, a prática e a dimensão estética,
estabelecendo, de outro lado, o nexo entre a natureza e o espírito. A respeito,
escreve o pensador português: "Quem interroga ou defronta os problemas é,
porém, sempre o homem, que é a si mesmo e por si mesmo que interroga, pelo que
a questão antropológica, a pergunta sobre o que é o homem, qual a sua origem e
destino, sobre o valor e sentido da sua vida e do seu agir, se lhe impõe como
tão essencial e radical, como a interrogação sobre o ser em que o próprio homem
está imerso e de que participa. Sendo essencialmente <i style="mso-bidi-font-style: normal;">metafísica</i>, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Antropologia
Filosófica</i> é mediadora entre a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">razão
teórica</i>, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">razão prática</i> e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">razão estética</i>, estabelece a necessária
articulação entre o mundo da natureza e o mundo do espírito, liga-se, por um
lado, à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teodicéia</i> ou à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ontoteologia</i> e à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cosmologia</i> e, por outro, à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ética</i>,
à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia da Religião</i>, à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia da História</i>, à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia da Arte</i> e à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia do Direito</i>, enquanto
interrogação filosófica sobre a essência, o sentido e o valor do existir e do
agir do homem no mundo e das suas criações espirituais" [Teixeira, 2000a:
30].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Decorrente
do valor especial conferido à Antropologia Filosófica, a experiência constitui
a porta através da qual podemos penetrar no interior da razão humana. Haverá
tantas áreas em que possamos nós, humanos, plasmar a nossa concepção de mundo,
quantas forem as possibilidades da experiência do mundo. O nosso pensador
considera que a revalorização do conceito de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">experiência</i> constitui um dos grandes achados do pensamento
contemporâneo. Ela é, basicamente, dos seguintes tipos: estética, ética,
religiosa, científica e jurídica. Em relação a este ponto, escreve Braz
Teixeira no seu belo ensaio intitulado <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Experiência jurídica e ontologia do direito</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> </span>[Teixeira, 1987: 24]: "O
conceito de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">experiência</i>, limitado
pela filosofia moderna, em especial a partir dos séculos XVII e XVIII ao
domínio sensorial e empírico, ao campo das chamadas ciências naturais ou
experimentais, viu-se restituído, no nosso tempo, à sua dimensão própria, pelo
reconhecimento da existência de outras formas igualmente válidas e legítimas de
experiência que o pensamento medieval conhecera e adequadamente valorizara,
como a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">experiência estética</i>, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">experiência ética </i>e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">experiência religiosa</i>, tal como a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">experiência científica</i>, modos e
expressões da actividade una e indivisível do espírito. Nesta linha de
pensamento, natural seria que viesse também a reconhecer-se a existência e a
especificidade da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">experiência jurídica</i>,
entendida como conhecimento de algo dado no mundo jurídico, de um objecto que
se apresenta à nossa mente sem qualquer intervenção dela na sua constituição ou
interpretação".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">3 - A experiência religiosa e a corrente da
Filosofia Portuguesa</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O nosso
autor dedica especial atenção ao estudo de dois tipos de experiência, entre os
mencionados: a religiosa e a jurídica. Quanto à primeira, Braz Teixeira
considera que relaciona-se com a vivência do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mistério</i>, da apreensão intuitiva do fato de que há mais mundos do
que este apreendido pela experiência sensível. A religiosa constitui a
experiência fundamental, já que ela permite superar o estreito racionalismo,
aderindo a uma concepção elevada de razão, aberta à realidade na sua mais
numinosa plenitude.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dessa
experiência, por outro lado, parte toda a concepção da denominada <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia Portuguesa</i>. Eis a forma em que
o pensador explicita o seu ponto de vista a respeito: "Importa, antes de
mais, partir de um conceito de razão que exceda os limites de um racionalismo
fechado e formalista, apoiado unicamente nas ciências do mundo sensível e numa
noção redutoramente empírica de experiência, e se abra ao essencial e
irrecusável valor e significado gnósico da sensação, da intuição, do
sentimento, da imaginação e da crença, reconheça que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">há mais mundos</i> para além daquele que os sensos nos revelam e admita
que a experiência humana assume múltiplas formas, desde aquela em que se fundam
as ciências, até à experiência estética, que as figuras e formas simbólicas
propiciam, à experiência ética, que transcende a lei, norma e mandamento, para
encontrar nos valores e nos princípios o seu centro ou o seu objecto, e à
experiência religiosa, que, partindo do numinoso dos mitos, ascende à
sublimidade do sagrado e do divino ou se eleva à união mística. Necessário é,
também, atender a que a mais autêntica origem da interrogação filosófica se não
encontra no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espanto</i> ou na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">admiração</i> perante a multiplicidade dos
seres e a imensidão cósmica, pois que ambos são ainda do domínio meramente
psicológico e limitadamente humano, mas sim no plano ontológico mais radical do
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">enigma </i>ou do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mistério</i>, no qual e pelo qual todo o ser e toda a verdade, em
instantânea visão, simultaneamente, se ocultam e patenteiam ao espírito do
homem" [Teixeira, 1993: 11]. De outro lado, convém destacar que a
preocupação com o problema da dor insere-se no contexto teodiceico da meditação
portuguesa contemporânea [Cf. Teixeira, 2000b: 7-15].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A partir
do conhecimento do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">enigma </i>ou do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mistério</i> forma-se em nós a idéia de
Deus, que passa a se constituir no núcleo que dá sentido a tudo quanto existe e
deita os alicerces do filosofar. A respeito escreve Braz Teixeira: "A
idéia de Deus é o primeiro princípio e fonte de todo o princípio que confere
sentido e valor a tudo quanto existe e possibilita o próprio filosofar, como
amoroso e interminável esforço pela sabedoria que é, em si, o mesmo espírito
divino que, sendo a eterna e absoluta plenitude, só por analogia pode ser
pensado pela razão humana. Singularidade do pensamento português tem sido o
descobrir e revelar a profunda relação que une Deus, o mal e a saudade e, ao
mesmo tempo, mostrar que foram outorgados à liberdade humana, assistida pela
graça divina, os meios para minorar ou vencer o mal e contribuir para restaurar
aquela original e fraterna harmonia entre todos os seres, para que está
ordenada toda a criação" [Teixeira, 1993: 12].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A busca
incondicional do absoluto constitui, no sentir de Braz Teixeira, não apenas um
tema de indagação teórica mas é, como já foi salientado, a causa originante do
filosofar. Diríamos mais: que a problemática teodiceica é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">leitmotiv</i> das preocupações existenciais
do homem comum, bem como o ponto de partida para a indagação filosófica. Isso
constitui marca caraterística da cultura em Portugal. "No português,
escreve Braz Teixeira no seu ensaio intitulado: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">O problema do mal na filosofia
portuguesa contemporânea</span></i>, a ânsia desmedida de absoluto, causa tão frequente
de seus sucessos e fracassos, a apetência de regresso a uma perdida harmonia e
perfeição, de que emerge a saudade, como já D. Francisco Manuel (1608-1666) o
vira, choca-se dramaticamente com a realidade brutal e agressiva do mal nos
homens e no mundo. A possibilidade de existência de Deus, suma Bondade e sumo
Bem, e a realidade insofismável do mal, eis o que, desde o plano do mais
desatento viver quotidiano até ao da mais séria e responsável especulação, é
para ele causa de inquietação e perplexidade. De tal atitude e problema dá
sinal o seu pensamento, com tão funda ressonância, desde a heresia
priscilianista aos nossos dias, que por eles acentuadamente se singulariza no quadro
do filosofar europeu, como tem já sido notado por alguns dos seus mais
esclarecidos intérpretes" [Teixeira, 1964: 16].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O nosso
pensador faz referência específica, neste ponto, a Álvaro Ribeiro e José
Marinho. Embora estes pensadores, bem como outros importantes representantes da
corrente da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portuguesa</i> (como Leonardo Coimbra,
Sant'Anna Dionísio, Antônio Quadros e Afonso Botelho) tenham salientado o
caráter religioso-metafísico do povo, inspirador da meditação filosófica em
Portugal, estudiosos de outras latitudes, em épocas passadas, salientaram
também essas caraterísticas, referindo-as ao homem peninsular. Madame de Staël
(1766-1817), por exemplo, na sua obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Dix années d'exil</span></i> tinha dito
acerca da Rússia que "os laços da nação consistem na religião e no
patriotismo" [Staël, 1996: 304], tendo encontrado profundas semelhanças
entre esse povo e os ibéricos (em decorrência do valor atribuído em ambas as
culturas ao fator religioso). A escritora francesa chegava ao ponto de dizer
que os russos eram os "castelhanos do norte" [Staël, 1996: 258].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
primeira conseqüência da adoção, por parte da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portuguesa</i>, do
mencionado ponto de partida teológico, é a crítica à razão que pretendeu, sob a
inspiração do racionalismo iluminista, se constituir em juíza e senhora da
verdade. A propósito, frisa Braz Teixeira: "Como, porém, o problema de
Deus é indissociável do problema do Logos, a crítica filosófica à idéia
tradicional da divindade é acompanhada por uma paralela dissolução do conceito
iluminista de uma razão clara e segura de si, que recusa todo o negativo e todo
o irracional, primeiro através da interrogação sobre os limites da própria
razão e sobre o seu saber de si, e, depois, pela admissão progressiva do
irracional que recusara, tanto do irracional entitativo, como do irracional
cognitivo, e, por fim, pela sua abertura a outras formas gnósicas, como a
intuição, a imaginação ou a crença" [Teixeira, 1993: 16].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
decorrência desta avaliação crítica da razão, as questões antropológicas
deságuam em questões teológicas, sendo o problema do mal a indagação central da
antropologia na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portuguesa</i>. Em relação a esse ponto,
escreve o nosso pensador, sintetizando a evolução da meditação filosófica em
Portugal nos séculos XIX e XX: "No pensamento português contemporâneo, a
análise filosófica da idéia de Deus foi acompanhada por uma paralela revisão do
conceito de uma razão clara e segura de si, que repele todo o irracional, seja
mal seja erro<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- como é ainda a de Amorim
Viana (1822-1901) -, primeiro, pela interrogação sobre os limites da mesma
razão - Antero de Quental (1842-1891) - e, depois, pela admissão do próprio
irracional, quer como racional entitativo - com Sampaio Bruno (1857-1915) e a
admissão do mal como o positivo e o plenamente real -, quer com a consideração
do erro como irracional cognitivo - Leonardo Coimbra -, quer,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>por fim, com o fazer depender todo o
pensamento do enigma e com o considerar recíproca e complementarmente
implicadas as noções de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">visão unívoca</i>
e de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cisão</i> -José Marinho -. Este
processo de paralelo desenvolvimento do debate filosófico sobre a idéia de Deus
e o conceito de razão não poderia, naturalmente, deixar de projectar-se também
sobre o modo de defrontar a grande aporia que o mal suscita: como conciliar, no
plano especulativo, a sua existência com a omnipotência e a bondade divinas?
Daí que, no pensamento português dos séculos XIX e XX, se assista a uma radical
alteração na atitude filosófica perante o mal, que depois de haver sido
longamente pensado como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">problema</i>,
passou a ser visto como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">enigma</i> que
leva o homem a interrogar-se sobre si próprio e sobre a cisão em que o mal se
dá ou manifesta, quando não já como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mistério</i>.
Ou seja, de algo exclusivamente humano, que poderia ser resolvido ou superado
pelo pensamento ou pela razão do homem, negando a sua essencial realidade e
convertendo-o em ilusória aparência ou privação, o mal ascendeu ao reino divino
e converteu-se em algo inegavelmente real que, no entanto, por exceder a
capacidade da razão humana, é incognoscível, tornando-se, por isso,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>inviável toda a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ontologia</i> do mal e limitando-se à sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fenomenologia</i>, ao conhecimento dos modos como se manifesta na vida
e no agir dos homens o saber que sobre ele é possível" [Teixeira, 1993:
62].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
contexto da crítica à tendência racionalista atrás apontada, a meditação
portuguesa, no sentir de Braz Teixeira, passa a se polarizar ao redor das
seguintes questões: a idéia de Deus, o problema do mal, o conceito de razão e
as relações entre razão e fé, filosofia e religião e filosofia e ciência [cf.
Teixeira, 1971: 355-373]. Se a meditação filosófica se polarizou, em Portugal,
em torno às questões teológicas, isso não significa, contudo, que esteja
fechada a porta para um diálogo criativo com a meditação brasileira, claramente
formulada numa perspectiva fenomenológica e crítica. Valha aqui o alerta de
tolerância e abertura intelectual dado pelo nosso pensador no prefácio à sua
obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">O pensamento filosófico de Gonçalves de Magalhães</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>[Teixeira, 1994: 15]: "Cabe
ter presente (...) que a historiografia filosófica, no caso vertente, a do
pensamento luso-brasileiro, só terá a ganhar com os contributos, por modestos
que sejam, dos diversos pontos de vista, já que não se trata aqui de
estabelecer ou definir qualquer ortodoxia interpretativa ou uma visão
dogmática, monolítica e definitiva, mas sim daquele diálogo especulativo sempre
em aberto e sempre sujeito a revisão em que consiste toda a actividade
hermenêutica".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">4 - A experiência jurídica e a filosofia do direito.</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
experiência jurídica constitui o outro tipo de experiência que, junto com a
religiosa, merece especial atenção do nosso autor. Diferentemente desta, que se
abre à escatologia e à transcendência, como acabamos de ver, a experiência
jurídica projeta-se sobre o mundo e sobre os conflitos entre as pessoas. É
definida por Braz Teixeira, no seu ensaio intitulado: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Experiência jurídica e
ontologia do direito</span></i> [Teixeira, 1987: 27], no qual o pensador
português sintetiza os aspectos essenciais da sua filosofia do direito, que expôs
de maneira sistemática na obra, já citada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Sentido e valor do direito. Introdução à
filosofia jurídica</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>[cf.
Teixeira, 2000a]. Eis a definição de experiência jurídica, no primeiro dos
escritos mencionados: "A experiência jurídica aparece-nos constituída por
um conjunto, complexo mas unitário, de dados, de que se destaca, em primeiro
lugar, a sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">estrutura antinómica</i>, a
natureza ou dimensão conflitual das relações jurídicas, o envolver uma questão
prática, um problema referente à conduta, em que existe um conflito entre
diversos sujeitos, que carece de ser resolvido ou composto, de ser satisfeito,
de modo a obter a paz social. Este tipo particular de experiência (...)
revela-se constituído por dados que se referem não só a pessoas e a realidades
da vida ou coisas do mundo, como também a valorações, a necessidades e
pretensões, envolvendo questões concretas que é necessário resolver ou decidir.
É por isso que constituem dados imediatos da experiência jurídica, por um lado,
os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conflitos de interesses</i> e, por outro,
o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">critério de valor</i> - o sentido do
justo e do injusto - a que se recorre para a respectiva solução. E também aqui
a sua estrutura antinómica se revela, agora no confronto entre o sentimendo de
justiça, que fornece o critério de valor em que se baseia a solução dos
conflitos e a necessidade de fundamentar racionalmente essa mesma solução, de
encontrar razões ou argumentos que a justifiquem" [Teixeira, 1987: 27-28].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O nosso
autor destaca o caráter<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> cultural</i> da
realidade jurídica, criação humana referida a valores, princípios ou ideais,
inserida no contexto da historicidade em que se desenvolve a vida do homem. Eis
a maneira em que Braz Teixeira sintetiza esse aspecto do direito, de forma
muito próxima, aliás, a como Miguel Reale (1910-2006) interpreta essa
realidade, no contexto do seu conhecido culturalismo, que constitui o marco da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">teoria tridimensional</i> do direito.
"Como realidade cultural, - frisa Braz Teixeira - o Direito não pertence
ao mundo físico nem biológico, em que impera a causalidade e o determinismo,
nem ao domínio psíquico, nem sequer ao dos seres ideais, em que se situam as
realidades lógicas e matemáticas, pois enquanto estas são intemporais e
abstractas, o direito é concreto, variável no tempo e no espaço e, como
realidade humana, é profundamente marcado pela temporalidade e pela
historicidade essenciais ao próprio homem. Como criação cultural, o Direito não
é um dado, uma realidade pré-existente que o homem encontre no mundo ou na
natureza, nem uma realidade estática, mas sim <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espírito objectivado</i>, projecção espiritual do homem, algo que está
aí para ser pensado, conhecido e vivido e cuja existência depende, por isso, da
relação cognitiva e vivencial que o homem com ele estabelece e mantém, a qual
lhe dá vida e conteúdo e actualiza, dinâmica e criadoramente, o sentido que
nele está latente e lhe é conferido pela referência a valores, princípios ou
ideais" [Teixeira, 1987: 29].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Braz
Teixeira considera que o Direito, enquanto realidade cultural, objetiva-se em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">normas</i>, "constituindo uma ordem reguladora
da conduta ou do agir humano na sua interferência inter-subjectiva, na sua
convivência ou na sua vida social"; refere-se, assim, à atividade prática
do homem e não à atividade teorética e pressupõe, fundamentalmente, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberdade</i>, "porquanto só enquanto o
homem é livre no seu agir, quando pode escolher o seu comportamento e optar
entre diversas condutas possíveis, tem sentido que se lhe ordene que aja de
certo modo e se responsabilize e puna pelo desrespeito pela ordem recebida ou
imposta. Assim, o seu domínio próprio é o da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberdade de agir</i>, cujo exercício e manifestação exterior regula e
disciplina, visando estabelecer uma ordem nessa mesma conduta, definida a
partir de princípios, valores ou ideais que se entende ou pretende deverem
conformar o agir humano. Ao Direito, como realidade cultural, é, pois, inerente
um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sentido</i> ou um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conteúdo axiológico</i>, uma relação entre a liberdade e determinados
valores, princípios ou ideais" [Teixeira, 1987: 29-30].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Importante contribuição dá Braz Teixeira à
reflexão acerca da forma em que são atualizados os valores no contexto da
experiência jurídica. Nesse particular, atribui grande importância ao papel do
magistrado, aquele que tem a missão de tornar vivo o valor da justiça. A
respeito, escreve o nosso pensador: "Deve notar-se que, do ponto de vista
da Justiça, é mais decisiva a aplicação da lei, porquanto é então que, em
concreto, o Direito se realiza e o próprio de cada um se afirma e define, o
que, obviamente, não impede um juízo sobre a justiça ou a injustiça da lei em
si. Desta conclusão uma outra deriva: a de que é mais decisivo o papel do juiz
do que o do legislador, da jurisprudência do que da lei. De igual modo, o
costume, como mediador mais direto do que a lei entre o sujeito e a norma, pela
sua menor abstração e generalidade, pela sua origem mais vivencial do que
racional-voluntária, mais coletiva do que individual, poderá garantir melhor do
que aquela uma solução justa. Por outro lado, esta visão da Justiça vem pôr a
claro a inadequação do modo de entender a sentença como mero processo
lógico-formal, como um raciocínio silogístico e chamar a atenção para que o
dizer o Direito - a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">jurisdição </i>- do
caso concreto, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">juízo de legalidade</i>
que o juiz profere é condicionado, precedido e,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>em larga medida, determinado por um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">juízo
de justiça</i>, de natureza intuitivo-emocional, ditado pelo sentimento da
justiça" [Teixeira, 1986: 128].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Direito, de outro lado, considera nosso autor, tenta regular ou ordenar a
conduta relacionada à condição social do homem,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>às relações com os outros homens e com as coisas, "na medida em que
estas últimas relações possam interessar ou afectar os outros". O Direito possui,
portanto, o caráter de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">realidade social</i>
e de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bilateralidade</i>, ao envolver as
relações interpessoais, "implicando direitos e deveres de uns perante os
outros". O Direito é, além disso, uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">realidade
social heterónoma</i>, "uma vez que a regulamentação ou a ordenação da
conduta que se propõe estabelecer é imposta do exterior aos sujeitos, por um
outro sujeito dotado do poder de estabelecer e impor critérios, regras ou
normas de conduta ou de comportamento" [1987: 30].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na
análise que o nosso autor realiza do Direito como ordem normativa ressaltam, de
um lado, a sua extensa e profunda cultura jurídica e, de outro, o sábio
equilíbrio de quem muito refletiu sobre a problemática humana do ângulo da
solução dos conflitos à luz do ideal de justiça. Além dos seus clássicos
estudos no terreno da filosofia do direito, é conhecida, também, a
importantíssima contribuição dada por Braz Teixeira no terreno do direito
fiscal e tributário [Cf. Teixeira, 1967; 1969], ou no da teoria do Estado [cf.
Teixeira, 1955; 1956], especificamente no que diz relação à guerra e ao papel
das corporações. Não vou me alargar mais na análise deste aspecto do pensamento
de Braz Teixeira. Gostaria de destacar apenas que, no terreno da historiografia
das idéias sociais e jurídicas, espelha-se de modo claro a sensatez e o
equilíbrio que animam a reflexão do nosso pensador [cf. Teixeira, 2001a:
177-191], bem como a sua indiscutível atualidade, segundo transparece no seu
ensaio intitulado: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A justiça no pensamento contemporâneo</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> </span>[cf. Teixeira, 2001b]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Chamarei
a atenção, finalizando este item, para a concepção de Braz Teixeira acerca da
sociedade como pluralidade de interesses em conflito, regulados pelo Direito na
busca do bem comum, preservando a liberdade e à luz do valor <i style="mso-bidi-font-style: normal;">justiça</i>. Eis, a seguir, uma bela síntese
feita pelo nosso autor, acerca da sua concepção (que poderíamos chamar de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">culturalista</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberal</i>) da realidade e da experiência jurídicas: "As normas
em que se objectiva o Direito constituem uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ordem</i>, num duplo sentido: por um lado, formam um conjunto ordenado
a partir dos princípios, valores ou ideais de cuja visualização ou
interpretação são objectivada expressão; por outro, procuram <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ordenar</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">rectificar</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tornar direita </i>ou
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">recta</i> a vida social, a convivência
entre os homens, as suas relações, substituindo por uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ordem</i> o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">caos</i> a que a desordenada
conduta individual inevitavelmente conduziria, no seu jogo de egoísmos e na
luta em que o mais fraco sucumbiria ao arbítrio do mais forte. A ordem que o
Direito visa instituir, porque referida a valores, princípios ou ideais, não é
uma ordem neutra ou indiferente, mas sim uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ordem justa</i>, uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ordem
concreta</i> definida a partir do princípio ou valor <i style="mso-bidi-font-style: normal;">justiça</i>, que é, precisamente, aquele que dá sentido e conteúdo ao
Direito na sua essencial dimensão axiológico-cultural. Partindo da justiça,
como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">princípio</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">valor</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ideal</i>, o Direito
é, pois, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">meio</i> de que o homem se
serve para alcançar uma adequada ordenação da sua conduta social, com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fim</i> de coordenar o exercício da
liberdade de cada um com a liberdade dos restantes, realizando, deste modo, o
bem comum da sociedade política" [Teixeira, 1987: 34-35].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conclusão</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
meditação de António Braz Teixeira apresenta-nos, sobre o pano de fundo de uma concepção
da Filosofia entendida na sua dupla dimensão de contemplação diuturna da
verdade a partir do horizonte histórico do homem, um amplo painel da realidade
humana estudada sob o ângulo da experiência. Se, do ponto de vista metafísico
em que se projeta a experiência religiosa, o nosso autor faz verter a sua
reflexão na temática da que passou a ser conhecida como corrente da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portuguesa</i>, polarizada pela idéia de Deus e de mistério insondável
(na trilha da revelação cristã), do ponto de vista da sua reflexão sobre a
experiência jurídica, pelo contrário, a meditação do nosso autor passa a se
projetar sobre o horizonte humano do agir no mundo e das relações
inter-pessoais, com os conflitos a que dá lugar essa realidade (apreendida no
contexto da experiência fenomenal).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aparece,
assim, no pensamento de Braz Teixeira, a meu modo de ver, uma dupla vertente:
mística e fenomenológica. A primeira, que é condicionada por uma retomada da
idéia medieval de experiência, como decorrência da vivência de uma realidade
transcendente que nos é revelada numa manifestação que vem de cima, a partir de
uma tradição escatológica preexistente e com predomínio do argumento de
autoridade. É a dinâmica dos mitos fundadores da meditação filosófica, que
tanto seduziu o pensamento de autores como Adolpho Crippa (1929-2000), Eudoro
de Souza (1911-1987) ou Vicente Ferreira da Silva (1916-1963), no panorama
cultural brasileiro. A "teologia filosófica" destes, como aliás
destaca Braz Teixeira, aproxima-se da meditação portuguesa [cf. Teixeira,
1998b: 390-401].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A segunda
vertente é condicionada pelo conceito hodierno de experiência, aberta ao mundo
dos fenômenos e pressupondo a função crítica da razão como "faculdade
ordenadora do real", para repetir as palavras do filósofo de Königsberg. O
mundo do direito, para o mestre português, é fundamentalmente o que nos é dado
pela nossa experiência fenomenal do mundo e das lutas entre os interesses
contrapostos das pessoas, apreendido tudo isso à luz ordenadora do valor
justiça, de que a razão jurídica é portadora, a fim de garantir a civilização e
o convívio pacífico entre os homens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dupla
perspectiva que, inserida no pensamento do mesmo autor, torna-se paradoxal, do
ângulo da busca de um princípio unificador na sua obra. A primeira perspectiva,
ao inspirar a historiografia das idéias empreendida, com dedicação e grande
espírito de sistema, pelo nosso autor, terminou dando ensejo a uma versão do
pensamento brasileiro que se contrapõe à nossa tradicional forma de abordarmos
as questões da história das idéias no contexto da perspectiva transcendental
kantiana, aliada à temática da filosofia como problema herdada de Nicolai Hartmann
(1882-1950), Rodolfo Mondolfo (1877-1976) e dos nossos mestres culturalistas,
Miguel Reale e Antônio Paim. A escolha da perspectiva transcendente não impediu
ao nosso autor, no entanto, de elaborar uma ampla e objetiva caracterização de
outras correntes da meditação portuguesa, diferentes da vertente em que ele se
situa, como é o caso da fenomenologia [cf. Teixeira, 1998a: 5-20].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A segunda
perspectiva, ao se aproximar da realidade social do ângulo pluralista da
diversidade de interesses em conflito, e ao tentar uma solução à luz do Direito
como criação cultural, aproxima-se muito da nossa metodologia culturalista de
análise filosófica. A meditação antropológica seria, talvez, o elo que uniria,
no pensador português, ambas as perspectivas apontadas, a julgar pela oportuna
observação de Paulo Borges (1959-): "(Braz Teixeira) constata assim, nos
vários rumos do pensamento português, a profunda relação entre a reflexão sobre
o direito e a justiça e as concepções antropológico-metafísicas dos autores,
nos quais denota uma razão que não se presume de uma suposta autonomia antes
comprometida com a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">situação</i> singular
e concreta do sujeito humano, na abertura à experiência intuitiva, afectiva e
crente" [Borges, 1992: 42].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Resta-nos
realizar uma análise desassombrada da obra de Braz Teixeira, a fim de, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sine ira ac studio</i>, melhor
compreendermos a sua posição no mundo da meditação luso-brasileira, obedecendo
sempre ao critério de rigor crítico e de modéstia epistemológica expresso pelo
mestre português, no prefácio da sua obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Espelho da razão</span></i> [Teixeira, 1997:
10]: "Cabe agora aos investigadores e historiadores da filosofia
brasileira avaliar em que medida é adequado o caminho que segui e são
pertinentes as hipóteses interpretativas aqui propostas, com aquela serena
simpatia intelectual que é condição de toda verídica compreensão
filosófica".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">BORGES,
Paulo Alexandre Esteves [1992]. "Teixeira (António Braz)". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lógos
- Enciclopédia luso-brasileira de Filosofia. </i></b>Lisboa/São Paulo: Verbo,
vol. 5, pg. 41-45.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">MARINHO,
José [1976].<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Verdade, condição e destino no pensamento português contemporâneo.</i></b>
Porto: Lello & Irmão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">PROTA,
Leonardo [2001]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">7o Encontro Nacional de Professores e Pesquisadores da Filosofia
Brasileira - Londrina, 13, 14 e 15 de setembro de 2001. </i></b>Londrina:
Centro de Estudos Filosóficos de Londrina (CEFIL).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">STAËL,
Germaine Necker Madame de [1996]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dix années d'exil.</i></b> (Edição crítica
preparada por Simone Balayé e Mariella Vianello Bonifacio). Paris: Arthème
Fayard.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1955]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A guerra justa em Portugal.</i></b> Lisboa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1956]. "Os precursores do corporativismo português".
In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Esmeraldo</i></b>,
Lisboa, números 11 e 12.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1959]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A filosofia jurídica portuguesa actual.</i></b>
Lisboa: Boletim do Ministério da Justiça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1964]. "O problema do mal na filosofia portuguesa
contemporânea". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Espiral</i></b>. Lisboa, (primavera 1964):
pg. 16-23.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1967]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A responsabilidade fiscal das pessoas
colectivas e dos seus órgãos e outros estudos. </i></b>Lisboa: Ministério das
Finanças / Direcção Geral das Contribuições e Impostos - Centro de Estudos
Fiscais. Coleção "Cadernos de Ciência e Técnica Fiscal".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1969]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Questões de direito fiscal.</i></b> Lisboa:
Ministério das Finanças / Direcção Geral das Contribuições e Impostos - Centro
de Estudos Fiscais. Coleção "Cadernos de Ciência e Técnica Fiscal".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1971]. "O pensamento filosófico de Cunha Seixas". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista
Brasileira de Filosofia.</i></b> São Paulo, vol. 26, núm. 84: pg. 355-373.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1986]. "Reflexão sobre a justiça". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Presença
Filosófica.</i></b> Rio de Janeiro,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>vol.
12, nos. 1 a 4 (janeiro/dezembro 1986): pg. 122-128.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1987]. "Experiência jurídica e ontologia do direito".
In:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">
Nómos - Revista Portuguesa de Filosofia do Direito e do Estado.</i></b> Lisboa,
nos. 3-4 (janeiro/dezembro): pg. 24-37.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1993]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Deus, o mal e a saudade: estudos sobre o
pensamento português e luso-brasileiro contemporâneo.</i></b> Lisboa: Fundação
Lusíada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1994]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O pensamento filosófico de Gonçalves de
Magalhães.</i></b> Lisboa: Instituto de Filosofia Luso-Brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1997]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Espelho da razão: estudos sobre o pensamento
filosófico brasileiro.</i></b> Londrina: Editora UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1998a]. "As posições filosóficas de Eduardo Soveral".
In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista
Brasileira de Filosofia.</i></b> São Paulo, vol. 44, no. 189 (janeiro/março
1998): pg. 5-20.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [1998b]. "O sagrado no pensamento de Vicente Ferreira da
Silva". In:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Revista Brasileira de Filosofia.</i></b> São Paulo, vol. 44, no. 192
(outubro/dezembro 1998): pg. 390-401.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [2000a].<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Sentido e valor do direito: introdução à
filosofia jurídica.</i></b> 2ª edição revista e ampliada. Lisboa: Imprensa
Nacional - Casa da Moeda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [2000b]. "Sentido metafísico da dor no pensamento de
Sant'Anna Dionísio". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teoremas de Filosofia.</i></b> Porto, no. 2
(outono 2000): pg. 7-15.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [2001a]. "A dimensão social do krausismo jurídico
luso-brasileiro". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista Brasileira de Filosofia.</i></b> São
Paulo, vol. 51, no. 202 (abril/junho 2001): pg. 177-191.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA,
António Braz [2001b]. "A justiça no pensamento contemporâneo".
Manuscrito inédito.<o:p></o:p></span></div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-47305419830565669962020-05-31T05:57:00.000-07:002020-05-31T05:57:12.878-07:00Pensadores Portugueses - EDUARDO ABRANCHES DE SOVERAL (1927-2003)<br />
<div align="center">
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 0cm; mso-padding-alt: 0cm 0cm 0cm 0cm; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 90%px;">
<tbody>
<tr style="mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="padding: 0cm 0cm 0cm 0cm; width: 100.0%;" width="100%">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfwxSAkJl9OSNTkJ1VKBXUazineG_CTOwmHWGBiA4UPS9iI7HqXTan9v8oorhepYpbLbCLAUWDCx7U8I777u3BvKYDWa7UGJO56rn1skweT6JH61M3STgdKADNL0tqaeRqMdDTaNsgHRMI/s1600/EUDARDO+ABRANCHES+DE+SOVERAL.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="283" data-original-width="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfwxSAkJl9OSNTkJ1VKBXUazineG_CTOwmHWGBiA4UPS9iI7HqXTan9v8oorhepYpbLbCLAUWDCx7U8I777u3BvKYDWa7UGJO56rn1skweT6JH61M3STgdKADNL0tqaeRqMdDTaNsgHRMI/s1600/EUDARDO+ABRANCHES+DE+SOVERAL.png" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">I - BREVE SINOPSE
BIO-BIBLIOGRÁFICA</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E</span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">duardo Abranches de Soveral nasceu em Mangualde
(Viseu, Beira Alta - Portugal), em 1927. Desde muito cedo o nosso autor
manifestou propensão para os estudos filosóficos. Em Viseu, foi discípulo de
Augusto Saraiva (1900-1975) e, em Coimbra, de Arnaldo Miranda Barbosa
(1916-1973). Pertenceu ao corpo diplomático do seu país na década de
cinqüenta, tendo se decidido pela docência universitária no decênio seguinte.
Doutorou-se em filosofia no ano de 1965, com a tese intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">O
método fenomenológico</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>[Soveral,
1965], na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Durante vários anos
foi coordenador do Curso de filosofia nessa Faculdade, tendo chegado a
professor catedrático e organizador da pós-graduação em filosofia, ao redor
do estudo sistemático dos filósofos portugueses. Destaquemos a oportunidade
dessa iniciativa, num momento em que Portugal acordava para a necessidade de
reviver os seus fundamentos culturais, ao ensejo da inserção na Comunidade
Européia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A
mencionada tese com que obteve o seu doutorado em filosofia, constitui a base
teórica sobre a qual se desenvolverão, posteriormente, os seus trabalhos nos
terrenos da filosofia da educação, da filosofia política, da filosofia da
cultura, da história das idéias e da ética. Em relação ao núcleo teórico da
mesma, escreveu Gustavo de Fraga (1922-2003): "Na esteira de Miranda
Barbosa, todavia, E. Soveral tende a considerar o método da fenomenologia
separadamente da filosofia fenomenológica, marcando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma posição crítica relativamente à Fenomenologia</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">considerando o que nela se oferece de mais
consistente e valioso para a filosofia - o seu método</i>" [Fraga, 1992:
1273]. O nosso autor alicerçou-se, na sua tese doutoral, além de Edmund Husserl
(1859-1938), em Nicolai Hartmann (1882-1950), Maurice Merleau-Ponty
(1908-1961), Max Scheler (1874-1928), Martin Heidegger (1889-1976) e Emanuel
Levinas (1906-1995), "o que diz alguma coisa da vigorosa decisão com que
pretende determinar em definitivo o valor filosófico do método
fenomenológico" [Fraga, 1992: 1273].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eduardo
Soveral elaborou uma antropologia filosófica com rigorosa base metafísica,
mas levando em consideração a vivência humana (graças à utilização que faz do
método fenomenológico). A partir dessa concepção passou a discutir os
problemas mais radicais que afetam ao homem contemporâneo. Gustavo de Fraga
destacou a fecundidade da reflexão filosófica do nosso autor, com as
seguintes palavras: "o autor revela o que tem sido o núcleo do seu
projecto filosófico: a instituição de uma teologia filosófica capaz de
fundamentar e de orientar as ciências humanas (em particular a ética, a
política e a economia), facultando deste modo soluções para os grandes
problemas da sociedade" [Fraga, 1992: 1274]. Por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">teologia filosófica</i> entendemos uma antropologia aberta à
transcendência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O nosso
autor estava destinado, segundo a praxe da universidade européia, a
especializar-se em filosofia moderna e contemporânea. Para se preparar nesse
terreno, Soveral elaborou magnífica síntese sobre a filosofia de Blaise Pascal
(1623-1662), intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Pascal, filósofo cristão</span></i>
[Soveral, 1968] e traduziu o <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Ensaio sobre o entendimento humano</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>de John Locke (1632-1704) [Cf.
Paim, 1994: 33]. Ao ensejo dos episódios da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revolução dos Cravos</i>, o nosso autor sofreu as agruras motivadas
pela intolerância no meio acadêmico. Antônio Paim (1927-) sintetizou da
seguinte forma esses episódios: "nessa altura desabou sobre Portugal a
revolução anti-salazarista, logo submetida à hegemonia dos comunistas, cujo
ressentimento manifestou-se abertamente em ódio à cultura e ao saber. Mesmo
sendo apenas docente de filosofia, sem militância política, Soveral não suportou
o clima de intolerância e perseguição mesquinha, emigrando para o
Brasil" [Paim, 1994: 15-16].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Soveral
permaneceu no Brasil por espaço de dez anos, tendo sido docente de filosofia
na Universidade Católica de Petrópolis (onde também coordenou o curso de
mestrado em educação) e na Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro (onde
criou o curso de doutorado em pensamento luso-brasileiro, juntamente com
Antônio Paim, em 1979). Colaborou, de forma eficiente, para a formação de uma
geração de pesquisadores da filosofia luso-brasileira (cerca de trinta teses
de doutorado foram defendidas na Universidade Gama Filho, na área apontada,
entre 1979 e 1989). A sua influência foi definitiva para a consolidação do
rigor acadêmico no estudo dos pensadores luso-brasileiros. É memorável o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">método monográfico</i> que o nosso
pensador desenvolveu, consistente em identificar os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">problemas </i>(chamados por Soveral de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i>), objeto da meditação de cada pensador.
Referir-nos-emos logo mais a esse aspecto da sua doutrina filosófica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eduardo
Soveral foi professor catedrático de Filosofia da Universidade do Porto. Foi,
também, membro da Academia de Ciências de Lisboa, da Academia Brasileira de
Filosofia, do Instituto Brasileiro de Filosofia, do Instituto de Filosofia
Luso-Brasileira, da Sociedade Científica da Universidade Católica e do
Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, de
que foi fundador e primeiro presidente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Dada a
importância da obra de Soveral no contexto da meditação filosófica brasileira,
foi dedicado ao estudo do seu pensamento o 3º Encontro Nacional de
Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira, que teve lugar em
Londrina (Paraná), de 23 a 25 de setembro de 1993. Ao ensejo desse evento,
foram estudados os seguintes aspectos do pensamento do nosso autor:
introdução à obra filosófica, a concepção metafísica, a epistemologia, a
filosofia da história, bem como o estatuto ético-jurídico da sociedade. Os
trabalhos apresentados no evento foram publicados nos respectivos <i>Anais</i>,
organizados por Leonardo Prota [Prota, 1994].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O traço
mais marcante da criação intelectual de Soveral, talvez seja o seu esforço em
prol de um ordenamento da temática moderna na meditação filosófica. Antônio
Paim traçou, da seguinte forma, o quadro do seu pensamento a respeito:
"Soveral procedeu a certo ordenamento da temática moderna e tem se
detido na análise de cada um de seus aspectos. Resumidamente, a temática em
apreço seria:<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> gnoseológica</i>,
abrangendo a inquirição sobre a natureza humana e seus limites, que suscita a
questão da sobrevivência ou não da metafísica e, também, do desinteresse
ontológico da parte da ciência ou do encontro de fundamentos para esta
última, aparecendo, também, de forma renovada, o problema das relações entre
fé e razão;<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> metafísica,</i> dizendo
respeito notadamente ao Absoluto mas, também, à fundamentação da moral e da
fixação de suas relações com a religião; e, finalmente, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ético-jurídica,</i> abrangendo o problema da liberdade, o
comportamento individual e coletivo e, ainda, a filosofia da história ou da
cultura, a par do estudo que vem realizando dos principais filósofos
portugueses, a partir do século XIX" [Paim, 1994: 16].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nesse
esforço de ordenamento temático da meditação filosófica, ressalta a
contribuição de Soveral no terreno da filosofia da cultura aplicada à
educação, se destacando a obra do nosso autor a respeito, intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Pedagogia
para a era tecnológica</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> </span>[Soveral,
2001]. Em ensaio anterior, Soveral já tinha destacado que a pedagogia para a
era tecnológica deveria estar animada pela filosofia, entendida no seu
sentido socrático. A respeito, escreve: "Para que, na ação docente, se
não verifiquem um dogmatismo pedagógico nem a imposição de uma determinada
ordem de valores, é necessário que o mestre comece por criar, socraticamente,
um saudável e estimulante clima de liberdade crítica, que desmistifique os
falsos mitos e problematize os preconceitos mais arraigados, e as mais
respeitáveis convicções; isso, tendo o cuidado de afastar desde o início a
suspeita de uma oculta intenção apologética; será necessário, para tanto, que
o professor comece por se apresentar, identificando-se criticamente, ou seja,
expondo, com lealdade e isenção, as suas mais profundas e autênticas opções
valorativas; só tal exemplo despertará ou fomentará, nos alunos, uma paralela
e interior necessidade de autoconhecimento, que está no início também de um
processo educativo que enriqueça e aperfeiçoe a sua personalidade. Depois
disso, é fácil desenvolver o amor da verdade, com todas as suas indispensáveis
exigências éticas, e interessar os alunos no exercício rigoroso das próprias
faculdades cognitivas; e, possível até, que optem, criticamente, por esta ou
aquela posição metafísica ou religiosa. (...). Na verdade, só o espírito
filosófico é capaz de dissolver os bloqueios ideológicos e libertar as
inteligências" [Soveral, 1983: 91].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para os
que tivemos o privilégio de sermos os seus discípulos, fica claro que as
anteriores palavras não são apenas teoria, mas que se tornaram vida, no
apostolado docente de Eduardo Soveral. Ele soube colocar em ponto alto o
ideal ético do educador e do filósofo, num mundo que certamente não prima
pela valoração da cultura desinteressada. O nosso autor faleceu em 2003, em
Vila Real.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">II - MARCO EPISTEMOLÓGICO PARA
O ESTUDO DA CULTURA LUSO-BRASILEIRA, SEGUNDO EDUARDO ABRANCHES DE SOVERAL.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tratar
acerca da epistemologia na obra de Eduardo Abranches de Soveral não é tarefa
fácil. Isso porque, no pensamento do autor, há uma íntima relação entre
epistemologia, metafísica, ontologia, antropologia e ética. Por isso, mesmo
correndo o risco de ser parcial e levando em consideração as outras
abordagens que da sua obra tem sido feitas, limitar-me-ei à exposição dos
tópicos mais significativos, presentes em dois ensaios seus: "Notas
históricas e filosóficas sobre o conhecimento" (1985) e "Sobre a
racionalidade, a ética e o ser" (1988-1989), ambos recolhidos na
coletânea feita por Antônio Paim e por ele apresentada sob o título de:
Eduardo Abranches de Soveral, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Ensaios filosóficos (1978-1992)</span></i>,
Vitória, 1992.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Cinco
aspectos destacarei na epistemologia para o estudo da cultura luso-brasileira
segundo Eduardo Abranches de Soveral: 1) Características básicas da
filosofia; 2) subjetividade, intersubjetividade e verdade; 3) questões
metafísicas relacionadas com a teoria do conhecimento; 4) questões
metodológicas relacionadas com a teoria do conhecimento e 5) mediação
epistémica da cultura luso-brasileira e metodologia para o estudo da história
das idéias filosóficas. <o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center">
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 0cm; mso-padding-alt: 0cm 0cm 0cm 0cm; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 90%px;">
<tbody>
<tr style="mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="padding: 0cm 0cm 0cm 0cm; width: 100.0%;" width="100%">
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">1 - Características básicas da
filosofia.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Coerente
com a sua formação epistemológica, Soveral caracteriza a filosofia,
basicamente, como método, ao mesmo tempo crítico e hermenêutico. Quanto ao
aspecto crítico, o autor escreve: "Em nosso entender, o que caracteriza
uma obra filosófica não são os temas nem o conteúdo doutrinário, mas a
exigência crítica problematizadora e a fundamentação das soluções propostas;
além disso (e depois disso) a integração sistemática dos conhecimentos,
orientada no sentido de uma unificação de todo o saber possível. Assim, a
filosofia começa por ser, expressa e deliberadamente, metódica"
[Soveral, 1992: 20]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quanto
ao aspecto hermenêutico, Soveral frisa que, pelo fato de a filosofia dever
ser expressão da dualidade sujeito-objeto, "(...) em termos que
expressem todas as variantes das relações inter-subjectivas, embora partindo
e regressando à relação fundamental", também "a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">revelação </i>e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">linguagem</i> passariam a ser o terreno fenomenológico por
excelência, os místicos e os poetas os interlocutores privilegiados, e a
filosofia, fundamentalmente, uma hermenêutica" [Soveral, 1992: 26].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Do
ponto de vista de sua feição crítica, a filosofia é, para Soveral,
"sempre, por essência, autônoma, ou seja, irredutível ao seu passado e a
todo o contexto contemporâneo a que esteja ligada" [Soveral, 1992: 4].
Já do ponto de vista da sua dimensão hermenêutica, a filosofia é basicamente
histórica. "É que a filosofia - escreve Soveral- tem uma dimensão
antropológica e existencial que a liga sempre ao homem concreto, sob a forma
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sabedoria</i>, ou, se preferirmos,
preludiando o tema central do pensamento de Leonardo Coimbra (1883-1936), a
razão filosófica é, por natureza,<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
prática e metafísica</i>. E esta nuclear ligação da ética e da metafísica,
valorizando, máxima e simultaneamente, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberdade
humana</i> e o ser, exige, ao contrário do que poderia julgar-se, um especial
recurso ao conhecimento histórico" [Soveral, 1992: 5].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ambas
as dimensões da filosofia, a hermenêutica e a crítica, estão, no sentir de
Soveral, intimamente ligadas. No seio desta última torna-se possível
inventariar o conteúdo axiológico da tradição. Ora, "só quando é
inventariado o conteúdo axiológico da tradição - frisa o nosso autor - é
possível recuperá-la, positiva ou negativamente, em termos críticos instituindo
um itinerário ético que verdadeiramente seja <i style="mso-bidi-font-style: normal;">novo</i>, mas nos inscreva no real" [Soveral, 1992: 5].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">2 - Subjetividade,
intersubjetividade e verdade.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A
reflexão filosófica desenvolveu, nos períodos moderno e contemporâneo,
segundo Soveral, quatro formas de fundamentação do conhecimento: a
cartesiana, a espinosana, a kantiana e a husserliana. Quanto à primeira,
frisa o nosso autor: "Partindo do acto cognitivo por excelência que é o
juízo, constitui-se uma das formas radicais de fundamentar o conhecimento: a
evidência racional; é ela que confere ao enunciado judicativo uma veracidade
necessária; não é possível negá-la, nem conceber, sequer, a sua negação"
[Soveral, 1992: 47]. A forma espinosana de fundamentação do conhecimento é
assim caracterizada: "Como variante imediata desta fundamentação pela
evidência racional, que é, por essência, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dedutiva</i>,
temos a fundamentação típica dos geômetras que partem da afirmação ou
proposição de teses que depois <i style="mso-bidi-font-style: normal;">demonstram</i>,
algumas vezes de maneira negativa, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">reduzindo
ao absurdo</i> as teses opostas" [Soveral, 1992: 47]. A forma kantiana,
por sua vez, é assim caracterizada por Soveral: "Uma (...) variante,
menos radical, (que foi usada por Kant na segunda edição da <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Crítica
da razão pura</span></i>) consiste em partir dos problemas gnosiológicos imanentes
a determinada zona, ou nível, do conhecimento, ou de determinada área da vida
cultural, e considerar que a hipótese explicativa que os soluciona conferirá
fundamento a tais conhecimentos, desde que se demonstre ser ela a única
possível, ou a mais segura e directa, no caso de haver várias. Naturalmente
que esta fundamentação, de tipo hierárquico e indutivo, terá tanto maior
valor filosófico quanto mais, na escala ascendente e dialética dos problemas
e das soluções, se aproximar da radicalidade da evidência, que marca o termo
de toda a problematização" [Soveral, 1992: 47-48].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A forma
husserliana de fundamentação do conhecimento é caracterizada, por último,
assim: "Partindo da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sensibilidade</i>
(em sentido kantiano), ou seja, da abertura do sujeito ao aparecimento de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dados</i>, de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fenômenos</i>, de algo de exterior que tem o poder e a iniciativa de
uma presença irrecusável, configura-se uma outra forma radical de
fundamentação cognitiva. Trata-se agora de constituir toda a experiência, a
partir da zona originária em que não há obstáculos nem intermediários entre o
sujeito que experimenta e aquilo que é experimentado; trata-se de captar o
fenômeno puro" [Soveral, 1992: 48].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O nosso
autor considera que, das quatro formas de fundamentação do conhecimento
apresentadas, a espinosana apresenta um risco de desvio consistente em
"supor-se que a refutação polêmica das teses divergentes servirá de
fundamento, para além do caso bem preciso - e único legítimo - em que se
demonstra o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">absurdo</i> da tese
contraditória" [Soveral, 1992: 47]. As outras três formas de
fundamentação apresentam-se, para Soveral, como perfeitamente compatíveis,
sendo que a forma transcendental - "onde terão de situar-se as análises
gnosiológicas mais radicais" [Soveral, 1992: 48] - constitui o chão epistémico
onde elas acontecem. Importa destacar que o nosso autor - seguramente
influenciado pela sua formação fenomenológica - confere à forma
transcendental apenas um valor metodológico e transitório, o que lhe permite
concluir ser possível uma abertura metafísica em direção a uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">primordial</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">subjectividade inteligente</i>, ou a uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">objetividade</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">irracional</i>.
Parece-me que Soveral se inclina pela primeira alternativa, ao afirmar que,
após as investigações gnosiológicas "é possível e legítima uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">segunda navegação</i> de sentido inverso,
que aprofunde dialecticamente as exigências críticas do conhecimento, até que
se considere fundada uma conclusão quanto ao estatuto ôntico do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cogito</i> e dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fenômenos</i>" [Soveral, 1992: 49].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O
método filosófico, inserido nesse centripetismo ôntico, "não se limitará
mais - considera Soveral - a fundamentar o conhecimento científico, nem a
proceder a investigações transcendentais. Mas passará a ter como objectivo o
conhecimento das realidades metafísicas, devendo adequar-se,
consequentemente, a esse novo propósito" [Soveral, 1992: 49]. Neste
ponto, a meu ver, Soveral situa-se além da perspectiva transcendental
kantiana, não só pelo fato de tê-la reduzido a simples recurso metodológico
na fundamentação do conhecimento, mas também - e primordialmente - ao
postular a possibilidade da sua superação, no conhecimento de realidades
metafísicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Analisemos
rapidamente as noções de subjectividade, intersubjectividade e verdade, na
forma em que são entendidas por Soveral. Há, para ele, dois traços
fundamentais da intersubjetividade: a racionalidade e a consciência. A
primeira apresenta-se como "comum a todos os sujeitos", e exprime
uma universalidade "directa, límpida e irrecusável". Já a segunda
possui uma característica paradoxal, pois ao passo que é a raiz da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">unicidade</i> de cada sujeito, deve também
ser atribuída, de forma análoga, a todos os outros; em decorrência disso, a
consciência é problemática. A coactividade do juízo evidente revela a cada um
a dimensão universal da racionalidade. "É a partir deste ponto fulcral -
escreve Soveral - da ligação entre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">razão</i>
e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">consciência</i><span style="mso-bidi-font-style: italic;">,</span> que o homem se sente inserido num
plano cuja universalidade é indiscutível e aberto a todos os seus
horizontes" [Soveral, 1992: 76].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O
primeiro momento da epifania da verdade é constituído pelo juízo evidente, o
qual nos permite "a verificação de que a racionalidade tem como acto
instaurador e última finalidade o princípio ontológico da identidade"
[Soveral, 1992: 78]. A racionalidade constitui, também, um sistema objetivo
de relações e é, ainda, "a regra de ouro para uma vida melhor"
[Soveral, 1992: 78]. Se adentrando na análise do juízo evidente, Soveral
considera insuficiente o argumento em que se alicerça o repúdio à lógica do
conceito e que conduz à lógica proposicional. Esse argumento parte da
pressuposição de que é a proposição a unidade semiótica elementar, capaz,
portanto, de receber os valores gnosiológicos da veracidade, da falsidade e
da maior ou menor probabilidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O nosso
autor firma dois aspectos que lhe parecem decisivos: em primeiro lugar, há
distinção entre o valor gnosiológico<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
verdade </i>e o valor lógico <i style="mso-bidi-font-style: normal;">validade</i>;
em segundo lugar, o conceito possui um sentido ou, em outras palavras,
"uma dimensão semântica que não pode se alheada do apuramento do valor
gnósico da proposição" [Soveral, 1992: 81]. Todo conceito tem um sentido
(simples ou complexo) e deve contar com uma determinação precisa e com uma
expressão unívoca. O conceito, de outro lado, é incorporado num nome (ou numa
expressão nominal provisória), pertencente a uma língua materna e portador de
uma pluralidade aberta de sentido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na
definição, no sentir de Soveral, "culmina todo o processo determinador
do conteúdo enunciável do conceito" [Soveral, 1992: 83]. Em decorrência
disso, os juízos evidentes são juízos analíticos, ou seja, juízos nos quais
tudo aquilo que se afirma no conceito já estava contido "no seu
potencial conteúdo enunciativo", podendo ser explicitados pela simples
análise lógica. É necessário, aqui, colocar a questão do valor cognitivo dos
juízos analíticos. Esse ponto, para Soveral, deve ser colocado nestes termos:
"se um juízo tautológico terá algum valor para o conhecimento?"
[Soveral, 1992: 84]. O princípio ontológico da identidade exprime a essência
do "supremo acto gnósico", graças ao qual o Sujeito Absoluto
torna-se consciente. Esse ato gnósico, em sentido estrito, não é um juízo,
mas "uma intuição translúcida em que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lógos</i>
e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ser</i> coincidem" [Soveral,
1992: 84].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em nós,
seres humanos, ocorre a dolorosa separação entre<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Lógos </i>e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ser. </i>Aí
radica, para o nosso pensador, toda a dramaticidade da existência humana. A
respeito, escreve: "É no indigente e violentado Ser-para-Si (que nós, os
humanos, somos) que a separação entre o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lógos</i>
e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ôntico</i> atinge a dimensão
máxima. Abertos a um infinito inatingível e sujeitos a condições,
circunstâncias e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dados</i> que
simultaneamente nos revelam e nos ocultam o Ser, o nosso itinerário
existencial é particularmente difícil: balançamos entre a ameaça do
sofrimento - que resulta, sempre, da experiência <i style="mso-bidi-font-style: normal;">forçada</i> de valores negativos - e a ameaça do Nada,
existencialmente configurada como perda definitiva da consciência: como nos
balouçamos entre um visceral desejo de segurança, de sobrevivência, de
conservação, e um visceral desejo de mudança, de aventura, de risco, de
partida para o desconhecido que se pressente para lá dos nossos horizontes,
de sermos fiéis à nossa constitutiva vocação de infinitamente crescermos na
posse do Ser e de definitivamente nos libertarmos da vivência de todo o
Mal" [Soveral, 1992: 85].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No
contexto da nossa dolorosa finitude existencial, o juízo tautológico é,
também - no sentir de Soveral - o supremo acto gnósico. Quando afirmo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu sou eu</i>, "afirmo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a-priori</i> a minha unicidade e a
unificação tendencial de mim comigo mesmo: como são tautológicos os juízos em
que cada um de nós, a cada momento, se reconhece e afirma" [Soveral,
1992: 86]. O juízo tautológico é, assim, o paradigma de todo o conhecimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O nosso
autor reconhece a existência de três tipos de juízos tautológicos: 1) os que
exprimem "o vínculo que liga as essências dependentes às independentes
(como o que se verifica entre as noções de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">corpo</i> e de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">extensão</i>)";
2) os que "partem de uma identidade tautológica mediante um processo de
substituição dos termos dessa identidade por outros equivalentes
(3x7=18+3)"; trata-se, aqui, de juízos evidentes; 3) os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sintéticos</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">prospectivos</i> que, embora não evidentes, "visam
intencionalmente uma evidência e (ou), no limite, uma intuição autorreflexiva".
Estes últimos juízos, no sentir de Soveral, "nos permitem aumentar
transfinitamente o conteúdo significativo e representativo dos conceitos
individuais mantendo a sua unicidade, garantindo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a-priori</i> e a cada momento, a identidade consigo próprios".
Esses juízos, considera o nosso autor, "nos possibilitam a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">entificação</i> de conceitos genéricos
típicos, ou de conceitos coletivos, ou de conceitos individuais cuja
existência é suposta, ou imaginada, ou produzida, no plano da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empiria</i> ou da cultura" [Soveral,
1992: 87]. Ora, essa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">entificação</i>,
considera Soveral, enseja uma concepção atualista e criacionista, graças à
qual é possível chegar à<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> produção</i>
de objetos técnicos, de bens materiais, ou de obras de arte [cf. Soveral,
1993: 21-26], dando-se o enfraquecimento da densidade ôntica do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dado</i> como puro ser-em-si.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas se
no contexto da nossa dolorosa finitude existencial o juízo tautológico é o
supremo ato gnósico, como ficou demonstrado, Soveral destaca que esses
racionais projetos não são a condição suficiente para a apropriação do Ser
pelos sujeitos. O que lhes garantirá superar definitivamente a tendência para
o Nada, será a abertura aos valores e ao Bem. A ética encontra, assim, para o
nosso autor, a sua dimensão ontológica. Eis as palavras do pensador português
a respeito: "Os juízos evidentes nos revelam (ou) possibilitam a
construção da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">racionalidade</i>, ou
seja, de todo um conjunto condicionante de formas que balizam a nossa ativa
apropriação do Ser, mediante uma actualização progressivamente mais rica;
que, nessa actualização, a Razão, entendida como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dinamismo entificador, relacionador e unificador do ser-para-si que é
todo o sujeito,</i> - joga com esse universo condicionador de formas, que é a
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Racionalidade</i>, no sentido de obter
um máximo de evidências. Esses racionais e razoáveis projectos de acção são a
condição necessária para uma apropriação do Ser pelos sujeitos. Mas não são a
condição suficiente. O que lhes irá garantir, em última instância, um sentido
positivo, evitando que apontem para o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nada</i>,
será o facto de visarem os valores ou o Bem. Esta a indispensável função
ontológica da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ética</i>" [Soveral,
1992: 24].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A
gnosiologia de Eduardo Soveral caracteriza-se, assim, pelo fato de ser uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ontognosiologia axiológica</i>, fato que o
aproxima dos culturalistas brasileiros, notadamente da feição assumida pela
concepção ontognosiológica de Miguel Reale. Tanto para o autor português como
para os culturalistas brasileiros - destacando-se, além de Reale as figuras
de Antônio Paim e Nelson Saldanha (1933-2015) - as questões epistemológicas
repousam no contexto aberto por Immanuel Kant (1724-1804), que, a partir da
rigorosa delimitação da perspectiva transcendental, abriu a filosofia
ocidental à denominada <i style="mso-bidi-font-style: normal;">metafísica do
sujeito</i>, ou da tematização do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espaço
humano</i>, que já tinha sido postulado por Samuel Pufendorf (1632-1694) no
século XVII. Em Soveral acontece a ontologização do formalismo kantiano, de
modo análogo a como em Reale se perfaz essa mesma variável, a partir da
crítica axiológica e histórica ao legado do pensador de Königsberg. A posição
adotada pelo filósofo português não implica em uma volta pura e simples à
metafísica dogmática criticada por Kant. "Ao contrário disto - frisa com
propriedade Antônio Paim - Soveral está longe de encampar tudo quanto se fez
em nome da preservação do realismo antigo no ciclo de predominância da
escolástica" [Paim, 1992: 37].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">3 - Questões metafísicas
relacionadas com a teoria do conhecimento.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Soveral
destaca que a metafísica tradicional "articulada com a antiga física,
verbalista e qualitativa" [Soveral, 1992: 12], perdeu legitimidade. Mas
as ciências contemporâneas, carentes de base metafísica, pendem no abismo do
niilismo. "Agora - frisa o pensador português - com o desaparecimento de
uma substantiva matéria-energia, escancara-se o vórtice de um definitivo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Niilismo</i> que ameaça sorver e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nadificar</i> todas as esperanças humanas.
Daí que os cientistas contemporâneos tendem a assumir, no plano existencial,
a posição dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mágicos</i>, seus
ancestrais" [Soveral, 1992: 93].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A
quebra da metafísica ocorreu, nos dias que correm, como decorrência da
atomização da ciência moderna e do seu fechamento na positividade. Esses
fatos não só separaram a ciência da metafísica "autonomizando-a, como
esvaziaram a própria metafísica de um autêntico conteúdo gnosiológico. Que
lhe competia saber? Como poderia conhecer-se algo para além do que fosse
positivo e observável?" [Soveral, 1992: 13].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No
sentir do pensador português, duas alternativas metafísicas se descortinam na
meditação contemporânea. "Em última instância - frisa Soveral - haverá
que concluir, em termos metafísicos, ou por uma primordial <i style="mso-bidi-font-style: normal;">subjectividade inteligente</i>, ou por uma
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">objectividade irracional</i><span style="mso-bidi-font-style: italic;">”</span> [Soveral, 1992: 29]. O nosso
pensador opta claramente pela primeira alternativa, recolhendo a rica
tradição que, partindo na modernidade de Descartes (1596-1650), tentou, com
Leibniz (1646-1716) e Espinosa (1632-1677), formular uma metafísica
condizente com as exigências da ciência moderna. Os metafísicos portugueses
teriam dado continuidade a esse esforço teórico, num contexto
anti-positivista e tendo inclusive incorporado o legado kantiano - bem que de
forma parcial, “sem levar em consideração nenhum fundamento gnosiológico
antimetafísico da <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Crítica da Razão Pura</span></i>" ou
restringindo-se, quase sempre, "aos argumentos da <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">dialética transcendental</span></i>,
que isolam do conjunto da obra" [Soveral, 1992: 14].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Parece-me
que, ao recolher a tradição dos metafísicos portugueses, Eduardo Soveral se
situa numa posição próxima à adotada por Leonardo Coimbra, em cujo pensamento
"houve (...) a expressa preocupação de libertar a ciência do
construtivismo, do pragmatismo e do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">humanismo</i>
com que Galileo (1564-1642) a tinha potencialmente marcado, e lhe cortavam o
acesso à metafísica; e de retirá-la de um quadro epistemológico que aceitava
a irracionalidade última do real dado na experiência empírica" [Soveral,
1992: 14].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A
posição de Soveral no terreno da teoria do conhecimento ancora, pois, numa
base definidamente metafísica. Mas não se trata, de forma alguma, da retomada
das antigas metafísicas dogmáticas. A posição do nosso autor é assim definida
por ele mesmo: a supremacia dada pelo positivismo à sociologia sobre as
demais ciências, só pode ser criticada e superada no seio de uma
"metafísica criacionista baseada no sujeito absoluto (é esta a nossa
posição)" [Soveral, 1992: 93]. Trata-se, a meu ver, de posição que se
aproxima bastante da adotada pelos culturalistas, como já foi apontado, sobre
tudo se se leva em consideração que o ponto de partida é uma ontognosiologia
intersubjetiva. A respeito, escreve Soveral: "Esta (...) incursão nas
zonas mais radicais da gnose permite-nos, pois, concluir que a solução para
as aporias nela detectadas aponta para uma ontognosiologia, onde o conhecimento
consista numa comunicação intersubjetiva" [Soveral, 1992: 25].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">4 - Questões metodológicas
relacionadas com a teoria do conhecimento.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O nosso
pensador destaca que seria ideal, no terreno das ciências humanas, poder
realizar investigações sobre os problemas essenciais, deixando de lado
questões acessórias. "Seria bom - frisa Soveral - poderem imitar-se aqui
as aves de rapina, que vêm largo e só mergulham quando vale a pena"
[Soveral, 1992: 3]. No entanto, a falta de apoio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cartográfico</i> de parte de universidades e centros de pesquisa,
obriga os estudiosos - particularmente os que cultivam a história das idéias
filosóficas - a se limitarem a "hipóteses sempre provisórias, descrições
sempre incompletas, perspectivas sempre incipientes, explicações sempre insatisfatórias"
[Soveral, 1992: 4].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Como
avaliar, do ângulo filosófico, o que há de original e próprio numa obra? Três
critérios, no sentir do nosso autor, devem pautar essa indagação: em primeiro
lugar, a "avaliação interna de sua coerência e fecundidade"; em
segundo lugar, "o exame dos seus fundamentos e princípios, feito,
necessariamente, a partir de perspectivas que lhes sejam <i style="mso-bidi-font-style: normal;">exteriores</i>, o que implica explicitar e justificar os parâmetros
críticos em que o próprio estudioso se situa; em terceiro lugar, "repor
(...) os problemas da (...) relação (da obra) com a história, com os
condicionamentos sociais da época e com a personalidade do Autor"
[Soveral, 1992: 5].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Conseqüente
com a dimensão ontognosiológica, de tipo intersubjetivo, que Soveral atribui
à sua teoria do conhecimento, o método filosófico deverá partir da análise da
estrutura cognitiva do sujeito para indagar a questão da verdade e do erro, à
luz de um critério gnósico radical, ligado ao conhecimento do estatuto ôntico
do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cogito</i> e dos fenômenos. A
respeito, o nosso autor escreve: "efectivamente há, em princípio, entre
todo o método cognitivo e o objeto a conhecer, uma mútua relação de
conveniência. Ora, sendo o método da filosofia, por essência, indeterminado,
segue-se que as características do seu método haverão de procurar-se, apenas,
no sujeito do conhecimento. Por outras palavras: enquanto as ciências se
definem pelos seus objectos particulares (ou por uma epistemologia genérica e
por um objecto também globalmente determinável no seu amplo conjunto), a
filosofia só irá definir-se pelo seu método; e este terá que decorrer das
estruturas cognitivas do sujeito do conhecimento e visar uma distinção
genérica da verdade e do erro ou, se preferirmos, a fixação e a fidelidade a
um critério gnósico radical" [Soveral, 1992: 21].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">critério gnósico radical</i> ao qual o
nosso autor faz referência é a dimensão ôntica do conhecer, que Soveral
vincula a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma segunda navegação</i>,
complementar da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">primeira navegação</i>,
introspectiva, de inspiração cartesiana ou husserliana. A respeito, afirma:
"o fato de termos iniciado as investigações gnósicas pela via cartesiana
da razão, ou pela via husserliana da experiência, não nos obrigará,
respectivamente, ao primeiro ou ao segundo termo daquela opção metafísica.
Desde que o itinerário metódico escolhido seja levado ao limite, é possível e
legítima uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">segunda navegação</i> de
sentido inverso, que aprofunda dialeticamente as exigências críticas do
conhecimento, até que se considere fundada uma conclusão quanto ao estatuto
ôntico do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cogito</i> e dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fenômenos</i>" [Soveral, 1992: 29].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O nosso
pensador, como foi destacado no início, reconhece a validade das quatro
formas que a filosofia moderna desenvolveu, no intuito de explicar o
conhecimento: a cartesiana, a espinosana, a kantiana e a husserliana. No
entanto, ele considera que estas vias, metódicas por excelência, precisam de
um ponto de chegada: a formulação do estatuto ôntico do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cogito</i> e dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fenômenos.</i>
Chegado a este ponto, o método filosófico projetar-se-á no conhecimento das
realidades metafísicas. Eis as suas palavras a respeito: "Uma vez
atingida esta conclusão, o método filosófico sofrerá significativas mudanças.
Não se limitará mais a fundamentar o conhecimento científico, nem a proceder
a investigações transcendentais. Mas passará a ter como objectivo o
conhecimento das realidades metafísicas, devendo adequar-se,
consequentemente, a esse novo propósito" [Soveral, 1992: 29].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">5 - Mediação epistémica da
cultura luso-brasileira e metodologia para o estudo da história das idéias
filosóficas.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O nosso
autor confere grande valor epistémico à tarefa do historiador das idéias. A
sua contribuição é fundamental, segundo Soveral, tanto no terreno da
docência, quanto no da informação. Cabe a ele revelar, aos homens da sua
época, as descobertas dos filósofos no plano do desvelamento do ser,
colocando-as no contexto da cultura onde historicamente está situado. Essa
observação é endereçada pelo nosso autor, de forma especial, aos
"portugueses e os brasileiros que tardam a convencer-se que só a través
da mediação da sua cultura terão acesso e poderão participar positivamente no
saber universal. Infelizmente para a nossa inapetência por trabalhos
programados e feitos em colaboração, e para uma insegurança provinciana que
predispõe à subalternização relativamente às grandes culturas estrangeiras,
não basta importar, traduzir e imitar. (Assim como, para evitar essa
dependência, não basta ignorar)" [Soveral, 1992: 4].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É
difícil, no sentir do nosso autor, definir o estatuto epistemológico desse
viabilizador de mediações culturais, o historiador das idéias. A sua função
deve ser criativa, como a do filósofo. A propósito, afirma: "Qualquer
obra cultural autêntica manifesta sempre algo de novo, que é afinal aquilo
que verdadeiramente interessa captar a sublinhar. Para isso é necessário que
o intérprete assuma a posição do filósofo, quando se tratar da obra
filosófica, tal como a do pintor, quando se tratar de pintura, etc. E a
dificuldade consiste precisamente em determinar as características próprias
desse filosofar marginal, de circunstância e por obra alheia, que é próprio
do crítico, desse filosofar de quem não se apresenta como filósofo. Da mesma
forma que será difícil, mais ainda, caracterizar a posição e a actividade,
quase paradoxais, de um pintor que não pinta" [Soveral, 1992: 4].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Se é
difícil definir o estatuto epistemológico do historiador das idéias, é fácil,
contudo, identificar o vício que pode comprometer, de vez, o seu trabalho: a
má-fé, o preconceito e a paixão ideológica. A respeito, escreve o nosso autor:
"Nada mais ingênuo do que supor que a ingerência grosseiramente
repressiva das censuras oficiais esgota as formas de atentar, no plano da
vida social da cultura, contra a liberdade de espírito; mais graves serão a
má-fé, o preconceito e a paixão ideológica que, além de inquietarem, como é
óbvio, a acção dos intérpretes, comentadores e divulgadores, contribuem,
conscientemente ou não, para manter em estado generalizado de ignorância,
único que permite, impunemente, tais violências" [Soveral, 1992: 4-5].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vale a
pena destacar a originalidade da teoria do conhecimento de Eduardo Soveral,
que partindo da assimilação crítica das formas de fundamentação do
conhecimento legadas pela filosofia moderna, soube aproveitar delas
(inspirando-se numa abordagem fenomenológica) os aspectos metodológicos
condizentes com a afirmação dos conhecimentos metafísicos, num contexto que
supera qualquer dogmatismo e que se insere plenamente na modernidade, ao
abarcar a idéia de experiência (à luz da filosofia lockeana) e projetando, de
outro lado, o conhecimento no mundo da vida, ao assinalar-lhe o necessário
fundamento ôntico-antropológico que o caracteriza radicalmente e ao abri-lo
(sob a inspiração de Leonardo Coimbra) à concepção criacionista da moral. De
singular acuidade é a revalorização, por Soveral, do juízo tautológico como
paradigma do conhecimento (porquanto explicitador da base ôntica apontada),
retomando, nesse ponto, a posição do autor do <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Ensaio sobre o entendimento
humano</span></i> [Cf. Locke, 1956: 523-524], obra da qual Soveral realizou,
aliás, impecável tradução na língua portuguesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Concluamos
destacando os pontos essenciais da metodologia que Soveral indica para o
estudo da história das idéias filosóficas, no contexto das filosofias
nacionais. Sete itens são por ele assinalados: a) a determinação de problemas
ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i>; b) o estudo das
formações históricas desses <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i>;
c) a análise do desenvolvimento lógico historicamente dado às soluções desses
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i>; d) a consideração do
desenvolvimento histórico dado à vigência dessas soluções nos vários
contextos sociais; e) a explicitação das novidades que implicou a formulação
de novos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i> e / ou a
reformulação de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i> já
existentes; f) a explicação das articulações lógicas que determinaram os
novos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i> ou a sua
reformulação; g) a determinação da vigência dos novos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i> e / ou suas modificações. Referindo-se ao primeiro
item, frisa Soveral: "a determinação de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filosofemas</i>, ou seja, de problemas que, equacionados a partir das
interrogações mais amplas e radicais que se abrem ao espírito do homem, exige
soluções inteligíveis e exaustivamente fundamentadas" [Soveral, 1979:
63].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O ponto
de partida da metodologia apresentada pelo pensador português coincide, em
essência, com o método assinalado pelos culturalistas brasileiros (Reale e
Paim) para o estudo da história das idéias filosóficas. Trata-se de não pré-julgar
acerca da filosofia de determinado autor, mas de ouvi-lo, tratando de
entender a problemática que pretendia resolver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">BIBLIOGRAFIA <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">FRAGA, Gustavo de [1992]. "Soveral (Eduardo
Silvério Abranches de)". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lógos - Enciclopédia Luso-Brasileira de
Filosofia.</i></b> Lisboa / São Paulo: Editorial Verbo, vol. IV: pg.
1272-1275. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">LOCKE, John [1956]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ensaio sobre o entendimento
humano.</i></b> (Tradução ao espanhol de E. O'Gormann). 1ª edição em
espanhol. México: Fondo de Cultura Económica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PAIM, Antônio [1992]. "A filosofia da
cultura de Eduardo Soveral". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista Brasileira de Filosofia</i></b>,
São Paulo, vol. 40, no. 165: pg. 35-45. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PAIM, Antônio [1994]. "Introdução à obra
filosófica de Eduardo Soveral". In: Leonardo Prota (editor). <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anais
do 3º Encontro Nacional de Professores e Pesquisadores da Filosofia
Brasileira.</i></b> Londrina: CEFIL / UEL, vol. I: pg. 16-36. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PROTA, Leonardo [1994] (editor).<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">
Anais do 3º Encontro Nacional de Professores e Pesquisadores da Filosofia
Brasileira.</i></b> Londrina: CEFIL / UEL, vol. I. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SOVERAL, Eduardo Abranches de [1965]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
método fenomenológico: estudo para a determinação do seu valor filosófico. I
- O valor do método para a filosofia.</i></b> Universidade do Porto (Tese de
doutorado em Filosofia). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SOVERAL, Eduardo Abranches de [1968]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pascal,
filósofo cristão.</i></b> 1ª edição. Porto: Tavares Martins. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SOVERAL, Eduardo Abranches de [1979].
"Epistemologia da história: o caso particular de uma história nacional
das idéias". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Presença Filosófica</i></b>, Rio de
Janeiro, vol. 5, no. 3: pg. 63-73. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SOVERAL, Eduardo Abranches de [1983]. "A
vocação pedagógica da Filosofia". In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Humanidades</i></b>, Brasília,
vol. I, no. 3: pg. 87-100. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SOVERAL, Eduardo Abranches de [1992]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ensaios
filosóficos 1978-1992.</i></b> (Edição organizada por Antônio Paim). Vitória.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SOVERAL, Eduardo Abranches de [2001]. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pedagogia
para a era tecnológica.</i></b> (Organização e notas críticas de Antônio
Paim; prólogo de monsenhor Urbano Zilles). Porto Alegre: Editora da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-12344766535251898302020-05-29T03:43:00.000-07:002020-05-29T03:43:05.923-07:00PANORAMA DO PENSAMENTO BRASILEIRO - PROBLEMAS E CORRENTES<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUNC1gnJ2kYT-zbZY0jnn9_CrTc18msvQAT1415r6GzyN1jMO24O5GVEbn80u521H81kpItFRD1BnNJ6CfpjnN2XqF5CXQO9XPpuKotYWSxRqQR8hmTV-S5Da3Oqph4lP_wqgjTDfm-4IA/s1600/medalha+1989+tobias+anv.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1393" data-original-width="1370" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUNC1gnJ2kYT-zbZY0jnn9_CrTc18msvQAT1415r6GzyN1jMO24O5GVEbn80u521H81kpItFRD1BnNJ6CfpjnN2XqF5CXQO9XPpuKotYWSxRqQR8hmTV-S5Da3Oqph4lP_wqgjTDfm-4IA/s320/medalha+1989+tobias+anv.jpg" width="314" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Embora a disciplina
“Pensamento Brasileiro” tivesse sido banida do nosso universo acadêmico da
pós-graduação, pelos burocratas marxistas, ao longo dos governos lulopetistas e
sociais-democratas no decorrer dos últimos 30 anos, contudo, dois importantes
Centros de Estudos Superiores Militares a encamparam, de forma sistemática: a
Universidade da Força Aérea e a Escola de Comando e Estado Maior do Exército
(ECEME), ambas no Rio de Janeiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Efetivamente, a Universidade
da Força Aérea adotou, em 2019, o Curso de Pensamento Brasileiro existente, há
dez anos, como atividade de extensão no Clube da Aeronáutica, sob o comando do
presidente Maj Brig Marco Antonio Carballo Perez (1957). Esse Curso tinha sido
criado, em 2009, pelo coronel Araken Hipólito da Costa, auxiliado pelo
professor Francisco Martins de Souza (1925).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Escola de Comando e Estado
Maior do Exército (ECEME), por sua vez, abriu espaço, desde 2003, para o estudo
do pensamento político brasileiro, na disciplina: “Doutrinas Políticas
Contemporâneas”, [cf. VÉLEZ Rodríguez, 2012] que integra o leque de seminários
do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Coordenador desse programa
acadêmico foi o coronel José Lucas da Silva. Como Professor Emérito da ECEME,
lecionei essa disciplina durante vários anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Após o fechamento, em 1994, pelo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>MEC, do Curso de Mestrado em Pensamento
Brasileiro, que ajudei a criar na Universidade Federal de Juiz de Fora, junto
com o professor Antônio Paim (1927), tomei a decisão de não lecionar mais a
disciplina “Pensamento Brasileiro”. No entanto, os meus alunos da graduação
insistiam em que lhes oferecesse um seminário sobre esse tema. Tanto
insistiram, que me venceram e comecei, em 2003, a oferecer uma disciplina eletiva
denominada: “Pensamento Brasileiro”, à qual assistiram, entre outros, os
seguintes alunos: Marco Antônio Barroso, Alexandro Ferreira de Souza, Bernardo
Goytacazes de Araújo e Humberto Schubert Coelho. Por sugestão dos discentes,
comecei o programa com a filosofia da mitologia. Ao longo de dois semestres
fizemos a leitura dos mais destacados “Mitos indígenas” da nossa tradição
ameríndia. A disciplina foi um sucesso. Nos semestres seguintes, passou a ser
oferecida com o nome de “Filosofia Brasileira” e voltaram a ser estudados os
clássicos da meditação nacional, seguindo o roteiro proposto por Antônio Paim
na sua obra clássica: <i>História das ideias filosóficas no Brasil</i>, já na
sexta edição. O estudo do pensamento brasileiro voltou em grande estilo ao
currículo da Universidade, não pelas mãos dos burocratas, mas a pedido dos
alunos, dando uma prova evidente da vitalidade que anima às novas gerações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Torna-se necessária, de
entrada, uma breve aclaração metodológica. Partimos do pressuposto de que não
existe, na história do pensamento, originalidade total. Os pensadores emergem
do seio da milenária tradição da meditação ocidental, pensando problemas que são
específicos da sua época e do seu meio. A originalidade do pensamento deve ser
procurada aí: nas peculiares condições histórico-culturais que influenciam na
forma em que cada pensador reflete, condicionado ele próprio pela carga de
fatores subjetivos e subjetivo-objetivos presentes em todo ato humano: valores,
sensibilidade, experiências, vivências etc. Levando em consideração esta
observação, será utilizado, neste trabalho, o método de estudo do pensamento
brasileiro proposto por Miguel Reale (1910-2006) e Antônio Paim. Este método
consiste em identificar o problema ou os problemas aos que pretende responder o
pensador, a fim de compreender a sua peculiar contribuição no terreno das
ideias e poder traçar, posteriormente, um quadro dos elos e derivações da sua
meditação, em relação a outros autores e correntes [cf. Reale, 1951; Paim,
1979]. Serão percorridas, a seguir, duas etapas: I -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>períodos colonial e monárquico (séculos
XVII-XIX), e, II -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>período republicano (séculos
XX e XXI).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">I - O
pensamento brasileiro nos períodos colonial e monárquico <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(séculos XVII, XVIII e XIX).</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As mais importantes obras
que estudaram o momento colonial e o desenvolvimento do pensamento brasileiro,
ao longo do século XIX, são: a <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>História
das idéias filosóficas no Brasil</u></i> de Antônio Paim [1967];<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> Contribuição à história das idéias no
Brasil</u></i>, de João Cruz Costa [1956];<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>
Panorama da filosofia no Brasil</u></i>, de Luís Washington Vita [1969]; <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Filosofia em São Paulo</u></i>, de Miguel
Reale [1976];<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> Antologia do pensamento
social e político no Brasil,</u></i> de Luís Washington Vita [1968]; <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>As idéias filosóficas no Brasil: séculos
XVIII e XIX</u></i>, obra em colaboração organizada por Adolpho Crippa [1978a];
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Achegas à história da filosofia</u></i>,
de Alcides Bezerra [1936]; <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>O humanismo
brasileiro,</u></i> de Vamireh Chacon [1980] e <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>História da filosofia no Brasil,</u></i> de Jorge Jaime [1997].
Entre os estudos realizados por autores estrangeiros, merecem destaque as
seguintes obras: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Filósofos brasileiros,</u></i> do escritor
boliviano Guillermo Francovich [1979]; <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Filosofia
luso-brasileira,</u></i> trabalho em colaboração organizado por Ricardo Vélez
Rodríguez [1983] e <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Pensamento
luso-brasileiro,</u></i> de Eduardo Abranches de Soveral [1996]. No terreno do
estudos bibliográficos, o mais importante é o de Antônio Paim [1982],
intitulado: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Bibliografia filosófica
brasileira: 1808-1930 </u></i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A meditação brasileira,
durante o período colonial, caracteriza-se pela sua inspiração nos temas
tratados pela Segunda Escolástica portuguesa. O ponto central desta consistia
na defesa da ortodoxia católica, a partir das disposições adotadas no Concílio
de Trento (1545-1563) como reação contra a reforma protestante. A máxima
expressão desse esforço foi a <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Ratio
Studiorum</u></i>, sistematizada definitivamente em 1599, e que consistia num
estrito regulamento que pautava as atividades acadêmicas da Companhia de Jesus
em Portugal e na Espanha. Tal regulamento disciplinou o ensino no Colégio das
Artes de Coimbra, na Universidade de Évora e nas demais escolas jesuíticas, que
praticamente monopolizavam os estudos secundários em Portugal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dois aspectos típicos da <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Ratio Studiorum</u></i> eram a
subordinação do ensino superior à teologia e o dogmatismo, que se alicerçava na
procura de uma ortodoxia definida pelos próprios jesuítas e que conduzia a
expurgar os textos dos autores, inclusive os do próprio São Tomás de Aquino
(1225-1274). Como acertadamente destacou Antônio José Saraiva [1955: 229-230],
"Não é necessário colocar em evidência o caráter dogmático desse ensino,
perfeitamente coerente com o sistema no qual se integra. O ensino da filosofia
não visava a desenvolver a capacidade crítica do aluno, mas a incutir, nele,
uma determinada doutrina, a prevenir os possíveis desvios em relação a ela e a
prepará-lo para defendê-la".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O ambiente cultural ensejado
em Portugal pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Ratio Studiorum</u></i>
não favoreceu a abertura às filosofias modernas, formuladas na Europa durante
os séculos XVI e XVII. Consequentemente, a meditação filosófica colonial
correspondeu, no Brasil,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>à corrente
chamada por Luís Washington Vita de "saber de salvação", cujos
principais representantes foram Manuel da Nóbrega, Gomes Carneiro, Nuno Marques
Pereira e Souza Nunes. Desse conjunto destaca-se a obra de Marques Pereira
(1652-1735) intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Compêndio
narrativo do peregrino da América </u></i>[Pereira, 1939], que foi editada,
sucessivamente, em 1728, 1731, 1752, 1760 e 1765. A obra respondia à
problemática típica da espiritualidade monástica, centrada na idéia de que o
homem não foi criado por Deus para esta vida, destacando-se, em consequência, o
caráter negativo da corporeidade e das tarefas terrenas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na segunda metade do século
XVIII, consolidou-se em Portugal a corrente do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo mitigado</i>, que se caracterizava por uma forte crítica à
Segunda Escolástica e ao papel monopolizador que exerciam os jesuítas no
ensino, bem como pela tentativa de formular uma noção de filosofia que se
reduzisse à ciência aplicada. Duas obras serviram de base a essa nova corrente:<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> Instituições lógicas</u></i> do italiano
Antonio Genovesi (1713-1769) [1937] e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Verdadeiro
método de estudar</u></i>, do sacerdote oratoriano português Luís Antônio
Verney (1713-1792) [1950]. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo
mitigado</i> foi formulado e se desenvolveu, no contexto mais amplo das
reformas educacionais do marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo
(1699-1782), que pretendiam incorporar a ciência aplicada ao esforço de
modernização despótica do Estado português. Contudo, ao responder a uma
problemática formulada a partir das necessidades do Estado patrimonial e não a
partir de uma perspectiva que tivesse como centro o homem, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo mitigado</i> não conseguiu dar uma
resposta satisfatória aos problemas da consciência e da liberdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo mitigado</i> inspirou, no entanto, a importantes segmentos da
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">intelligentsia</i> brasileira, a partir
da mudança da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. A geração de
homens públicos que organizou as primeiras instituições de ensino superior era
de formação cientificista-pombalina. Entre eles, cabe destacar a figura de dom
Rodrigo de Souza Coutinho (1755-1812), conde de Linhares, que, em 1810,
organizou a Real Academia Militar do Rio de Janeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O esforço em prol da
superação do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo mitigado</i> coube
a Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846). Inspirado na filosofia de Leibniz
(1646-1716) e, de outro lado, na lógica aristotélica e no empirismo lockeano, o
pensador português, que foi ministro da corte de dom João VI no Brasil,
formulou um amplo sistema que abarcava três partes: a teoria do discurso e da
linguagem, o saber do homem e o sistema do mundo. A sua mais importante
contribuição ao pensamento brasileiro consistiu na tentativa de superação da
filosofia até então vigente; a sua proposta teórica foi sistematizada,
principalmente, nas <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Preleções filosóficas</u></i> [Ferreira, 1970]
e na formulação do liberalismo político e das bases do sistema representativo,
no <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Manual do cidadão num governo
representativo </u></i>[In: Ferreira, 1976]. Graças à sua valiosa colaboração
teórica, o Império brasileiro conseguiu superar os problemas do liberalismo
radical e deitou as bases para a prática parlamentar. No entanto, a sua
meditação não conseguiu formular, de maneira completa, uma explicação
filosófica para o problema da liberdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os temas da consciência e da
liberdade ocuparam o foco do debate filosófico que se efetivou, no Brasil, ao
longo do século XIX. A partir das bases colocadas pela meditação de Silvestre
Pinheiro Ferreira, os pensadores ecléticos procuraram dar uma resposta de
caráter espiritualista à problemática do homem. Sem dúvida que os filósofos
brasileiros deste período se inspiraram no ecletismo espiritualista francês,
formulado por Maine de Biran (1766-1824) e divulgado por Victor Cousin
(1792-1867), que permitiu superar o extremado sensismo de Condillac
(1715-1780). Mas o pensamento dos primeiros reveste-se da originalidade que
tinham as circunstâncias históricas do Brasil no século XIX, relacionadas com o
problema da construção do sentimento de nação e com a organização do Estado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As duas figuras mais
representativas do ecletismo brasileiro são Eduardo Ferreira França (1809-1857)
e Domingos Gonçalves de Magalhães (1811-1882). A obra do primeiro
caracteriza-se por buscar uma fundamentação filosófica, para o exercício da
liberdade política. Apesar de ter formulado uma visão determinista do homem nos
seus primeiros escritos, o seu pensamento evolui até uma concepção
espiritualista, na obra fundamental, intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Investigações de psicologia</u></i> [França, 1973], publicada em
Paris em 1854. Sem abandonar a perspectiva empirista, que tinha adotado desde o
início da sua meditação filosófica, Ferreira França,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>graças à influência de Maine de Biran,
consegue desenvolver o tema da introspeção, que lhe permitirá chegar, com o
rigor da observação empírica, à constatação da existência do espírito. Na sua
meditação,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ferreira França dará especial
ênfase ao tema da vontade, a qual é concebida como o elemento catalizador dos
diversos poderes de que está dotado o homem, cabendo-lhe a função primordial de
constituí-lo como pessoa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Gonçalves de Magalhães expôs
o seu pensamento na obra intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Fatos
do espírito humano</u></i> [Magalhães, 1865], publicada em Paris, em 1859. O
problema ao qual respondeu a filosofia do maior pensador romântico do Brasil
foi o da construção da idéia de nação. Isso fez com que a obra de Magalhães,
como destaca o seu mais importante estudioso, Roque Spencer Maciel de Barros
[1973], se formulasse no contexto de uma proposta pedagógica. Magalhães baseia a
sua visão da liberdade e da moral numa análise filosófica inspirada em Victor
Cousin e parcialmente em Malebranche (1638-1715) e Berkeley (1685-1753);
formula uma explicação do homem em termos puramente espiritualistas, que negam
qualquer valor substancial ao mundo material, inclusive ao próprio corpo, já
que o universo sensível só existe intelectualmente em Deus, como pensamentos
seus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O homem, preso ao corpo, é
livre por ser espírito e adquire a conotação de ente moral justamente em
virtude dessa "resistência do corpo". A moral de Magalhães, como a de
Cousin, é uma moral do dever, que valoriza a intenção do autor e não o
resultado do ato. A inspiração romântica dessa filosofia aparece na importância
conferida por Magalhães ao fator religioso, como motor da nacionalidade, bem
como no papel desempenhado pela poesia, enquanto educadora do povo (ele foi o
mais importante representante do romantismo literário no Brasil). Dessa forma,
Magalhães desempenha, no contexto brasileiro, um papel semelhante ao representado,
em Portugal, pelo primeiro romântico luso, Alexandre Herculano (1810-1877).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outras figuras de menor
importância, na corrente eclética brasileira, foram Salustiano José Pedrosa
(falecido em 1858) e Antônio Pedro de Figueiredo (1814-1859), que traduziu ao
português o <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Curso de história da
filosofia moderna</u></i> de Victor Cousin (1792-1867). O ocaso da corrente
eclética dá-se ao longo do período de 1880 a 1900, em decorrência do fenômeno
cultural denominado por Sílvio Romero (1851-1914) de "surto de idéias
novas", e que se caracterizou pela entrada, nos meios acadêmicos, de
filosofias contrárias ao espiritualismo eclético, como o darwinismo, o determinismo
monista e o positivismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sem dúvida alguma que, entre
as correntes filosóficas em ascensão nas últimas décadas do século XIX, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">positivismo</i> foi a que mais repercussão
teve no seio do pensamento brasileiro. A razão fundamental desse fato radica na
pré-existente tradição cientificista, que se iniciou com as reformas
pombalinas, à luz das quais estruturou-se todo o sistema de ensino superior, em
bases que privilegiavam a ciência aplicada e a instrução estritamente
profissional. Isso explica a tardia aparição da idéia de universidade
(entendida como instância de cultura superior e<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>de pesquisa básica), no contexto cultural brasileiro. Efetivamente, só a
partir da década de 1920 ganharia corpo a idéia de universidade, como reação
contra o positivismo reinante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O positivismo teve, no
Brasil, quatro manifestações diferentes: a ortodoxa, a ilustrada, a política e
a militar. A corrente ortodoxa teve como principais representantes Miguel Lemos
(1854-1917) e Teixeira Mendes (1855-1927), os quais fundaram, em 1881, a Igreja
Positivista Brasileira, com o propósito de fomentar o culto da "religião
da humanidade", proposta por Comte (1798-1857) no seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Catecismo positivista</u></i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A corrente ilustrada teve
como principais representantes Luís Pereira Barreto (1840-1923), Alberto Sales
(1857-1904), Pedro Lessa (1859-1921), Paulo Egydio (1842-1905) e Ivan Lins
Monteiro de Barros (1904-1975). Esta corrente defendia o plano proposto por
Comte na primeira parte da sua obra, até 1845, antes de formular a sua
"religião da humanidade", e que poderia ser sintetizado assim: o
positivismo constitui a última etapa (científica) da evolução do espírito
humano, que já passou pelas etapas teológica e metafísica e que deve ser
educado na ciência positiva, a fim de que surja, a partir desse esforço pedagógico,
a verdadeira ordem social, que foi alterada pelas revoluções burguesas dos
séculos XVII e XVIII.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A corrente política do
positivismo teve como maior expoente Júlio de Castilhos (1860-1903) [cf. Vélez,
1980], que, em 1891, redigiu a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, a
qual entrou em vigor nesse mesmo ano. Segundo essa carta, as funções
legislativas passavam às mãos do poder executivo, sendo os outros dois poderes
públicos (legislativo e judiciário) tributários do executivo hipertrofiado. Para
Castilhos, deveria se inverter o dogma comteano de que à educação moralizadora
seguiria, pacificamente, a ordem social e política. O Estado forte deveria, ao
contrário, impor, coercitivamente, a ordem social e política, para depois
educar compulsoriamente o cidadão na nova mentalidade, alicerçada na ciência
positiva. Esta corrente ganhou maior repercussão do que as outras três, devido
a que obedeceu à tendência cientificista de que já se tinha impregnado o modelo
modernizador do Estado consolidado pelo marquês de Pombal. Assim, as reformas
autoritárias de tipo modernizador que o Brasil iria experimentar, ao longo do
século XX, deram continuidade à mentalidade castilhista do Estado forte e
tecnocrático. Este modelo consolidou-se na obra de um seguidor de Castilhos:
Getúlio Vargas (1883-1954), como será detalhado mais adiante. Aconteceu, com o
castilhismo, algo semelhante ao ocorrido no México com o porfirismo: ambas as
doutrinas cooptaram a filosofia positivista como ideologia estatizante e
reformista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A corrente militar
positivista teve como principal representante Benjamin Constant Botelho de
Magalhães (1836-1891), professor da Academia Militar e um dos chefes do
movimento castrense que derrubou a monarquia, em 1889. Esta corrente
estruturou-se, paralelamente, à ilustrada, projetando, ao longo das últimas
décadas do século XIX, o ideário cientificista pombalino, conforme destacou
Antônio Paim [1980: 259]: "A adesão às doutrinas de Comte por parte dos
líderes da Academia Militar, deu-se no estreito limite em que contribuiu para
desenvolver as premissas do ideário pombalino, quer dizer, a crença na possibilidade
da moral e da política científicas. Para comprová-lo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>basta comparar as funções às que Comte
destinava as forças armadas e o papel que Benjamin Constant atribui ao
Exército".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A filosofia positivista foi
vigorosamente criticada pela corrente denominada de "Escola do
Recife" [cf. Paim, 1966]. O fundador e mais destacado representante dessa
corrente de pensamento foi Tobias Barreto (1839-1889). Outras figuras dignas de
menção são Sílvio Romero (1851-1914), Clóvis Beviláqua (1859-1944), Artur
Orlando (1858-1916), Martins Júnior (1860-1909), Faelante da Câmara
(1862-1904), Fausto Cardoso (1864-1906), Tito Lívio de Castro (1864-1890) e
Graça Aranha (1868-1931).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os pensadores da "Escola
do Recife" protagonizaram uma clara reação contra as duas formas de
pensamento que dominavam o panorama filosófico nacional, nas últimas décadas do
século XIX: o ecletismo espiritualista e o positivismo. Apesar de que, no
início, os seus principais expoentes tivessem tomado elementos do monismo de
Haeckel (1834-1919) e da própria filosofia comteana, muito cedo superaram esses
limitados pontos de vista, para se abrirem às idéias que garantiriam a
tematização da cultura, no contexto do neokantismo. Esse esforço teórico foi
iniciado por Tobias Barreto e coroado por Artur Orlando. Rosa Mendonça de Brito
[1980: 33] sintetizou, assim, a contribuição deste último: "A sua
filosofia é uma meditação sobre as ciências e a crítica ou teoria do
conhecimento. Esta é a parte da filosofia que lhe dá um objeto próprio, capaz
de justificar-lhe a existência, representando, pois, o núcleo central do
pensamento filosófico moderno e contemporâneo. A teoria do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">real </i>e do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ideal</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-- saber o que o nosso conhecimento possui de
objetivo e de subjetivo --<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é o seu
problema fundamental".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A "Escola do
Recife" foi, no contexto do pensamento filosófico brasileiro do século
XIX, a mais clara manifestação da perspectiva transcendental kantiana, ao
entender<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-- com Tobias Barreto e Artur
Orlando --<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a filosofia como
epistemologia. Estes pensadores, sem dúvida, deitaram as bases para o ingresso
e a discussão, no meio brasileiro, das idéias provenientes do neokantismo, nas
primeiras décadas do século XX.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De outro lado, ao buscar uma
fundamentação de tipo transcendental não só para o conhecimento, mas também
para a ação humana, a "Escola do Recife", especialmente, através da
meditação dos dois autores mencionados anteriormente, desaguou na concepção da
cultura como dimensão específica do humano, que se contrapõe ao mundo da
natureza. Segundo o fundador da "Escola do Recife": "(...) a
sociedade, que é o grande aparato da cultura humana, deixa-se figurar através
da imagem de um emaranhado imenso de relações sinérgicas; é um sistema de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">regras</i>, é uma rede de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">normas</i>, que se não limitam ao mundo da
ação, chegando até os domínios do pensamento. Moral, direito, gramática,
lógica, civilidade, cortesia, etiqueta, etc., são outros tantos corpos de
doutrina que têm de comum entre si o caráter <i style="mso-bidi-font-style: normal;">normativo</i> (...). E tudo isso é obra da cultura em luta com a
natureza (...), luta na qual o direito é o fio vermelho e a moral o fio de
ouro, que atravessam todo o tecido das relações sociais. Um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">direito natural</i> possui tanto sentido
quanto uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">moral natural, </i>uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gramática natural</i>, uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ortografia natural</i>, uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">civilidade natural</i>, pois todas essas
normas são efeitos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">invenções culturais</i>"
[Tobias Barreto, 1966: 331-332].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A "Escola do
Recife", ao mesmo tempo que permitiu fazer uma crítica de fundo ao
determinismo positivista, que ancorava na submissão naturista da liberdade e da
consciência, reduzindo-as a efeitos da "física social",<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>deitou, também, as bases para a corrente de
pensamento que, no século XX, revelar-se-ia mais vital no contexto da meditação
filosófica brasileira: o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">culturalismo</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Apesar de que a "Escola
do Recife" foi a mais importante herdeira do kantismo, ao longo do século
XIX, não podemos ignorar o papel pioneiro que representaram os <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Cadernos de Filosofia</u></i> [Feijó,
1967] do padre Diogo Antônio Feijó (1784-1843), que sintetizam o magistério do
regente do Império (1835-1837). Neles, encontramos viva a presença de Kant
(1724-1804), tanto no que se refere à forma em que Feijó entende a razão
humana, quanto no que diz relação ao exercício da liberdade. As seguintes
palavras, que ilustram a idéia que o padre paulista tinha acerca da meditação
filosófica, partem do pressuposto da "revolução copernicana" do
filósofo de Königsberg, de enxergar a problemática do conhecimento, sob uma
perspectiva estritamente humana e transcendental: "Sendo o homem -- afirma
Feijó em seus <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Cadernos</u></i> --<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a única substância conhecida por ele, é claro
que toda ciência para ser verdadeira e não fenomenal, quer dizer, para ter um
valor real em si, deve fundamentar-se no mesmo homem. É nas suas leis onde
residem os princípios originais e primitivos de toda a ciência humana".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A meditação filosófica
brasileira do século XIX não seria alheia à influência do krausismo. Miguel
Reale destaca que o pensamento de Krause (1781-1832), apesar de ter entrado,
indiretamente, no panorama brasileiro, por intermédio do jurista português
Vicente Ferrer Neto Paiva (1798-1886) e dos krausistas Ahrens (1808-1874) e
Tiberghien (1819-1901), teve ampla repercussão na Faculdade de Direito do Largo
de São Francisco, em São Paulo. Os principais representantes dessa tendência
foram: Galvão Bueno (1834-1883) e João Theodoro Xavier (1820-1878), cuja obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Teoria transcendental do direito </u></i>(1876),
segundo Reale, "compendia os princípios fundamentais do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">racionalismo harmônico</i> de Krause, com frequentes
referências à doutrina de Kant".<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>João Theodoro tentou superar o individualismo da concepção kantiana do
direito, numa visão que desse lugar essencial ao papel social do mesmo, sendo,
assim, um dos precursores do chamado "direito social", ou
"direito trabalhista" no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma corrente de filosofia
política bastante cultuada durante o Império foi o denominado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberalismo doutrinário</i>. O pensamento de
autores como François Guizot (1787-1874), Benjamin Constant de Rebecque (1767-1830),
Royer-Collard (1763-1843), etc., exerceu bastante influência na consolidação do
sistema representativo. Os pensadores brasileiros que mais diretamente
receberam essa influência foram Paulino Soares de Souza, visconde de Uruguai
(1807-1866) e o publicista Pimenta Bueno (1803-1878). A visão
liberal-conservadora legada pelos doutrinários sofreria, em terras brasileiras,
uma análise crítica do ponto de vista do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberalismo
democrático</i> de Alexis de Tocqueville (1805-1859). Tavares Bastos
(1839-1875) e José de Alencar (1829-1877) foram os pensadores que melhor
realizaram essa revisão crítica, que serviu de bandeira ao Partido Liberal,
notadamente ao longo das décadas de 1860 e 1870 [cf. Vélez, 1997a e 1997b].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como reação ao pensamento
liberal, o tradicionalismo teve bastante divulgação, ao longo do século XIX.
Podemos citar, como representantes importantes dessa tendência, dom Romualdo
Seixas (1787-1860), que foi arcebispo de Salvador-Bahia e recebeu do Imperador
o título de Marquês de Santa Cruz, e José Soriano de Souza (1833-1895).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Apesar de terem recebido a
influência dos tradicionalistas franceses Joseph de Maistre (1753-1821) e Louis
de Bonald (1754-1840), os brasileiros mostraram-se muito mais tolerantes do que
aqueles e do que os portugueses. Ubiratan Macedo [1981: 19] sintetizou, assim,
o núcleo da filosofia tradicionalista brasileira: "Pode-se afirmar que os
tradicionalistas brasileiros no século XIX tinham consciência clara de um
conjunto de teses filosóficas, religiosas e de caráter social, ao redor das
quais desenvolveram ensaios de certa magnitude. Tais teses consistiam no
menosprezo pelo racionalismo e o liberalismo; na defesa da monarquia legítima;
no empenho em prol da união da Igreja e do Estado e em prol da proscrição do
matrimônio civil; na luta em defesa da liberdade de imprensa e de pensamento,
em nome do direito à verdade. Passando ao nível político (...) e excetuando a
preferência pela monarquia, não se observa maior claridade nas opções. A
monarquia constitucional vigente era francamente tolerada, assim como o
regalismo (...). E quanto a ter uma atenção política estruturada, como
pretendia Soriano de Souza, esta não chegou a ser considerada. O grupo, apesar
de ativo, era francamente minoritário e nunca teve maior proximidade com o
poder".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">II -
O pensamento brasileiro no período republicano (séculos XX-XXI).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As principais obras que têm
estudado o desenvolvimento do pensamento brasileiro, ao longo do século XX,
são: de Antônio Paim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>História das
idéias filosóficas no Brasil</u></i> [1967], <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Problemática do culturalismo</u></i> [1977] e <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>O estudo do pensamento brasileiro</u></i> [1979]; de João Cruz
Costa, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Contribuição à história das
idéias no Brasil</u></i> [1956]; de Fernando Arruda Campos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Tomismo e neo-tomismo no Brasil</u></i>
[1968]; de Luis Washington Vita, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Panorama
da filosofia no Brasil</u></i> [1969b] e <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Filosofia
contemporânea em São Paulo</u></i> [1969a]; de Tarcísio Padilha (organizador), <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Filosofia e realidade brasileira</u></i>
1976]; de Adolpho Crippa (organizador), <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As idéias filosóficas no Brasil: século XX</u></i>
[1978b]; de Stanislavs Ladusans,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> Rumos
da filosofia atual no Brasil</u></i> [1976]; de dom Odilão Moura, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Idéias católicas no Brasil: direções do
pensamento católico no Brasil</u></i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>no
século XX</u></i> [1978]; de Antônio Carlos Villaça,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> O pensamento católico no Brasil</u></i> [1975]; de Aquiles Côrtes
Guimarães, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O tema da consciência na filosofia brasileira</u></i>
[1982]; de Tarcísio Padilha (organizador), <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Anais
da VII Semana Internacional de Filosofia</u></i> [1993]; de Roque Spencer
Maciel de Barros, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estudos brasileiros</u></i> [1997] e de José
Maurício de Carvalho, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Contribuição
contemporânea à história da filosofia brasileira</u></i> [1998]. No terreno dos
estudos bibliográficos devem ser destacados<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>os de Antônio Paim, intitulados: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Bibliografia
filosófica brasileira: período 1931-1980</u></i> [1987] e<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> Bibliografia filosófica brasileira: período contemporâneo,
1981-1985</u></i> [1988]. É importante lembrar, também, a obra de Geraldo
Pinheiro Machado (1918-1985) <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>1000
títulos de autores brasileiros de filosofia</u></i> [1983].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A partir da queda do Império
e da instauração da República, em 1889, a preocupação com a busca de uma
sociedade racional tornou-se meta prioritária da elite intelectual brasileira.
O século XX começa sob a inspiração positivista, que deu ensejo às quatro
correntes mencionadas anteriormente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A vertente castilhista,
consolidada, como já foi frisado, na <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Constituição
política do Estado do Rio Grande do Sul</u></i>, elaborada e promulgada por
Castilhos em 1891, deu lugar à prática da "ditadura científica", no
mencionado Estado. As figuras de maior relevo do castilhismo não foram teóricos
do positivismo, mas espíritos práticos, que legislaram e que modelaram uma
forma autoritária de governo. Consolidado o castilhismo, no Rio Grande do Sul,
a partir de 1930 converteu-se na doutrina predominante do autoritarismo
republicano brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Duas gerações podemos
identificar no castilhismo: a primeira, correspondente ao surgimento e
consolidação dessa tendência no Estado do Rio Grande do Sul, no período
compreendido entre 1891 e 1930 e que teve, além de Castilhos, os seguintes
representantes: Borges de Medeiros (1864-1961), José Gomes Pinheiro Machado
(1851-1915) e Getúlio Vargas (1883-1954). A segunda geração castilhista foi
integrada pela elite sul-riograndense que acompanhou Getúlio Vargas na tomada
do poder em 1930 e a sua influência projetou-se, diretamente, no cenário nacional,
durante o longo período getuliano até 1945, voltando a exercer alguma
influência durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954). Os
representantes mais destacados desta segunda geração foram: Lindolfo Collor
(1891-1942), João Neves da Fontoura (1889-1963), Firmino Paim Filho
(1884-1971), João Batista Luzardo (1892-1982), Joaquim Maurício Cardoso
(1888-1938) e outros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os dois traços doutrinários
centrais do castilhismo [cf. Vélez, 1980] são a idéia da tutela do Estado sobre
os cidadãos e a concentração de poderes no Executivo. Como doutrina
regeneradora, o castilhismo revelou-se mais autoritário do que a própria
ditadura científica comteana. Enquanto o filósofo de Montpellier considerava
que da educação positiva dos vários agentes sociais emergiria a ordem social e
política, os castilhistas, como já foi dito, inverteram a equação: primeiro
deveria se consolidar um Estado mais forte do que a sociedade (mediante os
expedientes do partido único e do terror policial que destruísse qualquer oposição)
a fim de que, numa segunda etapa, o Estado educasse compulsoriamente os
cidadãos. Como se pode observar, este modelo incorporou muitos elementos do
totalitarismo rousseauniano, particularmente a idéia de que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ordem</i> significa aniquilação de qualquer
dissenso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em que pese o fato de os
castilhistas da segunda geração (na qual se destacava a figura de Lindolfo
Collor) terem elaborado uma plataforma modernizadora de governo, que deitou os
alicerces para a industrialização do Brasil, a sua proposta ensejou um modelo
tecnocrático, apto para funcionar unicamente num contexto autoritário. Essa
tendência fez com que o longo regime de Vargas terminasse evoluindo até uma
ditadura unipessoal, com alguns elementos emprestados do corporativismo
fascista: o chamado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estado Novo</i>
(1937-1945).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os positivistas ilustrados
(cujos nomes já foram mencionados no item anterior) foram caracterizados assim
por Antônio Paim [1967]:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>"(...)
sendo partidários de Augusto Comte, no que se refere à possibilidade da
organização racional da sociedade, preferiam os procedimentos da democracia
liberal, ao contrário do totalitarismo castilhista". Especial menção deve
ser feita a Ivan Lins Monteiro de Barros, cuja obra principal <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>História do positivismo no Brasil</u></i>
[1964] se tornou um dos clássicos para o estudo deste tema, justamente por
fazer um balanço objetivo e desapaixonado da contribuição das várias
manifestações do comtismo na cultura brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A vertente militar do
positivismo teve um importante representante neste século: o marechal Cândido
Mariano da Silva Rondon (1865-1956), que foi o principal discípulo do ideólogo
do positivismo no meio militar, Benjamin Constant Botelho de Magalhães.
Inspirado no ideal positivista de incorporação do proletariado à sociedade,
Rondon sempre insistiu na assimilação do índio à cultura ocidental, respeitando
as populações silvícolas nas suas propriedades, nas suas pessoas e nas suas
instituições políticas, sociais e religiosas. Essa atitude permitiu-lhe
realizar importante trabalho de penetração nos longínquos confins da Amazônia e
do Mato Grosso. Convém salientar que houve, no meio militar, um grupo de
oficiais que seguiram o positivismo castilhista, entre os quais cabe mencionar
o general Pedro Aurélio de Góis Monteiro (1889-1956), que teve papel destacado
durante os dois governos de Getúlio Vargas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nas primeiras décadas do
século XX, a crítica ao positivismo foi realizada por Otto de Alencar
(1874-1912) e Amoroso Costa (1885-1928), ambos professores da Escola
Politécnica do Rio de Janeiro e precursores da corrente neopositivista. A
crítica era simples: o comtismo não corresponde a uma autêntica filosofia da
ciência, devido à sua índole dogmática, sendo necessária uma abertura à
evolução do conhecimento científico, nas suas várias manifestações,
especialmente no tocante à física-matemática. A finalidade essencial da
filosofia seria a formulação de uma teoria do conhecimento, que buscasse
fundamentar uma linguagem elaborada com o máximo rigor e que se inspirasse na
matemática. Os esforços de Otto de Alencar e Amoroso Costa conduziram à criação
da Academia Brasileira de Ciências, em 1916, que representou um espaço aberto
ao pensamento científico, livre, por completo, do dogmatismo comteano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na segunda metade do século
XX, dois pensadores representaram a tendência neopositivista: Pontes de Miranda
(1892-1979) e Leônidas Hegenberg (1925-2012). O primeiro caracterizou-se por
ter aplicado os princípios fundamentais dessa corrente à ciência do direito,
mas sem se restringir a ela, colocando-a num contexto mais amplo, em que medita
sobre a criação humana como um todo. O segundo foi considerado por Antônio Paim
como "o principal artífice do processo contemporâneo de superação do
conceito oitocentista de ciência e do triunfo sobre o positivismo comteano, por
parte dos cultores das ciências exatas, interessados na correspondente
problemática filosófica”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A mais fecunda corrente de
pensamento filosófico, ao longo do século XX, foi a culturalista. Tal corrente
identifica-se como herdeira do neokantismo e da tradição surgida a partir da
crítica ao positivismo, desenvolvida pela "Escola do Recife",
especialmente por Tobias Barreto. Os principais representantes do culturalismo
brasileiro são Luís Washington Vita (1921-1968), Miguel Reale, Djacir Menezes
(1907-1996), Antônio Paim, Paulo Mercadante (1923-2013) e Nelson Saldanha (1931-2015).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As teses fundamentais
sustentadas pelos culturalistas poderiam ser sintetizadas da seguinte forma,
segundo Antônio Paim [1977]: a) A filosofia implica multiplicidade de
perspectivas, sendo que, no interior destas, existe a possibilidade de que
surjam pontos de vista diversos. A escolha de uma perspectiva determinada não
obedece a critérios uniformes. b) A ciência é a única forma de conhecimento
capaz de efetivar um discurso com validez universal, mas, para isso, são
estabelecidos objetos limitados,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>evita-se a busca da totalidade e elimina-se o valor. c) As ciências
humanas experimentaram um processo de aproximação às ciências naturais, mas,
por outro lado, observa-se uma subordinação de todas elas a esquemas
filosóficos. d) Contudo, a elucidação acerca das relações entre ciência e
filosofia não chega a constituir objetivo primordial da corrente culturalista,
que centra a atenção, melhor, numa meditação de tipo ontológico. e) O ser do
homem constitui o objeto próprio dos pensadores culturalistas, que prestam
atenção, sobretudo, ao agir ou às criações humanas. f) A criação humana, ou
seja, a cultura, é entendida como "conjunto de bens objetivados pelo
espírito humano na realização de seus fins específicos". g) É necessário
atender, no terreno da cultura, ao âmbito da pura idealidade, que possui um
desenvolvimento autônomo, apesar de ser influenciado pelo conjunto da atividade
cultural. h) A autonomia da variável espiritual, no processo cultural, torna-se
visível através da capacidade humana de refletir filosoficamente acerca dos
problemas. i) Os problemas filosóficos são constituídos por questões controvertidas
no seio da tradição cultural, desde o ponto de vista do sentido do ser e do
agir humanos. j) Apesar de enfatizar a autonomia e a criatividade do espírito,
os culturalistas não deixam de reconhecer que a atividade humana é orientada
pelo interesse e pela necessidade. k) Contudo, interesse e necessidade humanos
são subjetivos, apesar de que, na sua concreção, se refiram a um determinado
contexto histórico e cultural. l)<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
ideais convertem-se em forças propulsoras da cultura humana, quando
amadurecidos pelos valores morais. m) O curso histórico, tomado na sua
totalidade, está longe de ser um processo racional, constituindo, melhor, a
esfera da violência e da força. n) A filosofia política é uma espécie de tensa
mediação entre as esferas da racionalidade e da violência. Esta forma de
reflexão filosófica alimenta-se de determinada concepção de pessoa humana,
situada no seu contexto histórico e aberta à problemática da moralidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Raimundo de Farias Brito
(1862-1917) é o mais importante pensador de tendência espiritualista no Brasil.
Discípulo da "Escola do Recife", combateu o positivismo não a partir
do neokantismo, como Tobias Barreto, mas a partir do espiritualismo, que estava
em ascensão, na Europa, graças à meditação de Henri Bergson (1859-1941). A
influência de Farias Brito se fez sentir no pensamento do seu mais importante
discípulo, Jackson de Figueiredo (1891-1928) que, apesar de não ter formulado
uma rigorosa proposta filosófica como seu mestre, teve o mérito de elaborar uma
doutrina conservadora centrada nas idéias de ordem e de autoridade, que serviu
de base teórica, aos católicos, para assimilar as instituições republicanas e
estabelecer um diálogo fecundo com outras concepções políticas, superando,
destarte, o dogmatismo ultramontano, no qual a Igreja Católica tinha ancorado
desde a proclamação da República, em 1889.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O mais destacado
representante desta última posição foi o padre Leonel Franca (1896-1948), da
Companhia de Jesus, que partiu do ponto de vista de defesa intransigente do
catolicismo para uma classificação apologética dos filósofos. Outros pensadores
de inspiração católica desenvolveram perspectivas mais abertas. Dentre os que
receberam a influência de Jacques Maritain (1882-1973) cabe mencionar a
Alceu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Amoroso Lima (pseudônimo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tristão de Athayde</i>) (1893-1983) e
Leonardo van Acker (1896-1986). Amoroso Lima sistematizou, na sua obra, os
princípios do que ele denominou de "humanismo cristão", contraposto
ao marxismo e ao existencialismo. Alicerçado nessa concepção, formulou críticas
a filósofos contemporâneos e lutou, no Brasil, pela defesa dos direitos
humanos. Van Acker, belga de nascimento, adotou um ponto de vista neo-tomista
para avaliar as filosofias contemporâneas e formulou uma concepção moderna do
que seria o papel dessa corrente de pensamento, no mundo de hoje, no sentido de
que deveria se abrir à análise, sem preconceitos, de todas as tendências.
Continuador desta esclarecida opção é, hoje, monsenhor Urbano Zilles (1937).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outros pensadores de
inspiração católica são: Tarcísio Meireles Padilha (1928) que, inspirado na
meditação de Louis Lavelle (1883-1951), formula uma "filosofia da
esperança"; Geraldo Pinheiro Machado (1918-1985), que se destacou como
historiador das idéias filosóficas no Brasil; Ubiratan Macedo (1937-2007) e
Gilberto de Mello Kujawski (nasc. 1929), os quais elaboraram a sua obra
inspirando-se no pensador espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955); Fernando
Arruda Campos (1930), reconhecido estudioso do neo-tomismo brasileiro e o padre
Stanislavs Ladusans (1912-1993), da Companhia de Jesus, autor da obra, já
citada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Rumos da filosofia atual no
Brasil</u></i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tentando dar uma resposta
concreta ao problema da pobreza e das desigualdades sociais que afetam ao
Brasil, alguns pensadores de formação cristã desenvolveram, ao longo das
últimas décadas, o que poderia ser denominado de projeto imanentista de
libertação, que acolhe elementos conceituais provindos das teologias católica e
protestante, bem como do hegelianismo, dos messianismos políticos rousseauniano
e saint-simoniano, do personalismo de Emmanuel Mounier (1905-1950) e do
marxismo. As principais contribuições neste terreno pertencem ao padre jesuíta
Henrique Cláudio de Lima Vaz (1921-2002), inspirador do movimento chamado Ação
Popular (que posteriormente converter-se-ia na Ação Popular
Marxista-Leninista); a Hugo Assmann (1933-2008), destacado professor universitário;
ao padre Leonardo Boff (1938), autor de numerosa bibliografia nos terrenos
teológico, político, filosófico e ecológico; e ao pedagogo Paulo Freire
(1921-1997).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É importante destacar que,
ao longo dos últimos vinte anos do século XX, apareceram estudos que analisavam
a problemática da pobreza de outros ângulos, como, por exemplo, a partir da
perspectiva liberal. A mais significativa contribuição, nesse sentido, foi a
obra de José Osvaldo de Meira Penna (1917-2017), intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Opção preferencial pela riqueza</u></i>
[Penna, 1991].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No terreno do pensamento
tradicionalista sobressaíram: José Pedro Galvão de Souza (1912-1993), que aprofundou
na análise da teoria da representação (fato que o aproxima, curiosamente, do
liberalismo lockeano); Alexandre Correia (1890-1984), que realizou a tradução
íntegra ao português da <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Suma Teológica</u></i>
de São Tomás de Aquino e Gustavo Corção (1896-1978).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os pensadores de inspiração
marxista têm desenvolvido no Brasil amplo trabalho de análise, abordando,
especialmente, os aspectos socioeconômicos. Destaca-se, nesse terreno, Caio
Prado Júnior (1907-1990), para quem seria infantil a pretensão comteana,
adotada pela maior parte dos marxistas brasileiros, de enquadrar a explicação
científica acerca da evolução social, nos estreitos parâmetros de leis gerais e
eternas. "Tal prefixação de etapas", escreve Prado Júnior [1966: 23],
"através das quais evoluem ou devem evoluir as sociedades humanas, faz
rir". Apesar da advertência crítica deste autor, a tendência que veio a
prevalecer, no chamado "marxismo acadêmico" brasileiro, foi a
comteana ou cientificista. Os principais representantes desta vertente (que
possui como preocupação fundamental a implantação da sociedade racional, em
bases marxistas), foram Leônidas de Rezende (1899-1950), Hermes Lima
(1902-1978), Edgardo de Castro Rebelo (1884-1970), João Cruz Costa (1904-1978),
Alvaro Vieira Pinto (1909-1987) e Roland Corbisier (1914-2005).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vale a pena destacar os
nomes de alguns autores de inspiração marxista, desvinculados da opção comteana:
Luiz Pinto Ferreira (1918-2009) e Gláucio Veiga (1923-2011), os quais fazem uma
avaliação da problemática herdada da "Escola do Recife", notadamente
no terreno do direito. Leandro Konder (1936-2014) desenvolveu uma crítica
sistemática à opção comteana seguida pelo marxismo brasileiro. Se apoiando em
bases que remontam a Hegel (1770-1831) e a Marx (1818-1883), este autor atribui
a "derrota da dialética", sofrida pelo marxismo brasileiro, à versão
positivista já apontada [Konder, 1988]. Leandro Konder situa-se, assim, como o
continuador da atitude crítica anteriormente sustentada por Caio Prado Júnior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No que tange à
fenomenologia, a trajetória do pensamento brasileiro é bastante rica. Ao longo
das décadas de cinquenta e sessenta, a filosofia de Edmund Husserl (1859-1938)
foi divulgada por Evaldo Pauli (1925-2014) e Luís Washington Vita (1921-1968).
Interpretações da obra husserliana projetada sobre a meditação brasileira foram
realizadas por Miguel Reale no seu livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Experiência
e cultura</u></i> [1977], por Antônio Luiz Machado Neto (1930-1977) na sua obra
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Para uma eidética sociológica</u></i>
[1977] e pelo já mencionado pensador católico Leonardo van Acker, no seu livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>A filosofia contemporânea</u></i> [1981].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Especial contribuição, no
terreno dos estudos fenomenológicos, tem sido dada por Creusa Capalbo (1934-2017),
para quem a meditação husserliana, longe de constituir um sistema, é mais um
método que não se pode reduzir a uma teoria intuitiva do conhecimento, mas que
se desenvolve no seio de uma hermenêutica e de uma dialética. Sobressaem, ainda,
no terreno dos estudos fenomenológicos, Aquiles Côrtes Guimarães (1937-2016),
que aplica a perspectiva husserliana à historiografia da filosofia brasileira e
Beneval de Oliveira (1916-1986), que realizou um balanço da evolução desta
corrente na sua obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>A fenomenologia
no Brasil </u></i>[1983]. Alguns estudiosos utilizam a fenomenologia como
método de pesquisa no terreno das epistemologias regionais. Tal é o caso, por
exemplo, de Nilton Campos (1898-1963), Isaias Paim (1909-2004) e João Alberto
Leivas Job (1936-1991).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A filosofia existencialista,
no sentir de Antônio Paim [1967], teve dois momentos no período contemporâneo.
O primeiro corresponde à entrada das idéias de Jean-Paul Sartre (1905-1982) no
panorama cultural brasileiro, imediatamente depois da Segunda Guerra Mundial. O
segundo corresponde à influência deixada pelo pensamento de Martin Heidegger
(1889-1976), a partir da década de sessenta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As idéias de Sartre foram
divulgadas, inicialmente, por Roland Corbisier e Alvaro Vieira Pinto. A
influência do filósofo francês no meio brasileiro consolidou-se com a série de
conferências que Sartre pronunciou no Rio de Janeiro em 1961. A entrada do
existencialismo sartreano produziu uma forte reação dos pensadores católicos,
que passaram a criticar especialmente o ateísmo do pensador francês. O autor
que mais definidamente sofreu a influência de Sartre foi Otávio de Mello
Alvarenga (1926-2010)[cf. Mourão, 1986]. À luz do existencialismo sartreano
foram discutidas questões sociais relativas ao desenvolvimento, ao colonialismo
e outras, no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pelo fato de se ajustar
melhor à tradição espiritualista brasileira, a filosofia hedeggeriana contou
com mais seguidores. Dentre os pensadores que sofreram a influência de
Heidegger podem ser mencionados os nomes de Vicente Ferreira da Silva
(1916-1963), Emmanuel Carneiro Leão (1927), Gerd Bornheim (1929-2002), Ernildo
Stein (1934), Wilson Chagas (1921), Eduardo Portella (1932-2017) e Benedito
Nunes (1929-2011).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No seio dos existencialistas
brasileiros mencionados, deve ser destacada a figura de Vicente Ferreira da
Silva (1916-1963), cujas <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Obras
completas</u></i> [1964] abrem um caminho profundamente rico e original, que
une a problemática existencialista à melhor tradição do espiritualismo de
origem portuguesa. Referindo-se à peculiaríssima contribuição de Ferreira da
Silva, Miguel Reale [in: Silva, 1964: I, 13] afirmou: "A sua preocupação
pelas origens e pelo valor do infra estrutural, já na raiz da personalidade
(...), já no evoluir das idéias, como revela a sua nota sobre Heráclito ou o
estudo sobre a origem religiosa da cultura,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>tem, efetivamente, o alcance de uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">historicidade
transcendente</i>, de um regresso às origens, para dar início a um ciclo
diverso da história, diferente deste em que o homem estaria divorciado da
natureza e das fontes do divino; para um retorno, em suma, ao ponto original
onde emergem todas as possibilidades naturais espontâneas, liberadas das
crostas opacas do experimentalismo tecnológico, bem como das objetivações
extrínsecas platônico-cristãs".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Adolpho Crippa (1929-2000)
desenvolveu a vertente espiritualista trabalhada por Ferreira da Silva,
aprofundando no tema do mito como gerador da cultura. Uma perspectiva de
análise semelhante foi desenvolvida pelo filósofo português Eudoro de Sousa
(1911-1989), que criou na Universidade de Brasília o Centro de Estudos
Clássicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vale a pena mencionar os
nomes de alguns autores não filiados a correntes determinadas e que se têm caracterizado
pela sua ativa participação no debate filosófico, se aproximando, em alguns
aspectos, da corrente culturalista. Tal é o caso, por exemplo, de Vamireh
Chacon (1934), Renato Cirell Czerna (1922-2005), Silvio de Macedo (1920-1998),
Roque Spencer Maciel de Barros (1927-1999) Evaristo de Moraes Filho (1914-2016),
Francisco de Alcântara Nogueira (1918-1989), Jessy Santos (1909) e Tércio
Sampaio Ferraz (1941). O mais importante representante do espiritualismo, na
segunda metade do século XX, foi João de Scantimburgo (1915-2013), que se
inspirou no pensamento de Maurice Blondel (1861-1949).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O pensamento brasileiro foi
canalizado, no século XX, por um número crescente de pensadores, em direção a
um estudo sistemático dos principais autores e correntes, a partir de
determinadas instituições não universitárias. As mais destacadas entidades foram:
o Centro dom Vital (criado em 1922, no Rio de Janeiro, por Jackson de
Figueiredo); o Instituto Brasileiro de Filosofia (criado em 1949, em São
Paulo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>por Miguel Reale); a Sociedade
Brasileira de Cultura Convívio (criada em 1962, em São Paulo, por Adolpho
Crippa); o Conjunto de Pesquisa Filosófica (organizado em 1967, em São Paulo,
pelo padre Stanislavs Ladusans); a Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos
(com sede no Rio de Janeiro e presidida, desde 1973, por Tarcísio Padilha); o
Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro (organizado em Salvador-Bahia
em 1983 por Antônio Paim e que possui, hoje, o mais importante acervo na área
do pensamento brasileiro); a sociedade Tocqueville (criada no Rio de Janeiro,
em 1986, por José Osvaldo de Meira Penna e um grupo de intelectuais liberais);
o Centro de Estudos Luso-Brasileiros (criado em 1986, no Rio de Janeiro, por
Anna Maria Moog Rodrigues, Ítalo Joia e Gisela Bandeira Pereira); o Instituto
de Humanidades (com sede em Londrina, Paraná,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>e criado, em 1987, por Leonardo Prota, Antônio Paim e Ricardo Vélez
Rodríguez); a Academia Brasileira de Filosofia (criada em 1989, no Rio de
Janeiro, por iniciativa de Jorge Jaime, e que foi presidida, na última década,
por João Ricardo Moderno); o Centro de Estudos Filosóficos de Londrina (criado
em 1988 por Leonardo Prota); o Centro de Estudos Filosóficos de Juiz de Fora
(criado em 1991 pelos ex-alunos do Curso de Mestrado em Pensamento Brasileiro
da Universidade Federal local), etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Surgiram, nas últimas
décadas do século XX, em várias universidades, programas de pós-graduação
orientados ao estudo da história das idéias filosóficas no Brasil. As
principais iniciativas foram tomadas pela Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, pela Universidade Gama Filho (do Rio de Janeiro), pela
Universidade Estadual de Londrina e pela Universidade Federal de Juiz de Fora
(em Minas Gerais). De outro lado,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em
aproximadamente 25 universidades, passou a ser ensinada, regularmente, a
disciplina "filosofia brasileira". Esse crescente interesse pelo
estudo do pensamento brasileiro levou o Centro de Estudos Filosóficos de
Londrina, sob a direção de Leonardo Prota (1930-2016), a realizar, a cada dois
anos (a partir de 1989 e até 2001), os Encontros Nacionais de Professores e
Pesquisadores da Filosofia Brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No terreno documental,
sobressaiu a iniciativa do Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro de
Salvador-Bahia, que sob a orientação de Antônio Paim publicou, desde 1983,
bibliografias e estudos críticos acerca de pensadores e publicações periódicas.
No plano internacional, é digno de menção o <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Anuario
del Pensamiento Ibero e Iberoamericano</u></i>, que a Universidade da Geórgia,
nos Estados Unidos, publicou, desde 1989, sob a direção de José Luis
Gómez-Martínez, com uma seção dedicada ao estudo do pensamento brasileiro. Esta
publicação constituiu o mais completo instrumento bibliográfico no seu gênero,
a nível mundial, somente comparável ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Handbook
of Latin-American Studies</u></i>, publicado, sob a coordenação de Juan Carlos
Torchia Estrada (1927-2016), pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por último, cabe mencionar o
importante trabalho de difusão do pensamento brasileiro que Luiz Antônio
Barreto (1944-2012) realizou em Aracajú (Sergipe), a partir da Fundação Augusto
Franco. As suas duas mais recentes contribuições foram a edição das <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Obras Completas</u></i> de Tobias Barreto
[1991] e a promoção anual, a partir de 1989, com a colaboração de José Maurício
de Carvalho (1957), dos Colóquios Luso-Brasileiros de Filosofia, realizados,
alternadamente, em Portugal e no Brasil, com a colaboração do Instituto de
Filosofia Luso-Brasileira, com sede em Lisboa, (sob a presidência de José
Esteves Pereira). O fruto mais importante da cooperação luso-brasileira foi a <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>Enciclopédia Lógos</u></i>, que, entre
1989 e 1992, foi publicada, em Lisboa, pela Editorial Verbo, sob a direção de
Francisco da Gama Caeiro (1928-1993), Antônio Paim e outros, com o patrocínio
da Universidade Católica Portuguesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conclusão.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na primeira parte deste
trabalho foi feita uma síntese acerca das principais figuras e correntes do
pensamento filosófico brasileiro, no período que vai do século XVII até finais
do século XIX. Caracterizamos essas figuras e correntes ao redor dos problemas
aos que tratou de responder a meditação filosófica nesse período.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Repassemos, rapidamente, os
principais problemas que aborda o pensamento brasileiro no transcurso desses
séculos. A partir da problemática do homem, entendido como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">peregrino nesta terra</i> pelo "saber de salvação" (século
XVII e primeira metade do século XVIII), a meditação filosófica da segunda
metade do século XVIII estrutura-se ao redor de uma questão mais concreta e
mais terrena: como modernizar o Estado, mediante a incorporação da ciência
moderna, a fim de que, com a sua intervenção tutelar, se garantisse a riqueza
da nação; tal foi o objetivo perseguido ao longo do ciclo pombalino. Essa
mentalidade de despotismo esclarecido influiria diretamente na formação da
elite intelectual que efetivou a independência do Brasil (1822). Consequentemente,
o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo mitigado</i>, que foi a
filosofia que exprimiu o ponto de vista reformista de Pombal, reduziu a
filosofia à ciência aplicada, deitando as bases da tendência cientificista, que
tão fortemente influiria na cultura brasileira, ao longo dos séculos XIX e XX.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A corrente eclética, que se
estrutura e se desenvolve ao longo do século XIX, responde, basicamente, aos
dois problemas deixados em branco pelo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo
mitigado</i>: a consciência e a liberdade. A resposta a essas duas questões
será de capital importância, em primeiro lugar, para consolidar a idéia de
nação<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- tarefa que empreende Gonçalves
de Magalhães com o seu romantismo de corte pedagógico - e, em segundo lugar,
para dar fundamento firme à prática da representação política, profundamente
enraizada numa concepção espiritualista da liberdade humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O clima cientificista que
acompanha o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">surto de idéias novas</i>
encontraria a sua culminância na filosofia positivista que, de outro lado,
serviu como fundamento doutrinário<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- na
versão política cultivada no Rio Grande do Sul -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para a experiência republicana autoritária.
Ao determinismo típico do positivismo contrapôs-se a "Escola do
Recife", que assumiu novamente a discussão dos temas prediletos da
filosofia eclética, a consciência e a liberdade, tratando-os já não no contexto
carregado de psicologismo em que foi formulado o ecletismo de Cousin, mas na
perspectiva mais moderna e mais filosófica do transcendentalismo kantiano. A
"Escola do Recife" constituiu-se, assim, em porta de entrada do neokantismo
na meditação filosófica brasileira, e haveria de ser a precursora da corrente
culturalista, que encontrou formulação completa ao longo do século XX.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As outras correntes analisadas
- krausismo e tradicionalismo - ocupariam espaços menos destacados no
pensamento brasileiro, mas revestir-se-iam, também, da originalidade legada
pelas peculiares condições da história e da cultura do Brasil. Essas
circunstâncias fizeram dos krausistas mais pensadores do direito (e não
pedagogos, como na Espanha, ou filósofos sociais<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como na América espanhola). Por outro lado,
tal conjuntura histórico-cultural ensejou, no seio dos tradicionalistas, um
tinte de tolerância que os fez, definitivamente, diferentes dos seus
semelhantes franceses, espanhóis, portugueses e hispano-americanos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na segunda parte desta
introdução fiz uma síntese acerca das principais figuras e correntes do
pensamento brasileiro no século XX. A nossa meditação consolidou-se, nesse
período, como um segmento bem caracterizado e representativo no contexto do
pensamento ibero-americano. Prova da maturidade atingida é o diálogo que se tem
estabelecido com pensadores de outras nacionalidades, não só em congressos e
eventos internacionais, mas, também, a nível da pesquisa e dos cursos de
pós-graduação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Duas tendências firmaram-se
no pensamento brasileiro do século XX: a definitiva superação do cientificismo
oitocentista, graças, especialmente, à obra dos pensadores de inspiração
culturalista, que, como foi assinalado, têm realizado as mais significativas
aplicações da meditação filosófica nos terrenos do direito, da política, da
historiografia das idéias e da educação. Em segundo lugar, cabe mencionar a
tendência espiritualista que prolongou, sem lugar a dúvidas, o legado da
meditação portuguesa em terras brasileiras. Nesse terreno sobressaem as figuras
de Farias Brito e de Vicente Ferreira da Silva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No que tange à questão
metodológica, a mais importante contribuição do pensamento brasileiro, no
século XX, foi a formulação do método culturalista de abordagem dos autores:
antes de identificá-los como pertencentes a esta ou àquela corrente, seria
necessário ver qual era a problemática que os preocupava, a fim de reconstruir
o caminho seguido pelo seu pensamento. Esse método permitiu à meditação
brasileira se compreender a si mesma, superando o vício apologético ou de
"filosofia em mangas de camisa", identificado e criticado, em fins do
século XIX, pelo grande Tobias Barreto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em que pese o
fato de os Cursos de pós-graduação em Pensamento Brasileiro e Luso-Brasileiro
terem sido extintos pela Capes ao longo dos últimos trinta anos, a vitalidade
dos estudos dessa variante filosófica continua presente em segmentos
universitários do nosso país, bem como em Portugal, aí sim na área da
pós-graduação e com pleno apoio das autoridades. Lembro-me de que, em 1986, eu
e o saudoso amigo Ítalo da Costa Jóia (então docentes do Doutorado em
Pensamento Luso-Brasileiro da Universidade Gama Filho), fomos convidados pela
Fundação António de Almeida e pelo saudoso professor e amigo Eduardo Soveral,
da Universidade do Porto, para participar de colóquio que visava discutir a
importância do estudo da filosofia portuguesa, no momento em que os países ibéricos
abriam-se ao Mercado Comum Europeu. Os nossos amigos portugueses estavam
preocupados com uma realidade que poderia mudar o perfil cultural do seu país:
a entrada na Comunidade Européia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A pergunta que
portugueses e espanhóis se faziam então era a seguinte: qual a melhor forma de
conservar a identidade, num universo variado do ângulo político, econômico e
cultural, como era o cenário europeu de então? De lá para cá ocorreu um duplo
movimento, em Portugal e no Brasil: a criação, no país irmão, dos Cursos de
Mestrado e Doutorado em Pensamento Português (hoje plenamente consolidados nas
Universidades do Porto, na Católica Portuguesa – seções do Porto e Lisboa, na
Universidade Nova de Lisboa, na Universidade de Lisboa, bem como na centenária
Universidade de Coimbra). O movimento, no Brasil, foi inverso: a já mencionada
extinção, pela Capes, dos Cursos de Mestrado e Doutorado em Pensamento
Brasileiro e Luso-Brasileiro existentes nas seguintes Universidades:
Católica do Rio de Janeiro, Gama Filho e Federal de Juiz de Fora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Menciono apenas
(o meu interesse aqui é resenhar a realidade existente em Portugal e no Brasil)
o acontecido na Espanha nestes últimos trinta anos: o desenvolvimento de Cursos
de pós-graduação em pensamento espanhol e hispano-americano nas mais
importantes Universidades, bem como nas Fundações Culturais (como a que
preserva a memória de Xavier Zubiri, em Madri e a Fundação Ortega y Gasset, na
mesma cidade). É de se destacar, pela sua dinâmica cultural, a Asociación de
Hispanismo Filosófico, que reúne a nova geração de pesquisadores do pensamento
espanhol e ibero-americano e que conta com importante publicação periódica de
alto valor acadêmico. O link da Asociación mencionada é o seguinte: </span><a href="http://www.ahf-filosofia.es/index.htm"><span style="color: blue; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.ahf-filosofia.es/index.htm</span></a><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A pesquisa do
pensamento brasileiro recebeu incomum impulso com a criação, em 1982, pelo
professor Antônio Paim (o nosso mais importante historiador das idéias
filosóficas), do Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, que foi
organizado em Salvador, na Bahia, a partir da biblioteca pessoal do autor. Hoje
o Centro reúne mais de 13 mil volumes, com as obras dos principais autores
nacionais nas áreas da filosofia, a antropologia e a sociologia, constituindo o
mais importante acervo de cultura brasileira existente no nosso país, na área
de história do pensamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No terreno dos
eventos acadêmicos realizados em Portugal e no Brasil, cinco são as iniciativas
mais importantes: em primeiro lugar, os Congressos Nacionais de Filosofia
realizados, desde os anos 50 do século passado até o final da década de 1990,
por iniciativa do Instituto Brasileiro de Filosofia, criado pelo saudoso
professor Miguel Reale, em 1949; em segundo lugar, o Congresso de Filosofia
Luso-Brasileira efetivado pela Universidade Católica Portuguesa – sede de
Braga, em 1981, bem como o Congresso sobre a Escola de Braga, realizado em
2009; em terceiro lugar, os colóquios Tobias Barreto (em Portugal) e Antero de
Quental (no Brasil), levados a cabo ininterruptamente desde 1992, por
iniciativa do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, sob a coordenação de
Antônio Braz Teixeira, José Esteves Pereira e José Maurício de Carvalho, com a
finalidade de estudar as relações entre as filosofias portuguesa e brasileira,
além da obra de autores específicos, representativos da meditação filosófica em
ambos os países, com o apoio das Universidades Nova de Lisboa e Federal de São
João Del-Rei (em Setembro deste ano será realizado, nesta cidade mineira, o IX
Colóquio Antero de Quental); em quarto lugar, os Encontros Nacionais de
Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira, realizados, entre 1989 e
2001, pelo Centro de Estudos Filosóficos de Londrina e pela Universidade
Estadual da mesma cidade, sob a coordenação de Leonardo Prota, com a finalidade
de estudar os traços marcantes das Filosofias Nacionais, colocando-os em
relação com a Filosofia Brasileira; em quinto lugar, os Congressos de Filosofia
Portuguesa promovidos pela Universidade Católica Portuguesa – sede do Porto –
sob a iniciativa do Reitor dessa instituição, monsenhor Arnaldo de Pinho. Dois
eventos destacam-se desse conjunto de iniciativas culturais: o I Congresso
Luso-Galaico-Brasileiro, reunido em 2007, e o Colóquio Internacional sobre o
pensamento e a obra de Teófilo Braga, realizado entre 19 e 21 de Maio de 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Participei deste
último evento, que teve como sede o belo campus da Foz da Universidade Católica
do Porto. A abertura dos trabalhos esteve a cargo dos professores doutores
Joaquim de Azevedo (presidente do Centro Regional do Porto da Universidade
Católica Portuguesa) e Arnaldo de Pinho (Presidente da Comissão Científica do
Colóquio e Reitor da Universidade). As várias conferências e comunicações
tiveram como finalidade analisar os aspectos mais relevantes em que se
desdobrou a obra e o pensamento do maior positivista português, o açoriano
Teófilo Braga. Mencioná-los-ei a seguir: 1 - “Certezas e incertezas de uma
geração” (António Machado Pires, Universidade dos Açores); 2 - “A filosofia da
religião no pensamento de Teófilo Braga: um sincretismo histórico-simbólico”
(Afonso Rocha, Universidade Católica Portuguesa – Porto); 3 - “Os mitos
cristãos, ou os limites do positivismo em Teófilo Braga” (José Ignácio Aguiar
de Castro, Universidade Católica Portuguesa – Porto); 4 - “Filosofia Positiva”
(Celeste Natário, Universidade do Porto); 5 - “O conceito de Direito em Teófilo
Braga” (Ana Paula Loureiro de Sousa, Universidade de Lisboa); 6 - “A filosofia
do direito de Teófilo Braga” (Maria Clara Calheiros, Universidade do Minho); 7
- “História da literatura em Teófilo Braga” (António Cândido Franco,
Universidade de Évora); 8 - “História da literatura em Teófilo Braga: séculos
XVI-XVII” (Zulmira Santos, Universidade do Porto); 9 - “Entre o
ultrarromantismo e os poetas da Escola Nova” (Fernando Guimarães, Porto); 10 -
“Teófilo Braga, a geração de 70 e o teatro (Luiz Francisco Rebello,
Universidade de Coimbra); 11 - “A ética em Teófilo Braga” (Jorge Cunha,
Universidade Católica Portuguesa, Porto); 12 - “A estética em Teófilo Braga”
(Leonel Ribeiro dos Santos, Universidade de Lisboa); 13 - “Teófilo Braga e a
revista <i>O Positivismo</i>” (Daniel Pires, Universidade de Lisboa); 14 -
“Teófilo Braga, Antero e Faria Maia” (Manuel Cândido Pimentel, Universidade
Católica Portuguesa – Lisboa); 15 - “O legado cultural de Teófilo Braga”
(Miguel Real, Lisboa); 16 - “Teófilo Político - 1910-1917” (Ernesto Castro
Leal, Universidade de Lisboa); 17 - “Teófilo Braga: soluções políticas para a
República” (Pedro Baptista, Universidade do Porto); 18 - “Teófilo Braga e a
Constituinte de 1911” (Luis Bigotte Chorão, Universidade de Coimbra); 19 - “O
pensamento filosófico de Teófilo Braga” (António Braz Teixeira, Universidade
Lusófona – Lisboa); 20 - “Teófilo Braga e o Positivismo” (Amadeu Carvalho
Homem, Universidade de Coimbra); 21 - “Teófilo Braga e a difusão do Positivismo
em Portugal” (Manuel Gama, Universidade do Minho); 22 - “Teófilo Braga e a
religião civil republicana” (Mendo Castro Henriques, Universidade Católica
Portuguesa – Lisboa); 23 - “Teófilo Braga: legitimação e apoio ao processo
emergente do Galeguismo no século XIX” (Elias Torres Feijó, Universidade de
Santiago de Compostela); 24 - “O pensamento de Teófilo Braga no contexto do
positivismo luso-brasileiro” (Ricardo Vélez Rodríguez, Universidade Federal de
Juiz de Fora); 25 - “Incidências positivas em Leonardo Coimbra e Teófilo Braga”
(António Martins da Costa, Universidade Católica Portuguesa – Porto); 26 - “O
ensino e a educação em Teófilo Braga” (Manuel Ferreira Patrício, Universidade
de Évora); 27 - “Teófilo Braga e o Curso Superior de Letras” (Pedro Calafate,
Universidade de Lisboa); 28 - “Soluções positivas para a educação portuguesa”
(Artur Manso, Universidade do Minho); 29 - “O pensamento econômico em Teófilo
Braga” (António Almodóvar, Universidade do Porto); 30 - “Disciplinar as paixões
e moldar o carácter – A pedagogia de Teófilo Braga” (Maria da Conceição
Azevedo, Universidade de Trás os Montes e Alto Douro); 31 - “Educação, religião
e progresso em Teófilo Braga” (José António Afonso, Universidade do Minho); 32
- “O papel de Teófilo Braga nos estudos sobre o Romanceiro” (Pedro Ferre,
Universidade do Algarve); 33 - “História da literatura em Teófilo Braga:
Barroco e século XVIII” (Luísa Malato, Universidade do Porto); 34 - “História
da literatura em Teófilo Braga – Romantismo, gestão de informação e estratégias
de luta ideológica” (Pedro Vilas Boas Tavares, Universidade do Porto); 35 -
“História da literatura em Teófilo Braga – Segunda metade do século XIX” (Maria
José Reynaud, Universidade do Porto); 36 - “Teófilo Braga na intimidade – Minha
freira, cartas familiares” (Maria de Lourdes Sirgado Ganho, Universidade
Católica Portuguesa – Lisboa); 37 - “Editar a tradição sem trabalho de campo”
(Teresa Araújo, Universidade Nova de Lisboa); 38 - “Teófilo Braga e Leite de
Vasconcelos” (Luís Raposo, Museu Nacional de Arqueologia); 39 - “História
universal e filosofia da história em Teófilo Braga” (António José de Brito,
Universidade do Porto); 40 - “História do direito” (Eduardo Vera Cruz Pinto,
Universidade de Lisboa); 41 - “História da Universidade de Coimbra” (Manuel
Augusto Rodrigues, Universidade de Coimbra); 42 - “A revelação positiva face às
interpelações da etnografia” (Mons. Arnaldo de Pinho, Universidade Católica
Portuguesa – Porto); 43 - “Teófilo Braga e o orientalismo português” (Rui Lopo,
Universidade de Lisboa); 44 - “A teorização literária de Teófilo Braga –
Fundamentos e implicações” (José Carlos Seabra Pereira, Universidade de
Coimbra); 45 - “A reflexão e a teorização sociológica” (José Esteves Pereira,
Universidade Nova de Lisboa); 46 - “A simbólica jurídica em Teófilo Braga”
(Paulo Ferreira da Cunha, Universidade do Porto); 47 - “Manchas de negativismo
no positivismo português – A propósito de Teófilo Braga e Camilo Castelo
Branco” (Isabel Ponce Leão, Universidade Fernando Pessoa; Carlos Mota Cardoso,
Universidade do Porto); 48 - “Teófilo Braga e Cunha Seixas” (Pinharanda Gomes,
Lisboa); 49 - “Teófilo Braga e Bruno” (Joaquim Domingues, Braga); 50 - “Teófilo
Braga e a filosofia portuguesa” (Renato Epifánio, Lisboa); 51 - “A teoria da
história de Fidelino de Figueiredo e a reação anti-teofiliana” (José Cândido de
Oliveira Martins, Universidade Católica Portuguesa – Braga); 52 - “Teófilo
Braga e a crítica literária em Portugal no século XIX” (Álvaro Manuel Machado,
Universidade de Lisboa); 53 - “Uma fé firme e profunda – Teófilo Braga e a
História da literatura portuguesa medieval” (Filipe Moreira, Universidade do
Porto); 54 - “Em torno da recepção da <i>Visão dos Tempos</i>” (Maria
Luísa do Couto Linhares de Deus, Universidade dos Açores); 55 - “O último
romântico” (Rodrigo Sobral Cunha, Instituto de Artes Visuais, Design e
Marketing – Lisboa); 56 - “Teófilo Braga, os Monárquicos e o Integralismo
Lusitano” (Norberto Cunha, Universidade do Minho); 57 - “Teófilo Braga,
republicanismo e democracia” (Luís de Araújo, Universidade do Porto); 58 -
“Teófilo Braga e a ética republicana” (Luís Crespo de Andrade, Universidade
Nova de Lisboa); 59 - “Soluções positivas da Política portuguesa” (Carlos
Leone, Universidade de Lisboa); 60 - “Palavra final da Comissão Científica
sobre o Colóquio” (Mons. Arnaldo de Pinho, reitor da Universidade Católica
Portuguesa – Porto). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Da simples
enumeração dos itens desenvolvidos nas várias sessões do Colóquio sobre Teófilo
Braga, pode-se tirar a conclusão de que é grande a vitalidade da pesquisa
acerca do pensamento nacional, no Centro de Estudos do Pensamento Português da
Universidade Católica do Porto, sob a orientação de Mons. Arnaldo de Pinho.
Esta vitalidade é visível, também, nas demais Universidades portuguesas
envolvidas no estudo da filosofia autóctone e é confirmada com outro dado
importante: a variedade e o número das publicações que surgem, a cada ano,
sobre pensadores portugueses, e ainda acerca dos filósofos brasileiros.
Menciono três grandes empreendimentos editoriais que testemunham a vitalidade
do estudo do pensamento luso-brasileiro em terras portuguesas: a <b><i>Enciclopédia
Luso-brasileira de filosofia Logos</i></b>, em 5 volumes (publicada em Lisboa
pela Editorial Verbo, com o patrocínio da Universidade Católica Portuguesa,
entre 1989 e 1992, sob a coordenação de Roque Cabral, Francisco da Gama Caeiro,
Manuel da Costa Freitas, Alexandre Fradique Morujão, José do Patrocínio Bacelar
e Oliveira e Antônio Paim). Em segundo lugar, destaca-se a <b><i>História
do Pensamento Filosófico Português</i></b>, em 5 volumes (publicada em Lisboa
pela Editorial Caminho, entre 1999 e 2000, sob a direção de Pedro Calafate). Em
terceiro lugar, deve ser mencionada a magna obra de difusão das filosofias
portuguesa e brasileira efetivada por António Braz Teixeira na Imprensa da Casa
da Moeda, ao longo das duas últimas décadas. É grande o panorama das
publicações dedicado às culturas lusófonas nas obras publicadas pela Editorial
da Casa da Moeda. Essas publicações distribuem-se por uma vasta
série de coleções, como a «Biblioteca de Autores Clássicos», a «Biblioteca de
Autores Portugueses», a dos «Escritores dos Países de Língua Portuguesa», a
dedicada ao «Pensamento Português», a de «Estudos e Temas Portugueses», as de
«Estudos Gerais», entre as quais se conta a «Série Universitária» dedicada aos
«Clássicos de Filosofia», a de «Arte e Artistas» e a «Essencial».<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para terminar,
não podia deixar de mencionar as iniciativas que são empreendidas pela nova
geração de estudiosos do pensamento, tanto no Brasil quanto em Portugal.
Mencionaria, em primeiro lugar, a Revista <i>Nova Águia</i>, publicada em
Sintra pelo selo editorial Nova Águia e Zéfiro, sob a direção de Renato
Epifánio, Celeste Natário e Miguel Real; esta publicação conta com uma ampla
rede de distribuição no mundo lusófono, como também na América Latina e chega
já ao seu sexto número semestral. Em segundo lugar, menciono a série de
publicações eletrônicas sobre pensamento luso-brasileiro e latino-americano
acolhidas no Portal Sophia (</span><a href="http://www.portalsophia.org/"><span style="color: blue; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">www.portalsophia.org</span></a><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">), de iniciativa
de dois jovens estudiosos brasileiros, Alexandro Souza e Marco Antônio Barroso.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dentre as
publicações abrigadas nesse portal, vale a pena destacar duas, relacionadas com
o estudo dos temas da filosofia portuguesa e brasileira: as revistas <i>Ibérica</i> (</span><a href="http://www.estudosibericos.org/"><span style="color: blue; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">www.estudosibericos.org</span></a><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">) e <i>Cogitationes</i> (</span><a href="http://www.cogitationes.org/"><span style="color: blue; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">www.cogitationes.org</span></a><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">). Em terceiro lugar, mencionaria o <i>Portal Defesa</i> (</span><a href="http://www.ecsbdefesa.com.br/"><span style="color: blue; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">www.ecsbdefesa.com.br</span></a><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">), criado em 2003 pelo pesquisador Expedito Bastos, da
Universidade Federal de Juiz de Fora; este Portal é o órgão de divulgação das
pesquisas efetivadas pelo Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de
Sousa”, sob a minha coordenação (até novembro de 2018); várias das pesquisas
desenvolvidas pelo Centro abrangem os aspectos políticos e estratégicos do
pensamento brasileiro e português. Em quarto lugar, gostaria de mencionar a
iniciativa editorial que, no Centro de História da Universidade de Lisboa,
desenvolve o jovem estudioso Ernesto Castro Leal. Duas publicações recolhem os
trabalhos organizados por este estudioso, no terreno da história das idéias
políticas: <i>Republicanismo, socialismo, democracia,<b> </b></i>com
ensaios de António Reis, António Ventura, Ernesto Castro Leal, José Esteves
Pereira, Leonel Ribeiro dos Santos, Norberto Ferreira da Cunha, Pedro Calafate,
Ricardo Vélez Rodríguez e Sérgio Campos Matos, (a obra foi publicada em Lisboa,
em 2010, pelo Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa). A segunda publicação intitula-se <i>República e Liberdade</i> (Lisboa:
Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2011) e
nela aparecem ensaios de António Ventura, Carlos Cordeiro, Ernesto Castro Leal,
José Eduardo Franco, José Esteves Pereira, José Maurício de Carvalho, Leonel
Ribeiro dos Santos, Norberto Ferreira da Cunha, Pedro Calafate e Ricardo Vélez
Rodríguez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma palavra para terminar. A
filosofia francesa tem sido, junto com a alemã e a inglesa, uma das fontes
básicas da meditação brasileira. Poderíamos identificar os seguintes seis
momentos em que a filosofia francesa exerceu grande influência no pensamento
brasileiro: a) em primeiro lugar, no momento pombalino, quando o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo mitigado</i> inspirou-se nas
idéias de<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> aritmética política</i> e de<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> fisiologia social </i>cultivadas pela
Ilustração, no século XVIII, com pensadores como Condorcet e Laplace (no caso
da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aritmética política</i>) e Cabanis,
Bichat, Pinel, Vicq d'Azur e Sait-Simon (no caso da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fisiologia social</i>). b) Em segundo lugar, no momento da formulação
do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ecletismo espiritualista</i>, cujos
inspiradores foram Maine de Biran e Victor Cousin. c) Em terceiro lugar, no
esforço em prol de instaurar as instituições do governo representativo, momento
em que os estadistas e publicistas inspiraram-se no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberalismo doutrinário</i> de Guizot, Constant de Rebecque,
Royer-Collard, etc., e no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberalismo
democrático</i> de Tocqueville. d) Em quarto lugar, no momento de elaboração do
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">tradicionalismo</i>, que deita raízes na
meditação de Joseph de Maistre e Louis de Bonald. e) Em quinto lugar, no ciclo
de ascensão do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">positivismo</i>, centrado
ao redor da idéia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">física social</i>
desenvolvida por Augusto Comte. f) Em sexto lugar, no momento da reação
anti-positivista, quando o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">espiritualismo</i>
brasileiro se abeberou em fontes como Bergson e Blondel. A presença da
filosofia francesa é, destarte, marcante em momentos significativos do
pensamento brasileiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">BIBLIOGRAFIA</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">ACKER,
Leonardo van [1981].<b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> A filosofia
contemporânea</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>. </u></i>2ª
edição. São Paulo: Convívio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">BARRETO,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tobias [1966]. "Variações
anti-sociológicas", in: <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estudos
de filosofia.</i></b> Volume II, Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">BARRETO,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tobias [1991]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Obras completas.</i></b> (Edição organizada por Luíz Antônio Barreto).
Rio de Janeiro: Record; Brasília: Instituto Nacional do Livro / Ministério da
Cultura, 10 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">BARROS,
Roque Spencer Maciel de [1973]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
significação educativa do romantismo brasileiro: Gonçalves de Magalhães.</i></b>
São Paulo: Grijalbo/Edusp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">BARROS,
Roque Spencer Maciel de [1997]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estudos
brasileiros.</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> </u></i>Londrina:
UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">BEZERRA,
Alcides [1936]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Achegas à história da
filosofia.</i></b> Rio de Janeiro: Arquivo Nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">BRITO,
Rosa Mendonça de [1980]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia,
educação, sociedade e direito na obra de Artur Orlando da Silva.</i></b>
Recife: Fundação Joaquim Nabuco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CAMPOS,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fernando Arruda [1968]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tomismo e neo-tomismo no Brasil.</i></b> São
Paulo: Grijalbo/Edusp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CARVALHO,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>José Maurício de [1998]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Contribuição contemporânea à história da
filosofia brasileira: balanço e perspectivas.</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> </u></i>Londrina: UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CHACON,
Vamireh [1980]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O humanismo
brasileiro.</i></b> São Paulo: Summus / Secretaria de Cultura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">COSTA,
João Cruz [1956]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Contribuição à
história das idéias no Brasil</i>.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></b>1ª
edição, Rio de Janeiro: José Olympio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CRIPPA,
Adolpho (organizador) [1978a]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As
idéias filosóficas no Brasil: séculos XVIII e XIX. </i>São </b>Paulo: Convívio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CRIPPA,
Adolpho [1978b]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As idéias filosóficas
no Brasil: século XX.</i> São</b> Paulo: Convívio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">FEIJÓ,
Diogo Antônio [1967]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cadernos de
filosofia.</i></b> (Introdução e notas de Miguel Reale). 2ª edição. São Paulo:
Grijalbo / Instituto Brasileiro de Filosofia / Conselho Estadual de Cultura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">FERREIRA,
Silvestre Pinheiro [1970]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Preleções
filosóficas.</i></b> (Introdução de Antônio Paim). 2ª edição. São Paulo:
Grijalbo / Edusp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">FERREIRA,
Silvestre Pinheiro [1976]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Escritos
políticos.</i></b> Rio de Janeiro: PUC / Documentário / Conselho Federal de
Cultura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">FRANCOVICH,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Guillermo [1979]<b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Filósofos brasileiros.</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>(Prefácio de G. Dantas Barreto; adenda
de Antônio Paim). 2ª edição. Rio de Janeiro: Presença.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">FRANÇA,
Eduardo Ferreira [1973]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Investigações
de psicologia</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>.</u></i> 2ª
edição. (Introdução de Antônio Paim). São Paulo: Grijalbo / Edusp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">GENOVESI,
Antônio [1937]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Instituições lógicas.</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> </u></i>Rio de Janeiro: Imprensa
Americana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">JAIME,
Jorge [1997]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História da filosofia no
Brasil - volume I.</i></b> Petrópolis: Vozes; São Paulo: Faculdades Salesianas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">KONDER,
Leandro [1988]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A derrota da
dialética: a recepção das idéias de Marx no Brasil.</i> </b>Rio de Janeiro:
Campus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">GUIMARÃES,
Aquiles Côrtes [1982]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O tema da
consciência na filosofia brasileira.</i> </b>São<b> </b>Paulo: Convivio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">LADUSANS,
Stanislavs [1976]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rumos da filosofia
atual no Brasil.</i></b> São Paulo: Loyola, 1976.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">LEAL,
Ernesto Castro (organizador) [2010]. <b><i>Republicanismo, socialismo,
democracia.</i></b> (Ensaios de António Reis, António Ventura, Ernesto Castro
Leal, José Esteves Pereira, Leonel Ribeiro dos Santos, Norberto Ferreira da
Cunha, Pedro Calafate, Ricardo Vélez Rodríguez e Sérgio Campos Matos). Lisboa:
Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">LEAL,
Ernesto Casto (organizador) [2011]. <b><i>República e Liberdade</i></b>.
(Ensaios de António Ventura, Carlos Cordeiro, Ernesto Castro Leal, José Eduardo
Franco, José Esteves Pereira, José Maurício de Carvalho, Leonel Ribeiro dos
Santos, Norberto Ferreira da Cunha, Pedro Calafate e Ricardo Vélez Rodríguez).
Lisboa: Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">LINS,
Ivan [1964]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História do positivismo
no Brasil.</i></b> São Paulo: Companhia Editora Nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">MACEDO,
Ubiratan [1981]. "Diferenças notáveis entre o tradicionalismo português e
o brasileiro". In: <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ciências
Humanas.</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> </u></i>Rio de
Janeiro, vol. 5, no. 16, pg. 19 seg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">MACHADO,
Geraldo Pinheiro [1983]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">1000 títulos
de autores brasileiros de filosofia</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>.</u></i>
São Paulo: PUC / CEDIC, 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">MACHADO
NETO, Antônio Luiz [1977].<b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Para uma
eidética sociológica.</i> </b>Salvador: Universidade Federal da Bahia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">MAGALHÃES,
Domingos Gonçalves de (visconde de Araguaia) [1865]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fatos do espírito humano.</i></b> 2ª edição. Rio de Janeiro: Garnier.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">MOURA,
dom Odilão [1978]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Idéias católicas no
Brasil: direções do pensamento católico no Brasil do século XX.</i></b> São
Paulo: Convivio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">MOURÃO,
Rhéa Sylvia [1986].<b> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os caminhos do
existencialismo no Brasil.</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> </u></i>Belo
Horizonte: O Lutador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">OLIVEIRA,
Beneval de [1983]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A fenomenologia no
Brasil.</i></b> Rio de Janeiro: Palas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PADILHA,
Tarcísio [1955]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A ontologia
axiológica de Louis Lavelle.</i></b> Rio de Janeiro: Universidade do Distrito
Federal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PADILHA,
Tarcísio [1975]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Brasil em questão.</i></b>
Rio de Janeiro: José Olympio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PADILHA,
Tarcísio (editor) [1976]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia e
realidade brasileira.</i></b> Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Filósofos
Católicos. 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PADILHA,
Tarcísio [1982]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Uma filosofia da
esperança.</i></b> Rio de Janeiro: Pallas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PADILHA,
Tarcísio (editor) [1993]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anais da VII
Semana Internacional de Filosofia</i>. </b>Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira
de Filósofos Católicos. 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,
Antônio [1966]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A filosofia da Escola
do Recife.</i></b> 1ª edição. Rio de Janeiro: Saga.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,
Antônio [1967]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História das idéias
filosóficas no Brasil</i></b>. 1ª edição. São Paulo: Grijalbo/Edusp. (Prêmio
Instituto Nacional do Livro de Estudos Brasileiros -1968). 2ª edição, São
Paulo: Grijalbo/Edusp, 1974. 3ª edição, São Paulo: Convivio; Brasília: INL,
1984 (Prêmio Jabuti-85 de Ciências Humanas, concedido pela Câmara Brasileira do
Livro). 4ª edição, São Paulo: Convivio, 1987. 5ª edição, Londrina: UEL, 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Antônio [1977]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Problemática do culturalismo.</i></b> Rio de Janeiro: Graficon.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,
Antônio [1979]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O estudo do pensamento
filosófico brasileiro.</i> </b>1ª edição. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,
Antônio [1980]. "Como se caracteriza a ascensão do positivismo". In: <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista Brasileira de Filosofia</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>.</u></i> São Paulo, vol. 30, no. 119, pgs.
259 seg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,
Antônio [1983]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bibliografia
filosófica brasileira: 1808-1930.</i> </b>Salvador-Bahia: Centro de
Documentação do Pensamento Brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,
Antônio [1987]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bibliografia
filosófica brasileira: 1931-1980.</i> </b>Salvador-Bahia: Centro de
Documentação do Pensamento Brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,
Antônio [1988]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bibliografia
filosófica brasileira; 1981-1985.</i> </b>Salvador-Bahia: Centro de
Documentação do Pensamento Brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PENNA,
José Osvaldo de Meira [1980]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Brasil
na idade da razão.</i></b> Rio de Janeiro: Forense-Universitária; Brasília:
Instituto Nacional do Livro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PENNA,
José Osvaldo de Meira [1985]. <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></u><b>A ideologia do século XX.</b></i><b> </b>São
Paulo: Convivio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PENNA,
José Osvaldo de Meira [1988a]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
utopia brasileira</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>.</u></i>
Belo Horizonte: Itatiaia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PENNA,
José Osvaldo de Meira [1988b].<b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> O
dinossauro: uma pesquisa sobre o Estado, o patrimonialismo selvagem e a nova
classe de intelectuais e burocratas.</i></b> São Paulo: Queiroz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PENNA,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>José Osvaldo de Meira [1991]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Opção preferencial pela riqueza.</i> </b>Rio
de Janeiro: Instituto Liberal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PEREIRA,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nuno Marques [1939].<b> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Compêndio narrativo do peregrino da América.</i> </b>Rio de Janeiro:
Academia Brasileira de Letras, 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PRADO
JÚNIOR, Caio [1966]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A revolução
brasileira.</i></b> São Paulo: Brasiliense.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PROTA,
Leonardo (editor) [1989]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anais do 1º
Encontro Nacional dos professores e pesquisadores da filosofia brasileira.</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> </u></i>Londrina: CEFIL / UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PROTA,
Leonardo (editor) [1991]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anais do 2º
Encontro Nacional dos professores e pesquisadores da filosofia brasileira.</i></b>
Londrina: CEFIL / UEL,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PROTA,
Leonardo (editor) [1994]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anais do 3º
Encontro Nacional dos professores e pesquisadores da filosofia brasileira.</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> </u></i>Londrina: CEFIL / UEL, 2
volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PROTA,
Leonardo (editor) [1996]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anais do 4º
Encontro Nacional dos professores e pesquisadores da filosofia brasileira,</i></b>
Londrina: CEFIL / UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">REALE,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Miguel [1951]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A doutrina de Kant no Brasil.</i></b> São Paulo: Revista dos Tribunais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">REALE,
Miguel [1976]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia em São Paulo.</i></b>
2ª edição, São Paulo: Grijalbo / Edusp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">REALE,
Miguel [1977]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Experiência e cultura.</i></b>
São Paulo:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Grijalbo / Edusp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">REALE,
Miguel [1984]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Figuras da inteligência
brasileira.</i></b> Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Fortaleza: Universidade
Federal do Ceará.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">SARAIVA,
Antônio José [1955]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História da
cultura em Portugal</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>. </u></i>-
volume II. Lisboa: Jornal do Foro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">SILVA,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vicente Ferreira da [1964]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Obras completas</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>.</u></i> (Introdução de Miguel Reale). São Paulo: Instituto
Brasileiro de Filosofia, 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">SOVERAL,
Eduardo Abranches de [1996].<b> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pensamento
luso-brasileiro: estudos e ensaios.</i> </b>Lisboa: Instituto Superior de Novas
Profissões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1980] <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Castilhismo:
Uma filosofia da República.</i> </b>Porto Alegre: EST; Caxias do Sul:
Universidade de Caxias do Sul.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ Rodríguez,
Ricardo (organizador) [1983]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia
luso-brasileira. </i></b>Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1985]. "La Historia del pensamiento filosófico
brasileño (siglos XVII a XIX): problemas y corrientes". <b><i>Revista
Interamericana de Bibliografía</i></b>, Washington, vol. XXXV, no. 3, 1985,
pgs. 279-288.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1987a]. “O ensino da Filosofia no Brasil: perspectivas e
impasses”. <b><i>Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto</i></b>.
Nº 4 – 2ª série, 32 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1987b]. “Politischer Messianismus und Theologie der
Befreiung”. In: HOFFMANN, Rupert (Organizador). <b><i>Gottesreich und
Revolution</i></b>. Münster: Verlag Regensberg, p. 57-73.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1993]. “Iberoamerika jako Celistvost”. <b><i>Filosofický
Casopis</i></b>. Praga. Vol. 41, nº 1 (p. 59-71).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1993b]. "La historia del pensamiento filosófico
brasileño (siglo XX): problemas y corrientes", <b><i>Revista Interamericana
de Bibliografía</i></b>, Washington, vol. XLIII, no. 1, 1993, pgs.45-62.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1995a]. “Appunti sulla Filosofia Brasiliana del novecento”.
<b><i>Paradigmi, Rivista di Critica Filosofica</i></b>. Vol. XIII (nº 37 –
gennaio-aprile 1995): p. 157-174.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1995b]. <b><i>Tópicos especiais de filosofia moderna</i></b>.
Juiz de Fora: Editora da Universidade Federal de Juiz de Fora / Londrina:
Editora da UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1997a]. "A problemática da riqueza segundo Alexis de
Tocqueville". In: <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta Mensal,</i></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u> </u></i>Rio de Janeiro, vol. 43, no.
508, pgs. 3-16.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1997b]. "A problemática do liberalismo democrático em
Alexis de Tocqueville (1805-1859)". In: <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta Mensal,</i></b> Rio de Janeiro,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>volume 43, no. 503, pgs. 3-38.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1998a]. “La filosofía em Iberoamérica: originalidad y
método”. <b><i>XX World Congress of Philosophy</i></b>, 1998, Boston,
Massachussets – USA Paideia – XX World Congress of Philosophy – Documentation
Center Bowlin Green State University, 1998, v. I, p. 170-171.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo et Tarcísio PADILHA [1998b]. “La philosophie au Brésil”. <b><i>Encyclopédie
Philosophique Universelle – Volume IV - Le Discours Philosophique</i></b>,
dirigé par Jean-François MATTÉI. Paris: Presses Universitaires de France, p.
388–403.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1999]. “Tocqueville au Brésil”. <b><i>The Tocqueville
Review / La Revue Tocqueville</i></b>. Toronto University Press, vol. XX, nº 1:
p. 147-176. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [2000]. <b><i>Estado, cultura y sociedad en la América
Latina</i></b>. Bogotá: Universidad Central.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [2001]. <b><i>Tópicos especiais de filosofia contemporânea</i></b>.
Londrina: Editora da UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [2003]. “La Philosophie contemporaine en Amérique Latine”.
In: FLOISTAD, Guttorm (ed.). <b><i>Philosophy of Latin America</i></b>. The
Netherlands: Kluwer Academic Publishers, p. 89-113.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [2005]. “The Sociological Dimension of the Drug Traffic in
the <i>Favelas</i> of Rio de Janeiro”. In: VIEIRA,, Else R. P.
(organizadora).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b><i>City of God in
Several Voices – Brazilian Social Cinema as Action</i></b>. Nottingham:
Critical, Cultural and Communications Press, p. 166-173.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [2007]. <b><i>Luz nas trevas: ensaios sobre o Iluminismo</i></b>.
Guarapari-ES: Ex-Libris.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [2012]. <b><i>Pensamento político brasileiro contemporâneo</i></b>.
Rio de Janeiro:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Editora Revista
Aeronáutica. Coleção Ensaios, nº 5.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [2019]. “O pensamento de Teófilo Braga no contexto do
positivismo luso-brasileiro”. In: COSTA, António Martins da e PINHO, Arnaldo de
(organizadores). <b><i>O pensamento e a obra de Teófilo Braga</i></b>. Porto:
Universidade Católica Editora, p. 251-260.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VERNEY,
Luís Antônio [1950]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Verdadeiro método
de estudar.</i></b> (Edição organizada por Antônio Salgado Júnior). Lisboa: Sá
da Costa, 5 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VILLAÇA,
Antônio Carlos [1975]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Pensamento
católico no Brasil.</i></b> Rio de Janeiro: Zahar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VITA,
Luís Washington [1968]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Antologia do
pensamento social e político no Brasil.</i></b> Washington:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Secretaria Geral da Organização dos Estados
Americanos; São Paulo: Grijalbo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VITA,
Luís Washington [1969a]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Filosofia
contemporânea em São Paulo.</i> </b>São Paulo: Grijalbo / Edusp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VITA,
Luís Washington [1969b]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Panorama da
filosofia no Brasil.</i></b> Porto Alegre: Globo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">ZILLES,
Urbano [1987]. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Grandes tendências da
filosofia no século XX e sua influência no Brasil.</i></b> Caxias do Sul:
EDUCS.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">Este
ensaio apareceu publicado, em espanhol, em dois números da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista Interamericana de Bibliografia</i>, com os seguintes títulos: <a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk41624374">"La Historia del pensamiento filosófico brasileño
(siglos XVII a XIX): problemas y corrientes" (RIB, Washington, vol. XXXV,
no. 3, 1985, pgs. 279-288) </a>e <a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk41624589">"La historia del
pensamiento filosófico brasileño (siglo XX): problemas y corrientes" (RIB,
Washington, vol. XLIII, no. 1, 1993, pgs.45-62)</a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-40910791048838124542020-05-25T13:19:00.002-07:002020-05-25T13:19:36.805-07:00Pensadores Brasileiros - LUCAS BERLANZA CORREA (1992)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_4iA_k3Vy11aROREk72QaMvfcLWDyikYqw2tgV812-ZBZfDr2dhHPXQKWL_3rtZrwYRqhm1IFwZEYfyjEWIu-vMZK_ktehpMurZYjKhu31Q8_mqe-XuXN8j6SadwqCHoaCQ2kKODJBSxK/s1600/LUCAS+BERLANZA+1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="400" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_4iA_k3Vy11aROREk72QaMvfcLWDyikYqw2tgV812-ZBZfDr2dhHPXQKWL_3rtZrwYRqhm1IFwZEYfyjEWIu-vMZK_ktehpMurZYjKhu31Q8_mqe-XuXN8j6SadwqCHoaCQ2kKODJBSxK/s200/LUCAS+BERLANZA+1.png" width="200" /></a></div>
<br />
<div style="background: white; line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #262626; font-family: "verdana" , sans-serif;">Lucas Berlanza (1992), jovem Jornalista formado pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é editor dos sites: “Sentinela
Lacerdista”<em><span style="border: none 1.0pt; font-family: "verdana" , sans-serif; padding: 0cm;"> </span></em>e “Boletim da
Liberdade”, e autor da obra intitulada: <i>Guia Bibliográfico da Nova Direita –
39 livros para compreender o fenômeno brasileiro.</i><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #262626; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Berlanza é colunista, há quase cinco anos, do Instituto Liberal do Rio de
Janeiro, ocupando, hoje, a direção dessa instituição. Inspirando-se no também
jornalista Carlos Frederico Werneck de Lacerda (1914-1977), uma das mais
proeminentes lideranças políticas da República Nova (1946-1964), Berlanza
publica, com regularidade, comentários políticos sob um viés
liberal-conservador. Já foi palestrante em diversos eventos, entre eles os
seminários: “Ideias da Liberdade” e “Semana da Liberdade”.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Que
o chamado "pensamento da direita" está em ascensão, não há dúvida.
Esclareçamos: por "pensamento da direita" entenda-se,
primordialmente, aquele que se afina com as ideias políticas
liberal-conservadoras, que se centram nos seguintes pontos: 1 - defesa da
liberdade individual nos terrenos cultural, político e econômico; 2 - respeito
às tradições vigentes na sociedade brasileira, levando em consideração que só
podem vingar aquelas mudanças sociais que as preservarem; 3 – defesa das
instituições do Governo Representativo e da tripartição de poderes; 4 – defesa
do conceito de soberania, destacando que ela é limitada (ou seja, referida ao
funcionamento das instituições políticas), não se sobrepondo, portanto, à
dignidade e ao foro íntimo das pessoas.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">A
propaganda marxista encarregou-se, no Brasil, de confundir as coisas. Tudo
aquilo que não se afinasse com o cientificismo gramsciano foi jogado, pelos
militantes-propagandistas da esquerda vociferante, no saco sem fundo da
"direita". Ora, o "pensamento da direita" tem muitas
nuances, sendo a principal delas, a correspondente ao Liberalismo Conservador.
É ao estudo dessa tendência que o jovem escritor carioca Lucas Berlanza dedica
a sua obra, recentemente lançada, no Rio de Janeiro, com o sugestivo título de: <i>Guia
bibliográfico da nova direita - 39 livros para compreender o fenômeno
brasileiro</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Essa
jovem direita liberal-conservadora eclodiu, ao longo dos últimos 15 anos. O seu
ponto de partida foi o desencanto das novas gerações com a vulgata marxista,
que, como pernicioso tsunami, tudo invadiu no universo cultural brasileiro, de
mãos dadas com a conivência oficial e a pregação dos velhos chavões
marxistas-leninistas, pela geração de mestres que se dedicou a essa inglória
tarefa. Da radicalização simplificadora não escapou nem a Igreja Católica, a
partir do momento em que os quadros dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil foram tomados de assalto, por militantes treinados na doutrinação
marxista, que tudo centraram ao redor do messianismo político pregado pela
Teologia da Libertação, como denunciou, com coragem, o padre português José
Narino de Campos (1921), na sua obra intitulada: <i>Brasil, uma Igreja
diferente.</i><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> </span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">As
desgraças da radicalização e da intoxicação ideológicas não ocorrem ao acaso:
elas são preparadas por trabalho continuado de simplificação conceitual e
propaganda. De há muito, o universo cultural brasileiro foi tomado de assalto
pelos radicais marxistas. Já desde início dos anos 80 do século passado, o
embaixador José Osvaldo de Meira Penna (1917-2017) chamava a atenção para a
silenciosa ocupação das Secretarias estaduais e municipais de Educação pela
turma do PT, que se encarregou de radicalizar a formação de professores e
alunos, no ensino básico e fundamental, bem como nas Faculdades de Educação, à
sombra da doutrina socialista de Paulo Freire (1921-1997). Tudo foi
potencializado pelo PT, no poder, abrindo espaço para os vícios da corrupção e
do compadrio. A decisão dos militantes para manter vivo o pensamento marxista,
entre nós, foi projeto acalentado pelas lideranças partidárias.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">O
ponto alto dessa estratégia de dar vida ao cadáver insepulto do comunismo foi a
criação (em 1990), por Luís Inácio Lula da Silva (1945) e Fidel Castro
(1926-2016), do Foro de São Paulo. Somaram-se a essa iniciativa os movimentos
guerrilheiros atuantes na América Latina, a começar pelas Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia (FARC), bem como, anos depois, o coronel Hugo Chávez (1954-2013),
militante comunista que se elegeu presidente da Venezuela, com a sua
descabelada proposta de "Revolução Bolivariana". <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Fidel
Castro achava que a liderança militar do processo de revolução comunista, na
América Latina, deveria ser de Hugo Chávez. De lá para cá só aumentou essa maré
vermelha. Acontece que os jovens da nova geração se cansaram da dieta
ideológica de fome. Começaram a questionar a simplória estória que lhes era
contada. Nos últimos 15 anos, essa reação foi aumentando. Hoje, conta com
estruturados analistas que colocam as coisas no seu lugar, mostrando as
grosseiras simplificações armadas pelo marxismo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">São
várias as jovens personalidades que se destacam, a meu ver, nessa nova geração.
Correndo o risco de deixar por fora nomes de relevo, lembro alguns deles: Alex
Catharino, Rodrigo Constantino, Alexandro Souza, Marco Antônio Barroso,
Humberto Schubert Coelho, Bernardo Goitacazes de Araújo, Luciano Caldas
Camerino, Jefferson Silveira Teodoro, Bruno Garschagen, Filipe Barros, Hélio
Beltrão, Lucas Berlanza, César Kyn d´Ávila, Caroline de Toni, José Lorêdo Filho
(com o magnífico empreendimento editorial da "Resistência Cultural"),
Marcus Boeira, Caio Vioto, Débora Gois Torres, etc. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Efetivamente,
são inúmeros os jovens que, em Faculdades e nos seus lugares de trabalho, bem
como, a partir de grupos de estudo e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">thing
tanks</i><span style="mso-bidi-font-style: italic;">,</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>elaboram uma visão crítica da propaganda marxista-leninista,
defendendo, corajosamente, o sagrado valor da liberdade individual e da
tradição da Civilização Ocidental, ancorada no Cristianismo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Os
cursos de História, quem diria, outrora terreno exclusivo dos marxistas,
começaram a pensar com categorias diferentes, próximas do liberalismo e do
conservadorismo, e abertas à pesquisa das origens da nossa realidade social.
Essas análises críticas deixam de cabelo em pé os velhos propagandistas do
marxismo-leninismo e do gramscismo cultural, que o PT apresentou como a última
moda do bom-mocismo intelectual. Os bravos jovens liberais-conservadores
optaram, também, pela luta político-partidária. Os exemplos desses jovens
liberais-conservadores engajados na luta política multiplicam-se pelo país
afora.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Analiso,
a seguir, de maneira sumária, o conteúdo da nova obra de Lucas Berlanza. Em 6
capítulos, uma conclusão e um apêndice, o autor desenvolve o seu pensamento
acerca da "nova direita" brasileira. Menciono os capítulos que
integram a obra: I - Origens e fundamentos das ideias. II - Como entender o
Brasil. III - Grandes ícones da política internacional. IV - Um olhar sobre
adversários e inimigos. V - Grandes temas e controvérsias. VI - Um olhar sobre
os dias atuais. Conclusão: Essa "direita" poderosa e onipresente, um
mal absoluto a atrasar o Brasil, não passa de uma lenda. Apêndice: Por uma nova
liberdade: o manifesto libertário.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Berlanza
deixa clara a sua identificação com a renovação propiciada pelo
"pensamento da direita", com as seguintes palavras, no prólogo à obra
que comento: "Uma das características mais particulares desse 'novo' tipo
de pensamento político, e do movimento que o orbita, é o fato de se
fundamentarem em uma bibliografia filosófico-política e econômica toda
especial, que não ocupa posição de protagonismo nas indicações didáticas
tradicionais. O livre pensar dessa geração a levou a buscar outros ares e
pesquisar novas fontes e indicações de leitura, a despeito do 'index' de
educadores marxistas de ocasião. Por isso mesmo, entendemos que o vulgo não
conheça suas ideias, não entenda do que se trata, e haja o risco de confusões
serem semeadas por quem não tem interesse na divergência".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a></span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Lucas
Berlanza pretende apresentar, na sua obra, uma "guia de leitura" do
ângulo liberal-conservador. No prólogo, frisa a respeito: "Este livro é
nada mais que um esforço para apresentar, através de algumas dicas de leitura
cuidadosamente selecionadas, marcos de ideias que tornam possível ao leitor
apreender, em um quadro geral, a genealogia e a natureza de alguns princípios e
posturas que circulam nesse grupo heterogêneo de liberais e conservadores - e
que os definem. Das fontes bibliográficas mais antigas e clássicas até as mais
modernas, reuni 39 resenhas de livros que ajudam a esclarecer do que se trata
esse fenômeno social que vem inquietando e alimentando esperanças no Brasil.
(...). É um livro sobre livros. Não que, em certo sentido, todos os livros não
o sejam: mas as resenhas não são apenas artigos elogiando ou criticando
determinado título. Todas elas contêm ilações e desdobramentos que delineiam as
ideias que justificam sua inclusão e que, compreendidas em seu conjunto, fazem
da relação um modesto guia bibliográfico, que não esgota, mas traça um retrato
do núcleo de princípios dos grupos de que estamos falando".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> </span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Berlanza
identifica, como fontes inspiradoras do conservadorismo liberal da nova
geração, as ideias de Burke (1729-1797), Bastiat (1801-1850), Hayek (1899-1992),
Von Mises (1881-1973), Margaret Thatcher (1925-2013), Winston Churchill
(1874-1965), Roger Scruton (1944-2020), Ronald Reagan (1911-2004), etc. No
terreno da cultura brasileira, as fontes do liberal-conservadorismo são
múltiplas: Roberto Campos (1917-2001), Meira Penna (1917-2017), Eugênio Gudin
(1886-1986), Gilberto Ferreira Paim (1919-2013), Antônio Paim (1927), Carlos
Lacerda (1914-1977), José Guilherme Merquior (1941-1991), Vicente de Paulo
Barretto (1939), Alberto Oliva (1950), Mário Guerreiro (1944), Selvino Malfatti
(1943), Ubiratan Borges de Macedo (1937-2007), Ubiratan Jorge Iorio (1946),
João Pereira Coutinho (1976), com a sua original contribuição do ângulo
luso-brasileiro, Rodrigo Constantino (1976), Maria Lúcia Victor<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Barbosa, etc. Adicionaria o nome de Roque
Spencer Maciel de Barros (1927-1999), pensador original que abriu as propostas
liberal-conservadoras ao terreno da educação, alertando para o risco
totalitário concretizado na vulgata marxista.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">No
terreno do conservadorismo com embasamento hermenêutico, devem ser mencionados os
nomes de Paulo Mercadante<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
(1923-2013) e Olavo de Carvalho<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
(1947). Em relação a este pensador, convém destacar que realizou um detalhado
levantamento dos caminhos percorridos pelo marxismo cultural para ocupar
espaços no Brasil, ao ensejo da organização do Foro de São Paulo. Se bem Olavo
de Carvalho desenvolveu atraente projeto de formação humanística para os jovens
de inspiração liberal-conservadora, no entanto, no terreno estratégico, parece-me
que terminou enveredando pelo caminho do confronto, inspirado no pensamento dos
neoconservadores americanos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Destaca-se,
na obra que comento de Lucas Berlanza, a sua inspiração nos fundadores do
Instituto Liberal e discípulos da Escola Austríaca, Donald Stewart (1931-1999) e
Og Leme (1922-2004). Para Berlanza, contudo, é o pensador irlandês Edmund Burke
(1729-1797), o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">whig</i> que atraiu
os <i>tories </i>para refundar o partido conservador britânico, no início
do século XIX, o principal inspirador do liberal-conservadorismo brasileiro.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">A
partir das propostas burkianas surgiu, no sentir de Berlanza, uma doutrina que
propende pela mudança sem perder o sentido das conquistas do passado, permanecendo
firme no compromisso com a defesa da liberdade individual, nos terrenos social,
cultural e econômico. É o velho liberalismo conservador, originado em John Locke
(1632-1704) e alargado, de forma a abarcar o ideal democrático, pelos Pais
Fundadores dos Estados Unidos e pelos doutrinários, na França, ao longo do
século XIX. Só que, para Berlanza e os jovens que redescobriram Burke, as
fontes prioritárias passaram a ser os clássicos de origem anglo-saxã e
irlandesa.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Considero
que os doutrinários franceses tinham elaborado uma meditação nova acerca do
liberalismo lockeano, a partir das fontes escocesas, naquela aventura
intelectual que Ortega y Gasset (1883-1955) identificou como "o que de
mais interessante ocorreu na Europa Ocidental ao longo do século XIX",<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
que desaguou na original proposta liberal-conservadora de Madame de Staël (1766-1817)
e de Benjamin Constant de Rebecque (1867-1830), precursores daquela corrente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Ora,
penso eu, o liberal-conservadorismo brasileiro, como, de resto, na Espanha, em
Portugal, na Colômbia e alhures, na América Latina, formatou-se,
primordialmente, à luz dos doutrinários. Eles falavam uma linguagem mais
acessível ao espírito ibérico, do que aquela falada pelos anglo-saxões. A
experiência continental europeia, na defesa da liberdade, foi mais próxima de
nós do que a defesa das teses dos liberais britânicos. Isso por conta da nossa
tradição jurídica, herdeira do antigo "direito germânico", ao passo
que os anglo-saxões ancoravam na tradição consuetudinária restrita a eles.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Capítulo
importante da magna obra dos doutrinários foi a defesa incondicional da
liberdade, de um lado, junto com a crítica sistemática ao democratismo
rousseauniano, que consistiu na nova forma de servidão e, sob cuja inspiração,
foram cometidos todos os excessos da Revolução Francesa e do Terror Jacobino.
Os doutrinários destacaram, no entanto, que algo podia ser salvo da maré
revolucionária: a defesa da liberdade individual, como elemento fundamental da
libertação humana. Essa foi, aliás, a réstia de luz que Tocqueville (1805-1859)
encontrou no tormentoso momento revolucionário de 1789, e que o próprio Immanuel
Kant (1724-1804) identificou, inicialmente, no movimento revolucionário
francês. François Guizot (1787-1874) considerava que a missão dos doutrinários
consistiria em "completar a Revolução Francesa" mediante a defesa da
liberdade individual, através das instituições do governo representativo.
Tocqueville alargava a defesa da liberdade individual, com bicameralismo e
instituições representativas para todos os franceses, não apenas para a
burguesia encarrapitada no poder, a partir da restauração monárquica e o
reinado de Luís Filipe (1830-1848). Acho que as jovens gerações de pensadores
liberal-conservadores terão muito a ganhar com a leitura dos doutrinários, de
Tocqueville e do representante dessa tendência, na França, no século XX:
Raymond Aron (1905-1983).</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">A
meu ver, a meditação brasileira do século XIX louvou-se, principalmente, dos
doutrinários, embora conhecesse as fontes britânicas e o pensamento de Burke. O
principal expoente dessa versão do nosso liberal-conservadorismo foi, no início
desse século, Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846),<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
com a sua teoria da dupla representação (dos interesses permanentes da Nação e
dos interesses mudáveis, dos indivíduos), tese que foi seguida nas propostas de
criar a representação e o Poder Moderador pelos estadistas do Segundo Reinado,
entre os que se destaca o visconde de Uruguai, com o seu <i>Tratado de
Direito Administrativo<b> </b></i>(1860).<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Mas, já no final do século e no início da República, Rui Barbosa (1849-1923) retomou
as teses tocquevillianas <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de um
liberalismo conservador, que quer fazer da República uma experiência liberal,
acorde com a representação de interesses e a tripartição de poderes. Idêntico
trabalho de arrumação teórica foi feito pelos liberais gaúchos que combateram o
castilhismo no final do século XIX, notadamente Gaspar da Silveira Martins (1835-1901)
e Joaquim Francisco de Assis Brasil (1857-1838). Todas essas são as fontes
inspiradoras dos nossos primeiros liberais-conservadores do século XX, Reale,
Roque Spencer Maciel de Barros, Merquior, Antônio e Gilberto Paim, Ubiratan
Macedo, Meira Penna, Alberto Oliva, Mário Guerreiro, Roberto Fendt, etc. Eu
próprio me filio a essa tendência.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Os
fundadores do Instituto Liberal (notadamente Donald Stewart e Og Leme) e alguns
pensadores próximos deles como Meira Penna, filiam-se, sobretudo, aos liberais
austríacos e partem para discutir os afazeres da política à luz da velha tradição
liberal pensada por eles, mas que entronca em Locke e nos patriarcas da
Independência americana, bem como no liberalismo telúrico dos pensadores da
segunda escolástica ibérica capitaneados por Francisco Suárez (1548-1617),
levando em consideração, também, a mediação de Tocqueville e Aron. A essa turma
junta-se, como muito bem mostra Berlanza nas suas páginas, o grande Roberto
Campos (1917-2001), na sua última fase, sendo que ele se inspira, também, nas
teses do liberalismo econômico já defendidas pelo professor Eugênio Gudin
(1886-1986) e pela Escola Austríaca.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Os
jovens da novel geração à qual Berlanza pertence, partem, com desassombro, para
uma meditação liberal-conservadora que tece fios de ligação com a primeira
geração de liberais conservadores do século XIX, bem como com os seus
discípulos brasileiros, ao longo do século XX. Parece-me sobremaneira
alvissareira a perspectiva que se abre entre os participantes da nova geração,
que não se intimidam diante da discussão de questões acirradas como a que diz
relação às teses sustentadas pelos libertários (tipo Rothbard) e que enfrentam,
de peito aberto, os seus adversários e inimigos, como faz Berlanza no capítulo
IV do seu livro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">No
seio dos adversários, ganham destaque, nas páginas de Berlanza, os teóricos da
social-democracia capitaneados por Fernando Henrique Cardoso (1931), cujo
pecado principal foi o festival de tributação que impulsionou, nos seus dois
governos, e que se prolongou, acintosamente, na lamentável gestão lulo-petista,
ao longo dos últimos 14 anos. Entre os inimigos figuram os já conhecidos ícones
do totalitarismo do século XX, a dupla Lenin (1870-1924) e Stalin (1878-1953);
o pai do nazismo, Hitler (1889-1945), e Benito Mussolini (1883-1945),
formatador do fascismo. Entre os adversários aparecem, no Brasil, estatistas
conhecidos: à direita, Ernesto Geisel (1907-1996) e à esquerda Nelson Werneck
Sodré (1911-1999).<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">A
nova geração de liberais-conservadores brasileiros (e coisa semelhante está a
acontecer em outros países latino-americanos como Chile, México, Argentina,
Colômbia, Argentina e Peru) lê, diretamente, os clássicos britânicos,
irlandeses e americanos do pensamento liberal-conservador. A redescoberta de
Burke, pela atual geração brasileira, situa-se nesse contexto.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">Lucas
Berlanza dá continuidade ao liberalismo-conservador que inspirou ao grande
Carlos Lacerda, um dos ícones do liberalismo brasileiro. Lacerda foi
injustiçado pelo regime militar, que identificou, erradamente, com os liberais,
o inimigo a ser combatido, como lembra o professor Antônio Paim na sua obra, <i>A
querela do estatismo</i>,<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
quando o real inimigo eram os totalitários comunistas mimetizados, após 1985,
em vários partidos e movimentos da esquerda revolucionária.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">O
atual liberal-conservadorismo brasileiro não se colocou contra as mudanças,
muito pelo contrário: aposta naquelas que se enraízam na tradição. Insere-se,
assim, no seio dessa secular tradição liberal que endossa as "revoluções
conservadoras", como a Gloriosa Revolução inglesa de 1688, cujo grande
propagandista foi John Locke e a Revolução Americana de 1776. O Brasil, também,
conheceu essas "revoluções conservadoras" com o "Fico" de
Dom Pedro I (1798-1834), em 1822, ou o Ato Adicional de 1841. A nova geração de
liberais-conservadores, da qual Berlanza é lúcido expoente, aposta, também,
nessas mudanças de longo curso, à maneira da "revolução conservadora"
de Margareth Thatcher e de Ronald Reagan, dando continuidade à gesta de
estadistas da talha de Winston Churchill e, entre nós, dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Construtores do Império,</span></i>
lembrando o título de conhecida obra de João Camillo de Oliveira Torres
(1915-1973).<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;">A</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-themecolor: text1;"> obra
de Lucas Berlanza:<b> </b><i>Lacerda: a virtude da polêmica</i>,<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
destaca que vivemos tempos semelhantes aos enfrentados pelo líder liberal. Duas
notas sobressaem em Lacerda: a defesa da liberdade e o alerta constante e
combativo, contra os que pretendem dar sobrevida ao Estado Patrimonial, que
encara a coisa pública como bem de família. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-themecolor: text1;">O
traço marcante do Estado brasileiro, nestes tempos de luta contra o lulopetismo
e de triunfo de uma opção liberal-conservadora, representada por Jair
Bolsonaro, continua sendo o Patrimonialismo, que teima em sobreviver, encarando
o público como privado. Nesse combate, Lacerda revive o clima de luta
periclitante pela liberdade, que foi o traço marcante dos Doutrinários e de
Tocqueville, na França. E retoma o melhor da nossa tradição política
liberal-conservadora que, inspirada em figuras como Winston Churchill, não tem
medo de lutar o bom combate, em prol da liberdade e dos valores da nossa
civilização cristã, sem ceder à tentação de um regime de força para superar,
definitivamente, o marxismo cultural lulopetista.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-themecolor: text1;">Lacerda
deixou, para o Brasil, frisa Berlanza, “o legado de Ícaro”, encarnando o papel
do “líder que (...) sustentou simultaneamente princípios como a
descentralização do poder e da administração, a valorização da herança cultural
ocidental e cristã (...), o receio do Estado agigantado e opressor, o apreço
pela sensibilidade patriótica e pelas virtudes cívicas”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">BIBLIOGRAFIA<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">BARROS, Roque Spencer Maciel de. <b><i>O
fenômeno totalitário</i></b>. Belo Horizonte: Itatiaia, 1990. Biblioteca de
Cultura Humanística, v. 6.</span><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">BERLANZA, Lucas. <b><i>Guia
bibliográfico da nova direita - 39 livros para compreender o fenômeno
brasileiro</i></b> (Prefácio de Rodrigo Constantino, São Luís: Resistência
Cultural, 2017, 255 pgs.).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">BERLANZA, Lucas<b><i>.
Lacerda: a virtude da polêmica</i></b>. São Paulo: LVM, 2019.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">CAMPOS, José Narino de. <b><i>Brasil,
uma Igreja diferente. </i></b>São Paulo: T. A. Queiroz, 1981.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">CARVALHO,
Olavo de. <b><i>A longa marcha da vaca para o brejo: o imbecil coletivo II</i></b>.
Rio de Janeiro: Topbooks, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">CARVALHO,
Olavo de. <b><i>O futuro do pensamento brasileiro: estudos sobre o nosso lugar
no mundo</i></b>. Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade, 1997. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">CARVALHO,
Olavo de. <b><i>O imbecil coletivo: Atualidades Inculturais brasileiras</i></b>.
Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade / Academia Brasileira de Filosofia, 1996. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">CARVALHO,
Olavo de. <b><i>Os gêneros literários: seus fundamentos metafísicos</i></b>.
Rio de Janeiro: IAL & Stella Caymmi, 1993. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">CARVALHO,
Olavo de. <b><i>Símbolos e mitos no filme “O silêncio dos inocentes”.</i></b>
Rio de Janeiro: IAL & Stella Caymmi, 1993. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">FERREIRA,
Silvestre Pinheiro. <b><i>Manual do cidadão em um governo representativo</i></b>.
(Introdução de Antônio Paim). Brasília: Senado Federal, 1998, 3 vol. (Edição
fac-similar).<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">GUIZOT,
François. <b><i>Historia de la civilización en Europa</i></b>. (Prólogo: “Guizot
y la historia de la civilización en Europa”, de José ORTEGA y Gasset).
(Tradução ao espanhol de F. Vela). Madrid: Alianza Editorial,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1990.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">MERCADANTE,
Paulo. <b><i>A coerência das incertezas. Símbolos e mitos na fenomenologia
histórica luso-brasileira.</i></b> (Introdução de Olavo de Carvalho). São
Paulo: É Realizações, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">MERCADANTE,
Paulo. <b><i>A consciência conservadora no Brasil</i></b>. Contribuição ao
estudo da formação brasileira. Rio de Janeiro: Saga,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1965. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">MERCADANTE,
Paulo. . <b><i>Militares & Civis: a ética e o compromisso.</i></b> Rio de
Janeiro: Zahar,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1978.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">MERCADANTE,
Paulo, PAIM, Antônio.<b><i> Tobias Barreto na cultura brasileira: uma
reavaliação</i></b>. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">PAIM, Antônio. <b><i>A querela do
estatismo</i></b>. 1ª edição. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">SOARES,
Paulino José, visconde de Uruguai. <b><i>Tratado de Direito Administrativo. Ensaio
sobre o direito administrativo com referência ao Estado e instituições
peculiares do Brasil</i></b>. (Apresentação de Nelson Jobim; introdução de
Célio Borja). 3ª edição. Brasília: Ministério da Justiça, 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">TORRES, João Camillo de
Oliveira. </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">Os Construtores do Império: Ideias e
lutas do Partido Conservador brasileiro.</span></i></b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;"> São
Paulo: Companhia Editora Nacional 1968.<o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b>NOTAS</b></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref1" title=""><!--[endif]--></a></span></span>
BERLANZA, Lucas. <a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk41283593"><b><i>Guia bibliográfico da nova
direita – 39 livros para compreender o fenômeno brasileiro. </i></b></a>(Prefácio
de Rodrigo Constantino).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>São Luís:
Resistência cultural, 1917.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
CAMPOS, José Narino de. <b><i>Brasil: uma Igreja diferente</i></b>. São Paulo:
T. A. Queiroz, 1981.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
BERLANZA, Lucas. <b><i>Guia bibliográfico da nova direita – 39 livros para compreender
o fenômeno brasileiro.</i></b> Ob. cit., p. 19.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<b><i>Guia bibliográfico da nova direita – 39 livros para compreender o
fenômeno brasileiro.</i></b> Ob. cit., p. 19-20.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cf. BARROS, Roque Spencer Maciel de. <b><i>O fenômeno totalitário</i></b>. Belo
Horizonte: Itatiaia, 1990. Biblioteca de Cultura Humanística, v. 6.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cf. MERCADANTE, Paulo. A consciência conservadora no Brasil. Contribuição ao
estudo da formação brasileira. Rio de Janeiro: Saga,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1965. Do mesmo autor, cf. <b><i>Tobias
Barreto na cultura brasileira: uma reavaliação</i></b>. Rio de Janeiro: Zahar,
1973. Do mesmo autor, ainda: cf. <b><i>Militares & Civis: a ética e o
compromisso.</i></b> Rio de Janeiro: Zahar,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>1978. Outra obra que merece ser lembrada deste autor é<b><i>: A
coerência das incertezas. Símbolos e mitos na fenomenologia histórica luso-brasileira.</i></b>
(Introdução de Olavo de Carvalho). São Paulo: É Realizações, 2001.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cf. CARVALHO, Olavo de. <b><i>Símbolos e mitos no filme “O silêncio dos
inocentes”.</i></b> Rio de Janeiro: IAL & Stella Caymmi, 1993. Do mesmo
autor, cf. <b><i>Os gêneros literários: seus fundamentos metafísicos</i></b>.
Rio de Janeiro: IAL & Stella Caymmi, 1993. Do mesmo autor, cf. também: <b><i>O
imbecil coletivo: Atualidades Inculturais brasileiras</i></b>. Rio de Janeiro:
Faculdade da Cidade / Academia Brasileira de Filosofia, 1996, bem como: <b><i>O
futuro do pensamento brasileiro: estudos sobre o nosso lugar no mundo</i></b>.
Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade, 1997 e <b><i>A longa marcha da vaca para o
brejo: o imbecil coletivo II</i></b>. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk41315893">GUIZOT, François. <b><i>Historia de la civilización en Europa</i></b>.
(Prólogo: “Guizot y la historia de la civilización en Europa”, de José ORTEGA y
Gasset). (Tradução ao espanhol de F. Vela). Madrid: Alianza Editorial,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1990, p. 7-8.</a><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Cf. FERREIRA, Silvestre Pinheiro. <b><i>Manual do cidadão em um
governo representativo</i></b>. (Introdução de Antônio Paim). Brasília: Senado
Federal, 1998, 3 vol. (Edição fac-similar).</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div style="background: white; line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;"> </span><span style="color: black; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Cf. SOARES, Paulino José, visconde de
Uruguai. <b><i>Tratado de Direito Administrativo. Ensaio sobre o direito
administrativo com referência ao Estado e instituições peculiares do Brasil</i></b>.
(Apresentação de Nelson Jobim; introdução de Célio Borja). 3ª edição. Brasília:
Ministério da Justiça, 1997.</span><span style="background-color: transparent;"> </span></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cf. PAIM, Antônio. <b><i>A querela do estatismo</i></b>. 1ª edição. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1978.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cf. TORRES, João Camillo de Oliveira. <b><i>Os construtores do Império. Ideais
e lutas do Partido Conservador.</i></b> São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1968.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2021%20-%20LUCAS%20BERLANZA%20CORREA%20(1992).docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> BERLANZA,
Lucas<b><i>. Lacerda: a virtude da polêmica</i></b>. São Paulo: LVM, 2019.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-77013767656161248962020-05-24T03:56:00.001-07:002020-05-24T03:59:25.028-07:00Pensadores Brasileiros - JOSÉ MAURÍCIO DE CARVALHO (1957)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQM8epavz9u4_aCBKNO3elUOwC1VmQKK0Sm3dbNoB2YCUDcsOJYN7Ex2X6Sd3vnvDW6Gd7Tq2K0DEBrfkZyzddF_TDZXK28lRumvT6iAVeydjkt6jCOBQgIskYddGn7Nl-YgTK86My7rg6/s1600/JOS%25C3%2589+MAUR%25C3%258DCIO+DE+CARVALHO+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="180" data-original-width="180" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQM8epavz9u4_aCBKNO3elUOwC1VmQKK0Sm3dbNoB2YCUDcsOJYN7Ex2X6Sd3vnvDW6Gd7Tq2K0DEBrfkZyzddF_TDZXK28lRumvT6iAVeydjkt6jCOBQgIskYddGn7Nl-YgTK86My7rg6/s200/JOS%25C3%2589+MAUR%25C3%258DCIO+DE+CARVALHO+1.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dois itens desenvolverei neste artigo: Breve síntese biobibliográfica de José Maurício de Carvalho e II - O Pensador e o Historiador das ideias. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">I – BREVE
SÍNTESE BIOBIBLIOGRÁFICA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">José
Maurício de Carvalho nasceu em 13 de Julho de 1957, em São João Del-Rei (Minas
Gerais). Formou-se, ali, em Psicologia (1980), Filosofia (1983) e Pedagogia
(1984), na Faculdade Dom Bosco, que foi, posteriormente, integrada à
Universidade Federal local. Cursou mestrado em Filosofia (área de Pensamento
Brasileiro) na Universidade Federal de Juiz de Fora. Completou os estudos de
doutorado em Filosofia Luso-Brasileira na Universidade Gama Filho (1990), do
Rio de Janeiro, tendo cursado, a seguir, os estudos de pós-doutorado na
Universidade Nova de Lisboa (1994) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(2001). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na
atualidade, é professor titular aposentado da Universidade Federal de São João
Del-Rei, tendo exercido funções administrativas na mesma Instituição. Leciona
no <i>Centro Universitário</i> <i>Tancredo Neves</i>, em São João del Rei. É
estudioso da vertente denominada de “Filosofia Clínica” e integra o Conselho
Editorial dos periódicos: <i>Educação e Filosofia</i>,<i> Saberes
Interdisciplinares, Thaumazein, </i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i>Anais
de Filosofia</i> e <i>Vertentes</i> (da Universidade Federal de São João Del-Rei),
<i>Educação e Saúde</i>, etc.). É membro do Instituto Brasileiro de Filosofia
(São Paulo), do Instituto de Filosofia Luso-brasileira (Lisboa), da Academia
São-Joanense de Letras e da Academia Mantiqueira de Estudos Filosóficos
(Barbacena, MG). Atua como profissional liberal, na área de Psicologia Clínica,
em São João del-Rei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como
pesquisador de história das idéias, a sua obra se especializou no estudo do
pensamento filosófico luso-brasileiro, com destacada atuação nos <i>Encontros
de Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira</i>, que se
desenvolveram, em Londrina, sob a coordenação do saudoso Leonardo Prota
(1930-2016) e com apoio da Universidade Estadual, entre 1989 e 2003. No período
compreendido entre 1997 e 2019, na condição de membro do <i>Instituto de
Filosofia Luso-Brasileira</i>, tem participado, regularmente, como organizador,
dos <i>Colóquios Antero de Quental </i>(destinados a estudar, no Brasil, o
pensamento filosófico português), bem como dos similares <i>Colóquios Tobias
Barreto</i> (direcionados ao estudo, em Portugal, dos autores brasileiros). José Maurício de Carvalho participou do <i>Proyecto Ensayo Hispánico (www.ensayistas.org)</i> que o professor José Luis Gómez Martínez desenvolveu na Universidade de Georgia (USA).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pelos
estudos publicados e pelo exercício docente, José Maurício de Carvalho
firmou-se, no panorama cultural brasileiro, como um dos mais importantes
representantes da nova geração de historiadores das idéias filosóficas no
Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>II - O PENSADOR E O HISTORIADOR DAS IDÉIAS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para José
Maurício de Carvalho, consoante a sua obra <i>O Homem e a Filosofia<b> </b></i>(Porto
Alegre: EDIPUCRS, 1998. 224 p.), o ponto de partida para uma reflexão
filosófica é constituído pela meditação em torno a dois eixos: a Existência e a
Cultura. A primeira é a categoria fundamental para falar do homem de hoje. A
Cultura é o ponto de partida da Existência, - o <i>a priori cultural</i> de
Miguel Reale (1910-2006) - e o produto das ações humanas. Ela se forma com os
valores que o homem criou na sua história. A Existência, entendida como roteiro
único e temporal, apenas é fecunda quando se volta para o horizonte cultural,
do qual emerge e que, por sua vez, é modificado pela ação humana. Quando o
autor aproxima Existência e Cultura não o faz na expectativa de estabelecer uma
equivalência entre elas, mas reconhecendo ser a Liberdade um dado ontológico
fundamental para entender o homem. Ela, contudo, só é tal, se se realiza num
espaço específico de valores e na História (ou na Cultura). A Liberdade do
homem não é uma possibilidade absoluta ou indeterminação infinita, é o
exercício de escolhas contra a natureza bruta e sua lógica, num certo tempo.
Mesmo sem tratar a vida como indeterminação absoluta, como fez Jean Paul Sartre
(1905-1982), Carvalho não acredita que a existência perca o caráter dramático,
pelo fato de inseri-la no universo cultural. A dor continua conosco, os riscos
nos acompanham, a degradação da humanidade é uma possibilidade real, nossos
limites estão aí. A vida do homem se realiza numa certa circunstância. Neste
ponto, o nosso autor revela-se tributário do filósofo espanhol José Ortega y
Gasset (1883-1955).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Além do
pensador espanhol, Carvalho se reconhece como seguidor de Miguel Reale
(1910-2006) e Djacir Menezes (1907-1966), herdeiros do legado culturalista de
Tobias Barreto (1839-1889). À luz desse legado, Carvalho entende que os valores
culturais, tecidos no decorrer da história, estão na base da Existência
concreta dos homens. Esses valores, com o passar do tempo, acabam assumindo
objetividade universal e se manifestam na tessitura existencial, como se inatos
fossem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O nosso
pensador se considera, outrossim, tributário da meditação de Antônio Paim
(1927), Roque Spencer Maciel de Barros (1927-1999) e Ricardo Vélez Rodríguez
(1943). Com Paim e Vélez, Carvalho considera que o Culturalismo consiste numa
filosofia voltada para esclarecer o modo de ser do homem. À luz da meditação de
Roque Spencer, o nosso autor conclui que a Existência humana, ainda que vista
de modo predicativo, e mesmo quando se objetiva em criações magníficas, não
deixa de ser marcada pela dramaticidade. Roque Spencer, considera Carvalho,
ocupou-se da existência concreta e a tratou como tal. Acabou deixando o
Culturalismo, mas legou à posteridade uma das obras filosóficas mais
significativas da filosofia brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É com base
nessa herança que o nosso autor desenvolve o cerne do seu pensamento, que se
alicerça no princípio de que o modo de ser do homem se manifesta, no
interminável processo de renovar o que já foi experimentado. O sentido da Existência
se revela no drama que brota da vida pessoal, que é projetado no mundo e passa
a valer por si só. Esta questão foi desenvolvida, com amplitude, na obra
intitulada: <i>Ética</i> [São João Del-Rei: UFSJ, 2010. 240 p.], em cuja
primeira parte, Carvalho mostra a forma em que esta disciplina filosófica
ingressou no panorama cultural brasileiro; na segunda parte, o autor faz uma
análise acerca da questão da responsabilidade pessoal, considerada como
complemento necessário à vida humana, pensada como Liberdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para o nosso
pensador, os costumes e as regras de convivência são históricos, embora possam
ficar consagrados em normas com reconhecimento coletivo. Princípios aceitos
pela sociedade ocidental como verdadeiros, acabaram adquirindo um sentido de
permanência e se manifestam na formulação de normas verdadeiras de orientação,
seguras e eternas. A cultura, considera Carvalho, nasce como intencionalidade
objetivada. O mundo social aparece como uma hierarquia de valores e constitui a
casa do homem. Neste lugar artificial em que se sente mais à vontade, ele se
move com maior naturalidade do que no espaço natural, ao expressar algo do seu
modo de ser e dos ideais que projeta. Em decorrência destas teses, assiste
razão a Antônio Paim, ao enquadrar o nosso autor no seio da terceira corrente
de culturalistas brasileiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">José
Maurício de Carvalho insere, na concepção antropológica que acaba de ser
resumida, a sua tarefa como historiador das idéias. Segundo ele, o registro do
andamento das pesquisas na filosofia brasileira (e portuguesa) permite observar
como, do interior da grande tradição filosófica ocidental, as filosofias
nacionais emergiram e são suscetíveis de um adequado entendimento. Este se
concretiza quando as diferentes filosofias são interpretadas como registro de teses
intelectuais, nascidas da vida e da tradição de um povo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essas
filosofias, frisa Carvalho, são respostas desse grupo humano, numa determinada
época, aos questionamentos dos seus integrantes acerca do sentido da sua
presença no mundo. As respostas efetivadas pelos pensadores contribuem para
burilar os contornos da cultura desse determinado povo, no contexto da vasta
história das civilizações. A meu ver, neste ponto José Maurício de Carvalho
recebeu a influência de Leonardo Prota, no que tange, especificamente, à caracterização
da filosofia moderna, como meditação sobre problemas específicos das várias
nações.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Explicitando
a sua inspiração em Ortega, Carvalho conclui que somente quando se capta a
historiografia filosófica como um diálogo do pensador com as circunstâncias,
chega-se, com mais fidelidade, ao material por ele produzido. As criações
filosóficas pressupõem o contato com a tradição nacional, que para os filósofos
aparece como a realidade mesma a ser explicada. Os estudiosos da filosofia
luso-brasileira de nossos dias perceberam que os movimentos filosóficos, em
todo o mundo, não se orientam para a criação de um único sistema capaz de
englobar toda a filosofia ocidental. Essa noção, que prevaleceu até meados do
século XIX, hoje está abandonada, abrindo margem para o exame das tradições
nacionais e, no interior delas, dos problemas que elas privilegiam. A tarefa de
historiador das idéias não se circunscreve, na obra de José Maurício de
Carvalho, à análise dos pensadores luso-brasileiros. Ele tem estudado, com
igual afinco, a obra de dois destacados filósofos do século XX: Karl Jaspers
(1883/1969), com a obra intitulada: <i>Filosofia e Psicologia - O pensamento
fenomenológico existencial de Karl Jaspers</i> (Lisboa: Imprensa Nacional,
2006, 265 p.) e Ortega y Gasset, cujo pensamento filosófico analisou no livro: <i>Introdução
à filosofia da razão vital de Ortega y Gasset</i> (Londrina: CEFIL, 2002, 499
p.).</span><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">BIBLIOGRAFIA</span></b><a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk32425028"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bookmark: _Hlk32425028;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO, José Maurício de. <b><i>A idéia de filosofia em Delfim Santos</i></b>.
Londrina: UEL, 1996. 226 p.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bookmark: _Hlk32425028;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO, José Maurício de. <b><i>Antologia do culturalismo brasileiro -
Um século de filosofia</i></b>.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Londrina: CEFIL,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1998. 300 p.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bookmark: _Hlk32425028;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO, José Maurício de. </span></span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">As idéias
filosóficas e políticas de Tancredo Neves</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">. Belo
Horizonte: Itatiaia, 1994. 198 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>A vida é um mistério, contribuição de José Severiano de
Rezende para a doutrina tradicionalista</i></b>. Londrina: CEFIL, 1999.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>212 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Contribuições contemporâneas à história da filosofia
brasileira</i></b>. Londrina: UEL, 1998. 379 p.; 2a edição revista e ampliada,
Londrina: CEFIL, 1999. 452 p.; 3a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>edição
revista e ampliada, Londrina: CEFIL, 2001. 630 p. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO, José
Maurício de. <b><i>Curso de introdução à História da Filosofia Brasileira</i></b>.
Londrina: UEL, 2000. 446 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Estudos de filosofia clínica, uma abordagem
fenomenológica.</i></b> Curitiba: Ibpex, 2008. 284 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Ética</i></b>. São João Del-Rei: UFSJ, 2010, 240 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Filosofia Clínica, estudos de fundamentação</i></b>.
São João Del-Rei: UFSJ, 2005. 321 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Filosofia Clínica e Humanismo</i></b>. Aparecida:
Ideias e Letras, 2012.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Filosofia da cultura - Delfim Santos e o pensamento
contemporâneo.</i></b> Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999. 150 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Filosofia e Psicologia - O pensamento fenomenológico
existencial de Karl Jaspers</i></b>. Lisboa: Imprensa Nacional, 2006, 265 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>História da filosofia e tradições culturais</i></b>.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. 436 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Introdução à filosofia da razão vital de Ortega y
Gasset.</i></b> Londrina: CEFIL, 2002. 499 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Mauá e a ética saint-simoniana</i></b>. Londrina: UEL,
1997. 293 p. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Miguel Reale, ética e filosofia do direito</i></b>.
Porto Alegre: Edipucrs, 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>O homem e a filosofia</i></b>. Porto Alegre: EDIPUCRS,
1998. 224 p.; 2ª edição revista e ampliada, Porto Alegre: EDIPCURS, 2007.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>236 p. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de (Organizador e autor de dois capítulos). <b><i>Poder e
moralidade</i></b>. São Paulo: Annablume, 2012.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Os caminhos da moral moderna; a experiência
luso-brasileira.</i></b> Belo Horizonte: Itatiaia, 1995. 342 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">CARVALHO,
José Maurício de. <b><i>Situação e Perspectivas da Pesquisa da Filosofia
Brasileira</i></b>. Londrina: UEL/CEFIL, 1995. 81 p.<o:p></o:p></span></div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-85774195273939936112020-05-23T04:05:00.001-07:002020-05-23T04:05:36.454-07:00Pensadores Brasileiros - DENIS ROSENFIELD (1950)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi19fKGVaknz4XvnyWX80W_zc5ZBt2gUPw9fNObTbvsborGVv3UeTBm6NKe4ZjcVP7CN238XyKLk8QoZHi4BHHhiKKMPE-_-8j7AV-ZJzbQrDpN6oPCg4MtHMWk-6s0Id5FDnNzFJnXnd_v/s1600/DENIS+ROSENFIELD+-+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="449" data-original-width="600" height="149" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi19fKGVaknz4XvnyWX80W_zc5ZBt2gUPw9fNObTbvsborGVv3UeTBm6NKe4ZjcVP7CN238XyKLk8QoZHi4BHHhiKKMPE-_-8j7AV-ZJzbQrDpN6oPCg4MtHMWk-6s0Id5FDnNzFJnXnd_v/s200/DENIS+ROSENFIELD+-+2.jpg" width="200" /></a></div>
<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shapetype id="_x0000_t75" coordsize="21600,21600"
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</v:shapetype><v:shape id="Imagem_x0020_1" o:spid="_x0000_i1025" type="#_x0000_t75"
alt="Homem em frente a estante com livros Descrição gerada automaticamente"
style='width:147.75pt;height:110.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:/Users/RICARD~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image001.jpg"
o:title="Homem em frente a estante com livros Descrição gerada automaticamente"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></b><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Denis L.
Rosenfield</span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
nasceu em 21 de novembro de 1950, em Porto Alegre.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Tendo-se graduado em Filosofia no Rio Grande
do Sul, concluiu o doutorado na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne), em
1982. Integrou o Corpo Docente da Pós-Graduação em Filosofia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, tendo sido coordenador desse programa, entre 1985
e 1987. Nessa Universidade, foi o editor da Revista </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Filosofia Política</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">.
Tem participado em inúmeros congressos na sua área de especialidade, no Brasil
e no exterior.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A obra
recentemente publicada por Denis Rosenfield, intitulada: <i>O Estado
fraturado,</i><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> é um balanço, feito à luz
da filosofia política e da sociologia, do drama vivido pelo Estado brasileiro
nas últimas décadas, notadamente, durante o ciclo lulo-petista (2003-2016), que
praticamente desmontou as instituições republicanas, numa maré de corrupção,
fisiologismo, infiltração ideológica marxista-leninista e compadrio. A obra do
professor Rosenfield analisa criticamente o momento mencionado, alargando a sua
visão para as reformas que os Estados europeus sofreram, ao longo do século XX,
centrando a atenção na saga que a social-democracia percorreu nesse século. Em
quatro pontos (I - Democracia e autoridade, II - Autoridade estatal e retórica,
III - O Positivismo e a política científica, IV - A questão democrática), o
autor desenvolve uma análise crítica e historiográfica, que joga luz sobre os
atuais momentos de perplexidade que se abatem sobre a Nação brasileira.</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É deveras
dramática a situação de anomia vivida pelo Estado brasileiro, após o ciclo
lulopetista. Tal situação é assim caracterizada pelo autor: "O resultado é
evidente: a dissolução da autoridade pública e o enfraquecimento do Estado
Democrático de Direito. Ou seja, em nome da democracia e dos direitos humanos,
a própria democracia e os direitos humanos são pervertidos. A autoridade
pública, por sua vez, vem a ser identificada ao exercício arbitrário da força.
A violência fica franqueada aos particulares, que não estão mais obrigados a
seguir nenhuma lei, enquanto o Estado deve renunciar ao monopólio do exercício
da força. Chega-se, paradoxalmente, a uma situação em que policiais não podem
reprimir e juízes não podem punir. Criam-se, assim, condições de dissolução do
Estado e, por via de consequência, da democracia. O próximo passo é a própria
captura do Estado pelo crime organizado, seja em suas formas políticas, seja em
suas formas propriamente criminosas, como é o caso do Rio de Janeiro" [<i>O
Estado fraturado, </i>p. 29].</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O
desmantelamento institucional patrocinado por Lula e o PT produziu efeitos
perversos para a economia do país. Eis a forma em que, sem meias-palavras, o
autor denuncia o desmonte da economia nacional: "Do ponto de vista
econômico, o país sofreu um processo de intervenção estatal progressiva na
seara econômica, sobretudo a partir da segunda metade do segundo mandato do
presidente Lula. O Estado foi apresentado como um Poder demiurgo, capaz de
qualquer realização, conquanto seus recursos fossem, também, apresentados como
ilimitados. A coisa pública poderia ser vilipendiada, pois sempre haveria uma
reparação estatal de tipo financeiro. A economia de mercado passaria, então, a
ser conduzida por esses ditos representantes da vontade ilimitada, como se para
tal tivessem sido eleitos. A Constituição e a lei seriam meros detalhes a serem
considerados ou não, conforme as conveniências políticas e os interesses
particulares. Na perspectiva da encenação política e, sobretudo, de sua
retórica, as aparências democráticas seriam mantidas. De uma forma decidida, o
Brasil acentuou os traços de seu capitalismo de compadrio, evoluindo, se assim
se pode dizer, para um capitalismo de comparsas" [<i>O Estado fraturado</i>,
p. 78].</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A síntese de
todos os males encontra-se, segundo o professor Rosenfield, na morte do
espírito público, que constituiu uma entropia fatal para as perspectivas do
Brasil como Nação. A respeito, frisa o autor: "A noção de coisa pública
desapareceu e veio a ser, mesmo, assim percebida pela sociedade. A classe
política, em seu sentido genérico, passou a ser considerada como composta de
criminosos e aproveitadores dos mais diferentes tipos. Em consequência, a
imagem do Poder Legislativo foi, em muito, enfraquecida. Se uma questão se
coloca a respeito deste Poder é a de que não mais exerce a função de
representação política que deveria ser sua. Em termos institucionais, dir-se-ia
que é um Poder que só mantém capacidade de decisão, no que diz respeito aos
interesses particulares e fisiológicos de seus membros. Não se pode dizer que
eles mantenham, hoje, uma fatia da soberania, de decisão, salvo neste seu
sentido muito particular de consecução de interesses particulares,
desvinculados da cena pública" [<i>O Estado fraturado</i>, p. 79].</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A tarefa de
reconstruir as instituições republicanas, esfaceladas pela aventura criminosa
do PT no poder, foi precariamente cumprida pelo transitório governo de Michel Temer
(1940), em decorrência da presença, no seio do Estado, no atual cenário, de
atores políticos comprometidos com a velha ordem de coisas. Essa presença ficou
clara sobretudo no Parlamento, com a inspiração de não poucos congressistas no
mais descarado fisiologismo, como moeda de troca para a aprovação das reformas
necessárias. Essa pescaria em águas turvas viu-se agravada pela falta de
espírito público de alguns integrantes do Ministério Público e do Judiciário,
que extrapolaram em suas funções de combate à corrupção, movidos por mesquinhos
interesses políticos e defesa de privilégios. Os eventos ocorridos na passagem
de Rodrigo Janot (1956) pela direção da Procuradoria Geral da República, bem
como as confusas e contraditórias decisões do Supremo Tribunal Federal,
embaladas em rocambolesca retórica jurídica, terminaram jogando mais lenha na
fogueira da crise institucional, com grave recado de insegurança jurídica, num
momento em que era necessária firmeza no combate ao crime organizado e à
corrupção. Esperava-se que os agentes do Estado passassem à sociedade uma
mensagem de tranquilidade, no funcionamento das instituições. Ocorreu todo o
contrário e, hoje, nos ressentimos dessa insegurança, que abre as portas para a
ação deletéria do condenado Lula e da sua turma. O imperativo categórico deles
hoje consiste em tornar realidade o princípio de "quanto pior
melhor".</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Qual é a
causa remota, situada na origem do Estado moderno, que, retomada na nossa
tradição republicana, deu ensejo às atuais aventuras do populismo lulopetista,
que se irmanam a outras desgraças vividas, atualmente, por povos
latino-americanos, como o cubano, o venezuelano e o nicaraguense?</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para o
professor Rosenfield, o caminho errado tomado, no Brasil, pelo PT e coligados
decorre de uma deformação da tradição social-democrata, que já tinha acontecido
em alguns países europeus, ao ensejo do esforço de reconstrução no segundo
pós-guerra. Tudo justificado pelo esforço dos governos nacionais para garantir,
às populações famintas, a sobrevivência e o progresso econômico e social. A
velha tradição liberal, que tinha animado aos sociais-democratas, no início do
século XX, com as reformas comandadas, na Alemanha, por Eduard Bernstein (1850-1932),
foi sendo em parte posta de lado, dando ensejo a um estatismo que crescia sobre
os direitos individuais. O professor Rosenfield lembra que para o liberalismo
clássico lockeano, a defesa do indivíduo e dos seus direitos inalienáveis à
vida, à liberdade e à propriedade privada era um ponto sagrado. Esse aspecto,
contudo, passou a ser relativizado, no contexto europeu, por parte de teóricos
da social democracia e se espelhou, também, em concepções jurídicas que tiveram
grande destaque, como a veiculada pelo professor americano John Rawls
(1921-2002) ou na visão de socialismo democrático de líderes como o alemão Willy
Brandt (1913-1992). </span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">De maneira
semelhante, na tentativa em prol de garantir o bem-estar geral, no seio
do <i>Welfare State,</i> os nossos socialistas caboclos consideraram
que o caminho deveria ser o do crescimento descontrolado do Estado, que seria o
natural benfeitor da sociedade e com cujas políticas públicas de distribuição
de renda, via "bolsa família" e outras iniciativas desse teor,
garantir-se-ia o acesso de todos aos bens e serviços essenciais, bem como a
aquisição da casa própria. O Estado de Bem-Estar Social poderia avançar, com
legitimidade, sobre a propriedade dos cidadãos mais abastados, na tentativa de
inaugurar uma nova classe média, com os outrora marginalizados e pobres. </span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Estado
inchado tinha legitimidade para isso, em decorrência das largas cifras
eleitorais com que os candidatos petistas foram contemplados, nas eleições de Luís
Inácio Lula da Silva (1945) e Dilma Vana Rousseff (1947). Gozado como o
Castilhismo, no Rio Grande do Sul, argumentava de forma parecida. Júlio de
Castilhos (1860-1903) e colaboradores defendiam-se, no início da República, da
acusação de terem se desviado do constitucionalismo adotado na Carta de 1891,
com a tradição estatizante que tornou todos os poderes públicos reféns do
Executivo hipertrofiado. Ora, os reformadores castilhistas tinham legitimidade,
pois tinham sido eleitos!</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Estado
teria legitimidade, inclusive, para desmontar qualquer oposição que setores
liberais e conservadores tentassem fazer. As propostas de controle social da
mídia, elaboradas por militantes no governo, como o ex-guerrilheiro Franklin
Martins (1948) achava, pareciam perfeitamente justificáveis. Os petistas foram
eleitos, logo tinham legitimidade para acuar, à margem da lei, as classes mais
favorecidas. Essa carta branca estava na origem não só das políticas sociais
estatizantes desenvolvidas pelos petistas, mas, também, das iniciativas menos
santas de comprar adesões de outros partidos políticos no Congresso, dando
ensejo ao Mensalão. Ora, como os salvadores da Pátria eram eles, poderiam,
também, cooptar, via empréstimos generosos do BNDES, setores do empresariado, a
fim de fazer crescer os "campeões de bilheteria", que, de outro lado,
garantiriam ao partido do governo polpudas comissões com obras sobre faturadas.
Empréstimos do BNDES a governos estrangeiros, que se mostrassem favoráveis às
pretensões hegemônicas do PT, eram plenamente justificáveis. Os militantes petistas
poderiam, até, comprometer, com desvios bilionários, a saúde financeira de uma
próspera estatal como a Petrobrás. Essa foi a origem do Petrolão, denunciado
pela Operação Lava-Jato.</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Considero,
contudo, que o arrazoado do professor Rosenfield não foi completo. Faltou
analisar a fonte primeira dessa tentativa estatizante, surgida no seio do
pensamento social-democrata e dos partidos socialistas em geral. Lembro, a
propósito, que o precursor dos doutrinários, Benjamin Constant de Rebecque (1767-1830),
na obra intitulada: <i>Principes de Politique applicables à tous les
Gouvernements</i>,<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> colocou o dedo na ferida,
quanto atribuiu a Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) a torta ideia de que a soberania
popular não tem limites por ter emergido da "vontade geral". Essa é,
no meu entender, a causa da deturpação do sentido do republicanismo brasileiro,
como deixei exposto em duas obras de minha lavra: <i>Castilhismo, uma
filosofia da República</i> <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> e <a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk32918911"><i>O Republicanismo Brasileiro.</i></a><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span style="mso-bookmark: _Hlk32918911;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bookmark: _Hlk32918911;"> </span></span><span style="mso-bookmark: _Hlk32918911;"></span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ora, quando
os Positivistas derrubaram a Monarquia, fizeram-no a partir da convicção de que
o poder estabelecido não tem limites, pelo fato de encarnar a "vontade
geral", em decorrência do fato de terem sido balizadas as instituições
republicanas na ciência. A aplicação sistemática desse princípio positivista à
política nacional ocorreu por obra de Getúlio Vargas, que foi quem materializou
a ideia da ausência de limites para a soberania, herdado do castilhismo
sul-riograndense. O Estado brasileiro getuliano tornou-se uma entidade
todo-poderosa e mais forte do que a sociedade, pelo fato de ter ancorado na
ciência aplicada, mediante os Conselhos Técnicos Aplicados à Administração.
Essa é a causa de todos os nossos males de deformação do espírito republicano,
que Alexis de Tocqueville (1805-1859) definia como "O reino tranquilo da
maioria", enquanto, no Brasil, passou a identificar-se com ”O reino
intranquilo da minoria".</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">À luz do
Estado tecnocrático todo-poderoso, justificar-se-iam todas as medidas
excepcionais tomadas pelos donos do poder, para financiar as operações do
lulopetismo, como as pedaladas fiscais. E se explica, assim, de outro lado, a
desfaçatez lulista, ancorada na convicção de que não deve prestar contas a
ninguém, pelo fato de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o líder ter sido
eleito pela maioria dos eleitores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ora, a
soberania é limitada e se restringe à gestão do Estado, no sentido de preservar
as leis e instituições que garantem os direitos inalienáveis dos cidadãos, sendo
que, sobre eles, não tem nenhum poder a "vontade geral", expressa no
voto. Esta só se refere à organização e preservação, pelos governantes eleitos,
das Instituições, com a finalidade de garantir os direitos inalienáveis dos
cidadãos, que, em nenhum momento, podem ser espoliados deles.</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt;">BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-right: -2.85pt; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">CONSTANT DE REBECQUE, Henri
Benjamin. <b><i>Principes de Politique applicables à tous les
Gouvernements - Version de 1806-1810</i></b>. Prefácio de Tzvetan Todorov,
introd. de Étienne Hoffmann, Paris: Hachette, 1997.</span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="line-height: 115%; margin-right: -2.85pt; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM, Antônio. “Rosenfield,
Denis L.”. <b><i>Dicionário bio-bibliográfico de autores brasileiros”.</i></b>
Salvador / Bahia; Brasília: Senado Federal, 1999, Coleção Biblioteca Básica
Brasileira, p.426-427.<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk32918165"><o:p></o:p></a></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bookmark: _Hlk32918165;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD, Denis L. </span></span><b><i><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">A
questão da democracia</span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">. São Paulo: Brasiliense, 1984.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Del mal</i></b>. México: Fondo de Cultura Económica, 1993.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">D
ROSENFIELD, Denis L. <b><i>Do mal: para introduzir em filosofia o conceito de
mal</i></b>. Porto Alegre: L & PM, 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Descartes e as peripécias da razão.</i></b> São Paulo:
Iluminuras, 1996.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Du mal</i></b>. Paris: Aubier, 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Ética na política.</i></b> São Paulo: Brasiliense, 1992.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Filosofia política e natureza humana</i></b>. Porto Alegre:
L&PM, 1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Introdução ao pensamento político de Hegel</i></b>. Buenos
Aires: Almagesto, 1995.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Lições de filosofia política: o estatal, o público e o privado</i></b>.
Porto Alegre: L&PM, 1996.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Métaphysique et raison moderne</i></b>. Paris: Vrin, 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>O Estado fraturado – Reflexões sobre a autoridade, a democracia
e a violência. </i></b>Rio de Janeiro: Topbooks, 2018, 273 p.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>O que é democracia</i></b>. São Paulo: brasiliense, 1984.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Política e liberdade em Hegel</i></b>. São Paulo:
Brasiliense,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1983. 2ª edição. São Paulo:
Ática, 1995.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Política y libertad</i></b>. (tradução ao espanhol). México:
Fondo de Cultura Económica, 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">ROSENFIELD,
Denis L. <b><i>Politique et liberté: Structure logique de la philosophie du
Droit de Hegel</i></b>. Paris: Aubier, 1984. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="line-height: 115%; margin-right: -2.85pt; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo. <b><i>Castilhismo,
uma filosofia da República</i></b>. 2ª edição. Apresentação de Antônio Paim.
Brasília: Senado Federal, 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -2.85pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo</span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">. </span><b><i><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Republicanismo Brasileiro. </span></i></b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Londrina:
Instituto de Humanidades, 2012, (edição digital). <o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b>NOTAS</b></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftnref1" title=""><!--[endif]--></a></span></span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Cf. PAIM,
Antônio. “Rosenfield, Denis L.”. <b><i>Dicionário bio-bibliográfico de autores
brasileiros”.</i></b> Salvador / Bahia; Brasília: Senado Federal, 1999, Coleção
Biblioteca Básica Brasileira, p.426-427.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
ROSENFIELD, Denis L. <b><i>O Estado fraturado – Reflexões sobre a autoridade, a
democracia e a violência. </i></b>Rio de Janeiro: Topbooks, 2018, 273 p.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span><a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk32919304"><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">CONSTANT DE REBECQUE, Henri Benjamin <b><i>Principes
de Politique applicables à tous les Gouvernements - Version de 1806-1810</i></b>,
prefácio de Tzvetan Todorov, introd. de Étienne Hoffmann, Paris: Hachette, 1997.</span></a><span style="mso-bookmark: _Hlk32919304;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> VÉLEZ
RODRÍGUEZ, Ricardo. <b><i>Castilhismo, uma filosofia da República</i></b>. 2ª
edição. Apresentação de Antônio Paim. Brasília: Senado Federal, 2010.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2019%20-DENIS%20LERRER%20ROSENFIELD%20(1950).docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
VÉLEZ RODRÍGUEZ, Ricardo. </span><b><i><span style="color: black; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O
Republicanismo Brasileiro</span></i></b><span style="color: black; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> (Londrina:
Instituto de Humanidades, 2012, edição digital). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-46441890079496890202020-05-22T04:29:00.000-07:002020-05-22T04:29:53.736-07:00Pensadores Brasileiros - CONSTANÇA MARCONDES CÉSAR (1945)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisiOqYteCfhijk4b7X_Lx1dDnMpcb0ZpdS3E5uDl7uxpS-LSjO2r_KtD7bW2wzctJBPno2rRGj20I1-6lr8bng8zYGg4cxKxNshz2IC-7eGptr9P42cCeRurm4C9SLl0v3awQm28OHW7eX/s1600/CONSTAN%25C3%2587A+MARCONDES+C%25C3%2589SAR+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisiOqYteCfhijk4b7X_Lx1dDnMpcb0ZpdS3E5uDl7uxpS-LSjO2r_KtD7bW2wzctJBPno2rRGj20I1-6lr8bng8zYGg4cxKxNshz2IC-7eGptr9P42cCeRurm4C9SLl0v3awQm28OHW7eX/s1600/CONSTAN%25C3%2587A+MARCONDES+C%25C3%2589SAR+3.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Constança
Marcondes César<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a>
nasceu em São Paulo, em 1945. Concluiu o Curso de Filosofia na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, em 1966. Muito jovem ainda, com 21 anos de
idade, iniciou a sua carreira no magistério, em escolas secundárias, tendo
ingressado, pouco depois, no ensino superior. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Foi
professora assistente na Faculdade Paulista de Serviço Social e, a partir de
1970, desenvolveu o seu magistério na Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Nessa Universidade, foi vice-diretora do Instituto de Filosofia e Teologia, bem
como coordenadora da pós-graduação em Filosofia, tendo integrado vários
conselhos acadêmicos da citada Universidade. Pertenceu ao grupo que criou a
Revista <i>Reflexão</i>, tendo desempenhado a função de editora responsável. Completou
o Curso de Doutorado em Filosofia na PUC de São Paulo, em 1973, e prestou
concurso de livre-docência na PUC de Campinas, em 1981. Fez pós-doutoramento na
Universidade de Toulouse, na França.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Pertence
a várias entidades culturais, como o Instituto Brasileiro de Filosofia, o
Instituto de Filosofia Luso-Brasileira (com sede em Lisboa), a <i>Société
Toulousaine de Philosophie</i> e a <i>Associação Internacional</i> <i>Cosmos
and Philosophy</i>. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Participa, também,
da <i>Sociedade Fenomenológica Internacional</i>. Após a sua aposentadoria na
PUC de Campinas, em 2012, foi professora visitante do Departamento de Filosofia
da Universidade Federal de Sergipe, em Aracajú. A sua atividade de pesquisa é
intensa, junto às entidades nas quais tem colaborado como docente de
pós-graduação, tendo desempenhado funções de orientadora de teses e
dissertações e, também, tendo participado de diversos congressos internacionais
na área de sua especialidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nos dias
25 e 26 de Maio de 2012 teve lugar, Na UNIMEP, Piracicaba - São Paulo, um colóquio
em homenagem à professora Constança Marcondes César. A seguir, é reproduzido o
texto que preparei para abrir o mencionado evento. Coube-me a alegria, e a
honra, de abrir esse evento em homenagem à querida amiga Constança Marcondes
César. Já lá se vão várias décadas desde esse remoto ano de 1978, quando tive,
com ela, o primeiro contato, ao ensejo de número especial da Revista <i>Reflexão</i>,
que ela coordenava na PUC de Campinas, para o qual a minha amiga pedia-me colaboração,
a respeito da temática do positivismo na realidade brasileira. Nessa época, eu
trabalhava na Colômbia, como pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa da
Universidade de Medellín.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Interessava-me
iniciar, nessa Universidade, programa de pós-graduação em História das Idéias
Filosóficas na América Latina. Levou-me a pensar nesse programa o fato de ter
cursado, entre 1973 e 1974, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, o mestrado em Pensamento Brasileiro (com bolsa da Organização dos Estados
Americanos). Esse programa foi organizado pelos caros amigos Antônio Paim e
Celina Junqueira e funcionou, entre 1972 e 1979, ano em que foi fechado por
pressão do MEC, atendendo a interesses político-partidários de antigos
militantes da Ação Popular Marxista-Leninista. Essas pessoas achavam incômodo o
fato de o mencionado programa ter iniciado pesquisa sobre a evolução das idéias
filosóficas no Brasil contemporâneo, abrangendo a obra do padre Henrique
Cláudio de Lima Vaz (1921-2002), inspirador da AP. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Pois bem:
eu considerava que a Universidade colombiana poderia dar uma contribuição ao
estudo das idéias filosóficas, no âmbito latino-americano, instituindo um
programa de pós-graduação <i>stricto sensu</i>. Outras Universidades da
Colômbia, aliás, por essa época, cogitavam iniciar programas semelhantes,
notadamente a Universidade Santo Tomás, de Bogotá, coordenada pelos padres
dominicanos. Elaborei, então, proposta de criação do mencionado programa, que
foi acolhida pela Reitoria da Universidade de Medellín e pelo Conselho Diretivo
da mesma. Corria, então, o ano de 1975. Estabeleci contato com o sub-secretário
para assuntos culturais da Organização dos Estados Americanos, em Washington, o
professor paranaense Armando Correia Pacheco (1915-2001), que se mostrou
interessado em apoiar a minha proposta. A Organização dos Estados Americanos
concederia algumas bolsas para estudantes latino-americanos cursarem, na
Universidade de Medellín, o mestrado em História das Idéias Filosóficas na
América Latina, complementando, assim, a iniciativa que tinha sido iniciada
pela PUC do Rio de Janeiro, com o mestrado em Pensamento Brasileiro, que tinha
recebido, também, apoio da OEA. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na
obtenção do apoio desta Organização, para o meu projeto, foi de particular
importância a opinião favorável do, então, reitor da Universidade de Medellín,
professor Orion Alvarez Atehortúa (1930-1994), que tinha desempenhado,
anteriormente, o cargo de <i>expert</i> do Banco Mundial, junto aos governos de
vários países latino-americanos. A minha proposta teve, também, acolhida da parte
de Antônio Paim (1927) e do saudoso Ubiratan Borges de Macedo (1936-2007), que exercia
as funções de representante brasileiro perante a Escola Interamericana de
Defesa, em Washington.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Como
a criação do curso de pós-graduação em História das Idéias Filosóficas na
América Latina precisava do aval do Ministério da Educação da Colômbia, a
Universidade de Medellín submeteu a esse órgão a proposta de minha autoria. O
relator do respectivo processo foi o então vice-ministro de Educação, um
furibundo heideggeriano que achava que só se podia filosofar em alemão. A minha
proposta, em que pese a acolhida da Universidade de Medellín e da Organização
dos Estados Americanos, foi definitivamente engavetada pelo Ministério da
Educação do país andino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A guerra
do narcotráfico tinha entrado, na Colômbia, a partir de meados dos anos 70,
numa etapa de perigosa escalada que terminou cobrando inúmeras vidas, ao longo
dessa década. Somente em 1978, por exemplo, na Universidade de Antioquia, a
maior de Medellín, com cerca de 40 mil estudantes, onde eu lecionava a
disciplina História das Idéias Políticas na América Latina, foram assassinados
18 professores de várias tendências políticas. Achei conveniente passar uma
temporada no Brasil, aproveitando para cursar o Doutorado em Pensamento
Luso-Brasileiro, no novo programa que acabava de ser iniciado na Universidade
Gama Filho, do Rio de Janeiro. Pedi, então, uma licença às Universidades onde
trabalhava e vim ao Rio de Janeiro para cursar o Doutorado, no início de 1979.
Como não tinha bolsa, comecei a trabalhar, em São Paulo, como pesquisador da
Sociedade Brasileira de Cultura, Convívio, dirigida pelo saudoso Adolpho Crippa
(1929-2000), que me liberou, parcialmente, para cursar no Rio as disciplinas do
Doutorado. Terminei o curso em 1982, com a tese intitulada: <i>Oliveira Vianna
e o papel modernizador do Estado brasileiro,</i></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span></sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">sob a
orientação de Antônio Paim, (que já tinha orientado, aliás, a minha dissertação
de mestrado, que levou como título: <i>A filosofia política de inspiração positivista</i>,
na qual estudei o pensamento de Júlio de Castilhos (1860-1903) e da primeira
geração castilhista, integrada por Borges de Medeiros (1863-1961), Pinheiro
Machado (1851-1915) e Getúlio Vargas (1883-1954).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em São Paulo,
entrei em contato com a professora Constança. Conversando com ela acerca dos
nossos projetos acadêmicos, contei-lhe o que tinha acontecido na Colômbia com o
meu programa de mestrado em História das Idéias Filosóficas na América Latina.
Ela mostrou-se interessada em apresentar à PUC de Campinas, onde trabalhava, um
projeto dessa índole. Fiquei empolgado com essa possibilidade e elaborei
proposta semelhante à que tinha apresentado, anos atrás, à Universidade de
Medellín. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A
professora Constança programou, em Campinas, algumas reuniões de trabalho com
os seus colegas de Departamento. Encontrei, neles, um ambiente aberto para a
iniciativa. Aperfeiçoei, com ela, o projeto inicial, que ficou pronto em
fins de 1979, tendo sido apresentado, imediatamente, à PUC de Campinas.
Paralelamente, entrei em contato com o professor Armando Correia Pacheco em
Washington, e o coloquei a par do que então se passava. Ele, imediatamente, aceitou
apoiar, desde a sub-secretaria de assuntos culturais da OEA, o novo projeto,
oferecendo bolsas para estudantes latino-americanos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Alguns meses
depois, em 1980, fiquei sabendo, no entanto, pela minha amiga Constança, que o
projeto de Mestrado em História das Idéias na América Latina tinha ficado sob a
coordenação de outro professor da PUC de Campinas, que nada tinha a ver com a
proposta inicial, tendo sido ela alijada do mesmo. O nosso projeto tinha virado
motivo de rixa burocrática, o que, para a professora Constança e para mim,
estava fora de cogitação. Desta forma, terminou sendo engavetado, novamente, o
projeto acalentado. A causa foi a mesma: a incompreensão, por parte dos burocratas,
da importância de um projeto acadêmico aberto ao estudo do pensamento latino-americano.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Constança
continuou, no entanto, fiel à idéia de estudar, de forma sistemática, a
história das idéias filosóficas na América Latina. Foi assim como publicou, em
1980, a sua obra intitulada: <i>Filosofia na América Latina</i></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, que
constitui uma das primeiras contribuições brasileiras nesse terreno. Ainda
neste campo, Constança estabeleceu estreitos nexos de colaboração com o estudioso
francês da história do pensamento latino-americano, Alan Guy, da Universidade
de Toulouse-le-Mirail. Como fruto dessa colaboração, vários estudos da
Constança sobre o pensamento latino-americano, português e brasileiro foram
publicados na França, notadamente os seus escritos sobre Vicente Ferreira da
Silva (1916-1963). Dessa estreita colaboração com a mencionada Universidade
francesa, surgiu a idéia de Constança doar, ao acervo daquela instituição, a
sua biblioteca particular, o que foi feito, tendo a minha amiga recebido
calorosas e justas homenagens das autoridades acadêmicas dessa Universidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Constança
é, hoje, junto com Zdenek Kourim (1932), o mais importante elo de ligação entre
as Universidades francesas e o Brasil, no que tange à pesquisa da história do
pensamento brasileiro e latino-americano. Constança Marcondes Cesar dedicou
estudos importantes ao aprofundamento da filosofia francesa contemporânea,
destacando-se os seus trabalhos sobre Paul Ricoeur (<i>Paul Ricoeur – Ensaios</i>,<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a>
obra da qual é organizadora), as linhas mestras do pensamento hermenêutico (<i>A
hermenêutica francesa</i>)<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a>,
a estética de Bachelard (<i>Bachelard, ciência e poesia</i>)<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a>,
a antropologia filosófica francesa (<i>Crise da liberdade em Merleau-Ponty e
Paul Ricoeur</i>)<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a>,
o pensamento de Sartre no seu contexto histórico (<i>Sartre e os seus
contemporâneos</i>),<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a><b><i>
</i></b>obra organizada juntamente com Marly Bulcão (1939). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No
terreno mais largo da filosofia européia contemporânea, é de capital
importância a obra que a nossa pesquisadora dedica ao pensamento grego, centrada
no estudo do filósofo Evanghelos Moutsopoulos (1930), na obra intitulada: <i>Filosofia
da cultura grega - Contribuição para o estudo do pensamento neo-helênico
contemporâneo</i>.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No
terreno específico dos estudos da filosofia luso-brasileira, coube a Constança
formular a valiosa hipótese da existência da “Escola de São Paulo” (<i>O grupo
de São Paulo</i>),<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[10]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a>
que teria se formado ao redor do pensamento de Vicente Ferreira da Silva e que
abarcou expoentes portugueses da filosofia hermenêutica, como Agostinho da
Silva (1906-1994) e Eudoro de Souza (1911-1987). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É de
incalculável valor a participação da professora Constança nos Colóquios
Luso-brasileiros de Filosofia, os quais, ao longo dos últimos vinte anos, têm
sido desenvolvidos por iniciativa do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira,
sob a coordenação de António Braz Teixeira (1936) e José Esteves Pereira (1944)
e com a colaboração decisiva do saudoso Luís Antônio Barreto (1944-2012),
Leonardo Prota (1930-2016), José Maurício de Carvalho (1957) e Antônio Paim
(1927). Os trabalhos apresentados por Constança Marcondes César, nesses
eventos, aparecem, entre outras obras de sua lavra, nas seguintes: <i>Natureza,
cultura e meio-ambiente</i>,<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[11]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a>
e <i>Papéis filosóficos</i>.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><sup><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[12]</span></sup></span><!--[endif]--></span></span></sup></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os centos
de páginas dos <i>Anais</i> desses eventos, bem como a volumosa obra, a que deu
ensejo, a colaboração entre pesquisadores portugueses e brasileiros e que eclodiu
na <i>Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia</i> (publicada em Lisboa entre
1989 e 1992), dão testemunho inegável da grande fecundidade do pensamento
luso-brasileiro, terreno no qual Constança Marcondes Cesar ocupa, de direito,
lugar de primeira importância.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center">
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 0cm; mso-padding-alt: 0cm 0cm 0cm 0cm; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody>
<tr style="height: 296.3pt; mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="height: 296.3pt; padding: 0cm 0cm 0cm 0cm;">
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A obra
de Constança Marcondes César ainda está para ser estudada de forma
sistemática. O seu pensamento, além da seara luso-brasileira e
latino-americana, tem se espraiado pelos campos férteis da filosofia francesa
e da estética contemporânea. Testemunho desse interesse da nossa autora, nos
terrenos mencionados são, como já foi frisado, os seus estudos sobre Paul
Ricoeur (1913-2005), bem como os seus trabalhos sobre estética. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Pela
relevância que a figura de Constança Marcondes Cesar tem, hoje, para o
pensamento filosófico luso-brasileiro proponho, aos confrades do Instituto de
Filosofia Luso-brasileira, que a sua obra seja objeto de estudo num dos
nossos próximos Colóquios Luso-Brasileiros. Nada mais justo para reconhecer o
trabalho desta incansável pesquisadora das idéias filosóficas em Portugal, no
Brasil, e na América Latina.</span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: white; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-color-alt: windowtext;">BIBLIOGRAFIA</span></b><b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><o:p> <b>BIBLIOGRAFIA</b></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><o:p><b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes<b><i>. A hermenêutica francesa: Bachelard. </i></b>São Paulo:
Alínea, 1996.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes. <b><i>Bachelard, Ciência e Poesia</i></b>. São Paulo:
Paulinas, 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes. <b><i>Crise da Liberdade em Merleau-Ponty e Paul Ricoeur. </i></b>Aparecida-SP:
Ideias e Letras, 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes<b><i>. Filosofia na América Latina.</i></b> São Paulo:
Paulinas, 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes<i>. <b>Filosofia da cultura grega – Contribuição para o
estudo do pensamento neo-helênico contemporâneo</b></i>. Aparecida-SP: Ideias e
Letras, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes. <b><i>Natureza, cultura e meio ambiente</i></b>. São
Paulo: Alínea, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes<b><i>. O grupo de São Paulo.</i></b> Lisboa: Casa da Moeda,
2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes. <b><i>Papéis filosóficos</i></b>. Londrina: UEL, 1999.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">CÉSAR,
Constança Marcondes<b><i>. Sartre e os seus contemporâneos</i></b>. Aparecida-SP:
Ideias e Letras, 2008, (obra em colaboração com Marly BULCÃO).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">César. Constança
Marcondes. <b><i>Vicente Ferreira da Silva: trajetória intelectual e
contribuição filosófica.</i></b> Campinas: Pontifícia Universidade Católica,
1980, 186 f. mimeografadas (Tese).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk32819550"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">PAIM,
Antônio. “CÉSAR, Constança Marcondes”. <b><i>Dicionário biobibliográfico de
autores brasileiros</i></b>. Brasília: Senado Federal, 1999, Coleção Básica
Brasileira, p. 153-154.</span></a><span style="font-family: "Verdana",sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">RICOEUR,
Paul. <b><i>Ensaios.</i></b> São Paulo: Paulus, 1988. Obra traduzida e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>organizada por Constança Marcondes César.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo. <b><i>Oliveira Vianna e o papel modernizador do Estado
brasileiro</i></b>. Londrina: Editora UEL, 1997.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b>NOTAS</b></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref1" title=""><!--[endif]--></a></span></span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> Cf. PAIM, Antônio. “CÉSAR, Constança
Marcondes”. <b><i>Dicionário biobibliográfico de autores brasileiros</i></b>.
Brasília: Senado Federal, 1999, Coleção Básica Brasileira, p. 153-154.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> VÉLEZ Rodríguez, Ricardo. <b><i>Oliveira
Vianna e o papel modernizador do Estado brasileiro</i></b>. Londrina: Editora UEL,
1997.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> César, Constança Marcondes<b><i>.
Filosofia na América Latina.</i></b> São Paulo: Paulinas, 1988.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> RICOEUR, Paul. <b><i>Ensaios.</i></b> São
Paulo: Paulus, 1988. Obra traduzida e <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>organizada por Constança Marcondes César.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> CÉSAR, Constança Marcondes<b><i>. A
hermenêutica francesa. </i></b>São Paulo: Alínea, 1996.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> CÉSAR, Constança Marcondes. <b><i>Bachelard,
Ciência e Poesia</i></b>. São Paulo: Paulinas, 1989. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> CÉSAR, Constança Marcondes. <b><i>Crise da
Liberdade em Merleau-Ponty e Paul Ricoeur. </i></b>Aparecida-SP: Ideias e
Letras, 2011.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> CÉSAR, Constança Marcondes e Marly BULCÃO<b><i>.
Sartre e os seus contemporâneos</i></b>. Aparecida-SP: Ideias e Letras, 2008.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> CÉSAR, Constança Marcondes<i>. <b>Filosofia
da cultura grega – Contribuição para o estudo do pensamento neo-helênico contemporâneo</b></i>.
Aparecida-SP: Ideias e Letras, 2008.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri;">CÉSAR, Constança Marcondes<b><i>. O
grupo de São Paulo.</i></b> Lisboa: Casa da Moeda, 2000.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> CÉSAR, Constança Marcondes. <b><i>Natureza,
cultura e meio ambiente</i></b>. São Paulo: Alínea, 2006.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2018%20-%20CONSTAN%C3%87A%20MARCONDES%20C%C3%89SAR%20(1945).doc#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri;"> CÉSAR, Constança Marcondes. <b><i>Papéis
filosóficos</i></b>. Londrina: UEL, 1999.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-84390049247386228182020-05-21T06:22:00.000-07:002020-05-21T06:22:22.458-07:00Pensadores Brasileiros - LEONARDO PROTA (1930-2016)<br />
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1gZHrAeTW2n2DgiGXxxeZurN1bmnEmzGSXixrUa2scfWWbj7Y9takRWyKOsqe_vBtDpOklXO1HbRg4gpA6qKBH8rnk2s5EgWw9cUr_moG4_geV1rdNRQZm-KgBstTigAWTvdN28UWJ_d0/s1600/LEONARDO+PROTA+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="317" data-original-width="262" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1gZHrAeTW2n2DgiGXxxeZurN1bmnEmzGSXixrUa2scfWWbj7Y9takRWyKOsqe_vBtDpOklXO1HbRg4gpA6qKBH8rnk2s5EgWw9cUr_moG4_geV1rdNRQZm-KgBstTigAWTvdN28UWJ_d0/s200/LEONARDO+PROTA+1.jpg" width="165" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não há dúvida de que Leonardo Prota (1930-2016) foi um dos
mais destacados representantes da corrente culturalista que, ancorada no
neokantismo, deitou as bases para um estudo detalhado da filosofia moderna,
tentando destacar os aspectos diferenciadores entre as várias meditações
nacionais. O seu livro intitulado: <i>As Filosofias Nacionais e a questão da
universalidade da Filosofia</i> [Londrina: Edições CEFIL / UEL, 2000] é prova
suficiente da sua profundidade e da maneira adequada em que incorporou os
conceitos fundamentais da reflexão neokantiana, notadamente da proveniente da
obra de Nicolai Hartmann (1882-1950) e Rodolfo Mondolfo (1877-1976).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em boa hora
apareceu a contribuição de Prota, num momento em que a meditação filosófica
brasileira se achava, do ângulo da produção acadêmica, presa, ainda, ao modismo
intelectual representado pela filosofia analítica, que já foi superado na
Europa e nos Estados Unidos, mas que, no Brasil, constituiu a moda filosófica
predominante. O vício analítico poder-se-ia identificar com o que José Ortega y
Gasset (1883-1955) chamava de "a barbárie do especialismo"[1984:
147-149], que sacrifica o sentido profundo dos textos filosóficos à análise
lingüística. Só é filosófica, para a mencionada moda, a análise asséptica dos
textos, com pontos, vírgulas e firulas hermenêuticas, não a sua inserção no
contexto histórico da civilização ocidental, interessando, muito menos ainda, o
significado que deles se possa deduzir para as nossas perplexidades históricas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ainda menos
filosófica é, para os ditadores da moda filosófica analítica, o estudo dos
autores brasileiros, levando em consideração a forma em que eles traduziram, em
reflexões originais, a ilustração das nossas inéditas condições históricas, à
luz da tradição filosófica ocidental. No final do século XX, era desolador o
panorama dos quatorze programas de pós-graduação <i>stricto sensu</i>
existentes no nosso país. O Ministério da Educação tinha conseguido a façanha
de castrá-los de toda criatividade, tornando-os, apenas, repetição do que se
dizia na Europa ou alhures, no contexto do complexo neocolonial típico da nossa
cultura. Previamente já tinham sido exorcizados aqueles programas que, como os
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (entre 1972 e 1979), da
Universidade Gama Filho (entre 1979 e 1989) e da Universidade Federal de Juiz
de Fora (entre 1984 e 1994), dedicavam-se a estudar o pensamento dos filósofos
brasileiros e portugueses. Os "consultores" da CAPES baixaram com
toda fúria em cima deles, obrigando as respectivas Universidades a cancelá-los,
por não se ajustarem às diretrizes analíticas dominantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A meditação
de Leonardo Prota tem o inegável mérito de ter identificado os <i>Leitmotivs</i>
que inspiram as principais correntes filosóficas na época moderna, dando ensejo
às filosofias nacionais. Retoma o pensador brasileiro, assim, o profícuo
trabalho de identificação das raízes filosóficas da modernidade, tarefa que já
tinha sido iniciada, entre nós, por Miguel Reale (1910-2006), Antônio Paim
(1927), Luís Washington Vita (1921-1968), João Cruz Costa (1904-1978), etc., e
que, no seio da meditação portuguesa contemporânea, encontrou contribuições de
grande valor na obra de pensadores como Eduardo Soveral (1927-2003) ou António
Braz Teixeira (1936).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A finalidade
deste trabalho é simples: mostrar a base sobre a qual se alicerça, do ângulo
epistemológico, o trabalho de historiador da filosofia de Leonardo Prota. Como
frisei anteriormente, o nosso autor louva-se das contribuições de Nicolai
Hartmann e Rodolfo Mondolfo. Resumirei a posição de ambos os autores europeus,
a fim de mostrar de que maneira foi justificada, no século XX, a concepção da
filosofia como discussão de problemas. Continuarei a exposição analisando a
forma em que Leonardo Prota entende a Filosofia Moderna como discussão de
alguns problemas peculiares; mostrarei, logo, como ele interpreta os autores,
obras e vertentes da Filosofia Moderna. Terminarei resumindo a concepção de
Prota acerca da formação das Filosofias Nacionais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>I -</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <b>Lineamentos
gerais da posição de Nicolai Hartmann acerca da meditação filosófica como
discussão de problemas.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nicolai
Hartmann foi quem primeiro assinalou o papel dos problemas na meditação
filosófica. O seu pensamento estruturou-se a partir dos postulados da Escola de
Marburgo, mas acabou por se separar do idealismo lógico daquela Escola, bem
como do neokantismo, por influência imediata de Edmund Husserl (1859-1938) e Max
Scheler (1874-1928), mas também, segundo o próprio filósofo destaca, graças à
retomada, por ele, da antiga tradição metafísica presente na obra de
Aristóteles (384-322 a.C.). Hartmann destaca que, na elaboração da sua proposta
filosófica, influiu a leitura das obras de Immanuel Kant (1724-1804) e de G. W.
Hegel (1770-1931), notadamente no que tange à discussão das raízes ontológicas
que são pressupostas no pensamento desses filósofos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A formulação
de uma nova ontologia amadurece, no pensamento de Hartmann, por volta de 1919.
As primeiras obras nas quais o autor expôs essa teoria são: <i>Metaphysik der
Erkenntnis</i> (1921) e <i>Ethik</i> (1925). Nos anos seguintes, Nicolai
Hartmann publicou a sua obra dedicada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>à
lógica, sob o título de: <i>Studien zur Logik</i> (1931 a 1944), cujo
manuscrito terminou se perdendo no meio à agitação vivida na Alemanha, no final
da II Guerra Mundial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não há
dúvida de que Hartmann é um dos autores que mais influíram na filosofia do
século XX. Possuía o que denominaríamos, hoje, de ética da responsabilidade
intelectual, num meio em que pairavam as idéias do totalitarismo e da
despersonalização. Dessa inspiração ética, profundamente enraizada na tradição
kantiana, dão testemunho as suas palavras: "não há nenhuma consciência
acima da pessoa singular". Ou estas outras: "só o espírito pessoal é
dotado de intuição, de capacidade de assinalar fins e de orientação". Essa
sua enraizada convicção intelectual levou-o a não ceder nunca às modas
intelectuais, se norteando, unicamente, pela procura renovada da verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A essência
da posição de Hartmann, no que tange à teoria do conhecimento, consiste na
afirmação do caráter histórico dos grandes problemas da Filosofia, que
constituem problemas-limite, comuns a todas as ciências, e que são, no fundo,
problemas metafísicos atrelados a um núcleo irracional e insolúvel. Hartmann
utilizou, na sua meditação, o método fenomenológico, mas desatrelando-o da
redução transcendental, tendo unicamente adotado a redução ao eidos. Graças a
isso, para Hartmann, o fenômeno não exclui a aporética, mas, pelo contrário,
torna possível o acesso à Filosofia. À descrição fenomenológica segue-se, em
primeiro lugar, para Hartmann, a prática dos métodos analítico e dialético, que
constituem uma perspectiva de caráter horizontal dos fenômenos (livre da
dimensão triádica da dialética hegeliana); em segundo lugar, vem o método
sintético que, no nível mais alto da intuição, possibilita a unificação das
categorias, dando ensejo à descoberta de todos os atos alicerçados em outros de
nível inferior. Nicolai Hartmann conferiu tal grau de importância<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ao método eidético, que terminou confundido
redução ao eidos com a própria epoché fenomenológica. A respeito dessa
confusão, afirma o autor, na sua obra <i>Der Aufbau der realen Welt</i>:
"só por isso pode a intuição das essências, abstraindo do acidental,
ganhar a essência a partir do singular; este processo é a redução
fenomenológica" [cf. Fraga, 1990: 2, 1010-1014].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Contrariando
a doutrina husserliana, Hartmann retoma o conceito de coisa em si e, ao
contrário da Escola de Marburgo, afirma um ponto de vista realista, no sentido
de que o objeto descrito no conhecimento transcende à própria consciência. A
sua teoria do conhecimento abre a porta, destarte, à ontologia, cujos aspectos
essenciais são os seguintes: o ente em si mesmo, apreendido no processo do
conhecimento, dá-se-nos diretamente no fenômeno do ser. A metafísica, pensa
Hartmann, já não pode ser uma doutrina de sistemas; nisso o pensador alemão
recolhe a crítica levada a cabo por Hume (1711-1776) e Kant. A metafísica
somente pode ser possível como uma ontologia crítica. Na sua obra intitulada: <i>Zur
Grundlegung der Ontologie</i> (1935), o autor propõe as quatro investigações
básicas da sua ontologia. Destaquemos, apenas, as duas mais caraterísticas, que
tratam da relação de essência e existência e do problema do ser ideal e da sua
relação com o ser real.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No que tange
à pesquisa da relação da essência com a existência, Hartmann dá destaque à
apreensão da existência sobre a afirmação da essência. A respeito, afirma:
"A existência da árvore no seu lugar é uma essência da floresta, a
floresta seria outra sem ela; a existência do ramo na árvore é uma essência da
árvore. (...). A existência de uma coisa é, simultaneamente, essência de
outra". De outro lado, "a essência da folha é a existência da
nervura, a essência do ramo é a existência da folha, etc.". O realismo de
Hartmann, chamado pelos seus críticos de voluntarista, e que recebe a
influência de Scheler e de Dilthey (1833-1911) destaca a experiência do próprio
eu: a afirmação mais clara do ser-em-si, é-nos dada pela existência dos nossos
atos emocionais-transcendentes, notadamente, aqueles que "se deixam isolar
e analisar" (que são os receptivos, os prospectivos e os espontâneos).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No que tange
à investigação de Hartmann acerca do problema do ser ideal e da sua relação com
o ser real, o pensador alemão destaca que o ser ideal não é o ser do
pensamento, mas é o ser das essências, das formações ideais da matemática e dos
valores. O caminho pelo qual pode ser provada a idealidade do ser ideal é o da
essência do apriori, observável na relação da matemática pura à aplicada, bem
como na indiferença das essências para com os casos reais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O cerne da
ontologia de Hartmann é a sua teoria dos modos de ser ou análise modal, que o
pensador alemão expõe na obra intitulada: <i>Mögichkeit und Wirklichkeit</i>
(1938). Nesta obra, o pensador explica as leis fundamentais que regulam as
relações de possibilidade e realidade, necessidade e acidentalidade, impossibilidade
e não realidade. A lei real da necessidade é formulada nos seguintes termos:
"o que é realmente possível também é realmente necessário". Essa lei
deriva do antigo princípio metafísico de que o ser não pode provir do não ser
ou, em outros termos, de que a possibilidade do ser não é, simultaneamente,
possibilidade do não ser. Hartmann formula, ademais, a lei "de
identidade", que reza assim: "as condições de possibilidade real de
uma coisa são, simultaneamente, as condições da sua necessidade real".
Esta lei exprime uma convicção contrária ao conceito popular de possibilidade,
que foi aceito pela ontologia tradicional, desconhecendo o rigor que os pré-socráticos
(de Megara) conferiam ao conceito de possibilidade. A lei real da necessidade
não implica, no entanto, para Hartmann, um determinismo total do mundo, mas
apenas o que ele denomina de uma sobreposição de várias formas de determinação
[cf. Fraga, 1990: 2, 1010-1014].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em que pese
o fato da concessão que Hartmann faz à perspectiva realista na sua ontologia
(difícil de justificar teoricamente, uma vez aceitos os princípios do neokantismo),
um aspecto, contudo, deve ser ressaltado: em face da complexidade do mundo, é
necessário reconhecer que o pensamento moldado em sistemas está fora de jogo. A
respeito, escreve o filósofo alemão em <i>Autoexposição sistemática</i>
[Hartmann, 1989: 4]: "Explicar o espírito a partir da matéria ou entender
a matéria a partir do espírito, o ser a partir da consciência; reduzir o
organismo ao mecanismo ou fazer passar o acontecer mecânico por uma vitalidade
encoberta, tudo isso e muito mais é, hoje, uma coisa impossível de se realizar.
Isso contradiz, já nos primeiros passos, o que, com segurança, sabemos nos
domínios especiais. O pensamento construtivo ficou fora de jogo".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Embora os
pensadores contemporâneos não renunciem a uma busca de nexo sistemático entre
os fenômenos, Hartmann considera, no entanto, que essa pressuposição deve ser
abandonada como ponto de partida. O que a meditação filosófica faz, no seu
início, é tomar consciência de uma complexidade do mundo, que o autor alemão
não duvida em identificar como perspectiva problemática do pensar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ao
pensamento sistemático construtivo, Hartmann contrapõe o pensamento
problemático investigador. Essas duas grandes linhas epistemológicas são
claramente identificáveis na história da Filosofia ocidental. Embora
encontremos pensadores mais afinados com a perspectiva sistemática, como
Plotino (204-270), Proclo (412-485), Tomás de Aquino (1225-1274), Duns Scot
(1266-1308), Hobbes (1588-1679), Espinosa (1632-1677), Fichte (1762-1814),
Schelling (1765-1854) e outros mais próximos da visão problemática, como
Platão, Aristóteles, Descartes (1596-1650), Hume, Leibniz (1646-1716), Kant, em
todos eles a meditação filosófica emerge a partir da base dos problemas
metafísicos, que são os que acompanham a<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>perplexidade da mente humana diante do mistério do Ser. "Em geral,
escreve Hartmann,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o morto e o
simplesmente histórico pertencem ao pensar sistemático; pelo contrário, o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>supra-histórico e o vital pertencem ao pensar
problemático puro. Nele se encontram as aquisições da história do
pensamento" [Hartmann, 1989: 7].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os
historiadores da filosofia e os comentaristas deformaram, infelizmente, o
pensamento de Platão, apresentando-o como decorrente de uma visão sistemática
pré-concebida. Ora, nada mais afastado do grande filósofo grego do que essa
preguiçosa concepção sistemática. Nele era fundamental, antes de tudo, a
perplexidade em face do Ser, a dimensão da dúvida, que o levava a considerar
como cosmogonias mitológicas as concepções herdadas dos seus antepassados. É
necessário recuperar, frisa Hartmann, a dimensão problemática da filosofia
platônica, para que saibamos valorar a sua criatividade. Platão, ao manter viva
a perplexidade diante do real, deu vida à meditação filosófica, abrindo a porta
para a interrogação e a elaboração de novos caminhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Hartmann
considera necessário, de outro lado, recuperar a valoração problemática da
meditação aristotélica, que parte da aporética e que se encaminha para a
construção de um sistema de pensamento. Acontece que a sistematização
escolástica empobreceu essa dimensão dinâmica da meditação do estagirita,
ressaltando o momento sistemático e esquecendo o ponto de partida problemático.
Três razões explicariam, nos historiadores da filosofia, essa pressa em valorar
o sistema por cima dos problemas: em primeiro lugar, a impaciência para
descobrir soluções custe o que custar; em segundo lugar, a pressuposição
(falsa) de que problemas insolúveis são filosoficamente inúteis; em terceiro
lugar, o menosprezo em face das perguntas irrecusáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em relação à
primeira razão, Hartmann considera que é muito mais filosófico legar aos nossos
discípulos perguntas sem responder, do que pretender construir, a qualquer
preço, respostas sistemáticas para tudo. Em relação à segunda razão, o filósofo
alemão considera que os problemas insolúveis são filosoficamente úteis. A
história do pensamento ocidental mostra que o verdadeiro progresso advém da abertura
à indagação e do questionamento às soluções já adquiridas. Ora, as ciências
somente progridem em face do princípio da refutabilidade que nos leva a adotar,
perante o que recebemos dos nossos antepassados, uma atitude não de
subserviência, mas de crítica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O drama dos
dogmatismos, estreitamente ligados aos totalitarismos, no mundo contemporâneo,
consiste, justamente, no fato de eliminarem a dúvida e o pensamento crítico. Em
relação à terceira razão, Hartmann destaca que há problemas que foram colocados
num determinado momento e que jamais seria possível colocá-los antes. A
formulação de indagações está, sempre, ligada a determinadas condições
históricas irrepetíveis, bem como a um determinado estado do saber. Enquanto os
filósofos estiverem preocupados, unicamente, com a dimensão sistemática, não
perceberão o sentido dos eternos e irrecusáveis conteúdos problemáticos, que
ancoram na perplexidade diante da realidade. Assim, frisa Hartmann,
"acontece que é necessária, previamente, uma reflexão especial sobre a
linha histórica do pensamento problemático, que se oculta por trás da fachada
dos sistemas, para garantirmos aqueles conteúdos" [Hartmann, 1989: 13]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os eternos e
irrecusáveis conteúdos problemáticos: esse constitui o ponto de partida do
filosofar. Ora, destaca Hartmann, esses eternos e irrecusáveis conteúdos
emergem da consciência perplexa pela complexidade do real, que constitui um
fenômeno básico não impugnável. "Os fenômenos, escreve, são sempre mais
fortes do que as teorias. O homem não pode mudar os fenômenos; o mundo
permanece como é, qualquer que seja o pensamento do homem sobre ele. O homem
pode somente apreendê-lo ou errar em relação a ele" [Hartmann, 1989: 14].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Hartmann
propõe um método progressivo, para a razão não se afastar da realidade e construir
as suas teorias sem falsear a apreensão dos fenômenos. O primeiro passo é
constituído pela descrição fiel dos fenômenos. O segundo consiste na aporética
ou estudo dos problemas, enquanto constituem o incompreendido dos fenômenos,
explicitando com claridade as aporias naturais; este passo deve levar em
consideração o estado da pesquisa respectiva. O terceiro passo, por fim,
consiste na teoria, ou abordagem da solução das aporias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em relação à
metodologia proposta, o filósofo alemão escreve: "Essa progressão:
fenomenologia, aporética, teoria, não pode ser abreviada. Os dois primeiros
graus, tomados cada um em si, constituem um amplo campo de trabalho, uma
ciência inteira. E precisamente porque nenhum dos dois é o definitivo e
verdadeiro, recai sobre eles a maior ênfase. O seu campo de trabalho é aquele
onde os sistemas construtivos têm pecado. Estes, precisamente, ficaram curtos
demais. E justamente por isso as teorias repousavam sobre bases frágeis. Aqui é
preciso criar fundamentos sólidos - não os fundamentos objetivos da teoria (que
devem ser encontrados, preferentemente, só quando começa o estudo das aporias),
mas os pontos de partida do conhecimento, enquanto deve ser algo mais do que
simples descrição do encontrado anteriormente. No relativo ao terceiro grau,
deve consistir num tratamento puro das aporias destacadas, e certamente com
base no<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mesmo resultado presente nos
fenômenos. Esse tratamento ou estudo não é mais do que uma solução das aporias.
Somente pode tender em direção a uma solução. De antemão não pode dizer nem
como resultará a solução, nem se alguma é possível absolutamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O estudo das
aporias, para Hartmann, é algo muito diferente quando pode se alicerçar num
limpo trabalho prévio, realizado sobre o fenômeno e o problema, e quando parte,
sem mais, de algo supostamente dado. Os problemas vistos com ingenuidade foram
colocados, na maior parte das vezes, de forma inadequada, e atingem a realidade
só de forma periférica. Pois a colocação problemática condicionada torna-se
possível graças ao conteúdo problemático objetivo. Dessa forma, misturam-se
muitas aporias artificiais e as naturais são encobertas. Mas, antes de mais
nada, somente depois de efetivado o trabalho da aporética, resulta possível dar
novamente à teoria mesma o seu valor e sentido original" [Hartmann, 1989:
16-17].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A radical inadequação
entre o nosso pensamento e a realidade presente no mundo dos fenômenos, essa
seria, no sentir de Hartmann, a metafísica dos problemas, a partir da qual
tentamos, de várias formas, explicar a realidade (dando ensejo aos sistemas),
sem que, contudo, consigamos nunca dar conta dela. Eis a raíz do que hoje
denominamos de modéstia epistemológica, única atitude condizente com a busca
diuturna da verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b>II -</b> <b>Esboço da posição de Rodolfo
Mondolfo acerca da discussão dos problemas na criação filosófica.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Retomando os
conceitos desenvolvidos por Hartmann, o pensador italiano Rodolfo Mondolfo
tematizou, por sua vez, o papel da indagação dos problemas na criação
filosófica. A consciência da insuficiência dos nossos conceitos, esse seria o
ponto de partida de uma autêntica reflexão. A respeito, escreve Mondolfo:
" (...) na aquisição de conhecimentos e na reflexão intelectual, sempre
acontece tropeçarmos com dificuldades, que se baseiam no reconhecimento de
faltas e imperfeições em nossas noções, cuja insatisfação, portanto, nos
suscita problemas. E daí surge a investigação, isto é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pela consciência de um problema, cuja solução
nos sentimos impelidos a procurar, estando justamente a indagação voltada para
a solução do problema, que nos foi apresentado" [Mondolfo, 1969: 30].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O pensador
italiano considera que o sucesso da investigação filosófica decorre, sem lugar
a dúvidas, da clareza com que tenha sido colocado o respectivo problema. É o
ponto que os escolásticos chamavam de <i>status quaestionis</i>, que era
colocado antes da elaboração doutrinária, na tradicional <i>Lectio</i>. Em
relação a esse aspecto, Mondolfo escreve: "A fecundidade do esforço
investigador é proporcional à clareza e à adequação da formulação do problema;
de maneira que a primeira exigência imposta ao investigador é a de conseguir,
da melhor maneira possível, uma consciência clara e distinta do problema, que
constitui o objeto de sua indagação. Esta exigência é válida, preliminarmente,
para qualquer espécie de investigação, porém o é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sobretudo, na filosofia, sendo a filosofia,
antes de mais nada, - como já Sócrates o ressaltava - consciência da própria
ignorância, isto é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da existência de
problemas que exigem o esforço da mente, na procura de uma saída dessa situação
de mal-estar e de insatisfação" [Mondolfo, 1969: 30].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na trilha da
perspectiva genética apontada por Giambattista Vico (1668-1744), à luz do
princípio de que "a natureza das coisas é o seu nascimento", <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mondolfo escreve: "toda a investigação
teórica que quiser encontrar seu caminho com maior segurança, supõe e exige,
como condição prévia, uma investigação histórica referente ao problema, ao seu
desenvolvimento e às soluções que foram tentadas para resolvê-lo"
[Mondolfo, 1969: 30-31].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mondolfo
considera que a perspectiva problemática se atrela à essência da pesquisa
filosófica. Aparentemente, haveria oposição entre a tarefa do historiador
(inquiridor da verdade <i>sub specie temporis</i>) e a do filósofo,
(perscrutador da <i>alétheia sub specie aeterni</i>). No entanto, a esta última
só se chega pela porta estreita da historicidade, pois, como frisa Karl Jaspers
[1980: 34], "se saíssemos da História tombaríamos no nada”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A respeito
deste ponto, escreve Mondolfo: "Com efeito, podemos distinguir um duplo
aspecto na filosofia, conforme ela se apresente como problema ou como sistema.
Como sistema, é evidente que o pensamento filosófico, apesar de sua pretensão,
sempre asseverada, de uma contemplação <i>sub specie aeterni</i>, não consegue,
na realidade, afirmar-se a não ser <i>sub specie temporis</i>, isto é,
necessariamente vinculado à fase de desenvolvimento espiritual própria de sua
época e de seu autor, e destinado a ser superado por outras épocas e outros
autores sucessivos. Ao contrário, quanto aos problemas que suscita, o
pensamento filosófico, ainda que esteja sempre subordinado ao tempo em sua
geração e desenvolvimento progressivo, apresenta-se, no entanto,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como uma realização gradual de um processo
eterno. Com efeito, os sistemas passam e caem; porém, os problemas formulados
sempre permanecem como conquistas da consciência filosófica, conquistas
imperecíveis, apesar da variedade das soluções tentadas e das formas pelas
quais tais problemas são propostos, pois esta variação representa um
aprofundamento progressivo da consciência filosófica. Dessa maneira, a
reconstrução histórica do desenvolvimento da filosofia aparece como um
reconhecimento do caminho percorrido pelo processo de formação progressiva da
consciência filosófica, o que vale dizer, como uma conquista da
autoconsciência" [Mondolfo, 1969: 33-34].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Há,
evidentemente, para Mondolfo, uma lógica da história da filosofia. Nesse
aspecto, o pensador italiano assume as teses fundamentais de Hegel nas suas <i>Lições
de História da Filosofia</i>. Há um fio condutor na história do pensamento
humano. Ora, esse fio corresponde à estrutura lógica da razão que busca, em
meio aos fatos e aos fenômenos, se manter idêntica a si mesma. Daí por que
Mondolfo considera que "a história da filosofia não pode, de maneira
alguma, ser considerada como uma sucessão de criações contraditórias, que negam
cada uma o que a outra afirmava, ou constroem, ao seu bel-prazer, um edifício
destinado a ser derrubado, a fim de deixar seu lugar para outra construção, que
será igualmente demolida como produto arbitrário de uma fantasia
caprichosa" [Mondolfo, 1969: 57-58].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em
decorrência dessas observações no terreno da historiografia da filosofia,
Mondolfo considera que se deve elaborar um método de pesquisa que respeite a
essência da dimensão problemática da meditação ocidental. A respeito, escreve:
"Devemos reviver, em nossa consciência, a experiência filosófica da
humanidade passada, tanto em seu conjunto, quanto na individualidade de cada
pensador. E para viver de novo cada sistema, temos que realizar o máximo
esforço, a fim de colocarmo-nos na situação espiritual em que se encontrava o
filósofo que o criou, isto é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>temos que
reproduzir, em nossa interioridade, a consciência dos problemas que preocupavam
a sua época, assim como as exigências particulares de sua personalidade,
compenetrando-nos de seu processo de formação e de sua vida interior. E quando,
nos filósofos que são objeto de nosso estudo, esta vida interior [tiver sido]
muito intensa e ativa, deparamo-nos, geralmente, com um movimento contínuo de
aprofundamento, renovação e evolução espirituais, que reúne, por assim dizer,
múltiplas personalidades sucessivas numa única pessoa, o que complica e
dificulta a tarefa do intérprete que procura a reconstrução histórica" [Mondolfo,
1969: 261].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O pensador
italiano frisa que, no estudo historiográfico da filosofia, deve-se reconhecer,
como aspecto fundamental, o progresso contínuo do espírito humano. Mas esse
fato não reduz a cinzas as conquistas dos nossos antecessores. Elas serão,
sempre, importantes, como a escada que nos permitiu subir mais alto para
enxergar, numa maior altura, o horizonte. Continua presente, aqui, a convicção
filosófica de Hegel no progresso do espírito humano. A respeito, frisa Mondolfo
[1969: 263]: "Naturalmente, não ficam anulados ou destruídos os resultados
das investigações e intuições de Hegel ou de Zeller, ou de outros grandes
historiadores, por serem superados pelas indagações sucessivas, cuja realização
foi condicionada e estimulada por eles próprios. O processo de superação, como
pensava Hegel, sempre outorga uma verdade mais profunda ao que foi superado, o
qual permanece vital e ativamente nas raízes dos novos resultados, cuja
obtenção tornou possível, impulsionando-os para a sua realização. Neste
aspecto, devemos expressar nosso respeito e reconhecimento para com os grandes
historiadores do passado, cujo estudo será sempre ponto de partida e fonte de
fecundas sugestões, positiva ou negativamente, por meio da aceitação ou da
oposição que provoca, das soluções que indica ou dos problemas que formula para
os novos investigadores".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>III - A Filosofia Moderna como discussão de
alguns problemas peculiares, segundo Leonardo Prota.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os
culturalistas brasileiros assumiram a herança de Hartmann e de Mondolfo, como
se pode observar na obra <i>Experiência e cultura</i> de Miguel Reale [1977] ou
na <i>História das idéias filosóficas no Brasil</i> de Antônio Paim [1974].
Pela trilha metodológica aberta por Reale e Paim para estudar a filosofia
brasileira, a partir dos problemas levantados pelos vários autores, novas
gerações de estudiosos têm empreendido a marcha, sendo, hoje, as figuras de
Leonardo Prota e José Maurício de Carvalho (1957), duas importantes expressões
dessa caminhada intelectual. O primeiro, como foi destacado no início deste
trabalho, tem aprofundado na temática da meditação brasileira à luz dos
problemas que surgiram no seio das várias filosofias nacionais, na época
moderna, e o segundo tem particularizado as análises acerca da corrente culturalista,
no contexto de uma pesquisa historiográfica dos problemas [cf. Prota, 2000 e
Carvalho, 1998 e 2000].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para
Leonardo Prota, a Filosofia Moderna “é a meditação que se erige a partir de
determinados fatos culturais” [2000: 27]. O primeiro desses fatos consistiu nas
descobertas marítimas, que ensejaram o problema da experiência. É sabido que a
Filosofia Medieval desenvolveu, especialmente, o conceito. A finalidade das <i>disputationes</i>
escolásticas consistia em possibilitar a conquista da precisão conceitual, à
luz da delimitação do problema teórico em foco, no denominado <i>status
quaestionis</i> (que constituía, aliás, item essencial da disputa filosófica).
O aspecto limitante da disputa escolástica consistia no fato de que ela não
versava sobre a experiência, mas apenas sobre o conceito. Ora, como a
experiência é, fundamentalmente, uma questão referida à apreensão do singular
por parte de quem conhece, a meditação medieval dava pouca importância a este
aspecto da realidade. Consequentemente, os temas a serem discutidos não tinham
quase nada a ver com a realidade temporal. As descobertas marítimas, lembra
Prota, causaram uma verdadeira reviravolta na ordem do pensamento, passando a
prestigiar, justamente, aquele aspecto olvidado pela meditação medieval: o
mundo da experiência. Os conceitos fundamentais acerca do mundo, hauridos da
Geografia de Cláudio Ptolomeu (90-168), passaram a ser questionados. A
conseqüência foi a formulação da nova física da natureza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A respeito,
frisa o nosso autor, destacando os problemas que passaram a ser formulados: “A
partir disto, ao longo do século XVII, formou-se uma nova física, que derrocava
tanto a física de Aristóteles, que era parte integrante do saber escolástico,
como a própria visão que a Igreja Católica tinha do Universo. A nova ciência é
perseguida pela Igreja, mas encontra ambiente favorável à sua constituição na
Inglaterra, que se tornara o principal país protestante, já que a Alemanha
ainda não se unificara e a França, que parecia encaminhar-se na direção da
Reforma, ficara a meio caminho. A nova física substituía integralmente a
Filosofia Antiga, desenvolvida pela meditação escolástica? Ou ainda
sobreviveria a Filosofia? Neste caso, qual o seu objeto? A nova física fornecia
o modelo para a filosofia renovada? Eis alguns dos problemas suscitados pelo
curso histórico e que iriam transformar completamente a filosofia” [Prota,
2000: 27].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Outro evento
cultural, no sentir de Prota, trouxe importantes implicações para a meditação
filosófica: a Reforma Protestante. A nova religião reformada que se espraiou
pela Europa afora, questionava a posição tradicional da Igreja Católica,
especificamente no que se refere à questão do mérito. O problema a ser
discutido consistia em averiguar se esse questionamento implicava uma negação
pura e simples da religião tradicional, ou se seria necessário procurar novos
fundamentos (de caráter moral) para a vivência religiosa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os problemas
que foram formulados ao ensejo dessa nova problemática, foram os seguintes,
segundo escreve o nosso autor: “A evolução cultural levanta, portanto, estes
problemas filosóficos basilares: 1) o do conhecimento, isto é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o de saber-se se (este) provém da experiência
e como ela se conceitua, ou se pode estabelecer-se discursivamente, como era da
tradição; 2) o da ciência, isto é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se
constituía uma forma de saber autossuficiente, ou se pressupõe uma
fundamentação de índole filosófica e, neste caso, se a isto deve resumir-se a
filosofia, como entendiam muitos autores modernos; e, 3) o da moralidade, isto
é,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o de deixar estabelecido se o código
moral judaico-cristão, sob o qual se erigiria a cultura ocidental, estava na
dependência da interpretação católica ou protestante, ou se podia encontrar
seus próprios fundamentos” [Prota, 2000: 28].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Assim, para
o nosso pensador, a Filosofia Moderna corresponde àquela parte da meditação
filosófica ocidental que se debruçou sobre a problemática indicada, tendo dado
ensejo a novas tradições no esforço em prol de aprofundar nas novas questões. Surgida
no século XVII, considera-se que tenha durado até meados do século XIX, quando
tem início o período denominado de Filosofia Contemporânea que, por sua vez,
tem pela frente um problema bem específico: enfrentar o desafio positivista,
que parte do pressuposto de que a metafísica está ultrapassada, passando,
portanto, o discurso filosófico a ser um simples apêndice da ciência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>IV - Autores, obras e vertentes da Filosofia
Moderna, segundo Leonardo Prota.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Esta etapa
da meditação filosófica ocidental iniciou-se com Francis Bacon (1561-1626),
René Descartes (1569-1650) e Galileu Galilei (1546-1642). Em 1620, como se
sabe, Bacon publicou o seu <i>Novum Organon</i>, em 1637 apareceu à luz pública
o <i>Discurso do Método</i> de Descartes e, em 1632, foi publicado o <i>Diálogo
sobre os sistemas do mundo</i>, de Galileu. Naquele momento ainda não tinham
sido dissociados os vários elementos concernentes à problemática epistemológica
do saber, ou seja: a nova física, a discussão sobre o conhecimento e a hipótese
de uma nova lógica, que seria mais tarde batizada de metodologia. Em 1633 foi
proibida a obra de Galileu pela Inquisição Romana, tendo sido o sábio italiano
obrigado a se retratar. Com esse fato e com a perseguição a outros cientistas e
filósofos abertos ao mundo da experiência, como foi o caso de Giordano Bruno
(1546-1600), a ciência moderna foi obrigada a se refugiar na Inglaterra. Antes
do final do século XVII, consolidou-se, neste país, a Royal Society, que passou
a congregar os homens de ciência, que inicialmente não tiveram acesso às
cátedras universitárias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Enquanto não
se consolidou a nova física, o que seria obra de Isaac Newton (1642-1727),
foram sendo formulados, na Alemanha e na Holanda, sistemas de pensamento
alternativos à escolástica, tendo como fundamento a abertura ao novo espírito
matemático e geométrico. Foi assim como apareceram os grandes sistemas
metafísicos de Baruch Espinosa e Gottfried Wilhelm Leibniz. Prota lembra que
foi com base neste sistema que Christian Wolf (1679-1754) elaborou o denominado
sistema Wolf-Leibniz, que se tornaria a corrente dominante nas Universidades
alemãs, na segunda metade do século XVIII. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A meditação
de John Locke (1632-1704), na Inglaterra, formulou claramente a hipótese de que
a Filosofia deveria circunscrever-se à investigação acerca das origens do
conhecimento. Esta foi a contribuição do filósofo britânico no seu <i>Ensaio
sobre o entendimento humano</i> (publicado em 1690). Ao mesmo tempo, Locke
alargou a sua meditação ao terreno da Filosofia Política, adotando um esquema
semelhante à hipótese sustentada no plano do conhecimento: se remontar às
origens, desta vez do pacto político. Com os seus <i>Dois tratados acerca do
governo civil</i>, nos quais defendia este ponto de vista, Locke consolidou-se
como o inspirador da Revolução Gloriosa (1688), que inaugurou na Inglaterra a
Monarquia Constitucional e o Governo Representativo, tendo superado,
definitivamente, o absolutismo monárquico. A meditação de Locke projetou-se,
ainda, sobre outros temas como a tolerância religiosa, a educação, etc., mas,
como frisa Prota, “evitou ciosamente dar às suas doutrinas qualquer aparência
de sistema. Inaugurava-se, assim, o que se tornaria uma longa tradição antissistemática.
Esse caminho seria aberto claramente por David Hume, sobretudo no <i>Inquérito
sobre o entendimento humano</i> (1748)” [Prota, 2000: 29].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Fato
marcante do desenvolvimento da Filosofia Moderna foi representado pela
meditação de Immanuel Kant (1724-1804). O pensador alemão alicerçou-se em David
Hume e partiu para uma crítica aprofundada à metafísica, no contexto de um
trabalho teórico maior, que visava a dar fundamento filosófico à experiência
científica, na forma em que esta tinha sido pensada por Isaac Newton
(1643-1727). A finalidade da principal obra do filósofo de Koenigsberg, a<i>
Crítica da Razão Pura</i>, consistiu em perguntar: como são possíveis os juízos
científicos na física de Newton? Kant respondeu a esta pergunta partindo do
ponto de vista defendido por Hume: não temos acesso à substância das coisas,
somente podendo ter uma representação dos fenômenos. Sendo isso assim, como
salvaguardar a universalidade dos juízos científicos? Kant formulou, então, a
sua tábua das Categorias ou Conceitos Puros da Razão, que constituiriam o marco
apriorístico para podermos formular juízos com validez universal, os juízos
sintéticos apriori.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Enquanto
isso, na França, Nicolas Malebranche (1638-1715) deu continuidade à meditação
empreendida por Descartes. Embora tivesse produzido uma obra significativa, não
conseguiu, no entanto, firmar uma ponte definitiva entre a nova tradição
científica e a meditação filosófica moderna.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>A solução para estabelecer esse nexo tentou ser dada, na França, pelo
sensualismo de Condillac (1715-1780), que ensejou o surgimento de uma reação
espiritualista de grande valor heurístico, da lavra de Maine de Biran
(1716-1824). A Escolástica, por sua vez, viu-se derrotada em todas as partes.
Era muito difícil pretender explicar as conquistas da ciência moderna à luz da
teoria aristotélica da substância. De outro lado, tornava-se tarefa impossível
entender o novo raciocínio da filosofia natural de Newton e Galileu, tributária
da experiência, utilizando as súmulas medievais, que se desencarnaram
totalmente do mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eis a forma
em que Leonardo Prota caracteriza essa caminhada da Filosofia Moderna,
destacando as linhas nucleares do debate: “Em resumo, a Filosofia Moderna
caracteriza-se, sobretudo, pela presença das seguintes linhas de
desenvolvimento: 1ª) a que pretende reduzir a meditação filosófica a uma
inquirição sobre o conhecimento. Nessa fase, trata-se (...) de proceder-se a
descrições do processo do conhecimento. Mais tarde – notadamente no período
contemporâneo – restringe-se o objeto ao conhecimento científico e a disciplina
denomina-se epistemologia; 2ª) a constituição da perspectiva transcendental na
obra de Kant, que dá nascedouro ao idealismo alemão, onde se destacam Fichte e
Hegel. Com essa meditação entroncam a obra de Karl Marx (1818-1883) e Sören
Kierkegaard (1813-1855). Através do neokantismo, essa linhagem marcaria uma
grande presença na Filosofia Contemporânea, porquanto daí decorrem a
fenomenologia, o existencialismo e o culturalismo; e, 3ª) o espiritualismo, que
se pretende, simultaneamente, herdeiro da filosofia antiga e da tradição
moderna (representada pelo cartesianismo e pelo racionalismo, em geral) e que
tem em Maine de Biran e Bergson (1859-1941) – este último já inserido na Filosofia
Contemporânea – seus grandes filósofos. Do que precede, verifica-se que a
questão com que se defrontou a meditação moderna dizia respeito a encontrar uma
espécie de saber filosófico que desse conta da ciência, passo que a Escolástica
se recusou a empreender de imediato. A constituição das Filosofias Nacionais
diferenciadas decorreu da radicalização de posições apontadas adiante” [Prota,
2000: 30-31].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">V -</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <b>A formação das Filosofias Nacionais, segundo
Prota.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Três
aspectos parecem marcantes na delimitação dos fatores que ensejaram o
nascimento das Filosofias Nacionais, segundo Leonardo Prota: de um lado, a
adoção, pelos pensadores modernos, da noção de experiência; em segundo lugar, o
progressivo abandono do latim como língua culta, ao longo dos séculos XVI, XVII
e XVIII, que acompanhou o surgimento dos Estados Nacionais e, em terceiro
lugar, (como condição epistemológica para entender essa questão), o conceito,
desenvolvido por Hartmann e Mondolfo, da Filosofia como Problema (a que foi
feita alusão no início deste artigo).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quanto ao
primeiro aspecto, lembremos que a noção de experiência era proveniente do
universo científico, notadamente das formulações da filosofia natural ou nova
física feitas pelos pensadores renascentistas, especialmente por Galileu, e
recolhidas, já no final do século XVII, por Newton. O filósofo que
sistematizou, pela primeira vez, na modernidade, uma idéia de experiência
compatível com a ciência, foi o jesuíta espanhol Francisco Suárez (1548-1617).
Influenciado pelos nominalistas ibéricos, ingleses e franceses (que, com a
noção de <i>estidade</i> já tinham criticado a pretensão escolástica de
conhecimento intuitivo da substância ou <i>quidditas</i>), Suárez partiu, na
sua magna obra intitulada: <i>Disputationes Metaphysicae</i> (escrita em 1597 e
publicada em 1608), para a formulação de uma teoria do conhecimento e de uma
metafísica compatíveis com a ciência moderna.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eis a forma
em que Prota sintetiza a obra do pensador espanhol: “Suárez parte do
pressuposto (tipicamente moderno, porquanto emergente de uma perspectiva
antropocêntrica) de que, como ponto de partida, a filosofia deve criar a sua
própria metodologia e assinalar o âmbito da sua validade, mediante a formulação
de uma metafísica sistemática, em consonância unicamente com as exigências
lógicas da razão. Somente assim, pondera o pensador espanhol, poderá ser
empreendido, numa segunda etapa, com segurança e rigor, o estudo da Teologia. A
sua concepção aproximava-se mais da apreensão da essência do concreto ou
estidade (<i>haecceitas</i>), postulada pelos nominalistas ingleses Duns Scott
(1266-1308) e Guilherme de Ockham (1285-1347)” [Prota, 2000:34].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quanto ao
segundo aspecto, com o abandono do latim como língua culta, no período atrás
apontado, surgiram, no terreno do saber, as línguas vernáculas, que passaram a
traduzir a particular experiência de cada povo na consolidação das suas
instituições nacionais e na reflexão ao redor dessa magna tarefa. As Filosofias
Nacionais foram emergindo, assim, na trilha de tradições que foram sedimentadas
nessa experiência de séculos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Leonardo
Prota entrelaça este fator com o terceiro, o relativo ao conceito de <i>Filosofia
como Problema</i>, herdado de Hartmann e de Mondolfo (perspectiva que, aliás,
foi adotada pela <i>Escola Culturalista</i>, através de duas figuras
exponenciais: Miguel Reale e Antônio Paim). As Filosofias Nacionais, considera
Prota, foram privilegiando determinados problemas que emergiram ao ensejo da
constituição dos Estados Nacionais e da organização das instituições, bem como
da herança cultural. Foi assim, por exemplo, como a Filosofia Inglesa terminou
privilegiando a problemática da experiência, ao passo que a Filosofia Francesa
deu mais destaque à problemática do racionalismo, a Espanhola ao problema do
raciovitalismo, a Italiana ao problema da Filosofia como “ciência da realidade
espiritual”, entidade que, frisa Prota [cf. 2000: 266], identifica-se com a
cultura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eis a forma em
que o nosso pensador fecha a sua análise em torno às Filosofias Nacionais,
destacando que a perspectiva da Filosofia como Problema em nada invalida o
caráter universal da meditação filosófica ocidental, e assinalando as
peculiaridades de cada tradição filosófica nacional: “o problema não pode ser
colocado em termos de oposição e exclusão, filosofia universal versus
filosofias nacionais; mas, em termos de constituição; ou seja,
contemporaneamente, são as filosofias nacionais, (reflexões e investigações suscitadas
por problemas filosóficos que marcaram as distintas tradições nacionais) que
constituem e formam a filosofia universal, assim como, anteriormente, eram os
sistemas que constituíram o pensamento universal. (...). Entre as numerosas
filosofias nacionais escolhemos quatro, consideradas por nós significativas
para o presente estudo. Se na filosofia inglesa salientamos como característica
a valorização da experiência, ninguém pode levantar dúvidas de que essa
peculiaridade do pensamento inglês não faça parte, hoje, do pensamento
universal. Igualmente, se a persistência na elaboração de sistema filosófico
marcou a filosofia alemã, tendo como resultado a filosofia crítica, seria
absurdo imaginar o contexto da filosofia moderna sem essa aportação do momento
Kant-Hegel. Que dizer da filosofia francesa, cujo sentido principal é
constituído pela prevalência do racionalismo? Pode-se pôr em dúvida que a
desconstrução da razão, assim identificada por Aquiles Côrtes Guimarães (1937-2016),
no processo de superação do positivismo, no pensamento francês, faça parte da
universalidade da filosofia no Ocidente? Da mesma forma, estamos opinando a
respeito da filosofia italiana como filosofia da cultura. Alguém pode
desconhecer a valiosa contribuição de Giambattista Vico, Benedetto Croce
(1866-1952) e Giovanni Gentile (1875-1944) para a Cultura Ocidental? A marcha
do pensamento filosófico continua, calcada na peculiaridade histórica de cada
país. (...). Assim, os clássicos se fazem presentes, sobretudo na medida em que
são parte integrante do processo de constituição das perspectivas filosóficas.
E, em nossa finitude existencial, não podemos deixar de escolher uma ou outra”
[Prota, 2000: 314-315].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b>BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">CARVALHO, José Maurício de [1998]. <b><i>Antologia
do culturalismo brasileiro: um século de filosofia.</i></b> Londrina: Edições
CEFIL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">CARVALHO, José Maurício de [2000]. <b><i>Curso de
Introdução à Filosofia Brasileira</i></b>. Londrina: Edições CEFIL / UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">FRAGA, Gustavo de [1990]. "Hartmann
(Nicolai)". In: <b><i>Lógos - Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia.</i></b>
(Edição organizada pela Sociedade Científica da Universidade Católica
Portuguesa, sob a coordenação de Roque Cabral et alii).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Lisboa/São Paulo: Verbo, vol. 2, p.
1010-1014.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HARTMANN, Nicolai [1989]. <b><i>Autoexposición
sistemática</i></b>. (Estudo preliminar de Carlos Mínguez; tradução ao espanhol
de Bernabé Navarro). Madrid: Tecnos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">JASPERS, Karl [1980]. <b><i>Introdução ao
pensamento filosófico</i></b>. (Tradução de Leônidas Hegenberg e Octanny
Silveira da Motta). 4a. Edição. São Paulo: Cultrix.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MONDOLFO, Rodolfo [1969]. <b><i>Problemas e métodos
de investigação na história da Filosofia.</i></b> (Tradução de Lívia Reale
Ferrari). 1a. Edição em português. São Paulo: Mestre Jou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ORTEGA y Gasset, José [1984]. "A barbárie do
especialismo". In: <b><i>Humanidades</i></b>, Brasília, vol. 2, no. 6:
pgs. 147-149.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PAIM, Antônio [1974]. <b><i>História das idéias
filosóficas no Brasil</i></b>. 2ªª edição. São Paulo: Grijalbo/Edusp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PROTA, Leonardo [1987]. Um novo modelo de
Universidade. (Apresentação de Antônio Paim). São Paulo: Convívio. 1987.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PROTA, Leonardo [2000]. <b><i>As Filosofias
nacionais e a questão da universalidade da Filosofia</i></b>. Londrina: Edições
CEFIL / UEL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PROTA. Leonardo e Gilvan Luiz HANSEN [2003]. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b><i>Anais do 7o. Encontro Nacional de
Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira</i></b>, edição organizada
por Gilvan Luiz Hansen e Leonardo Prota, Londrina: CEFIL.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">REALE, Miguel [1977]. <b><i>Experiência e cultura</i></b>.
1ª edição. São Paulo: Saraiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [2003]. “Marco
epistemológico para o estudo das Filosofias Nacionais na obra de Leonardo
Prota”, in: PROTA, Leonardo e Gilvan Luiz HANSEN (organizadores). <b><i>Anais
do 7o. Encontro Nacional de Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira.</i></b>
Londrina: CEFIL, 2003, pg. 341-354.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>[Este
ensaio foi preparado, especialmente, para o <i>Proyecto Ensayo</i>, da
Universidade de Georgia (USA) <a href="http://www.ensayistas.org/">www.ensayistas.org</a>
a partir da exposição feita, pelo autor, no <i>7</i></span><i><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">º</span></i><i><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Encontro Nacional de Professores e Pesquisadores da Filosofia
Brasileira</span></i><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, reunido em Londrina, de 13 a 15 de setembro de
2001. A mencionada exposição foi publicada com o seguinte título: <a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40945976">“Marco epistemológico para o estudo das Filosofias
Nacionais na obra de Leonardo Prota”, in: </a><a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40945840"><span style="mso-bookmark: _Hlk40945976;"><i>Anais do 7o. Encontro Nacional de
Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira</i>, edição organizada por
Gilvan Luiz Hansen e Leonardo Prota, Londrina: CEFIL, 2003, pg. 341-354</span></a>].<o:p></o:p></span></div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-66848146434950780532020-05-20T07:31:00.001-07:002020-05-20T07:31:17.469-07:00Pensadores Brasileiros - ANTÔNIO PAIM (1927)<br />
<div align="center">
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 0cm; mso-padding-alt: 0cm 0cm 0cm 0cm; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 90%px;">
<tbody>
<tr style="mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0;">
<td style="padding: 0cm 0cm 0cm 0cm; width: 100.0%;" width="100%">
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4aUhIOqekOaKv2GZSbppZ46FRHBudWpkDVUhML8J2nFzpSqJ_bOOPD52JOJe5TOkt7LMq3OOPzOnjzpbqb6oYy6nAdfqr5eqGmkZa3fN5uiUhaxlcT7HaqWCJuqvVSdbEyhU1RCPJrRRe/s1600/Antonio-Paim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="900" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4aUhIOqekOaKv2GZSbppZ46FRHBudWpkDVUhML8J2nFzpSqJ_bOOPD52JOJe5TOkt7LMq3OOPzOnjzpbqb6oYy6nAdfqr5eqGmkZa3fN5uiUhaxlcT7HaqWCJuqvVSdbEyhU1RCPJrRRe/s320/Antonio-Paim.jpg" width="240" /></a></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 5.65pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desenvolverei, neste artigo, dois pontos: I – Breve sinopse
biobibliográfica. II – Antônio Paim, historiador das ideias.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">I - Breve
sinopse bio-bibliográfica.</span></b><span style="line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Antônio
Paim nasceu no Estado brasileiro da Bahia, em 1927. Na década de 50, concluiu
os cursos de filosofia da Universidade Lomonosov, em Moscou, e da
Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Iniciou, nos anos 60, carreira
universitária nessa última cidade, tendo sido, sucessivamente, professor auxiliar
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, adjunto da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, titular e livre-docente da Universidade Gama
Filho, aposentando-se em 1989. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na
Pontifícia Universidade Católica do Rio, organizou e coordenou o Curso de
Mestrado em Pensamento Brasileiro. Na Universidade Gama Filho, juntamente com
o professor português Eduardo Abranches de Soveral (1927-2003), implantou o
Curso de Doutorado em Pensamento Luso-Brasileiro. Desenvolveu atividades de
pesquisa na área da Filosofia e da História das Ideias, tanto no Brasil,
quanto em Portugal. Preside o Conselho Acadêmico do Instituto de Humanidades,
entidade da qual foi fundador, em 1986, junto com Leonardo Prota (1930-2016)
e Ricardo Vélez Rodríguez (1943). Hoje, o Instituto tem como diretor
executivo o advogado e professor Arsênio Eduardo Corrêa (1945).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Antônio Paim
pertence às seguintes entidades: Instituto Brasileiro de Filosofia (IBF),
Academia Brasileira de Filosofia, Pen Clube do Brasil, Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio,
Academia de Ciências de Lisboa e Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. No
Instituto Brasileiro de Filosofia, fundado por Miguel Reale (1919-2006), em
1949, desenvolveu amplo trabalho de pesquisa e reedição de textos, na área do
pensamento brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Paralelamente
e desde os anos 50, integra a consultoria brasileira onde teve a oportunidade
de participar de importantes projetos relacionados ao setor de transportes,
ao desenvolvimento regional, à economia agrícola e à educação e recursos
humanos, além de prestar assessoria a diversos órgãos oficiais, entre estes:
BNDES, FINEP, Governo do Estado da Bahia, Ministério da Aeronáutica e
Ministério da Agricultura. Num empreendimento à moda dos doutrinários
franceses e dos liberais moderados britânicos, tem realizado trabalhos de
assessoria e formação de lideranças, junto a alguns partidos políticos
(antigo Partido da Frente Liberal, PFL, e Partido Social Democrático, PSD).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O conteúdo
da atividade docente e de pesquisa, desenvolvida na área acadêmica, pode ser
resumido, como segue, ao redor de três tópicos:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">1) Estudo
da Filosofia Brasileira e formação de um grupo de pesquisadores e
professores, a esse tema dedicados, atuando em diversas universidades do
país, abrangendo, aproximadamente, o período de 1958 a 1998.</span></b><span style="line-height: 115%;"> Nesse ciclo, deu forma definitiva à <i>História
das idéias filosóficas no Brasil</i> (5a. edição, 1997). Ocupou-se,
igualmente, das principais correntes da filosofia brasileira, trabalho que
divulgou em livros, ensaios e na coletânea intitulada: <i>Estudos
complementares à história das idéias filosóficas no Brasil</i> (7
vols.). Elaborou, também, a <i>Bibliografia Filosófica Brasileira</i>,
abrangendo os séculos XVIII, XIX e XX, e sistematizou as pesquisas dedicadas
ao assunto, no livro intitulado: <i>Estudo do Pensamento Filosófico Brasileiro</i> (2a.
edição 1986). Para assegurar a continuidade destes estudos organizou, em
Salvador, capital do Estado da Bahia, o Centro de Documentação do Pensamento
Brasileiro, ao qual doou a sua biblioteca especializada. O Centro, sediado na
Universidade Católica de Salvador, conta, atualmente, com acervo de cerca de
13.000 livros, além de coleções de revistas. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O trabalho
editorial das obras de história das ideias filosóficas foi desenvolvido, pelo
nosso autor, com a estreita colaboração <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do saudoso Leonardo Prota, que foi diretor
da Editora da Universidade Estadual de Londrina. Prota realizou os Encontros
Nacionais de Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira, entre 1989
e 2003, nos quais fez ampla divulgação, com a colaboração da UEL, das
pesquisas efetivadas por Antônio Paim e outros autores, em torno ao tema das
Filosofias Nacionais.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É
importante mencionar dois empreendimentos, de alcance internacional, nos quais
Paim colaborou como autor e um dos inspiradores: a <i>Enciclopédia de
Filosofia Luso-brasileira</i> em 5 volumes, publicada em Lisboa, pela Editora
Verbo e a Universidade Católica Portuguesa, entre 1989 e 1992. Igualmente,
merece ser mencionado, de autoria do Antônio Paim, o <i>Dicionário biobibliográfico
de autores brasileiros (Filosofia, Pensamento Político, Sociologia e
Antropologia)</i>, publicado, em 1999, em edição conjunta do Senado Federal e
do Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">2) Estudo
do Pensamento Político Brasileiro, aproximadamente desde a década de 60</span></b><span style="line-height: 115%;">, em conjunto com Vicente Barretto (1939) e
outros estudiosos, o que permitiu organizar o <i>Curso de Introdução ao
Pensamento Político Brasileiro,</i> editado pela Universidade de
Brasília, em 1982, em treze volumes. Versão resumida desse Curso apareceu na
Editora Itatiaia de Belo Horizonte (1988). Em forma de curso à distância, o
mencionado Curso foi reeditado e oferecido, pela Universidade Gama Filho, entre
1995 e 2002. O nosso autor promoveu, ainda, a reedição de pensadores políticos
brasileiros. Publicou, também, obra que se tornou referência para os
estudiosos, em que estudou a hipótese da aplicação, ao Brasil, da categoria
de Estado Patrimonial (<i>A querela do estatismo, 1ª edição, 1978; 2ª edição,
1994</i>).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">3) Estudo
das idéias morais no Brasil</span></b><span style="line-height: 115%;">. A este tema, Paim dedicou diversos ensaios, tendo se decidido,
porém, ao invés de publicar uma obra sobre o particular, a examinar a sua
importância no curso histórico do país, em vários livros e ensaios. Ao ensejo
desse projeto, elaborou uma primeira versão intitulada: <i>Momentos
Decisivos da História do Brasil.</i> A fim de estimular a pesquisa do
tema, publicou:<i> Roteiro para estudo e pesquisa da problemática moral
da cultura brasileira.</i><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como
professor de filosofia e estudioso da cultura brasileira, interessou-se,
vivamente, pelo tema da educação no Brasil, tendo escrito a obra intitulada: <i>A
Universidade do Distrito Federal e a idéia de Universidade </i>(1981). Com o
propósito de influir nos destinos da educação brasileira, criou, com sede em
Londrina, em 1986, o Instituto de Humanidades, junto com Leonardo Prota e
Ricardo Vélez Rodríguez. A finalidade do mencionado Instituto era retomar a
tradição humanista do ensino brasileiro e contribuir para a recuperação do
Ensino Básico e Fundamental, concebidos como grau terminal, destinado à
formação para a cidadania. Justamente para discutir com os professores o
conteúdo da disciplina “educação para a cidadania”, que propunha instaurar
novamente, escreveu, em colaboração com os Leonardo Prota e Ricardo Vélez
Rodríguez, a obra intitulada: <i>Cidadania: o que todo cidadão precisa saber</i>
(2002).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda no
âmbito das atividades culturais, desenvolveu trabalho intenso de reedição de obras
de autores brasileiros, tendo participado da organização da "Estante do
Pensamento Brasileiro", coleção dirigida por Miguel Reale; da
"Biblioteca do Pensamento Brasileiro", dirigida por Adolpho Crippa;
da "Coleção Pensamento Político Republicano", organizada por Carlos
Henrique Cardim junto à editora da Câmara dos Deputados, em Brasília e da
direção da "Coleção Reconquista do Brasil", da Editora Itatiaia,
presentemente com cerca de trezentos títulos, onde, entre outras obras,
reeditou, de Francisco José de Oliveira Vianna (1883-1951), <i>Populações
meridionais do Brasil e Instituições políticas brasileiras</i>, inclusive
textos desse autor, que permaneceram inéditos por mais de quarenta anos, como
a <i>Introdução ao estudo da economia pré-capitalista no Brasil</i>.
Juntamente com Paulo Mercadante (1923-2013), organizou novo plano da <i>Obra
Completa</i> de Tobias Barreto (1839-1889), afinal levada a cabo e
ampliada por Luiz Antônio Barreto (1944-2012) edição em dez volumes,
publicados entre 1989-1990. Atualmente, Paim elabora proposta para a retomada
da edição da Coleção Brasiliana, com uma seleção de obras intitulada:
“Brasiliana Breve”, tendo sintetizado a sua proposta na obra com <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o seguinte título: <i>Brasiliana Breve: uma
coleção para difundir a historiografia nacional</i> (2019).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Universidade Gama
Filho orientou, respectivamente, 18 dissertações de mestrado e 14 teses de
doutorado, atividade que continuou exercendo na Universidade Mackenzie (São
Paulo), onde já orientou três dissertações de mestrado. Participou, também,
em grande número de cursos de extensão, seminários, congressos e bancas de
concurso. Seu pensamento tem sido objeto de vários estudos. Em 1995, mereceu
apreciação de vários autores, reunida nos <i>Anais do 4o. Encontro
Nacional de Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira</i> (Londrina,
1996). Ao completar 70 anos, a <i>Revista Brasileira de Filosofia</i> dedicou-lhe
número especial (fascículo 186; abril-junho 1997), com artigos de João de
Scantimburgo, Eduardo Soveral, Anna Maria Moog Rodrigues, Aquiles Côrtes
Guimarães, Creusa Capalbo, Luiz Antônio Barreto, Leonardo Prota, Paulo
Mercadante e Ricardo Vélez Rodríguez.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sobre a
sua trajetória existencial prestou depoimento a Beatriz Marinho, inserido no
Suplemento Cultura de <i>O Estado de São Paulo</i> (edição de 25 de
agosto de 1985). Publicou cerca de vinte livros, aproximadamente cem ensaios
(totalizando 1.400 páginas até dezembro de 1997) e 353 artigos (totalizando
830 páginas até aquela data).<o:p></o:p></span></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="mso-yfti-irow: 1; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="padding: 0cm 0cm 0cm 0cm;">
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="color: black; line-height: 115%;"> </span><b><span style="line-height: 115%;">II - Antônio Paim, historiador das idéias.</span></b><span style="line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Antônio
Paim aparece entre os mais importantes historiadores das idéias no Brasil, ao
longo dos séculos XX e XXI, ao lado de figuras como Silvio Romero (1851-1914),
Miguel Reale (1910-2006), Luiz Washington Vita (1921-1968), Djacir Menezes
(1907-1996) e outros. O seu mérito é duplo. Em primeiro lugar, ao ter
formulado, de maneira clara e objetiva, a metodologia que deveria ser posta
em marcha no terreno da história das idéias filosóficas. Em segundo lugar, ao
ter estendido a sua análise histórico-crítica a quatro segmentos básicos da
cultura brasileira: as idéias filosóficas, as idéias educacionais, as idéias
políticas e a historiografia brasileira propriamente dita. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sem
pretender elaborar uma visão que esgote a significativa contribuição do nosso
autor, resenharei, os seus principais aportes aos quatro itens atrás
mencionados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;"><span style="mso-list: Ignore;">1)<span style="font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><b><span style="line-height: 115%;">Contribuição
de Antônio Paim no terreno da história das idéias filosóficas. </span></b><span style="line-height: 115%;">Os três trabalhos mais representativos do nosso
autor, neste campo, são a sua clássica obra intitulada: <i>História das
idéias filosóficas no Brasil</i> [cinco edições, 1968-1997], <i>Problemática
do culturalismo</i> [1977 e 1995] e<i> O estudo do pensamento
filosófico brasileiro </i>[1979 e 1986].<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Destaquemos,
em primeiro lugar, a fundamentação metodológica que Antônio Paim dá à tarefa
do historiador das idéias no terreno da filosofia. A criação filosófica, de
acordo com o nosso autor [cf. Paim, 1995: 97-120; 1986: 164-176; 1984: 3-18]
desenvolve-se em três grandes patamares: o da formulação de perspectivas, o
da construção de sistemas e o da discussão de problemas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No
primeiro patamar, temos as duas perspectivas filosóficas: a tanscendente (que
parte do pressuposto de que a razão humana pode ir até à substância das
coisas, ultrapassando os fenômenos) e a transcendental (que parte do
pressuposto de que a razão não tem o condão de apreender a substância das
coisas, mas apenas a sua manifestação fenomenal). Formulador da primeira
perspectiva foi Platão (428-348 a.C.), sendo que Aristóteles (384-322 a.C.)
teria dado importante contribuição, ao sistematizá-la na sua metafísica da
substância. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Paim
considera que a segunda perspectiva, a transcendental, foi intuída por David Hume
(1711-1766) e sistematizada por Immanuel Kant (1724-1804). Esta nova perspectiva
estaria mais de acordo com a fundamentação epistemológica da nova física,
formulada por Galileu Galilei (1564-1642) <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e Isaac Newton (1643-1727). As perspectivas
filosóficas são, no sentir de Paim, irrefutáveis, constituindo pontos de
vista últimos para o conhecimento. A criação filosófica neste terreno,
outrossim, não teve novos acréscimos, após a formulação das perspectivas
mencionadas, visto que elas esgotam as alternativas possíveis.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No segundo
patamar, pensa nosso autor, temos a construção de sistemas. Ora, esta forma
de criação filosófica teria encontrado o seu apogeu ao longo do período
moderno, notadamente entre os séculos XVII e XIX. Hoje, a filosofia não tem,
como forma primordial de elaboração, a construção de sistemas, em
decorrência, talvez, da complexidade crescente do saber científico e da
velocidade em que evolui a problemática humana nas várias sociedades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No
terceiro patamar da criação filosófica, segundo Paim, temos a discussão de
problemas. Esta variante, que teria sido formulada por Nicolai Hartmann
(1882-1950) e complementada por Rodolfo Mondolfo (1877-1976), constitui, hoje,
a forma básica da criação filosófica. A metodologia para o estudo das idéias
filosóficas deve, portanto, ajustar-se a ela.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Partindo
da contribuição culturalista de Miguel Reale, no que tange à originalidade da
problemática filosófica brasileira, o nosso autor explicitou o método que
deveria ser seguido nesse tipo de historiografia. Esse método constaria de
três etapas: em primeiro lugar, indagar qual era o problema ou os problemas
que preocupavam o pensador objeto de estudo; em segundo lugar, observar a
forma em que ele tentou responder a essa problemática; em terceiro lugar,
traçar elos de relação e derivações entre o pensador estudado e outros
pensadores, mas somente a partir da forma em que eles resolveram os problemas
que tinham decidido equacionar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alicerçado
nessa metodologia, que Paim não duvida em basear na perspectiva
tanscendental, o nosso autor partiu, na sua obra de historiador das idéias
filosóficas, para um estudo desapaixonado e objetivo dos vários períodos da
nossa meditação. A sua <i>História das idéias filosóficas no Brasil</i> é
testemunho insofismável da abertura a todos os autores e a todas as
correntes, superando, definitivamente, o vício apologético, que classificava
pensadores por simpatias de escola ou de ideologia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como não
podia deixar de ser, esse seu pluralismo e a objetividade com que analisa os
pensadores brasileiros, tem constituído o motivo fundamental do ódio dos seus
adversários, incapazes de aceitar o livre estudo e o debate aberto das
idéias. Pode-se tributar essa circunstância à presença muito marcante, na
nossa cultura, da tradição cientificista, aliada às propostas autoritárias e
totalitárias no terreno da política. Prova clara desse confronto entre
espírito liberal e dogmatismo totalitário, deixou o nosso pensador na
coletânea organizada, por ele, e intitulada:<i> Liberdade acadêmica e
opção totalitária</i> [1979, segunda edição, 2019], em que foram
divulgados os principais artigos e comentários de imprensa, acerca dos
episódios de patrulhamento ideológico de que foi objeto conhecido texto de
Miguel Reale, na PUC do Rio de Janeiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
contribuição de Antônio Paim no terreno da historiografia das idéias
filosóficas teve, também, duas manifestações institucionais: em primeiro
lugar, na organização, em 1983, por ele, a partir da sua biblioteca pessoal,
do Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, em Salvador, Bahia, que
constitui, hoje, o mais importante acervo existente no Brasil para a pesquisa
das idéias filosóficas, sociológicas e antropológicas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A segunda
contribuição institucional de Antônio Paim, no campo da historiografia das
idéias filosóficas, foi constituída pela organização dos cursos de
pós-graduação em pensamento brasileiro, primeiro na PUC do Rio de Janeiro,
com a colaboração de Celina Junqueira (no período compreendido entre 1972 e
1978) e, logo, na Universidade Gama Filho (no período compreendido entre 1979
e 1984), onde o nosso autor colaborou com Tarcísio Padilha (1928) e Eduardo
Abranches de Soveral na criação do doutorado em pensamento luso-brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A essas
iniciativas devem juntar-se mais duas: a criação do mestrado em filosofia
brasileira, na Universidade Federal de Juiz de Fora, curso que vingou entre
1984 e 1994 e a organização, com a colaboração de Leonardo Prota, do Centro
de Estudos Filosóficos de Londrina, que no período compreendido entre 1989 e
2003 realizou, a cada dois anos e com o apoio da Universidade Estadual de
Londrina, os Encontros Nacionais de Professores e Pesquisadores da Filosofia
Brasileira. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um resultado
dessa contribuição institucional de Antônio Paim salta à vista: a formação,
ao longo dos últimos trinta anos, de toda uma geração de estudiosos e
pesquisadores da filosofia brasileira, disciplina que hoje é ensinada em mais
de 25 Universidades, ao longo do país, em que pese os preconceitos ainda
remanescentes em setores da burocracia do MEC.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não
poderia deixar de ser ressaltada, outrossim, a contribuição de Antônio Paim,
no campo da divulgação do pensamento brasileiro em empreendimentos
editoriais. Essa realização já tinha sido iniciada, nos anos sessenta, com a
sua dedicada colaboração no Instituto Brasileiro de Filosofia, instituição
que, sob a presidência de Miguel Reale, criou a Estante do Pensamento
Brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A essa
iniciativa pioneira, nas décadas seguintes têm dado continuidade outras: as
monografias e bibliografias de períodos e de pensadores, publicadas pelo
nosso autor no Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro em Salvador
Bahia; a coleção Textos Didáticos do Pensamento Brasileiro, publicada na PUC
do Rio de Janeiro, ao longo dos anos setenta, com a colaboração de Celina
Junqueira; a <i>Enciclopédia luso-brasileira de filosofia</i> [1989-1992],
já mencionada, publicada em Lisboa pela Universidade Católica Portuguesa e em
cuja elaboração o nosso autor teve papel de destaque; a Biblioteca do
Pensamento Brasileiro organizada pela Editora Convívio, em São Paulo, ao
longo da década de oitenta, sob a orientação de Adolpho Crippa (1929-2000),
Miguel Reale e Antônio Paim; as múltiplas edições de textos de pensadores
brasileiros e dos <i>Anais dos Encontros Nacionais de Professores e
Pesquisadores da Filosofia Brasileira</i>, realizadas, sob a sua inspiração,
pelo Centro de Estudos Filosóficos de Londrina; a publicação das <i>Obras
completas</i> de Tobias Barreto [1990] pelo Instituto Nacional do Livro
e com a colaboração de Luiz Antônio Barreto, etc.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;"><span style="mso-list: Ignore;">2)<span style="font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><b><span style="line-height: 115%;">Contribuição
de Antônio Paim no terreno da história das idéias educacionais. </span></b><span style="line-height: 115%;">Para os que temos tido o privilégio de trabalhar
com Paim, não há dúvida de que ele é um autêntico educador, ou seja, aquele
que consegue, mediante o diálogo intelectual e o exemplo, incutir nos seus
alunos e orientandos hábitos de amor à verdade, de coragem na sua defesa, de
rigor científico na pesquisa, de tolerância perante as outras opiniões ou
doutrinas, de modéstia epistemológica diante das próprias descobertas e de
persistência e de colaboração desinteressada nos empreendimentos culturais.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alicerçado
nessa vivência de educador, Antônio Paim tem desenvolvido significativo
trabalho de crítica histórica e culturológica aos descaminhos da educação
brasileira. Para Paim [cf. 1981; 1982; 1983b], ela entrou em crise, ao longo
das últimas décadas, pelo fato de ter se esquecido da formação da pessoa
humana, embalada, a partir das reformas dos anos sessenta do século passado,
pelos sonhos do saber puramente aplicado, retomando o praticismo que já tinha
sido criticado, nos anos trinta, por Anísio Teixeira (1900-1971) e que,
aliado ao corporativismo, fez submergir a Universidade brasileira na crise de
imediatismo e de mediocridade que hoje a assoberba.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa
tradição de imediatismo é polarizada por Paim ao redor de três variáveis:
massificação, profissionalização e super-especialização. O nosso autor
considera que é tanto mais difícil superar esse estado de coisas, quanto que
ele se enraíza em velha tradição, de origem despótico-ilustrado (Pombal),
reforçada pela concepção positivista, que inspirou as reformas educacionais
ocorridas no período republicano.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A educação
brasileira somente poderá ser renovada se superar, de forma radical, o vezo
profissionalizante, mediante a volta ao estudo das humanidades. O nosso autor
elaborou completa proposta de formação humanística, no seu ensaio
intitulado <i>As humanidades e a universidade brasileira: proposta para
obtenção de novo consenso </i>[1983a], bem como no <i>Curso de
humanidades: história da cultura</i> [1988], elaborado com a colaboração
de Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez. (A fim de veicular as idéias
deste curso e discutir de forma sistemática os problemas da educação
humanística, foi criado em São Paulo, por iniciativa de Antônio Paim,
Leonardo Prota e minha, em 1986, o Instituto de Humanidades, transferido para
Londrina em 1996).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
pressuposição deste curso é a seguinte: somente se pode combater uma tradição
com outra. A tradição cientificista da cultura luso-brasileira, somente
poderá ser combatida com a retomada de uma outra tradição, que já esteve
presente nas nossas origens culturais, mas que foi esquecida: trata-se da
tradição humanística. Paim centra essa retomada ao redor do estudo da
história da cultura, que não é outra coisa senão a identificação histórica
dos valores que fizeram emergir e consolidar a cultura ocidental. Com a
finalidade de situar o estudo da moral nesse contexto, o nosso autor publicou
duas obras: <i>Modelos éticos: introdução ao estudo da moral</i> [1992]
e<i> Fundamentos da moral moderna</i> [1994b]. Essa abordagem foi
completada no <i>Curso de humanidades 3- Moral</i> [1997a], de
autoria de Paim, Prota e Vélez Rodríguez.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas, se a
educação humanística permite, aos nossos jovens, se converterem em cidadãos
do mundo, é necessário também, no sentir de Paim, equacionar a questão
urgentíssima da educação para a cidadania. Sem ela, não poderá vingar, no
Brasil, a prática da democracia liberal, a única que, verdadeiramente,
consolida a modernidade. Para atingir essa meta, é urgente, considera o nosso
autor, que se quebre o modelo encadeado, atualmente vigente, de ensino básico
/ ensino <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fundamental e secundário /
ensino universitário, para um modelo que faça, de cada uma dessas séries,
etapa independente. O ensino básico, assim, seria terminal e teria como
finalidade primordial formar a consciência cidadã e dotar as crianças dos
conhecimentos mínimos necessários para a sua inserção na sociedade. Esse
processo de educação para a cidadania, segundo o nosso autor, deveria se
concentrar nas quatro primeiras séries do ensino básico. A sua proposta
pedagógica, alicerçada na fixação dos valores que historicamente deram coesão
à nossa sociedade, foi exposta na obra intitulada:<i> Educação para a
cidadania - Compêndio</i> [1996b e 2002], escrita em colaboração com
Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;"><span style="mso-list: Ignore;">3)<span style="font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><b><span style="line-height: 115%;">Contribuição
de Antônio Paim no terreno da história das idéias políticas. </span></b><span style="line-height: 115%;">Dois empreendimentos, um no terreno da pesquisa,
outro no campo pedagógico, constituem as mais importantes contribuições de
Antônio Paim, no que tange à história das idéias políticas. No terreno da
pesquisa, sobressaem, entre muitos ensaios, as suas obras intituladas: <i>A
querela do estatismo</i> [1994b] e <i>O liberalismo contemporâneo</i> [1995].
Já no relativo à realização pedagógica, destaca-se a obra intitulada: <i>Pensamento
político brasileiro</i> [1994c], coordenada pelo nosso autor e que
constitui a base didática para o curso à distância oferecido pela Universidade
Gama Filho. Nesse contexto de formação política, foi publicado o <i>Curso
de Introdução histórica ao liberalismo</i> [1996a], oferecido à
distância, conjuntamente, pela Universidade Gama Filho e o Instituto de
Humanidades, sob a coordenação de Antônio Paim.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Analisemos,
rapidamente, a posição historiográfica e crítica de Antônio Paim, no que
tange às ideias políticas. O nosso autor [cf. Paim, 1994a] considera que a
formação política brasileira insere-se no contexto do Estado patrimonial
weberiano, cujas duas caraterísticas marcantes seriam a realidade de um Estado
centrípeto mais forte do que a sociedade, e a fragilidade do tecido social,
ou insolidarismo privatista, que leva os grupos e estamentos a tentarem se
apropriar do poder político, em seu benefício e em prejuízo da maioria.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esse
modelo deu ensejo à organização e posterior tentativa de modernização do
Estado português, sob o marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782).
O nosso autor propõe a categoria de <i>patrimonialismo modernizador</i> ou <i>neopatrimonialismo</i> para
caracterizar esse momento, que inspirou a elite, que fez a independência e
que organizou os nossos primeiros institutos de educação superior. Ao longo
do século XIX, no entanto, a realidade do Estado patrimonial foi mitigada, no
Brasil, graças à prática do parlamentarismo, de inspiração liberal. Mas, com
a queda do Império e a ascensão do modelo republicano castilhista, de
inspiração positivista, teria se reforçado o patrimonialismo brasileiro,
embora embalado em projeto modernizador autoritário, no momento getuliano
[cf. Paim, 1994a: 129 seg.].<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O nosso
autor encontra uma única solução para o Brasil sair do patrimonialismo e
enveredar rumo à plena modernidade: a abertura ao capitalismo (abandonando a
antiquada política monopolística e mercantilista presidida pelo Estado
empresário) [cf. Paim, 1994a: 175-200] e o progressivo desmonte do
cartorialismo estatal, mediante a construção de instituições políticas a
serviço da liberdade cidadã. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nessa
empreitada é imprescindível desenvolver, no interior da cultura brasileira, o
interesse pelas idéias liberais, hoje abandonadas pela grande maioria dos
nossos políticos e intelectuais. Para isso, o nosso autor propõe-se a
divulgar as principais teses do liberalismo contemporâneo [cf. Paim, 1995;
1996a].<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">4)
Contribuição de Antônio Paim no terreno da historiografia brasileira. </span></b><span style="line-height: 115%;">Na obra intitulada: <i>Momentos decisivos da
história do Brasil</i> [Paim, 1997b], o nosso autor expõe, de forma
clara, a sua concepção historiográfica. Nela, o autor parte de um imperativo
moral: há momentos em que é necessário travar, com coragem e espírito de
desprendimento pessoal, lutas decisivas em prol do futuro da nação. O nosso
autor reproduz, como epígrafe, as seguintes palavras de um Hino de James
Russel Lowell (1819-1891), da Igreja Presbiteriana:<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Há momentos decisivos<br />
Para a Pátria, para o lar<br />
Quando a escolha é necessária<br />
E há verdade a sustentar<br />
Grandes causas, e conflitos,<br />
Pedem nobres campeões<br />
E a batalha hoje vencida<br />
Valerá por gerações".<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Estamos
vivendo, considera Paim, um desses momentos decisivos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eis a
forma em que o nosso autor identifica esse momento, no contexto dos outros
momentos decisivos da nossa história: "Momentos decisivos de nossa história
são aqueles nos quais o país poderia ter seguido rumo diverso do escolhido.
Vejo três desses momentos, com perdão de Tobias Barreto (1839-1889) para
quem, por sua conotação cabalística, o número três nunca deveria ser invocado
nas análises que aspirassem à consistência. O primeiro configura-se nos
séculos iniciais, quando escolhemos a pobreza e nos deixamos ultrapassar
pelos Estados Unidos, depois de termos sido mais ricos. O segundo, no século
XIX, quando optamos pela unidade nacional, mas nos revelamos incapazes de
consolidar o sistema representativo. Finalmente o terceiro, no século XX,
quando estruturamos em definitivo o Estado Patrimonial, recusando,
terminantemente, o caminho da democracia representativa. Neste fim de milênio
pode estar sendo decidido um quarto momento que, entretanto, somente se
apresenta como interrogação: seremos capazes de enterrar o
patrimonialismo?" [Paim, 1997b: 4].<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na
conclusão da obra em apreço ("Como sair do Patrimonialismo"), o
nosso autor escreve: "Os liberais estão mais ou menos de acordo em que o
Brasil não pode ser denominado de país capitalista. As divergências aparecem
quando se trata de caracterizá-lo. Prefiro a designação de <i>patrimonialismo, </i>desde
que se trata de uma categoria muito estudada que não está obrigatoriamente
identificada com determinado ciclo histórico (como se dá, por exemplo, com o
mercantilismo). Tampouco temos clareza quanto às formas de sair do <i>patrimonialismo</i>.
Levando em conta o fato de que repousa em sólidas tradições culturais,
formadas a partir da Contra-Reforma, o florescimento das religiões
protestantes poderia levar ao capitalismo. A hipótese foi fundamentada por um
estudioso inglês - David Martin (1929-2019) - à luz do atual desenvolvimento
das Igrejas Evangélicas. A outra alternativa corresponderia à educação.
Louvando-se da abundante literatura hoje disponível acerca do <i>milagre</i> dos
Tigres Asiáticos (onde o desenvolvimento é, também, referido tanto à base
moral, que seria facultada pelo confucionismo, quanto à educação). Roberto
Campos (1917-2001) entende que o problema reside na adequada formulação de
políticas. Nesse particular, a privatização representaria significativa
contribuição, tema que merece ser considerado se quisermos compreender as
dificuldades que se interpõem à eliminação do Estado Patrimonial" [Paim,
1997b: 196].<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Livros<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1966] <b><i>A
filosofia da Escola do Recife</i></b>. 1a. edição. Rio de Janeiro: Editora
Saga. 2a. edição. São Paulo: Convívio, 1981.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1967] <b><i>História
das idéias filosóficas no Brasil</i></b>. 1a. edição. São Paulo:
Grijalbo/Edusp, (Prêmio Instituto Nacional do Livro de Estudos Brasileiros -
1968). 2a. edição, São Paulo: Grijalbo/Edusp 1974. 3a. edição, São Paulo:
Convivio/Instituto Nacional do Livro, 1984 (prêmio Jabuti-85 de ciências
humanas, concedido pela Câmara Brasileira do Livro). 4a. edição, São Paulo:
Convivio, 1987. 5a. edição, Londrina: Editora da Universidade Estadual de
Londrina, 1997.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1968] <b><i>Cairu
e o liberalismo econômico</i></b>. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1972] <b><i>Tobias
Barreto na cultura brasileira: uma reavaliação</i></b>. São Paulo:
Grijalbo/Edusp (em colaboração com Paulo Mercadante).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1977] <b><i>A
ciência na Universidade do Rio de Janeiro (1931-1945).</i></b> Rio de
Janeiro: Iuperj. Reedição revista: A UDF e a idéia de Universidade. Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1981.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1977] <b><i>Evolução
histórica do Liberalismo</i></b>. Belo Horizonte: Itatiaia (em colaboração
com Francisco Martins de Souza, Ricardo Vélez Rodríguez e Ubiratan Borges de
Macedo).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1978] <b><i>A
querela do estatismo</i></b>. 1a. edição, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.
2a. edição, revista: A querela estatismo. A natureza dos sistemas econômicos:
o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. 3a. edição, de
acordo com o texto da primeira edição, Brasília: Senado Federal, 1998.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1979] <b><i>Bibliografia
filosófica brasileira - Período contemporâneo (1931-1977).</i></b> 1a.
edição. São Paulo: Edições GDR/Instituto Nacional do Livro. 2a. edição
ampliada: Bibliografia filosófica brasileira - Período contemporâneo
(1931-1980). Salvador: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, 1988.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1979] <b><i>Liberdade
acadêmica e opção totalitária</i></b>. (Obra organizada por Antônio Paim).
Rio de Janeiro: Artenova.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1981] <b><i>A
questão do socialismo, hoje</i></b>. São Paulo: Convivio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1981] <b><i>Os
novos caminhos da Universidade</i></b>. Fortaleza: Universidade Federal do
Ceará.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1982] <b><i>Curso
de Introdução ao pensamento político brasileiro.</i></b> 1a. edição.
Brasília: Editora da Universidade de Brasília. Coordenação juntamente com
Vicente Barretto e autoria das seguintes unidades: A discussão do poder
moderador no Segundo Império; Liberalismo, autoritarismo e conservadorismo na
República Velha (em colaboração com Vicente Barretto); O socialismo; A opção
totalitária; Correntes e temas políticos contemporâneos (em colaboração com
Reynaldo Barros); Estudo de caso - Partidos políticos e eleições após a
Revolução de 30. 2a. edição. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1995.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Livros<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1982] <b><i>Pombal
na cultura brasileira.</i></b> (Obra organizada por Antônio Paim). Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro - Fundação Cultural Brasil/Portugal.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1983] <b><i>Bibliografia
filosófica brasileira - 1808/1930</i></b>. Salvador: Centro de Documentação
do Pensamento Brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1983b] <b><i>Para
onde vai a Universidade brasileira?</i></b> Fortaleza: Edições da
Universidade Federal do Ceará.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1984] <b><i>História
das idéias filosóficas no Brasil</i></b>. 3ª edição revista e ampliada. São
Paulo: Convívio; Brasília: Instituto Nacional do Livro / Fundação
Pró-Memória.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1986] <b><i>O
estudo do pensamento filosófico brasileiro</i></b>. 2ª edição. São Paulo:
Convivio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1987] <b><i>O
modelo de desenvolvimento tecnológico implantado pela Aeronáutica</i></b>.
Rio de Janeiro: Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1987] <b><i>Problemática
do culturalismo</i></b>. (Apresentação de Celina Junqueira). Rio de Janeiro:
Graficon. 2a. edição, Porto Alegre: Edipucrs, 1995.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1988] <b><i>Curso
de Humanidades - 1: História da Cultura</i></b>. (Obra em colaboração com
Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). São Paulo: Instituto de
Humanidades, 5 fascículos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1989] <b><i>Curso
de Humanidades - 2: Política</i></b>. (Obra em colaboração com Leonardo Prota
e Ricardo Vélez Rodríguez). São Paulo: Instituto de Humanidades, 5
fascículos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1989] <b><i>Evolução
do pensamento político brasileiro</i></b>. Belo Horizonte: Itatiaia; São
Paulo: Edusp (Obra em colaboração com Vicente Barretto, Ricardo Vélez
Rodríguez e Francisco Martins de Souza).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1989] <b><i>Oliveira
Vianna de corpo inteiro</i></b>. Londrina: Cefil.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1991] <b><i>A
filosofia brasileira</i></b>. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua
Portuguesa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1992] <b><i>Modelos
éticos: introdução ao estudo da moral</i></b>. Curitiba: Champagnat; São
Paulo: Ibrasa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1994] <b><i>Fundamentos
da moral moderna</i></b>. Curitiba: Champagnat.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1994] <b><i>Pensamento
político brasileiro</i></b>. (Obra organizada por Antônio Paim). Rio de
Janeiro: Universidade Gama Filho, 13 volumes.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1995] <b><i>O
liberalismo contemporâneo</i></b>. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1996] <b><i>Curso
de introdução histórica ao liberalismo</i></b>. (Obra organizada por Antônio
Paim). Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho; Londrina: Instituto de
Humanidades, 5 volumes (em colaboração com Francisco Martins de Souza,
Ricardo Vélez Rodríguez e Ubiratan Borges de Macedo).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1996] <b><i>Educação
para a cidadania - Compêndio</i></b>. (Obra em colaboração com Leonardo Prota
e Ricardo Vélez Rodríguez). Londrina: Universidade Estadual de Londrina /
Instituto de Humanidades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1996] <b><i>Roteiro
para estudo e pesquisa da problemática moral na cultura brasileira</i></b>.
Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1997] <b><i>A
agenda teórica dos liberais brasileiros</i></b>. São Paulo: Massao
Ohno/Instituto Tancredo Neves.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1997] <b><i>As
filosofias nacionais</i></b>. Londrina: Editora da Universidade Estadual de
Londrina.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1997<b><i>]
Curso de Humanidades - 3: Moral</i></b>. (Obra em colaboração com Leonardo
Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). Londrina: Universidade Estadual de Londrina
/ Instituto de Humanidades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1997] <b><i>Curso
de Humanidades - 4: Religião.</i></b> (Obra em colaboração com Leonardo Prota
e Ricardo Vélez Rodríguez). Londrina: Universidade Estadual de Londrina /
Instituto de Humanidades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1997] <b><i>Momentos
decisivos de história do Brasil</i></b>. São Paulo: (no prelo).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1998] <b><i>Etapas
iniciais da Filosofia Brasileira</i></b>. Londrina: Editora da Universidade
Estadual de Londrina.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1998] <b><i>História
do Liberalismo brasileiro</i></b>. São Paulo: Mandarim.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1998] <b><i>O
Liberalismo social: uma visão histórica</i></b>. São Paulo: Massao Ohno/
Instituto Tancredo Neves. (Obra em colaboração com José Guilherme Merquior e
Gilberto de Mello Kujawski).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1998] <b><i>Formação
e perspectivas da social-democracia</i></b>. (Obra em colaboração com Carlos
Henrique Cardim e Ricardo Vélez Rodríguez). Brasília: Instituto Teotônio
Vilela.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1999] <b><i>Curso
de Humanidades - 5: Filosofia</i></b>. (Obra em colaboração com Leonardo
Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). Londrina: Universidade Estadual de Londrina
/ Instituto de Humanidades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ensaios de
Antônio Paim<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[Foram
selecionados os Ensaios mais representativos,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">no terreno
da história das idéias filosóficas e políticas.]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1959]
"A obra filosófica e a evolução de Tobias Barreto". Separata da
Revista do Livro, no. 14, junho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1966]
"O ecletismo de Antônio Pedro de Figueiredo". Separata da Revista
Brasileira de Filosofia. São Paulo, no. 61, janeiro/março.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1966]
"Introdução à filosofia contemporânea no Brasil: a mentalidade
positivista". Separata da Revista Brasileira de Filosofia, no. 64,
outubro/dezembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1968]
"Graça Aranha e os problemas legados à posteridade pela Escola do
Recife". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 72,
outubro/dezembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1968]
"Silvestre Pinheiro Ferreira e a evolução do pensamento brasileiro no
século XIX (no segundo centenário do seu nascimento)". Revista
Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 76, outubro/dezembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1970]
"O pensamento social e político no Brasil". Revista Interamericana
de Bibliografia. Washington, vol. XX, no. 1, janeiro/março.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1971]
"Culturalismo e consciência transcendental". Revista Brasileira de
Filosofia, São Paulo, no. 81, janeiro/março.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1971]
"O culturalismo de Djacir Menezes". Revista Brasileira de
Filosofia. São Paulo, no. 82, abril/junho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1971]
"A perspectiva transcendental e suas implicações". Revista
Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 83, julho/setembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1971]
"A vertente psicológica do ecletismo na obra de Eduardo Ferreira
França". Universitas, Salvador-Bahia, nos. 8/9, janeiro/agosto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1975]
"Salustiano José Pedroza e a formação da corrente eclética na
Bahia". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 99, julho/setembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1975]
"Arthur Orlando e a Escola do Recife". Estudos Universitários,
Recife, vol. 15, nos. 3-4.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1976].
"A superação do empirismo mitigado na obra de Silvestre Pinheiro
Ferreira". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 102, abril/junho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1976]
"Momentos destacados del pensamiento filosófico brasileño". Revista
Universidad de Medellín. Medellín -Colômbia, no. 22, julho/setembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1977]
"Reale e o ponto de vista da consciência transcendental". Estudos
em homenagem a Miguel Reale. São Paulo: Revista dos Tribunais.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1977]
"A questão da originalidade do pensamento filosófico brasileiro".
Revista Brasileira de Filosofia. São Paulo, no. 107, julho/setembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1977]
"Uma corrente da atualidade filosófica brasileira: o culturalismo".
Revista Interamericana de Bibliografía, Washington, vol. XXVII, no. 4,
outubro/dezembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1978]
"Fundamentos morais da cultura brasileira". Ciências Humanas, Rio
de Janeiro, vol. II, no. 5, abril/junho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1979]
"Situação do pensamento filosófico brasileiro nos últimos tempos".
In: Guillermo Francovich, Filósofos brasileiros. Rio de Janeiro: Presença,
pgs. 101-123.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1979]
"Correntes atuais do pensamento brasileiro". Presença Filosófica,
Rio de Janeiro, vol. 5, no. 3, julho/setembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1979]
"A filosofia e a cultura brasileira". In: A filosofia e o ensino da
filosofia. São Paulo: Convivio, pgs. 228-233.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1979]
"Trajetória da filosofia no Brasil". In: Mário Guimarães Ferri e
Shozo Motoyama (organizadores), História das ciências no Brasil. São Paulo:
Epu/Edusp, pgs. 9-34.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1979]
"O pensamento político positivista na República". In: Adolpho
Crippa (organizador). Idéias políticas no Brasil. São Paulo: Convivio, vol.
II, pgs. 35-74.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1981]
"O liberalismo na República Velha nas propostas de Assis Brasil e João
Arruda". Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, no. 65-66, abril/setembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1981]
"O processo de formação do tradicionalismo político no Brasil". In:
Ciências Humanas, Rio de Janeiro, nos. 18-19, julho/dezembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1981]
"Miguel Reale e a filosofia brasileira". In: Miguel Reale na
Universidade de Brasília. Brasília: Editora da UnB, pg. 91-100.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1983]
"A filosofia do direito no pensamento brasileiro". In: Revista da
Universidade Católica de Petrópolis. no. 5, julho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1983]
"As Humanidades e a Universidade brasileira: proposta para obtenção de
novo consenso", in: Humanidades, Brasília, vol. 1 no. 2: pgs. 99-108.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1984]
"O projeto cultural reformador da Escola do Recife". Revista
Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 133, janeiro/março.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1985]
"35 anos de estudos da Filosofia Brasileira". In: Los Ensayistas,
Athens, University of Georgia, nos. 18-19.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1987]
"Estudos recentes do pensamento político, da filosofia do direito e da
filosofia da educação". In: Convivium, São Paulo, no. 2, janeiro/fevereiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1988]
"A discussão do voto distrital na Constituinte". Convivium, São
Paulo, no. 2, março/abril.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1989]
"El krausismo brasileño". In: El krausismo y su influencia en
América Latina. Madri: Fundação Friedrich Ebert / Instituto Fe y Secularidad,
pg. 83-98.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1989]
"Um painel das idéias nos cem anos da República". Revista do
Pensamento Brasileiro. Salvador-Bahia, ano I, no. 1, dezembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1989]
"A cultura brasileira no momento da criação do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro". Rio de Janeiro: Instituto Histórico e
Geográfico, pg. 59-72.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1992]
"A filosofia da cultura de Eduardo Soveral". Revista Brasileira de
Filosofia, São Paulo, no. 165, janeiro/março.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1994]
"Os grandes ciclos da Escola Eclética". Actas do II Colóquio Tobias
Barreto. Lisboa: Instituto de Filosofia Luso-Brasileira.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1994]
"Notas sobre o conceito de filosofia luso-brasileira". Revista
Brasileira de Filosofia., no. 175, julho/setembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1994]
"La filosofia contemporanea in Brasile". Paradigmi. Revista di
Critica Filosofica. Bari, vol. XII, no. 35, maio/agosto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1995]
"A contribuição de Celso Lafer ao liberalismo brasileiro
contemporâneo". Revista Brasileira de Filosofia. no. 180,
outubro/dezembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1996]
"O movimento fenomenológico no Brasil". Revista Brasileira. Rio de
Janeiro, vol. III, no. 9, outubro/dezembro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1996]
"O significado da noção de interesse para os liberais brasileiros".
Carta Mensal, Rio de Janeiro, no. 490, janeiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1996]
"Pronunciamento de Antônio Paim no encerramento da reunião". In:
Leonardo Prota (organizador). Anais do 4o. Encontro Nacional de Professores e
Pesquisadores da Filosofia Brasileira. Londrina: Editora da UEL / CEFIL, pgs.
193-197.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1997]
"Avaliação crítica da moral contra-reformista". Ciências Humanas,
Rio de Janeiro, vol. 20, no. 1, junho, pgs. 47-72.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1998]
"Proposta de uma primeira aproximação à filosofia brasileira". In:
Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, vol. 44, no. 190 (abril/junho):
pgs. 169-180.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[Nota: A
parte II desta apresentacão, intitulada: "Antônio Paim, historiador das
idéias", foi publicada na <b><i>Revista Brasileira de Filosofia</i></b><i>,</i> São
Paulo, vol. 44, no. 186 (abril/junio 1997): 203-212.]<o:p></o:p></span></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-70385960645222471312020-05-19T05:17:00.001-07:002020-05-19T05:17:07.313-07:00Pensadores Brasileiros - MIGUEL REALE (1910-2006)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRicVssvuOGxKRRXyFX89f-l14wF3Eal6o9QL2u_9Ih045Z3kSOvuhXC7-hpGnTlaCGQrjZC3ImbILLb0pdjCMoXxWNSWSYnUtNdc2sNoDP81kTm0aUEe-9C7929WDXIF1Kgwjglug1Oea/s1600/MIGUEL+REALE+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="240" data-original-width="320" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRicVssvuOGxKRRXyFX89f-l14wF3Eal6o9QL2u_9Ih045Z3kSOvuhXC7-hpGnTlaCGQrjZC3ImbILLb0pdjCMoXxWNSWSYnUtNdc2sNoDP81kTm0aUEe-9C7929WDXIF1Kgwjglug1Oea/s200/MIGUEL+REALE+2.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
A problemática da originalidade constitui uma das questões fundamentais da filosofia brasileira, bem como, num contexto mais largo da meditação filosófica no âmbito ibero-americano. Representa esta algo de novo no seio da filosofia ocidental? Diante dessa pergunta, surgem duas respostas radicais: não há qualquer originalidade, ou, ao contrário, é possível uma originalidade total.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Exemplo da primeira alternativa é a opinião do jusfilósofo brasileiro Clóvis Bevilacqua (1859-1944), para quem “a especulação filosófica pressupõe uma larga e profunda base de meditação, nos vários domínios do saber humano, aparecendo ela como uma flor misteriosa (...) dessa vegetação mental, assim como a poesia é a flor da emotividade” [Bevilacqua, 1899: 16]. Ora, frisa Bevilacqua, se bem a poesia floresce no Brasil, em decorrência do fato de se enraizar no sentimento, não ocorre isso, no entanto, com a filosofia, terreno no qual os brasileiros limitam-se a copiar o pensamento dos europeus, sem que exista uma escola própria, ou um conceito original de vulto.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Opinião igualmente radical é sustentada pelo pensador colombiano Fernando González Ochoa (1895-1964), para quem é impossível falar em filosofia latino-americana, em decorrência do fato de termos um espírito de colonizados. “Quem é colônia por dentro - escreve González Ochoa [1986: 76] - concebe a liberdade como câmbio de dono”.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Exemplo da segunda alternativa é a opinião do brasileiro Roberto Gomes (1944), para quem seria possível a elaboração de um pensamento latino-americano cem por cento original, surgido da meditação sobre a própria realidade e do esquecimento da filosofia européia, que virou, apenas, cultura ornamental na América Latina. A respeito, conclui o mencionado autor: “do ponto de vista de um pensar brasileiro, [o compositor carnavalesco] Noel Rosa (1910-1937) tem mais a nos ensinar que o senhor Immanuel Kant (1724-1804), uma vez que a filosofia, como o samba, não se aprende no colégio” [Gomes, 1980: 107].</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Opinião semelhante é sustentada pelo peruano Alberto Palacios o qual, na sua “Mensagem à juventude universitária de Ibero-America”, considera que, até agora, a cultura filosófica latino-americana foi caudatária do pensamento europeu. Essa circunstância muda a partir da Primeira Guerra Mundial, que revelou a decadência da Europa. A América Latina, no sentir de Palacios, sente-se na iminência de dar à luz uma nova filosofia, perfeitamente original. Na trilha dessa absoluta novidade, a revista peruana Valoraciones chegou a propor o seguinte: “Liquidemos contas com os tópicos em uso, expressões agônicas da alma decrépita da Europa” [apud Mariátegui, J. C., 1986: 62]. O fundamento ontológico dessa renovação é a raça-síntese que vingou na América Latina. A respeito, escreve Palacios: “Somos povos nascentes, livres de amarras e atavismos, com imensas possibilidades e amplos horizontes diante de nós. O cruzamento de raças deu-nos uma alma nova. No interior das nossas fronteiras acampa a humanidade. Nós e os nossos filhos somos síntese de raças” [apud Mariátegui, 1986: 64].</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Superando as posições extremadas que acabam de ser esboçadas, Miguel Reale (1910-2006) formulou a metodologia que permite à meditação filosófica luso-brasileira e ibero-americana caracterizar a sua originalidade, sem, contudo, cair no extremo de uma originalidade total, desvinculada da tradição filosófica ocidental. Essa posição equilibrada é defendida, também, por outros pensadores brasileiros e ibero-americanos como Antônio Paim [1984, 1986], Alcides Bezerra [1936], Luis Washington Vita [1964, 1969a e 1969b], Augusto Salazar Bondy [1968], Alejandro Korn [1940], José Vasconcelos [1926, 1986], José Carlos Mariátegui [1978, 1986], Francisco Romero [1944, 1952, 1986], Ernesto Mayz Vallenilla [1959, 1986], Francisco Miró Quesada [1974, 1986], Germán Marquínez Argote [1986], Leopoldo Zea [1974, 1976, 1986], etc.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Miguel Reale parte do fato de que a criação filosófica contemporânea ocorre, preferencialmente, sob a forma de meditação sobre problemas e não como formulação das grandes perspectivas transcendente e transcendental, que já foram fixadas por Platão (428-348 a.C.) e por Kant, respectivamente, ou como construção de sistemas (modalidade adotada pela meditação filosófica ocidental até o final do século passado). A partir daí, o nosso autor formula um método que permite a análise da meditação filosófica brasileira e latino-americana como discussão de problemas, superando o vício do engajamento apologético, que condena ou hipervaloriza autores, de acordo com as preferências axiológicas do estudioso e vencendo, de outro lado, a atitude puramente analítica, que reduz a filosofia ao estudo dos clássicos, sem, contudo, reconhecer aos pensadores brasileiros e latino-americanos a capacidade de meditar sobre a própria realidade.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
No seu ensaio intitulado: “A doutrina de Kant no Brasil” [1949], o filósofo paulista já tinha destacado o fato de o pensamento kantiano ter tido, no Brasil, um desenvolvimento criativo, em estreita relação com a reflexão dos nossos pensadores sobre as circunstâncias particulares da história brasileira. O criticismo kantiano, observa Reale no mencionado ensaio, não entrou no Brasil simplesmente como cópia das idéias do filósofo de Königsberg (hipótese que Clóvis Bevilacqua [1929: 5-14] tentou provar no seu trabalho dedicado à saga da doutrina kantiana em terras brasileiras), mas penetrou de forma viva e criativa. A respeito, escreve Miguel Reale [1949: 55]: “A doutrina de Kant, no que ela possui de perenemente vital, não se presta a essas recepções fáceis, nem pode ser convertida em um conjunto cerrado de princípios. O criticismo é, antes, um método, uma atitude ou posição espiritual. É um ponto de partida para a pesquisa criadora; mais uma forma de inquietação e de crise estimativa do que de plenitude e suficiência. Daí poder-se dizer que a presença de Kant, ao menos como motivo de filosofar, constitui um sinal de densidade cultural, como certas roupagens vegetais assinalam as terras ricas de húmus. A compreensão de Kant não permite, em verdade, uma atitude ou forma cômoda de filosofar, sem excessiva filosofia, sem serem empenhadas, a fundo, as nossas mais subtis capacidades de inteligência, em um trabalho perseverante e metódico”.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
A filosofia clássica é, portanto, para o pensador paulista, não uma muralha que impede o voo do espírito, mas, antes, uma trilha aberta, que nos convida a caminhar por ela, iluminando, com os seus ensinamentos, a problemática que vivemos. Em relação a esse posicionamento, Antônio Paim (1927) escreveu: “A filosofia é, certamente, um saber especulativo, que se volta para uma problemática que, embora renovada através do tempo, se tem revelado perene em contraposição à alternância dos sistemas. Esses problemas, contudo, têm sempre a ver com a circunstância cultural. De sorte que o caráter especulativo da filosofia não pode ser arrolado como simples diletantismo, como se a filosofia não tivesse nenhum compromisso com a temporalidade e as angústias de determinado momento da cultura de um povo” [Paim, 1981: 92].</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Em relação à metodologia formulada por Miguel Reale, para possibilitar a pesquisa da história das idéias filosóficas, Antônio Paim [1981: 92] escreveu: “O método sugerido por Miguel Reale para a investigação da filosofia brasileira compõe-se dos seguintes elementos: 1) identificar o problema (ou os problemas) que tinha pela frente o pensador, prescindindo da busca de filiações a correntes que lhes são contemporâneas no exterior; 2) abandonar o empenho de averiguar se o pensador brasileiro interpretou, adequadamente, as idéias de determinado autor estrangeiro, mais expressamente, renunciar ao confronto de interpretações e, portanto, ao cotejo da interpretação do pensador brasileiro estudado com outras interpretações possíveis, para eleger entre uma ou outra; e 3) ocupar-se, preferentemente, da identificação de elos e derivações, que permitem apreender as linhas de continuidade real de nossa meditação”.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Convém indagar, a esta altura da concisa exposição que desenvolvo acerca do pensamento de Miguel Reale, face à história das idéias, como fundamenta o filósofo paulista a metodologia apontada. A meu entender, o nosso autor concebe a história das idéias como um desdobramento da “reflexão crítico-histórica” por ele analisada em Experiência e Cultura [Reale, 1977: 126 seg.].</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
No contexto da original interpretação que o pensador paulista realiza da fenomenologia husserliana, à luz da herança transcendental kantiano-hegeliana, ele destaca a correlação in fieri do subjetivo e do objetivo na subjetividade concreta. “Em verdade - frisa a respeito Miguel Reale [1977: 27] - se a consciência intencional se dirige sempre para algo, visando à conversão de algo em objeto, e se este, enquanto objeto, não se distingue daquilo que se oferece à consciência, não se pode considerar ‘puramente subjetivo’ o momento culminante do processo eidético. Parece-me, ao contrário, que a ‘reflexão fenomenológica’ é necessária e intrinsecamente subjetivo-objetiva, isto é, ontognoseológica, consoante terminologia que julgo mais adequada para indicar o âmbito em que se dão todos os atos cognoscitivos e as volições do homem, em sua perene e dinâmica relação com a natureza, assim como na trama de seus próprios conhecimentos e volições e do percebido e querido por ‘um eu’ e ‘outro eu’. Na subjetividade transcendental já está, por assim dizer, in nuce, a experiência ontognoseológica, o processo de significações ou ‘intencionalidades objetivadas’ que são a realidade da ‘cultura’. Consciência intencional ou temporalidade ou historicidade, longe de serem antitéticas, são, pois, expressões que se exigem e se complementam (...)”.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Ora, se consciência intencional e historicidade são expressões dialéticas e complementares, a “reflexão crítico-histórica” é, para Miguel Reale, o momento culminante do processo ontognoseológico, que é, essencialmente, “reflexão ambivalente”, no seio da qual “quanto mais se desvelam as fontes da subjetividade mais se capta o sentido da objetividade” [Reale, 1977: 129]. Somente assim, considera o nosso autor, é possível salvaguardar os dois aspectos básicos destacados, pela fenomenologia, na dinâmica do conhecimento: o da subjetividade e o da objetividade (ou “mundo do viver comum”, ou “mundo da originariedade natural”).</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
É conhecida a forma clara e contundente com que o nosso pensador aplica o conceito de “reflexão crítico-histórica” ao filosofar, quando reflete sobre a doutrina da Lebenswelt husserliana. Para Miguel Reale, é claro que “nenhum conhecimento ou nenhuma Filosofia tem sentido fora do diálogo da história, ou sem consciência da historicidade do homem e de suas idéias, de sorte que o desconhecimento do valor da História equivale a abdicar da Filosofia, da cultura e do sentido da própria vida” [Reale, 1977: 130-131]. Esta concepção insurge-se contra a denominada, por Husserl (1859-1938), “Filosofia da decadência” (Verfallphilosophie), que pratica a “retirada do mundo” e que “espelha um fenômeno de massa”, ao olvidar o “espírito de responsabilidade pessoal e radical inerente ao ethos da autêntica Filosofia” [Reale, 1977: 131].</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
O nosso pensador já pressentia, sem dúvida, há mais de vinte anos atrás, quando escrevia estas palavras em Experiência e Cultura, o fenômeno de alienação protagonizado, hodiernamente, pela moda analítica, que se pratica nas corporações autistas e pseudo filosofantes, em que, infelizmente, se converteram não poucos departamentos de filosofia das Universidades brasileiras.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
À luz da “reflexão crítico-histórica” proposta por Miguel Reale, o filosofar brasileiro teria, basicamente, duas tarefas: identificar os temas-chave da filosofia ocidental e, em segundo lugar, refletir, à luz desse legado, sobre a própria problemática histórica. Valeria aqui lembrar rapidamente a forma em que Hegel (1770-1831) entendia o estudo da filosofia, pois o nosso autor aproxima-se neste ponto, a meu ver, do filósofo alemão. Se, por um lado, a análise das filosofias nacionais e dos sistemas deve ser objeto de estudo da história da filosofia, no sentir de Hegel, a inquirição, contudo, não pára aí. Momento fundamental da dialética da razão é constituído, também, pela busca da identidade dela consigo mesma, ao que só se pode chegar mediante a integração das várias filosofias nacionais e dos sistemas, numa visão de conjunto que, revelando as diferenças históricas, explicite, também, o fundo comum que as une: a força e a lógica do espírito humano na busca da sua identidade [cf. Hegel, 1981: 41 seg.]. Para utilizar o belo símil colocado pelo ilustre pensador português António Braz Teixeira (1936), o fato de ter pernas que repousam sobre a terra, não tira à ave a capacidade de voar até os céus.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Ora, o nosso pensador tem realizado ambas as tarefas com indiscutível originalidade. Como lembra, com propriedade, Roque Spencer Maciel de Barros (1927-1999), “Miguel Reale desempenhou e desempenha entre nós, e creio que também hoje, em Portugal, um papel semelhante ao que Ortega y Gasset (1883-1955) desempenhou em Espanha e no mundo ibérico em geral. Diríamos que Reale se põe diante de cada autor estudado compreendendo que cada um há de ser examinado não segundo padrões abstratos, mas com as ‘suas circunstâncias’. ‘Tu es tu e a tua circunstância’, parece dizer a cada um o filósofo brasileiro, disposto a situar-se diante dos problemas que o autor em exame enfrentou, com as ferramentas de que dispunha e, se critica as suas obras, fá-lo ‘de dentro’, da perspectiva do pensador estudado, com generosa serenidade e simpatia, que combina com o rigor crítico” [Barros, 1994].</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
No seu trabalho de diálogo filosófico com os autores, o nosso autor faz da tolerância e do pluralismo o clima de trabalho, que soube comunicar ao Instituto Brasileiro de Filosofia criado por ele em 1949 e ao seu órgão, a Revista Brasileira de Filosofia. Os que “amam a verdade alimentada pelo livre sopro das idéias, - frisa Reale [1994: 23] - mister é que fortaleçam a sua posição pela seriedade das pesquisas, pela meditação serena que é o âmago, a ‘intimidade’ da filosofia .(...). É claro que do diálogo filosófico não se exclui a veemência, nem a paixão pela verdade, mas os caminhos da filosofia são os das convicções livremente elaboradas e transmitidas, não se justificando a polêmica convertida em razão do filosofar”.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Ao enxergar a magna obra de Miguel Reale no terreno da filosofia e da história das idéias, à luz da qual se formaram as várias gerações que, nos últimos cinquenta anos, desenvolveram, de forma sistemática, o estudo do pensamento filosófico no Brasil, posso concluir que o nosso autor foi o maior pensador brasileiro, ao longo do século XX.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">BIBLIOGRAFIA </span></span><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px; font-weight: 700;"></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
BARROS, R. S. Maciel de. [1994]. “Lições sobre o diálogo filosófico”, in: <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Jornal da Tarde</i></span>, São Paulo, 25/06/94, Caderno Livros.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
BEVILACQUA, C [1899]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Esboços e fragmentos</i></span>. Rio de Janeiro: Laemmert.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
BEVILACQUA, C. [1929]. “A doutrina de Kant no Brasil”, in: <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Revista da Academia Brasileira de Letras,</i></span> no. 93, pgs. 5-14.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
BEZERRA, A [1936]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Achegas à história da filosofia</i></span>. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
GOMES, R. [1980]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Crítica da razão tupiniquim</i></span>. 4a. edição, São Paulo: Cortez.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
GONZÁLEZ Ochoa, F. [1986]. “Filosofía colombiana?” In: G. Marquínez Argote (org.), <i style="box-sizing: border-box;">Qué es eso de filosofía latinoamericana?</i> Bogotá: El Buho, pgs. 75-76.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
HEGEL, W. F. [1981]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Textos escolhidos</i></span>. (Seleção e organização de R. Corbusier). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
KORN, A [1940]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Obras</i></span>. La Plata: Universidad Nacional de La Plata.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
MARIÁTEGUI, J. C. [1978]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Obras completas</i></span>. 5a. edição. Lima: Amauta, vol. 12.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
MARIÁTEGUI, J. C. [1986]. “Existe un pensamiento hispanoamericano?” In: G. Marquínez Argote (org.). <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Qué es eso de filosofía latinoamericana?</i></span> Bogotá: El Buho, pgs. 60-65.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
MARQUÍNEZ Argote, G. [1986]. (org.).<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;"> Qué es eso de filosofía latinoamericana? </i></span>Bogotá: El Buho.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
MAYZ Vallenilla, E. [1959]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">El problema de América.</i></span> Caracas: Universidad Central de Venezuela.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
MAYZ Vallenilla, E. [1986]. “Programa de una filosofía original”. In: G. Marquínez Argote (org.).<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Qué es eso de filosofía latinoamericana?</i></span> Bogotá: El Buho, pgs. 77-83.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
MIRÓ Quesada, F. [1986]. “El proyecto latinoamericano de filosofar como decisión de hacer filosofía auténtica”, in: G. Marquínez Argote (org.), <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Qué es eso de filosofía latinoamericana?</i></span> Bogotá: El Buho, pgs. 95-115.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
PAIM, A [1986].<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">O estudo do pensamento filosófico brasileiro.</i></span> 2a. edição. São Paulo: Convívio.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
REALE, M. [1936]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Atualidades de um mundo antigo.</i></span> Rio de Janeiro: José Olympio.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
REALE, M. [1940a]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Fundamentos do direito: contribuição ao estudo da formação da natureza e da validade da ordem jurídica positiva. </i></span>São Paulo: Editora Revista dos Tribunais.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
REALE, M. [1956]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Horizontes do direito e da história: estudos de filosofia do direito e da cultura</i></span>. 1ª edição. São Paulo: Saraiva. 2ª edição, São Paulo: Saraiva, 1997.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
REALE, M. [1963]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Pluralismo e liberdade</i></span>. São Paulo: Saraiva.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
REALE, M. [1968b]. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Teoria tridimensional do direito: preliminares históricas e sistêmicas</i></span>. São Paulo: Saraiva. 2ª edição, São Paulo: Saraiva, 1979; 3ª edição, São Paulo: Saraiva, 1980; 4ª edição, São Paulo: Saraiva, 1986.</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
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<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /></div>
Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-34328365748297872382020-05-18T13:09:00.000-07:002020-05-18T13:16:55.419-07:00Pensadores Brasileiros - JOSÉ OSVALDO DE MEIRA PENNA (1917-2017)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvw9ya9D0-BWGuD7zUO0udktrrQnQLQVqJnKE1fxb2xi6Ii8S8G_R3rGtxwCMYRIelJWM_DvJ-ITI6ICcrRCG-pkGp8FEtui-MB0S_hessIBV8fcwjjBqz6D7uJFIWN9-YF-gy263ZN8Rs/s1600/MEIRA+PENNA+CENTEN%25C3%2581RIO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="260" data-original-width="255" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvw9ya9D0-BWGuD7zUO0udktrrQnQLQVqJnKE1fxb2xi6Ii8S8G_R3rGtxwCMYRIelJWM_DvJ-ITI6ICcrRCG-pkGp8FEtui-MB0S_hessIBV8fcwjjBqz6D7uJFIWN9-YF-gy263ZN8Rs/s200/MEIRA+PENNA+CENTEN%25C3%2581RIO.jpg" width="195" /></a></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Neste ensaio serão desenvolvidos dois itens: I – Breve síntese biobibliográfica de Meira Penna; II – A crítica do autor ao Estado Patrimonial.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">I - BREVE SÍNTESE BIOGRÁFICA</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">José Osvaldo de Meira Penna nasceu no Rio de Janeiro a 14 de março de 1917. Concluiu o Curso de Direito na Universidade dessa cidade, em 1939. Ingressou por concurso na carreira diplomática em 1938, tendo permanecido nela durante mais de quarenta anos, até sua aposentadoria, ocorrida em 1981. Cursou estudos complementares na Universidade de Columbia (New York), no Instituto Jung de Psicologia (Zurich) e na Escola Superior de Guerra (Rio de Janeiro).</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os primeiros anos de sua vida diplomática foram vividos em Calcutá, Xangai, Ankara e Nandjing. Quando da sua primeira permanência na China foi surpreendido pela guerra (1942) e assistiu, posteriormente, ao colapso do regime nacionalista chinês. Desempenhou funções diplomáticas, também, em Costa Rica, no Canadá e na Missão Brasileira junto às Nações Unidas, de onde regressou ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, onde chefiou a Divisão Cultural, no período compreendido entre 1956 e 1959. Foi embaixador na Nigéria, Secretário-Geral Adjunto do Ministério das Relações Exteriores para a Europa Oriental e a Ásia e embaixador em Israel, no período compreendido entre 1967 e 1970. Ocupou, também, o cargo de Assessor do Ministro da Educação e Cultura. Desempenhou as funções de embaixador na Noruega, no Equador e na Polônia, cargo com o qual encerrou a sua carreira diplomática.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois de aposentado, Meira Penna ingressou no magistério, como professor vinculado ao Departamento de Relações Internacionais e Ciência Política da Universidade de Brasília. Desde fins da década de sessenta desenvolveu ampla e combativa atividade jornalística, sendo colaborador de importantes diários brasileiros como O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde (São Paulo), Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), e outros. Em 1986 criou, junto com alguns intelectuais de inspiração liberal, a Sociedade Tocqueville, entidade da qual foi Presidente. Presidiu, também, o Instituto Liberal de Brasília e foi membro ativo da Sociedade Mont Pélérin.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Meira Penna foi um dos mais importantes e polêmicos ensaístas brasileiros. Os seus livros, ensaios e artigos cobrem ampla gama de assuntos. A sua produção intelectual pode ser aglutinada ao redor de três grandes centros de interesse: a história, a filosofia (notadamente a dedicada à reflexão sobre a política e a ética pública) e a sociologia. No campo da história, sobressaem as seguintes obras: Shangai, O sonho de Sarumoto e Quando mudam as capitais. No terreno da filosofia, pode-se mencionar vários títulos, como por exemplo: Elogio do burro, O Evangelho segundo Marx, Opção preferencial pela riqueza, Decência já, O espírito das Revoluções e A Ideologia do século XX. No campo sociológico, as suas obras mais representativas foram: Política externa: Segurança & Desenvolvimento, Psicologia do subdesenvolvimento, Em berço esplêndido, O Brasil na idade da razão, O Dinossauro e Utopia brasileira.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Parte significativa da obra de Meira Penna inseriu-se, como já foi apontado, no terreno da filosofia política, com a discussão do problema das relações entre epistemologia e poder. Nesse contexto situam-se obras como O Evangelho segundo Marx, A Ideologia do século XX, Opção preferencial pela riqueza e O espírito das Revoluções. O autor adotou a defesa do ponto de vista neoliberal, seguindo a tradição da escola austríaca de Friedrich Hayek (1899-1992) e Ludwig von Mises (1881-1973). Participou do debate acerca da problemática do estatismo, defendendo a tese do "estado mínimo" e da máxima liberdade para a iniciativa privada e o mercado. Com a finalidade de analisar criticamente a realidade do Estado patrimonial brasileiro do ângulo neoliberal, o autor escreveu vários artigos e ensaios em revistas especializadas, que foram compilados na sua obra intitulada: O Dinossauro, que constitui, como destacarei no item seguinte, uma das mais importantes contribuições à análise crítica das relações de poder no Brasil.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">II - A CRÍTICA DE MEIRA PENNA AO ESTADO PATRIMONIAL.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Para Meira Penna, o Brasil não chegou, ainda, à idade da razão. O cogito ergo sum cartesiano foi substituído, na nossa sociedade presidida pelas relações afetivas, pelo coito ergo sum macunaímico. Essa seria a primeira caracterização que Meira Penna formula em relação à nossa realidade. Não se trata, evidentemente, de atitude puramente negativista em face do país. A atitude do nosso autor é crítica, não perdoando incoerências nem dando trégua ao bom-mocismo. Mas trata-se de uma atitude crítica construtiva. Se quisermos sair do marasmo secular em que estamos confinados, como eterno país do futuro, devemos olhar com claridade para dentro de nós mesmos, conhecermos a fundo as nossas potencialidades e mazelas, a fim de remediar as segundas e fazer crescer as primeiras. É nesse contexto de ética intelectual weberiana em que se situa a crítica de Meira Penna ao Patrimonialismo.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A análise de Meira Penna acerca do Estado patrimonial inspira-se, basicamente, na crítica de Tocqueville (1805-1859) ao centralismo francês. Meira Penna, aliás, inicia o seu livro O Dinossauro [1988] com a seguinte paráfrase, tirada de A Democracia na América [cit. por Meira Penna, in 1988: II]: "Sobre essa raça de homens opera um poder imenso e tutelar que se atribui a obrigação exclusiva de gratificá-los e presidir sobre seu destino. Esse poder é absoluto, minucioso, regular, providente e suave. Seria como uma autoridade de pai se, como essa autoridade, fosse seu propósito preparar os homens para a idade adulta; mas ele procura, ao contrário, mantê-los em perpétua infância: contenta-se em que o povo se divirta, contanto que não pense em outra coisa senão divertimento. Para sua felicidade, tal governo trabalha com prazer, mas deseja ser o agente único e árbitro exclusivo dessa felicidade (...). Assim, cada dia torna menos útil e menos frequente o exercício da livre capacidade do homem; circunscreve a vontade num âmbito cada vez mais estreito e, gradualmente, priva o homem de todos os usos que, de si mesmo, pode fazer. O princípio da igualdade preparou os homens para essas coisas, os predispôs para suportá-las e, frequentemente, para considerá-las como bens".</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não podia ser outra a fonte de inspiração do nosso autor na sua crítica ao patrimonialismo, levando em consideração que o seu livro O Dinossauro constitui, no sentir dele, "(...) a minha primeira contribuição para a Coleção do pensamento neoliberal ou liberal-conservador, que a Sociedade Tocqueville pretende editar" [Meira Penna, 1988: III, nota]. Lembremos que a mencionada Sociedade tinha sido criada em 1986, sob a inspiração de Meira Penna, por alguns intelectuais (entre os quais eu próprio me encontrava) do Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e Santa Maria, com o propósito, como frisava a Carta de Princípios e Programa de Atuação [in Meira Penna, 1988: III], de "contribuir, pelo seu exemplo, no sentido de que as diversas correntes em que se divide a opinião nacional sejam levadas a explicitar corretamente os princípios em que se louvam", a fim de que fiquem claras as diferenças entre socialistas e liberais, no que se refere à construção do Estado. Este, pelos primeiros, sempre foi entendido como realidade mais forte do que a sociedade, enquanto, para os segundos, deve estar a serviço da mesma. Segundo rezava, mais adiante, a Carta de Princípios da Sociedade Tocqueville, "a realidade do Estado patrimonial burocratizado configura ainda (...) o complexo de clã (Oliveira Vianna), em que predominam as funções afetivas e os critérios concretos de simpatia ou antipatia, no relacionamento pessoal privilegiado, em detrimento dos princípios abstratos de obediência à lei, de ordem, de responsabilidade e de justiça. Ainda existimos em berço esplêndido, sob a proteção do clã familiar. Quem não tem pai, padrinho ou patrono não tem vez. Só entramos parcialmente na Idade da Razão. A nossa modernização se processou a médias. O anacronismo e defasagem de nosso desenvolvimento cultural e mental é o que abre as portas à tentação totalitária".</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A crítica de Meira Penna ao Estado patrimonial insere-se, portanto, nessa finalidade mais ampla (encampada pela Sociedade Tocqueville), de contribuir para o ingresso do Brasil na idade da razão. Segundo o nosso pensador, a sua primeira crítica ao Estado patrimonial data de 1972. A sua convicção viu-se reforçada pela débacle do estatismo na Europa e nos Estados Unidos, ao longo dos anos 80. "Universalmente, - frisa, a respeito, Meira Penna - o público descobriu, como uma revelação súbita, que a culpa dos nossos males atuais cabe ao Estado forte e açambarcador, ao Estado burocrático repressivo" [1988: 9].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em que consiste a essência do Patrimonialismo? Meira Penna considera que foi Max Weber quem melhor a definiu. "Nesse sistema - frisa o nosso autor - poderes particulares e as vantagens econômicas correspondentes são apropriadas, isto é, tornam-se propriedade particular do Chefe. Weber discute, com certo pormenor, a maneira como se processa essa apropriação. Vemos, no caso do Brasil, que a descrição se enquadra, com bastante exatidão, no que ocorre em nosso regime clientelista (...)" [1988: 142]. Neste, segundo Meira Penna, consolida-se a confusão entre as esferas pública e privada. A respeito, frisa: "O coronelismo, o clientelismo, o compadrio, o empreguismo, esse emaranhado extremamente confuso de relacionamentos e obrigações personalistas, ao nível municipal, que se associam à estrutura patrimonial do país, consistem, essencialmente, no aproveitamento privado da coisa pública. O coronelismo representa a forma local de domínio personalista. O patrimônio privado é, ao mesmo tempo, o patrimônio público. A privatização concreta se traduz pela incapacidade de conceber o governo como oriundo de um pacto social abstrato, em que, segundo Hobbes (1588-1678), Locke (1632-1704) e Rousseau (19712-1778), o Estado utiliza as leis como instrumento de sua autoridade. Um antigo governador do Ceará, o ministro Parsifal Barroso (1913-1986), contou-me que, quando visitava uma aldeia do interior, a população acudia para recebê-lo, aos gritos de lá vem o governo: a pessoa do governador é confundida com o próprio governo, sem distinção entre o corpo concreto do homem e a idéia abstrata de uma instituição" [1988: 144].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Analisarei neste ensaio a crítica de Meira Penna ao Estado patrimonial, em seis itens: 1) Patrimonialismo, o mal latino; 2) Patrimonialismo e familismo clientelista; 3) Patrimonialismo e formalismo cartorial; 4) Patrimonialismo e estatismo burocrático; 5) Patrimonialismo e mercantilismo; 6) Patrimonialismo e corrupção. Concluirei mostrando quais são, do ponto de vista brasileiro e na perspectiva do nosso autor, as alternativas em face do Patrimonialismo.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">1) Patrimonialismo, o mal latino.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Para Meira Penna, o vício do Patrimonialismo não é, apenas, caraterística culturológica que acompanhou a formação do Estado no Brasil. É herança, também, dos povos latinos. Franceses, italianos, espanhóis, portugueses e latino-americanos, em geral, viram consolidar as suas instituições políticas de forma patrimonialista.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em relação à França, o nosso autor alicerça-se, diretamente, na obra de Tocqueville: L'Ancien Régime et la Révolution. Os franceses acostumaram-se a enxergar os seus chefes como tutores, após séculos de centralismo paternalista do Monarca sobre a nação. Meira Penna cita as palavras de Tocqueville a respeito: "Quando penso nas pequenas paixões dos homens de nossos dias, na frouxidão dos costumes, na potencialidade de suas luzes, na pureza de sua religião, na condescendência de sua moral, em seus hábitos metódicos, no apego que experimentam em relação ao vício, não creio que eles vejam seus chefes como tiranos, mas, antes, como tutores" [cit. por Meira Penna in 1988: 223-224].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Comentando as palavras do pensador francês, Meira Penna escreve: "Tocqueville acentua, ainda, enfaticamente, como o novo regime democrático, longe de favorecer o desenvolvimento da liberdade individual, proporcionou o crescimento do poder estatal centralizador. Tocqueville é, sem dúvida, o primeiro pensador que caracterizou, concretamente, o antagonismo entre o puro democratismo e o conceito de liberdade. Escreve ele: Por debaixo da superfície aparentemente caótica, se desenvolvia um poder vasto e altamente centralizado que atraía para si e moldava, num todo orgânico, todos os elementos de autoridade e influência que, até então, se encontravam dispersos entre uma multidão de poderes menores e não coordenados (...). Nunca, desde a queda do Império Romano, o mundo contemplou um governo tão altamente centralizado. Tocqueville salienta, desde logo, que foram o aumento da burocracia estatal, juntamente com sua crescente ineficiência e corrupção, muito mais que as guerras, os magníficos palácios e o luxo da corte, que determinam o colapso financeiro da França, motivo imediato da Revolução. Versailles e as aventuras bélicas dispendiosas arruinaram, sem dúvida, o final do reino de Luís XIV (1638-1715). Mas a segunda metade do século XVIII foi relativamente pacífica e Luís XVI (1754-1793) não se excedeu em construções extravagantes. A estrutura econômica do país era basicamente saudável. O que estava acontecendo é que um número realmente excessivo de indivíduos da nobreza e da burguesia mamavam nos úberes fartos do Tesouro. O Estado se depauperava. A França estava falida" [1988: 224].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A figura centralizadora e omnipresente de Colbert (1619-1683) é, no contexto francês, o exemplo do superbarnabé que faria as delícias do cartorialismo lusitano rejuvenescido sob Pombal. A respeito desse arquétipo e dos nefastos efeitos da sua ação cartorial sobre a França, escreve Meira Penna: "Colbert é uma espécie de primeiro modelo do superburocrata. O Leviatã absolutista que Luís XIV impusera sobre a França incluía esse funcionário típico que trabalhava dezesseis horas por dia, que era tão frio, inflexível e cruel que madame de Sévigné (1626-1696) o apelidara Le Nord, e que esfregava as mãos de volúpia quando chegava ao escritório, às 5:30 da madrugada, e encontrava a mesa apinhada de processos para despachar. De fato, tudo despachava. Despachava, também, para as galeras os comerciantes que ousassem importar do exterior, em concorrência às manufaturas estatais, tecidos de algodão. E tudo regulamentava, disciplinava, obstruía, ordenava, coibia com suas famosas Ordonnances. E multiplicava os decretos criando empresas públicas, manufaturas reais, tecelagens reais, forjas reais, arsenais reais e milhares de outras companhias reais, sempre na crença de que cabia ao Estado incentivar a indústria. A iniciativa privada era a priori suspeita. A economia era desenhada geometricamente, à la française como os jardins, mas o resultado final é que, em todos os terrenos, a França começa a ficar para trás, já a partir de 1800. Uma por uma, as repúblicas e monarquias capitalistas de religião protestante, com exceção da Bélgica, ultrapassam os índices de produtividade e de renda ostentados pela França" [1988: 229].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Meira Penna considera que o centralismo francês, em muito, se assemelha ao centripetismo do Estado patrimonial português, no período colonial. A semelhança alicerça-se num ponto específico: manter inalterada a dominação do centro, aniquilando qualquer tentativa de atividade organizada e de solidariedade espontânea. É o que Weber (1864-1920) diz quando afirma que, para o patrimonialismo, é intolerável qualquer pretensão de dignidade por parte dos dominados [Weber, 1944: IV, 175 seg.].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em relação a essa semelhança, afirma Meira Penna: "Tocqueville também explicou, com muito acerto, como a política municipal e, principalmente, a política fiscal dos monarcas absolutos dos séculos XVII e XVIII, acabaram, definitivamente, com qualquer veleidade de iniciativa e qualquer possibilidade de atividade organizada espontânea, particularmente nos escalões inferiores. Nesse sistema de impostos, afirma Tocqueville, cada contribuinte tinha, efetivamente, um interesse direto em espionar seus vizinhos e denunciar aos coletores os progressos de suas fortunas: todos eram instruídos para a delação e o ódio. Vemos, assim, a semelhança com o que ocorreu no Brasil colonial, em virtude das mesmas causas. A rigidez, a centralização e o controle opressivo do sistema francês se sustentam na necessidade de manter a ordem, numa sociedade por natureza rebelde" [1988: 231].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Esse centripetismo produziu o atraso das colônias francesas, segundo Tocqueville. Meira Penna destaca, com as seguintes palavras, a semelhança no atraso produzido, nas suas respectivas colônias, pelas políticas ultramarinas patrimonialistas francesa e ibérica: "A experiência canadense constituiu uma espécie de caso-limite, alguns de cujos aspectos mais lamentáveis deviam reproduzir-se mais tarde, na segunda grande experiência de colonização realizada pela sociedade francesa, a experiência argelina. O ponto importante é que Tocqueville salienta a rigidez e centralização burocrática extrema do sistema colonial francês, em condições que muito lembram o ocorrido no Brasil e no resto da América Latina. O fracasso desse tipo de colonização e o subdesenvolvimento deixado como herança no Québec, testemunham o fato de que as mesmas causas tiveram o mesmo efeito lamentável. É nesse sentido que as observações de Tocqueville são relevantes" [1988,: 233].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O mal latino do patrimonialismo afetou, também, aos italianos. Eles teriam herdado da ocupação espanhola dos séculos XVI e XVII, os preconceitos contra o trabalho produtivo, que constituem o caldo de cultura apropriado para o espírito orçamentívoro. Em relação a esse ethos do não trabalho (que é típico, também, da cultura brasileira), o nosso autor comenta com as seguintes palavras os estudos de conhecido ensaísta italiano: "Luigi Barzini (1908-1984) começa aceitando, em parte, a explicação de alguns escritores, seus compatriotas, que atribuem ao longo domínio espanhol, na Itália meridional, alguns dos males administrativos aparentemente incuráveis do país. A culpa caberia, diz ele, ao desprezo feudal dos espanhóis pelas ocupações úteis e produtivas. O galantuomo consideraria sinal de distinção o não fazer nada. A ociosidade representaria um status symbol. Barzini (...) denomina preconceitos barrocos o conjunto de características que Gilberto Freyre (1900-1987) e Oliveira Vianna (1883-1951), entre nós, estudaram e classificaram como complexo do gentleman. A forma principal é o desdém pelo trabalho manual, pelo comércio, o dinheiro e a atividade produtiva. Dizia-se, no Brasil colonial, o ócio vale mais do que o negócio. Hoje, a vingança do burocrata preguiçoso, que não é promovido, e do intelectual ocioso, que está na miséria, é pôr a culpa em cima do capitalismo e do imperialismo yankee" [1988: 237].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O mal latino também está presente na América espanhola. A mais acabada manifestação dele é o patrimonialismo telúrico da ditadura científica mexicana, tão bem estudado por Octavio Paz. Segundo Meira Penna, para o mencionado Prêmio Nobel de Literatura, "O Estado patrimonial mexicano constitui uma sociedade cortesã, pois no regime patrimonial o que conta, em última análise, é a vontade do príncipe e de seus clientes e agregados" [1988: 247]. O nosso autor antecipava, na época da publicação de O Dinossauro, em 1988, os dissabores que a bem comportada ditadura científica do Partido Revolucionário Institucional enfrentaria em Chiapas, nos anos 90. Estas são as suas palavras a respeito: "(O governo mexicano) sustenta o regime marxista da Nicarágua e as guerrilhas vermelhas da América Central e não seria de admirar se um dia o feitiço se virasse contra o feiticeiro: afinal, poucos países na América Latina continuam a oferecer um espetáculo mais deprimente de tamanhas massas de miseráveis desempregados, alimentados com tortilla e propaganda. Um dia poderá ocorrer que eles se decidam a passar da ingestão passiva da theoria para o exercício mais ativo da praxis revolucionária" [1988: 251].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Traço comum aos patrimonialismos ensejados pelo mal latino é o clericalismo, que constitui uma manipulação da variável religiosa, com a finalidade de preservar a dominação de uma elite que privatizou o poder em benefício próprio. Essa é uma caraterística geral dos países que incorporaram a mentalidade tridentina. Esse caráter culturológico estende-se, no plano histórico, desde o século XVI até os nossos dias. Espírito contra-reformista e Teologia da Libertação seriam dois momentos dessa evolução. A respeito, escreve Meira Penna: "O Estatismo absolutista está implícito na Contra-Reforma: a Igreja apelara para o Estado, no sentido de suprimir a heresia. A Igreja conclamara os soberanos temporais para a luta contra o liberalismo dito protestante, anglo-saxão e modernizante. Os reis absolutistas, Felipe II (1527-1598) na Espanha, Luís XIII (1601-1643), com Richelieu (1585-1642), na França e Luís XIV se aproveitaram da oportunidade para hostilizar os primeiros anseios de liberdade que se faziam sentir. Um liberalismo nascente que implicava a liberdade de julgar problemas morais ou liberdade de consciência e que seria fruto, segundo argumentava a Igreja, das detestáveis heresias de Lutero (1483-1546) e Calvino (1509-1564). Em última análise, o liberalismo seria diabólico. O Catolicismo da Contra-Reforma é que, por tradição, transmite o autoritarismo, o qual se transmuda hoje, naturalmente, no social-estatismo dos marxistas e dos teólogos da libertação" [1988: 230]. Convém destacar que o nosso autor dedicou dois trabalhos à crítica da Teologia da Libertação: O Evangelho segundo Marx [1982] e Opção preferencial pela riqueza [1991].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">2) Patrimonialismo e familismo clientelista.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Para Meira Penna, as sociedades estruturadas de forma patrimonialista são, antes de mais nada, organizações não puramente racionais, mas portadoras de uma racionalidade afetiva. O nosso autor alicerça em Weber e Jung (1875-1961) essa sua apreciação, destacando, de um lado, o distanciamento das organizações patrimoniais em relação ao puro modelo racional-legal weberiano, mas identificando nelas, ao mesmo tempo, uma modalidade especial de legitimação, alicerçada no sentimento [1988: 149-150].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Meira Penna define a sociedade legitimada pela racionalidade afetiva como Coisa Nossa ou Patota. Eis a forma em que o nosso autor aplica esses conceitos à sociedade patrimonialista brasileira, seguindo, nesse ponto, a análise que Oliveiros Ferreira (1929-2017) desenvolveu em relação à Máfia siciliana: "A Coisa Nossa brasileira não é, necessariamente, uma organização criminosa porque é tradicional. A Máfia siciliana também não é, na Sicília, considerada criminosa. Considera-se, ao contrário, uma honrada sociedade. Ela constitui tão somente (...) uma coterie. Uma teia de relações sociais, às vezes centrada no que se poderia chamar de estruturas de parentesco, o mais das vezes tecidas na intimidade, primeiro, das experiências comuns nos bancos acadêmicos, depois na compartilha de iguais vicissitudes do início da vida profissional, dos mesmos desejos de fugir às responsabilidades do trabalho assalariado (...). A Coisa Nossa é uma coterie, ou se se quiser, no sentido da gíria brasileira, uma patota, isto é, grupo ou bando que, até se poderia dizer, faz patotadas. Os membros do sistema burocrático ou o que mais recentemente também se designa como Nova Classe ou Nomenklatura, vivem de e para o aparelho de Estado. Não diria que são corruptos ou cínicos, quando aceitam favores deste ou daquele a quem um dia favorecerão (...). Eles têm esses favores (de) que são cumulados como coisa natural: é parte inerente da função, receber presentes!" [1988: 148]. </span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O patotismo, no entender de Meira Penna, constitui a privatização do poder por uma minoria que se assenhoreia do Estado em benefício próprio. Na nossa tradição sociológica, esse fenômeno recebeu, também, os nomes de clientelismo, coronelismo, compadrio. Tratando de caracterizá-lo mais detalhadamente, o nosso autor frisa: "O coronelismo, o clientelismo, o compadrio, o empreguismo, esse emaranhado extremamente confuso de relacionamentos e obrigações personalistas, ao nível municipal, que se associam à estrutura patrimonial do país, consistem, essencialmente, no aproveitamento privado da coisa pública. O coronelismo representa a forma local de domínio personalista. O patrimônio privado é ao mesmo tempo o patrimônio público. A privatização concreta se traduz pela incapacidade de conceber o governo como oriundo de um pacto social abstrato em que (...) o Estado utiliza as leis como instrumento de sua autoridade." [1988: 144].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Seguindo as análises feitas sobre a nossa realidade patrimonialista por Riordan Roett (1938), o nosso autor destaca o caráter minoritário da nomenklatura que empolgou o poder no Brasil. A respeito, afirma: "Seria uma minoria, mas, assim mesmo, uma minoria ponderável pois, com sete ou oito milhões de funcionários públicos e suas respectivas famílias, os parasitas do Estado não constituem parcela pequena da nossa sociedade" [1988: 146]. Esses parasitas são, no entender de Meira Penna, os identificados por Raymundo Faoro (1925-2003) como donos do poder [1988: 147].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O vício do familismo clientelista é tão antigo quanto o Brasil. Estende-se por gerações e gerações, desde os tempos de Pero Vaz de Caminha (1450-1500), que pedia ao Monarca, na sua carta, sinecuras para familiares, até o dia de hoje. Meira Penna ilustra essa tendência com muitos exemplos tirados da sua longa experiência no serviço público. Citemos apenas três casos dos muitos apresentados pelo autor.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O primeiro foi vivido pessoalmente por ele, quando do início da sua vida diplomática. Ele era concursado, com todas as exigências legais para ingressar no serviço diplomático. Mas teve alguns felizardos, amigos do Homem, que entraram pela janela. Eis as suas palavras a respeito: "O testemunho de minha experiência pessoal, como burocrata do Serviço Exterior brasileiro, pode contribuir para reforçar esses conceitos (...) sobre o patrimonialismo do sistema administrativo brasileiro. Em 1938, com vinte anos de idade, ingressei, por concurso, na carreira diplomática. Nem meu pai, nem qualquer outro membro da minha família, mantinham qualquer relação de amizade ou clientelismo com os donos do poder da época. A própria instituição do concurso, com todos os cuidados que a protegem da intervenção de fatores afetivos relacionados com o personalismo, constitui uma expressão do sistema burocrático funcional, democraticamente aberto e concebido como instrumento da autoridade racional-legal. A instituição do Mandarinato na China confuciana já o admitira, há quase dois mil anos! Pois bem, na véspera do dia em que eu e mais cinco colegas, aprovados no concurso, fomos nomeados para a carrière a que fazíamos jus, automaticamente, por aquele instrumento legal, dez outros simpáticos personagens locupletaram-se, igualmente, do decreto presidencial: eram todos filhos ou parentes de autoridades, ou amigos gaúchos do ditador. Nenhum deles preenchia as condições mínimas exigidas para a candidatura, por concurso, ao cargo inicial do Itamaraty. Chamava-se então àquilo de entrar pela janela... Queiram imaginar o estímulo que, para nós, concursados, representou aquele ato estupendo de privilégio patrimonialista!" [1988: 152].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os outros dois exemplos que mencionaremos a seguir, ilustram como o vício do clientelismo familístico é próprio da nossa estrutura patrimonialista, tanto em tempos de autoritarismo (como no caso anteriormente mencionado), quanto em épocas mais brandas de abertura democrática. A respeito, Meira Penna escreve: "Quando (...) o Presidente do Supremo Tribunal Federal, o mais altamente colocado magistrado do país e aquele de quem mais se poderia exigir o cumprimento rigoroso das Leis, quando esse juiz, dizia eu, exerceu, interinamente, a presidência da República, em 1945, após a primeira derrubada de Getúlio Vargas por um golpe militar, sua primeira preocupação, senão única, consistiu em nomear todos os parentes para cargos públicos, inclusive o próprio filho, para a carreira diplomática. Em outras palavras, considerou, imediatamente, que a presidência da República era seu patrimônio particular. Por que não dela se locupletar enquanto houvesse tempo? Estou seguro de que nenhuma compunção moral o deteve. Criticado, o aludido magistrado achou suas iniciativas perfeitamente legítimas, não podendo mesmo compreender o sentido da crítica... Quarenta anos depois, terminou o regime militar e a chamada Nova República se inaugurou com uma verdadeira maré de nomeações e promoções da enorme clientela respectiva, em praticamente todos os Estados da Federação e em Brasília. O governador de São Paulo, em que pese sua sofisticação, discretamente colocou em posições no Palácio dos Bandeirantes toda a sua família. O resultado do sistema é que a classe privilegiada, que se apropriou das alavancas do governo graças a mecanismos representativos imperfeitos, e, em muitos casos espúrios, mantém indefinidamente seu poder, quaisquer que sejam as peripécias da vida política da nação. As revoluções ocorrem. Mudam os regimes. Os governos se sucedem. Mas os mesmos políticos, ou seus clientes, conservam o poder de controle absoluto sobre a Cosa Nostra..." [1988: 150-151].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O mecanismo para ingressar na estrutura do Estado Patrimonial brasileiro, acabamos de ver, não é, certamente, o concurso, embora estes aconteçam como exceções que confirmam a regra. O mecanismo normal de ingresso e promoção, no seio do patrimonialismo, é o conhecido pistolão, que é definido pelo nosso autor como "a relação de um empregado (nomeado ou promovido) com alguém na organização hierárquica, por força de laços de sangue, casamento ou amizade" [1988: 213].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Entre os muitos exemplos de pistolão apresentados pelo nosso autor, citemos este, tirado da carreira diplomática: "O critério do pistolão adquiriu, outrora, uma complexidade prodigiosa. Houve um Presidente da República que se queixava de serem as promoções do Itamaraty (...) um dos atos mais difíceis de sua administração. Os candidatos à promoção de embaixador ou a ministro ou ao posto de conselheiro da Embaixada, em Paris, se apresentavam armados, como num jogo de pôquer, de um par de senadores e um par de arcebispos; ou de uma trinca de generais; ou de uma sequência parlamentar (a bancada do Estado); ou de um pôquer de ministros, acrescido da diretora do Museu de Arte Moderna. Em outros ramos do serviço público, o sistema não atingia tal sofisticação, mas o mecanismo é o mesmo" [1988: 214].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Aspecto deveras paradoxal do familismo é o chamado, por Meira Penna, de nacionalismo uterino, que constitui "uma combinação indecente de burocracia e ideologia nacionalista", que "se rebela contra uma política necessária, urgente e nacional de controle da natalidade" e que, ao mesmo tempo, "age no sentido de dificultar o processo de adoção". Trata-se, para o nosso autor, de um caso de cruel ignorância das elites política e eclesiástica, acerca desse gravíssimo problema, cuja essência é assim identificada: "O espetáculo nacional apresenta curiosidades e incoerências que, às vezes, nos enchem de grande perplexidade. Vejam, por exemplo, o seguinte caso: nascem aqui cerca de quatro e meio milhões de crianças por ano. O índice de natalidade, talvez, ainda ultrapasse os 4%, elevadíssimo e próprio de país subdesenvolvido (...). Dos quatro e meio milhões de bebês nascidos vivos, mais de 300.000 morrerão antes de alcançar cinco anos. Milhões serão abandonados. Milhares se transformarão em trombadinhas e, eventualmente, em marginais, assaltantes e assassinos (...)" [1988: 176-177].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">3) Patrimonialismo e formalismo cartorial.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Alheia à racionalidade weberiana, a burocracia tupiniquim terminou se fossilizando num vácuo formalismo cartorial, que tudo paralisa e que inferniza a vida do cidadão comum. Se o monstro patrimonial é bonzinho com os seus, com o resto é autêntico ogre. O Estado Patrimonial, como aliás destacou, acertadamente, Octavio Paz (1914-1998), é um ogre filantrópico [Paz, 1983], ou, como se diz nestes tempos de máfias previdenciárias, um ogre pilantrópico.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A caracterização que desse irracional formalismo faz Meira Penna é deveras rica e ampla, porquanto abarca aspectos os mais diversos da vida social brasileira. Eis as suas palavras a respeito: "O Brasil é o país das certidões, dos documentos carimbados com firma reconhecida, dos processos tão pesados e lentamente elaborados quanto o Antigo Testamento, das filas intermináveis no suplício medieval dos guichets. É o país onde o processo de aposentadoria de um velho e cansado funcionário, que tudo deu pelo Estado, sofre a via dolorosa de, pelo menos, 193 encaminhamentos (se devemos dar crédito a um ministro do Planejamento), antes de ser despachado em favor do beneficiário. Outro ministro certa vez apresentou, na televisão, dezenas de metros de formulários, colados uns ao lado dos outros, para ilustrar qual a documentação necessária a um processo de exportação: verdadeira jiboia destinada a estrangular o afoito que pretendeu vender ao estrangeiro soutiens de senhoras. (...). Demora-se, no Brasil, quinze dias para obter um atestado de bons antecedentes, porque todo cidadão, até prova em contrário, é considerado mentiroso e salafrário. (...). Neste nosso país um doente, à morte, que dá entrada no hospital, (...), tem previamente de apresentar contracheque, fotografia e certidão de casamento. Um candango que precisa obter uma carteira de identidade do INI de Brasília, tem de tirar fotografia com paletó e gravata: só assim se identifica. (...). Um cadáver de brasileiro, embarcado no exterior para ser enterrado no abençoado torrão natal, deve ser legalizado, pagar emolumentos consulares e ser despachado com a classificação espécimen de história natural, sem o que não vencerá a barreira do Aqueronte alfandegário. Nessa barreira, uma escultura metálica de Mary Vieira (1927-2001) foi, certa vez, embargada, porque classificada como sobressalente de automóvel com similar nacional, sem licença de importação. Dois elefantes doados pela Índia para o jardim zoológico do Rio não atravessaram o Styx. Pudera! Enorme esforço é empreendido pelo Estado para o desenvolvimento das nossas inesgotáveis potencialidades turísticas, e, no entanto, este mesmo Estado ergue, em suas repartições, uma barreira de desconforto, impolidez e terror, destinada a afugentar o mais entusiástico admirador de Copacabana e das Cataratas do Iguaçu. Barreiras fiscais internas, denominadas Barreiras do Inferno, compartimentam, ainda, o país, semelhantes às que dividiam a Europa antes da Idade da Razão (...)" [1988: 164-165].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas este mal, como o familismo, não é recente. Confunde-se com as nossas origens. Alexander von Humboldt (1769-1859) e Charles Darwin (1809-1882) já sofreram, no passado remoto, com essas mesmas barreiras da nomenklatura tupiniquim. A respeito, escreve Meira Penna: "Mal de muitos consolo é: visitando o Brasil, em 1832, (uma experiência inolvidável, para ele e para a ciência, pois aqui se inspirou antes de escrever A Origem das Espécies), Charles Darwin teve que obter um passe, a fim de penetrar no interior. Sua experiência foi semelhante à de outro famoso colega, um tal barão de Humboldt, que também, no alto rio Branco, se deparou com a desconfiança do burocrata brasileiro. Eis o que escreve Darwin em seu Diário: Passou-se o dia procurando obter passaporte para minha expedição pelo interior. Não é nada agradável a gente submeter-se à insolência de funcionários públicos; mas se submeter aos brasileiros, que são tão desprezíveis, no espírito, como miseráveis, no corpo, chega a ser intolerável. A perspectiva, porém, de ver uma floresta que é habitada por belas aves, macacos, preguiças e lagos onde moram jacarés, fará qualquer naturalista lamber o pó que acaba de ser pisado, até mesmo pelo pé de um brasileiro.(...). Como explicar esse caráter agressivo da burocracia patrimonialista, num país que se orgulha de ser tolerante e ambiciona desenvolver-se racional e legalmente, segundo o modelo democrático?" [1988: 165-166].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O formalismo cartorial brasileiro é estetizante, no sentir de Meira Penna, pois constitui uma espécie de liturgia dos donos do poder, destinada a manter os seus privilégios e a sua preeminência sobre a sociedade. A respeito frisa o nosso autor: "Na burocracia brasileira o que vale é o status. O mandarim tem que se dar ares de importância. A Persona é importantíssima! O conceito de manter a face. Carro oficial com chapa branca, casa na península ou apartamento funcional na Asa Sul, esposa bem vestida pela moda francesa, casamento com a presença do senhor Presidente da República. Reina, sobretudo em assuntos de interesse financeiro, uma atmosfera de solenidade, de mistério: os menores problemas se transformam em enigmas insondáveis. Cria-se uma barreira intransponível, se não existe um mínimo de intimidade pessoal entre os interessados" [1988: 189].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Outra nota do nosso cartorialismo é a ineficiência. Alicerçado na ética macunaímica do menor esforço, o burocrata, além de se dar ares de importância, age com mentalidade de elevador: empurra todos os processos para cima. Em relação a esse ponto, frisa Meira Penna: "A combinação do desejo de se dar ares de importância com a relutância em tomar decisões, em seu próprio nível, tem, como conseqüência, a pressão tremenda exercida no sentido de empurrar todos os expedientes para cima, para os ministros de Estado e para o Presidente da República" [1988: 190].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mais uma nota do cartorialismo brasileiro: as leis não possuem entrelaçamento racional. Consequentemente, o povo não acredita nelas. O único cimento que as cola é a interpretação voluntariosa delas, feita pelos próprios funcionários, de acordo com os seus interesses. A respeito, o nosso autor cita o testemunho do diplomata húngaro Peter Kellemen (autor do conhecido livro: Brasil para principiantes, Rio: Civilização Brasileira, 1963), para quem o brasileiro "é um povo onde as leis são reinterpretadas; onde regulamentos e instruções do governo já são decretados com um cálculo prévio da percentagem em que são cumpridos; onde o povo é um grande filtro das leis e os funcionários, pequenos ou poderosos, criam sua própria jurisprudência. Ainda que esta jurisprudência não coincida com as leis originais, conta com a aprovação geral, se é ditada pelo bom senso" [cit. por Meira Penna in 1988: 191].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">4) Patrimonialismo e estatismo burocrático.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A ausência de racionalidade fez com que a estrutura burocrática do Estado patrimonial brasileiro crescesse adiposamente, sem nenhuma preocupação de eficiência. O nosso autor ilustra, de forma plástica, esse mostrengo, que cresceu, com o correr dos séculos, como uma espécie de pirâmide inamovível, em cujo vértice repousam, inatingíveis, os nobres da nomenklatura, "duques e marqueses poderosos" servidos por um exército de intermediários, uma classe média visceral identificada com a "Maria Candelária", que vive sentada e fofoca durante o expediente e uma base ampla de ineficientes funcionários de baixo escalão, os contínuos.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eis a fotografia de corpo inteiro do Leviatã brasileiro: "Monstro antediluviano, foi a burocracia brasileira erguida como instituição patrimonial com seus castelos, cercados de bastiões, fossos e pontes-levadiças. Neles habitam os grandes barões do Estado cartorial, a aristocracia soberba dos altos funcionários, duques e marqueses com sua enorme clientela de gordas escriturárias e magricelas serventes famintos, que suplementam o salário-mínimo com gorjetas e comissões. Sobrevivem o foro, a enfiteuse e o laudêmio. Sólidos como o Pão de Açúcar, resistem ao sopro de renovação os direitos adquiridos, que são muitos: o direito ao cargo para o qual foi nomeado sem concurso, por ser filho de fulano ou primo de dona Carmen; o direito à promoção por ser amigo de beltrano; o direito à reclassificação, por ser amante de sicrano" [1988: 188].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No corpo médio da pirâmide burocrática do Estado patrimonial brasileiro encontramos os intermediários, que possuem duas caraterísticas visceralmente unidas: servir de dique aos chatos, que pretendem perturbar o repouso remunerado da cúpula, se beneficiando, nessa sua função patrimonialista, da privatização das vantagens que lhes garante a indústria de oferecer dificuldades para vender facilidades. Em relação a este estamento, escreve Meira Penna: "Para defender o status dos altos funcionários, a burocracia criou uma série de intermediários, o principal dos quais é o chefe de gabinete. A função desse é essencialmente a do Cão Cérbero: barrar a entrada. Sobretudo aos chatos. Ai daquele que não possa colocar com suficiente ênfase e força de convicção, para penetrar no augusto recinto, a clássica pergunta: O senhor sabe com quem está falando?... Uma outra classe de intermediários é o despachante. Trata-se de um prodígio biológico: o parasita dos parasitas. Quando não se pode recorrer a esse espécime burocrático, há que utilizar uma das técnicas especiais de penetração na burocracia. O funcionalismo criou o que já foi chamado a indústria de dificuldades para vender facilidades. Contra essa indústria, o recurso é o jeito. O trêfego e vivo Macunaíma, manhoso e cheio de velhacarias, aparece com seu saco de surpresas que sugerem a saída com uma brilhante sugestão salvadora. Toda a técnica pegajosa e açucarada do Eros é então utilizada para impô-la à situação, sobrepujando o obstáculo. A relação pessoal que se estabelece entre o funcionário e a parte sobrepõe-se ao dispositivo legal ou à inércia burocrática. Eros vence Anankê, a necessidade. É o jeitinho..." [1988: 190-191].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A base da pirâmide cartorial é formada pela arraia miúda da burocracia patrimonialista, as Marias Candelárias e os Contínuos, que constituem, respectivamente, a classe média visceral do sistema e a sua classe baixa. Eis a descrição desses personagens: "A massa passiva do funcionalismo, que se poderia chamar o tecido adiposo formado de glicerina e ácido grasso do nosso Dinossauro, é a Maria Candelária. Constitui a classe média visceral da burocracia. Sentada o dia inteiro, notável pela sua esteatopigia, conversa ela com as colegas sobre as peripécias da última novela de rádio e as fofocas da repartição, enquanto se estende a fila do público desesperado pelos corredores da repartição e até o portão do Ministério. Abaixo de todos, na escala hierárquica, temos a figura melancólica do contínuo. Sua missão é difícil de definir em qualquer sociedade que acredite em desenvolvimento e eficiência. Ele simplesmente existe. É expressão do subemprego generalizado com que o social-estatismo caritativo procura liquidar com esse horroroso crime do capitalismo que é a concorrência e o desemprego. O contínuo aparece num corredor ou numa portaria, ao lado de um gabinete, geralmente sentado com um olhar vago de indiferença. Às vezes fica de pé, respeitosamente, quando passa um alto funcionário. Abre-lhe a porta. Carrega papéis e mensagens de um lado para outro. Tem o importante encargo de fazer café, levar a aposta da loteria esportiva, comprar cigarros e, ocasionalmente, o de receber propinas para desencravar processos perdidos em alguma gaveta ou obter assinaturas do chefe. Em troca, pede emprego para o filho..." [1988: 191].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">5) Mercantilismo e patrimonialismo.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Como se financia o Dinossauro Patrimonialista? Certamente não mediante o empreendimento capitalista teorizado por Adam Smith (1723-1790) na sua clássica obra A Riqueza das Nações (1776). O Patrimonialismo afina-se com uma concepção mercantilista das relações econômicas, que parte do pressuposto de que a riqueza já está feita e que o problema reside em como se apropriar dela, ou como realizar, segundo dizia Karl Marx (1818-1883), a "acumulação primitiva". A concepção macroeconômica de Adam Smith, segundo a qual a riqueza não precisa ser roubada de ninguém, porquanto pode ser produzida mediante o trabalho, arrepia o lombo do rebanho burocrático, que sente calafrios quando lhe mencionam o termo tarefa ou produtividade. O mercantilismo, para Meira Penna, "(...) foi uma forma econômica que dominou a Europa, na fase preparatória da Revolução Industrial desencadeada pelo Capitalismo. Ele precede, portanto, o sistema de autoridade que Max Weber qualifica de racional-legal, correspondendo, antes, à fase final do modelo de autoridade dito tradicional patrimonialista" [1988: 140].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">É longa, na nossa história, a tradição mercantilista aliada ao Patrimonialismo. Os prolegômenos desse modelo deram-se em Portugal. A propósito, frisa o nosso autor: "O mercantilismo que inspirou a conquista da Índia transformou o Estado português em gigantesca empresa de tráfico. Esse crescimento prematuro do poder do Estado, consolidado, subsequentemente, e modernizado com o despotismo de Pombal, teria conseqüências ominosas. Ele impediu o desenvolvimento do capitalismo industrial que é, essencialmente, fruto da iniciativa privada. A península ibérica e suas colônias não conheceram as relações capitalistas na sua expressão industrial íntegra. O atraso ocorreu, em virtude dessa ausência de raízes feudais profundas e da permanência teimosa de estruturas patrimonialistas centralizadas. O poder perene do príncipe português sobre o comércio e a economia está na origem do social-estatismo burocrático e paternalista (ou seria maternalista?) que, hoje, descobrimos no Estado brasileiro. A herança é o Dinossauro (...)" [1988: 156-157].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Essa tradição se fortaleceu, portanto, no período pombalino, quando o Estado começou a ser definido como fonte da riqueza da Nação, e passou a alicerçar os hábitos econômicos da sociedade, de forma que até os atores econômicos passam a esperar do Estado tutor o lucro subsidiado. É uma espécie de colbertismo caboclo, que tira da empresa econômica o caráter de risco, para transformá-lo em sujeição ao poder político. A respeito, afirma o nosso autor: "Tão fortemente entrincheirado na tradição e nos hábitos empresariais é o fato de que o próprio setor privado não se julga, muitas vezes, inclinado a enfrentar os árduos riscos do empreendimento, recorrendo ao Estado quando as coisas andam mal (...). Existe uma velha definição da empresa privada, como uma empresa controlada pelo governo, sendo a empresa pública aquela que não é controlada por ninguém, mesmo se, na aparência, é administrada por coronéis reformados, tecnocratas profissionais, amigos do presidente da República ou políticos fisiológicos" [1988: 145].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Brasil, atrelado, ainda, ao modelo mercantil-patrimonialista herdado do ciclo pombalino, está defasado históricamente em relação ao mundo desenvolvido. Vivimos, efetivamente, um modelo muito mais próximo das monarquias absolutistas dos séculos XVII e XVIII. A respeito, escreve Meira Penna: "Ora, a filosofia econômica desse sistema político foi articulada pelo que os entendidos (...) tendem a descrever como expressão econômica da monarquia absoluta e da autoridade patrimonialista: o Mercantilismo. No fundo, como aponta Antônio Paim (1927), é ainda o espírito do marquês de Pombal que aqui impera" [1988: 158].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Esse modelo econômico de mercantilismo patrimonialista em que o Estado, através das empresas do setor público, garante a riqueza da nação, empolgou no Brasil sobretudo o pensamento da esquerda, que terminou formulando uma proposta de social-estatismo ou de nacional-socialismo, em que se insere, inclusive, a chamada opção preferencial pelos pobres dos chamados setores progressistas da Igreja. O nosso autor destaca o caráter retrógrado de tal política, que deixa as coisas como sempre estiveram, em mãos do Estado patrimonial e da sua burocracia. A respeito, escreve: "Não estou seguro de que uma revolução marxista no Brasil modificaria fundamentalmente a situação: a apropriação pessoal das rédeas de comando continuaria como dantes, com uma simples mudança de quadros numa estrutura burocrática já toda montada. O vício fatal do socialismo é, com efeito, a concentração do poder político e do poder econômico nas mesmas mãos. Sem o controle de um poder por outro poder, sem a liberdade de crítica, não pode haver justiça, nem é possível evitar a corrupção" [1988: 151].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O efeito mais claro do mercantilismo patrimonialista é a pobreza da Nação, assim como o efeito direto do Capitalismo seria a sua riqueza. Efetivamente, o modelo mercantilista é eminentemente improdutivo e espoliativo da riqueza existente. Esse modelo ultrapassado já causou à humanidade, ao longo dos séculos XVII e XVIII, inúmeras guerras, pois como frisa Irving Kristol (1920-2009), citado por Meira Penna, "o Mercantilismo não pretendia o aumento da riqueza permanente do povo (aquilo que é o propósito da economia capitalista), mas antes aumentar a riqueza temporária do Estado, a riqueza que podia ser traduzida em poder internacional" [1988: 159].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">6) Patrimonialismo e corrupção.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A soma dos fatores mercantilismo mais familismo produz um resultado concreto: a corrupção. Esta não é outra coisa do que a apropriação, pelos particulares, dos bens públicos, como se se tratasse de bens privados. Ora, essa é a essência do Patrimonialismo que constitui, portanto, uma fonte inesgotável de corrupção. O grande objetivo da burocracia é a privatização do orçamento em benefício próprio. É o fenômeno que Oliveira Vianna chamou de burocratismo orçamentívoro. Os números apresentados por Meira Penna acerca do acelerado crescimento da burocracia estatal brasileira e da sua cupidez, ao longo das últimas décadas, não mentem, e são sobejamente conhecidos por todos. Já frisava o professor Mário Henrique Simonsen (1935-1997), na sua obra: Brasil, 2001, que o nosso país bateu todos os recordes de crescimento do setor burocrático estatal no Hemisfério Ocidental, ao longo do século passado.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Apenas para ilustrar o mal do burocratismo orçamentívoro, citemos um texto do nosso autor: "O mal, infelizmente, não é apenas federal. É também estadual e, sobretudo, municipal. Ele está profundamente enraizado nos hábitos do governo e do povo, penetrando por todos os poros da administração ao nível mais regional e local. No Estado de São Paulo, unidade da Federação que é a mais avançada e progressista do país, haveria cerca de 800.000 funcionários em fins de 1985, segundo revelou a Secretaria da Fazenda do Estado. Isso representaria 120.000 a mais do que em dezembro de 1982, quando eram pouco mais de 640.000. Foi um crescimento de 18% em 3 anos, ou 6% ao ano, crescimento muito mais rápido que o aumento demográfico e o do produto interno bruto do Estado. A maior parte das nomeações dos 120.000 teria ocorrido na administração de André Franco Montoro (1916-1999), mas também grande quantidade no final do governo anterior, explicando-se o exagero por motivações indiscutivelmente eleitoreiras. Os abusos do empreguismo, dos privilégios e da ociosidade parecem ser tanto maiores quanto mais pobre ou atrasado é o Estado ou o Município. Vejam o caso de Alagoas, que adquiriu uma triste notoriedade. A Assembleia Legislativa alagoana encerrou suas atividades, em 1985, criando 240 cargos de assessores para cada um dos 24 deputados. O diretor da Assembleia, Edvaldo Meira Barbosa, recebe um salário mensal equivalente a dez mil dólares, salário do mais bem remunerado executive americano, com a diferença que o diretor brasileiro não paga imposto de renda. (...) Dessa multidão de assessores (580), pelo menos 400 não trabalham, por falta de espaço físico. Alguém se espanta com a pobreza de Alagoas? Serão as multinacionais, o capitalismo industrial, a dívida externa ou os bancos estrangeiros responsáveis pela situação? Não parece claro qual o motivo local do subdesenvolvimento? (...)" [1988: 211].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">7) Alternativas ao Patrimonialismo.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Meira Penna encontra, na difusão das luzes da Razão, no seio da sociedade brasileira, a solução para as contradições e irracionalidades ensejadas pela nossa tradição patrimonialista. O de que precisamos é, com dois séculos de atraso, da entrada definitiva do Brasil na Idade da Razão. É o que o nosso autor denomina de Revolução do Lógos. A respeito, escreve: "O de que precisamos, sem prejuízo da contribuição que sempre nos darão os que sentem, é uma revolução do Lógos (do bom senso, do equilíbrio, da inteligência), coisas que são necessárias, embora difíceis de obter, pois sem elas o monstro burocrático obsoleto estará sempre crescendo desmesuradamente. É nesse ponto que se coloca uma das mais cruéis opções com que nos deparamos em nosso esforço de renovação e modernização, pois se não eliminarmos a mamãezada e substituirmos o paquiderme terciário por um organismo mais evoluído, serão vãs as nossas esperanças de desenvolvimento. A opção é essa. Só essa" [1988: 259].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A proposta de Meira Penna aponta para um processo educacional que modifique a mentalidade. Somente assim garantir-se-á uma solução de fundo ao problema do Estado Patrimonial, que repousa em hábitos administrativos sedimentados ao longo dos séculos. Trata-se de uma proposta de pedagogia social e política. É o ponto que o nosso pensador destaca no seguinte trecho: "A pergunta natural para quem, de frente, fita o Dinossauro anteriormente descrito é a seguinte: Que fazer? Como caçar o monstro? Como eliminá-lo? Como diminuir o empreguismo, banir o clientelismo, combater o nepotismo, selecionar os melhores, aumentar a dedicação dos servidores, apressar e simplificar os processos, suprimir as tolices, racionalizar os serviços, reduzir o poder do Estado? Não se trata tanto, a meu ver, de tomar esta ou aquela medida legal corretiva quanto de mudar a mentalidade. Algo que virá lentamente com a educação, com o esforço consciente do governo e com o próprio desenvolvimento. Uma sociedade liberal moralmente estruturada poderá superar o estágio da mamãezada patrimonialista. Mas não é o caso de debater os remédios. Todo mundo sabe quais são, sobretudo se pertence à própria classe (...)" [1988: 259].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Duas instituições o nosso autor enxerga para, a partir delas, deflagrar o amplo processo educativo de que o Brasil carece: uma Escola Nacional de Administração, destinada à formação da elite técnica civil de que o Estado carece e um Instituto Superior de Ciência Política, destinado à formação da nova classe política. Ambas as instituições foram inspiradas, ao nosso ver, na experiência que Meira Penna teve no Itamaraty como diplomático de carreira. O Instituto Rio Branco representa, na burocracia brasileira, o mais bem sucedido intento de escola de altos estudos para formação de pessoal técnico a serviço do Estado. Diríamos que é uma das instâncias profissionalizantes que mais se aproximam, na nossa sociedade, do ideal burocrático-racional weberiano.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A primeira das instituições apontadas, a Escola Nacional de Administração proposta por Meira Penna, encontra outra fonte de inspiração: a École National d'Administration francesa, bem como a nossa Fundação Getúlio Vargas e a própria Escola Superior de Guerra. Essa instituição "assumiria uma função precisa e nitidamente delimitada: assegurar o recrutamento e a formação da fração superior do funcionalismo civil. A Escola apontada, como a ENA francesa, adotaria rigorosos critérios de seleção, alicerçados exclusivamente na capacidade dos candidatos, desmontando, portanto, qualquer mecanismo familístico ou clientelista. Nela, frisa o nosso autor, "(...) são os próprios alunos que, por ordem de classificação final, segundo o mérito, escolhem a carreira desejada nesse ou naquele Ministério, Tribunal ou Conselho mais procurado. O sistema cria um extraordinário estímulo, pois a escolha vai determinar o destino do rapaz nos 30 ou 40 anos seguintes. O serviço público deixa, assim, de constituir uma sinecura, alcançada a golpes de pistolão, para se tornar uma honraria dada ao mérito, e acompanhada de forte incentivo material. O serviço público adquire, em suma, o sentido mais alto de carreira, que encontramos nas armas e na diplomacia" [1988: 260].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A segunda das instituições propostas, o Instituto Superior de Ciência Política, encontrou inspiração imediata na Escola Superior de Guerra e na Escola de Governo de Harvard. O nosso pensador parte do seguinte princípio filosófico, herdado de Sócrates e Platão: "a boa política pode ser ensinada" [1988: 264]. Meira Penna formula, nos seguintes termos, o seu projeto de Instituto: "(...) o que apresento como proposta idônea é a organização de uma Escola de Altos Estudos Políticos, funcionando no quadro da Universidade de Brasília e sediada na capital. Seu propósito central seria constituir um fulcro de pesquisa e uma ponte entre a universidade, como mais alta instituição educacional, a meio caminho entre a esfera privada e a esfera pública, e o mundo da política" [1988: 266].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Instituto apontado buscaria profissionalizar a atividade político-administrativa, pelo estudo e pela pesquisa. Na trilha do princípio de Francis Bacon (1561-1626) de que conhecimento é poder, a ciência política permite, hoje, desenvolver um treinamento sério para o serviço público. A respeito, escreve Meira Penna: "O de que se necessita, em conclusão, é de educação superior adequada de uma nova elite política. Uma profissão que incluiria as pessoas eleitas para o legislativo, nomeadas pelo executivo ou promovidas em suas carreiras estatutárias, independentemente das vicissitudes da vida partidária. Pessoas todas selecionadas na base de sua capacidade analítica, de seus conhecimentos teóricos, de sua sensibilidade aos imperativos da justiça, sua responsabilidade moral, sua competência administrativa prática e o seu sentido de fidelidade institucional" [1988: 267].</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-size: 14px;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Conclusão.</span></span></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Algumas breves considerações para terminar. Meira Penna, graças ao seu conhecimento aprofundado do serviço público e da máquina administrativa do Estado, desenvolveu uma das mais completas análises críticas do Patrimonialismo brasileiro. A sua contribuição coloca-o junto dos que se destacaram, ao longo dos últimos sessenta anos, no estudo da nossa tradição política: Oliveira Vianna, Gilberto Freyre, Raimundo Faoro, Simon Schwartzman, Guerreiro Ramos, Vianna Moog, Caio Prado Júnior, Miguel Reale, João Camillo de Oliveira Torres, Antônio Paim, Fernando Uricoechea, Wanderley-Guilherme dos Santos, Celso Lafer, Bolívar Lamounier e outros.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A análise efetivada por Meira Penna não faz concessões ao bom-mocismo ou ao politicamente correto. Corajosa atitude de quem, chegado aos cem anos, não perdeu a capacidade de indignação diante das irracionalidades do nosso Leviatã e dos hábitos tortos por ele estimulados no seio da sociedade brasileira.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As propostas apresentadas pelo nosso autor, como vimos, situam-se no contexto do que o saudoso Roque Spencer Maciel de Barros (1927-1999) denominava de "a ilustração brasileira", e que Meira Penna denomina de "a idade da Razão". Na trilha da lição aprendida do mestre embaixador, com quem criei, em 1986, a Sociedade Tocqueville e de quem sempre recebi estímulo para os meus estudos sobre o liberalismo, considero que o ponto que me parece fundamental é que as medidas propostas por Meira Penna venham acompanhadas de um aperfeiçoamento da representação e da vida político-partidária, sem as quais não se renova a capacidade da nossa sociedade para domar o dinossauro patrimonialista.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Falta-nos, no Brasil atual, como dizia Tocqueville em relação à França da sua época, construir o homem político, empreendimento que tanto ele como os seus mestres doutrinários entendiam em duas etapas, intimamente correlacionadas: ilustrada e institucional. Não há dúvida que é importante a instância ilustrada, concretizada, no nosso caso, nas propostas apresentadas por Meira Penna na sua obra. Mas falta-nos muito caminho para percorrer no que tange à questão do aperfeiçoamento das instituições que, no Brasil, garantam o exercício da liberdade e da democracia. Sem aperfeiçoarmos o sistema representativo e a vida político-partidária, terminarão vingando soluções aventureiras de rousseaunianismo caboclo. Neste campo não podemos deixar para depois, como filigrana jurídica, a discussão dos mecanismos institucionais e das reformas que precisam ser feitas. Este aspecto é tão fundamental quanto a Revolução do Lógos proposta</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> pelo nosso autor.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>BIBLIOGRAFIA</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">A Ideologia do século XX: uma análise crítica do nacionalismo, do socialismo e do marxismo</i></span>. São Paulo: Convívio, 1985.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">A Utopia brasileira</i></span>. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Decência já. </i></span>Rio de Janeiro: Nórdica, 1992.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Elogio do burro: um apólogo</i></span>. Rio de Janeiro: Agir, 1963, 61 p. Segunda edição, Rio de Janeiro: Agir, 1980.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Em berço esplêndido: ensaios de psicologia coletiva brasileira</i></span>. Rio de Janeiro: José Olympio / INL, 1974, 233 p. 2a. Edição revista e aumentada. Rio de Janeiro: Topbooks / Instituto Liberal, 1999.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">O Brasil na idade da razão.</i></span> Rio de Janeiro: Forense Universitária; Brasília: INL, 1980.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">O Dinossauro. Uma pesquisa sobre o Estado, o Patrimonialismo selvagem e a nova classe de intelectuais e burocratas. </i></span>São Paulo; T. A. Queiroz, 1988.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">O Evangelho segundo Marx. </i></span>São Paulo: Convivio, 1982.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">O espírito das Revoluções: da Revolução Gloriosa à Revolução Liberal</i></span>. (Prefácio de Antônio Paim). Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade Editora, 1997.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Opção preferencial pela riqueza.</i></span> Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1991.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">O sonho de Sarumoto: o romance da história japonesa.</i></span> (Prefácio de Lima Figueiredo). Rio de Janeiro: Borsoi, 1948.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Política externa: Segurança & Desenvolvimento</i></span>. Rio de Janeiro: Agir, 1967.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Psicologia do subdesenvolvimento.</i></span> Rio de Janeiro: APEC, 1972.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Quando mudam as capitais.</i></span> (Prefácio de Israel Pinheiro). Rio de Janeiro: IBGE, 1958.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MEIRA PENNA, José Osvaldo de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Shangai: aspectos históricos da China moderna. </i></span>(Prefácio de Pedro Leal Velloso). Rio de Janeiro: Americ, 1944.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">KELLEMEN, Peter. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Brasil para principiantes</i></span>. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1963.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">TOCQUEVILLE, Alexis de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">A Democracia na América. </i></span>(Tradução de Neil Ribeiro da Silva). 2a. edição. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1977.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">TOCQUEVILLE, Alexis de. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">O Antigo Regime e a Revolução</i></span>. (Tradução de Y. Jean; apresentação de Z. Barbu; introdução de J. P. Mayer). 3a. edição. Brasília: Universidade de Brasília, 1989.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">WEBER, Max. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><i style="box-sizing: border-box;">Economía y Sociedad.</i></span> (Tradução ao espanhol a cargo de José Medina Echavarría et alii). 1a. edição em espanhol. México: Fondo de Cultura Económica, 4 volumes, 1944.</span></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: Roboto, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /></div>
<div style="box-sizing: border-box; margin: 0px 0px 10px;">
</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin: 0px 0px 10px;">
</div>
<div style="box-sizing: border-box; margin: 0px 0px 10px;">
</div>
Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-194012426978832612020-05-17T07:02:00.000-07:002020-05-17T07:02:45.063-07:00Pensadores Brasileiros - JOSÉ ARTHUR RIOS (1921-2017)<br />
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Conheci José Arthur Rios (1921-2017)
como Docente da disciplina "Estudo de problemas brasileiros", quando
fiz o mestrado em Pensamento Brasileiro na PUC do Rio, entre 1973 e 1974. Era
uma disciplina considerada, entre os alunos, como "chata”, não pelo fato
de tratar dos problemas do Brasil, mas porque, nesses anos, a matéria era
lecionada, via de regra, por militares aposentados ou civis propagandistas do
regime. Embora concordasse com a higiene que os militares fizeram na seara da
política brasileira, tirando os radicais de esquerda do poder, não concordava
com os exageros da repressão, notadamente no que se refere à tortura e à
liberdade de expressão. </span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Eu vinha de grupos da esquerda católica,
na Colômbia, que descambaram para o terrorismo e a luta armada. Lembro que,
quando vim para o Rio casar com a minha primeira esposa, em 1971, o meu tio, o
general Juan Félix Mosquera, que tinha sido comandante da Polícia Nacional na
Colômbia, me alertou: "<i>Cura</i>" (equivalente de “<i>Padreco</i>”)<i> </i>-
era o nome que ele me dava, como liberal anticlerical que era - "tenha
muito cuidado no Brasil: os Gorilas não brincam em serviço!". "El tio
Juan", como o chamávamos, estava informado. Na véspera da viagem, embora
ele se encontrasse gravemente doente (viria a falecer poucos dias depois), me
levou ao seu escritório, na bela casa de El Chicó, na zona norte de Bogotá,
abriu o cofre-forte e me mostrou uma pasta. Entre os documentos nela contidos,
constavam informes do serviço secreto da polícia colombiana, acerca das
atividades extremistas dos grupos nos quais eu participava. Não precisou "el
tio Juan" de muita retórica para me convencer de duas coisas: a polícia
sabia de tudo quanto eu tinha feito e ele era, verdadeiramente, um espírito
liberal.</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Quando iniciei o curso de Mestrado na
PUC do Rio, em março de 1973, dois professores logo se destacaram: o
coordenador da área de pesquisa em Pensamento Brasileiro, Antônio Paim (1927) e
o professor José Arthur Rios, que ministrava a famosa e “chata” disciplina.
Falarei, aqui, do José Arthur, de quem virei amigo. Do Mestre Paim, meu amigo
do peito e que virou o meu orientador e guru, já tenho escrito muito. </span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Antes, porém, é necessário
situar José Arthur Rios no contexto do que podaríamos denominar de “pensamento
da direita”. Cinco autores sobressaem, no Brasil, de 1950 até hoje, como
estudiosos do pensamento conservador. Os quatro primeiros situam-se num
contexto hermenêutico, sendo eles: Vicente Ferreira da Silva<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><sup><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></sup><!--[endif]--></span></sup></a>
(1816-1963), Adolpho Crippa<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><sup><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></sup><!--[endif]--></span></sup></a>
(1929-2000), Paulo Mercadante<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><sup><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></sup><!--[endif]--></span></sup></a>
(1923-2013) e Olavo de Carvalho<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><sup><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></sup><!--[endif]--></span></sup></a>
(nasc. 1947). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> O quinto representante da
corrente conservadora, José Arthur Rios, sitúa-se, pela formação e pela
orientação que deu às suas obras e ensaios monográficos sobre a realidade
brasileira, no contexto da sociologia, aproximando-se, da vertente mais larga do
“Culturalismo Sociológico”, ensejado pelas pesquisas levadas a cabo, do ângulo
monográfico, por Sílvio Romero (1851-1914) e Oliveira Vianna (1883-1951). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Caracterizarei,
rápidamente, os estudiosos que se sitúam por fora da perspectiva rigorosamente
sociológica, adotada por José Arthur Rios e que se inserem numa concepção
hermenêutica, mais próxima da filosofia da história. Os fatos que constituem a
cotidianeidade da política, bem como as doutrinas em que ela se inspira, não
explicam, por si sós, o evoluir das Nações, ao redor do poder e das
instituições em que este se exerce e se legitima. É necessário conhecer, antes
de tudo, o pano de fundo de crenças fundamentais, em que se apóiam a imaginação
e o lógos das respectivas sociedades. Ora, tal pano de fundo não é, apenas, um
passado que ficou para trás, nas névoas do tempo. É um passado primordial
sempre presente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> A caracterização desse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">back-ground</i> difere, para estes autores,
desde os mitos fundadores da Civilização Ocidental emergentes da religiosidade
órfica, que ensejou a presença do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fascinator</i>
entre os gregos (para Ferreira da Silva), ou dos mitos ancestrais presentes na
simbiose entre cristianismo e helenismo (para Adolpho Crippa), pasando por uma
tradição barroca de mitos luso-brasileiros resgatáveis com o auxílio de uma
espécie de cabala, em que a matemática entra como linguagem simbólica (em Paulo
Mercadante) ou a partir de uma plataforma de mitos primordiais presentes nas
antigas tradições espirituais </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">– taoísmo, judaísmo, cristianismo, islamismo – (em Olavo de Carvalho). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Apenas para ilustrar essa
dinámica mítica, assaz estudada por Mircea Eliade (1907-1986) e outros, citemos
a penetrante análise que o saudoso historiador português Jesué Pinharanda Gomes
(1939-2019) faz da hermenêutica de Paulo Mercadante, na edição portuguesa da
obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A coerência das incertezas</span></i>: “C</span><span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">onstitui um ensaio de
filosofia da história universal, aplicada ao caso lusíada, nas vertentes
portuguesa e brasileira. Passado cada dia que passa, o dia seguinte nunca é
objecto de certeza matemática. Vai ser história na incerteza, pois a história
acontece no mar da instabilidade, da conjuntura e dos acidentes, como se não
houvesse categorias fixas, mas somente areias movediças. O que suporta a
incerteza é o símbolo. Ele organiza os acontecimentos e faz prova de fé na
acção. O símbolo organiza e estrutura, a realidade é sempre a mesma, o que
muda, pelo menos na aparência, é o símbolo, o sistema de símbolos. Este revela,
mas oculta, como tapete que vemos do lado direito, mas que tem avesso, o qual
não vemos. Eis o poder: deste sabemos o que vemos, mas é-nos impossível
vislumbrar o que está por detrás dele, como se algo nos fosse ocultado nas
trevas que sustentam o poder, o exercício do poder. Governamo-nos com símbolos,
mas ignoramos quem governa os símbolos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Diferentemente dos autores
citados acima (mais afinados, como salientei, com a hermenêutica da filosofia
da história), sobressai, no campo da sociologia, José Arthur Rios<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><sup><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="ES-CO" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></sup><!--[endif]--></span></sup></a>
(1921-2017), discípulo de Eric Voegelin (1901-1985) na Luisiana State
University, nos Estados Unidos, onde cursou a pós-graduação em ciências
sociais. Rios publicou, na revista <i>Carta Mensal</i>, órgão do Conselho
Técnico da Confederação Nacional do Comércio, no Rio de Janeiro, importantes
trabalhos no terreno da problemática urbana, bem como da abordagem da questão
agrária e das lutas sociais, notadamente no que tange à violencia. Entre os
pensadores conservadores de inspiração hermenêutica, mencionados atrás, Paulo
Mercadante assemelha-se, parcialmente, a José Arthur Rios, pelo fato de ter
escrito, também, trabalhos de rigorosa sociologia, paralelamente às suas obras
de filosofia da história. </span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> José Arthur Rios tinha feito os seus
estudos de graduação em Niterói, na área das Ciências Jurídicas, tendo-se
formado bacharel, em 1943, aos 22 anos de idade. Cursou, depois, Ciências
Sociais, na antiga Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil
(atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde teve oportunidade de
estudar com sociólogos franceses de renome, como Jacques Lambert (1901-1991),
Maurice Byé (1905-1968) e René Poirier (1900-1995). Obteve, posteriormente, o
título de "Master of Arts" na Universidade de Lousiana, nos Estados Unidos.
Pertenceu, depois, ao corpo docente da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro, tendo chefiado, ali, o Departamento de Sociologia e Ciência
Política. Lecionou em outras instituições de ensino superior cariocas, como a Universidade
Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Santa Úrsula. Foi membro titular do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com sede no Rio de Janeiro (tendo
eu vivenciado a honra de ser por ele indicado para integrar o mencionado
colegiado). Rios teve, também, destacada atuação em Universidades
internacionais, como a da Flórida e a da Califórnia, nos Estados Unidos. Participou
da edição brasileira do <i>Dicionário de Ciências Sociais</i> da
Unesco, a cargo da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Nas suas aulas de Estudo de Problemas
Brasileiros, na Pontifícia Universidade Católica do Rio, no Curso de Mestrado
em Filosofia, do qual eu participava, em 1973, o professor Rios destacava as
mudanças pelas que tinha enveredado a sociedade brasileira, no início dos anos
70. Havia no ar uma transformação radical. O Brasil, de país rural, estava-se
convertendo, a passos agigantados, em sociedade moderna e urbana. José Arthur
centrou a sua atenção, nas aulas, num ponto específico: a rápida transformação
que a cidade do Rio de Janeiro estava sofrendo, no que tange à integração da
antiga Zona Norte, mediante a expansão de vias de comunicação modernas e o
surgimento de bairros abertos ao comércio de ponta, com a emergência dos
notáveis "Shopping-Centers". "Querem conhecer o Brasil, meus
caros alunos?" perguntava o Mestre Sociólogo. E respondia: - "Peguem
o ônibus e vão para a zona Norte, observando o que mais lhes chamar a
atenção". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Na semana seguinte, o Mestre indagava,
pacientemente, pelo relatório que cada aluno deveria ter feito da sua viagem a
essa zona desconhecida. "O que mais lhes chamou a atenção?" -
perguntava aos alunos que frequentavam a sua disciplina na PUC, geralmente
provenientes das ricas esferas sociais -. Cada um de nós tinha de fazer um
relatório vivencial do que tinha visto. No meu primeiro relatório, falei da
viagem que fiz de ônibus, saindo de Copacabana para o Méier, o primeiro bairro
da Zona Norte que, após a Tijuca, sofreu a grande transformação urbana, no
contexto do que os planejadores denominavam de “cidades dentro de cidades”.
Impressionou-me o "Shopping Center", inaugurado pouco tempo atrás,
sobre a rua Dias da Cruz, que cruza o bairro do Sul ao Norte. Lojas de griffe,
modernos restaurantes e lanchonetes, aquele povo cheiroso e bonito andando nas
aprazíveis áreas de alimentação e lazer, e pelos amplos corredores, tudo com
aquele ar refrigerado maravilhoso e, ainda por cima, com música
ambiental, nas quentíssimas tardes cariocas. "O Méier está virando cidade
moderna, professor", foi a conclusão do meu relatório.</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Com o Mestre José Arthur Rios aprendi
os rudimentos da Sociologia. E nunca mais larguei essa inicial curiosidade
pelas estruturas e as mudanças sociais. Continuei fiel ao diálogo entre
Filosofia, História das Ideias e Sociologia, que tem constituído o pano de
fundo da minha obra. Entre 1994 e 1996, com a orientação e o apoio do saudoso amigo
embaixador José Osvaldo de Meira Penna (1917-2017), fiz a pesquisa de
pós-doutorado, em Paris, sob a orientação de Françoise Mélonio (1953), no Centro
de Estudos Políticos Raymond Aron, vinculado à Haute École des Sciences
Sociales. Estudei, na oportunidade, a mudança social que se deu nos Estados
Unidos, após a Independência das treze colônias, em 1776, a partir das análises
feitas por Alexis de Tocqueville (1805-1859), na sua obra prima: <i>Da
Democracia na América</i>. A conclusão do meu trabalho apontava para os
caminhos que as democracias sul-americanas poderiam trilhar, à luz das análises
feitas por Tocqueville. Terminei sintetizando esse meu estudo na obra
intitulada: <i>A Democracia Liberal segundo Alexis de Tocqueville<b> </b></i>(São
Paulo: Mandarim, 1998).</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> José Arthur Rios desenvolveu, nas
últimas décadas, importantes trabalhos de consultoria e pesquisa, no seio do
Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio, no Rio de Janeiro, no
campo da problemática social urbana, bem como na abordagem da questão agrária e
das lutas sociais, notadamente no que tange à violência.</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> As suas pesquisas sobre a transformação
urbana brasileira ficaram consignadas nas seguintes obras, dentre as inúmeras
escritas pelo eminente sociólogo: <a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk32388166"><i>The University
Student and Brazilian Society</i> (Michigan State University: Latin
American Studies Center, 1971) e <i>Social Transformation and Urbanization
- The case of Rio de Janeiro<b> </b></i>(University of Winsconsin-
Milwaukee: Center for Latin-American Studies, 1971). É extensa a lista das
obras publicadas, no Brasil, pelo nosso autor. Menciono as mais
representativas: <i>A educação dos grupos</i> (Rio de Janeiro,
1954); <i>Problemas humanos das favelas cariocas</i> (Rio de Janeiro,
1960); <i>Recomendações sobre a Reforma Agrária</i> (em
co-autoria, Rio de Janeiro, 1961); <i>O artesanato cearense</i> (Rio
de Janeiro, 1963); <i>Estudo de Problemas Brasileiros<b> </b></i>(Rio
de Janeiro, 1964); <i>A Reforma Agrária: problemas, bases, soluções</i> (em
co-autoria, Rio de Janeiro, 1964); <i>Sociologia da corrupção</i> (em
co-autoria, Rio de Janeiro, 1987); <i>Ensaios de olhar e ver<b> </b></i>(Rio
de Janeiro, 2011). <o:p></o:p></a></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bookmark: _Hlk32388166;"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> José Arthur Rios
publicou, outrossim, muitos ensaios sobre a problemática da corrupção e da
violência no Brasil, na <i>Carta Mensal<b> </b></i>e na obra, em
colaboração com outros pesquisadores de renome, intitulada: <i>Crime e
Castigo</i> (organizada pela Confederação Nacional do Comércio, no Rio de
Janeiro, e ainda inédita). José Arthur era, também, poeta. Deixou vários livros
nessa bela seara, tais como: <i>Câmara escura</i> (Rio de
Janeiro, 1972); <i>Poemas do cuco</i> (Rio de Janeiro, 2004) e <i>Objetos
não são coisas</i> (Rio de Janeiro, 2013).</span></span><span style="mso-bookmark: _Hlk32388166;"></span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> O nosso autor pertenceu ao grupo de
pensadores tradicionalistas que integravam o Centro dom Vital, criado por
Jackson de Figueiredo (1891-1928). Casou com a filha dele, Regina Alves de
Figueiredo, já falecida. A ensaística do meu amigo era, antes de tudo,
agradável, feita a partir de uma leveza de expressão de refinado e
bem-humorado <i>causeur</i>. José Arthur soube enquadrar a posição
tradicionalista do Centro, numa atitude conservadora e tolerante com outras
vertentes de pensamento. Sem dúvida que as suas pesquisas, na seara da
Sociologia, ajudaram-no a burilar a inspiração inicial. Pela sua riqueza
humanística e pelo belo estilo que ornou os seus escritos, eu o teria
candidatado para a Academia Brasileira de Letras.</span><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center">
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 0cm; mso-padding-alt: 4.5pt 4.5pt 4.5pt 4.5pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody>
<tr style="mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0;">
<td style="padding: 4.5pt 4.5pt 4.5pt 4.5pt;"></td>
</tr>
<tr style="mso-yfti-irow: 1; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="padding: 3.0pt 4.5pt 4.5pt 4.5pt;"></td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<b><span style="color: white; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-color-alt: windowtext;">BIBLIOGRAFIA</span></b><b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><b>BIBLIOGRAFIA</b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur.<b><i> A educação dos
grupos. </i></b>Rio de Janeiro, 1954.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>A Reforma
Agrária: problemas, bases, soluções</i></b> (em coautoria). Rio de
Janeiro, 1964.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>Câmara escura.
</i></b>Rio de Janeiro, 1972. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>Ensaios
de olhar e ver. </i></b>Rio de Janeiro, 2011.<b><i> <o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Rios, José Arthur. <b><i>Crime e
Castigo</i></b>. Rio de Janeiro: Confederação Nacional do Comércio. (No
prelo). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b>Estudo de
problemas brasileiros.</b> Rio de Janeiro, 1964.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>O
artesanato cearense. </i></b>Rio de Janeiro, 1963. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>Objetos
não são coisas. </i></b>Rio de Janeiro, 2013.</span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>Poemas do
cuco. </i></b>Rio de Janeiro, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>Problemas
humanos das favelas cariocas. </i></b>Rio de Janeiro, 1960.</span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>Recomendações
sobre a Reforma Agrária</i></b> (em coautoria). Rio de Janeiro,
1961.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur.<b><i> Social
Transformation and Urbanization - The case of Rio de Janeiro. </i></b>University
of Winsconsin- Milwaukee: Center for Latin-American Studies, 1971.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RIOS, José Arthur. <b><i>Sociologia da
corrupção</i></b> (em co-autoria). Rio de Janeiro, 1987).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">RIOS,
José Arthur.</span><b><i><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> The
University Student and Brazilian Society. </span></i></b><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Michigan State University: Latin
American Studies Center, 1971.<o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b>NOTAS</b></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftnref1" title=""><!--[endif]--></a></span></span></span><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> </span><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Embora um pouco anterior ao recorte cronológico que me propus neste
trabalho, porquanto falecido em 1963, não podia deixar de mencionar aqui o nome
de Vicente Ferreira da SILVA, porquanto constitui um arquétipo que será seguido
pelos autores posteriores arrolados nesta corrente de pensamento. Considerado
por Miguel Reale como a maior vocação metafísica do Brasil, este autor
desenvolveu aprofundada crítica à tecnocracia de inspiração positivista, em que
se vazou o projeto modernizador brasileiro. A posição do nosso autor
encontra-se, notadamente, nos seus ensaios sobre educação, sociologia e
política. Cf. SILVA, Vicente Ferreira da, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Obras Completas</i></b>, (prefácio de Miguel
Reale), São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia, 1964, vol. II, pg.
433-492.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> </span><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Cf. CRIPPA, Adolpho.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Mito e cultura, </i></b>São Paulo:
Convívio, 1975; (coordenador) <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As idéias políticas no Brasil</i></b>, São
Paulo: Convívio, 1979, 2 vol.; (organizador), <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rumo ao terceiro milênio – Um
projeto para o Brasil, </i></b>Rio de Janeiro: Expressão e Cultura /
Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), 1989; (organizador), <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Democracia
e Desenvolvimento</i></b>, São Paulo: Convívio, 1979. A partir da Revista <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Convivium</i></b>,
editada trimestralmente, de forma ininterrupta, entre 1963 e 2000, Adolpho
Crippa ensejou um espaço aberto para o debate político, num contexto
democrático e pluralista, equivalente ao que, no período getuliano (embora com
definido caráter conservador-autoritário), tinha conseguido efetivar Almir de
Andrade (1911-1991) com a revista <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cultura Política</i></b>. Junto com a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista
Brasileira de Filosofia</i></b> (publicada por Miguel Reale, entre 1949 e
2006), a revista <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Convivium</i></b> constituiu a mais importante instância de debate
político, num ambiente liberal de tolerância e de respeito à liberdade.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="ES-CO" style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> </span><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Cf. MERCADANTE, Paulo. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A consciência conservadora no Brasil –
Contribuição ao estudo da formação brasileira.</i></b> 1ª edição, Rio de
Janeiro: Saga, 1965; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tobias Barreto na cultura brasileira – Uma
reavaliação, </i></b>(introdução de Miguel Reale), São Paulo: Grijalbo, 1972
(em co-autoria com Antônio Paim); <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portugal – Ano zero, </i></b>Rio de Janeiro:
Artenova, 1975; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Militares & Civis – A ética e o compromisso, </i></b>Rio de
Janeiro: Zahar, 1978; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Graciliano Ramos – O manifesto do trágico, </i></b>Rio
de Janeiro: Topbooks, 1994; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A coerência das incertezas – Símbolos e mitos
na fenomenologia histórica luso-brasileira</i></b>. (Introdução de Olavo de
Carvalho). São Paulo: É realizações, 2001.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> In: Portal de Olavo de CARVALHO -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><a href="http://www.olavodecarvalho.org/espanol/datos1.htm"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">http://www.olavodecarvalho.org/espanol/datos1.htm</span></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> (consulta em 14-11-2011).<span class="titulo"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i> </i></b><span style="mso-bidi-font-style: italic;">As obras mais representativas deste autor, no terreno do pensamento
político, são: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i>Símbolos e Mitos no
Filme "O Silêncio dos Inocentes"</i></b><i>.</i> Rio de Janeiro: </span>IAL
& Stella Caymmi,1993; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i>Os Gêneros
Literários: Seus Fundamentos Metafísicos</i></b><i>. </i>Rio de Janeiro: IAL
& Stella Caymmi, 1993. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i>O Imbecil
Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras</i></b><i>. </i>Rio de Janeiro:
Faculdade da Cidade Editora e Academia Brasileira de Filosofia, 1996;<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i>O
Futuro do Pensamento Brasileiro. Estudos sobre o Nosso Lugar no Mundo</i></b><i>,
</i>Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade Editora, 1997, 1998.<i> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Longa Marcha da Vaca para o Brejo: O
Imbecil Coletivo II</b>. </i>Rio de Janeiro: Topbooks, 1998.</span></span><span lang="ES-CO" style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> </o:p></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/Pensadores%20Brasileiros%20-%2013%20-%20JOS%C3%89%20ARTHUR%20RIOS%20(1921-2017).docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES-CO" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: ES-CO; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span></span></span></a><span lang="ES-CO"> </span>Cf. RIOS, José Arthur.
<b><i>The
University Student and Brazilian Society</i></b>, Michigan State University:
Latin American Studies Center, 1971. <b><i>Social Transformation and Urbanization – The
case of Rio de Janeiro, </i></b>University of Winsconsin – Milwaukee: Center
for Latin-American Studies, 1971; “Raízes do marxismo universitário”, In: <b><i>Carta
Mensal, </i></b>Confederação Nacional do Comércio, Rio de Janeiro, vol. 45 (nº
538, janeiro 2000): pg. 39-59; <b><i>Sociologia da corrupção</i></b>, Rio de
Janeiro: Zahar, 1987 (em co-autoria com Celso Barroso LEITE e outros autores).</div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-75612516544361355522020-05-16T04:46:00.000-07:002020-05-16T04:46:12.628-07:00Pensadores Brasileiros - ROBERTO CAMPOS (1917-2001)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXHQ4zGeCUy59uqXbXlq7zy0f0_QWD4-zT_uLJO-Ncl6rqRFOLLd1sOfuvH29redevpeRCwzySCVlJMBoOKaFN7h7rm6Civ2mzpknl1qgyXxK7DD6prccYBbEdPmqKBH5QT2EX7reHakV1/s1600/roberto-campos-oscar-cabral.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="885" data-original-width="620" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXHQ4zGeCUy59uqXbXlq7zy0f0_QWD4-zT_uLJO-Ncl6rqRFOLLd1sOfuvH29redevpeRCwzySCVlJMBoOKaFN7h7rm6Civ2mzpknl1qgyXxK7DD6prccYBbEdPmqKBH5QT2EX7reHakV1/s200/roberto-campos-oscar-cabral.jpg" width="140" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Roberto Campos, crítico do Patrimonialismo. Esse constitui um dos
pontos fortes da meditação filosófica e política do nosso autor. Campos foi, ao
meu ver, um dos críticos mais sistemáticos e radicais das práticas
patrimonialistas que estabeleceram, ao longo dos governos petistas, o fenômeno
da “Corrupção Sistémica” na administração republicana, que outra coisa não é do
que gerir a coisa pública como negócio privado, com exclusão de todos aqueles
que se contraponham a essa modalidade de política típica do Patrimonialismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Durante décadas, a figura de Roberto Campos tentou ser riscada
pelo <i>establishment</i> no interior do Itamaraty, porquanto representava um
perigo para os que tinham se encastelado no regime de sesmarias, ao redor de
uma opção pelo “socialismo real”, após a derrota dos alemães na Segunda Guerra
Mundial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Inicialmente, quando nosso autor optou por se habilitar, em
concurso, para trabalhar no Ministério das Relações Exteriores, em pleno Estado
Novo, no ano de 1938, a maior parte dos nossos diplomatas se colocava no
contexto dos interesses do Eixo. Mas, quando as forças de Hitler começaram a
ser detonadas, pelos Aliados, na Segunda Guerra Mundial, os diplomatas correram,
céleres, para se arrumarem em torno aos representantes das democracias ditas “populares”,
chefiadas pela antiga União Soviética. Guinada de 180 graus que deixou intacto,
contudo, o dogmatismo e o gosto pelo “poder total”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Entre os Aliados, os itamaratianos fizeram a sua escolha: os
Russos, que representavam a nova força que se estabelecia no mundo, contrária
aos Americanos. A respeito do clima que se vivia no Ministério das Relações
Exteriores no contexto dessa arrumação ideológica, escreve Roberto Campos: “O
Itamaraty, situado na avenida Marechal Floriano (a antiga rua Larga de São
Joaquim), era comumente apelidado de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Butantã
da rua Larga</i>. – São cobras, mas fingem que são minhocas – dizia-me de seus
colegas o admirável João Guimarães Rosa (1908-1967), que depois se tornaria o
meu escritor preferido”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Roberto Campos e um grupo minoritário representaram a opção por um
conceito de diplomacia afinado com a democracia ocidental e alheio à busca do
“democratismo”, que terminou vingando no mundo comunista. Como ele mesmo
destacava, virou uma espécie de “profeta da liberdade”, à maneira, aliás, de
Tocqueville (1805-1859), que se descrevia a si próprio como um “João Batista
que prega no deserto”. A respeito da opção liberal, frisava Roberto Campos, na
sua obra autobiográfica, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A lanterna na popa:</span></i> “Em nenhum
momento consegui a grandeza. Em todos os momentos procurei escapar da
mediocridade. Fui um pouco um apóstolo, sem a coragem de ser mártir. Lutei
contra as marés do nacional-populismo, antecipando o refluxo da onda. Às vezes
ousei profetizar, não por ver mais que os outros, mas por ver antes. Por muito
tempo, ao defender o liberalismo econômico, fui considerado um herege
imprudente. Os acontecimentos mundiais, na visão de alguns, me promoveram a
profeta responsável”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O nosso autor definia o seu compromisso intelectual, com a defesa
de duas variáveis: opulência e liberdade, que deveriam estar estreitamente
ligadas para não degenerarem em populismos irresponsáveis. A respeito, Campos
frisava: “Neste fim de século, ressurgem tendências liberais sob a forma do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">capitalismo democrático</i>. Este se baseia
na convicção de que somente através do mercado se alcança a opulência, enquanto,
para a preservação da liberdade, o instrumento fundamental é a democracia.
Ambos, opulência e liberdade são valores desejáveis. O mercado pode gerar
opulência sem democracia, e a democracia, sem o mercado, pode degenerar em
pobreza. Conciliar o mercado, que é o voto econômico, com a democracia, que é o
voto político, eis a grande tarefa da era pós-coletivista – o século XXI”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Talvez o traço mais marcante da personalidade intelectual de
Roberto Campos tenha sido a capacidade de rir de si próprio, estabelecendo uma
saudável relatividade nos seus pontos de vista. Definiu-se a si mesmo, no
primeiro capítulo de sua autobiografia, como o “analfabeto erudito”. Analfabeto
em matéria de especialidades cartoriais, que o habilitariam para um concurso
público. Mas erudito por uma inegável formação humanística, haurida no
Seminário, onde cursou os estudos completos de Filosofia e Teologia, além de
ter recebido as “Ordens Menores” (hostiário, leitor, exorcista, acólito). Lia
com familiaridade o grego e o latim. E, forçosamente, para quem viveu anos a
fio em meio às exigências celibatárias, a iniciação sexual começou bastante
tarde, já na casa dos vinte e tantos anos.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Dessas peripécias dá notícia, com humor, Roberto Campos, na sua obra
autobiográfica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A formação humanística no
Seminário fez com que o nosso autor tivesse, como pano de fundo da sua vivência
intelectual, a compreensão da complexidade das relações sociais, ancorando o
estudo destas na meditação aprofundada sobre o ser humano. Algo semelhante ao
que motivou o pai do liberalismo, John Locke (1632-1704), a entender as
relações políticas sobre o pano de fundo mais largo das exigências morais, a
partir do imperativo, de inspiração medieval, do controle moral ao poder. Não
em vão o maior vulto do liberalismo inglês frequentou os estudos humanísticos preparatórios
para a clerezia, no Christ Church College, antes de passar pelos estudos da
Medicina em Oxford que o levaram, jovem praticante, a tratar de Antony Ashley
Cooper (1621-1683), 1º conde de Shaftesbury, e virar, pelo seu intermédio, o
principal assessor da liderança parlamentar no desmonte do absolutismo
monárquico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A formação humanística recebida por Roberto Campos o habilitou para,
sobre esse legado, entender, em profundidade, o mundo econômico, ao ensejo dos
estudos feitos em nível de pós-graduação em Economia, na Escola de Governo da
George Washington University, sob a rigorosa orientação de Edward Champion
Acheson (1893-1971). Na mencionada Universidade, o nosso autor teve contato com
os maiores vultos do pensamento econômico da época, como John Donaldson, Arthur
F. Burns (1904-1987), Gottfried Haberler (1900-1995), Fritz Machlup (1902-1983),
Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), que considerou que o montante das
pesquisas feitas por Campos para a tese de mestrado “era suficiente para uma
tese doutoral”, John Maynard Keynes (1883-1946) e o papa da Escola Austríaca,
Friedrich A. Hayek (1899-1992).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Assim, a passagem de Roberto Campos pela divisão de “secos e
molhados” (nome jocoso dado pelo nosso autor à área de Assuntos Econômicos do
Itamaraty) foi bastante profícua, tendo-o colocado, junto com Eugênio Gudin
(1886-1986), na linha de frente da formulação das políticas econômicas, que se
tornariam, após a Conferência de Bretton Woods em 1944, a peça forte das
relações diplomáticas. (Da mencionada Conferência, Roberto Campos participou
como assessor da equipe brasileira, chefiada pelo professor Gudin).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Duas etapas podem ser reconhecidas na formação do liberalismo
econômico no nosso autor: a primeira, onde a influência maior veio de Keynes e
a segunda, já derrubado o Muro de Berlim, com uma aproximação maior ao
pensamento da Escola Austríaca. Mas sempre mantendo atenta a vista na
construção de instituições que conduzissem o Brasil ao pleno desenvolvimento
econômico, com preservação da liberdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Desenvolverei o tema da crítica de Roberto Campos ao
Patrimonialismo em três itens: 1 – Um retrospecto melancólico do fracasso para
obter o desenvolvimento sustentado. 2 – Um caso de cegueira patrimonialista: a
política de reserva de informática. 3 – Um caso de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hybris</i> patrimonialista: o monopólio da Petrobrás.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">I – Um
retrospecto melancólico do fracasso para obter o desenvolvimento sustentado.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A despedida de Roberto Campos da vida parlamentar, depois de 16
anos como congressista (8 no Senado e 8 na Câmara dos Deputados), ocorreu em
discurso pronunciado na quinta-feira 28 de janeiro de 1999, dois anos e meio
antes do seu falecimento, em outubro de 2001. Esse discurso pode ser
considerado, portanto, como o seu testamento político. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Poderia comparar essa circunstância com a vivida por Tocqueville
quando da escrita das suas <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Memórias de 1848</span></i>,<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
terminadas poucos meses antes da sua morte, em 1859. De ambos os escritos (o
discurso de Campos e as <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Memórias</span></i> de Tocqueville), os
autores foram partícipes da história política dos seus respectivos países,
tendo sido ministros de Estado e parlamentares. Em ambas as peças, caem os véus
das contemporizações e os seus autores se revelam críticos profundos das suas
respectivas realidades. Em ambos os contextos, a proximidade do fim faz com que
a análise de fatos e pessoas se torne mais despiedada e objetiva e se enxergue,
como única meta, a sorte da Nação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Campos inicia o seu discurso identificando-o como um retrospecto
melancólico. A propósito frisa: “(...). É tempo de balanço. Balanço tornado
oportuno pela confluência de três eventos: fim de século, começo de milênio e,
proximamente, 500 anos da fundação da brasilidade. Minha melancolia não provém
de saudades antecipadas de Brasília, cidade que considero um bazar de ilusões e
uma usina de déficits. A melancolia provém do reconhecimento do fracasso de
toda uma geração – a minha geração -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em
lançar o Brasil numa trajetória de desenvolvimento sustentado. Continuamos
longe demais da riqueza atingível e perto demais da pobreza corrigível. A melancolia
vem também da constatação de nossa insuportável <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mesmice. </i>Quando cheguei ao Congresso, em 1983, eleito senador por
Mato Grosso, os temas candentes do momento eram a moratória e a recessão.
Dezesseis anos depois, quando me despeço de dois mandatos de deputado pelo Rio
de Janeiro, os temas inquietantes voltam a ser a recessão e a crise cambial.
Isso demonstra que o Brasil, conquanto capaz de saltos de desenvolvimento, não
aprendeu a tecnologia do desenvolvimento sustentado. É um saltador de saltos curtos
e não um corredor de resistência”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O Brasil, como a Rússia, provoca perplexidade. Porque tanto um
país quanto o outro apresentam-se ligados à modernidade, mas sem quebrar as
amarras que os atam, indefectivelmente, ao passado de atraso. A respeito, frisa
Campos: “Na análise internacional comparativa do desempenho das nações, neste
fim de século, dois países provocam geral perplexidade pela enorme brecha entre
seu potencial, que é cintilante, e seu desempenho, que é fosco: a Rússia e o
Brasil. A Rússia foi uma superpotência que depois submergiu, descobrindo,
afinal, que era apenas um país do terceiro mundo com um exército de primeiro
mundo. O Brasil é uma potência emergente, que ainda não emergiu e que se
surpreende, ao descobrir que continua sendo um pais com um grande futuro no seu
passado. Tendo chegado a produzir o oitavo PIB do Planeta, deixou-se
ultrapassar pela China e a Espanha, declinando para o 10º lugar. Em termos de
renda por habitante, estamos na casa dos quadragésimos e no índice de
desenvolvimento humano da ONU, que mede a qualidade de vida, ficamos no 62º
lugar (dados de 1995). Nosso problema não é só de iniquidade distributiva, mas
também de debilidade produtiva”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Quais seriam os fatores explicativos para essa complicada
realidade? No sentir do nosso autor, três seriam os pontos que explicam a
paradoxal situação brasileira: em primeiro lugar, as deformações culturais; em
segundo, os erros comportamentais e, em terceiro lugar, a armadilha do
meio-sucesso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">1) As deformações
culturais</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">.
Quanto a este fator, frisa Roberto Campos: “As deformações culturais podem ser
encapsuladas no que costumo chamar de doença dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ismos</i>: o nacionalismo temperamental, que reduz a absorção de
tecnologia e investimentos; o populismo, que é a arte de distribuir riquezas
antes de produzi-las; o estruturalismo, que subestima o papel da desordem
monetária na inflação; o estatismo, que leva o Estado a fazer mais do que pode
no econômico, e menos do que deve, no social; o protecionismo, que castiga o
consumidor sem exigir eficiência do produtor”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">2) Os erros
comportamentais</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">. No que tange ao segundo fator, Roberto Campos destaca: “(...)
vieram em safra abundante na década dos 80, que não por outra razão foi chamada
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">década perdida</i>. Os militares
concluíram seu longo reinado com dois erros: o primeiro foi não terem feito a
abertura econômica antes da abertura política; o segundo, foi a política de
reserva de mercado na informática, que atrasou em pelo menos 15 anos nossa
modernização tecnológica. A partir de 1985, paradoxalmente, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">civilinização</i> do regime pela
redemocratização, ao mesmo tempo que ampliava as liberdades políticas,
comprimia as liberdades econômicas. Houve os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">planos heterodoxos de</i> combate à inflação – o Plano Cruzado, o Plano
Bresser, o Plano Verão, todos os quais desorganizaram o sistema de preços,
seguidos do Plano Collor, que desorganizou as poupanças. Proclamou-se, em 1987,
uma moratória unilateral da dívida externa, comicamente apelidada de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">moratória soberana</i>, que destruiu o
crédito internacional do país e é até hoje marca negativa em nosso prontuário
financeiro. Houve, finalmente, a Constituição de 1988, que documenta os perigos
de uma doença frequente na América Latina – a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">constitucionalite</i>”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Esse vício da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">constitucionalite</i>
foi sofregamente copiado, pelos congressistas brasileiros, das obras <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Direito
constitucional e Teoria da Constituição</span></i> (1977) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Constituição
dirigente e vinculação do legislador</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">
</b></i>(1982)<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> de
autoria do professor português José Gomes Canotilho (1941), que viraram
coqueluche na época. Segundo o mencionado autor, se pode implantar o socialismo
pela via constitucional. Tal vício, pensa Campos, “(...) excita utopias
individuais. Nossa atual Carta Magna é intervencionista no econômico, utópica
no social e híbrida no político (...). No fundo, é mais um ensaio de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">democratice</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">demoscopia </i>do que de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">democracia</i>.
De democratice, porque acentua as liberdades políticas, mas priva o cidadão de
liberdades econômicas ou de opções sociais. É que os monopólios estatais são
uma cassação do direito de produzir, enquanto a legislação trabalhista inibe o
direito de contratar, e a legislação previdenciária, ao tornar obrigatória a
previdência pública, priva o cidadão do direito de escolher o administrador de
suas poupanças. Nossa Constituição é, também, um ensaio de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">demoscopia</i>, ao facilitar um pluripartidarismo caótico, pela ausência
de instrumentos de compactação partidária, como o voto distrital, a fidelidade
partidária e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cláusula de barreira</i>.
Nascida em outubro de 1988, um ano antes da dramática transformação ideológica
pós Muro de Berlim, nossa Carta Magna é um bebê anacrônico. Levamos 17 meses
para pari-la e estamos gastando uma década para desconstruí-la”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">3) A armadilha do
meio-sucesso</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">. Este empecilho se revela, segundo o nosso autor, em dois
aspectos: na tolerância para com a inflação e no fato de não terem sido equacionados
os passos para garantir o pleno sucesso do Plano Real que buscava, em última
instância, modernizar de vez o nosso arcabouço produtivo.. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">No relativo à tolerância inflacionária, Roberto Campos frisa:
“Entretivemos (...) anormal tolerância para com a inflação – essa fonte de
injustiças sociais -, porque durante muito tempo logramos a façanha,
aparentemente impossível, de conciliarmos alta inflação e rápido crescimento. E
[adotamos] anormal resistência à privatização, porque criamos estatais que,
ineficientes pelos padrões mundiais, e de inexpressiva rentabilidade para o
Tesouro Nacional, pareciam bem melhor instrumentadas que suas congêneres
latino-americanas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O meio-sucesso também esteve presente na adoção do Plano Real, que
Campos define como uma “(...) esplêndida ginástica financeira, com êxito
surpreendente na queda da inflação e insucesso crescente no câmbio e no fisco”.
Isso em decorrência do fato de que o Plano não foi acompanhado das reformas
necessárias para que se conseguisse a plena racionalidade econômica. Essas
reformas seriam as estruturais, para dar embasamento firme à economia,
exorcizando os vícios do estatismo e da inflação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Em relação a este contexto das reformas necessárias, frisa Campos:
“Quando (o Plano Real) foi lançado, argumentei que houvera uma inversão de
sequencias. A lógica política prevalecera sobre a lógica econômica. Isso era
inevitável à época, mas também perigoso. Segundo a lógica econômica, a reforma
do padrão monetário seria a cumeeira do edifício, cujo alicerce e colunas de
sustentação seriam as reformas estruturais. Tal como se fez na criação do Euro,
na União Europeia. Os critérios severos de disciplina fiscal foram fixados no
Tratado de Maastricht de 1992, enquanto a moeda única se criou em 1999, após
confirmado o saneamento fiscal. A lógica política exigia, ao contrário,
resultados imediatos na decapitação da hidra inflacionária. Até mesmo para
conferir ao governante credibilidade para lancetar mitos e executar reformas de
estrutura. O Plano Real nasceu, assim, como uma esplêndida ginástica aeróbica
num corpo de frouxa musculatura. Trouxe resultados rápidos e surpreendentes.
Seus componentes foram a âncora cambial, a política monetária restritiva de
juros altos, a abertura às importações e apenas um mini ajuste fiscal – o Plano
Social de Emergência”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Em termos gerais, ficou faltando desestatizar mais a economia,
pois é da presença orçamentívora do Estado que surge a inflação, o pior dos
males sociais. “Procurei ser, – confessa Roberto Campos – por assim dizer, a
consciência liberal do PPB, partido do qual nunca me afastei, acompanhando-o em
todas as suas metamorfoses, exemplo comovente de fidelidade partidária”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Na última parte da sua fala, o ex-parlamentar identifica quais são
os grandes inimigos do Brasil. A respeito, escreve: “Sempre achei que um dos
mais graves problemas dos subdesenvolvidos é a sua incompetência na descoberta
dos verdadeiros inimigos. Assim, por exemplo, os responsáveis pela nossa
pobreza não são o liberalismo, nem o capitalismo, em que somos noviços
destreinados, e sim a inflação, a falta de educação básica, e um
assistencialismo governamental incompetente, que faz com que os assistentes
passem melhor que os assistidos. Os inimigos do desenvolvimento não são os
entreguistas que, aliás, só poderiam entregar miséria e subdesenvolvimento, e
sim os monopolistas, que cultivam ineficiências e criaram uma nova classe de
privilegiados – os burgueses do Estado. Os promotores da inflação não são a
ganância dos empresários ou a predação das multinacionais e sim esse velho
safado, que conosco convive desde o albor da República – o déficit do setor
público”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E conclui Roberto Campos, centrando as baterias da sua diatribe
parlamentar no verdadeiro inimigo: o mercantilismo patrimonialista. Frisa a
respeito: “É mais fácil dizer o que o Brasil não deve temer do que o que o
Brasil deve fazer. O Brasil não deve temer as ameaças do neoliberalismo, já
que, segundo análise comparativa de graus de liberdade por vários institutos
econômicos internacionais, ainda somos um país de baixo grau de liberdade,
comparativamente não só a vizinhos da América Latina como Chile, Argentina e
Peru, mas até mesmo a ex-membros da Cortina de Ferro como Hungria e República
Tcheca. Temos ainda graves resquícios dirigistas, com limitações à ação
empresarial, um regime tributário complexo e punitivo, uma legislação
trabalhista minudente e tutelar e até recentemente profusos controles cambiais.
Nem sequer se pode dizer que o país seja vítima do capitalismo selvagem, pois
não saímos ainda do mercantilismo patrimonialista (...). No máximo, poderíamos
dizer que estamos num estágio pós-dirigista e pré-liberal, numa lenta transição
de um capitalismo de estado para um capitalismo competitivo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Nas várias globalizações que a Humanidade conheceu desde o Império
Romano, a atual, centrada na universalização comercial, tecnológica e
financeira, pode ser encarada de forma positiva pelo Brasil, desde que as suas
elites façam o dever de casa. Os países vítimas da volatilidade são aqueles que
não se prepararam e que “(...) tinham desequilíbrios fundamentais, seja no
setor privado, como na Ásia, seja no setor público, como na América Latina. No
continente asiático escaparam do vendaval Cingapura, Taiwan, Austrália e Nova
Zelândia. Em nosso continente, Chile e Argentina, que tinham razoável
equilíbrio fiscal e orientação exportadora. No Brasil, os desequilíbrios eram
evidentes, quer no tocante à taxa cambial, quer no tocante à desordem no setor
público. Os descontentes com a globalização se esquecem de que nunca na
história humana tanta gente conseguiu escapar da miséria, sobretudo na Ásia
(...)”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">II – Um caso de
cegueira patrimonialista: a política de reserva de informática.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Um ataque coletivo de burrice, vinculada a uma opção pelo atraso:
assim se pode descrever o clima que tomou conta da alta cúpula do Estado
brasileiro, quando das discussões ensejadas pelo projeto de criação da
Secretaria Especial de Informática, ao longo do período que se estende de 1975
até 1986. Em tumultuadas deliberações, que mais pareciam sessões inquisitoriais
contra o progresso da tecnologia, num terreno tão sensível como a informática,
o Brasil fez uma opção clara pelo atraso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Gilberto Paim (1919-2013), economista e jornalista que acompanhou
Roberto Campos nessas jornadas, na qualidade de secretário-parlamentar,
descreve, assim, o clima de xenofobia monopolística que se instalou no alto
escalão do governo, em 1975, lembrando a arcaica mentalidade de patrimonialismo
pombalino: “Por mais que sejam proclamados como reflexo do interesse nacional,
certos atos administrativos se acham tão distanciados da realidade, que
acabarão colidindo com esse interesse imaginário. Assim pode ser descrita a
trajetória da política nacional de informática, oficialmente lançada em 1975,
mas sem uma clara definição das linhas principais da política do setor. Essa
definição não demoraria a aparecer, ganhando a marca da intolerância e
intransigência, impregnada de fanatismo. Na residência de um jovem ministro do
governo Geisel, reuniram-se, em 1976, algumas figuras do primeiro escalão, para
deliberar a respeito da intenção da IBM de produzir no país um microcomputador
que fazia sucesso no mercado externo. Era o IBM-32, que acabou sendo rejeitado
pela maioria dos presentes àquele encontro. Em busca de conciliação, a empresa
propôs que o computador fosse fabricado no Brasil, apenas para a venda no
mercado externo, assumindo compromisso por escrito de que nenhuma de suas
unidades seria colocada no país. Nova rejeição, apesar de a proposta, se
aceita, render divisas em uma fase em que enfrentávamos sérios problemas de
balanço de pagamentos. A IBM foi produzi-lo no Japão, onde o mini ganhou o nome
de IB-36, vendido no mercado interno japonês e no resto do mundo. Foi um
tremendo sucesso de vendas. O mesmo ocorreu com a proposta da Hewlett Packard
de fabricar, aqui, o seu HP 3000, cuja produção foi finalmente transferida para
o México, a Coreia do Sul e a China comunista. Estava consagrada a rejeição.
Nenhuma das grandes empresas mundiais de informática conseguiu autorização para
fabricar aqui micro ou minicomputadores. Estava firmado o grande princípio da
autonomia tecnológica a ser alcançada por meios próprios, terminantemente
excluída a colaboração estrangeira. Seus iniciadores foram ministros civis. Os
militares se encantaram com essa decisão e assumiram o comando da política,
criando, em 1978, a Secretaria Especial de Informática (SEI), órgão
caracterizado pela sua intransigência na condução dos mais variados assuntos da
infinita área da eletrônica”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Roberto Campos e Gilberto Paim defendiam, claramente, um ponto de
vista liberal: sim à livre empresa! Não ao protecionismo e ao obscurantismo
patrimonialista! O seu ponto de vista representava a sensatez e a modernidade,
em meio à maré de ignorância e protecionismo que se levantava contra as
liberdades econômicas. O sensato seria colocar o Brasil num nicho de mercado
possível, na dura competição que se estabelecia nos quatro cantos do planeta,
no terreno da informática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A respeito, escrevia Gilberto Paim: “Como secretário-parlamentar
do senador Roberto Campos pude acompanhar, de perto, a luta que a clarividência
do pensador brasileiro o levou a travar contra o obscurantismo. Na essência,
defendia o senador a instauração de uma política de estímulo à produção de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">software, </i>deixando livre a fabricação de
computadores, pequenos ou grandes. Aproveitando e enriquecendo a capacidade
nacional de operar no desenvolvimento de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">soft</i>,
abreviaríamos o tempo necessário no domínio da parte principal da computação. O
país dispunha de massa crítica de nível universitário, para ocupar lugar
privilegiado na produção mundial de programas de computador. Fabricar as
máquinas representaria um espaço em que fabricantes brasileiros deveriam
disputar, com concorrentes estrangeiros, os mercados interno e externo,
ganhando terreno, certamente, as empresas nacionais que fossem mais ágeis na
busca de associação com empresas estrangeiras de vanguarda, na aplicação de
tecnologias de ponta. Nos países desenvolvidos, o computador já era peça
obrigatória nas escolas de todos os níveis. Nos Estados Unidos, até crianças
nos cursos de alfabetização aprendiam a lidar com essas máquinas. No Brasil dos
anos 1980, não havia computador em nenhuma escola primária ou secundária”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Gilberto Paim recordava a fina ironia do senador Campos, quando,
comentando a recusa do governo brasileiro à entrada da indústria cibernética,
assinalava os “(...) benefícios que o fechamento do mercado brasileiro trazia a
várias nações, por terem um concorrente a menos. Pois a Escócia, a Irlanda, a
Espanha e outras nações chegavam a subvencionar a implantação de indústrias de
alta tecnologia, sem se preocuparem com a origem dos capitais”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O problema, certamente, não era, apenas, do governo brasileiro.
Era, também, das elites pensantes. Associações de profissionais liberais, de
docentes e de pesquisadores fecharam com as propostas retrógradas do governo.
Parece como se a consigna do dia fosse: “O atraso é nosso!” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A respeito, escrevia Gilberto Paim: ”Roberto Campos parecia uma
voz solitária, em meio à fanfarra do nacionalismo tecnológico. A Secretaria
Especial de Informática está atrasando o desenvolvimento nacional de forma
criminosa, dizia ele. Mas quem abafava o seu discurso? Não eram uns poucos
militares, mas, pasmem, a Associação Nacional dos Docentes em Ensino Superior,
de braços dados com a União Nacional dos Escritores e a Sociedade Brasileira de
Estudos Interdisciplinares de Comunicação! Como fora criada por decreto
inconstitucional, a SEI precisava de uma lei para sancionar seus atos
antediluvianos, todos formando um modelo de intransigência hitlerista. Cerca de
duas centenas de entidades profissionais suplicavam, ao Congresso Nacional, a
urgente aprovação do projeto de lei, que dava amplos poderes aos coronéis que
dominavam a Secretaria, agindo como verdadeiros proprietários de um feudo
administrativo. Entre essas entidades, além das já supracitadas, estavam a
Associação Brasileira de Imprensa, a Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência, a Sociedade Brasileira de Computação, a Federação Nacional dos
Engenheiros, a Coordenação Nacional dos Geólogos, a Sociedade Brasileira de
Genética, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisas em Ciências
Sociais, a Federação Nacional dos Médicos, a Federação Nacional dos Jornalistas
e muitas e muitas outras entidades altamente representativas de segmentos da
sociedade. Eram inumeráveis os sindicatos de trabalhadores de todo o país que
aplaudiam os atos do nacionalismo eletrônico”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A decisão errática do governo, dos parlamentares e das agremiações
profissionais e sindicatos foi tanto maior, quanto que não se viu sinal algum de
arrependimento, em face dos resultados negativos que advieram, para o progresso
tecnológico e educacional do país. A respeito, escreveu Gilberto Paim: “(...) O
Brasil estava diante de uma campanha de porte igual à do petróleo é nosso.
Durante a tramitação do projeto de lei da informática, proposição de todo
obscurantista, em 1984, centenas de organizações de todo tipo fizeram chover
sobre o Congresso Nacional memoriais de apoio à política retrógrada da SEI. O
atraso cultural brasileiro pode também ser demonstrado com o fato de que
nenhuma das entidades referidas jamais deu um balanço, no rol de prejuízos que
a alucinada política de informática trouxe ao país, como prova de
arrependimento por ter contribuído para causa-los. Os brasileiros provocaram o
atraso e, apesar de comprovado esse fato, os Estados Unidos foram muitas vezes
acusados de não desejarem o progresso do Brasil na área da eletrônica digital”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Exceção gloriosa ao lado de Roberto Campos e Gilberto Paim, foi o
constitucionalista Manoel Gonçalves Ferreira Filho (1934), o “Maneco”,
carinhosamente chamado assim pelos seus discípulos da Universidade de São
Paulo. O cerne do arrazoado jurídico que considerava inconstitucional a lei de
informática foi sintetizado assim por Gilberto Paim: “Observava esse respeitado
especialista (...) que, em todas as Constituições brasileiras, está consagrada
a liberdade de trabalho, indústria e comércio, ou o livre exercício de qualquer
espécie de atividade socialmente útil, ou, enfim, a liberdade de iniciativa.
Como primeiro princípio na ordem econômica, acrescentava, a liberdade de
iniciativa significa liberdade de trabalhar em um determinado campo ou de se
associar para trabalhar em determinada atividade. O primado da iniciativa
privada sobre a atuação econômica do Estado é um preceito constitucional
(...).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No entanto, dizia o
constitucionalista, o projeto de lei mandado pelo Poder Executivo ao Congresso,
sobre informática, procedia de uma inspiração oposta à decorrente dos
princípios constitucionais apontados”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn14" name="_ftnref14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O senador Roberto Campos leu o parecer do jurista Ferreira Filho
perante a Comissão Mista do Congresso, que examinou o projeto de lei de
informática. Foi boicotado pelos próprios congressistas que se recusavam a
escutar as razões bem ponderadas por Campos. Gilberto Paim sintetizou, assim, a
triste circunstância: “Acreditando, não obstante, que os deputados e senadores,
membros da Comissão, ainda poderiam colher o benefício de algum esclarecimento
com a leitura que se fizesse do parecer, o senador Campos pediu e obteve
permissão para ler o documento. Foi instintiva e instantânea a resposta dos
congressistas presentes: os 16 que votaram contra a proposição anterior fizeram
o possível para provar o seu desinteresse pela leitura feita pelo senador
mato-grossense. Todos passaram a falar em voz alta, ou a produzir ruídos
propositais, de costas para o orador. Alguns se movimentavam na direção dos
parelhos telefónicos, com isso tornando ostensivo o desinteresse pela leitura
penosa das 48 laudas em que se exauria Roberto Campos. Ninguém quis ouvir uma
frase sequer (...).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O projeto ganhou
força de lei, dando cobertura plena aos insensatos da SEI”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn15" name="_ftnref15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Não foi por acaso que na obra intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Guia para os perplexos</span></i><span style="mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">,</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> </span></i>Roberto
Campos deixou registrada esta definição de informática: “Aliança entre
militares, esquerdistas e empresários antidarwinianos. Estes acreditam que deve
sobreviver não o mais apto, e sim o mais protegido da concorrência alheia.
Artifício usado para induzir a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">maioria </i>-
centenas de milhares de usuários – e se subordinar aos interesses de uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">minoria</i> – poucas dezenas – de
industriais do setor. Também usado para garantir privilégios aos que copiaram
equipamentos estrangeiros antes dos outros. Segundo a seita, produzir no país
só é bom se o produtor tiver certificado de batismo local, sendo, em caso
contrário, preferível importar”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn16" name="_ftnref16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">III – Um caso de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hybris</i> patrimonialista: o monopólio da
Petrobrás.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Roberto Campos, no prefácio que escreveu para a obra do seu
secretário-parlamentar e amigo Gilberto Paim intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Petrobrás: um monopólio em fim
de linha</span></i>, afirmou acerca da natureza obsoleta da empresa petrolífera
brasileira: “Atrasada em quase tudo, a América Latina foi precoce na criação de
monopólios estatais de petróleo. A primeira foi a Argentina, em 1922, que é
também hoje a mais radical na privatização. Seguiu-se lhe o México, em 1938. A
Petrossauro só foi criada em 1953. Um fato curioso é que, tanto na Argentina
quanto no Brasil, os ideólogos principais do estatismo foram generais: lá o
general Enrique Mosconi (1877-1940) e aqui, o general Júlio Caetano Horta
Barbosa (1881-1965). Partilharam, ambos, duas qualidades encontradiças nos
militares latino-americanos – nacionalismo raivoso e incompetência treinada.
Ambos esses cidadãos viam no petróleo não uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">commodity </i>econômica, e sim um misto de símbolo político e unguento
religioso. Se os dinossauros biológicos foram destruídos por um meteoro
cósmico, os dinossauros burocráticos entram em extinção pelo impacto de dois
meteoritos e um meteoro econômico. Os meteoritos foram os dois choques do
petróleo (1973 e 1979). O meteoro, que mudou o clima mundial em desfavor do
estatismo, foi o colapso do socialismo, em 1989. Os meteoritos tiveram dois
efeitos: deslanchar a busca de novas fontes de petróleo, flexibilizando-se,
para isso, as restrições nacionalisteiras, e promover a conservação de energia,
reforçada esta por preocupações ecológicas”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn17" name="_ftnref17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Para o nosso pensador, de nada vale um país ter recursos naturais
se as suas lideranças não possuem inteligência para geri-los e se as pessoas
que integram a Nação não têm disposição para agir e produzir riquezas, a partir
das benesses recebidas da Natureza. Roberto Campos lembra o princípio formulado
pelo empresário japonês Akio Morita (1921-1999), presidente da SONY, que
conheceu em 1964: “O que conta no desenvolvimento são três coisas: matéria
cinzenta no cérebro, portos profundos no mar e (...) ameaças à sobrevivência
(...)”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn18" name="_ftnref18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Às vésperas do movimento militar que depôs João Goulart
(1919-1976) em 1964, Campos considerava que a grande crise nacional decorria do
viés estatizante impingido na gestão do Estado, a partir do ciclo getuliano,
vício que tinha sido exacerbado por Goulart, com os agravantes do descaso para
com as contas públicas e da gestão irracional do Estado, que fez proliferarem
os conflitos no seio deste. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Frisava, a respeito, Roberto Campos, no balanço que intitulou: “A
crise brasileira e diretrizes de recuperação econômica”, publicado às vésperas
da derrubada, pelos militares, do governo populista: “Entre os fatores
político-institucionais, notem-se os seguintes: a – A constante tensão
política, criada pela desarmonia entre o Executivo Federal de um lado, e o
Congresso Nacional e governos estaduais de outro, suspeitando estes intenções
continuístas e anticonstitucionais do presidente Goulart; b – A propensão estatizante,
criando contínuo desestímulo e ameaça aos investidores privados; c –
Infiltração comunista, gerando apreensões quanto à subversão da ordem econômica
e social; d – As paralisações sucessivas de produção pelos comandos de greve,
frequentemente com objetivos claramente políticos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Acrescentava-se, a esses
entraves ao desenvolvimento, “(...) O clima de xenofobia, estatismo e
regulamentação restritiva da Lei de Remessa de Lucros [que] fez cessar
virtualmente o ingresso de capitais estrangeiros de investimento, com dois
efeitos depressivos: de um lado, retraíram-se, também, os capitais de
empréstimo, que tendem a se mover na mesma direção dos capitais de
investimentos, dificultando, assim, o acesso dos próprios investidores
nacionais a financiamentos estrangeiros; de outro, deixaram de surgir
indústrias nacionais ou atividades de distribuição complementares dos
investimentos estrangeiros (...). O vácuo deixado pela retração de
investimentos privados, nacionais e estrangeiros, não podia ser preenchido por
investimentos governamentais, devido à falta de planejamento e à exaustão dos
recursos financeiros governamentais, no simples atendimento do custeio da
administração central e dos déficits de empresas do Estado, ou no atendimento
do acréscimo inflacionário dos projetos em andamento”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn19" name="_ftnref19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O mal radicava, para Campos, no clima de estatismo herdado por
Goulart dos governos de Getúlio Vargas. Uma das piores manifestações desse mal
foi o ambiente <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nacionalisteiro</i>
(mistura de dois vícios: nacionalismo exacerbado e populismo) em que o
getulismo embalou, desde o começo, o projeto da Petrobrás. Roberto Campos, à
luz da experiência tida nos foros internacionais, achava que o caminho para
dotar um país de recursos energéticos não era necessariamente o da criação de
estatais improdutivas e monopolísticas. O que uma grande potência mundial (como
os Estados Unidos) fazia era dinamizar uma política clara e objetiva de
exploração de recursos naturais, com abertura para capitais internacionais.
“Convenci-me, então, - frisa o nosso autor – da extrema urgência do
desenvolvimento do petróleo nacional, no prazo mais curto possível, pouco
importando a origem dos capitais”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn20" name="_ftnref20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Ora, o clima de nacionalismo barato em que o varguismo naufragou
era o menos apropriado para equacionar o problema de suprimento de petróleo. A
respeito, escreve Campos: “A experiência de Washington vacinou-me, assim,
contra o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nacionalismo petrolífero</i> que
seria, mais tarde, objeto de passionais debates, ao longo de trinta anos da
história brasileira. Para mim, a substituição do petróleo importado era tarefa prioritária,
mas dentro de um modelo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mobilização, </i>e
não de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">restrição</i>. Em outras palavras,
dever-se-iam mobilizar todos os capitais – nacionais e estrangeiros –
parecendo-me ridícula a ideia do monopólio estatal, que implicaria, na
realidade, em monopolizar riscos. Em conferência proferida em São Paulo, em
1955, pouco depois da implantação da Petrobrás, e que se intitulava: ‘As
falácias do momento brasileiro’, eu defendia a tese de que o nacionalismo
petrolífero, levado ao extremo de vedar a participação de capitais de risco
estrangeiro, era insensato. A tese correta era apoiarmos a Petrobrás, pois
nunca poderíamos ter certeza de que as empresas estrangeiras conferissem
adequada prioridade à pesquisa de petróleo nacional, de custo notoriamente alto
em comparação ao do petróleo do Oriente Médio, mas sem excluir capitais
estrangeiros que desejassem participar da tarefa. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estatal sem monopólio</i>, era o meu lema da época. Os modelos de
mobilização restritiva nunca foram, aliás, de minha simpatia. Lutei contra o
monopólio da Petrobrás por julga-lo um modelo de mobilização restritiva. Lutei
depois contra a Lei de Informática, de 1984, porque se baseava no mesmo
princípio de rejeição de capitais estrangeiros, numa pretensão irrealista de
autonomia tecnológica. Descambamos para uma espécie de isolacionismo
tecnológico extremante detrimentoso. Lutei, também, na Constituinte de 1988,
contra o terceiro modelo excludente – a exigência de maioria de capitais
nacionais na exploração mineral. Essa exigência é particularmente irrealista em
face de pesquisa, extremamente arriscada e pouco atraente”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn21" name="_ftnref21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Conclusão.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Concluo estas páginas destacando um fato inquestionável: se
Roberto Campos pareceu ter sido derrotado pelos seus contemporâneos, no entanto
venceu o seu ponto de vista liberal de crítica ao patrimonialismo e de defesa
dos ideais liberais da livre empresa e da responsabilidade na gestão do Estado,
abrindo caminho para a democracia econômica que, somada à reformulação das
instituições políticas, garantirá, às próximas gerações, ver concretizado o
ideal da modernização plena do Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O professor Reginaldo Teixeira Perez sintetizou, de forma correta,
a meu ver, o legado imorredouro de Roberto Campos, quando escreveu as seguintes
linhas, pouco depois do desaparecimento do grande pensador liberal: “As ideias
de Campos tiveram pouca ressonância em um momento de grande comoção pública com
o retorno da democracia. Mas a persistência da crise, na segunda metade da
década de 80, já estando o país em mãos civis, propiciou, aos novos
controladores do Estado brasileiro, um olhar menos preconceituoso ao
receituário ortodoxo do economista. A adoção, pelo governo Collor, no início
dos anos 90, de parte das ideias de Campos foi, segundo o próprio,
catastrófica; para ele, o neoliberalismo teria sido desacreditado – devido às
carências éticas do referido governo – sem ter sido praticado. Entretanto, dos
anos 80 aos 90 houve uma verdadeira revolução ideológica: a crise do bloco
socialista levou à hegemonia do ideário liberal. Agora, não apenas a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">direita </i>defendia a sociedade de mercado,
mas também os partidos de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">centro</i>.
Campos foi um vencedor. Sua morte, aos 84 anos, talvez auxilie – agora de modo
menos estereotipado – na definição da qualidade do seu estadismo”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftn22" name="_ftnref22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A atual crise do Mensalão e do Petrolão, que nos jogou na vala
comum da corrupção sistêmica, ensejou a resposta corajosa de segmentos da sociedade
brasileira e a volta aos ideais liberais de controle do gasto público, de
seriedade fiscal e de valorização da livre iniciativa, aliados às urgentes
reformas ora em curso, que visam a colocar, definitivamente, o Estado a serviço
da sociedade, abandonando a prática secular de se servir das instituições
republicanas para enriquecimento próprio. Nesse magno esforço voltam a brilhar,
por entre as névoas destes tempos confusos e tumultuados, as ideias de Roberto
Campos como a “lanterna na popa” que nos guia nas águas tempestuosas deste
milênio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">BIBLIOGRAFIA<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">CAMPOS, Roberto.
A despedida de Roberto Campos. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Estado de São Paulo</i></b>, 31/01/1999,
p. A8. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">CAMPOS, Roberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
lanterna na popa – Memórias</i></b>. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">CAMPOS,
Roberto. <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Guia para os perplexos</i></b>.
Rio de Janeiro: Nórdica, 1988. CAMPOS, Roberto. Prefácio. In: PAIM, Gilberto.
<b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás:
um monopólio em fim de linha</i></b>. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">CANOTILHO, José
Gomes. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Constituição dirigente e vinculação do legislador</i></b>. 3ª edição. Coimbra:
Coimbra Editora, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">CANOTILHO, José
Gomes. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Direito Constitucional e Teoria da Constituição. </i></b>7ª edição.
Lisboa: Almedina, 2003. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteTextCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">TOCQUEVILLE,
Alexis de. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lembranças de 1848 – As jornadas revolucionárias em Paris</i></b>.
(Introdução de Renato Janine Ribeiro; prefácio de Fernand Braudel; tradução de
Modesto Florenzano). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador
faz política</i></b>. Rio de Janeiro: Associação Promotora de Estudos
Econômicos, 1986.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">PAIM,
Gilberto.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O filósofo do pragmatismo –
Atualidade de Roberto Campos</i></b>. (Prefácio de Francisco de Assis Grieco.
Rio de Janeiro: Editorial Escrita, 2002. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">PEREZ, Reginaldo
Teixeira. O legado de Roberto Campos. In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Informativo do Instituto Liberal do Rio Grande
do Sul. </i></b>Porto Alegre, vol. VII, nº 18 (novembro de 2001).<o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b>NOTAS</b></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref1" title=""><!--[endif]--></a></span></span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A lanterna na popa – Memórias</i></b>. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994,
p. 31.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A lanterna na popa – Memórias</i></b>. Ob. Cit., p. 20<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A lanterna na popa – Memórias</i></b>, ob. cit., p. 21.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Sinto-me irmanado com o grande pensador
nestes aspectos da sua biografia, pois percorri todas essas etapas clericais,
tendo inclusive recebido, além da tonsura, as “Ordens Menores”. Pulei fora
quando chegou a hora do subdiaconato, com a renúncia definitiva ao casamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Cf.
TOCQUEVILLE, Alexis de. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lembranças de 1848 – As jornadas
revolucionárias em Paris</i></b>. (Introdução de Renato Janine Ribeiro;
prefácio de Fernand Braudel; tradução de Modesto Florenzano). São Paulo:
Companhia das Letras, 2011.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. A despedida de Roberto Campos. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Estado de São Paulo</i></b>, 31/01/1999,
p. A8.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. A despedida de Roberto Campos. Ob. cit., p. A8.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Cf.
CANOTILHO, José Gomes. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Direito Constitucional e Teoria da
Constituição.</i></b>7ª edição. Lisboa: Almedina, 2003. Do mesmo autor, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Constituição
dirigente e vinculação do legislador</i></b>. 3ª edição. Coimbra: Coimbra
Editora, 2001.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O filósofo do pragmatismo –
Atualidade de Roberto Campos</i></b>. (Prefácio de Francisco de Assis Grieco.
Rio de Janeiro: Editorial Escrita, 2002, p. 79.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O filósofo do pragmatismo –
Atualidade de Roberto Campos</i></b>. Ob. Cit., p. 80.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>. Rio de Janeiro: Associação Promotora
de Estudos Econômicos, 1986, p. 76.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>. Ob. Cit., p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>79.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>. Ob. Cit., p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>82.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>. Ob. Cit., p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>85.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>. Ob. Cit., p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>83-84.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Guia para os perplexos</i></b>.
Rio de Janeiro: Nórdica, 1988, p. 16.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. Prefácio. In: PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</i></b>.
Rio de Janeiro: Topbooks, 1994, p. 10.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A lanterna na popa – Memórias</i></b>. Ob. Cit., p. 546, nota 232.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A lanterna na popa – Memórias</i></b>. Ob. Cit., p. 1355.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A lanterna na popa – Memórias</i></b>. Ob. Cit., p. 75. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A lanterna na popa – Memórias</i></b>. Ob. Cit., p. 75. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2012%20-%20ROBERTO%20CAMPOS%20(1917-2001).docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PEREZ,
Reginaldo Teixeira. O legado de Roberto Campos. In: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Informativo do Instituto Liberal
do Rio Grande do Sul. </i></b>Porto Alegre, vol. VII, nº 18 (novembro de 2001),
p. 2.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-74364902871583085402020-05-15T11:08:00.002-07:002020-05-15T11:08:42.269-07:00Pensadores Brasileiros - VICENTE FERREIRA DA SILVA (1916-1963)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgVNq3NePj9NQIGtBHjuaRbvS0PyXs8BZaA0ToBLtfxhsiVlK6qPTUR5KG2wGcfX3_W4-ot2ZZZf2kjV4dylGTplSGAab-gSZTCk_QrcUahsRB4mYyNFv3PYlHINohWvcqVFhpz-1nRhww/s1600/vicente-ferreira-da-silva1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="255" data-original-width="255" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgVNq3NePj9NQIGtBHjuaRbvS0PyXs8BZaA0ToBLtfxhsiVlK6qPTUR5KG2wGcfX3_W4-ot2ZZZf2kjV4dylGTplSGAab-gSZTCk_QrcUahsRB4mYyNFv3PYlHINohWvcqVFhpz-1nRhww/s200/vicente-ferreira-da-silva1.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Dividirei
este artigo em duas partes: I– Aspectos biobibliográficos de Vicente Ferreira
da Silva.<b> </b>II- Perfil antropológico da meditação de Ferreira da Silva. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">I - ASPECTOS
BIO-BIBLIOGRÁFICOS.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vicente
Ferreira da Silva nasceu em São Paulo, em 10 de janeiro de 1916 e morreu,
prematuramente, em acidente de automóvel na mesma cidade, em 19 de julho de
1963, aos 47 anos de idade. Formou-se em Direito na Faculdade do Largo de São
Francisco, da sua cidade natal, mas nunca exerceu a profissão de advogado,
tendo-se dedicado, inteiramente, à meditação filosófica e à vida acadêmica,
atividade que exerceu, aliás, com total desprendimento, através de cursos
livres, que oferecia no Colégio Livre de Estudos Superiores, que fundou em São
Paulo, no ano de 1945. Nessa instituição, segundo Antônio Paim, "viria a
despertar a vocação filosófica de diversos jovens que, mais tarde, se
destacaram nessa atividade" [Paim, 1999: 453]. No início da sua atividade
acadêmica, em 1940, o nosso autor colaborou com o filósofo americano Willard
Quine (1908-2000) que visitou a Universidade de São Paulo. Dessa sua
colaboração resultou o livro intitulado:<b><i> </i></b><i>Elementos de
Lógica Matemática</i>, publicado nesse mesmo ano. Em 1949, acompanhou Miguel
Reale (1910-2006) na fundação do Instituto Brasileiro de Filosofia, centro de
estudos que, durante décadas, até o falecimento do seu fundador, em 2006,
congregou, como dizia Reale, “pensadores de todas as tendências" [Reale,
1992: 1129].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vocação
filosófica das mais brilhantes no panorama cultural brasileiro, Ferreira da
Silva praticou, rigorosamente, ao longo de sua vida, o "<i>amor sapientiae</i>".
Alheio a preocupações econômicas, fez do seu centro de estudos, bem como da sua
presença no Instituto, polo irradiador da meditação mais rigorosa sobre o
mistério do ser e do homem, ao mesmo tempo que demonstrava grande
interesse pelas matemáticas. Eis a forma em que Miguel Reale sintetizou o
espírito da sua obra: "Autodidata, aliou à multiplicidade de leituras
filosófico-literárias um gosto marcante pela matemática, pela logística e pela
problemática metafísica, o que dá um sentido especial às suas meditações,
podendo-se dizer que ele soube, com novos termos, enriquecer a linguagem
filosófica brasileira" [Reale, 1992: 1129].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Com o
intuito de estimular os estudos no campo da estética (aspecto altamente
valorizado na meditação de Ferreira da Silva), o nosso autor organizou a <i>Sociedade
Cultural Nova Crítica</i>, juntamente com a sua esposa, a poetisa Dora Ferreira
da Silva (1918-2006); o órgão da mencionada Sociedade passou a ser a
Revista <i>Diálogo</i>. Inúmeros estudos têm sido feitos, ao longo das
últimas décadas, sobre o pensamento de Vicente Ferreira da Silva, em que se
destaca a vertente da meditação mito-poética, que se situaria na origem da
cultura ocidental, numa perspectiva metafísica assaz semelhante à que empolgou
a filosofia de Martin Heidegger (1889-1976). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Estudiosos
portugueses têm mostrado a proximidade do pensamento ferreiriano com as linhas
mestras da meditação lusa, no seio da corrente que se convencionou denominar de
"<i>Filosofia Portuguesa</i>". O espírito desta vertente permaneceu
vivo na tendência que a pensadora paulista Constança Marcondes Cesar (1945)
chamou de "Escola de São Paulo" e que tem Vicente Ferreira da Silva
como seu centro inspirador, junto com Eudoro de Sousa (1911-1987), Agostinho da
Silva (1906-1994) e Adolpho Crippa (1929-2000).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40417485"><b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">II -PERFIL
ANTROPOLÓGICO DA MEDITAÇÃO<br />
DE VICENTE FERREIRA DA SILVA.</span></b></a><span style="mso-bookmark: _Hlk40417485;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></span></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk40417485;"></span>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Salientarei,
aqui, a inspiração heideggeriana que anima a meditação de Ferreira da Silva
sobre o homem. Alicerçarei a minha análise, basicamente, em cinco
ensaios do pensador paulista: <i>A concepção do homem segundo Heidegger<b> </b></i>(1951),<b> </b><i>O
Andróptero</i> (1948),<b><i> </i></b><i>Utopia e liberdade<b> </b></i>(1948), <i>Para
uma moral lúdica </i>(1949) e <i>Meditação sobre a morte<b> </b></i>(1948).
Levando em consideração que, no primeiro dos ensaios mencionados, Ferreira da
Silva faz um comentário acerca da <i>Carta sobre o Humanismo</i> de
Martin Heidegger (1889-1976), acompanharei a análise desse trabalho do pensador
paulista com a minha própria leitura do ensaio heideggeriano. Na conclusão
desta exposição, farei uma avaliação global acerca do pensamento
antropológico-filosófico de Ferreira da Silva, indicando o lugar que esse tema
ocupa na evolução da sua filosofia. Espero, assim, contribuir ao estudo de quem
já foi considerado, por Miguel Reale, como "a maior vocação metafísica do
Brasil".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">1)
Inspiração de Ferreira da Silva na meditação de Martin Heidegger.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A meditação
do pensador paulista sobre o homem é, sem dúvida, de inspiração heideggeriana.
No ensaio intitulado: <i>A concepção do homem segundo Heidegger<b> </b></i>[Silva,
1964: I, 256-264], Ferreira da Silva salienta algumas das principais
apreciações feitas pelo filósofo alemão a respeito do homem, na sua <i>Carta
sobre o Humanismo.<b> </b></i>Nessa síntese do pensamento heideggeriano,
encontramos explicitados os principais elementos antropológicos que alicerçam
as considerações de Ferreira da Silva sobre o homem. Heidegger
inicia a sua carta, que dirige, em 1949, ao filósofo francês Jean Beaufret
(1907-1982), fazendo uma crítica ao falso cientificismo de que se
revestiu a Filosofia. Esse vício consiste na caracterização "do pensar
como <i>theoria</i> e a determinação do conhecer como postura <i>teórica</i>",
fenômeno que se dá no seio de uma interpretação <i>técnica</i> do
pensar. Trata-se, segundo Heidegger, de uma "tentativa racional, visando a
salvar também o pensar, dando-lhe, ainda, uma autonomia em face do agir e
operar". A filosofia é, nesse intento, "perseguida pelo temor de
perder em prestígio e importância se não for ciência. (...). Na interpretação
técnica do pensar, é abandonado o ser como elemento do pensar" [Heidegger,
1979: 150]. Heidegger situa-se, nessa crítica à
interpretação técnica do pensar, no contexto da análise que Edmund Husserl
(1859-1938) tinha feito acerca do objetivismo na sua obra: <i>A crise das
ciências europeias e a fenomenologia transcendental</i> [cf.
Husserl, 1962]. Longe de ser o pensar uma função puramente teorizante,
Heidegger salienta que este ato se firma a partir do Ser "na medida em que
o pensar, apropriado e manifestado pelo ser, pertence ao ser" [Heidegger,
1979: 150]. É o próprio ser que, pela sua força, "pelo seu querer, impera
com seu poder sobre o pensar e, desta maneira, sobre a essência do homem";
isso significa, frisa Heidegger, que o próprio ser age "sobre a essência
do homem (...), sobre sua relação com o ser. Poder algo significa aqui:
guardá-lo em sua essência, conservá-lo em seu elemento" [Heidegger, 1979:
151].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O pensar, na
dimensão pseudocientífica que o valoriza, exclusivamente, como <i>tekhne</i>, insere-se,
frisa Heidegger, "na singular ditadura da opinião pública" que, numa
clara manifestação do grau de objetivismo em que caiu a linguagem, "decide,
previamente, o que é compreensível e o que deve ser desprezado como
incompreensível". Essa "ditadura da opinião pública" exerce-se
através "da mediação das vias de comunicação" às quais se submete a
linguagem. Trata-se, a meu ver, do fenômeno que Herbert Marcuse (1898-1979)
tinha tipificado no surgimento do "pensamento unidimensional" e que
conduz, segundo Heidegger, ao reinado dos "ismos", que materializam a
caricatura da Filosofia como "técnica de explicação pelas últimas
causas". O filósofo lembra que a temática de "a gente", em <i>Ser
e Tempo</i>, expressa esse esvaziamento da linguagem na opinião pública
[cf. Heidegger, 1979: 151; Marcuse, 1970]. Essa crise da linguagem, salienta
Heidegger, manifesta-se, especialmente, na metafísica moderna da subjetividade,
que se tornou "um instrumento de dominação sobre o ente" [Heidegger,
1979: 152]. Ferreira da Silva expressa este pensamento heideggeriano da seguinte
forma: "A totalidade das formulações e doutrinas sobre a natureza última
do homem, sobre a <i>humanitas </i>do homem, se desenvolveu a partir
da precária base de um profundo esquecimento do Ser. (...). O pensamento
filosófico e humanístico não atendia a esta relação e intimidade do homem com
as potências instituidoras do ser. O pensamento metafísico pensou o homem a
partir da forma do Ente, isto é, a partir de imagens que não eram
suficientemente originais e prévias" [Silva, 1964: I, 256]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A crítica a
esse vício do pensamento metafísico constitui, no sentir de Ferreira da Silva,
"a primeira observação de Heidegger", que se "colige na
acentuação de que o pensamento filosófico ocidental, ao pretender determinar a
essência do homem, o fez, sempre, a partir de uma determinada interpretação da
Natureza, da História e do Ente em geral". Para superar essa crise ou, em
palavras do próprio Heidegger, para encontrar "o caminho para a
proximidade do ser", o homem deve "antes aprender a existir no
inefável (...). Somente assim será devolvido à palavra o valor de sua essência
e o homem será gratificado com a devolução da habitação, para residir na
verdade do ser". Essa será a base para o ressurgimento do verdadeiro
conceito de Humanismo, que consiste, unicamente, nisto: "meditar e cuidar
para que o homem seja humano e não desumano, inumano, isto é, situado fora de
sua essência". Os humanismos, porém, segundo Heidegger, tanto o marxista
quanto o cristão, o greco-romano, o renascentista, ou mesmo o sartreano,
"coincidem nisto: que a <i>humanitas </i> do <i>homo
humanus</i> é determinada a partir do ponto de vista de uma interpretação
fixa da natureza, da história, do mundo, do fundamento do mundo, e isto
significa, desde o ponto de vista do ente em sua totalidade" [Heidegger, 1979:
152].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Indagando
pelo fundamento dessa visão parcelada que afeta aos diferentes humanismos,
Heidegger frisa que "todo humanismo funda-se ou numa Metafísica ou ele
mesmo se postula como fundamento de uma tal" [Heidegger, 1979: 153]. É,
portanto, de teor metafísico toda interpretação da essência do homem, que
pressuponha a compreensão do ente, mesmo que não leve, explicitamente, em
consideração a questão da verdade do ser. Heidegger refere-se, particularmente,
ao humanismo romano, cuja interpretação da essência do homem como <i>animal
rationale</i> é condicionada pela Metafísica. Referindo-se a esta
apreciação de Heidegger, Ferreira da Silva afirma que: "o destino da
Metafísica é o de não conseguir pensar o homem em sua verdadeira
proveniência" [Silva, 1964: I, 257], pois a sua essência transcende as
determinações pressupostas por aquela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tentando
concretizar as razões que invalidam a Metafísica, Heidegger frisa que ela
"realmente representa o ente em seu ser e pensa assim o ser do ente. Mas
ela não pensa a diferença entre ambos (...). A Metafísica não levanta a questão
da verdade do ser mesmo. Por isso, ela também jamais questiona o modo como a
essência do homem pertence à verdade do ser" [Heidegger, 1979: 154].
Referindo-se à afirmação heideggeriana de que "a Metafísica pensa o homem
a partir da <i>animalitas</i>; ela não pensa em direção de sua <i>humanitas</i>",
Ferreira da Silva expressa, assim, por sua vez, essa parcialidade do pensamento
metafísico: "Esta incapacidade da Metafísica radica na impossibilidade do
pensamento metafísico para pensar a diferença que vai entre o Ser e o Ente. A
Metafísica propende, sempre, a reduzir e a representar o Ser pelo Ente, a
substituir a abertura do Ser pelo revelado em tal abertura. A Metafísica vê o
Ente e o pensa, mas em pleno esquecimento das potências instituidoras da
manifestação do manifestável" [Silva, 1964: I, 257].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A Metafísica,
frisa Heidegger, esqueceu o dado fundamental do homem: a sua abertura para o
ser. Ela encontra-se fechada "para o simples dado essencial, de que o
homem somente desdobra seu ser em sua essência, enquanto recebe o apelo do ser
(...). Somente na intimidade deste apelo, já tem ele encontrado, sempre, aquilo
em que mora sua essência" [Heidegger, 1979: 154]. Ferreira da Silva
salienta, de forma semelhante, esse esquecimento da Metafísica, que se baseia
no fato de ela fazer descer o homem ao domínio exclusivo do ente que é,
entretanto, "um momento essencial da própria estrutura existencial do
homem" [Silva, 1964: I, 258]. Se a essência do homem foi tergiversada, no
seio do pensamento metafísico, cumpre aprofundar no sentido do que essa
essência é. Heidegger frisa que a essência do homem, <i>ser-aí</i>, reside
na sua <i>ec-sistência</i> que descreve como "o estar postado na
clareira do ser" e que explica assim: "O homem desdobra-se (...) em
seu ser (<i>West</i>) que ele é e <i>aí</i>, isto é, a clareira do ser.
Este <i>ser</i> do aí, e somente ele, possui o traço fundamental
da <i>ec-sistência</i>, isto significa, o traço fundamental da <i>in-sistência
ec-stática</i> na verdade do ser. A <i>essência ec-stática</i> do
homem reside em sua <i>ec-sistência</i>, que permanece distinta da <i>existentia</i> pensada
metafisicamente" [Heidegger, 1979: 155]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ferreira da
Silva, por sua vez, salienta que "o homem é na forma da <i>ek-sistência</i> e
este é um modo unicamente humano de ser (...). Não se pode captar o que é o
homem, quer colecionando suas qualidades ônticas, quer apelando para um poder
interno ou subjetivo; o modo de aproximação da <i>humanitas</i> do
homem consiste na visualização da sua dimensão <i>ek-sistencial</i> e
transcendente". Ora, essa dimensão consiste no "habitar <i>ek-stático </i>na
proximidade do Ser", cuja apreensão, frisa Ferreira da Silva,
"cumpre-se na superação e transcendência de todo o Ente, no relacionar-se
com essa Abertura, que condiciona todo o ingresso no mundo (<i>Welteingang</i>)"
[Silva, 1964: I, 259].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O filósofo
paulista sintetiza, assim, as características do ser na concepção
heideggeriana, explicando as conseqüências que se derivam, no campo da
compreensão filosófica do homem e das possibilidades <i>ek-státicas</i> da
sua liberdade: "O Ser é, pois, em sua essência, abertura, desvelamento,
descobertura, iluminação projetante, fonte de inteligibilidade. Mas, por outro
lado, desvelamento, transcendência significam esboço de um mundo, <i>Weltenwurf</i>,
descobertura do Ente. O Ser se dá, continuamente, como esboço de um mundo, como
poder instituidor das possibilidades históricas do homem. Esse transcender
projetante do Ser manifesta-se como um poder livre, como uma liberdade que
funda e institui o espaço de manifestação do Ente. Não se deve, entretanto,
confundir essa liberdade individual do eu e do tu, em seu jogo dialético
condicionado. É daquela liberdade original que o eu e o tu recebem o espaço de
seu movimento optativo. A dimensão do Ser é, justamente, a dimensão desse poder
livre e projetante de um mundo, dimensão onde descobrimos uma liberdade mais
original que a liberdade do eu singular" [Silva, 1964: I, 259].
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A abertura
ao Ser é, assim, o pano de fundo sobre o qual se desenham as possibilidades
históricas da liberdade humana. Ferreira da Silva faz ênfase nesse aspecto
fundante e primordial da <i>ek-sistência</i> aberta ao Ser. Em virtude
dela se constitui a essência verdadeiramente humana. A respeito, frisa o nosso
autor: "O homem é sujeito de um Destino instituidor de sua própria
realidade histórica, em relação ao qual pode se <i>initimisar</i>. O homem
habita um domínio onde, o que está em jogo é algo que supera o homem, mas que o
superando, lança-o em sua situação histórica própria" [Silva, 1964: I,
259]. Essa é a forma de interpretar, validamente, a afirmação heideggeriana de
que "o homem é o vizinho do ser" [Heidegger, 1979: 164], ou de que
"o homem habita, na medida em que é homem, na proximidade de Deus"
[Heidegger, 1979: 170].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Heidegger
salienta, na parte central da sua <i>Carta sobre o humanismo</i>, as
características de que se reveste o relacionamento entre o Ser e a <i>ec-sistência</i>. Em
primeiro lugar, esta pressupõe que o homem esteja exposto à verdade do Ser.
Frisa Heidegger, a respeito: "<i>Ec-sistência </i>nomeia a
determinação daquilo que o homem é no destino da verdade (...). A frase: o
homem <i>ec-siste</i>, não responde à pergunta se o homem
efetivamente é ou não, mas responde à questão da essência do homem"
[Heidegger, 1979: 156]. Ferreira da Silva enfatiza esse aspecto da <i>ec-sistência, </i>frisando
que "na determinação da essência<i> </i> <i>ek-sistencial</i> do
homem, acontece que não é o homem, ônticamente entendido, o
principal, mas sim a natureza histórica do homem, pensada a partir
da verdade desveladora do Ser. Nesta ordem de idéias, é subtraída ao homem
qualquer iniciativa ou autodeterminação fundamental, sendo o homem lançado e
abandonado em sua situação histórica particular, pelo movimento próprio da
liberdade transcendente. O homem é convocado ao núcleo de suas possibilidades
históricas próprias, pelas potências <i>ek-stático-projetantes</i> do
Ser" [Silva, 1964: I, 260]. Desta forma, no sentir do filósofo paulista, o
pensamento heideggeriano tenta superar todo antropocentrismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em segundo
lugar, Heidegger se pergunta como o ser se dirige ao homem. Isso se entende se
compreendermos "que o homem é enquanto <i>ec-siste</i>". Podemos
afirmar que "a <i>ec-sistência</i> do homem é sua
substância", ou, em outros termos, que "o modo como o homem se
apresenta, em sua própria essência ao ser, é a <i>ec-stática</i> insistência
na verdade do ser". Os humanismos, frisa Heidegger, não conseguiram
expressar essa dimensão da dignidade humana. Por isso "pensa-se contra o
humanismo" [Heidegger, 1979: 157]. No seu ensaio intitulado: <i>O
ocaso do pensamento humanístico</i>, Ferreira da Silva amplia essa consideração
heideggeriana sobre a influência dos humanismos, diante da dignidade <i>ek-stática</i> do
homem, inserindo neles até a própria fenomenologia. Eis as suas palavras a
respeito: "Entretanto, poder-se-ia indagar se o tipo de ser da consciência
humana ou do <i>ego cogito</i>, eleito pela doutrina husserliana e por
tantas outras filosofias de índole humanística, como princípio supremo do
pensar, não se reduziria a uma meditação mais radical, como uma forma emergente
na sucessão das epifanias do ser. Poder-se-ia propor, ainda, a questão de saber
se seria possível remontar a uma <i>abertura</i> na qual,
algo como a consciência subjetivo-transcendental, ocorreu, e não só ocorreu,
como foi efetivamente vivida" [Silva, 1964: II, 204-205].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em terceiro
lugar, Heidegger frisa que, em decorrência da supremacia do ser sobre a <i>ec-sistência</i>,
deve-se excluir qualquer forma de manipulação do ser por parte do homem. Para
ele, "o homem é o pastor do Ser". O homem não decide quando os entes
penetram na clareira do Ser. Enquanto <i>ec-sistente</i>, deve ter <i>cuidado</i>,
ou seja, deve "vigiar e proteger a verdade do Ser" [Heidegger, 1979:
158]. Ferreira da Silva, por sua vez, explica esse caráter de profundo respeito
que deve guiar a atitude <i>ec-stática em relação ao Ser</i>, nos
seguintes termos: "O poder ser próprio do homem é, pois, um poder
arrojado, uma atividade que se exercita dentro de uma direção e de diretivas já
prescritas. O homem, portanto, não é o senhor do Ente (<i>der Herr des Seienden</i>),
mas o pastor do Ser (<i>der Hirt des Seins</i>) isto é, aquele Ente
que deve cuidar para que seja preservado o elemento do Ser. Este cuidar se dá
como transcendência, em relação a todo o dado e como relação <i>ek-stática,</i> em
direção à verdade do Ser" [Silva, 1964: I, 260-261].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em quarto
lugar, o filósofo alemão frisa que o Ser não se revela intuitivamente ao homem
como hipostasiado em determinada coisa. A respeito, frisa Heidegger: "O
Ser é mais amplo que todo ente e é, contudo, mais próximo do homem que qualquer
ente". O homem atém-se primeiro ao ente. "Quando, porém, o pensar
representa o ente enquanto ente, refere-se, certamente, ao Ser (...). A <i>questão
do Ser </i>permanece sempre <i>a questão do ente</i>". Essa
situação de desvelamento do Ser através do ente (e do ente representado pelo
pensar enquanto ente), é responsável pela ambiguidade da metafísica mas, ao
mesmo tempo, é a fonte da sua riqueza inesgotável. A verdade do Ser,
bem como a clareira mesma, permanece oculta para a metafísica. Mas não é alheia
a ela. É, poderíamos dizer, a condição de possibilidade dela. A respeito, frisa
Heidegger: "A clareira mesma (...) é o Ser. Ela somente garante, no seio
do destino ontológico da Metafísica, a perspectiva a partir da qual as coisas
que se apresentam afetam o homem que lhes vem ao encontro. Desta maneira, o
próprio homem pode apenas atingir o Ser (...) na percepção. (...).
Somente a perspectiva atrai a visão para si e a ela se entrega, quando o
perceber se transformou em <i>propor diante de si, na percepção da res
cogitans</i>,<i> </i> como <i>subjectum </i>da <i>certitudo</i>"
[Heidegger, 1979: 158].<i> <o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Essa questão
da plenitude do Ser e da complexidade da sua revelação através dos
entes, é retomada por Ferreira da Silva sob o aspecto da essência <i>litigiosa</i> do
Ser, que o pensador paulista concebe nestes termos: "O acontecimento da
verdade, como traçado ou projeto do ente é, ao mesmo
tempo, revelação e ocultação, e isto em sentido dinâmico, polêmico e
histórico. Às coisas e possibilidades que surgem, no horizonte do manifestado,
correspondem outras que sucumbem e desaparecem, e isto não por pacífica
sucessão, mas como trágica e extenuante luta. A posição do ente se dá como
luta; o Ser é, em sua essência, <i>litigioso </i>(<i>streitige</i>)
(...). A essência da verdade, isto é, o desvelamento, é dominada por uma
recusa. Esta recusa não é, entretanto, uma falta ou privação, como se fosse a
verdade um desvelamento total, que pudesse eliminar todo o velado" [Silva,
1964: I, 267].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em quinto
lugar, Heidegger afirma que o relacionamento entre a <i>ec-sistência </i>e
o Ser pode explicitar-se à luz da temática do <i>ser-no-mundo</i>, que não
deve interpretar-se do ponto de vista vulgar - como se o homem fosse,
simplesmente, um ser <i>mundano</i>, ou mesmo como se <i>mundano</i> se
contrapusesse a espiritual. A expressão <i>ser-no-mundo</i> significa,
fundamentalmente, "a abertura do Ser. O homem é homem enquanto é <i>ec-sistente.</i> Ele
está postado, num processo de ultrapassagem, na abertura do Ser, que é o modo
como o próprio ser é; este jogou a essência do homem, como um lance, no <i>cuidado </i>de
si. Jogado desta maneira, o homem está postado<i> na </i>abertura do
Ser. <i>Mundo</i> é a clareira do Ser, na qual o homem penetrou a
partir da condição de <i>ser-jogado</i> de sua essência. O <i>ser-no-mundo</i> nomeia
a essência da <i>ec-sistência</i>, com vistas à dimensão iluminada, desde
a qual desdobra seu ser o <i>ec </i>da <i>ec-sistência. </i>Pensando
a partir da <i>ec-sistência</i>, <i>mundo</i> é, justamente, de
certa maneira, o outro lado no seio da e para a <i>ec-sistência.</i> O
homem jamais é, primeiramente, do lado de cá do mundo como um <i>sujeito</i>,
pensa-se este como <i>eu </i>ou como <i>nós </i>(...). O
homem primeiro é, em sua essência, <i>ec-sistente </i>na abertura do
Ser, cujo (espaço) aberto ilumina o <i>entre</i>, em cujo seio pode <i>ser</i> uma <i>relação</i> de
sujeito e objeto" [Heidegger, 1979: 167-168]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No seu
ensaio intitulado: <i>O homem e sua proveniência</i>, Ferreira da Silva
aprofunda no sentido não mundano da expressão heideggeriana<i> ser no
mundo</i>, salientando que o termo <i>Mundo</i> não remete a uma
dimensão antropocêntrica, mas é a expressão da clareira do Ser, na qual o homem
se situou, graças à sua condição de <i>ser-jogado</i>. Eis as palavras do
pensador paulista a respeito: "Sabemos como o ente intramundano só se
revela, a partir de um sistema de possibilidades inerentes à existência. Estas
possibilidades poderiam ser compreendidas como projetadas pelo homem, sendo o
próprio homem, neste caso, um <i>prius</i> em relação ao aparecimento
do ente intramundano. Porém, a perspectiva em que nos colocamos, procurando
incluir o homem dentro do círculo de um projetar instituidor, atesta-nos que
aquela interpretação antropocêntrica é inexata. A abertura das possibilidades
não diz respeito, unicamente, à esfera do mundo circundante, mas incide na
própria estruturação e constituição do homem. Neste sentido, devemos
compreender a afirmação de Heidegger de que ao traçar o mundo, o homem se vê
traçado no interior do mundo e aí abandonado. O desvelamento do horizonte
mundanal é simultâneo ao desvelamento do próprio homem (...). Se o transcender
instituidor das possibilidades abre campo para a realização histórica, disto
resulta que estamos diante de uma área metahistórica de decisões, que envolve e
condiciona todas as vicissitudes humanas. É o que afirma Heidegger em diversas
passagens da <i>Carta sobre o humanismo</i>" [Silva, 1964: II, 132].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em sexto
lugar, Heidegger refere-se à manifestação da relação entre Ser e <i>ec-sistência</i> através
da linguagem que, longe de ser um <i>flatus vocis</i>, é, essencialmente,
"a casa do Ser manifestada e apropriada pelo Ser e por ele disposta".
Por isso, frisa o filósofo alemão, deve-se pensar a essência da
linguagem a partir da correspondência desta ao Ser enquanto tal, ou seja,
"como habitação da essência do homem". Isso significa que, na
fundamentação da linguagem, "não é o homem o essencial, mas o Ser enquanto
dimensão do elemento <i>ec-stático</i> da <i>ec-sistência</i>"
[Heidegger, 1979: 159]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na parte
final da <i>Carta sobre o humanismo</i>, Heidegger frisa que a poesia
"se confronta com as mesmas questões e, da mesma maneira, com o pensar.
Mas ainda vale a pouco meditada palavra de Aristóteles em sua <i>Poética</i>:
que o poematizar é mais verdadeiro que o investigar o ente" [Heidegger,
1979: 174]. Ao mesmo tempo, Heidegger lembra, repetindo as palavras do poeta
romântico<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Friedrich Hölderlin
(1770-1843), que a linguagem "é o mais perigoso dos bens", porquanto
na expressão do pensamento, através das palavras, esconde-se o risco de
despoetizar a linguagem e torná-la lógica [cf. Heidegger, 1979: 174-175].
Ferreira da Silva adere ao conceito heideggeriano de linguagem, que a pensa não
na sua fria formalidade, mas na dimensão poética que a constitui em <i>casa
do Ser</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O pensador
paulista dedica a este tema as últimas páginas do seu ensaio intitulado:<b><i> </i></b><i>A
concepção do homem segundo Heidegger</i>. Eis as suas palavras a respeito:
"A poesia é o dizer da descobertura do Ente. No dizer poético põe-se em
obra a verdade projetante do Ser. Eis porque podemos dizer que a obra de arte,
cuja essência reside na poesia, funda e institui o mundo, trazendo a um povo o
conceito de sua própria realidade. Assim pois, ela não é - como diz
Heidegger -<i> um simples ornamento que acompanharia a realidade humana,
nem um mero entusiasmo passageiro, como também não é uma simples exaltação ou
um passatempo. A poesia é o fundamento que suporta a História</i>" [Silva,
1964: I, 261]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ferreira da
Silva termina o seu ensaio fazendo as seguintes considerações, em relação à
Poesia como linguagem primordial: "a) A interpretação falaciosa da
essência da linguagem deve-se ao predomínio da metafísica da subjetividade. b)
Devemos pensar a palavra sob um ponto de vista revolucionário: o homem passa a
ser interior à palavra, instituído em sua configuração histórica particular
pela abertura projetante do dizer poético. c) A palavra (poética) é o jato de
luz que franqueia um mundo à humanidade histórica. d) A linguagem, na acepção
primitiva e original, é portanto um dizer <i>do </i>Ser, a forma em
que o Ser continuamente se põe em obra" [Silva, 1964: I, 262-263].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">2) O homem,
irredutível ao geograficamente dado, graças à vivência do mundo eidético.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No seu breve
ensaio intitulado: <i>O Andróptero</i>, o nosso autor formula uma
concepção não determinística do homem, a partir da dimensão de abertura ao Ser,
típica da <i>humanitas </i>do ser humano. Os homens somos
vítimas, frisa o pensador paulista, do <i>provincianismo geográfico</i> que
tinha sido caracterizado por Platão no seu diálogo <i>Fédon.</i> Nele,
escreve Ferreira da Silva, "depois de afirmar que esta terra não corresponde
à imagem que dela fazem os que costumam relatar descrições de sua superfície,
Platão nos diz ser a terra incomensuravelmente grande, possuindo uma infinidade
de lugares maravilhosos, que desconhecemos por habitarmos entre <i>Farsis
e as Colunas de Hércules. </i>Fechados nesse exíguo círculo, entre vales e
escarpas confinantes, não temos muitas vezes sequer o pressentimento das
paragens divinas que nos envolvem, dessa <i>terra pura</i> que domina
a nossa terra. Tendo fixado nossa residência neste solo pedregoso e estéril,
aqui vivemos disseminados pelas praias e costas, <i>como formigas e rãs em
redor de um pântano. </i>Este provincianismo geográfico desastroso e
fatal, que se nos adere, termina por nos cegar, e deixamos, então, de perceber
que <i>a terra que pisamos, estas pedras e todos os lugares que habitamos,
estão inteiramente corrompidos e arruinados como aquilo que jaze no mar o está,
pela acritude dos sais</i>" [Silva, 1964: I, 17]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A ilusão,
frisa o pensador paulista, é a arma que empregamos para nos sentirmos <i>senhores
das alturas</i> e apagar, no seio da nossa consciência, todos os sintomas
de sujeição e abatimento, que produz o provincianismo geográfico. Ferreira da
Silva escreve a respeito: "Escapamos ao nosso cativeiro pelo expediente da
má-fé e falsificação" [Silva, 1964: I, 18]. Platão, num outro
diálogo, <i>Fedro</i>, segundo Ferreira da Silva, caracterizou muito bem a
situação da alma falsamente liberada pela ilusão: "Quando a alma perde
suas asas, roda pelos espaços infinitos até aderir a alguma coisa sólida,
fixando aí sua morada. Essa <i>coisa sólida</i> é constituída pelo
sistema de nossos limites, de tudo quanto é externo, de todo o domínio da
materialidade" [Silva, 1964: I, 17-18].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A doutrina
platônica das idéias aparece, nesse contexto de determinismo e opressão, como
uma filosofia salvadora. "A virtude das asas - afirmava Platão
- consiste em levar o que é pesado para as regiões superiores"
[apud Silva, 1964: I, 19]. Porém, frisa Ferreira da Silva, é preciso
interpretar corretamente as idéias, não como uma cópia exaurida da realidade
sensível, pois perderiam, assim, toda a sua originalidade, e já não seriam Ser
original ou matrizes absolutas. O nosso pensador caracteriza, assim, a
verdadeira essência daquelas: "A Idéia é, justamente, o contrário de um
conceito, que está sempre aquém do sensível, tendo virtudes e propriedades
completamente distintas. Enquanto os conceitos nos encerram no determinado e no
finito, pondo-nos em relação com um dado insuperável, as Idéias nos lançam num
processo infinito de perfeição e de plenitude, fazendo-nos ultrapassar todo o
imediato" [Silva, 1964: I, 19]. Assim, o mundo eidético, "esse Eros
cosmogônico que mantém o universo em existência", exerce um papel
distensivo e libertador, ao permitir-nos a evasão do puramente fático, bem como
do confinamento a que nos reduzem os sentidos e os conceitos. Em que pese o
fato de serem "realizadas, imóveis e estáticas", as Idéias são
"o princípio de todo o movimento no mundo sensível, estando este em
constante radiação para esses paradigmas insuperáveis do Ser" [Silva,
1964: I, 20].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Só existe,
para Ferreira da Silva, um caminho que conduz à verdadeira
libertação: a abertura para o pensamento eidético, que é a abertura para o Ser
e que exige de nós um duro sacrifício, a saber, "o da entrega a
uma perfeição que não solicita o nosso consentimento para a sua constituição,
exigindo a genuflexão da nossa vontade (...). Quando entramos em cena, o drama
do ser já se cumpriu, pois está realizado desde todo o sempre e o nosso único
papel seria o de reconhecer, ou não, a legitimidade de sua soberania"
[Silva, 1964: I, 20]. Fora dessa perspectiva de abertura ao plano eidético,
tudo é "mímesis, cópia, mera reprodução". Nesse contexto
de inautenticidade, o real se nos apresenta "como pensamento pensado e não
como pensamento pensante". Caímos, então, numa posição metafísica, a cujas
dificuldades não conseguiu escapar o próprio Platão, "quando este se
defronta, na <i>República</i>, com o problema de explicar por que <i>devem</i> voltar
a este mundo, para desempenhar o seu papel de mentores e governantes, aqueles
que fixaram sua morada no templo das Idéias. Compreende-se, pois, perfeitamente,
a pergunta de Glauco a Sócrates: <i>Por que condená-los a uma vida
miserável, se eles podem desfrutar de uma vida mais feliz?</i>" <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O filósofo
paulista conclui o seu ensaio <i>O Andróptero</i> com esta pergunta,
que traz até nós a preocupação do interlocutor de Sócrates, no diálogo
platônico: "Se a felicidade e o objetivo da vida estão além da história,
se o tempo e o curso das coisas humanas não constituem um fator substancial da
realidade, por que exigir de quem se elevou a uma ordem superior de existência
que se ocupe e se responsabilize pela gestão das sombras?" [Silva, 1964:
I, 21].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">3) O homem,
irredutível às utopias, graças à fundação poética da sua essência.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ferreira da
Silva reconhece, no seu ensaio intitulado: <i>Utopia e Liberdade</i>, duas
formas de utopismo que afetam ao homem: a <i>normal</i>, e a <i>construtível</i>.
A primeira faz ênfase no fato de existir uma norma canônica de ser humano,
"um regime definitivo, em que o homem entraria em plena congruência com o
seu desenho essencial" [Silva, 1964: I, 61]. Nesse utopismo deitam raízes
as idéias de uma idade de ouro ou de uma nova Atlântida. A segunda forma de
utopismo baseia-se no reconhecimento de que "o homem, em sua natureza, é
um ser <i>construtível</i>, tanto do ponto de vista interior, como do
ponto de vista exterior, e que, portanto, pode ser conduzido ou reconduzido à
sua forma normal". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O filósofo
paulista salienta que o homem, nas utopias, é tomado como um <i>objeto</i> destituído
de qualquer dialética interna. Trata-se, sem dúvida, de um vulgar determinismo,
cuja essência é assim explicada pelo nosso autor: "Se considerássemos o
homem como um simples <i>sistema de necessidades</i> ou como uma
ordem de apetites psicossomáticos, seríamos forçados a admitir, sempre, uma
proporção direta entre o sentimento de poder interno, de plenitude e satisfação
humana, e o aumento das condições e dos meios externos de satisfação desses
apetites". Contudo, frisa Ferreira da Silva, a reflexão patenteia que o
homem é um puro imprevisível, que não pode ser construído ou programado por um
conjunto de técnicas sofisticadas em poder do Estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A propósito,
afirma: "A mais sumária reflexão nos mostra, entretanto, quão negligente à
realidade é essa pretensa<i> proporção</i> que comanda esta forma de
pensamento: num certo aspecto, o homem é um puro imprevisível, sendo a sua
coerência de ordem mais profunda do que entende o utopismo. A utopia social
implica, evidentemente, uma certa ordem no suceder das coisas, exige que a um
mais corresponda sempre um mais e a um menos sempre um menos, pois não teria
sentido trabalhar numa certa direção se não estivesse garantido o resultado. A
própria idéia de construtividade, no sentido utópico, que envolve todo um
conjunto de técnicas que facultaria a um poder estatal a construção de um
determinado tipo de sociedade e, <i>ipso facto</i>, de uma certa figura
antropológica, viria a perder seu sentido se puséssemos em relevo esta rebeldia
metafísica da consciência humana" [Silva, 1964: I, 62].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O utopismo
peca, justamente, por desconhecer esta <i>rebeldia metafísica</i> essencial
ao homem, ao tentar quantificá-lo em resultados mensuráveis. Ferreira da Silva
refere-se a esse aspecto nestes termos: "O utopismo está baseado numa
versão muito superficial do que poderíamos denominar a lógica existencial do
homem, a sua coerência interna e não podemos fugir à impressão de que lida com
o homem, como se este fosse uma quantidade fixa, um termo que se manteria
constante em todas as suas operações. Sob um outro ângulo, o utopismo não
considera a variação histórica dos <i>desiderata</i>, impulsos e idéias
humanas e toda a fluente e incoercível realidade da história". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ferreira da
Silva assinala um aspecto muito importante dessa <i>rebeldia metafísica</i> do
homem: a liberdade. Aí deita raízes a distinção profunda entre o homem e as
coisas que podem ser programadas: "A escolha, no homem, é sempre seleção,
alternativa, privação, o que o distingue, essencialmente, de todas as coisas
que podem passar por diversas fases de elaboração, permanecendo sempre aptas a
serem conduzidas à perfeição previamente estabelecida. Ao optar, o homem cria
condições novas e particulares, novas determinações do seu ser, que passam a
limitar e cercear as novas opções, apresentando à sua vida um conjunto
circunstancial sempre diferente". O filósofo paulista exprime a
absoluta originalidade humana, em palavras que lembram o pensamento
de Heidegger: "O homem assemelha-se a um viandante que, ao se perder numa
floresta, fosse destruindo todas as pontes e passagens que o ligavam ao ponto
de partida, não lhe restando, portanto, outro recurso senão marchar
para a frente" [Silva, 1964: I, 63].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O utopismo,
pelo contrário, frisa Ferreira da Silva, pressupõe que o projeto humano pode
ser decomposto em etapas quantificáveis, numa alusão às teorias
desenvolvimentistas que apregoam o planejamento da sociedade e do homem, do
estritamente econômico e material e do propriamente humano. A respeito, o nosso
pensador escreve: "O pensamento utópico, entretanto, julga que o problema
humano pode ser decomposto em fatores particulares, podendo uma parte esperar a
solução da outra e afirmando <i>ipso facto</i> que a sociedade se
pode dedicar, primeiro, a salvar os seus problemas materiais mais urgentes,
para depois enfrentar tarefas de mais alto significado. Esta crença vemo-la
despontar quando ouvimos dizer que tal ou qual país está sacrificando uma ou
duas gerações na construção de uma infraestrutura incomovível que lhe
possibilite, depois, um apogeu espiritual" [Silva, 1964: I, 64]. Essa
falsa suposição do utopismo inspira-se numa visão simplista do homem, que
pretende ser a pessoa a mesma, do ângulo espiritual, ainda que manipulada
extrinsecamente pelos processos produtivos e de reforma social. O filósofo
paulista levanta duas objeções contra essa pretensão que, mesmo que não a
identifique explicitamente, no Brasil materializou-se nas várias tendências
determinísticas que, como o positivismo, inspiraram, em boa medida, as idéias
desenvolvimentistas postas em marcha nas últimas décadas do século XX. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A propósito,
Vicente Ferreira da Silva escreve: "Porém, uma vez criada essa ordem
econômica perfeita, estaria ainda o homem na mesma disposição em relação aos
seus antigos ideais? Permaneceria intacta a sua fé, através desses períodos de
transformações unilaterais? Estas seriam duas das objeções possíveis ao dogma
da construtibilidade parcelada do homem, que se inspira, evidentemente, numa
apreensão objetivante e desmerecedora do homem. Um pequeno número de idéias
simplistas e ingênuas orientam este modo de pensamento. Conhecidas as cadeias
causais próprias dessa <i>coisa</i> que é o homem, poderíamos, então,
submetê-lo a uma manipulação racional e científica (métodos pedagógicos,
higiênicos, biológicos, eugênicos, reflexológicos, etc.), em analogia com os
processos usados na criação de animais domésticos" [Silva, 1964: I, 64].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ferreira da
Silva salienta que a afirmação da homogeneidade absoluta do real é a premissa
básica da construtibilidade utópica. A respeito, frisa: "Uma premissa se
esconde sob a crença da construtibilidade utópica do homem: é a afirmação da
homogeneidade absoluta do real. O real se poria como uma extensão homogênea de
entidades físicas e naturais que absorveriam em si a totalidade do conhecido.
Nenhuma negatividade interna conturbaria a organização dessa massa inerte. Uma
vez conhecido o determinismo intrínseco do real, poderíamos afeiçoa-lo ao nosso
gosto, dando-lhe a forma mais conveniente ao seu funcionamento natural, aos
objetivos postos". A visão utópica da realidade teve uma origem
filosófica: a República platônica. Em relação a este ponto, o nosso autor
escreve: "Platão consagrou, definitivamente, a crença de que o homem tem
uma <i>medida</i> a cumprir em todos os seus atos e de que o ideal de
uma vida justa consiste na participação de um modelo essencial. Esta República
ideal de Platão não seria uma invenção arbitrária dos legisladores, nem uma
imposição de uma <i>elite</i> de força, mas sim um teorema da razão,
uma exigência da natureza inteligível do homem" [Silva, 1964: I, 64-65].
Contudo, apesar desse caráter puramente teorético que tipifica a República
platônica, o seu utopismo não pode se justificar sem a materialização de um
regime universalmente válido, "que polarize todos os espíritos numa mesma
conexão racional e que imponha uma mesma meta a todos os esforços". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A utopia
pode-se situar no passado, como um paraíso perdido, ou num futuro longínquo,
como um regime ideal a ser atingido. Porém, frisa o filósofo paulista, "é
a utopia sempre a mesma representação de um regime idealmente necessário dos
homens e das coisas, a equação da vida com um código eterno da natureza. Um tal
sistema, pelo seu próprio caráter, faz <i>tabula rasa </i>do tempo,
pois é a fórmula política de todos os tempos. É o próprio testemunho da
História que demonstra o caráter sofístico desta carta política ideal e
utópica, dessa legislação universal superior aos tempos e aos lugares"
[Silva, 1964: I, 65].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O autor
sintetiza, assim, a problemática debatida por ele nas páginas do seu ensaio<b><i> </i></b><i>Utopia
e liberdade</i>: "O que está em jogo aqui é, evidentemente, uma questão de
ordem metafísica, a saber: se o homem tem uma <i>medida</i> invariável
através dos tempos, um modelo essencial, ou se, pelo contrário, o homem é o
fruto de seu fazer histórico, de sua liberdade e inventividade
fundamentais". E salienta, para terminar, a sua concepção de inspiração
heideggeriana em relação à caraterística ontológica fundante do homem:
"Parece-nos que o mais íntimo do homem consiste, justamente, nessa <i>fundamentação</i> poética
de sua essência, nessa autoprojeção de sua fisionomia humana; e assim não se
pode reger por sistema de fins dados de uma vez para sempre. Este regime
definitivo da utopia nada mais é do que uma ilusão constante do espírito,
propenso a dar valor permanente aos tipos de conduta e aos valores históricos
sempre contingentes e gratuitos" [Silva, 1964: I, 65].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">4) A moral
lúdica, na superação do mito do progresso indefinido.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A crise do
homem contemporâneo é caracterizada por Ferreira da Silva, no seu ensaio
intitulado:<b><i> </i></b><i>Para uma moral lúdica</i>, da seguinte forma:
"um veneno insidioso foi se infiltrando, lentamente, no corpo da sociedade
atual, um veneno estranho e invisível, cujos sintomas, tornando-se cada vez
mais nítidos, incapacitaram o homem para as suas mais autênticas realizações.
Uma atmosfera de constrangimento e de frustração circunscreve o campo da consciência
e, por todos os lados, a expectativa do que está por vir tinge de cores
carregadas as perspectivas vitais" [Silva, 1964: I, 137]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Esse veneno
e essa atmosfera de constrangimento estão identificados, a partir do século
XIX, com o mito do progresso indefinido, que, infelizmente, e sem que a
Humanidade tivesse consciência da frustração existencial, degredou a <i>transcendência</i> numa <i>transdescendência</i>,
ofuscando o propriamente humano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A respeito,
o nosso pensador escreve: "O mito do progresso contínuo (estabeleceu-se)
invertendo a ordem dos meios e dos fins, numa caça exaustiva de recursos que
nunca desembocavam numa promoção da vida por si mesma. A <i>transcendência</i> original
do viver transmudou-se numa <i>transdescendência</i>, isto é, num
aprofundamento material cada vez mais acentuado, toda ação passando a ser
interpretada unicamente como ação transitiva, utilitária ou econômica, como
transformação das coisas e do mundo, mas perdendo-se de vista o escopo de todo
o movimento. A ordem sem fim dos meios, o mal <i>infinito</i> dos
instrumentos ofuscou a alma e, ato fundamental, o exercício ético das virtudes
propriamente humanas" [Silva, 1964: I, 137-138].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O
conhecimento operacional, frisa o nosso autor, é uma "visão subsidiária e
não teoria filosófica total". Por pretender sê-lo, tornou-se <i>conhecer
monstruoso</i>, repetindo aqui o termo cunhado por Sören Kierkegaard
(1813-1855). E afirma, a seguir: "O que negamos é que esse conhecimento
operacional, visão subsidiária e não teoria filosófica total, possa nos
instruir no tocante à forma última de nossa vida" [Silva, 1964: I,
138-139]. Na hipertrofia da atividade produtiva do homem atual, a sociedade
perdeu o controle dos mecanismos que pôs em movimento. O efeito mais grave
dessa hipertrofia, consiste no fato de que os colossos nacionais da técnica
encheram o coração do homem de mais apreensões e temores. A solução adequada
para esse conflito consiste na modificação simultânea do homem e de suas
condições naturais de vida, com ênfase numa inflexão do comportamento moral. Essa
será a única forma de superar o caráter <i>para</i>, absolutamente
utilitário, da ação moderna, que conduz a uma transitividade insubstancial.
Nesse esforço de reivindicação do autenticamente humano, colabora conosco a
noção de <i>espírito</i> do cristianismo, que nos capacita para
valorizar as coisas em si mesmas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A propósito,
afirma Ferreira da Silva: "Para Aristóteles, que vivia no âmbito do
intelectualismo grego, somente a contemplação e a filosofia respondiam a tais
exigências. Nós, entretanto, educados numa tradição cristã, não necessitamos
limitar às virtudes dianoéticas este poder de salvação, pois a nossa noção de
espírito é muito mais ampla. O amor, as livres atividades criadoras, são também
coisas que se buscam por si mesmas" [Silva, 1964: I, 141]. Encontramos
neste aspecto da meditação ferreiriana, uma inovação em relação à perspectiva
heideggeriana que, na <i>Carta sobre o Humanismo</i> ao menos,
enxerga o fenômeno cristão simplesmente como mais um humanismo que limita as
livres atividades criadoras do homem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O nosso
autor salienta o valor do jogo como símbolo da conduta ética que dá valor às
coisas em si mesmas. A respeito, escreve Ferreira da Silva: "O objetivo do
jogo é o jogo, é a ação da ação, o ato do ato. Como símbolo de uma conduta que
encontra o deleite no <i>completo</i>, a atividade lúdica é o mais próximo
paradigma de um sentido da felicidade que o homem moderno perdeu quase
inteiramente". O nosso autor termina o seu ensaio <i>Para uma moral
lúdica</i>, destacando o que considera a única seriedade que vale a pena. Eis
as suas palavras a respeito: "Varrer da nossa consciência o inessencial, o
que não se relaciona com a ação que se busca por si mesma, votando à sátira, à
ironia e ao escárnio todos os falsos ídolos. Só há uma seriedade séria; mas
esta não é lúgubre e taciturna, crispada e sofredora, mas sim vivificante,
generosa e criadora" [Silva, 1964: I, 141].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">5) A morte
como sucesso que transcende a pura fenomenalidade.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O filósofo
paulista considera que o silêncio que traduz a inoperância da nossa lógica, é a
reação mais adequada perante a morte. A respeito, escreve no seu ensaio
intitulado <i>Meditação sobre a morte</i>: "A conseqüência mais
própria do evento da morte é compelir-nos ao silêncio, cortando a palavra, pois
sentimos anulada a nossa lógica e ultrapassado o mundo de significação que
fundamentam os nossos juízos e conceitos. As palavras desmaiam em sons, <i>pois
o resto é silêncio</i>" [Silva, 1964: I, 23]. Também desaparecem, perante
a morte, as diferenças entre os homens. Diante dela, frisa o nosso autor,
"não existem reis ou mendigos do conhecimento e todos submergem nas trevas
finais na mesma expectativa desarmada e ansiosa". A morte é, assim,
uma <i>situação limite</i>, porquanto é a barreira que se ergue perante a
nossa liberdade. Ferreira da Silva enfatiza a dimensão que poderíamos chamar de<i> transcendente </i>da
morte, como acontecimento que supera a pura fenomenalidade perceptiva. É o
término de um vínculo intersubjetivo entre duas almas; a solidão e a ausência
daí decorrentes são os fatos que o homem procura explicar quando se lança à
reflexão sobre a morte e a sobrevivência. Nesse esforço explicativo, surgem as
que o filósofo denomina de <i>visões objetivantes da morte</i>, que a
consideram como "um simples fato intramundano, como a corrupção de um
corpo, ou o desmoronamento de uma estrutura biofísica, (e que) desprezando a
relação pessoal interrompida, não respeitam a totalidade de sua natureza"
[Silva, 1964: I, 25].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O <i>Reino
dos vivos</i> opõe-se radicalmente à morte. Aquele é constituído pela
"assembleia daqueles que pela determinação do seu amor" geram sempre
mundo ao seu redor. A morte constitui a interrupção dessa "comunidade de
libido e de cuidado", mediante a destruição do vínculo exteriorizado dessa
co-participação. A morte do próximo é, assim, uma "infidelidade
trágica" de sua parte, na expressão cunhada por Paul-Ludwig Landsberg
(1901-1944), que Ferreira da Silva faz sua. Existe uma dualidade trágica entre
a morte e a vida, entre a nossa natureza (que implica movimento, atividade e
superação) e o confinamento, o ensimesmamento definitivo dos mortos. Trata-se,
considera Ferreira da Silva, de uma "luta entre a fidelidade ao passado e
à pessoa do morto, e os novos anseios de vida". Assim, o acontecimento
objetivo da morte e o fato subjetivo não se correspondem. Em decorrência da
minha morte dilui-se a minha circunstância mundanal, devido ao desmoronamento
da base da minha encarnação. Ferreira da Silva destaca o caráter misterioso da
morte. Tal caráter deita raízes no fato de que ela nos liberta da esfera
fenomênica, constituindo, assim, para nós, um mistério que não pode ser
analisado por nenhuma ciência. De acordo com esse caráter, a nossa atitude
diante da morte deve ser de confiança no mistério. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eis a forma
em que o pensador caracteriza essa atitude: "O que pode existir, sim, é
uma confiança no mistério, um sentimento efusivo de que o inteligível não é
tudo e que podemos abandonar-nos mesmo àquilo que não pode ser vertido nos
diagramas do conhecimento. Esta confiança é contrária ao desafio do
conhecimento, é o sentimento esperançoso e tranquilo do que, como o núcleo do
nosso ser, se opõe ao terror do aniquilamento" [Silva, 1964: I, 28].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Conclusão</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Segundo
salientou Benedito Nunes (1929-2011), a obra filosófica de Heidegger pode-se
dividir em duas etapas: um primeiro ciclo que "é preenchido pela
influência da Ontologia Fundamental, recebida como expressão de uma filosofia
que centralizava as várias tendências existenciais até então dispersas, ratificando
a transformação da metafísica numa antropologia filosófica, preconizada, antes
de <i>Ser e Tempo</i>, por Max Scheler (1874-1928)" [Nunes,
1980: 6]. Esse primeiro ciclo estaria representado pela obra que acaba de ser
mencionada, devendo ser levado em consideração, contudo, o caráter não fechado
da mesma, que é testemunhado pelo seu inacabamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Já o segundo
ciclo da meditação heideggeriana começa com a rejeição, por parte do filósofo
alemão, do paralelo que alguns críticos pretendiam estabelecer entre o seu
pensamento e o existencialismo, particularmente a meditação sartreana. O início
desta segunda etapa estaria marcado pela sua <i>Carta sobre o Humanismo</i> (escrita
em 1949), endereçada a Jean Beaufret, e que foi provocada, em parte, pela
conferência de Sartre (1905-1980) intitulada: <i>L'existencialisme est un
humanisme</i>. Heidegger, porém, já tinha feito, anteriormente, algumas
ressalvas quanto ao caráter não existencialista de sua meditação, no seu
ensaio <i>Filosofia da Existência</i> [cf. Nunes, 1980: 6]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Benedito
Nunes caracteriza, assim, o cerne do pensamento heideggeriano nesta
etapa: "Questão de fundo, interesse, encargo ou destino do
pensamento - seu assunto e seu tema únicos - o Ser
torna-se, como matéria exclusiva da indagação heideggeriana, menos um centro de
especulação teórica do que o alvo de uma prática meditante, concernida com o
objeto de sua busca desde o plano da linguagem, caminho
preferencial, ao plano histórico, quer na época da cultura grega, em que
despontou a metafísica, enquanto forma dominante de concepção do ocidente
europeu, quanto na época atual, caracterizada pela expansão planetária da
técnica, em que se prenuncia a superação da mesma metafísica" [Nunes,
1980: 7].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nesta
segunda etapa da obra heideggeriana dá-se uma inversão na sua temática, em que
é privilegiada a posição do Ser como norte único de toda a meditação
filosófica. O <i>dizer poético</i> será o veículo de comunicação
da <i>ec-sistência</i>, devendo-se "pensar a essência da linguagem a
partir da correspondência ao Ser" [Heidegger, 1979: 159], como foi
destacado no início desta exposição. Assim, podemos caracterizar a obra
filosófica de Martin Heidegger citando as palavras de Benedito Nunes, como
sendo "uma investigação extremada que tenta falar daquilo mesmo que o
discurso filosófico especulativo condenou ao esquecimento, o Ser, o tempo e a
linguagem, e que por isso não se detém nos limites onde o pensamento deve
silenciar. A prática meditante heideggeriana, já excedentária à filosofia e
laborando na sua negação, alcança, enfim, pelo dizer poético que procura
liberar na linguagem, a inversão do Ser e Tempo para Tempo e Ser, como virada
do idioma metafísico. Expressão tateante e sondagem antecipadora de um
pensamento por vir, a virada prenuncia a possibilidade de uma mudança profunda
nas próprias relações do homem com o Ser e dos homens entre si. A revolução da
linguagem, consumada no <i>dizer poético</i>, tornar-se-ia, com
a obra inteira do filósofo, o prólogo interrogativo e perplexo dessa mudança
possível, entreaberta na cena revolta da nossa época, onde se joga, num lance
decisivo, o destino do mundo e do homem postos em questão" [Nunes, 1980:
7].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vale a pena
salientar que, na obra filosófica de Vicente Ferreira da Silva, deu-se uma
evolução semelhante à do filósofo alemão. Miguel Reale assinala três etapas na
evolução do pensamento ferreiriano: a) de formalização linguístico-matemática,
b) etapa existencial e c) etapa de compreensão poético-religiosa da história e
do cosmo. A primeira etapa manifestou-se no ensaio intitulado:<b><i> </i></b><i>Elementos
de Lógica Matemática</i>, que o nosso autor escreveu em 1940. A etapa
existencial caracteriza-se, no dizer de Reale, pelo "interesse
compreensivo e desvelado amor pelo significado pleno da existência humana, do
que é exemplo magnífico o seu belo livro: <i>Dialética das Consciências</i> (1950),
o mais perfeito ensaio em língua portuguesa sobre os problemas da
intersubjetividade e da alienação, onde demonstra que a atuação do espírito se
dá na forma do encontro e da comunicação existencial, remontando às fontes
primordiais da sociabilidade como concreção e concreação" [Reale, 1964: I,
11]. A esta segunda etapa pertencem a maior parte dos trabalhos de Ferreira da
Silva que foram objeto de análise nestas páginas, como <i>O Andróptero</i> (1948), <i>Utopia
e Liberdade<b> </b></i>(1948), <i>Para uma moral lúdica</i> (1949)
e <i>Meditação sobre a Morte<b> </b></i>(1948). Os estudiosos
franceses Sylvie e Zdenek Kourim chegam a considerar esta etapa do pensamento
ferreiriano tão importante que, no sentir deles, o cerne deste seria o tema
antropológico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A terceira
etapa da evolução filosófica de Ferreira da Silva é, segundo Reale, a da
compreensão poético-religiosa da história e do homem. A esta etapa, que se
inicia em 1951, o nosso autor dedicou os últimos doze anos de sua vida,
"ofertando-nos ensaios esparsos, como intuições poderosas, numa linguagem
que se tornou cada vez mais apurada e pessoal, e às vezes enigmática, que
lembra a do último Heidegger, mas que com ela não se confunde". Alguns dos
trabalhos pertencentes a esta terceira etapa são, por exemplo, <i>Filosofia
da Mitologia e da Religião</i> (1954), <i>Sociologia e Humanismo</i> (1958), <i>O
Homem e a Liberdade na Tradição Humanística</i> (1961), <i>O Ocaso do
Pensamento Humanístico<b> </b></i>(1960) e <i>Natureza e Cristianismo</i> (1957).
Porém, a mais importante obra deste período é, ao meu modo de ver, o
ensaio <i>Idéias para um Novo Conceito de Homem</i> (1951) que inclui
o escrito intitulado: <i>A concepção do Homem segundo Heidegger</i>, que
comentei atrás e que constitui o ponto de partida para a última fase da
meditação ferreiriana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Assim como o
segundo Heidegger não nega o primeiro, antes, pelo contrário, projeta uma luz
esclarecedora sobre o autor de <i>Ser e Tempo</i>, da mesma forma
encontramos um nexo estreito entre as diferentes etapas da meditação
ferreiriana, especialmente entre as duas últimas. Segundo Reale, nos ensaios de
Ferreira da Silva intitulados:<b><i> </i></b><i>Idéias para um novo
conceito do homem </i>e <i>Teologia e Antihumanismo</i>, este último
de 1953, é onde o pensador paulista exprime, de forma mais explícita, o cerne
da terceira etapa de sua meditação, que consiste em pensar "o homem e as
coisas a partir de Deus, pondo-se o pensador, ousadamente, na perspectiva
original do divino" [Reale, 1964: I, 12]. Em linguagem heideggeriana
diríamos, melhor, que o pensador paulista se coloca, nesta segunda etapa, na
perspectiva original da <i>ec-sistência</i>, para pensar o homem e as
coisas a partir do Ser. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em relação
ao estreito nexo que existe entre as etapas do pensamento ferreiriano,
especialmente entre as duas últimas, a humanística e a <i>ec-sistencial</i>,
Miguel Reale anota que com os ensaios <i>Idéias para um novo conceito de
homem</i> e <i>Teologia e Antinhumanismo</i>, "Vicente supera,
sem a eliminar, (...) a <i>dialética das consciências</i> (...),
para elevar-se às fontes projetantes e condicionadoras da intersubjetividade,
concluindo que, na base da liberdade individual do eu e do tu, em seu jogo
dialético condicionado, está o Ser como liberdade, que funda e institui o
espaço de manifestação do homem e de suas possibilidades históricas contingentes.
O segundo Heidegger, cujas obras ninguém soube interpretar melhor que ele no
Brasil, propicia-lhe o encontro de suas perspectivas originais, o que, diga-se
uma vez por todas, para prevenir críticas superficiais, nunca o impediu de
viver intensamente os problemas brasileiros, como o demonstrarão os seus
penetrantes estudos sobre política, educação e sociologia" [Reale, 1964:
I, 12].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Reale frisa
que a meditação ferreiriana, em virtude do princípio herdado de Heidegger
"de que o homem não é o senhor do Ente, mas o pastor do Ser", concebe
a filosofia intramundana como momento da filosofia transmundana ou Filosofia da
Religião e da Mitologia, ou melhor, da Filosofia da Religião como Mitologia,
"à qual corresponde um novo humanismo, não apenas teocêntrico (referido a
Deus) mas teogônico (como projeção do divino)" [Reale, 1964: I, 12]. Essa
orientação anti-historicista (porquanto não limitada à dimensão intramundana) é
o ponto de partida, na meditação de Vicente, para uma nova visão da história e
da gênese do processo gnoseológico, que se alicerça na abertura ao Ser e não na
manipulação dos Entes e que inspira a sua crítica ao Ocidente, num paradoxal
esforço por salvá-lo de si mesmo" [Reale, 1964: I, 13]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A meditação
ferreiriana apontaria, assim, em último termo, para o reconhecimento de
uma <i>historicidade transcendente</i> que nos permita voltar às
origens, no reconhecimento do Ser. Eis a forma em que Reale tipifica essa
finalidade última da filosofia do nosso autor: "Sua preocupação pelas
origens e o valor do infra estrutural, quer na raiz da personalidade, como o
demonstra o ensaio intitulado:<b><i> </i></b><i>Uma interpretação do
sensível</i>, quer no evolver das idéias, como o revela a sua nota sobre
Heráclito, ou no estudo sobre a origem religiosa da cultura, tem, com efeito, o
alcance de uma <i>historicidade transcendente</i>, de uma volta às
origens, para dar começo a um diverso ciclo de história, diferente deste em que
o homem estaria divorciado da natureza e das partes do divino; para um retorno,
em suma, ao ponto original donde emergem todas as possibilidades naturais
espontâneas, libertas das crostas opacas do experimentalismo tecnológico assim
como das objectivações extrínsecas platônico-cristãs" [Reale, 1964: I,
13].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em Ferreira
da Silva encontramos, pois, um elo fundamental que unifica toda a sua
meditação, ao longo das etapas assinaladas: a abertura para o Ser, o
reconhecimento da essência do homem como <i>ec-sistência</i> (<i>ek-sistência</i>,
diz o nosso autor), no melhor sentido heideggeriano. O homem é, para o filósofo
alemão, e também para o pensador paulista, "o vizinho do Ser", ou, em
palavras do próprio pensador paulista, citadas atrás, "o homem é o sujeito
de um destino instituidor de sua própria realidade histórica, em relação ao
qual pode se intimisar. O homem habita um domínio onde, o que está em jogo é
algo que supera o homem, mas que o superando, lança-o numa situação histórica
própria" [Silva, 1964: I, 259]. A idéia de <i>ek-sistência</i>, e não
o conceito de <i>símbolo</i> (como pretendem Silvie e Zdenek Kourim),
é a peça chave da filosofia ferreiriana. Essa perspectiva de abertura ao Ser,
que funda a historicidade transcendente, em que se desenvolve a meditação do
nosso autor, é o elo que unifica os diferentes aspectos da reflexão sobre o
homem, que foi estudada ao longo deste ensaio. Porque é <i>ek-sistente</i>,
o homem está aberto à vivência do mundo eidético e é irredutível ao geograficamente
dado. Porque é <i>ek-sistente</i>, o homem é irredutível às utopias,
graças à fundação poética da sua essência. Porque é <i>ek-sistente, </i>é
possível, para o homem, viver uma moral lúdica, na qual supere o mito do
progresso indefinido. Porque é <i>ek-sistente</i>, a morte é, para o homem,
um sucesso que transcende a pura fenomenalidade perceptiva e que enseja, nele,
a confiança no mistério.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HEIDEGGER, Martin [1979]. "Carta sobre o
Humanismo". In: Martin Heidegger, <b><i>Conferências e escritos filosóficos. </i></b>(Tradução,
introdução e notas de Ernildo Stein). São Paulo: Abril Cultural, pgs. 149-175,
coleção "Os Pensadores".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HUSSERL, Edmund [1962]. <b><i>Die Krisis der
europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie. </i></b>Band
VI, M. Nijhoff .<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MARCUSE, Herbert [1970]. <b><i>El hombre
unidimensional.</i></b> Barcelona: Seix Barral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">NUNES, Benedito [1980]. "Por que ler Heidegger
hoje?". In: <b><i>Suplemento Cultura - O Estado de São Paulo.</i></b> Edição
de 31 de agosto de 1980, vol. I, núm. 12, pg. 6.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PAIM, Antônio [1999]. "Silva, Vicente Ferreira
da". In: <b><i>Dicionário Bibliográfico de Autores Brasileiros -
Filosofia, Pensamento Político, Sociologia, Antropologia. </i></b>(Obra
organizada pelo Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro). Salvador -
Bahia: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro; Brasília: Senado
Federal. Pg. 453-455. Coleção "Biblioteca Básica Brasileira".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">REALE, Miguel [1964]. "Prefácio". In:
Vicente Ferreira da Silva, <b><i>Obras completas. </i></b>São Paulo:
Instituto Brasileiro de Filosofia, vol. I, pg. 7-14.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">REALE, Miguel [1992]. "Silva (Vicente Ferreira
da)". In: <b><i>Lógos - Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia.</i></b> Lisboa
/ São Paulo: Editorial Verbo, vol. 4, pg. 1129-1132.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">RODRÍGUEZ SÁNCHEZ, José Luis [1974]. "La
fenomenología transcendental y la crisis de la ciencia y de la vida".
In: <b><i>Anuario Filosófico.</i></b> Universidad de Navarra, vol. 7,
pg. 311-368.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SILVA, Vicente Ferreira da [sem data]. <b><i>Méditation
sur la mort. </i></b>(Apresentação, tradução e notas a cargo de Silvie e
Zdenek Kourim). Université de Toulouse-le-Mirail.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SILVA, Vicente Ferreira da [1940]. <b><i>Elementos
de Lógica Matemática.</i></b> São Paulo: Cruzeiro do Sul, 1940.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SILVA, Vicente Ferreira da [1964]. <b><i>Obras
completas. </i></b>(Prefácio de Miguel Reale). São Paulo: Instituto
Brasileiro de Filosofia, 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1981]. "O pensamento
de Vicente Ferreira da Silva sobre o homem". In: <b><i>Revista
Brasileira de Filosofia.</i></b> São Paulo, vol. 31, no. 123 (julho /
setembro 1981): pg. 198-222.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[O presente trabalho fui preparado, especialmente,
para o Proyecto Ensayo, </span><a href="http://www.ensayistas.org/"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">www.ensayistas.org</span></a><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> da Universidade de Georgia
(USA). A parte correspondente ao estudo da meditação antropológica de Ferreira
da Silva fui publicada, inicialmente, na <b><i>Revista Brasileira de
Filosofia</i></b>, São Paulo, vol. 31, no. 123, julho / setembro de 1981, pgs.
198-222].<b> Junho 2003.</b></span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-72156836532325529972020-05-14T10:44:00.001-07:002020-05-14T10:45:17.587-07:00A PROBLEMÁTICA DA DEMOCRACIA EM TOCQUEVILLE (1805-1859) E ARON (1905-1983)<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXSS2pLA3aHEAB6IRV_W7lveGJM09rlYD_aM0Swr6ViwdHjV9EiX87U9yea5_SrOAgpLGIQeS5cT8pwK1BHXPAleXui_gi5EF4bpqcay-9XVp_1wS6Y7ErRsGv9emR2xB4OcHFqyQPCcHA/s1600/ARON+3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="893" data-original-width="1000" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXSS2pLA3aHEAB6IRV_W7lveGJM09rlYD_aM0Swr6ViwdHjV9EiX87U9yea5_SrOAgpLGIQeS5cT8pwK1BHXPAleXui_gi5EF4bpqcay-9XVp_1wS6Y7ErRsGv9emR2xB4OcHFqyQPCcHA/s200/ARON+3.png" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Alexis
de Tocqueville (1805-1859) e Raymond Aron (1905-1983) são, sem dúvida, duas
figuras cimeiras do pensamento liberal moderno na França, ao lado de outros
autores como Alain Peyrefitte (1925-1999) [cf. 1978 e 1999] e Jean-François
Revel (1924-2006) [cf. 1992 e 2000]. A finalidade deste artigo é mostrar os
aspectos mais marcantes da meditação política dos dois primeiros, destacando os
elos que os unem. Aron elabora a sua obra de sociólogo e pensador político,
dando continuidade aos temas desenvolvidos, originariamente, por Tocqueville e
preservando, dele, a inspiração liberal básica, na luta em prol da liberdade no
contexto da democracia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Oito
itens serão desenvolvidos: 1) Tocqueville, Aron e os liberais doutrinários. 2)
A <i>conversão</i> de Tocqueville ao ideal
democrático e a opção liberal de Aron. 3) A <i>nova
ciência política </i>de Tocqueville e a <i>filosofia
crítica da história</i> de Aron. 4) A ética tocquevilliana e os seus reflexos
no pensamento de Aron. 5) Estrutura geral e idéias fundamentais da <b><i>Démocratie
en Amérique</i></b><i> </i>de Tocqueville.
6) Despotismo e democracia na França, segundo Tocqueville e Aron. 7)
Repercussão passada e presente da meditação de Tocqueville. 8) Os problemas da
democracia moderna segundo Tocqueville e Aron.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">I - Tocqueville, Aron e os liberais doutrinários<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tocqueville
recebeu o especial influxo de François Guizot (1787-1874) e dos demais
doutrinários. Em 1829-1830 o nosso autor frequentou os cursos que Guizot
ministrou, na Sorbonne, acerca da história da França. Como lembra Françoise
Mélonio (1953) [1993: 17], o jovem Tocqueville foi um “ouvinte atento”, que “tomava notas nas quais se vê a admiração
do discípulo”. Mas, por outro lado, um discípulo crítico, que tinha sofrido, na
pele da sua família nobre, os excessos da Revolução, que era focalizada pelo
frio Guizot de uma forma mais distanciada e formalista. Particularmente,
Tocqueville encontrava dificuldade em aceitar a idéia de Guizot de superar o
ciclo revolucionário, num regime fundado apenas no voto censitário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sem
dúvida que a influência de Guizot foi decisiva em Tocqueville, em que pese o
reparo que acaba de ser mencionado. O cerne dessa influência consistiu na
insistência do velho doutrinário em “inculcar nas jovens gerações o respeito ao
passado, para restabelecer a unidade da Nação ao longo dos séculos” [Mélonio,
1993: 17]. Pierre Rosanvallon (1948) [1985: 26] destacou, de forma clara, com
as seguintes palavras, a finalidade perseguida por Guizot e pelos demais
doutrinários: “Terminar a Revolução, construir um governo representativo
estável, estabelecer um regime que garantisse liberdades e que estivesse
fundado na Razão. Esses objetivos definem a tripla tarefa que se impõe a
geração liberal nascida com o século. Tarefa indissoluvelmente intelectual e
política, que especifica um momento bem determinado do liberalismo francês:
aquele durante o qual o problema principal é prevenir a volta de uma ruptura
mortal entre a afirmação das liberdades e o desenvolvimento do fato
democrático. Momento conceitual que coincide com o período histórico (da
Restauração e da Monarquia de Julho), no curso do qual essa tarefa está
praticamente na ordem do dia e que se distingue, ao mesmo tempo, do momento
ideológico, que prolonga a herança das Luzes e do momento democrático, que se
inicia depois de 1848”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tocqueville
assimilou, perfeitamente, a herança dos doutrinários, em especial de Guizot. “A
obra de Tocqueville - escreve Françoise Mélonio [1993: 16] - nasce do
sentimento da precariedade do compromisso efetivado pela monarquia
constitucional entre a reivindicação igualitária e a herança do Antigo Regime.
Tocqueville experimentou esse sentimento nas desgraças da sua família. Mas ele
lhe deu uma forma racional, graças à diuturna reflexão ao ensejo dos fatos
históricos e da leitura das obras dos seus antepassados, os doutrinários. Desde
1828 ele se afasta do radicalismo, ao repudiar a ilusão de uma volta ao
passado: ele aceita 1789 como uma ruptura definitiva na história da França. De
entrada, ele compartilha com os liberais doutrinários o sentimento de pertencer
a obscuras gerações de momentos de mudança. Como eles, observa a democracia<i> correndo a margens cheias</i> [expressão
cunhada por Royer-Collard, em discurso pronunciado em 17 de maio de 1820]. Como
eles, crê no caráter irresistível do curso dos acontecimentos: <i>Os rios não remontam em direção à fonte. Os
fatos acontecidos não viram nada</i> [expressão de Guizot]. A obra de
Tocqueville seguirá interminavelmente a metáfora fluvial introduzida pelos
doutrinários. Ao aceitar o diagnóstico dos liberais, Tocqueville faz também
seus os objetivos deles. Pois tudo está destruído, é tempo de reconstrução.
Tarefa difícil. A paixão de destruir, que sobrevive à Revolução, mantém a
sociedade em estado de guerra civil. Depois de 1820, a Restauração é alvo de
sucessivos complôs, que manifestam a impossibilidade de um consenso em relação
às instituições”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas,
se Tocqueville é tributário dos doutrinários, no entanto, supera-os. A defesa
da liberdade, que no pensamento daqueles veio a se traduzir num certo
formalismo, que pretendia garantir as conquistas da Revolução, apenas para a
burguesia comodamente instalada no poder, no nosso autor constitui imperativo
categórico a ser consolidado e garantido para todos os franceses. Tocqueville
abre-se à democracia, que sente viva na América, através do caminho da defesa
da liberdade para todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
relação à maneira peculiar em que o nosso autor entende o seu ideal liberal e
democrático, em contraposição à forma tacanha em que era concebido por Guizot,
Françoise Mélonio [1993: 37] escreve: “Mas o <i>self-government</i> não é mais do que um dos aspectos da auto regulação
da sociedade. Tocqueville faz de toda a vida social uma grande escola de
responsabilidade; na ordem jurídica, pela participação de todos no júri, na
ordem da opinião por uma reflexão sobre os partidos e os jornais, que ele
designa com o termo genérico de <i>associação</i>.
Polêmica, a argumentação de Tocqueville é dirigida contra a feição conservadora
dos publicistas liberais ou doutrinários, que rapidamente tinham-se mostrado
infiéis à liberdade exigida por eles sob a Restauração, ao fazer votar as leis
de 16 de fevereiro de 1834, acerca do anúncio e a venda de jornais, de 10 de
abril de 1834, sobre as associações, de setembro de 1835, após o atentado de
Fieschi. Toda a estratégia de Tocqueville consiste em mostrar que a ordem, tão
cara aos conservadores, não pode ser garantida senão graças à liberdade de se
reunir, que eles negam precisamente ao cidadão francês. É necessário arriscar,
estamos envolvidos. Não há meio-termo entre a servidão e a extrema liberdade.
Todas as políticas de frear a história, todos os sonhos de uma ordem
estabelecida, decorrem dessas <i>ilusões em
que adormecem geralmente as nações doentes</i>. A democracia não é o lugar da
identidade miraculosa entre os homens, mas é aquele regime que se consolida na
relação entre as classes antagônicas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">É
evidente que a posição crítica de Tocqueville em face dos doutrinários,
suscitou a reação deles. Françoise Mélonio [1993: 57] sintetizou a posição de
Guizot a respeito, nos seguintes termos: “Para Guizot, Tocqueville destruiu a
moralidade ao proclamar a autonomia das vontades, em detrimento dos direitos da
Verdade, tal como ela se apresenta aos espíritos esclarecidos. Guizot não é um
filósofo da liberdade. Para ele, a liberdade não é no homem mais do que o poder
de obedecer à verdade. A noção de capacidade (...) remete, também, a uma teoria
da razão e a uma teologia, segundo a qual há, na economia da salvação,
procuradores do Direito investidos da missão de guiar a humanidade. A argumentação
de Guizot se encontra em todos os escritores preocupados em preservar as
elites”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Aron
é um herdeiro do espírito doutrinário. A sua reflexão não ocorre, apenas, em
termos acadêmicos. O pensador busca transformar as estruturas, tanto no plano
da política francesa, quanto no das relações internacionais. A metafísica
dogmática, fechada à experiência do mundo e à vivência dos grandes problemas da
humanidade, não o seduz. Nas suas memórias, escreve: "Confesso que os
filósofos ou os metafísicos, especialmente os que por tais são tidos na França,
ajudam-me pouco nas dificuldades. Que luz projetam sobre o destino da nossa <i>civilização
liberal, limitada </i>como todas as civilizações? A palavra niilismo acode à
pena (...) e com ela o nome de Nietzsche. Parece que vivemos numa época de
niilismo" [Aron, 1985: 700].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
face das contradições do mundo contemporâneo, Aron aposta na razão. Confessa-se
filho das Luzes. Considera que a Razão é a luz que pode guiar a Humanidade, na
tumultuada quadra dos últimos decênios do século XX. Em face dos apocalipses
anunciados, prefere a serenidade da reflexão projetada sobre o mundo, o que ele
denomina de <i>saber</i> aliado à <i>experiência,</i> com uma atitude de <i>modéstia epistemológica. </i>A respeito,
afirma nas suas memórias: "Ao contrário, em se tratando dos possíveis
apocalipses, das ameaças que gravitam sobre a humanidade, sei onde buscar a fé
e a esperança. Não possuo o segredo de remédios miraculosos contra os males da
civilização industrial, as armas nucleares, a contaminação, a fome ou a
superpopulação. Mas sei que as crenças milenaristas e as lucubrações
conceptuais de nada servirão: prefiro a experiência, o saber e a modéstia. Se
as civilizações, todas ambiciosas e precárias, devem realizar, num futuro
longínquo, os sonhos dos profetas, que vocação universal poderia uni-las senão
a Razão?" [Aron, 1985: 702].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">caminho através do qual Aron encaminha o seu engajamento,
é o da imprensa. Não se sente vocacionado para o exercício do poder, mesmo que
seja na função de conselheiro dos governantes. Acha importante a tarefa de um
Henry Kissinger (1923) ou de um Zbigniev Brzezinski (1928-2017). Mas confessa
que não possui a capacidade de lidar com a tomada de decisões que afetarão a
vida de milhões e milhões de seres humanos. Prefere ajudar a sociedade a que
ela encontre o seu caminho, ilustrando-a acerca das alternativas mais acordes
com a dignidade humana [cf. Aron, 1985: 703 seg.]. A herança tocquevilliana
está presente aqui, se bem que um tanto modificada. Tocqueville chegou ao
exercício do poder, da mesma forma que Guizot. Aron é mais um intelectual
engajado na imprensa. Desde ali, realiza a sua função de reflexão e de crítica
social. Esse será o seu principal magistério, embora também tenha passado pelo
ensino na Universidade. Mas esta é uma opção que não reveste a importância, na
sua vida, da ação do publicista. Mais adiante, ao tratar dos problemas da
democracia segundo o pensamento aroniano, ilustrarei melhor este aspecto. Fique
aqui, apenas, a seguinte anotação: a posição de Aron é doutrinária, do ponto do
vista do seu engajamento na transformação das instituições, para garantir o
exercício da liberdade. Mas essas instituições já são pensadas, por ele, à luz
de Tocqueville, ou seja, vivificadas pela dimensão democrática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Daniel
J. Mahoney (1960) destacou, da seguinte forma, o espírito doutrinário que anima
a obra de Aron, caraterística que estaria sendo revalorizada hoje na Europa:
"Voltei a minha atenção para Aron, como antídoto contra as correntes tanto
positivista quanto pós-modernista, que dominam o ensino e a pesquisa em
ciências humanas no mundo anglo-americano. O paradoxo é interessante: cada
domínio do pensamento e da ação encontra-se explicitamente <i>politizado</i>, deformado por noções ideológicas abstratas, mas ao
mesmo tempo, os indivíduos perdem, hoje, a capacidade de pensar e de agir
politicamente. Por oposição, Aron encarna esta perspectiva política. Ele é um
dos últimos grandes representantes de uma tradição européia liberal em curso de
redescoberta no seu país natal (...)" [Mahoney, 1998:7]. Efetivamente, não
é por acaso que, hoje, na França, volta a ser estudada com redobrada ênfase a
obra de Madame de Staël (1766-1817), bem como a de Benjamin Constant de
Rebecque (1767-1830) e a de François Guizot, sendo os dois primeiros os
precursores da corrente do liberalismo doutrinário e o último, o grande
representante dessa tendência. Justamente, o que caracteriza o pensamento de
todos eles é a reação contra o mundo abstrato dos <i>philosophes</i> do século XVIII, não comprometidos com a história do
seu tempo e habitantes de um mundo nefelibático, em que sobrevivem conceitos
vácuos como <i>volonté général</i>, <i>citoyen</i>, etc.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">II - A “conversão”
de Tocqueville ao ideal democrático e a opção liberal de Aron</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Quando
se deu a “conversão” de Tocqueville à idéia democrática? Essa conversão concretizou-se,
de forma clara, na sua viagem à América, que ocorreu entre 11 de maio de 1831 e
20 de fevereiro de 1832. “É possível datar as etapas dessa conversão - escreve
Françoise Mélonio [1993: 29-30] -. Em New York, onde permanece de 11 de maio a
2 de julho, Tocqueville é, de entrada, muito reticente. Essa sociedade de
mercado onde o governo está ainda na infância, não possui nada que possa
seduzir a um jovem aristocrata. <i>Tudo
quanto observo não me entusiasma</i>, anota ele então, <i>pois aposto mais na natureza das coisas que na vontade do homem</i>.
Mas não pode deixar de invejar o patriotismo do povo americano e a
tranqüilidade com a qual ele <i>se mantém em
ordem, graças somente ao sentimento de que não há mais salvaguarda contra si
mesmo do que em si mesmo</i>. A conversão completa-se em Boston (no período
compreendido entre 7 de setembro e 3 de outubro), quando Tocqueville, ao
descobrir o que é a igualdade bem regrada, adere a uma democracia que, de
resto, triunfa irresistivelmente. É então somente agora, no final de setembro,
quando ele decide escrever um livro sobre as instituições americanas, a fim de
testemunhar, entre os franceses, que a democracia feliz existe, pois a tem
encontrado (...)”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Vale
a pena citar o trecho da carta em que Tocqueville dá conta do novo projeto ao
seu primo, Luís de Kergorkay (1804-1880): “(Pretendo) descrever muito
exatamente o que seria necessário esperar e temer da liberdade. Nós temos tido
na França, nos últimos cem anos, a anarquia e o despotismo sob todas as suas
formas, mas jamais nada que se assemelhasse a uma república. Se os monarquistas
pudessem ver a marcha interior de uma república bem organizada, o respeito
profundo que se tem ali pelos direitos adquiridos, a pujança desses direitos
nas massas, a religião da lei, a liberdade real e eficaz de que ali se goza, o
verdadeiro reino da maioria, o progresso cômodo e natural que ali seguem todas
as coisas, perceberiam que abarcam, sob um nome comum, estados diversos que
nada possuem de análogo. Os nossos republicanos, por sua vez, sentiriam que o
que temos chamado de República, não tem sido mais do que um monstro que não se
saberia classificar (...), coberto de sangue e de sujeira, vestido de farrapos,
ao som das querelas da antiguidade” [apud Mélonio, 1993: 30].<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Houve
em Aron uma <i>conversão </i>à democracia
como em Tocqueville? Propriamente não, a julgar pelo testemunho que Aron deu
quando da sua visita à Universidade de Brasília, em 1980, ao ensejo do simpósio
que foi realizado para estudar a sua obra. O pensador considera que houve, sim,
por volta do ano 1930, uma mudança. Formado no esquerdismo pacifista e moderado
de Émile-Auguste Chartier, pseud. Alain (1868-1951), no neokantismo de Heinrich
Rickert (1863-1936), Henri Brunschwig (1904-1989) e Alexandre Kojève
(1902-1968), na crítica ao historicismo feita por Wilhelm Dilthey (1833-1911), Georg
Simmel (1858-1918) e Max Weber (1864-1920), bem como à sombra da fenomenologia
de Edmund Husserl (1859-1938) e de Martin Heidegger (1889-1976), o jovem Aron
fica impressionado com a aguda problemática colocada pelo nacionalismo alemão e
pelos riscos que daí emergem para o convívio civilizado na Europa. Tenta
compreender o momento histórico e, nesse esforço, a leitura de Weber lhe será
de grande valia. Diríamos que Aron acorda para o risco que a liberdade sofre na
versão de democracia de massas que o hitlerismo representa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Eis
o seu testemunho da experiência da realidade alemã, que passa a conhecer muito
de perto, nas suas permanências de 6 a 8 meses por ano, na Alemanha, entre 1930
e 1933: "A partir de 1930 senti um choque. Um choque comparado àquele
analisado várias vezes por Arnold Toynbee (1889-1975), quer dizer, a expressão <i>history is again on the move.</i> Na primavera de 1930, por uma espécie
de intuição que não era baseada em nada, a não ser no choque de uma Alemanha
atormentada, revoltada, impotente, esse choque com a Alemanha infeliz e
revanchista me deu a impressão de que <i>history
is again on the move.</i> Então, o que é que eu descobri na Alemanha nesses
três anos? Eu primeiro descobri um pouco da filosofia alemã e descobri um pouco
da política. O que descobri na Alemanha, em grande escala, foi primitivo. Mas
eu descobri a especificidade da política e a diferença radical entre a moral e
a política. Podem-me dizer que não é uma grande descoberta. (...). Mas acho que
cada um de nós, quando é de temperamento filosófico, quando é um homem de boa
vontade e quando tem 15 ou 20 anos, para ele, descobrir que a moral e a
política são duas coisas diferentes, não é tão fácil, e não é tão aceitável e
tão agradável".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">"Eu
voltava da Alemanha em 1932 - continua Aron -
muito marcado pelas minhas experiências da realidade alemã, convencido
que, na Alemanha, se levantava uma onda nacionalista que ia fazer desaparecer
todas as barragens e eu queria alertar todos os franceses e meus amigos, os
homens políticos, do perigo que despontava a leste, sob a forma do
nacional-socialismo e do regime que sairia do nacional-socialismo (...)"
[Aron, 1981: 60-61].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas,
para Aron, houve outro fato definitivo na sua descoberta dos riscos que corria
a liberdade, desta vez em face do comunismo. Essa descoberta se dá após o pacto
entre Stalin e Hitler, em 1939. Ficou claro, para o nosso autor, que ambos
aspiravam a serem os donos da Europa. E nenhum deles apreciava a liberdade. A
ruptura com um e com outro era exigência para a preservação dos valores
fundamentais da civilização ocidental. Tanto nacional-socialismo quanto
comunismo eram, para o jovem pensador, regimes totalitários que negam o
exercício da liberdade e que conspiram contra a dignidade humana. A respeito,
escreve: "Pessoalmente, (...) eu escolhia entre os dois tipos de
sociedade; a escolha inicial era: eu escolhia as sociedades democráticas e
liberais e recusava o outro tipo de sociedade que eu não tinha jamais aceitado,
mas que eu tinha compreendido imediatamente, totalmente, no momento em que
Hitler (1889-1945) e Stalin (1878-1953) fizeram um acordo. E os grandes
comunistas, com os quais eu mantinha relações nos anos 30, se tornaram
insuportáveis para mim, em 1939, a partir do já mencionado acordo entre Stalin
e Hitler. Eu tinha, pois, escolhido o tipo de sociedade ocidental e a partir de
então eu era logicamente pró-europeu, pro-atlântico em função do argumento que
me parece, ainda hoje, ao mesmo tempo simples e evidente: para manter o
equilíbrio das forças na Europa, na época arruinada, era indispensável a
presença americana. E a Aliança Atlântica era a garantia da presença americana
na Europa, garantia do equilíbrio das forças entre as duas partes da
Europa" [Aron, 1981: 67-68].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
opção liberal de que Aron é consciente em 1939, leva-o, no segundo pós-guerra,
à ruptura definitiva com o seu amigo de juventude, Jean-Paul Sartre (1905-1980).
Inicialmente indiferente à política, o autor de <i>L'Être et le Néant</i>
acordou, tardiamente, em 1938, para a realidade da luta que se travava na
Europa. Passou a ler sofregamente os jornais e terminou percorrendo caminho
diametralmente oposto ao de Aron. É curioso observar, no testemunho deste, o
registro da intolerância progressiva de Sartre. "Em 1938, - frisa Aron -
ele era partidário do acordo de Munique por razões de moral pacífica. (...).
Após a guerra, eu reencontrei Sartre, que tinha sido ativo na a resistência
durante a guerra e que não era comunista, mas que estava muito próximo dos
comunistas. Ele era para- comunista, porém não queria entrar para o partido,
não aceitava o marxismo, não aceitava o materialismo, mas dava, de uma certa
maneira, seu apoio ao progressismo marxista. (...). Assim, após os anos de
reencontro, quer dizer, 44, 46 e 47, nós estávamos juntos na criação
dos tempos modernos, o que me parecia evidente, desde logo, após a guerra, após
a ruptura da aliança dos países que tinham juntos triunfado sobre a Alemanha.
Esta ruptura entre o mundo soviético e o mundo atlântico estava inscrita, com
antecedência, na História e quando esta ruptura aconteceu, ao mesmo tempo,
quase inevitavelmente, aconteceu a ruptura entre dois amigos anteriormente
muito ligados. (...). Sartre pensava totalmente diferente; para escolher entre
os Estados Unidos e a União Soviética, ele escolhia a União Soviética, ele era
orgulhosamente de esquerda, e tinha escolhido e ficado na esquerda, digamos,
por decreto de princípio, decreto este que eu tinha aceitado quando era muito
mais jovem, mas que tinha recusado desde há alguns anos. Para ele, ser
pro-europeu, pro-atlântico, era característica dos conservadores, do mau-caráter.
Até o fim de sua vida ele teve uma grande dificuldade em aceitar que se podia
tomar decisões políticas diferentes das suas, por razões válidas. Ele era tão
moralista que no fundo acreditava, sempre, que decisões políticas eram decisões
morais. De tal maneira que ele tinha tendência a condenar moralmente aqueles
que tomavam decisões políticas diferentes de sua escolha, diferentes das suas.
Eu diria que, em função de minha filosofia política, nossas diferenças
políticas não teriam implicado na ruptura, mas em função de sua filosofia moral,
a ruptura era inevitável. (...)" [Aron, 1981: 67-68].<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">III - A nova ciência
política de Tocqueville e a filosofia crítica da história de Aron<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
<i>Démocratie
en Amérique</i> deu ensejo, na França, a uma nova ciência política.
Quais os contornos que a definem? Em primeiro lugar, Tocqueville estava
inspirado numa epistemologia que hoje chamaríamos de modesta. Se é verdade que
o absolutismo é, em política, irmão gêmeo do dogmatismo em filosofia, também
podemos afirmar que a modéstia epistemológica é pressuposto do liberalismo. Não
pode haver autêntica defesa da liberdade e da tolerância, ali onde se professam
verdades inamovíveis, no que tange à concepção do homem e do mundo. Eis o que
Tocqueville escrevia, em 1831, ao seu amigo Charles Stöffels (1809-1886): “Para
a imensa maioria dos pontos que nos interessa conhecer, nós não temos mais do
que verossimilhanças, aproximações. Se desesperar porque as coisas são assim, é
se desesperar pelo fato de ser homem; pois essa é uma das mais inflexíveis leis
da nossa natureza. (...). Sempre considerei a metafísica e todas as ciências
puramente teóricas, que de nada servem na realidade da vida, como um tormento
voluntário que o homem consentia em se impor” [apud Mélonio, 1993: 31]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
1858, o nosso autor explicava ao filósofo Hervé Bouchitté (1795-1866) que a
mais refinada metafísica não era mais clara que o simples senso comum acerca do
sentido do mundo e, especialmente, em relação “(...) à razão do destino deste
ser singular que chamamos homem, ao qual foi dada, justamente, tanta luz quanta
era necessária para lhe mostrar as misérias da sua condição e insuficiente para
mudá-la” [Mélonio, 1993: 31]. Passagem
de verdadeira inspiração pascaliana, no sentir de Françoise Mélonio, que
escreve a respeito: “Que miséria que é o homem... Tocqueville retoma a crítica
pascaliana dos limites da Razão, atualizando-a para dirigi-la contra todos
aqueles que identificam o discurso racional com o real. A hostilidade futura de
Tocqueville a Hegel (1770-1831) não terá outra fonte diferente desta rejeição a
um providencialismo secularizado, junto com o desgosto dos espíritos finos em
relação às coisas especulativas, fora do uso comum”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Na
trilha que acaba de ser mencionada, Tocqueville situa a sua crítica ao historicismo,
que no sentir do nosso autor, termina sacrificando a liberdade e a pessoa no
altar da abstração histórica. Tocqueville considerava que esse era um vício
próprio dos historiadores que vivem “em séculos democráticos”, preocupados mais
em serem lidos com facilidade pelas grandes multidões, do que em fazer uma
análise verdadeira dos fatos. Antecipava-se genialmente o nosso autor,
destarte, à crítica que os neokantianos, com Rickert à testa, deflagraram, na
virada do século XIX para o XX, à tendência abstrata da escola histórica alemã
de Carl von Savigny (1779-1861).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito da historiografia que se pratica nos “séculos democráticos”,
Tocqueville escreve o seguinte, diferenciando-a da historiografia que se
pratica nos “séculos aristocráticos” [1977: 375]: “Os historiadores que vivem
nos séculos democráticos mostram tendências inteiramente contrárias. A maior
parte deles quase não atribui influência alguma ao indivíduo sobre o destino da
espécie, nem aos cidadãos sobre a sorte do povo”. Mas, em troca, atribuem
grandes causas gerais aos pequenos fatos particulares. Essas tendências opostas
são explicáveis. Quando os historiadores dos séculos aristocráticos lançam os
olhos para o teatro do mundo, a primeira coisa que nele percebem é um pequeno
número de atores principais, que conduzem toda a peça. Essas grandes
personagens, que se mantêm à frente da cena, detêm a sua visão e a fixam: ao
passo que se aplicam a revelar os motivos secretos que fazem com que ajam e
falem, esquecem-se do resto. A importância das coisas que veem alguns homens
fazer, dá-lhes uma idéia exagerada da influência que pode exercer um homem e,
naturalmente, os dispõe a crer que é sempre necessário remontar à ação
particular de um indivíduo, para explicar os movimentos da multidão”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">“Quando,
ao contrário, - prossegue Tocqueville - todos os cidadãos são independentes uns
dos outros, e cada um deles é frágil, não se descobre nenhum que exerça um
poder muito grande nem, sobretudo, muito durável, sobre a massa. À primeira
vista, os indivíduos parecem absolutamente impotentes sobre ela e dissera-se
que a sociedade marcha sozinha, pelo concurso livre e espontâneo de todos os
homens que a compõem. Isso leva, naturalmente, o espírito humano a procurar a
razão geral que pode, assim, atingir a um tempo tantas inteligências e
voltá-las, simultaneamente, para o mesmo lado”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
principal defeito que Tocqueville enxergava na historiografia dos tempos
democráticos, consistia no fato de tal modelo se alicerçar numa concepção
fatalista da história, que pressupõe, em primeiro lugar, uma idéia determinista
do homem. A respeito, o nosso autor escreve: “Os historiadores que vivem nos
tempos democráticos não recusam, pois, apenas atribuir a alguns cidadãos o
poder de agir sobre o destino do povo; ainda tiram aos próprios povos a
faculdade de modificar a sua própria sorte e os submetem, ora a uma providência
inflexível, ora a uma espécie de cega
fatalidade. Segundo eles, cada nação é invencivelmente ligada, pela sua
posição, sua origem, seus antecedentes, sua natureza, a certo destino, que nem
todos os esforços poderiam modificar. Tornam as gerações solidárias umas às
outras e, remontando assim, de época em época e de acontecimentos necessários
em acontecimentos necessários, à origem do mundo, compõem uma cadeia cerrada e
imensa, que envolve todo o gênero humano e o prende. Não lhes basta mostrar
como se deram os fatos: comprazem-se, ainda, em mostrar que não podiam dar-se
de outra forma. Consideram uma nação que chegou a certo ponto da sua história e
afirmam que foi obrigada a seguir o caminho que a conduziu até ali. Isto é
muito mais fácil que mostrar como teria podido fazer para seguir um melhor
caminho” [Tocqueville, 1977: 375].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tocqueville,
pensador definidamente liberal, rejeita, de plano, tal historiografia, por
considerar que essa concepção nega a liberdade humana, base da “dignidade das
almas”. Trata-se de superar as desgraças da Revolução e do Terror, não de
conduzir a nação francesa à sua definitiva destruição. O nosso autor
identifica, alto e bom som, o caminho que deve ser seguido: o da liberdade, ou
melhor, o da conquista da liberdade para todos os franceses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito da crítica efetivada a essa concepção fatalista, Tocqueville [1977:
377] escreve: “Se essa doutrina da fatalidade, que tem tantos atrativos para
aqueles que escrevem a história nos tempos democráticos, passando dos
escritores a seus leitores, penetrasse, assim, em toda a massa de cidadãos e se
apoderasse do espírito público, pode-se prever que logo paralisaria o movimento
das sociedades novas e reduziria os cristãos a turcos. Direi mais: semelhante
doutrina é particularmente perigosa na época em que nos encontramos; nossos
contemporâneos acham-se muitíssimo inclinados a duvidar do livre arbítrio,
porque cada um deles sente-se limitado por todos os lados pela sua fraqueza,
mas ainda atribuem, de boa vontade, força e independência aos homens reunidos
em corpo social. É necessário que nos guardemos de obscurecer essa idéia, pois
se trata de restabelecer a dignidade das almas e não de completar a sua
destruição”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas
se, por um lado, Tocqueville se insurge contra o historicismo, que torna o
homem peça de uma engrenagem universal, por outro lado, a sua formação cristã o
leva a aceitar a providência divina, não como “<i>deus ex machina</i>” que
negue a liberdade, mas, justamente, como marco teórico que a pressupõe: o plano
de Deus consiste em que os homens sejam livres, não em que se tornem escravos.
O progresso e a liberdade, não são caprichos humanos, mas formam parte do plano
que Deus providencialmente traçou ao gênero humano. Lembramo-nos, aqui, da
figura de outro liberal de formação católica, contemporâneo de Tocqueville: o
historiador português Alexandre Herculano (1810-1877), cuja visão
providencialista se aproxima muito da acalentada pelo pensador francês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Françoise
Mélonio [1993: 32] explica da seguinte forma o providencialismo tocquevilliano:
“De entrada, o recurso à Providência aparece, de um lado, como uma ampliação
retórica da derrota dos aristocratas ou um mito consolador. O avanço irresistível
da democracia é, essencialmente, uma constatação histórica em grande escala e a
Providência fornece o aspecto objetivo de uma lei à intuição que Tocqueville
tem das tendências do corpo social. Ela é a palavra que designa aquilo que é
revelado pelo espírito de <i>finesse</i>:
aquilo que sentimos, que está diante dos olhos de todos mas que não sabemos
demonstrar; aquilo que é patente ao juízo, mais do que à razão cognoscente.
Invocar a Providência é, pois, explicar o que não é geometricamente
demonstrável, mas não somente isso: é também escolher o que deve ser explicado.
O espírito de <i>finesse</i> permite
discernir, no espetáculo do mundo democrático em gestação, a verdade, afinal
desvendada, da revelação cristã: o <i>verdadeiro
quadro</i> da humanidade reduzido à simplicidade da natureza, na qual todos os
homens são semelhantes. Invocar a Providência é, pois, buscar a interpretação
dos acontecimentos humanos como um todo, sob o ângulo do universalismo cristão
e tomar a decisão de resolver o dualismo entre a história e o seu fim, na
liberdade igual de todos os filhos de Deus”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">“Assim
concebido, - prossegue Françoise Mélonio - o recurso à Providência não dá à
história um sentido obrigatório. A Providência <i>traça, é verdade, ao redor de cada homem, um círculo fatal do qual não pode
sair; mas, nos seus amplos limites, o homem é poderoso e livre; da mesma forma
acontece com os povos</i> (....). A igualdade e o poder do povo são <i>irresistíveis</i>, mas a história humana,
aberta à possibilidade da liberdade, é o fruto de uma cooperação entre Deus e
os homens. A afirmação da inexorabilidade do curso da história é, em virtude
desse fato, continuamente corroída pela introdução de degraus e passos ao ponto
de Tocqueville, este <i>profeta</i> famoso,
somente utilizar o linguajar da predição para lembrar a sua recusa a um
determinismo absoluto”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
idéia providencialista em Tocqueville não é, pois, um dogma teológico que
interfira na sua visão racional da política, colocando uma espécie de fim
absoluto para a história. É um recurso epistémico que, de um lado, lhe permite
delimitar a área de estudos da política e, de outro, lhe serve para tender uma
ponte com a sua concepção ética, que pressupõe a mesma dignidade para todos os
homens. A respeito do papel instrumental da idéia providencialista em
Tocqueville, escreve Françoise Mélonio [1993: 33]: “O recurso à Providência não
implica, pois, que a ciência política seja um ramo da teologia, da
fenomenologia do espírito ou da história natural. Tendo afirmado no mesmo
movimento a Providência e a liberdade, Tocqueville pode demarcar o campo da
política e procurar ali uma racionalidade específica. A primeira <b><i>Démocratie</i></b>
apresenta-se como uma inquirição do regime democrático”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Outro
aspecto que salta à vista na ciência política tocquevilliana, é a influência
que recebe da que poderíamos chamar de tendência orgânica dos estudos sociais,
caraterística que era comum no final do século XVIII e início do século XIX.
Françoise Mélonio [1993: 33] registrou essa influência da seguinte forma: “A
prática de Tocqueville tinha um precedente: as pesquisas sociais, inauguradas
no século XVIII, que conheceram a sua idade de ouro na primeira metade do
século XIX. Elas tinham como objeto privilegiado o mal social. Tendo sido
pensada a sociedade como um organismo, a sua doença implicava uma disfunção
geral. Se interessar pelo pauperismo, pela criminalidade, pela prostituição,
constituía o caminho para elaborar um diagnóstico acerca da sociedade, a fim de
fixar uma terapêutica. A viagem de Tocqueville insere-se na grande corrente da
pesquisa social, estatística e qualitativa (...)”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
historiografia, a filosofia, a sociologia, a teoria da política comparada e das
relações internacionais cultivadas por Aron, deram continuidade à <i>nova ciência política</i> proposta por
Tocqueville. A meu ver, a disciplina mestra ao redor da qual Aron sistematiza
toda a sua obra é a <i>filosofia crítica da
história. </i>Dois pontos são fundamentais no panorama epistemológico aroniano:
a rejeição ao dogmatismo e ao historicismo, de um lado, e, em segundo lugar, a
fé inabalável na liberdade, a partir da qual o sociólogo e o cientista político
traça as linhas mestras das futuras sociedades, tentando vislumbrar, nelas, o
espaço para o livre desenvolvimento do homem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No
que tange ao primeiro ponto (a rejeição ao dogmatismo e ao historicismo), já a
partir da época em que Aron deixa clara a sua opção em prol das sociedades
livres do Ocidente, explicita a sua recusa aos determinismos. "Eu não
acreditava na totalidade histórica, - frisa no seu depoimento na Universidade
de Brasília - acreditava nos determinismos parciais mas não nas determinações
do conjunto da sociedade, a partir das forças ou das relações de produção"
[Aron, 1981: 66]. O pensador não duvida em rejeitar as três formas de que se
reveste o dogmatismo em matéria de ciências sociais, hoje, a saber: a ilusão
dos que imaginam uma ciência da sociedade ou da moral, a dos racionalistas que
admitem que a razão prática determina a conduta individual e a vida coletiva e
a dos pseudorealistas que pretendem pautar o futuro pelo passado, sem
perceberem que este é uma construção conceitual de seu próprio ceticismo e uma
imagem de sua própria resignação [Aron, 1948: 324-325].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
determinismo e o historicismo, para Aron, são criações mentais dos que não
conseguem encarar o risco da liberdade ou pretendem ignorar a finitude humana.
A nossa existência oscila, dramaticamente, entre o legado que recebemos das
gerações anteriores e os nossos condicionamentos ontológicos, ou seja, o
conjunto de fatores que não podemos modificar e o que podemos pensar e decidir,
no contexto das possibilidades que o presente nos depara. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Eis
a forma em que Aron desenha esse panorama dramático da nossa existência,
destacando, ao mesmo tempo, a grandeza e a limitação humanas: "Posto que
é, ao mesmo tempo, animal e espírito, o homem deve ser capaz de se sobrepor às
fatalidades inferiores, a das paixões pela vontade, a do impulso cego pela
consciência, a do pensamento indefinido pela decisão. Nesse sentido, a
liberdade, em cada momento, coloca tudo em jogo e se afirma na ação em que o
homem não se distingue mais de si mesmo. A liberdade, possível para a teoria,
efetivada em e pela prática, não é jamais total. O passado do indivíduo
delimita a margem na qual atua a iniciativa pessoal e a situação histórica fixa
as possibilidades da ação política. Escolha e decisão não emergem do nada,
podem estar submetidas às pulsões mais elementares, mas em todo caso são parcialmente
determinadas, quando colocadas em face dos seus antecedentes. Somente o
pensamento, a rigor, escaparia à
explicação causal, na medida em que ele conformaria para si próprio a sua
independência, ao verificar os seus julgamentos. Mas o saber é sempre superado,
fadado como está à exploração dos objetos e sendo, por essência, inacabado.
Ora, para que o homem estivesse totalmente de acordo consigo mesmo, seria
necessário que vivesse segundo a verdade, que se reconhecesse autônomo, ao
mesmo tempo, na sua criação e na consciência que ele tem dela. Reconciliação
ideal mas incompatível com o destino dos que não admitem ídolos no lugar de
Deus. A existência humana é dialética, ou seja, dramática, pois age num mundo
incoerente, se engaja a despeito da duração, busca uma verdade que foge, sem
outra segurança que uma ciência fragmentária e uma reflexão formal" [Aron,
1948: 349-350].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Se
a nossa condição humana nos coloca nessa situação de dramaticidade, o saber
sobre o homem deve-se revestir dessa caraterística paradoxal. Não pode haver um
fosso entre as ciências do homem e a reflexão sobre a sua condição existencial.
"(...) Mais uma vez - frisa Aron - deve ficar claro que filosofia e
história, filosofia da história e filosofia total são inseparáveis. A filosofia,
ela também, está de início na história, pois ela encontra-se fechada nos
limites de um ser particular, ela é histórica posto que é a alma ou a expressão
de uma época, ela é histórica posto que tem consciência de que se trata de uma
criação inacabada. A filosofia é a pergunta radical que o homem, em busca da
verdade, se faz a si mesmo" [Aron, 1948: 344]. A história, enquanto
disciplina, não pode desconhecer esse caráter complexo do ser humano de que dá
testemunho a filosofia. A história é, para Aron, "a dialética na qual
essas contradições tornam-se criativas, o infinito no qual o homem reconhece a
sua finitude" [Aron, 1948: 338]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
filosofia crítica da história deve renunciar a encontrar o sentido último da
evolução. A crítica ao historicismo hegeliano é clara e retoma os reparos que
Tocqueville tinha levantado contra a história que se escreve nos séculos
democráticos. "A filosofia tradicional da história, - escreve Aron -
encontra o seu acabamento no sistema de Hegel. A filosofia moderna da história
começa pela rejeição ao hegelianismo. O ideal não é mais determinar, de um
golpe, a significação do devir humano, a filosofia não se considera mais a
depositária dos segredos da providência. A <i>Crítica
da razão pura</i> acabava com a esperança de ter acesso à verdade do mundo
inteligível; da mesma forma, a filosofia crítica da história renuncia a atingir
o sentido último da evolução. A análise do conhecimento histórico é, em face da
filosofia da história, o que a crítica kantiana é em face da metafísica
dogmática" [Aron, 1950: 15].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No
que tange ao segundo ponto, a fé inabalável na liberdade, Aron considera que o
cientista social e o historiador devem partir, sempre, do pressuposto básico da
civilização ocidental, o homem como ser consciente e livre [Aron, 1948: 346]. É
interessante destacar que essa pressuposição está presente, no seio da
filosofia de Ocidente, mesmo entre aqueles que levantam a sua voz contra a
liberdade humana: não se nega com tanto afinco senão aquilo que é tão evidente
para todos nós. A respeito, frisa Aron: "Por que se mantém com tanta
energia essa permanência do homem, palavra que ganha, na boca dos incrédulos,
uma ressonância solene e como que sagrada? Sem dúvida pretende-se salvar um dos
elementos da herança cristã, fundamento da democracia moderna, o valor absoluto
da alma, a presença em todos de uma razão idêntica. Ao mesmo tempo, espera-se
desvalorizar as particularidades de classe, de nação e de raça, a fim de chegar
a uma reconciliação total dos homens, em si mesmos e de uns para com os outros"
[Aron, 1948: 343]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
face ou dos pessimismos radicais que invadiram o século XX, ou do excesso de
otimismo que fez enxergar uma idade de ouro à luz dos "30 gloriosos
anos" do <i>welfare state</i><b> </b>americano e europeu ocidental, Aron
situa-se num termo meio de otimismo moderado: acredita na possibilidade de o
homem construir um projeto que respeite a liberdade e a dignidade, conservando
os progressos econômicos e técnicos feitos, sem por isso negar os riscos que
pendem sobre a Humanidade. "Pessoalmente, e vocês não ficarão inteiramente
surpresos, - frisa o pensador no seu depoimento na Universidade de Brasília -
eu não estou de acordo nem com o otimismo de Hermann Kahn (1922-1983) nem com o
pessimismo do Clube de Roma. Se eu tivesse um revólver na cabeça e fosse obrigado
a escolher entre os dois, eu escolheria o otimismo de Hermann Kahn. Se é
preciso escolher, prefiro a versão otimista à versão pessimista, e creio que é
o mais provável, e creio ainda que é uma situação baseada em melhores
argumentos. Dito isto, de qualquer maneira são perspectivas a longo prazo e,
pessoalmente, eu tomaria uma posição intermediária: não advogo nem o <i>happy end</i> nem o paraíso econômico, e
descarto neste instante a hipótese da catástrofe total, em função da penúria
generalizada" [Aron, 1981: 79]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">IV - A ética tocquevilliana e os seus reflexos no pensamento de Aron.</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Talvez
Alexis de Tocqueville tenha sido um dos pensadores sociais e homens de ação que
realizou, de forma mais completa, a dupla feição da ética estudada por Max
Weber (ética de convicção e de responsabilidade) [cf. Weber, 1972]. O pensador
francês, efetivamente, ancorou tanto numa quanto noutra. Tocqueville cultua o
ideal da ética de convicção, quando reflete acerca do seu compromisso como
intelectual. Mas desenvolve, outrossim, interessante conceito de ética de
responsabilidade em relação à problemática da busca do bem comum por parte do
homem público, destacando-se, neste particular, o equacionamento da
problemática da pobreza. Abordarei ambos os aspectos, para caracterizar as suas
linhas gerais, destacando que os dois integram o conceito tocquevilliano de
ética pública.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
pensador francês considerava que o seu primeiro compromisso como intelectual
consistia no esclarecimento e na divulgação da verdade histórica, que conduzisse
à conquista da liberdade para todos os franceses. Neste seu empenho não admitia
negociação. Daí as suas fortes críticas aos socialistas, aos bonapartistas, aos
seus pares, os nobres (que tinham ancorado numa proposta de volta ao <i>Ancien </i>Régime), e aos próprios
doutrinários, seus mestres, que tinham fechado as conquistas liberais na gaiola
de ouro do formalismo jurídico e do elitismo burguês. Destaquemos, de entrada,
a forma toda peculiar em que Tocqueville entende a democracia, como <i>conquista da liberdade por parte de todos.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Três
pontos saltam à vista na ética intelectual tocquevilliana: em primeiro lugar, a
fundamentação das suas convicções morais no cristianismo, do qual o nosso autor
tira o princípio fundamental de que todos os seres humanos possuem a mesma
dignidade e, portanto, podem aspirar aos benefícios da liberdade. Em segundo
lugar, a solidariedade com os seus
concidadãos, que correm perigo de cair nas mãos do despotismo, em lugar de
conquistar a almejada liberdade. Em terceiro lugar, o dever de testemunhar a
verdade histórica que o nosso autor descobriu na sua viagem à América. Essa
verdade histórica resume-se na seguinte afirmação: a liberdade democrática é
possível!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No
tocante ao primeiro ponto, Tocqueville [1977: 329] escreve o seguinte: "Todos os grandes escritores da
Antigüidade faziam parte da aristocracia dos senhores, ou, pelo menos, viam
essa aristocracia estabelecida, sem contestação, diante dos seus olhos; o seu
espírito, depois de se haver expandido em várias direções, achou-se, pois,
limitado por aquela, e foi preciso que Jesus Cristo viesse à terra para fazer
compreender que todos os membros da espécie humana eram naturalmente
semelhantes e iguais".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
relação ao segundo ponto, assim escrevia Tocqueville, em carta inédita a Camille
d´Orglandes (1798-1871), de 24/11/1834): "Eu creio que cada um de nós deve
prestar contas à sociedade, tanto dos seus pensamentos quanto das suas forças.
Quando vemos os nossos semelhantes em perigo, é obrigação de cada um ir em
socorro deles". [Apud Mélonio, 1993: 30].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
relação ao terceiro ponto, o dever de testemunhar a verdade histórica
descoberta na América, Françoise Mélonio [1993: 30-31] escreve:
"Tocqueville regressa, pois, da América, investido do dever de
testemunhar. O primeiro volume da <i>Démocratie</i>, que publica em 1835, recebe desse objetivo apologético os traços
que fazem dele o breviário da democracia moderna. A <i>Démocratie</i> é uma obra de auxílio ao povo em
perigo (...). Ora, há urgência. Na Europa, <i>os
tempos se aproximam</i> do triunfo da democracia. Tocqueville assume a postura
de um São João Batista da democracia clamando no deserto: acordai antes que
seja tarde demais!; o movimento democrático <i>não
é, ainda, suficientemente rápido como para desistir de dirigi-lo. A sorte </i>[das
nações europeias]<i> está nas suas mãos, mas
bem cedo lhes escapa. E que não se diga que é tarde demais para tentar.</i>
Contra os pregoeiros de desgraças, os resignados, Tocqueville faz um apelo aos
franceses para que, sem delongas, tomem o seu destino nas próprias mãos, a
exemplo da América. Como os profetas e os pregadores, (...) argumenta com os
riscos que representa uma <i>conversão
tardia</i>".<b><i><o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tocqueville
elaborou a sua concepção de uma ética política, notadamente, ao discutir a
problemática da pobreza na sociedade européia da sua época. As suas reflexões a
respeito estão contidas em dois escritos de 1835, intitulados: "Memória
sobre a pobreza" e "Segundo artigo sobre a pobreza", que foram
redigidos para a Sociedade Acadêmica de
Cherbourg e que integram os seus "Escritos Acadêmicos". Na edição das
<i>Oeuvres
de Tocqueville</i> [primeiro
volume, 1991], preparada por André Jardin (1912-1996), Françoise Mélonio e Lise
Queffélec, outros dois ensaios de Tocqueville foram escolhidos: o
"Discurso à Academia Francesa", de 1842, sobre a história da França e
o "Discurso à Academia de Ciências morais e políticas", de 1852,
sobre a ciência política. A finalidade desses "Escritos Acadêmicos"
era, segundo aponta Françoise Mélonio [1991: I, 1626] discutir "como
estruturar a sociedade moderna, aglutinando os cidadãos desunidos, que a
hierarquia de privilégios do Antigo Regime não organizava mais".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tocqueville
analisa a problemática da pobreza no contexto mais amplo da ciência social da
época, inspirada na <i>fisiologia social</i>
de Cabanis, Bichat, Pinel, Vicq d'Azyr, Saint-Simon, etc. [cf. Rosanvallon,
1985: 22; Mélonio, 1993: 33 seg.; Vélez-Rodríguez, 1997c: 22-45]. É bem verdade
que o nosso autor supera qualquer pretensão
cientificista, deixando de render tributo, portanto, ao vício do historicismo.
Mas utiliza o símil do corpo enfermo, para se referir à problemática social. Em
relação ao mencionado fenômeno na Inglaterra, por exemplo, o nosso autor
escreve: "(...) o pauperismo, esta enorme e horrível chaga em um corpo
vigoroso e saudável" [Tocqueville, 1991: I, 1174].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Fiel
ao arquétipo epistemológico mencionado,
Tocqueville analisa a problemática da pobreza em três etapas:
sintomatologia, tratamento errado e tratamento certo. Em relação à primeira
etapa, o pensador francês destaca um fato paradoxal: essa doença somente é
visível em organismos fortes. As nações que caminham rumo à modernidade, como a
Inglaterra e a França, apresentam o contraste entre geração da riqueza e
pobreza, contraste que não é visível onde a pobreza é a norma e a riqueza a
exceção, como na Espanha ou em Portugal. O nosso autor dedica especial atenção
ao estudo da doença na Inglaterra, país que conseguiu desenvolver os recursos
econômicos de forma a permitir, à maioria dos seus cidadãos, a conquista
de uma vida confortável e segura. Um
sexto da população britânica, no sentir de Tocqueville, é marginalizada pela
pobreza. Mas justamente por estar a maioria dos cidadãos em situação de
conforto econômico, a marginalização do proletário é mais visível entre os
ingleses do que na própria França.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">No
que tange à França da sua época, Tocqueville destaca que acontece algo
semelhante: percebe-se mais a pobreza ali onde houve maior desenvolvimento. A
respeito, o nosso autor escreve: "A média dos indigentes na França (...) é
de um pobre para vinte habitantes. Mas grandes diferenças são observáveis entre
as diferentes partes do mesmo reino. O departamento du Nord, que é, com certeza,
o mais rico, o mais populoso e o mais desenvolvido, sob todos os pontos de
vista, tem cerca de um sexto de sua população como dependente da caridade. Em
Creuse, o mais pobre e menos industrial de nossos departamentos, existe apenas
um indigente para cada cinquenta e oito habitantes. Ainda de acordo com esta
estatística, La Manche está listado como tendo um indigente para cada vinte e
seis habitantes". [Tocqueville,
1991: I, 1156].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
relação à segunda etapa na discussão da problemática da pobreza (o tratamento
errado da mesma), Tocqueville chama a atenção para a confusão que a cultura
humana termina estabelecendo entre necessidades artificiais e essenciais. O
nosso pensador considera que o progresso da civilização leva, também, a que a
sociedade busque aliviar as necessidades dos que se sentem carentes. "O
progresso da civilização - frisa a respeito [Tocqueville, 1991: I, 1164] - não
apenas expõe os homens a muitas desgraças desconhecidas: ele também faz com que
a sociedade amenize as misérias que são totalmente desconhecidas nas sociedades
menos civilizadas. Em um país onde a maioria tem vestimentas ruins, habitações
de má qualidade, pouco alimento, quem pensaria em dar roupas limpas, comida
saudável e habitação confortável aos pobres? A maioria dos ingleses, tendo
todas essas coisas, considera a ausência delas um problema terrível; a
sociedade crê estar destinada a ajudar aqueles que não possuem tais confortos,
e a curar os males que não são sequer reconhecidos como tais em outros
lugares".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Essa
tendência encontrou expressão na Inglaterra, pela primeira vez, na lei de
Elizabeth I (1533-1603) que dispunha a nomeação, em cada paróquia, de
inspetores dos pobres (1601). Essa medida vinha responder à supressão, por
Henrique VIII (1491-1547), de todas as comunidades dedicadas à caridade. Essa
foi a remota origem da preocupação do governo inglês com a questão da pobreza,
que nos países protestantes passou a ser responsabilidade do Estado, enquanto
no universo católico, tradicionalmente, foi incumbência da caridade privada
[Tocqueville, 1991: I, 1164-1165].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tocqueville
é claro na sua crítica à forma estatal da caridade: para ele, toda medida
contra a pobreza, alicerçada numa estrutura burocrática permanente, produz a
preguiça social. O nosso autor se antecipava, profeticamente, das dificuldades
encontradas pelo <i>Welfare State</i> na
erradicação da pobreza. Eis as palavras de Tocqueville em relação ao tópico em
apreço: "Qualquer medida que estabeleça a caridade legal de forma
permanente e lhe dá uma forma administrativa cria, com isto, uma classe ociosa
e preguiçosa, que vive às custas da classe trabalhadora e industrial. Isto,
pelo menos, é a conseqüência inevitável, senão o resultado imediato. Ela
reproduz todos os vícios do sistema monástico, mas não os altos ideais de
moralidade e religião, que em geral estavam associados a eles. Tal lei é uma
semente ruim plantada no solo da estrutura legal. Assim como na América, as
circunstâncias podem prevenir que a semente tenha um rápido desenvolvimento,
mas não podem destrui-la, e se a geração atual escapar à sua influência, o
bem-estar das gerações seguintes será devorado " [Tocqueville 1991: I,
1170].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Tocqueville
formula os elementos básicos do que poderíamos chamar de <i>princípio da beneficência na ética pública</i>, quando apresenta as
suas soluções, na terceira etapa da discussão da problemática da pobreza. O nosso pensador parte da definição
moral do princípio da beneficência. Esse princípio alicerça-se numa espécie de
imperativo categórico: deve poder se aplicar universalmente e as suas
conseqüências devem estar de acordo com a moral. Eis as suas palavras a
respeito: "Obviamente não quero pôr em julgamento a beneficência, que é
uma das virtudes mais naturais, belas e sagradas. Mas penso que não existe
nenhum princípio, por melhor que seja, cujas conseqüências possam ser todas
consideradas boas. Ela deveria ser uma virtude humana e sensata, não uma
inclinação fraca e irresponsável. É necessário fazer o que for mais útil a quem
recebe, e não o que mais agrada ao doador; fazer o que melhor atende às
necessidades da maioria, e não o que é a salvação de poucos. Apenas desta forma
posso conceber a benevolência. Qualquer outra forma seria a representação de um
instinto ainda sublime, mas não mais me parece digna de receber o nome de
virtude" [Tocqueville, 1991: I, 1177-1178].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
nosso pensador enxerga uma solução completa para a problemática da pobreza,
diferente da caridade ou do simples assistencialismo. Trata-se da formulação,
por parte do Estado, de uma política social que abarque três grandes aspectos:
educação dos pobres, estímulo à propriedade fundiária dos camponeses e estímulo
à poupança dos operários das indústrias. A finalidade dessa política social
consistiria em estabelecer um equilíbrio entre a produção de bens e o seu
consumo, a fim de evitar as distorções causadas no mundo moderno pelo sistema
produtivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No fundo da proposta tocquevilliana
há três convicções de profunda fé liberal: em primeiro lugar, é possível,
mediante uma inteligente legislação, criar os mecanismos institucionais que
permitam corrigir os desvios do sistema produtivo, a fim de torná-lo mais
justo, de acordo com o ideal democrático; em segundo lugar, a legislação deve
atender à educação do homem, que é o meio adequado para lhe permitir
desenvolver a sua inteligência; em terceiro lugar, a legislação deve-se voltar,
também, para a democratização da propriedade, que é o meio através do qual os
pobres podem recuperar a dignidade perdida, a sua liberdade, a fim de que se
integrem, produtivamente, à sociedade moderna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As duas dimensões da ética
no pensamento de Alexis de Tocqueville, a intelectual e a política, embora
tematizadas em contextos diferentes da sua obra, estão, contudo, profundamente
relacionadas e são fruto, como já foi destacado anteriormente, da influência
dos doutrinários na sua formação. Diríamos que o ideal da ética política,
materializado no princípio da beneficência, torna-se possível unicamente
mediante o cumprimento do imperativo da defesa incondicional da liberdade para
todos. O nosso pensador, efetivamente, caracteriza o princípio da beneficência
da seguinte forma:<i> fazer o bem mais
verdadeiramente útil àquele que o recebe, de forma que sirva ao bem-estar do
maior número</i>. Ora, no pensamento tocquevilliano o bem mais radicalmente
útil que se pode conceber para alguém, na sociedade, consiste na conquista da
liberdade. O completo desenvolvimento do imperativo categórico da beneficência
aponta, em última instância, para essa finalidade. Trata-se de fazer aos
excluídos da sociedade da sua época, os proletários, o bem mais útil. Esse bem
consiste, no pensamento do nosso autor, em dotá-los dos meios que lhes
possibilitem reconquistar a dignidade perdida, alicerçada na liberdade. O
proletário deve ser estimulado, nas empresas, a ter algum interesse material,
assim como o homem do campo deve preservar as suas pequenas posses. Isso,
basicamente, porque a partir daí eles poderão reconstruir o ideal de luta pela
liberdade. O pensamento ético de Alexis de Tocqueville ancora, destarte, na
mais pura tradição liberal de Locke (1632-1704), Montesquieu (1689-1755),
Jefferson (1743-1826) e dos Federalistas americanos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A ética de Raymond Aron
segue as pegadas da meditação tocquevilliana. A influência de Max Weber é
reformulada, em Aron, à luz da leitura da obra de Tocqueville. Mas é clara,
também, a influência do pensamento kantiano e de um hegelianismo mitigado. Rejeitado
de plano o historicismo, fica claro, para o nosso autor, que não pode haver uma
cisão entre ética intelectual e ética política. O imperativo categórico que
regula a ação individual no terreno do conhecimento científico da sociedade,
acontece num ser histórico inserido numa época determinada, e deve ter relação
estreita com os imperativos morais da ação. Para Aron, a ética intelectual deve
iluminar a política, a fim de torná-la reta. De outro lado, a prudência do
político deve estar presente, também, no homem que pensa. Tanto o conhecimento
do homem de ciência, quanto o do homem político são probabilísticos. Não há
certezas absolutas, nem na ciência da sociedade, nem na ação que pretende
transformar esta última. Aron adere ao princípio popperiano da refutabilidade,
para fundamentar a certeza em ciência social. E considera que, no homem
concreto, não se pode cindir, do ângulo existencial, o pensar a sociedade e o
agir sobre ela. A separação weberiana entre o político e o científico, decorre,
no sentir de Aron, da índole abstrata e puramente formal em que o sociólogo
alemão pensa os seus tipos ideais. Mas faltou-lhe considerá-los inseridos na
concreção do mundo da vida. É o que o pensador francês tenta fazer, ao pensar a
ciência social e a política, do ângulo dos seus atores, o cientista e o
político, encarnados na mesma pessoa [cf. Aron, 1985: 696 seg.].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mahoney destacou a relação
estreita que há entre ciência e política no pensamento aroniano, da seguinte
forma: "O probabilismo pretende encorajar uma sadia concepção do mundo
político e social e da ação refletida e responsável. Aron busca restaurar os
laços entre pensamento e ação, ciência e política, quebrados por Max Weber e a
sociologia moderna. Para Aron, o pensamento e a ciência devem guiar e
influenciar a ação responsável, não esvaziando a indeterminação do mundo,
tarefa digna de Sísifo, mas enxergando<i>
não de outra forma, porém mais longe do que os partidos</i>. O cientista
encoraja a análise responsável, ou seja, probabilista, da escolha política. Ele
deve compreender as coisas tais como são: essa é a finalidade da ciência. Os <i>julgamentos de valor</i> são, pois, um
elemento intrínseco de uma compreensão autêntica da política. Para compreender
bem um fenômeno social como o despotismo, é necessário chamá-lo pelo seu nome.
Uma compreensão autêntica é impossível, se negarmos que os valores se
transformam em fatos e que os fatos são inteligíveis sem julgamentos de
valor" [Mahoney, 1998: 148].<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">V - Estrutura e conteúdo de <u>A
Democracia na América.</u></span></i></b><b><u><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></u></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O principal trabalho de
Tocqueville constituiu, inicialmente, duas obras, as chamadas, popularmente, <i>Primeira</i>
e <i>Segunda
Democracia</i>. A primeira foi editada em 1835, em dois volumes. A
segunda apareceu em 1839, em 4 volumes. A <i>Primeira Democracia</i> constituiu
mais uma descrição do que o nosso autor observou na América. Já na <i>Segunda
Democracia</i> encontramos uma dimensão mais abstrata. Conforme
salientou Pierre Larousse (1817-1875) [1865b], “A obra de Tocqueville sobre a
democracia americana se divide, quanto ao fundo, em duas partes: na primeira,
vê-se um observador que analisa; na segunda, um pensador que medita e julga”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A elaboração da obra foi
complexa, não tendo se limitado o seu autor à reprodução das notas de viagem.
Profunda meditação sobre os materiais coletados, bem como sobre as relações
entre os sistemas políticos americano e francês, precederam à escrita de <i>La
Démocratie</i>. Estudioso do caminho percorrido por Tocqueville na
elaboração dessa obra, James T. Schleifer (1942) escreve: “A primeira viagem de
Alexis de Tocqueville à América do Norte concluiu em 20 de fevereiro de 1832,
data em que o navio Le Havre partiu de Nova York rumo à França. Mas a sua
visita de nove meses tinha sido somente o prólogo de uma segunda viagem, que se
estenderia pelos oito anos seguintes: a composição de <i>A democracia na América</i>
(...). Há tempo os intelectuais perceberam o fato de que os ingredientes que
compõem <i>A democracia</i> são muitos e variados. Alguma coisa deve o livro
ao ambiente em que se movimentava Tocqueville, particularmente ao panorama
intelectual e político da França de começo do século XIX. A obra revela os
estigmas da juventude e a educação do autor. Baseia-se nas intensas
experiências de primeira mão, que ele e Gustave de Beaumont (1802-1866) tiveram
dos Estados Unidos e do presidente Andrew Jackson (1767-1845). Responde, também,
às cartas e ensaios de amizades norte-americanas e europeias que lhe ajudaram;
a uma longa lista de materiais impressos; às opiniões e críticas de parentes e
amigos, que leram os primeiros rascunhos; às suas experiências na França
durante a redação de <i>A democracia</i>; responde, por último, às suas
crenças, dúvidas e ambições pessoais. No entanto, a narração da elaboração do
livro exige uma reavaliação geral dessas fontes e, ao mesmo tempo, coloca
questões mais específicas. Quando e em que medida determinados homens, livros
ou acontecimentos afetaram <i>A democracia</i>? As leituras de
Tocqueville e as suas conversas acerca dos diferentes temas, eram adequadas?
Como conciliava ele opiniões e informações contraditórias? Quais as fontes que,
em última instância, eram as mais importantes? Revelam os rascunhos ou
manuscritos de trabalho algumas raízes novas não suspeitadas?”. [Schleifer,
1980: 15-16]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Embora não se possa negar
essa complexidade, é possível se ter uma idéia geral da obra. O fato que mais
impressionou a Tocqueville no seu primeiro contato com a América foi, sem
dúvida, a igualdade da sociedade americana. Mas, ao mesmo tempo, o nosso autor
descobriu que se tratava de uma democracia alicerçada na defesa da liberdade.
Depois de ter salientado as principais características físicas da América do
Norte, Tocqueville passou a identificar as populações que, fugindo das
perseguições religiosas na Europa, vieram para a América a fim de tentar uma
nova forma de convívio religioso e político. A essa busca veio somar-se, no
sentir do nosso autor, a igualdade civil e política, garantida pela divisão da
terra desde o período colonial. Foram fatores que concorreram à prosperidade
das Colônias anglo-americanas e que se somaram a outras variáveis: os costumes
puritanos, a poupança, fruto do espírito de trabalho, bem como um certo
desleixo da Metrópole que, já adiantado o século XVIII, terminaria sendo
decisivo para o momento independentista [cf. Larousse, 1865a; 1865b; Friedman,
1956; Jardin, 1984; 1991; Mélonio, 1993].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A prática política e
administrativa das Colônias anglo-americanas terminou consagrando alguns
princípios que eram, em geral, desconhecidos dos países europeus, como a
participação direta do povo nos negócios públicos, notadamente nas comunas, o
voto livre dos impostos, a responsabilidade dos agentes do poder, a liberdade
individual e o julgamento pelo júri. Tocqueville destacou, no seu estudo, que,
enquanto a liberdade se desenvolvia na ordem civil e política na América, a
religião presidia no terreno moral, fundando os direitos sobre a base firme dos
deveres, eticamente justificados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Depois de o nosso autor ter
assinalado, de forma bastante detalhada, os efeitos sociais da igual partilha
da propriedade nas sucessões, passou a analisar a maneira em que,
paralelamente, a inteligência, também, estava mais ou menos distribuída de forma
equilibrada. Não encontrou Tocqueville, na América, grandes individualidades
que brilhassem pela sua inteligência, como na Europa. Mas constatou que o bom
senso e um nível básico de instrução estavam democraticamente distribuídos na
população do vasto país. Nos Estados Unidos, destacava ele, a soberania do povo
domina e, ainda, governa e ela se exerce pelo sufrágio universal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A União americana, destacava
o nosso autor, compõe-se de Estados, cada um dos quais se divide em comunas e
condados. No seu entender, a comuna parecia surgida das mãos de Deus, como
primeiro refúgio da liberdade e não dependia senão dela própria, em tudo que se
relacionasse ao convívio dos cidadãos. A comuna era enxergada, por Tocqueville,
como um foco de febril atividade social e de sadia emulação. O condado, por sua
vez, seria o equivalente do <i>arrondissement</i>
francês; caracteriza-se porque é puramente administrativo e judiciário, não é
eletivo e pauta juridicamente a ação das comunas. O governo americano,
considerava o nosso autor, age como a Providência, sem se revelar. O poder é,
sem dúvida, o auxiliar da lei. Mas o soberano é a lei mesma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sendo o poder respeitado no
seu princípio, justamente pelo fato de ser enxergado não como sobranceiro à
sociedade, mas como o seu instrumento, ele não era concebido pelos
anglo-americanos como algo que devesse se concentrar numa única mão, à maneira
do absolutismo europeu, mas como uma instância que deveria ser dividida, a fim
de que a sua ação se mitigasse. Tocqueville apontava, surpreendido, para o fato
de não existir, na América, nenhum centro geral da administração. O que não
significava que as decisões tomadas pelos poderes legitimamente constituídos
fossem fracas. Em nenhuma outra parte do mundo, considerava Tocqueville, a ação
governamental é mais poderosa, justamente porque brota do consenso da maioria.
O nosso autor não deixava de apontar para o risco da tirania da maioria, à qual
essa prática anglo-americana poderia dar ensejo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De outro lado, Tocqueville
observava que o poder judiciário ocupa um lugar de destaque na sociedade
americana. A sua influência estende-se da ordem civil à política. Aos atributos
que, em todas partes, caracterizam a ação da Justiça, juntava-se, na América, o
de exercer um controle indireto sobre os outros poderes, alicerçado na
interpretação da Constituição, mais do que das leis, mas somente em casos
particulares.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Depois de ter exposto a
organização civil, jurídica e política do Estado, Tocqueville passava a
examinar a Constituição Federal da União. O nosso autor achava interessante se
adentrar no espírito que animava a essa Carta, bem como nas relações das
instituições políticas federais. A unidade política reside nas atribuições
soberanas assinaladas à União. A unidade judiciária é constituída por uma corte
suprema que interpreta as leis e que faz o papel de mediadora nos conflitos
entre os Estados; o princípio da independência dos Estados é representado pelo
Senado; a Assembléia dos representantes encarna o dogma da soberania nacional.
Ao poder legislativo, o Senado junta o poder judiciário e político. Já o poder
executivo é vigiado, mas não dirigido, pelo Senado e personifica-se no
Presidente, a fim de que a sua responsabilidade seja mais completa. O primeiro
mandatário está munido com o poder do veto suspensivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A prática, aceita pela
Constituição americana, da reeleição do Presidente, coloca-o, no sentir de
Tocqueville, a serviço do despotismo da maioria. O único motor de todo esse
mecanismo é o povo. Sob o império da organização comunal, do sufrágio universal
e do tribunal do júri, o povo se administra a si mesmo, na América, faz e
aplica as leis. Os partidos que, nos sufrágios, fossem relegados à categoria de
minoria política, renunciam à prática da violência e assumem o compromisso de
tentar vencer os seus adversários, mediante a persuasão e a prática
parlamentar. O nosso autor assinalava dois caminhos que permitiam, ao povo
americano, se movimentar e se agitar: a liberdade de imprensa e o espírito de
associação. Mas é a liberdade de associação que parece ser o princípio vital:
ela se aplica a tudo, desde as decisões mais comezinhas da vida civil, até aos
atos mais importantes da soberania nacional. O nosso autor chamava a atenção
para o fato de que a mutabilidade da administração e da legislação eram
conseqüência do governo eletivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O princípio do mandato
imperativo, adotado nos Estados Unidos, parecia a Tocqueville estimular o
despotismo da maioria, mal que o autor apontava como ameaça para o futuro da
liberdade americana. Esse despotismo, no sentir dele, corre o risco de
instaurar o reino da mediocridade e paralisar os espíritos. Nem o dramaturgo Molière
(1622-1673) nem o moralista Jean de La Bruyère (1645-1696) poderiam pensar e
escrever livremente acerca do ridículo dos políticos ou dos vícios do povo
americano, caso fossem cidadãos dos Estados Unidos. Esse despotismo, contudo,
aponta Tocqueville, é temperado pelos costumes em geral, pela divisão do poder,
pela ausência de qualquer centralização administrativa, pela influência dos
advogados, bem como pela ação do tribunal do júri. O nosso autor se perguntava
se as leis e os costumes políticos imperantes na América, seriam suficientes
para manter vivas as instituições democráticas, em qualquer outro lugar do
planeta. Responde afirmativamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tocqueville traçava um
quadro bem dramático do relacionamento entre os três grupos raciais presentes na
América: os índios, os negros e os brancos. Em relação aos índios, destacava,
com perplexidade, que, justamente no país em que a liberdade dos cidadãos fez
mais progressos, “os selvagens da América do Norte só tinham dois meios de
escapar à destruição: a guerra ou a civilização”. Já que os aborígines não
podiam fazer a guerra, em decorrência da sua evidente inferioridade numérica e
técnica, Tocqueville analisava esta paradoxal questão: “por que não desejam
civilizar-se, quando o poderiam fazer, e não mais o podem quando chegam a
desejá-lo?”. O nosso pensador desenhava, com cores sombrias, outrossim, o
futuro da problemática do negro. De forma irônica, numa sociedade em que tinha
se realizado o ideal da igualdade, “o preconceito dos brancos contra os negros
parece tornar-se mais forte à medida que se destrói a escravidão”. E, numa
espécie de premonição acerca do futuro das relações internacionais no século
XX, previa que russos e americanos elevar-se-iam até o primeiro lugar no
contexto de todas as nações, pois um desígnio secreto da Providência os chamava
a partilhar, um dia, o império do mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Logo após ter estudado a
influência geral que a democracia tinha sobre o desenvolvimento intelectual,
moral, civil e político da sociedade americana, em face das outras sociedades
da época, e após ter identificado as virtudes e os vícios da mesma, o nosso
autor passava à conclusão do seu estudo. O individualismo, solidamente
alicerçado na prática do livre exame, converteu-se em traço marcante da
sociedade americana. No entanto, essa caraterística foi mitigada pelo
influência da religião, que se estruturou separada da ordem política. As
grandes verdades morais, destarte, conservaram o seu salutar império.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas Tocqueville apontava, na
sua conclusão, um paradoxo: a sociedade americana professava, paralelamente, um
grande amor ao conforto e ao bem-estar material. Esse confronto entre religião
e materialismo, talvez se encontre solucionado graças à mediação, na sociedade
americana, da ética do trabalho. O trabalho produtivo, quaisquer que fossem as
condições em que era praticado, tinha alta relevância social. Na América,
destacava o nosso autor, a indústria e o comércio predominam sobre a
agricultura. Emerge daí uma aristocracia manufatureira que não chegaria,
contudo, a ter a independência das antigas aristocracias de origem nobre, mas
que possui grande destaque na opinião pública, em virtude do fato de
contribuir, de forma definitiva, ao acréscimo da riqueza do país. No que tange
à organização familiar, impressionava ao nosso autor o fato de que a tutela
paterna, nos Estados Unidos, fosse abandonada facilmente. As crianças são, do
ponto de vista social, quase iguais aos pais. Não se observam, na sociedade
americana, esses traços de acentuado paternalismo do chefe de família, que se
encontravam nas sociedades europeias do século XIX. Inferior na sociedade, a
mulher, nos Estados Unidos, é elevada ao nível do homem, na intimidade. A noção
de honra está, de outro lado, em franca decadência. O amor ao lucro sobrepõe-se
ao espírito militar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">Diante
dos graves problemas da democracia apontados na obra, Tocqueville não escondia
as contradições presentes na sociedade americana. A mais importante delas, já
mencionada, o risco do despotismo da maioria. Esse perigo era tanto menos
forte, na América, quanto grande era, nessa sociedade, a tradição de defesa da
liberdade. O nosso autor, evidentemente, chamava a atenção para o fato de tal
risco ser maior numa sociedade que se esqueceu de lutar, ardentemente, pela
liberdade, como a francesa do período da monarquia de Luís Filipe (1773-1850).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2CxSpLast" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">Na
chamada <i>Segunda Democracia</i>, Tocqueville debruçava-se sobre aspectos
mais abstratos. Quatro grandes problemas chamaram a atenção do nosso autor: em
primeiro lugar, a influência da democracia sobre o movimento intelectual, nos
Estados Unidos [Tocqueville, 1977: 321-382]. Em segundo lugar, a influência da
democracia sobre os sentimentos dos americanos [Tocqueville, 1977: 383-426]. Em
terceiro lugar, a influência da democracia sobre os costumes propriamente ditos
[Tocqueville, 1977: 427-510] e, por último, a influência que as idéias e os
sentimentos democráticos exercem sobre a sociedade política [Tocqueville, 1977:
5121-542]. No último item desta exposição, quando trate acerca dos problemas da
democracia segundo Tocqueville, será ampliado este ponto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aron debruçou-se, com
dedicação, sobre a obra de Tocqueville, tendo-a estudado em <i>Les étapes de la pensée sociologique</i>.
Não há dúvida, segundo Aron, de que os dois principais escritos tocquevillianos
são a <i>Démocratie en Amérique</i>, bem como <i>L'Ancien Régime et la
Révolution</i>. Se no
primeiro encontramos desenhada, de forma completa, a arquitetura do que seria o
edifício democrático dos tempos modernos, no segundo Aron descobre a crítica
mais sistemática de Tocqueville às deformações sofridas, na França, pelo ideal
democrático.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No que tange à <i>Démocratie
en Amérique</i>, Aron
centra a sua análise no método sociológico utilizado pelo autor. Tocqueville é,
sem dúvida, em matéria de sociologia, discípulo de Montesquieu. Utiliza, como
seu inspirador, dois métodos sociológicos: um, descritivo, que lhe permite
identificar o espírito da nação americana nas suas várias manifestações; outro,
analítico e conceitual, com ajuda do qual aprofunda no problema da democracia
nas sociedades modernas. "Há em Tocqueville, - frisa Aron - como em
Montesquieu, dois métodos sociológicos, sendo que um leva ao retrato de uma
coletividade singular, e o outro coloca o problema histórico abstrato de um
certo tipo de sociedade" [Aron, 2000:214].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A utilização desses dois
métodos sociológicos teve, para Tocqueville, um duplo resultado: em primeiro
lugar, colocou-o entre os autores clássicos (Aristóteles e Montesquieu, por
exemplo), que misturam as suas análises das várias formações sociais, com
juízos de valor sobre as mesmas, conferindo, ao estilo da ciência social, uma
abrangência genérica mais do gosto do grande público; em segundo lugar, ficou
por fora da assepsia sociológica da tradição francesa, iniciada por Comte (1798-1857)
e Durkheim (1858-1917), que impede, a qualquer preço, a formulação de juízos de
valor. Apesar disso, ou talvez mesmo por causa da sua ousadia, a análise
tocquevilliana conserva a sua atualidade, se colocarmos o nosso autor em face
de dois grandes pensadores sociais do século XIX: Marx (1818-1883) e Comte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A propósito deste ponto,
escreve Aron, destacando a sua preferência por Tocqueville: "Na visão
sociológica de Tocqueville, as desigualdades de riqueza, por maiores que sejam,
nunca contradizem a igualdade fundamental das condições, característica das
sociedades modernas. É verdade que, numa determinada passagem, Tocqueville
indica que, na sociedade democrática, voltará a se constituir uma aristocracia,
por meio dos líderes industriais. No conjunto, porém, não acredita que a
indústria moderna leve a uma aristocracia. Prefere pensar que as desigualdades
de riqueza tenderão a se atenuar à medida que as sociedades modernas se tornem
mais democráticas. Crê, sobretudo, que as fortunas industriais e mercantis são
muito precárias para originar uma estrutura hierárquica durável. Em outras
palavras, ao contrário da visão catastrófica e apocalíptica do desenvolvimento
do capitalismo, própria do pensamento de Marx, Tocqueville sustentava, desde
1835, a teoria semi-entusiástica, semi-resignada, mais resignada do que
entusiástica, do <i>welfare state, </i>ou do
aburguesamento generalizado".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">"É interessante -
conclui Aron - confrontar essas três visões, a de Comte, a de Marx e a de
Tocqueville. Uma era a visão organizadora daqueles que hoje chamamos de
tecnocratas; a outra, a visão apocalíptica dos que, ontem, eram
revolucionários; a terceira, a visão mitigada de uma sociedade em que cada um
possui alguma coisa, e em que todos, ou quase todos, estão interessados na
conservação da ordem social. Pessoalmente, creio que, dessas três visões, a que
mais se aproxima das sociedades europeias ocidentais dos anos sessenta, é a de
Tocqueville. Para ser justo, é preciso acrescentar que a sociedade europeia dos
anos trinta tinha uma tendência a se aproximar da visão de Marx. Resta em
aberto, portanto, a questão de saber qual das três visões se parecerá mais com
a sociedade européia dos anos noventa" [Aron, 2000: 206-207].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VI - Despotismo e democracia na França,
segundo Tocqueville e Aron</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <i>L’Ancien Régime et la Révolution</i> corresponde, na agitada vida
intelectual de Tocqueville, à obra da maturidade. A sua elaboração foi, no
espírito do nosso autor, um bálsamo para
as feridas morais causadas pela atividade política. Tocqueville opôs-se,
decididamente, ao golpe de estado desfechado pelo presidente Luís Napoleão
(1808-1873), em 2 de dezembro de 1851. Junto com outros membros ilustres da
Câmara dos Deputados foi preso e conduzido, já doente, a Vincennes. Tão grande
foi o desagrado que causou a Tocqueville esse atentado do absolutismo que, como
frisa André Jardin [1988: 369] “(...) jamais perdoou ao seu autor a afronta
feita à representação nacional e a perda das liberdades públicas”. <i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Assim exprimia Tocqueville o seu repúdio à aventura
militarista, em carta dirigida a um conterrâneo seu, em 14 de dezembro de 1851:
“O que acaba de acontecer em Paris é abominável, no fundo e na forma, e quando
se conheçam os detalhes, parecerão ainda mais cruéis que todo o acontecimento.
Quanto a este, já se encontrava em germe desde a revolução de fevereiro, como o
pintinho no ovo; para fazê-lo sair, não faltava mais do que o tempo necessário
de incubação. A partir do momento em que se viu aparecer o socialismo, devia
ter-se previsto o reino dos militares. Um geraria o outro. Eu esperava isso há
algum tempo e, embora sinta muita pena e dor pelo nosso país, e uma grande
indignação contra certas violências ou baixarias, que vão além do aceitável,
estou pouco surpreendido ou perturbado interiormente. (...). Neste momento, a
nação está com medo louco dos socialistas e deseja, ardentemente, voltar a
encontrar o bem-estar; é incapaz, digo-o com pena, e indigna de ser livre. (...).
É necessário que a nação, que tem esquecido desde há 34 anos o que é o
despotismo burocrático e militar (...) o prove de novo e, desta vez, sem o
ornato da grandeza e da glória” [apud Jardim, 1988: 369].<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Tendo abandonado a vida pública, segundo escreve André Jardin
[1988: 389; 1984: 460], Tocqueville “encontra, na preparação ativa da obra
projetada, o melhor remédio para a profunda tristeza que o invadia e, muito
rapidamente, entrega-se a essa tarefa com paixão”. A defesa da liberdade,
ameaçada pelo binômio despótico socialismo/militarismo, eis o verdadeiro motivo
que levou Tocqueville a essa apaixonada luta. Motivo, aliás, que está presente
na sua restante obra. Eis um testemunho claro dessa ampla motivação liberal, no
prólogo de <i>L’Ancien Régime</i> [Tocqueville, 1988a: 93-95; 1989: 46-47]:
“Alguns hão de acusar-me de mostrar, neste livro, um gosto muito intempestivo
pela liberdade, a qual, segundo me dizem, é algo com que ninguém mais se
preocupa na França. Só pedirei àqueles que me fariam esta censura, lembrar-se
que esta tendência é muito antiga em mim. Há mais de vinte anos, falando de uma
outra sociedade, escrevia quase textualmente o que vão ler aqui”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> “No meio das trevas do futuro, continua Tocqueville, já
podemos descobrir três verdades muito claras. A primeira é que, em nossos dias,
os homens estão sendo levados por uma força desconhecida, que temos a esperança
de poder regular e abrandar, mas não de vencer, e que os impele suave ou
violentamente a destruir a aristocracia. A segunda é que, em todas as
sociedades do mundo, aquelas que sempre
encontrarão as maiores dificuldades para escapar, por muito tempo, ao governo
absoluto, serão precisamente estas sociedades onde não há mais e não pode haver
uma aristocracia. A terceira é que em nenhum lugar o despotismo poderá produzir
efeitos mais nocivos do que neste tipo de sociedade, porque mais do que
qualquer outra espécie de governo, ele
favorece o desenvolvimento de todos os vícios, aos quais estas
sociedades são especialmente sujeitas, e assim as empurra em uma direção à qual
uma inclinação natural já as fazia pender”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextCxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;"> “Só
a liberdade - conclui o nosso autor -
pode combater, eficientemente, nesta espécie de sociedades, os vícios
que lhes são inerentes e pará-las no declive por onde deslizam. Com efeito, só
a liberdade pode tirar os cidadãos do isolamento no qual a própria
independência de sua condição os faz viver, para obrigá-los a aproximar-se uns dos outros, animando-os e
reunindo-os, cada dia, pela necessidade de entender-se e de agradar-se
mutuamente, na prática de negócios comuns. Só a liberdade é capaz de
arrancá-los ao culto do dinheiro e aos pequenos aborrecimentos cotidianos (...),
para que percebam e sintam sem cessar a pátria, acima e ao lado deles. Só a
liberdade substitui, vez por outra, o amor ao bem-estar por paixões mais
enérgicas e elevadas, fornece à ambição objetivos maiores que a aquisição das
riquezas e cria a luz, que permite enxergar os vícios e as virtudes dos homens.
(...). Eis o que eu pensava e dizia há vinte anos. Tenho de confessar que,
desde então, nada aconteceu no mundo que me levasse a pensar e falar
diferentemente. Tendo demonstrado a boa opinião que eu tinha da liberdade, num
tempo em que alcançou o apogeu, não acharão ruim que nela eu persista quando a
abandonam”. Trata-se, sem dúvida alguma, de uma profissão de fé liberal, que
constitui o ponto de partida de toda a obra tocquevilliana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextCxSpLast" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">
O período de maturação de <i>L'Ancien Régime et la Révolution</i>
foi longo. Encontramos, aliás, um paralelismo muito significativo no processo
de elaboração das duas grandes obras de Tocqueville. <i>La Démocratie en Amérique</i>
foi precedida de longas reflexões que se estenderam de 1825 a 1835 e que, após
a viagem de nove meses à América, tornaram-se mais sistemáticas. Em relação a <i>L’Ancien
Régime</i>, Tocqueville pensou nos temas centrais da obra entre 1836 e
1850; neste último ano, ele amadureceu o projeto. Esses longos períodos de
meditação prévia guiaram-no na elaboração do trabalho. Foram o momento de
acúmulo de experiências e de conhecimentos sobre os quais o nosso autor se
debruçou, para dar forma acabada às suas obras [cf. Jardim, 1984: 456-457].<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O plano detalhado de <i>L’Ancien Régime et la Révolution</i>
foi elaborado em dezembro de 1850, em Sorrento, na Itália, onde Tocqueville
permaneceu até março de 1851, se recuperando de uma crise de tuberculose,
doença que lhe causaria a morte anos mais tarde, em 1859. Ao longo de 1852, o
nosso autor começou o seu trabalho de busca e organização de documentos, tendo
realizado, também, uma enquete na Normandia. O trabalho de documentação
continuou em 1853 em Tours, onde o nosso autor estudou os Arquivos da
Intendência relativos ao século XVIII. Em 1854, entre os meses de julho e
setembro, Tocqueville viajou à Alemanha, onde, em Bonn principalmente, estudou
as características do feudalismo. Ao longo de 1855, o autor deu forma final à
obra, que apareceu publicada, em junho de 1856, pelo editor Michel Levy, de
Paris.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Frisei atrás que o período de maturação de <i>L’Ancien
Régime</i> foi longo. Efetivamente, já em 1836, encontramos Tocqueville
preocupado com os temas básicos da obra, conforme revela o artigo que publicou,
a pedido de John Stuart Mill (1806-1873), na <i>London and Westminster Review</i>,
sob o título de “Political and social condition of France”, que constituiu o
primeiro trabalho de Tocqueville como historiador da França, e que foi,
posteriormente, publicado em francês sob o título de “État social et politique
de la France avant et depuis 1789” [Tocqueville, 1988b; cf. Mélonio, 1988: 11].<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Qual foi o método seguido pelo nosso autor em <i>L’Ancien
Régime</i>? Poderíamos caracterizá-lo como de gênese histórica. As
nações, como os organismos, possuem uma espécie de código genético que as
caracteriza. Mesmo que aconteçam grandes movimentos revolucionários, não se
perde a identidade primordial. As mudanças e as revoluções acontecem
essencialmente vinculadas a essa identidade. Por isso, para entender a França
de 1789, a França revolucionária, era necessário, no sentir de Tocqueville,
interrogar a França do Antigo Regime. Ao estudar a França revolucionária,
Tocqueville escreve, no Prefácio de<u> </u><i>L’Ancien Régime</i> [1988a: 87-88;
1989: 43]: “Eu tinha a convicção de que, sem sabê-lo, (os franceses) retiveram
do antigo regime a melhor parte dos sentimentos, dos hábitos e das próprias
idéias que os levaram a conduzir a Revolução que o destruiu e que, sem querer,
serviram-se de seus destroços para construir o edifício da nova sociedade. De
modo que, para bem compreender tanto a Revolução como sua obra, era preciso
esquecer, por um momento, a França que vemos e interrogar, no seu túmulo, a
França que não existe mais. É o que tenho tentado fazer aqui”.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Essa idéia aparece clara em outros lugares do Prefácio, como,
por exemplo, aqui: “À medida que progredia neste estudo, admirava-me ao rever,
em todos os momentos da França dessa época, muitos traços que impressionam na
França de hoje. Reencontrava um sem-número de sentimentos, que pensava nascidos
da Revolução, um sem-número de idéias, que até então achava oriundas
exclusivamente dela, mil hábitos que só a ela são atribuídos, e por toda parte
encontrava as raízes da sociedade atual profundamente implantada nesse velho
solo. Quanto mais me aproximava de 1789, percebia, mais distintamente, o
espírito que fez a Revolução formar-se, nascer e crescer. Via, pouco a pouco,
desvendar-se, aos meus olhos, toda a fisionomia desta Revolução. Já anunciava
seu temperamento, seu gênio: era ela própria. Lá não só descobria a razão do
que ia fazer no seu primeiro esforço, mas talvez, ainda mais, o anúncio do que
devia fundar com o tempo”. [Tocqueville, 1988a: 90; 1989: 44].<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;"> Um pouco mais adiante, o nosso autor
afirma: “(...) a Revolução teve duas fases bem distintas: a primeira, durante a
qual os franceses parecem abolir tudo que pertenceu ao passado; e a segunda,
onde nele vão retomar uma parte do que nele deixaram. Há um grande número de
leis e hábitos políticos do antigo regime que desapareceram assim,
repentinamente, em 1789, e que aparecem novamente alguns anos mais tarde, como
certos rios que se afundam na terra para reaparecer um pouco mais adiante,
mostrando as mesmas águas a novas margens” [Tocqueville, 1988a: 90; 1989: 44].<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O modelo teórico que inspirou <i>L’Ancien Régime</i><b> </b>foi a obra de Montesquieu intitulada: <i>Considérations
sur les causes de la grandeur des Romains et de leur décadence</i>. Em
relação a este ponto, André Jardin [1984: 460] escreve: “(...) Montesquieu
tinha uma tarefa mais cômoda, ao trabalhar sobre uma história longínqua, livre
de todos os fatos secundários, enquanto, para uma época recente, e um período
de dez anos, os fatos determinantes ficam atrelados aos detalhes”. Ainda
segundo Jardim [1984: ibid.], Tocqueville pretendia realizar, na sua obra,
“(...) um misto de história e de filosofia da história, intimamente ligadas”.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A obra divide-se, nitidamente, em três grandes partes: a)
essência, finalidade e efeitos da Revolução Francesa; b) raízes da Revolução
Francesa no Antigo Regime; c) como se desenvolveu o processo revolucionário.
Qual foi o fenômeno fundamental observado por Tocqueville na vida política da
sociedade francesa da segunda parte do século XVIII? Sem dúvida alguma que esse
fenômeno consistiu na centralização. O nosso autor não deixa de constatar essa
descoberta com surpresa: “(...) Um estrangeiro - escreve [Tocqueville, 1988a:
89] - ao qual fossem liberadas hoje todas as correspondências confidenciais que
estavam contidas nos bilhetes do ministério do interior e das prefeituras,
saberia muito mais sobre nós do que nós mesmos. No século XVIII, a
administração pública já era (...) muito centralizada, muito poderosa,
prodigiosamente ativa. Vê-la-íamos ajudar sem cessar, impedir, permitir. Ela
tinha muito para prometer e muito para dar. Ela influenciava já de mil
maneiras, não somente no andamento geral dos negócios, mas também na sorte das
famílias e na vida privada de cada homem. De resto, ela permanecia sem
publicidade, o que fazia com que as pessoas não tivessem medo de vir a expor,
aos seus olhos, até as doenças mais secretas”. <i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O que mais incomodava ao nosso autor era o efeito político
que o centralismo terminara causando na sociedade francesa: o despotismo. O
centralismo tirava da sociedade a sua iniciativa e a transformava em eterno
menor de idade perante o Estado todo-poderoso. O grande mal causado à França
pelo centralismo era antigo, no sentir de Tocqueville. A substituição paulatina
do velho direito consuetudinário germânico pelo direito romano, situava-se nas
origens de todos os males e era como que a fonte jurídica do processo
centralizador que se alastrou, depois, a todos os aspectos da vida social. O
despotismo é, na sua essência, centralizador. Acaba com as solidariedades
locais e torna insensíveis os cidadãos às comuns desgraças e necessidades. O
nosso autor descreve, de forma detalhada, o efeito deletério do despotismo,
naquelas sociedades que, como a francesa, foram niveladas pelo centralismo
avassalador do rei e dos seus intendentes.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A propósito, escreve [Tocqueville, 1988a: 93-94; 1989:
46-47]: “Não havendo mais entre os homens nenhum laço de castas, classes,
corporações, família, ficam por demais propensos a só se preocuparem com os
seus interesses particulares, a só pensar neles próprios e a refugiar-se num
estreito individualismo, que abafa qualquer virtude cívica. Longe de lutar
contra esta tendência, o despotismo acaba tornando-a irresistível, pois tira
aos cidadãos qualquer paixão comum, qualquer necessidade mútua, qualquer
vontade de um entendimento comum, qualquer oportunidade de ações em conjunto,
enclausurando-os, por assim dizer, na vida privada. Já tinham a tendência a
separar-se: ele os isola; já havia frieza entre eles: ele os congela”.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O nosso autor prossegue, no mesmo texto, com a descrição das
desgraças causadas pelo despotismo centralizador: “Neste tipo de sociedades
onde nada é fixo, cada um sente-se constantemente aferroado pelo temor de
descer e o ardor de subir e como o dinheiro, ao mesmo tempo que lá se tornou a
marca principal que classifica e distingue os homens, também adquiriu uma singular
mobilidade, passando sem cessar de mãos em mãos, transformando a condição dos
indivíduos, elevando ou rebaixando as famílias, quase não há mais ninguém que
não tenha de fazer um esforço desesperado e contínuo para conservá-lo ou
adquiri-lo. A vontade de enriquecer a qualquer preço, o gosto pelos negócios, o
amor ao lucro, a procura pelo bem-estar e os prazeres materiais, lá são,
portanto, as paixões mais comuns. Estas paixões facilmente espalham-se em todas
as classes, penetram mesmo naquelas até então mais alheias e conseguiriam,
rapidamente, enervar e degradar a nação inteira, se nada viesse pará-las. Ora,
faz parte da própria essência do despotismo favorecê-las e espalhá-las. Estas
paixões debilitantes ajudam-no, desviam e ocupam a imaginação dos homens,
mantendo-os longe dos negócios públicos, e fazem que a simples idéia de
revolução os faça tremer. Só o despotismo pode fornecer-lhes o segredo e a
sombra, que colocam a cupidez à vontade e permitem angariar lucros desonestos,
ao desafiar a desonra. Sem ele teriam sido fortes, com ele reinam”.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Tão deletério, para a constituição política de um povo, é o
despotismo, no sentir de Tocqueville, que chega até se esconder sob a aparência
de honestidade da vida privada, tolhendo o surgimento de bons cidadãos. “As
sociedades democráticas que não são livres - escreve nosso autor [Tocqueville,
1988a: 95; 1989: 47] - podem ser ricas, refinadas, adornadas e até magníficas e
poderosas, graças ao peso de sua massa homogênea; nelas podemos encontrar
qualidades privadas, bons pais de família, comerciantes honestos e
proprietários dignos de estima; nelas veremos até mesmo bons cristãos, pois a
pátria daqueles não é deste mundo e a glória de sua religião é produzi-los, no
meio da maior corrupção dos costumes e debaixo dos piores governos: o Império Romano, na sua extrema decadência,
estava repleto deles. Mas o que nunca se verá em sociedades semelhantes, ouso
dizê-lo, são grandes cidadãos e, principalmente, um grande povo, e não tenho
medo de afirmar que o nível comum dos corações e dos espíritos não cessará
nunca de baixar, enquanto houver a união da igualdade e do despotismo”.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Pareceria, do exposto, que a liberdade é a condição menos
natural ao homem e que o despotismo é o clima que melhor responde à sua
natureza. Nada mais falso, no sentir de Tocqueville. A busca da liberdade é
essencial ao ser humano. O despotismo ocorre, portanto, contrariando as tendências
naturais humanas. Somente vinga ali onde o déspota quer, com mão de ferro, toda
a liberdade para si e desconhece esse direito aos demais. A respeito, o nosso
autor escreve [Tocqueville, 1988a: 95-96; 1989: 47]: “Qual o homem com uma
natureza tão baixa que preferiria depender dos caprichos dos seus semelhantes,
que seguir as leis que ele próprio contribuiu a estabelecer, caso considerasse
que a sua nação tinha as virtudes necessárias para fazer bom uso da liberdade?
Acho que este homem não existe. Até os déspotas não negam a excelência da
liberdade. Somente que a querem só para eles e supõem que todos os outros não
são dignos dela. Assim não é sobre a opinião que se deve ter sobre a liberdade,
que existem divergências, e sim sobre a menor ou maior estima em que se tem os
homens. E é assim que se pode dizer, a rigor, que o gosto mostrado para o
governo absoluto está em relação exata com o desprezo que se tem para com o seu
país”.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O que Tocqueville afirmava do centralismo despótico,
aplicava-se, em primeiro lugar, à França revolucionária. Em que pese o fato das
juras libertárias dos jacobinos, no entanto a Revolução terminou sendo
deglutida pelos velhos hábitos centralizadores e despóticos. O nosso autor
cita, para confirmar esta apreciação, as palavras que Mirabeau (1749-1791) escrevia secretamente ao
rei, menos de um ano depois de ter eclodido a Revolução: “Comparemos o novo
estado das coisas com o antigo regime; lá nascem os consolos e as esperanças.
Uma parte dos atos da Assembléia Nacional - a mais considerável – é,
evidentemente, favorável ao governo monárquico. Não significará nada ser sem
parlamento, sem governo de Estado, sem corpo de clero, de privilegiados, de
nobreza? A idéia de formar uma só classe de cidadãos teria agradado a Richelieu
(1585-1642): esta superfície igual facilita o exercício do poder. Alguns reinos
de um governo absoluto não teriam feito tanto em prol da autoridade real quanto
este único ano de Revolução” [apud Tocqueville, 1989: 56].<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Arguto e crítico observador do fenômeno revolucionário,
Tocqueville comenta as palavras de Mirabeau, destacando o caráter cosmético da
Revolução de 1789, no que tange ao despotismo centralizador. O processo
revolucionário fez ruir um governo e um reino, mas sobre as suas cinzas, ergueu
um Estado muito mais poderoso que o anterior. “Como o objetivo da Revolução
Francesa - escreve o nosso autor
[Tocqueville, 1989: 56-57] - não era
tão-somente mudar o governo, mas também abolir a antiga forma de sociedade,
teve de atacar-se, ao mesmo tempo, a todos os poderes estabelecidos, arruinar
todas as influências reconhecidas, apagar as tradições, renovar os costumes e
os hábitos e esvaziar, de certa maneira, o espírito humano de todas as idéias
sobre as quais se assentavam, até então, o respeito e a obediência. Daí provém
o seu caráter tão singularmente anárquico”.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> “Mas afastemos estes resquícios - prossegue Tocqueville - e perceberemos um poder central imenso, que
atraiu e engoliu, em sua unidade, todas as parcelas de autoridade e influência
antes disseminadas numa porção de poderes secundários, de ordens, de classes,
profissões, famílias e indivíduos, por assim dizer espalhados em todo o corpo
social. Não se tinha visto no mundo um poder semelhante desde a queda do
Império Romano. A Revolução criou esta nova potência ou, melhor, esta saiu das
ruínas feitas pela Revolução. Os governos que fundou são mais frágeis, é
verdade, porém são cem vezes mais poderosos que qualquer um daqueles que
derrubou. (...). Foi desta forma simples, regular e grandiosa que Mirabeau já
entrevia, por trás da poeira das velhas instituições meio destruídas. Apesar de
sua grandeza, o objeto ainda era invisível para os olhos da multidão: mas,
pouco a pouco, o tempo foi expondo este objeto a todos os olhares”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quatro idéias centrais Aron
destaca em <i>L'Ancien Régime et la Révolution.</i> A primeira consiste no fato
de a Revolução Francesa ter se apresentado como uma grande revolução religiosa.
Daí a sua radicalidade, bem como a sua universalidade. Considera que
Tocqueville colocou, aqui, um tema definitivo para compreender os processos
revolucionários do futuro. "Esta coincidência de uma crise política com
uma espécie de revolução religiosa - frisa Aron - é, ao que parece, uma das
características das grandes revoluções das sociedades modernas. Aos olhos de um
sociólogo da escola de Tocqueville, a Revolução Russa de 1917 tem, igualmente,
a mesma característica de ser uma revolução de essência religiosa. Creio que é
possível generalizar a proposição: toda revolução política assume certas
características de revolução religiosa, quando pretende ser universalmente
válida e se considera o caminho da salvação para toda a humanidade" [Aron,
2000: 217].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A segunda idéia que Aron
destaca em <i>L'Ancien Régime</i> é a que já tinha sido enunciada por Guizot e
que, conforme reconhece Plekhánov (1856-1918), seduziu ao próprio Marx: os
atores da política moderna já não são os indivíduos, mas as classes sociais. A
respeito, escreve Aron: "Para esclarecer seu método, Tocqueville
acrescenta: <i> Falo de classes; só elas devem ocupar a
história.</i> Esta frase é textual, e estou certo, contudo, de que se uma
revista a publicasse com a pergunta: <i>quem
a escreveu?</i>, quatro entre cinco pessoas responderiam: Karl Marx. As classes
cujo papel decisivo é evocado por Tocqueville são: a nobreza, a burguesia, os
camponeses e, secundariamente, os operários" [Aron, 2000: 217]. Mesmo que
Tocqueville não tenha formulado uma completa sociologia das classes sociais,
não podemos negar a força sugestiva do seu pensamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A terceira idéia é que a
centralização não é uma fenômeno novo na França do período revolucionário: ela
já tinha acontecido ao longo do Ancien Régime, por força do centripetismo da
administração monárquica, solidamente costurada ao redor dos <i>intendentes do Rei</i>. "Sem dúvida -
frisa Aron - a França do Antigo Regime apresentava extraordinária diversidade
provincial e local, em matéria de legislação e regulamentação; contudo, a
administração real dos intendentes tornava-se, cada vez mais, a única força
eficaz" [Aron, 2000: 218].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A quarta idéia ressaltada
por Aron na análise tocquevilliana do processo revolucionário é que ao
centralismo real correspondia, na sociedade francesa, o insolidarismo das
classes, que lhes tirava a força para lutar pela liberdade. Parece-me, aqui,
que Aron não enfatiza devidamente a carência da representação política, que já
tinha sido salientada como a grande causa da falta de força do tecido social,
por autores como Madame de Staël, nas suas <i>Considérations sur la Révolution Française</i>,
bem como por Benjamin Constant de Rebecque nos seus <i>Principes de Politique</i>
e pelo próprio Guizot na sua <i>Histoire de la Civilisation Européenne</i>.
Porque não houve, na França, um processo de construção da representação de
interesses de baixo para cima (ao contrário do que Tocqueville observou na
América, onde a representação emerge da <i>comuna</i>
e percorre, gradativamente, todo o organismo social), as classes permaneceram
dispersas e incapazes de se contraporem ao centripetismo real. Seja como for,
Aron afirma a respeito: "Tocqueville faz uma descrição puramente
sociológica do que Durkheim tinha chamado de desintegração da sociedade
francesa. Não havia unidade entre as classes privilegiadas e, de modo mais
geral, entre as diversas classes da nação, devido à carência de liberdade
política. Subsistia uma separação entre os grupos privilegiados do passado, que
tinham perdido sua função histórica, mas conservavam seus privilégios, e os
grupos da nova sociedade, que desempenhavam um papel decisivo, mas permaneciam
separados da antiga nobreza" [Aron, 2000: 219]. <i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VII - Repercussão passada e presente da
meditação de Tocqueville.</span></i></b><b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A publicação do primeiro
volume da <i>Démocratie en Amérique</i> granjeou a Tocqueville o reconhecimento
da sociedade francesa. O nosso autor passou a ser convidado habitual dos salões
mais exclusivos de Paris, como o da duquesa de Dino (que era frequentado pelo
velho Talleyrand, além de importantes figuras como Royer-Collard, Berryer e o
duque de Noailles); outros salões por ele frequentados foram o de Madame
D’Arguesseau, o de Madame Ancelot, o de Madame Récamier, situado em
L’Abbaye-au-Bois, etc.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">Nada
melhor para auferir a repercussão da obra de Tocqueville na sua época, do que
transcrever o parecer da Academia Francesa, quando da premiação do nosso autor,
em 1836. O porta-voz da Academia, Abel-François Villemain (1790-1870), afirmou
no seu discurso [apud Pierre Larousse, 1865a: vol. 6, pg. 408]: “Encontram-se
reunidas aí a grandeza da matéria, a novidade das pesquisas, a elevação das
perspectivas. De qualquer ângulo que se considere, o governo e a sociedade dos
Estados Unidos são um problema curioso e inquietante para a Europa. Discutir
esse problema, analisar esse novo mundo, mostrar as suas analogias com o nosso
e as suas insuperáveis diferenças, ver transplantadas ao seu lugar de origem e
desenvolvidas, num alto grau de crescimento, algumas das teorias que agitam a
Europa e julgar assim o que, mesmo no meio de uma natureza feita expressamente
para elas, falta ao seu sucesso ou tangencia a duração e as torna de entrada
impossíveis, eis sem dúvida uma das mais graves lições que poderia dar o
publicista amigo da humanidade, e tais são os resultados involuntários ou buscados
do trabalho de Monsieur de Tocqueville. (...). Uma das belas caraterísticas do
seu livro é a de ser um protesto contra toda iniquidade social, de qualquer um
que a autorizar (...). Hábil apreciador dos grandes princípios da imprensa
livre e do júri, lamenta-se de vê-los às vezes esvaziados na América, por essas
correntes uniformes de opinião, que ele chama de despotismo intelectual da
maioria e, por esse caminho, indica como seria conveniente um tipo de governo
mais concentrado, menos popular para beneficiar esses mesmos princípios e lhes
conferir força, encontrando neles apoio. Tal é o livro de Monsieur de
Tocqueville. O talento, a razão, a amplitude de visão, a firme simplicidade do
estilo, um eloquente amor ao bem caracterizam esta obra, não deixando à
Academia a esperança de coroar tão cedo outras obras semelhantes”. Apreciação
positiva, não há dúvida, mas cautelosa. Nada de projeções diretas da análise
tocquevilliana sobre a realidade francesa da época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Apreciação ponderada, porém
mais aberta às suas teses fundamentais, fez da obra de Tocqueville, no Brasil,
Paulino Soares de Souza (1807-1866), visconde de Uruguai [1960: 343-418]. O
grande estadista do Império valorizava em <i>Démocratie en Amérique</i>, a defesa
da descentralização administrativa entre os americanos. Mas considerava que
essa prática, tal como existia nos Estados Unidos, pressuponha uma tradição
política que era alheia ao Brasil. O <i>self-government</i>,
não sendo uma praxe decantada na realidade brasileira, mal poderia ser um
pressuposto no nosso meio, a fim de nele alicerçar a descentralização
administrativa. No entanto, considerava Paulino [1960: 418], “há muito o que
estudar e aproveitar nesse sistema, por meio de um esclarecido ecletismo.
Cumpre porém conhecê-lo a fundo, não o copiar servilmente como o temos copiado,
muitas vezes mal, mas sim acomodá-lo com critério, como convém ao país (...).
Cumpre distinguir, acuradamente, quais sejam esses negócios para evitar
confusão, usurpações e conflitos, e, a respeito deles, dar mais largas ao <i>self government</i> entre nós, reservada
sempre ao poder central aquela fiscalização e tutela que ainda mais
indispensáveis são em países nas circunstâncias do nosso”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A obra de Alexis de
Tocqueville, neste século, somente começou a ser valorizada na França a partir dos
anos cinquenta. Segundo Françoise Mélonio [1993], pode-se distinguir três
momentos na releitura que os franceses têm feito da obra de Tocqueville, ao
longo do século XX: em primeiro lugar, os anos cinqüenta, época em que Raymond
Aron estimula uma reflexão sobre os regimes, centrada na leitura da primeira <i>Démocratie
en Amérique</i>. Em
segundo lugar, os anos sessenta, período no qual os sociólogos, filósofos e
etnólogos focalizam a segunda <i>Démocratie</i>, aprofundando a concepção tocquevilliana acerca da cultura
democrática. Em terceiro lugar, os anos setenta a noventa, período no qual
François Furet (1927-1997) e o grupo dos seus colaboradores (entre os quais se
situa Françoise Mélonio), reunidos no Centre de Recherches Politiques Raymond
Aron (ligado à École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris), deram a <i>L’Ancien
Régime et la Révolution</i> um lugar de destaque na interpretação da
história da França.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A respeito do significado
desse triplo enfoque por parte dos estudiosos franceses, Françoise Mélonio
[1993: 274] escreve: “Três leituras que se sucedem, mas que também se
inter-relacionam, pois pertencem ao mesmo universo intelectual. Todas nascem de
um encontro frutífero com a cultura americana e colocam, como cerne da reflexão,
a comparação entre Europa e América; todas elas buscam reintroduzir a liberdade
como critério central nas ciências sociais, que se tinham constituído na
hipertrofia de uma positividade cega”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Raymond Aron, lembra com
propriedade Françoise Mélonio, considerava que as sociedades ocidentais se
polarizaram, ao longo do século XX, ao redor de dois modelos de democracia: o
totalitário, que seguiu as pegadas de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e que
terminou sendo encampado pelo pensamento de Marx, e o liberal, herdeiro dos
ensinamentos de Tocqueville. Ao passo que o primeiro modelo seduziu a
intelectualidade européia até os anos trinta, o segundo passou a ser valorizado
quando foram sentidas as catastróficas conseqüências do totalitarismo, ao longo
das décadas de 40 e 50.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A indiscutível atualidade de
Tocqueville, na cultura francesa hodierna, decorre, com certeza, da sua defesa
incondicional da liberdade no contexto da tradição democrática. A respeito,
Françoise Mélonio [1993: 304] conclui: “A obra de Tocqueville tem um alcance
diferente pelo fato de ser um elo na história do liberalismo, depois de
Montesquieu ou Constant e antes do liberalismo democrático moderno. (...). A
obra de Tocqueville nos interessa, pois, menos pela linhagem na qual se insere,
do que pelo seu exotismo. Aristocrata por instinto e democrata por razão, na
encruzilhada das duas culturas, a americana e a francesa, Tocqueville tem sido
o esquecido da nossa tradição democrática”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Poderíamos afirmar que, no
universo luso-brasileiro hodierno e no mundo ibero-americano em geral, o
pensamento de Tocqueville também merece aprofundado estudo, toda vez que
descobrimos - como fez o grande pensador
na França do século XIX - a falência do
democratismo patrimonialista e do marxismo, e passamos a valorizar uma versão
de democracia consentânea con o exercício da liberdade e o funcionamento das
instituições do governo representativo. De forma semelhante a como a reflexão
de Tocqueville sobre a sociedade e as instituições americanas iluminou a trilha
pela qual deveria enveredar a França no segundo pós-guerra, graças ao esforço
de Raymond Aron atrás apontado, também podemos aproveitar a análise
tocquevilliana acerca da democracia na América e no Velho Mundo, para
encontrarmos o caminho que devemos trilhar, neste início de milênio, na
caminhada rumo à plena vida democrática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIII - Os problemas da democracia moderna segundo
Tocqueville e Aron.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como foi apontado no início
deste capítulo, Alexis de Tocqueville e Raymond Aron pertencem à mesma escola
de pensadores que foi denominada, na França do século XIX, de "liberais
doutrinários". Tanto um quanto outro dão continuidade à reflexão/ação
iniciada pelos precursores desse "estilo" de pensar a política desde
dentro, Madame de Staël e Benjamin Constant de Rebecque. Ambos os pensadores,
Tocqueville e Aron, retomam a herança dos doutrinários propriamente ditos, cujo
representante foi Guizot (que influiu de forma eminente no Brasil na
"geração de homens de mil", identificada com Paulino Soares de Sousa
e demais estadistas do Segundo Reinado). Tanto no que se refere à forma de
pensar, fugindo dos dogmatismos que pretendem dizer a última palavra, quanto na
maneira como se relacionam com o mundo dos fatos históricos, Tocqueville e Aron
reproduzem as caraterísticas marcantes dos <i>doutrinários</i>
franceses. Poderíamos dizer que o ponto marcante desse estilo de pensar
consiste no engajamento. Não se trata de pensar a política como categoria
abstrata. Também não é aceito o mergulho total na corrente da história, como se
ela já estivesse predefinida pela roda cega do destino. Tocqueville e Aron
encaram a história como soma de acontecimentos que, em parte, escapa à nossa
ação, como tendência que não podemos ignorar e que herdamos dos séculos
passados, mas que, de outro lado, pode ser abordada à luz da razão para lhe
identificar os traços marcantes e influir no rumo da mesma, com o intuito de
preservar a liberdade. Devemos tentar compreender a história. Mas é nosso
dever, também, influir nela, através da nossa participação consciente e
sistemática nos fatos mutáveis, para tornar as instituições mais acordes com o
ideal da dignidade humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ora, essa participação, esse engajamento para
corrigir os rumos da história e garantir a liberdade, processa-se, tanto para
Tocqueville como para Aron, no contexto da atividade que no século XIX
identificou-se como ação dos <i>publicistas</i>.
Ou seja, mediante a participação direta no debate político, no parlamento ou na
imprensa. Sabemos que Tocqueville optou pela primeira forma de participação,
tendo deixado de lado, logo nos primeiros anos da sua vida profissional, o
exercício da magistratura e sendo a sua ação no terreno da imprensa bastante
limitada, embora tivesse tentado fundar um jornal para melhor firmar o seu
ponto de vista político. Mas o importante a ser destacado é que a meditação
tocquevilliana de longo curso esteve finalizada por essa preocupação prática,
de tentar encontrar, para os Franceses, o caminho adequado à defesa da
liberdade, no exercício da democracia. A rápida passagem de Tocqueville pelas
funções de governo, quando da sua indicação para integrar o gabinete como
ministro das Relações Exteriores da França, esteve claramente marcada pela
preocupação doutrinária de tentar pôr em prática uma política meditada à luz dos
princípios liberais por ele defendidos [cf. Jardin, 1984: 267-440].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O engajamento doutrinário de Aron acontece,
sobretudo, na imprensa, atividade para a qual o pensador francês acordou,
quando da sua participação na direção da Revista <i>La France Libre</i>, que
apoiava a luta dos aliados contra o regime hitlerista. Pode-se dizer que a ação
doutrinária de Aron estendeu-se à cátedra universitária e aos seus escritos
sistemáticos, pois tanto numa quanto noutros encontramos a preocupação
fundamental de debater os grandes temas da democracia no mundo contemporâneo,
visando abrir um caminho, na França, para a defesa da democracia liberal, em
face da capitulação da intelectualidade diante do marxismo. O cerne da oposição
entre Aron e o seu amigo de juventude, Jean-Paul Sartre, situa-se nesse
contexto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tocqueville e Aron encaram a democracia
moderna destacando, de um lado, os principais riscos que a ameaçam e, de outro,
assinalando os caminhos pelos quais pode ser defendida a liberdade, por parte
dos intelectuais engajados na defesa desta. Da leitura da segunda <b><i> </i></b><i>Démocratie en Amérique</i> de
Tocqueville e, no que tange a Raymond Aron, da <i>République impériale - Les
États-Unis dans le monde (1945-1972)</i> ressalta a coragem de ambos os
pensadores na abordagem do problema da democracia moderna, na terceira década
do século XIX (Tocqueville) e no último quartel do século XX (Aron). Nenhum dos
dois faz concessões às modas intelectuais imperantes na sua época. Ambos
assinalam, com honestidade intelectual singular, os remédios a serem tomados
para defender a versão de democracia (a liberal) que salvaguarda a liberdade,
sem deixar de explicitar as perplexidades suscitadas por uma realidade
altamente complexa e em estado de constante mutação. E ambos professam, no meio
do fluir do rio da democracia, a sua fé inabalável na liberdade e na dignidade
humanas. Oportuna lição para estes tempos de angústia e perplexidade, em face
do novo inimigo que a todos ameaça, o terrorismo globalizado, diante do qual
não poucos capitulam nas várias opções do irracionalismo pós-moderno, que se
travestem de fanatismo religioso, de ressentimento terceiro-mundista, de
fundamentalismo político ou de mimetismo politicamente correto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tocqueville destaca, no final do seu segundo
volume da <i>Démocratie en Amérique</i>, que a democracia não é mais uma moda
no mundo moderno. Na trilha das lições do seu mestre, Guizot, no curso dado por
este na Sorbonne no final da década de 1820, Tocqueville considera que a
tendência democrática constitui a marca registrada dos novos tempos. Uma
variante que não foi objeto de escolha, mas que se impôs às sociedades europeias,
de maneira inevitável, pelo evoluir da própria história. A melhor maneira de os
Franceses prepararem-se para a democracia é canalizando-a pelo caminho da
defesa da liberdade. E aí o exemplo americano é importante. "Estou
convencido - frisa nosso autor no
capítulo VII da obra mencionada - de que fracassarão todos aqueles que, nos
séculos em que entramos, tentarem apoiar a autoridade sobre o privilégio e a
aristocracia. Fracassarão todos aqueles que desejarem atrair e conservar a
autoridade no seio de uma só classe. Hoje em dia, não há soberano bastante
hábil e bastante forte para fundar o despotismo restabelecendo distinções
permanentes entre seus súditos; assim também, não há legislador tão douto e tão
poderoso que esteja em condições de manter instituições livres se não tomar a
igualdade como primeiro princípio e como símbolo. Por isso, é preciso que todos
aqueles nossos contemporâneos que desejarem criar ou assegurar a independência
e a dignidade de seus semelhantes, se mostrem amigos da igualdade; e o único
modo de se mostrarem tais é serem tais: o êxito de sua sagrada empresa depende
disso. Assim, não se trata, absolutamente, de reconstruir uma sociedade
aristocrática, mas de fazer sair a liberdade do seio da sociedade democrática
onde Deus nos faz viver" [Tocqueville, 1992: 841].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O principal risco que Tocqueville enxerga
para as sociedades modernas é o fato de a consolidação da democracia enveredar
pelo caminho do despotismo. Esta opção apresenta-se como algo de democrático,
saído do voto popular. Os tutelados podem muito bem renunciar à sua liberdade,
alegando que elegeram, <i>à la<b> </b></i>Rousseau, o seu tutor. Ora, é
necessário denunciar com claridade esse risco. Eis as palavras de Tocqueville a
respeito: "(Os cidadãos) imaginam um poder único, tutelar, todo-poderoso,
mas eleito por eles mesmos. Eles confundem centralização e soberania popular.
Isso lhes traz uma certa tranqüilidade. Consolam-se de estar sob tutela,
imaginando que eles próprios escolheram os seus tutores. Cada indivíduo tolera
ser acorrentado, porque percebe que não é nem um homem nem uma classe, mas o
próprio povo que segura a extremidade da corrente" [Tocqueville, 1992:
838].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O despotismo, frisa Tocqueville, não aparece
nas grandes declarações constitucionais, mas disfarça-se nas medidas
administrativas do dia-a-dia. Por isso é fundamental, para a preservação da
democracia, desmontar esse tipo de atentado miúdo à liberdade, impedindo que os
administradores tomem conta da vida privada dos cidadãos. O caminho básico para
se defender a sociedade desse vício do despotismo administrativo, é reforçar a
soberania popular. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cinco iniciativas identifica Tocqueville que
devem ser postas em prática: o reforço às associações civis; o desempenho,
pelas instâncias civis locais, das funções administrativas nos municípios; a
liberdade de imprensa; a independência do poder judiciário em face dos outros
poderes públicos e a preservação das formas e dos ritos jurídicos. Ora, neste
terreno o nosso pensador retoma as lições de Benjamin Constant de Rebecque,
claramente expostas na sua obra de 1806, intitulada <b><i> </i></b><i>Principes de politique</i><b> </b>[Constant, 1997]<b><i>, </i></b>na qual destaca-se o
princípio de que a soberania popular não constitui um dogma universal que deva
acorrentar a vida dos cidadãos, mas é-lhe assinalado um claro limite: somente
vale no relacionado à organização do Estado e das relações políticas. O
princípio da soberania popular deve deixar intocada, portanto, a vida privada
dos cidadãos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As providências assinaladas por Tocqueville
constituem, no sentir dele, os grandes reptos dos legisladores nas democracias
modernas. A respeito, afirma: "Assinalar ao poder social amplos limites,
mas visíveis e imóveis; dar aos particulares certos direitos e lhes garantir o
gozo indiscutível desses direitos; assegurar ao indivíduo o pouco de
independência, de força e de originalidade que lhe restam; reerguê-lo ao lado
da sociedade e sustentá-lo em face dela: tal parece-me ser o primeiro objetivo
do legislador na época em que nos encontramos" [Tocqueville, 1992: 848].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A meditação de Raymond Aron segue as pegadas
abertas por Tocqueville. Interessa-lhe, sobretudo, a discussão acerca dos riscos
que a liberdade sofre no contexto das democracias contemporâneas, notadamente
na França. A Europa, após as duas Guerras Mundiais, terminou perdendo fôlego na
defesa da liberdade, embalada pelo ambiente do "politicamente
correto". Aron lamenta, especialmente, a claudicação da intelectualidade
francesa diante do comunismo. Para ele, como para Tocqueville, a História não
está totalmente pré-determinada. É evidente que recebemos das épocas passadas
tendências contra as quais seria infantil nos levantarmos. Mas, em face do que
é fato consumado, há um horizonte de alternativas ainda não configuradas, nas
quais abre-se espaço à liberdade. É aí que deve dar-se o nosso combate em prol
da democracia liberal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No lusco-fusco do confronto entre as forças
profundas da História e as circunstâncias variáveis, deve intermediar a nossa
ação livre. "Nós nos fazemos pelas decisões que tomamos - frisa Aron no
seu depoimento na Universidade de Brasília, em 1980, acerca da sua atitude em
face da Segunda Guerra Mundial -. E, na época, perseguidos pelo
nacional-socialismo e pelo risco de uma França nacional socialista, eu dizia
que se engajar numa política determinada é se engajar no seu próprio destino,
pois a política, que nos períodos tranquilos é um divertimento para os homens
políticos, nos períodos sérios, trágicos, implica que a decisão de cada um seja
uma decisão existencial sobre si mesmo, sobre seu destino, sobre o que ele quer
saber e sobre o que ele será. Essa filosofia histórica não era nem Hegel, pois
eu não acreditava no saber absoluto, nem Marx, pois eu não acreditava na
totalidade histórica, eu acreditava nos determinismos parciais mas não nas
determinações do conjunto da sociedade, a partir das forças ou das relações de
produção; não era nem Spengler (...) porque eu mantinha a esperança de uma
humanidade una, logo, de uma história una, e eu me recusava a acreditar na
impossibilidade de comunicação entre as culturas. Foi, pois, com esta teoria da
ação política que eu enfrentei o período da guerra" [Aron, 1981: 66]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aron não pretende resolver, de maneira
teórica, o conflito entre moral e política. Para ele, é mais importante buscar
a forma de preservar a dignidade humana nas decisões concretas a serem tomadas.
O teórico puro faz abstração desta problemática e, à maneira dos
enciclopedistas do século XVIII, imagina um tipo de homem que não existe. Em
face do mundo da política, cabe ao homem de estudos se fazer a seguinte
pergunta: o que eu faria, se tivesse a responsabilidade política de tomar uma
decisão, em face destas circunstâncias concretas? Não adianta dizer
comodamente: "essa não é a minha função. Eu devo somente pensar".
Essa é, para Aron, a atitude dos acadêmicos, em geral. O seu conflito com a
Universidade radicou, justamente, nesse engajamento. "Eu já estava,
digamos - frisa Aron - um pouco marginalizado na Universidade francesa, pois eu
vivia, ao mesmo tempo, na Universidade e no mundo" [Aron, 1981: 64].
Mahoney destacou esse traço doutrinário de Aron, da seguinte forma: "Ele
oferece um poderoso antídoto à tentação da política literária ou metafísica. Os
seus escritos ilustram a fecundidade de uma aproximação sociológica, que fica
próxima dos fenômenos da verdadeira vida política. A sua vida e a sua obra
constituem uma impressionante manifestação das possibilidades intelectuais e da
grandeza moral inerentes ao raciocínio político e à sabedoria prática"
[Mahoney, 1998: 16].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para equacionar o grave problema da afirmação
da liberdade no mundo contemporâneo, é necessário conhecê-lo em profundidade, a
fim de descobrir os espaços que nele persistem para a construção de uma
sociedade democrática e liberal. Aron retoma o projeto tocquevilliano de estudo
das sociedades democráticas, para identificar as tendências que se desenham
nelas. Nesse contexto situa-se o interesse de Aron pelo estudo das sociedades
industriais, que constitui parte essencial da sua obra. A propósito, afirma, no
seu depoimento na Universidade de Brasília, que representa uma espécie de
testamento filosófico, pois viria a falecer três anos depois, em 1983:
"Vocês sabem, as últimas páginas de Tocqueville são consagradas às
sociedades democráticas do futuro. As sociedades democráticas do futuro, dizia
ele, serão necessariamente democráticas porque o desenvolvimento em direção à
igualdade das pessoas é irresistível, porém é possível que as sociedades
democráticas sejam, umas liberais e prósperas e outras, despóticas e
miseráveis. A reaproximação entre os dois tipos de sociedade industrial e as
duas versões da sociedade democrática de Tocqueville, é preciso reconhecer,
estas duas comparações eram tentadoras e eu não resisti à tentação. Foi a
partir disto que tentei, se o posso dizer, elaborar uma teoria mais ou menos
rigorosa destes dois tipos de sociedade" [Aron, 1981: 71].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A meditação tocquevilliana, assim como a de
Aron, projetou-se, de forma sistemática, também sobre as relações
internacionais. Os dois pensadores franceses estão preocupados com as
perspectivas que se descortinam para o exercício da liberdade no mundo que
tiveram de viver, e também com os riscos que a cerceiam. As relações
internacionais constituem, para os dois pensadores, o pano de fundo ideal para
a tomada de consciência dos valores típicos em que ancora a cultura nacional.
Essa tendência de abertura já se desenha na meditação dos precursores dos
doutrinários, Madame de Staël e Constant de Rebecque. Lembremos apenas o grande
laboratório de confronto de culturas nacionais num ambiente de liberdade
intelectual que constituiu Coppet, de onde surgiria, certamente, a primeira
definição do que seria a cultura francesa, em face das culturas alemã e
inglesa. Vale a pena recordar que é nesse ambiente de abertura em que ancora a
formulação, por Constant, do termo <i>liberalismo</i>
como "atitude de vigilância crítica em face dos poderes e de uma ameaça de
retorno ao <i>antigo</i>" [Jaume, 1997:
14].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pois bem: tanto Aron quanto Tocqueville abrem
um capítulo importante, nas suas respectivas obras, para a meditação em torno
das relações internacionais, tendo como preocupação fundamental a defesa da
liberdade, ou do que viria a se chamar no século XX de "mundo livre".
Tocqueville deixou-nos precioso registro dessas reflexões no seu clássico livro
<i>La
Démocratie en Amérique</i>, nos seus discursos parlamentares, bem como
nos cadernos de viagens, publicados estes últimos sob o título genérico de <i>Voyages<u>
</u></i>[Tocqueville, 1991: 3-1594]. Os cadernos tocquevillianos abarcam as
observações feitas nas viagens à América, à Sicília, à Inglaterra, à Suíça e à
Argélia, bem como o esboço de uma obra sobre a Índia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aron concentrou o seu pensamento sobre o tema
das relações internacionais em várias obras como <i>Les guerres en chaîne<b> </b></i>(Paris: Gallimard, 1951), <i>La
tragédie algérienne</i> (Paris: Plon, 1957), <i>Espoir et peur du siècle<b> </b></i>(Paris: Calmann-Lévy, 1957), <i>La
société industrielle et la guerre - Tableau de la diplomatie mondiale en 1958</i><b> </b>(Paris: Plon, 1959), <i>Paix
et guerre entre les nations</i> (Paris: Calmann-Lévy, 1962), <i>Le
grand débat: initiation à la stratégie atomique</i><b> </b>(Paris: Calmann-Lévy, 1963), <i>De Gaulle, Israël et les Juifs</i> (Paris: Plon, 1968), <i>Histoire et dialectique de la violence</i> (Paris: Gallimard, 1973),
<i>République
impériale. </i></span><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Les États-Unis dans le
monde 1945-1972</span></i><b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Paris: Calmann-Lévy, 1973), <i>Penser la guerre, Clausewitz. I: L'Âge
européenn, II: L'Âge planétaire</i> (Paris: Gallimard, 1976), <i>Playdoyer
pour l'Europe décadente</i> (Paris: Laffont, 1977) e <i>Mémoires,
50 ans de réflexion politique</i>
(Paris: Julliard, 1983).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para Tocqueville, as
relações internacionais, na modernidade, estão submetidas à tendência a um
progressivo desenvolvimento da igualdade. As duas nações que, no decorrer do
século XX, deveriam impor a sua dominação ao mundo, seriam aquelas em que a
igualdade tivesse se materializado de forma mais completa. Essas nações seriam
a Rússia e os Estados Unidos da América. Mas o desenvolvimento da democracia
percorreria caminhos diversos numa e noutra: na primeira, a igualdade seria
conquistada a partir da centralização ao redor de um poder absoluto: o
czarismo. Na segunda, desenvolver-se-ia a democracia alicerçada no exercício da
liberdade e do <i>self government</i>. De
outro lado, o nosso pensador considerava que as nações mais desenvolvidas
econômica, política e culturalmente puxariam as menos desenvolvidas. Isso
aconteceu, no contexto europeu, entre a Inglaterra e as nações do continente.
Isso acontecerá, também, nas Américas, sendo os Estados Unidos o polo
dinamizador desse processo de modernização.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tocqueville, aliás, era
otimista em relação à América Latina. Achava que o estado de atraso dos países
do continente seria transitório e que, assim como a Inglaterra conseguiu
influenciar positivamente nos países da Europa Continental na superação das
mazelas da pobreza e do autoritarismo, de forma semelhante os Estados Unidos
conseguiriam, mais cedo ou mais tarde, influenciar beneficamente nos seus
vizinhos do sul, fazendo surgir, neles, a valorização do trabalho, do
desenvolvimento e da democracia, dinamizando os elementos de civilização cristã
presentes nas tradições ibéricas. Antecipava o grande pensador francês a
proposta da Aliança do Livre Comércio das Américas, que hoje os Estados Unidos
tentam implementar na América Latina. Tocqueville talvez possa se aproximar da
idéia de Nisbet [1969] no sentido de que as mudanças sociais não obedecem
apenas a fatores endógenos, mas que são implementadas fundamentalmente por
influências exógenas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vale a pena citar as
palavras de Tocqueville a respeito, extraídas da última parte da primeira <i>Démocratie
en Amérique</i> (capítulo X sobre as três raças que habitam nos Estados
Unidos): "Os espanhóis e os portugueses fundaram, na América do Sul,
grandes colônias que posteriormente se transformaram em impérios. A guerra
civil e o despotismo desolam, hoje em dia, aqueles vastos territórios. O
movimento da população se detém e o reduzido número de homens que os habita,
preocupado com o cuidado de se defender, apenas experimenta a necessidade de
melhorar sua sorte. Mas não será possível ocorrer sempre assim. A Europa,
entregue a si mesma, chegou pelos seus próprios esforços a vencer as trevas da
Idade Média; a América do Sul é cristã como nós; tem as nossas leis, os nossos
costumes; encerra todos os germes das civilizações que se desenvolveram no seio
das nações europeias e de seus rebentos; a América do Sul tem, mas do que nós,
o nosso exemplo: por que há de permanecer bárbara para sempre?"<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">"Trata-se,
evidentemente, neste caso, de uma questão de tempo: uma época mais ou menos
distante chegará, em que os sul-americanos formarão nações florescentes e
esclarecidas. (...). Não poderíamos duvidar que os americanos do norte da
América venham a ser chamados a prover um dia às necessidades dos
sul-americanos. A natureza os colocou perto deles. Forneceu-lhes, assim,
grandes facilidades para conhecer e julgar as suas necessidades, a fim de
estabelecer com aqueles povos relações permanentes e para se apoderar
gradualmente do seu mercado. O comerciante dos Estados Unidos só poderia perder
essas vantagens naturais se fosse muito inferior ao comerciante da Europa.
Acontece que é, pelo contrário, superior a este em muitos pontos. Os americanos
dos Estados Unidos já exercem grande influência moral sobre todos os povos do
Novo Mundo. É deles que partem as luzes. Todas as nações que habitam o mesmo
continente já se habituaram a considerá-los como os filhos mais esclarecidos,
mais poderosos e mais ricos da grande família americana. Constantemente voltam
os seus olhares para a União e, na medida do possível, assemelham-se aos povos
que a compõem. Todos os dias vão buscar nos Estados Unidos doutrinas políticas
e tomar-lhes leis emprestadas".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">"Os americanos dos
Estados Unidos estão, perante os povos da América do Sul, precisamente na mesma
situação que seus pais ingleses perante os italianos, os espanhóis, os
portugueses e todos aqueles povos da Europa que, sendo menos adiantados em
civilização e indústria, recebem das suas mãos a maior parte dos objetos de
consumo (...)" [Tocqueville, 1992: 471-473]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O arrazoado de Raymond Aron
em matéria de relações internacionais desenvolve-se a partir das linhas mestras
assinaladas por Tocqueville. O aspecto fundamental da sua teoria consiste no
paralelo que faz, de maneira sistemática, entre os dois modelos democráticos, o
alicerçado na liberdade (Estados Unidos) e o fundamentado no despotismo (União
Soviética). Aron dá um passo mais: analisa essa realidade bipolar, à luz da
categoria de <i>sociedade industrial</i>.
Eis a forma em que ilustra a bipolaridade entre as duas potências que
materializaram o ideal da igualdade, confirmando os traços gerais apontados
pela precursora e genial análise tocquevilliana: "(...) Todos nós
admitimos que a cena internacional tem sido dominada, desde 1945, por apenas
dois atores: as duas Superpotências, os Dois Grandes, os Supergrandes, os
Estados-Continentes (fiquemos com a denominação que mais nos agradar). Mas
acontece que esses irmãos-inimigos nada têm de semelhante: sociedade aberta e
sociedade fechada; oligarquia acessível ao público e oligarquia que se dissimula
por trás dos mistérios do Kremlin; Washington, que é capaz de tudo, menos de
guardar silêncio, e Moscou, onde a leitura da imprensa continua sendo para os
embaixadores estrangeiros a principal fonte de informação" [Aron, 1976:
9-10].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A metodologia seguida por
Aron ao elaborar a sua teoria das relações internacionais, segue de perto o
método de observação histórica seguido por Tocqueville. Nada de generalizações
que não possam ser confrontadas com uma observação detalhada e minuciosa dos
fatos históricos. Nada de categorias elaboradas de uma vez para sempre. Neste
ponto, Aron é discípulo de Weber e dos seus "tipos ideais". Eis a
forma em que Aron explica o seu método: "Em decorrência dos excessos e
lacunas de nossa documentação, devido à heterogeneidade dos Dois Grandes (cuja
rivalidade domina as relações interestatais do atual pós-guerra), devido também
à violência das paixões suscitadas por pessoas e fatos que pertencem ainda ao
nosso presente, ou a um passado que temos vivido como atores e não como simples
observadores... nem eu nem ninguém podemos pressupor que superaremos todos
esses obstáculos e escreveremos um livro científico e sereno. Além disso, não
possuo a formação do bom historiador (no sentido profissional do vocábulo), nem
os recursos de tempo e de dinheiro necessários para conseguir uma informação
exaustiva. Por tudo isso, limito-me a apresentar um <i>ensaio </i>ou um <i>esboço</i>;
ensaio que pretende ser <i>crítica</i>, e
não <i>relato</i>, da ação exterior dos
Estados Unidos" [Aron, 1976: 11].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aron destaca um fato novo e
paradoxal nas relações internacionais na década de 1970: a supremacia
americana. O nosso pensador enxergava maior dinâmica nos Estados Unidos, que
levaria esta nação a dominar o mundo, tendo inclusive chegado a prever, com
vinte anos de antecedência, a guerra do petróleo. O paradoxo da supremacia
americana decorre do fato de a União americana nunca ter pretendido, nos seus
primórdios, extrapolar os limites do continente por ela ocupado. Aron explicita
esse paradoxo da seguinte forma: "Pela primeira vez na história (assim
exprimiam-se os comentaristas há vinte e cinco anos), uma república elevou-se
ao primeiro lugar sem ter aspirado à glória de reinar. Como preço da sua
vitória, teve de se fazer cargo da metade do mundo, garantir a segurança dos
europeus - débeis demais ainda para se
defenderem por si sós - e se interessar por regiões inteiras do planeta que
estavam prestes a cair no caos" [Aron, 1976: 16]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa não era, certamente, a
percepção do general de Gaulle (1890-1970), que discernia, "entre os propósitos
idealistas do presidente F. Roosevelt (1882-1945), uma vontade de poder tanto
mais pronta a se afirmar quanto mais se ignorava a si mesma" [apud Aron,
1976: 17]. Também essa não era a percepção de Hegel, para quem os Estados
Unidos chegariam, no final do século XIX, a ser a grande potência do futuro:
"América do Norte - frisava o filósofo alemão - está ainda em estado de
esboço; quando, como na Europa, tenha parado o crescimento dos agricultores e
quando os seus habitantes, em lugar de se expandirem para fora, em direção a
novos campos, se voltarem em massa sobre si mesmos, em direção às indústrias e
ao comércio das cidades, e constituírem um sistema compacto, somente então
sentirão a necessidade de se converterem num Estado orgânico... Estados Unidos
é, pois, o país do porvir, e ali se manifestará, em tempos futuros, a
gravitação da história universal, talvez mediante o antagonismo entre América
do Norte e América do Sul. Num país de sonho para todos os que estão cansados
com o vaivém da velha Europa. Assim o expressou o próprio Napoleão: <i>Esta velha Europa me cansa</i>. Os Estados
Unidos devem se separar do terreno sobre o qual transcorreu até agora a
história universal" [apud Aron, 1976: 30].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aron considera que o pecado
dos americanos nas relações internacionais não consiste propriamente em ter
desempenhado a função de supremacia que a História lhes colocou nas mãos, mas
em não ter sido conscientes claramente dessa responsabilidade. Isso os conduziu
a administrar de forma pouco coerente a sua supremacia, tendo adotado atitudes
imperialistas em determinados momentos, o que não nega o importante papel
desempenhado por eles na libertação e posterior recuperação da Europa no
segundo pós-guerra. "A ação exterior dos Estados Unidos - frisa Aron - tem
pecado, não por anseio de poder, mas por inconsciência do papel que o destino
lhes impunha, durante o transcurso do meio século que medeia entre a sua guerra
contra Espanha, ocaso de um império cujos restos recolheram, a anexação das
Filipinas - imitação do imperialismo europeu, sentida popularmente como uma
falta, no duplo sentido da palavra - e a entrada na guerra contra o Japão e a
Alemanha, em dezembro de 1941" [Aron, 1976: 30].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A análise aroniana das
relações internacionais é permeada pela preocupação constante com a preservação
da liberdade, num mundo polarizado e agressivo em que muitos conspiram contra
ela. Poder-se-ia sintetizar da seguinte forma a sua contribuição à reflexão
nesse terreno: "Atuando na imprensa periódica e vivenciando diretamente o
problema da paz e da guerra, risco permanente na Europa em decorrência do
expansionismo soviético, Aron compreendeu que este é um tema privilegiado na
história do Ocidente e estudou-o com a profundidade que caracteriza as suas
análises nestes livros: <i>Paz e guerra entre as nações</i> e <i>Pensar
a guerra: Clausewitz<b>.</b></i>
Amostra expressiva do seu método de análise de temas da política cotidiana
encontra-se nos <i>Estudos políticos</i> (1971). No ambiente intelectual francês em
que viveu, Aron achava que a postura da intelectualidade francesa predispunha à
derrota diante da União Soviética. Marcara-o profundamente a capitulação de
Munique, quando o Ocidente consagrou a política de expansão de Hitler,
admitindo ilusoriamente que se deteria no projeto de <i>reconstituir</i> as fronteiras alemãs tradicionais no chamado Terceiro
Reich, e temia que a Europa se encaminhasse na direção do capitulacionismo
diante do despotismo oriental, simbolizado pelo Império Soviético. Entendia
também que o destino do Ocidente estava associado à Aliança Atlântica, onde
defendia a presença dos Estados Unidos. O essencial dessa pregação reuniu-o no
livro <i>Em defesa da Europa decadente</i> (1977). Aron é autor de uma
distinção importante entre o que designou como <i>liderança americana</i>, a que Estados Unidos tinham direito,
legitimamente, e o que chamou de <i>república
imperial</i>, comportamento a que o país tinha sido empurrado em certas
circunstâncias, por ambições imperialistas de correntes políticas ali
existentes, como foi o caso da intervenção no Vietnã. Por sua combatividade e
persistência, Aron conseguiu formar expressivo grupo de intelectuais liberais,
que deram curso à sua obra, após a sua morte, em 1983. Presentemente esse grupo
acha-se reunido em torno da revista <i>Commentaire</i>
e da Fundação Raymond Aron" [Paim, 2001].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-mirror-indents: yes; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<h1 align="left" style="text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">BIBLIOGRAFIA <o:p></o:p></span></b></h1>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">ARON,
Raymond [1948]. </span><b><i><span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">Introduction à la Philosophie de l'histoire - Essai
sur les limites de l'objectivité historique.</span></i></b><b><span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;"> </span></b><span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">Paris: Gallimard.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">ARON, Raymond [1950]. <b><i>La Philosophie critique de
l'histoire. - Essai sur une théorie allemande de l'histoire.</i> </b>2ª edição.
Paris: J. Vrin.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">ARON, Raymond [1961]. <b><i>Dimensions de la conscience
historique</i>.</b> </span><span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">Paris: Plon.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">ARON, Raymond [1966]. <b><i>La sociologie allemande
contemporaine</i></b>. 3ª edição. Paris:<u> </u>Presses Universitaires de
France.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">ARON, Raymond [1973]. <b><i>Histoire et dialectique de la
violence</i>.</b> </span><span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">Paris: Gallimard, Les Essais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">ARON, Raymond [1976]. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">La República
Imperial - Los Estados Unidos en el mundo (1945-1972).</span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">
</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Tradução ao espanhol, do
francês, a cargo de Demetrio Náñez). Madrid: Alianza Editorial.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">ARON,
Raymond. [1981]. "Raymond Aron por ele mesmo" (I) e (II). In: <b><i>Raymond
Aron na Universidade de Brasília - Conferências e comentários de um simpósio
internacional realizado de 22 a 26 de setembro de 1980. </i></b>(Edição
organizada por Carlos Henrique Cardim, Antônio Carlos Ayres Maranhão, Carla
Patrícia Frade Nogueira Lopes e outros).
Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1981: pg. 57-82.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">ARON,
Raymond [1985]. <b><i>Memorias. </i></b> (Tradução do
francês ao espanhol a cargo de Amanda Forns de Gioia). Madrid: Alianza
Editorial.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">ARON,
Raymond [1997]. <b><i>Introduction à la Philosophie politique - Démocratie et révolution</i></b>.
Paris: Éditions de Fallois, Le livre de poche.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">ARON,
Raymond [2000].<b><i> As etapas do pensamento sociológico. </i></b>(Tradução de Sérgio
Bath). 5ª edição. São Paulo: Martins Fontes.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">BOTANA,
Natalio R. [1984].<u> </u><b><i>La tradición republicana</i></b><u>.</u> </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">Buenos
Aires: Sudamericana<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">BOURRICAUD, François [1983]. "Préface",
in: Jean-Claude Lamberti, <b><i>Tocqueville et les deux démocraties. </i></b></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Paris: PUF, 1983, pgs. 1-8.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">CHEVALLIER,
Jean-Jacques [1973]. <b><i>As grandes obras políticas de Maquiavel a
nossos dias</i></b><u>. </u>(Prefácio de A. Siegfried; tradução de L.
Christina). 2ª edição. Rio de Janeiro: Agir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">CONSTANT
de Rebecque, Benjamin [1997]. <b><i>Principes de politique applicables à tous
les gouvernements (version de 1806-1810)</i></b><u>.</u> (Prefácio de Tzvetan
Todorov; edição preparada por Etienne Hofmann). </span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">Paris: Hachette<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">DRESCHER, Seymour [1992]. " 'Why Great
Revolutions Will Become Rare': Tocqueville's Most Neglected Prognosis". In<b><i>: The
Journal of Modern History.</i></b><u> </u>The University of Chicago Press, vol.
64, no. 3, pg. 429-454<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">FRIEDMAN, Francis [1956].<u> </u><b><i>Breve historia de los Estados
Unidos.</i></b><u> </u>Buenos Aires: Agora, vol. I.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">JARDIN, André [1984]. <b><i>Alexis de Tocqueville, 1805-1859.</i></b><u>
</u>Paris: Hachette. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Tradução
ao espanhol de R. M. Burchfield e N. Sancholle-Henraux). México: Fondo de
Cultura Económica, 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">JARDIN,
André [1991]. "Introduction et chronologie", in: Alexis de
Tocqueville, <b><i>Oeuvres, I. </i></b>(Edição publicada sob a direção de A. Jardin, com a
colaboração de F. Mélonio e L. Queffélec). Paris: Gallimard, pg. IX-LX, Pléiade<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">JAUME,
Lucien [1997]. <b><i>L'Individu effacé, ou le paradoxe du libéralisme français.</i></b>
Paris: Fayard.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">JAUME,
Lucien (organizador) [2000]. <b><i>Coppet, creuset de l'esprit libéral - Les
idées politiques et constitutionnelles du groupe de Madame de Staël. </i></b></span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">Colloque
de Coppet, 15 et 16 Mai 1998. ("Introduction: Le Groupe Coppet: pour
repenser la Modernité et le Libéralisme", a cargo de Lucien Jaume).
Aix-en-Provence: Presses Universitaires d'Aix-Marseille / Paris:
Economica. <i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">LAMBERTI, Jean-Claude [1983].<b><i>Tocqueville et les deux
démocraties</i></b><u>.</u> (Prefácio de F. Bourricaud). Paris: PUF.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">LAROUSSE, Pierre [1865a]. "Démocratie en
Amérique (De la)". </span><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">In: <b><i>Grand Dictionnaire Universel du XIXe.
Siècle. </i></b>Paris: Larousse, vol. 6, pg. 407-408.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">LAROUSSE, Pierre [1865b]. "Tocqueville
(Alexis-Charles-Henri-Clerel de)". In: <b><i>Grand Dictionnaire Universel du
XIXe. </i></b></span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Siècle.
</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Paris: Larousse,
vol. 15, pg. 254 seg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MACEDO,
Ubiratan e VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1996]. <b><i>Liberalismo doutrinário e
pensamento de Tocqueville.</i></b> Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho;
Londrina: Instituto de Humanidades. Curso de Introdução histórica ao
liberalismo, vol. 2.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MAHONEY,
Daniel J. [1998].<u> </u></span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">Le Libéralisme de Raymond Aron.</span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">
</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Tradução do inglês a
cargo de Laurent Bury). Paris: Éditions de Fallois / Goodbooks Foudation.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MÉLONIO,
Françoise [1988]. “Préface”, in: Alexis de Tocqueville, <b><i>L’Ancien Régime et la Révolution.</i></b>
(Préface, notes, chronologie et bibliographie par F. Mélonio). Paris:
Flammarion, pg. 7-37.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> MÉLONIO, Françoise [1991]. "Écrits
académiques - notice". In: Alexis de Tocqueville, <b><i>Oeuvres, I.</i></b> (Organizador,
André Jardin, com a colaboração de F. Mélonio e L. Queffélec). </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">Paris:
Gallimard, La Pléiade, pg. 1626-1634. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">MÉLONIO, Françoise [1993]. <b><i>Tocqueville et les Français.</i></b>
</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Paris: Aubier.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MONTAIGNE,
Michel de [1987]. <b><i>Ensaios I.</i></b> (Tradução de S. Milliet). 4ª edição. São Paulo: Nova
Cultural. Os Pensadores<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MONTAIGNE,
Michel de [1988]. <b><i>Ensaios II e III.</i></b> (Tradução de S. Milliet). 4ª edição. São
Paulo: Nova Cultural. Os Pensadores.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">MONTESQUIEU,
Charles-Louis de Secondat [1982]. <b><i>Do espírito das leis.</i></b> (Tradução de
F. H. Cardoso e L. Martins Rodrigues). Brasília: Editora da UnB; Rio de
Janeiro: Fundação Roberto Marinho.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">NISBET, Robert [1969]. <b><i>La formación del pensamiento
sociológico.</i></b> </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Tradução
ao espanhol a cargo de Enrique Molina de Vedia). Buenos Aires: Amorrortu, 2
vol.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">PAIM,
Antônio (Organizador)[1987]. <b><i>Evolução histórica do liberalismo.</i></b>
Belo Horizonte: Itatiaia.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">PAIM,
Antônio (Organizador) [2001]. <b><i>Dicionário das obras básicas da cultura
ocidental.</i></b> Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2002. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">PEYREFITTE,
Alain [1978]. <b><i>El mal latino. </i></b>(Versão espanhola de Pedro Debrigode). Barcelona: Plaza & Janés.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">PEYREFITTE,
Alain [1999]. <b><i>A sociedade de confiança. Ensaio sobre as origens e a natureza do
desenvolvimento. </i></b>(Tradução de Cylene Bittencourt; posfácio de Olavo de
Carvalho). Rio de Janeiro: Topbooks / Instituto Liberal.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent3CxSpFirst">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">PENNA, José Osvaldo de Meira [1987].
"O pensamento de Tocqueville", in: Antônio Paim (organizador). <b><i>Evolução
histórica do liberalismo</i></b>. Belo Horizonte: Itatiaia, pg. 45-56.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent3CxSpMiddle">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">REVEL, Jean-François [1992]. <b><i>L'absolutisme
inefficace ou le présidentialisme à la française.</i></b> </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">Paris:
Plon.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent3CxSpLast">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">REVEL,
Jean-François [1997]. <b><i>La grande parade. Essai sur la survie de
l'utopie socialiste.</i></b> Paris: Plon.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">ROSANVALLON, Pierre [1985].<b><i>Le moment Guizot.</i></b> </span><span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">Paris:
Gallimard.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">SCHLEIFER, James T. [1987]. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">Cómo
nació "La Democracia en América" de Tocqueville.</span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">
</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Tradução ao espanhol de
R. Ruza). 1ª edição. México: Fondo de Cultura Económica<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">SILVA,
Golbery do Couto e [1981]. <b><i>Conjuntura política nacional: O poder
executivo e geopolítica do Brasil. </i></b>2ª edição. Rio de Janeiro: José
Olympio. Documentos Brasileiros.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">SOUSA,
Paulino Soares de, visconde de Uruguai [1960]. <b><i>Ensaio sobre o direito
administrativo</i></b><u>.</u> (Apresentação de T. Brandão Cavalcanti). Rio de
Janeiro: Serviço de Documentação do Ministério da Justiça e Negócios Interiores<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">TOCQUEVILLE, Alexis de [s. d.] </span><b><i><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;">Quinze
jours au désert.</span></i></b><span lang="EN-US" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: EN-US;"> Paris: Éditions 14 Bis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">TOCQUEVILLE,
Alexis de [1977]. <b><i>A democracia na América.</i></b> (Tradução, prefácio e notas de N.
Ribeiro da Silva). 2ª edição, Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp.<u> </u><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">TOCQUEVILLE,
Alexis de [1988a]. </span><b><i><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">L ‘Ancien Régime et la Révolution.</span></i></b><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">
</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Prefácio, Notas e
Bibliografia elaborados por F. Mélonio). Paris: Flammarion<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">TOCQUEVILLE, Alexis de [1988b]. “État social et
politique de la France avant et depuis 1789”, In: <b><i>L’Ancien Régime et la Révolution.</i></b>
(Préface, notes, chronologie et bibliographie par F. Mélonio). </span><span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">Paris:
Flammarion, pg. 41-85.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">TOCQUEVILLE, Alexis de [1988c]. “Fragments sur la
Révolution: deux chapitres sur le Directoire”. In: <b><i>L’Ancien Régime et la Révolution.</i></b>
(Préface, notes, bibliographie et chronologie par F. Mélonio). Paris:
Flammarion, pg. 375-403. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">TOCQUEVILLE, Alexis de [1989]. </span><b><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Antigo Regime e a Revolução.</span></i></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> (Apresentação de Z. Barbu; introdução
de J. P. Mayer; tradução de Y. Jean). Brasília: Editora da Universidade de
Brasília; São Paulo: Hucitec.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">TOCQUEVILLE,
Alexis de [1991]. <b><i>Oeuvres, I.</i></b> (Introdução e cronologia elaborados por A. Jardin,
com a colaboração de F. Mélonio e L. Queffélec). Paris: Gallimard, La Pléiade.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">TOCQUEVILLE,
Alexis de [1992]. <b><i>Oeuvres, II.</i></b> (Edição publicada sob a direção de André Jardin,
com a colaboração de Jean-Claude Lamberti e James T. Schleifer). </span><span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">Paris:
Gallimard, La Pléiade.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">TOUCHARD, Jean [1972]<b><i>. Historia de las ideas
políticas.</i></b> </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(Tradução
ao espanhol de J. Pradera). </span><span lang="ES-CO" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-CO;">3ª edição. Madrid: Tecnos<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1993]. "La crítica de
Tocqueville al determinismo histórico", in: <b><i>Nueva Frontera,</i></b><u> </u>Santafé
de Bogotá, n. 964, pg. 18-19.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1997a] "A
problemática da pobreza segundo Alexis de Tocqueville". In <b><i>Carta Mensal</i></b>, Rio de Janeiro, vol.
43, no. 508, pg. 3-16. <i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-ansi-language: ES-TRAD;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1997b]. "A
problemática do liberalismo democrático no pensamento de Alexis de Tocqueville
(1805-1859)". In<b><i>: Carta Mensal,</i></b><u> </u>Rio de
Janeiro, vol. 43, no. 503, pg. 3-38. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1997c]. <b><i>Socialismo moral e socialismo doutrinário</i></b>.
Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho; Londrina: Instituto de Humanidades;
Brasília: Instituto Teotônio Vilela. Volume I da coleção A Social Democracia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1998a] <b><i>A democracia liberal segundo Alexis de
Tocqueville.</i></b> São Paulo: Mandarim / Instituto Tancredo Neves.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1998b]. "O liberalismo democrático segundo Alexis de
Tocqueville (1805-1859)". In: <b><i>Cultura,
Revista de história e teoria das idéias.</i></b> Lisboa, vol. X, segunda série, pg. 437-460.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1987]. <b><i>Instituições políticas brasileiras.</i></b>
4ª edição. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp; Niterói: Universidade
Federal Fluminense, volume 1. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">WEBER,
Max [1972]. <b><i>Ciência e política: duas
vocações.</i></b> (Prefácio de M. T. Berlinck; tradução de L. Hegenberg e O.
Silveira da Mota). São Paulo: Cultrix.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">WEHLING, Arno [1985].
"Tocqueville e a razão histórica", in: <b><i>Anais da IV Reunião da Sociedade
Brasileira de Pesquisa Histórica. </i></b>São Paulo: So</span>Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-17038874003734778242020-05-13T03:16:00.001-07:002020-05-13T03:16:14.489-07:00Pensadores Brasileiros - GILBERTO FERREIRA PAIM (1919-2013)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRPlUXigP-2hNY7oiaOK4efqPzAOsHtITGcsOm6DObzxuA2knmxUgUcOzFWkPQVOBAQ81u2pX97ybDqEjiK9oQJAlmagliShjhup49k0hTTK-VEdRpd248bRn9Cl27_smnu3m4byrf4k4s/s1600/GILBERTO+FERREIRA+PAIM.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRPlUXigP-2hNY7oiaOK4efqPzAOsHtITGcsOm6DObzxuA2knmxUgUcOzFWkPQVOBAQ81u2pX97ybDqEjiK9oQJAlmagliShjhup49k0hTTK-VEdRpd248bRn9Cl27_smnu3m4byrf4k4s/s1600/GILBERTO+FERREIRA+PAIM.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Gilberto
Ferreira Paim nasceu em Jacobina, Estado da Bahia, em 24 de Agosto de 1919 e
faleceu no Rio de Janeiro em 23 de Agosto de 2013, às vésperas, portanto, de
completar 94 anos. Iniciou o Curso de Direito em Salvador – Bahia, no início da
década de quarenta. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, ainda naquela
década, deu continuidade aos estudos jurídicos na Faculdade de Direito, mas não
concluiu. Não havia, na época, curso de Economia. Os economistas dessa geração
provinham geralmente das Escolas de Direito. Tendo despertado o interesse pela
matéria, inscreveu-se, na década de cinquenta, no concurso para receber o
título oferecido pelo Conselho Federal de Economia, com a tese intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A
dualidade básica da Economia brasileira.</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> </span>Esse era um tema estudado por um amigo seu, Inácio Rangel
(1914-1994) que mais tarde se destacaria como economista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Dedicou-se,
basicamente, à atividade como jornalista. Pertenceu, durante muitos anos, aos
quadros da Associated Press e também ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Correio da Manhã</span></i>, jornal que, na
época, gozava de grande prestígio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Desenvolveu laços de grande amizade com o
parlamentar e ministro Roberto Campos (1917-2001). Juntamente com ele concebeu
o Projeto Minerva, que estabeleceu uma parceria com a Universidade George
Washington, para oferecer cursos destinados a funcionários brasileiros da área
de finanças. Dedicou-se, também, ao Conselho Técnico da Confederação Nacional
do Comércio, no Rio de Janeiro, e durante largo período foi o editor da muito
prestigiada revista denominada <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Carta Mensal</span></i>, órgão do Conselho
Técnico da CNC.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Gilberto
Paim era irmão de outros dois grandes vultos da intelectualidade brasileira: o
médico Isaías Paim (1909-2004), um dos fundadores da psiquiatria no Brasil e o
filósofo e historiador das ideias Antônio Paim (1927-), membro também, como
fora Gilberto, do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Conheci
Gilberto Paim quando do meu ingresso no CNC, em 1993. Já sabia dele pelo seu irmão,
Antônio, meu amigo de décadas atrás. A impressão que, desde o início, me passou
Gilberto foi a de que era um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gentleman</i>,
no sentido cultural do termo, ou seja, alguém possuidor de nobreza de espírito,
um patriota que defendia os interesses da Nação brasileira, tendo a defesa da
liberdade e da tolerância como notas distintivas do seu comportamento. Era
movido a brasilidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Poucos
anos após a minha entrada no Conselho Técnico, recebi do Gilberto uma
correspondência em que sintetizava, item por item, as conferências que eu tinha
pronunciado no Conselho, em que pese o fato de ser um dos mais jovens membros
desse colegiado, sem possuir, evidentemente, os atributos de cultura dos outros
conselheiros. Na sua correspondência, Gilberto me animava para continuar com a
labuta de pesquisa das coisas brasileiras. Interpretei o seu gesto como pura
generosidade de sua parte e como um sinalizador, vindo de quem conhecia em
profundidade o Brasil, para continuar com um trabalho de pesquisa, que, na área
da filosofia e da história da cultura, estava sendo seriamente combatido pela
burocracia da Capes. Efetivamente, a mencionada agência do MEC tinha aberto a
artilharia contra os cursos de pós-graduação em Pensamento Brasileiro, sob a
batuta dos discípulos do padre Henrique Claudio de Lima Vaz, encastelados na
Comissão de avaliação dos Cursos de Pós-graduação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Deixo
aqui a minha nota de admiração e de saudade por essa figura ímpar que foi
Gilberto Paim, com quem felizmente estabeleci uma duradoura amizade que em
muito enriqueceu a minha vida de pesquisador da cultura brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
obra de Gilberto Paim é ampla e abarca vários aspectos da história econômica
brasileira. Neste artigo, me debruçarei sobre dois pontos que, a meu ver, são
essenciais no seu pensamento: em primeiro lugar, a avaliação do momento
pombalino e, em segundo lugar, a análise das influências desse momento no
século XX, no monopólio da Petrobrás e na reserva de mercado da informática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">I - Avaliação do
momento pombalino<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Uma
das contribuições mais importantes de Gilberto Paim consistiu na equilibrada
avaliação do momento pombalino. Os pontos básicos dessa avaliação encontram-se
na obra intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">De Pombal à abertura dos portos</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">.</span> <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sebastião
José de Carvalho e Mello, marquês de Pombal (1699-1782), não há dúvidas, foi
uma figura controversa. Essa ambiguidade decorre do caráter modernizador de que
se revestiu a sua obra. Decidiu tirar Portugal das sombras da Idade Média. E
dividiu as opiniões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Eis
a caracterização que Gilberto Paim faz dessa circunstância: “O passar do tempo
deu uma dimensão monumental ao marquês, cuja figura mítica é acompanhada por um
fervoroso cortejo de aderentes e simultaneamente combatida por uma ativa
agremiação de adversários. A força da personalidade política pombalina se
revela no calor que os portugueses põem no debate em torno de seu nome,
deixando a segura impressão de que o ministro continua entre os vivos com sua
filosofia, sua ideologia e seu programa expansionista e nacionalizante. Do terceiro
quartel do século XVIII aos nossos dias teria permanecido incólume, no
imaginário popular, o ambicioso espírito reformista com que Carvalho e Mello
marcou a sua presença na história. Diante de seu dinamismo à frente de um
governo que agiu com absolutismo ferrenho, a neutralidade é de todo improvável.
O objetivo de Pombal era superar os obstáculos que se antepunham à instauração
do Estado moderno. Com sua marcha inflexível nessa direção, ele sacudiu a vida
nacional de cima abaixo. E ao empenhar-se a fundo na tarefa de retirar Portugal
das teias da Idade Média, para coloca-lo no limiar da sociedade industrial, que
começava a organizar-se, o primeiro ministro de D. José I (1714-1777)
demonstrou uma capacidade administrativa hercúlea. Suscitou paixões e provocou
a divisão da sociedade lusa em dois campos: pró-marquês ou contra ele”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Destacarei,
a seguir, oito itens que, a meu ver, sintetizam a completa análise feita sobre
a obra do marquês por Gilberto Paim. Esses itens são os seguintes: 1 –
Avaliação positiva de Pombal pelos historiadores brasileiros e negativa, em
geral, por parte dos historiadores portugueses. 2 – Nacionalismo pombalino. 3 –
Novos métodos administrativos. 4 – Mercantilismo dirigido. 5 – Produção
dirigida. 6 – Monopólio da burocracia. 7 – Reserva de mercado. 8 – Crítica
liberal de Gilberto Paim ao pombalismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">1 – Avaliação
positiva de Pombal pelos historiadores brasileiros e negativa, em geral, por
parte dos historiadores portugueses.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">No
imaginário intelectual brasileiro, são escassas as críticas ao Pombal
modernizador. A maior parte dos nossos historiadores, considera Gilberto Paim,
defende a feição reformista do marquês, em decorrência do fato de que essa
posição em muito favoreceu a nossa independência de Portugal, ao permitir a
formação de uma elite ilustrada pela ciência moderna. Tivéssemos ficado sob as
asas tutoriais dos Jesuítas, certamente jamais teria acontecido a nossa
independência de Portugal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito da posição benévola dos historiadores brasileiros em face do marquês
reformista, frisa Gilberto Paim: “Não há convergência de opiniões entre os
historiadores portugueses e brasileiros. Em Portugal as correntes que denunciam
o absolutismo pombalino, às vezes superam as que lhe são favoráveis. Deste lado
do Atlântico não se reproduz o mesmo quadro. Nossos historiadores assumem
postura diversa. São aqui encontradiços os elogios e escassas, as críticas.
Modela a atitude dos brasileiros um sentimento de gratidão que emana do reconhecimento
de que Pombal foi um defensor vigoroso da dilatação contínua das nossas
fronteiras. Tornou-se ele um apóstolo do Tratado de Madri, de 1750, o qual,
tomando o lugar do obsoleto Tratado de Tordesilhas, de 1494, praticamente
eliminou os obstáculos legais à nossa expansão para o Norte e o Ocidente. O
território que viria a ser o Rio Grande do Sul era um deserto, ocupado pelos
portugueses a partir do decênio de 50. O Tratado de Madri foi obra do acaso. A
ascensão de Maria Bárbara de Bragança, filha de D. João V (1699-1750), ao trono
da Espanha, deu vida à cartografia elaborada por influência do santista
Alexandre de Gusmão (1695-1753), secretário particular do rei durante vinte
anos, de 1730 a 1750. A rainha espanhola, de sangue português, usou o poder do
trono para tornar possível o reconhecimento espanhol das cartas geográficas com
a configuração do Brasil atual. Sabia-se que Maria Bárbara, mulher culta,
poliglota, compositora de sonatas, era uma personalidade bastante forte para
dominar o frágil D. Fernando VI (1713-1759), seu marido. Por sua influência a
Espanha admitia o abandono (temporário) do Tratado de Tordesilhas e os
portugueses se apossavam em definitivo da região amazônica, até os limites
meridionais do Mato Grosso do Sul. Mas é bom lembrar que esse Tratado foi substituído
pelo de El Pardo, de 1761, pretendendo restaurar a situação anterior, o que não
impediu Pombal de continuar empenhado em dar ao Brasil uma configuração
territorial quase igual à que o País tem na atualidade. A Amazônia Brasileira,
incluindo em sua vastidão a área do antigo Mato Groso, representa um dos frutos
da tenacidade e da visão de longo alcance de Pombal no aproveitamento de
oportunidades internacionais e na competência de sua ação diplomática”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
projeto modernizador de Pombal nasceu da influência que sobre ele exerceram os
ideais do iluminismo, bem como o conhecimento do élan modernizante sofrido pela
Inglaterra, país que ele conheceu de perto durante os anos em que foi representante
diplomático da Monarquia portuguesa. A respeito deste ponto, escreve Gilberto
Paim: “Não há historiador ou biógrafo de Pombal que deixe de ressaltar a
influência que teve sobre a sua formação espiritual o período que o ministro
viveu no exterior. O progresso e os sinais de mudança social que presenciara lá
fora fizeram-no decidir-se pela eliminação da<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">monarquia gótica</i>,
representativa do atraso medieval, para em seu lugar erguer a monarquia
moderna. Mas o seu esforço pró-modernização não chegou a afetar o absolutismo,
o qual serviu de leito aos seus métodos administrativos. Diz Saraiva<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
que com a intenção de modernizar, Pombal desferiu golpes cruéis sobre todos os
beneficiários dos privilégios em que se apoiava a antiga monarquia. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">E quando saíram do cárcere, suas vítimas
tentaram restabelecer o antigo estado de coisas, lançando a primeira vaga de
antipombalismo; para eles, o ministro não podia ser mais do que o tirano
sanguinário, o seu consulado fora uma longa noite a sua obra um desvio na
piedosa e legítima tradição portuguesa e, como tal, uma mancha ominosa na
história do país. Os defensores da tradição, frisa o historiador, continuam
hoje, na sequência dessa linha, a ser antipombalinos</i>”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Embora
Pombal tivesse sido perseguido pela sucessora de Dom José I, Dona Maria I
(1734-1816), a Louca, completamente dominada pelos padres e pela antiga
nobreza, o velho marquês terminou sendo perdoado dos crimes de que o acusavam
os seus inimigos. Doente e idoso, Pombal retirou-se completamente da vida
pública, vindo a falecer no seu palácio aos 83 anos de idade. Anos depois, na
esteira liberal que se levantou em Portugal, a figura do marquês terminou sendo
revalorizada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito deste ponto, escreve Gilberto Paim: “Apresentando as razões do estilo
de administração que regeu o governo na era pombalina, José Hermano Saraiva
opina que o despotismo era a fórmula política imperante no tempo em que
Carvalho e Mello cresceu e estudou, e foi essa a fórmula que procurou realizar.
Toda a sua obra, conforme o historiador, teve por objetivo consagrar a
autoridade do Estado, e não a liberdade dos súditos (....). A política de
formação das bases empresariais e capitalistas, que ele reputava essenciais ao
progresso econômico, teve por efeito a prosperidade do período posterior.
Segundo esse autor, a reforma do ensino superior foi feita em harmonia com
aquilo que então representava o espírito do progresso. Isso quer significar que
o atraso do seiscentismo foi em grande parte vencido nos 27 anos de governo
pombalino”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Os
historiadores brasileiros, a começar pelo visconde de Porto Seguro, Francisco
Adolfo Varnhagen (1816-1878), fazem uma avaliação positiva do ciclo pombalino.
Sem o marquês não teria sido preservada a nossa extensão continental. Sem ele
não teria se formado a geração que fez a Independência. Notadamente em relação
à preservação da vasta extensão territorial arrancada ao Império espanhol
mediante as hábeis negociações de Pombal e com a utilização da força armada
para defender as fronteiras, frisa Gilberto Paim: “O emprego da força das armas
e da autoridade máxima do Estado serviu de instrumento para impor aos espanhóis
a legitimação do nosso movimento expansionista. Os limites de Tordesilhas
ficaram muito para trás. Esse tratado nos concedia a faixa de terra dentro de
uma linha reta ligando Belém a Laguna. Toda a imensa extensão restante foi alvo
da conquista de brasileiros e lusitanos em sua penetração no território nos
séculos XVII e XVIII, em busca de ouro e pedras preciosas. Pombal manteve-se
suficientemente atento para dar cobertura militar a esses movimentos, mandando
construir um sistema de fortificações situadas em pontos extremos. Vem, pois,
de longa data, a tradição que faz com que os brasileiros encarem o estadista de
modo uniformemente simpático”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">2 – Nacionalismo
pombalino.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Um
dos traços que mais marcaram a passagem de Pombal pelo governo foi a sua
decidida visão de estadista: tudo fez com o intuito de modernizar Portugal e de
traçar políticas condizentes com essa nova visão. A sua vida política reduziu-se
a isso: colocar o seu país no rumo da modernidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito, escreve Gilberto Paim: “Essa linha política de afirmação nacional
distinguirá o reinado de D. José, em cujo curso Carvalho e Mello será um
ministro enérgico, de excepcional capacidade de trabalho e sempre pronto a
tomar decisões fulminantes. Pode-se afirmar, sem receio de erro, que a sua
postura nacionalista responde em grande parte pelo prestígio de seu nome junto
às gerações futuras. A atividade governamental ganha impulso e a presença de um
ministro destemido provoca imediata reação da nobreza, cujos movimentos contra
Sebastião José logo são percebidos. Assinala o diplomata e historiador Teixeira
Soares<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
seu biógrafo entusiasta, que Carvalho e Mello trouxera ideias novas da sua
permanência no estrangeiro. Observara muito e muito aprendera em contato com
ingleses e austríacos. No exterior, frequenta diferentes meios sociais,
trazendo de volta um lastro de experiência política e diplomática utilíssima
para o entendimento dos assuntos administrativos, políticos, econômicos e
diplomáticos do reino”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">3 – Novos métodos
administrativos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
primeiro ministro de D. José I era, fundamentalmente, um reformista dos métodos
administrativos. Ao passo que a gestão dos negócios públicos sob a tradicional
monarquia portuguesa obedecia à lei da estabilidade e da preservação das
benesses e privilégios da nobreza e da Igreja Católica, sob Pombal a gestão das
coisas públicas tomou outro rumo, que se poderia comparar ao posto em prática,
na França, por Luís XIV (1638-1715). <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Tudo era pensado em função daquilo que melhor se enquadrasse no esforço modernizador
do Estado. O norte da gestão pombalina era esse. Enquanto no passado os
Monarcas se preocupavam por privilégios pessoais dos Nobres ou por questões de
doutrina cristã ou de privilégios para bispos e clérigos, nos tempos de D. José
I toda a máquina do Estado se movia em direção a uma finalidade claramente
traçada: firmar o Estado moderno em Portugal. Todos deveriam se acomodar às
novas exigências dos tempos. Com o correr dos anos, vai se perfilhando no
horizonte uma nova nobreza, que será formada por gentis-homens com mentalidade
modernizadora, ou que será simplesmente acrescentada com a entrada de uma nova
nobreza de funcionários públicos formados no Colégio dos Nobres de Lisboa, algo
semelhante ao ocorrido na Rússia czarista com os denominados cargos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tschin<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i>,
nas reformas empreendidas sob a orientação de António Nunes Ribeiro Sanches
(1699-1783), o mesmo médico de origem judia que, desde Paris, orientou as
reformas educacionais pombalinas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
relação às novas exigências administrativas do ciclo pombalino, escreve
Gilberto Paim: “Ao tomar contato com as questões da administração, Carvalho e
Mello avalia as deficiências e mazelas da organização econômica do país, que
vivia do esbanjamento do ouro e diamantes do Brasil, enquanto a economia
nacional ia à deriva. Todos os biógrafos do marquês exaltam a sua alta
competência administrativa, salientando a vigorosa introdução de novos métodos
de governo como uma das marcas de Sebastião José no exercício do poder.
Teixeira Soares, por exemplo, não reprime o entusiasmo ao apreciar o dinamismo
do seu biografado, cuja ação dinâmica logo despertou a admiração de D. José, o
qual passou a ver nele um ministro realmente decidido. Isso bastava para
provocar o desdém da nobreza, que o encarava como um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lacaio emproado</i>, um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">feitor
rústico</i>, à medida que subia o seu prestígio junto ao monarca”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
estratégia pombalina primava pela eficiência. Contra a tradicional pachorra da
burocracia patrimonialista tradicional, o primeiro ministro exigia rapidez na
execução das ordens. Se referindo à descrição que da ação do ministro faz o seu
biógrafo Teixeira Soares, escreve Gilberto Paim: “Certa vez, relata esse
biógrafo, uma frota que deveria partir para o Brasil esperou durante três meses
por documentação que teria de ser providenciada pelo ministro da Marinha e
Ultramar, Diogo de Mendonça Corte-Real. A delonga levou os interessados a
recorrer a Carvalho e Mello, que em apenas quatro dias despacha a papelada e
permite a partida da frota. Diante de exemplos como esse, os inimigos redobram
esforços ao estenderem a rede de intrigas palacianas (...)”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">5 – Produção
dirigida.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
pombalismo ensejou na vida econômica o dirigismo estatal. O ideal era
constituir o Estado como empresário que garantiria a subsistência da Nação.
Ora, como o poder público não poderia se tornar diretamente o produtor de todos
os bens, o dirigismo da produção seria, então, a saída. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito, escreve Gilberto Paim: “A quase infinita sequencia de atos
legislativos pombalinos marca a trajetória do reinado de D. José,
transformando-o numa época de intensa atividade econômica oficial e privada.
Pombal se destaca como o governante a quem nenhum antecessor ou sucessor fez ou
fará sombra no mesmo cargo. Nos vinte e sete anos de sua administração, o ritmo
da legislação reflete o empenho do governo em adotar as mais variadas medidas
para acelerar o advento do progresso comercial e industrial. Os (atos )
legislativos de natureza econômica, antes e depois de Pombal, distinguem, com
efeito, o período que lhe reserva a história. Com um estilo de governo
desconhecido e ímpar na vida portuguesa, procurou ele introduzir a modernização
num país onde o feudalismo dava sinais de sua presença na economia e na
organização social precária e desequilibrada”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
dirigismo pombalino estendeu-se a todos os campos da produção. Nada escapava
aos olhos do onipotente ministro. A respeito dessa presença tutelar que tudo
centralizava no gabinete ministerial e que se alicerçava na crença de que o
Estado absolutista, possuidor da ciência aplicada, era o único promotor da
modernidade, frisa o nosso autor: “Esse inabalável propósito de modernizar dá a
Pombal a justificação da ingerência governamental em todas as atividades. O
governo supõe correta a decisão de permitir que as instituições pias da cidade
do Porto emprestem dinheiro a juros às pessoas interessadas em participar do
capital da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, empresa por
ele criada para fazer face aos comerciantes ingleses na comercialização dos
vinhos daquela região. As instituições pias precisavam, portanto, de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">habeas corpus</i> para aplicar em
empréstimos os seus recursos financeiros. Por outro lado, como essa empresa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">representa o interesse comum da nação</i>,
somente os comissários da Companhia podem comprar vinhos a granel, o que, evidenciando
uma situação monopolista, deixa entrever o cunho autoritário que se pretendia
dar ao desenvolvimento econômico. A instalação de uma fábrica de cal é
permitida a um cidadão inglês por decisão especial do poder público,
significando isso que, para se instalar uma indústria, tornava-se indispensável
a autorização oficial. Os pomares da Ribeira de Barbarena podiam ter uma função
social e econômica importante, produzindo frutas e hortigranjeiros e dando
ocupação a muita gente, mas o governo resolve proibir a sua irrigação em favor
do uso das águas na Fábrica de Pólvora, pertencente ao Estado”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn14" name="_ftnref14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">6 – Monopólio da
burocracia. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
consequência natural de todo esse dirigismo estatal da economia é o monopólio
que, em Portugal, no ciclo pombalino, passou a ter a burocracia, com todos os
descaminhos de favoritismo e corrupção que essa condição traz consigo. Se o
exclusivo promotor da modernidade em matéria econômica é o Estado, o seu
estamento burocrático tem, portanto, a primazia na atribuição das incumbências
da produção e na distribuição dos benefícios do processo produtivo. Os amigos
do rei são mais poderosos do que o resto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
relação a este ponto, escreve Gilberto Paim: “As providências descritas
demonstram que a máquina burocrática foi transformada em celeiro de monopólios
a julgar pelos inúmeros alvarás e decretos que asseguram a exclusividade da
produção e comercialização de vários produtos a certas pessoas. Mas não há
dúvida de que a ação oficial assume caráter de abuso de poder quando o governo
decide impor a aceitação das apólices das Companhias Reais como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bens sólidos para girarem como dinheiro
líquido</i>. Essa e muitas outras violações das leis do mercado poderiam ser
tomadas como prenúncio de escassos resultados, a longo prazo, do esforço de
industrialização empreendido pelo governo pombalino; os seus atos provam que o
poder público estava preocupado em tratar de todos os assuntos, como indica um
alvará segundo o qual não podem executar obras, na edificação de Lisboa,
pedreiros, carpinteiros, canteiros e moldureiros que não tenham cursado<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aula
de Desenho e Fábrica de Estuque</i>, por sinal gerida pela Real Fábrica de
Sedas, que está no rol das empresas governamentais”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn15" name="_ftnref15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
herança do dirigismo pombalino seria longa na história brasileira. Os seus
traços se estendem até hoje. Tal proposta se alicerça na ingênua crença de que
quem melhor traduz os interesses dos cidadãos é a burocracia governamental que
se sobrepõe a eles. Jamais os indivíduos conseguirão traduzir, de forma
legítima, os seus interesses. Só o Estado e, no seio dele, o Monarca e o seu
primeiro ministro, têm luzes para tanto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito deste ponto, frisa Gilberto Paim: “A ideia de onipotência que inspira
o governo pombalino, ao influir na geração e distribuição de riquezas, parece
estar bem expressa na concessão de privilégios de exclusividade na fabricação e
comercialização de certos bens. São vários os atos que conferem a empresas
esses privilégios. Recordemos que, no Brasil, até a segunda metade do século
XX, a exportação de açúcar e do álcool era exclusiva do respectivo instituto; a
importação de barrilha e soda cáustica só podia ser feita pela Companhia
Nacional de Álcalis; a importação de borracha era regulada pela
Superintendência da Borracha. E até 1992, a mão do Estado pesava sobre as
atividades da eletrônica digital. No inconsciente do administrador público
brasileiro parece estar legitimada por uma tradição secular a intervenção
governamental no setor econômico. Encontra o intervencionismo a sua principal
justificativa numa preocupação <i style="mso-bidi-font-style: normal;">superior</i>
do governante com o bem-estar dos seus concidadãos (na época pombalina eram os
vassalos ou súditos). Naturalmente que, a partir do exame da copiosa legislação
econômica pombalina, muitos brasileiros devem pensar nas razões de ordem
histórica que determinam a facilidade com que são criadas aqui empresas
governamentais”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn16" name="_ftnref16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
monopólio exercido pela burocracia estatal manifestou-se, de forma clara, na
Companhia Geral de Grão-Pará e Maranhão, criada por Pombal em junho de 1755,
com a finalidade de exercer o monopólio do comércio e da navegação entre a
metrópole e a parte norte do Brasil. O objetivo imediato da Companhia era a
compra de escravos nas costas da África, com a finalidade de transportá-los às
capitanias do Pará e do Maranhão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Esse
comércio, frisa Gilberto Paim, “(...) era desenvolvido à base de monopólio no
transporte e venda das mercadorias que serviam de base para a aquisição dos
escravos. Abrangia a áreas de atuação monopolista da empresa as ilhas de Madeira,
Cabo Verde e Açores, cujos produtos exportáveis somente podiam ser comprados e
transportados pela Companhia. A voracidade do monopólio chega ao ponto de ficar
decidido pelo primeiro-ministro a entrega, à Companhia, por vinte anos, dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">governos político e militar das ilhas de
Cabo Verde, suas anexas, e Costa da Guiné. </i>Desse modo, foram conferidos
poderes à empresa para indicar as autoridades civis e militares das referidas
áreas, cujos nomes eram por ela selecionados e entregues ao governo para os decretos
de nomeação. À empresa foi concedido também o privilégio de isenção de direitos
alfandegários nos portos de Portugal (...)”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn17" name="_ftnref17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Um
dos objetivos secundários para a criação da Companhia de Grão-Pará e Maranhão
consistia em impedir que os comerciantes das duas maiores praças portuguesas,
Lisboa e Porto, tivessem liberdade suficiente para impor condições à Coroa. A
respeito, escreve o nosso autor: “Havia, entretanto, alguma coisa de errado na
organização da empresa, a qual foi fundada para exercer o monopólio do comércio
e da navegação entre a metrópole e a parte setentrional da colônia. A ação
monopolista desalojaria do comércio marítimo os negociantes de Lisboa e do
Porto, os quais veicularam sucessivos protestos contra esse alijamento. A reação
pombalina contra esses protestos foi fulminante: os sete membros dirigentes da
associação comercial lisboeta, que assinaram um memorial ao governo,
considerando nocivo o monopólio, foram condenados ao desterro. Ficou, assim,
demonstrado o absolutismo do poder com a expedição das sentenças contra as
vítimas; os comerciantes das duas praças cessaram a resistência e silenciaram”.
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn18" name="_ftnref18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
resultado do comércio monopolista praticado pela burocracia pombalina foi
positivo, do ângulo estratégico, para preservar os limites das duas colônias
setentrionais. Tanta foi a importância dada pelo marquês a esse objetivo que,
além da política de construção de fortes, nomeou o seu irmão, Francisco Xavier
de Mendonça Furtado (1700-1769), governador do Grão-Pará e comandante militar
das duas capitanias, tendo nomeado também o seu sobrinho, Joaquim de Melo e
Póvoas, governador das capitanias do Maranhão e Piauí, cargo desempenhado por
este entre 1775 e 1779.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn19" name="_ftnref19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas
se o resultado do comércio monopolista revelou-se positivo para os planos
estratégicos do marquês, não foi, contudo, favorável aos interesses dos agentes
econômicos independentes e dos próprios súditos nas duas Capitanias, bem como
nas ilhas onde funcionava a Companhia. Eis o testemunho dado pelo nosso autor,
com fundamento nas pesquisas do historiador português António Carreira: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">“Em
conformidade com a tendência irreprimível dos monopólios para a prática de
arbitrariedades, detecta-se esse mal incurável no comportamento da Companhia,
tanto em Cabo Verde como na Guiné. Tudo o que a empresa faz contraria os
interesses de longo prazo das áreas onde ela opera. Os agentes da Companhia
estão sempre prontos a abusar de seus privilégios. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A prova evidente do espírito ganancioso da empresa ou dos seus agentes
está no fato de, depois de seis anos de sua instalação em Cabo Verde, haver
absorvido todo o grande e pequeno comércio, inclusive os estabelecimentos mais
insignificantes</i>, diz o citado autor. Reproduz António Carreira trecho de um
relatório do Ouvidor Geral, datado de abril de 1761, no qual se declara que a
Companhia, além de exercer o monopólio na compra de carneiros, porcos, cabras e
demais víveres chamou a si a venda dessas carnes, estendendo essa exclusividade
à venda de galinhas, abóboras, laranjas e demais frutas da terra (Cabo Verde).
Queixam-se os habitantes do arquipélago, de que a empresa compra esses produtos
a preços baixos para revendê-los aos estrangeiros a preços excessivos. Por essa
via marchava a decadência econômica das ilhas”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn20" name="_ftnref20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">7 – Reserva de
mercado.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
problema fundamental de pensar a economia num contexto mercantilista como o
pombalino consiste em que ela é concebida como processo de “soma zero”. Se
alguém ganha é porque surrupiou de outrem. A riqueza, nesse contexto, é
amaldiçoada. As coisas pioraram sensivelmente no contexto da cultura contra-reformista
imperante na Península Ibérica. O lucro simplesmente era considerado pecado.
Como fazer, então, para produzir a riqueza? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Antônio
Paim mostrou que o pensamento pombalino elaborou um arrazoado original para
superar esse impasse: o Estado empresário era o encarregado de produzi-la e de
distribuí-la entre os súditos do Monarca português. Nisso consistia a famosa
“aritmética política” que o marquês apresentou a D. José I.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn21" name="_ftnref21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Dentro desse contexto, ficava superada a questão do caráter pecaminoso da
riqueza e do lucro. Se tudo ficasse nas mãos do Estado, não haveria problema.
Ele não sujaria as mãos, pois não se confundia com o egoísmo dos indivíduos e estaria
gerido em função do bem de todos. Tratava-se de uma espécie de
rousseaunianismo. Lembremos que para o pensador genebrino o Legislador e os
seus colaboradores, “os puros”, encarregar-se-iam de moralizar a sociedade
mediante a busca do bem público, esquecida como imoral a defesa dos interesses
individuais dos cidadãos. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn22" name="_ftnref22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
primeira consequência desse estatismo, no contexto da estrutura patrimonial do
Estado português, foi o dirigismo da produção e o afunilamento do lucro por
parte da elite burocrática. Os restantes membros da sociedade “ficavam a ver
navios”. Para progredir era necessário se juntar à empresa do Rei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">É
esta a circunstância que o nosso autor descreve no seguinte trecho: “Coube ao
governo pombalino extinguir a escravatura em Portugal, muito embora as suas
companhias de comércio e navegação procurassem tirar o máximo proveito da
compra de escravos, em portos africanos, para a sua venda no Brasil. Em setembro
de 1761, um alvará com força de lei proibiu a introdução de escravos no reino
declarando forros e livres todos aqueles que viessem a ser desembarcados em
portos lusitanos. Não obstante todo o esforço que representa o pano de fundo
dessa legislação, Pombal foi além, pois queria reformar os costumes. Essa
intenção reformista produziu numerosos atos do ministro. Um exemplo dessa
preocupação foi o combate ao contrabando em navios da Companhia Geral do
Grão-Pará e Maranhão, embora fosse difícil contê-lo, pois era realizado pelos
próprios funcionários da empresa. Em julho de 1758, um alvará com força de lei
proíbe os empregados da Companhia de Comércio o exercício de qualquer atividade
comercial particular. No tocante à Companhia das Vinhas do Alto Douro, o governo
adotou medidas severas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">contra os que
desviarem dinheiro da Companhia para fins particulares</i> e contra os que
praticavam outros atos, inclusive a mistura de vinhos com o objetivo de ganhos
ilícitos. Infelizmente, os empregados dessa empresa sempre encontravam meios de
burlar as providências moralizadoras”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn23" name="_ftnref23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Citando
pesquisa desenvolvida pela historiadora Susan Schneider <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn24" name="_ftnref24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
o nosso autor relata um episódio que ilustra a “razão louca” do espírito
monopolista pombalino. A fim de garantir o domínio completo da indústria criada
pelo ministro no ramo da pesca, o marquês terminou trazendo maiores problemas
para a economia portuguesa. O espírito monopolista significou um tiro no pé de
quem pretendia tudo modernizar a partir do Estado empresário. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Eis
a narrativa do fato: “(...) Pombal, repetindo decisões anteriores, criou
monopólio de monopólios dentro do monopólio. Para que a Companhia de Pesca
pudesse conservar o peixe, foi-lhe concedido o monopólio de todo o sal do
Algarve. Além disso, para lhe garantir um mercado para venda das sardinhas e do
atum, o primeiro ministro proibiu a importação de peixe espanhol no norte de
Portugal e ordenou a destruição de todas as instalações de pesca, no Rio Douro,
alegando que as áreas de pesca nesse rio obstruíam a passagem de barcos que
transportavam vinho. Finalmente Pombal proibiu os habitantes do Porto de
importar peixe de qualquer parte, com exceção do Algarve. Os espanhóis haviam
baseado a indústria de pesca na aldeia praiana de Monte Gordo, enquanto Pombal
escolheu outro local para instalar a sua empresa: Vila Real de Santo Antônio,
no canto sudeste do território português. Como não havia casas em Vila Real,
foi preciso ali construir uma cidade inteiramente nova. A iniciativa fracassou,
porque os pescadores se recusaram a mudar de Monte Gordo para Vila Real. Conta
Susan Schneider que, para obriga-los a essa mudança, Pombal mandou incendiar e
arrasar Monte Gordo, ordem que foi cumprida pela tropa, porém os pescadores se
mantiveram em sua recusa e fugiram para a Espanha. Na luta com a falta de
braços para salgar o peixe e tripular os barcos, a Companhia pesqueira
fracassou. Quem pagou pelo capricho do primeiro-ministro foi a Companhia do
Alto Douro, que havia assumido a responsabilidade pela maior parte do
investimento no Algarve, perdendo tudo o que investira na construção de seis
grandes armazéns na praia, seis grandes barcos de pesca e grandes quantidades
de madeira, mandadas para o Algarve para ajudar na construção de Vila Real de
Santo Antônio. No final da década de 1770, a Vila era uma localidade fantasma,
inteiramente despovoada”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn25" name="_ftnref25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">8 – Crítica liberal
de Gilberto Paim ao pombalismo. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Embora
o nosso autor reconheça a importância das reformas pombalinas no que tange à modernização
do Estado português e às variáveis ligadas à independência brasileira, ele
destaca, em alto e bom som, as limitações de tal projeto modernizador. A
essência da crítica de Gilberto Paim ao pombalismo consiste na identificação de
tal processo como uma política antiliberal. Em decorrência do fato de o Estado
ter-se mantido, sob Pombal, num contexto absolutista, embora iluminado pela
ciência aplicada, fez com que o monopólio econômico sofresse de um grave
defeito: agia contra os interesses da sociedade, tanto em Portugal, quanto no Brasil
e nas colônias africanas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito dessa crítica, frisa o nosso autor, se alicerçando nas pesquisas
feitas pelo historiador português António Carreira, autor da conhecida obra
intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">As Companhias Pombalinas: </span></i><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn26" name="_ftnref26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a>
“Em conformidade com a tendência irreprimível dos monopólios para a prática de
arbitrariedades, detecta-se esse mal incurável no comportamento da Companhia
(do Grão Pará<b> e</b> do Maranhão), tanto em Cabo Verde como na Guiné. Tudo o
que a empresa faz contraria os interesses de longo prazo das áreas onde ela
opera. Os agentes da Companhia estão sempre prontos a abusar de seus
privilégios. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A prova evidente do espírito
ganancioso da empresa ou dos seus agentes está no fato de, depois de seis anos
de sua instalação em Cabo Verde, haver absorvido todo o grande e pequeno
comércio, inclusive os estabelecimentos mais insignificantes, </i>diz o citado
autor. Reproduz António Carreira trecho de um relatório do Ouvidor Geral,
datado de abril de 1761, no qual se declara que a Companhia além de exercer o
monopólio na compra de carneiros, porcos, cabras e demais víveres chamou a si a
venda dessas carnes, estendendo essa exclusividade à venda de galinhas,
abóboras, laranjas e demais frutas da terra (Cabo Verde). Queixam-se os
habitantes do arquipélago, de que a empresa compra esses produtos a preços
baixos para revendê-los aos estrangeiros a preços excessivos. Por essa via
marchava a decadência econômica das ilhas”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn27" name="_ftnref27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
espírito de exploração colonial que animava à Companhia e aos demais
empreendimentos econômicos de Pombal leva o nosso autor a comparar os
monopólios a verdadeiros cupinzeiros. Estas são as suas palavras a respeito: “É
próprio do monopólio dar a aparência de solidez inabalável. A Companhia era um
caso desse gênero. Exercia poderes imensos, inclusive o de vida e morte sobre
criaturas humanas, mas em seus porões os cupins se articulavam para causar
estragos irreparáveis em suas escoras de madeira. Da corrosão interna, que
algum dia levará a desmoronamentos, nenhum monopólio se livra. Os cupinzeiros
vinham se espalhando dentro de sua estrutura, e nada podia fazer a Junta de
Administração, além de comprovar perdas e desvios, sobrepreços e parcerias em
benefício de seus funcionários, sócios praticamente declarados da grande
empresa. (...) Praticando um monopólio escorchante contra o qual de nada valiam
os protestos dos consumidores de produtos do reino, entregues eles à própria
sorte, a Companhia causou inúmeros transtornos às praças brasileiras que deviam
ser por ela abastecidas. Constantemente,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>registrava-se a falta de gêneros alimentícios, tais como bacalhau e
trigo, assim como de tecidos e ferragens, além de vinho, azeite, sal e outros
itens essenciais. Os preços, em consequência da escassez periódica ou
constante, puniam injustamente os consumidores, impossibilitados de se
abastecerem em outras fontes”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn28" name="_ftnref28" style="mso-footnote-id: ftn28;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Embora
a Companhia do Grão Pará e Maranhão tivesse passado a sofrer a concorrência sob
o reinado de Dona Maria I, no entanto continuou funcionando, tendo sido extinta
apenas no século XX. A respeito, escreve Gilberto Paim: “Com a ascensão de Dona
Maria I ao trono, foi declarado extinto o privilégio de exclusividade concedido
à Companhia para negociar nas duas capitanias. A empresa, a partir de janeiro
de 1778, passou a enfrentar a concorrência de outros fornecedores e
compradores. De acordo com a lei que a havia criado, em 1755, ela desapareceria
vinte anos depois do início de operações, o que deveria ocorrer no citado ano.
Mas a Companhia prosseguiu realizando operações até 1788, porém sua extinção
somente se daria em 1914. As empresas estatais pombalinas, fonte de inspiração
da estatização brasileira, tinham fôlego de sete gatos, como nos deu exemplo a
Companhia do Grão Pará e Maranhão”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn29" name="_ftnref29" style="mso-footnote-id: ftn29;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Idêntico
perfil estatizante tiveram também outros empreendimentos modernizadores de
Pombal, como a Companhia Vinícola, que foi criada em 1756, com a finalidade de
racionalizar a produção de vinhos no Alto Douro e estimular, assim, o
desenvolvimento da agricultura. Do empreendimento passou a cuidar pessoalmente
o marquês, com a ajuda de Frei João de Mansilha (1711-1780), que já tinha
colaborado com ele quando da sua passagem pela embaixada de Portugal em Londres
(1738-1743).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
decorrência da dinâmica patrimonialista de favorecer amigos e lascar inimigos,
a Companhia Vinícola terminou ensejando um perverso monopólio, que afetou
negativamente a vida dos viticultores da região do Rio Douro. A respeito do
descontentamento ensejado pela Companhia Vinícola, escreve Gilberto Paim: “No
seu primeiro ano de existência, a Companhia enfrentou uma revolta popular que
resultou de sua decisão de limitar drasticamente o número de tavernas na cidade
do Porto e arredores, onde se podia vender vinho a retalho. Era realmente
inacreditável a tendência do marquês para invadir o setor privado e conceder o
privilégio da exploração econômica a empresas ou grupos. Estava previsto nos
objetivos definidos nos seus estatutos que a Companhia limitaria o número de
tavernas na cidade e redondezas, o que significava o fechamento de 90% das
tavernas existentes, estimadas em 600. As pessoas que se dedicavam a esse ramo
de atividade estavam condenadas a perder o seu meio de vida, assumindo o
prejuízo coletivo proporções consideráveis”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn30" name="_ftnref30" style="mso-footnote-id: ftn30;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Efeito imediato desta política absolutista: “Generalizou-se o descontentamento.
Toda a população portuense sentiu-se afetada pela política introduzida por
meios absolutistas. A consequência foi a revolta popular que explodiu no Porto
a 23 de fevereiro de 1757 (...)”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn31" name="_ftnref31" style="mso-footnote-id: ftn31;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
repressão do primeiro ministro contra os revoltosos foi brutal. “Partidário de
um poder estatal forte, – frisa o nosso autor – Pombal não podia transigir com
a contestação às ordens reais por parte da plebe e muito menos com a abolição
unilateral e violenta de um instituto que lhe era particularmente caro. A
Companhia (...) era a pedra fundamental da política econômica concebida pelo
primeiro-ministro como condição e alavanca do progresso nacional. Em
consequência as penas aplicadas aos amotinados foram severas. Dos suspeitos de
participação na revolta, 26 foram condenados à morte, inclusive 5 mulheres; 142
castigados com penas que iam desde açoites, condenação às galés e confisco de
metade dos bens até a obrigatoriedade de assistir ao suplício dos sentenciados;
63 condenados a seis meses de prisão, 195 mandados soltar em regiões distantes,
e apenas 36 absolvidos”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn32" name="_ftnref32" style="mso-footnote-id: ftn32;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Parecer
do Conselho Ultramarino de 1778 reconhecia a má gestão da Companhia criada por
Pombal, nos seguintes termos: “São conhecidos os descaminhos, as extorsões e as
violências praticadas pela regência da Companhia do Alto Douro, e não menos os
justos clamores dos povos vexados, e oprimidos, debaixo do jugo de sua
dominação”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn33" name="_ftnref33" style="mso-footnote-id: ftn33;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[33]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Apesar desse parecer do órgão do Estado português encarregado de supervisionar
as empresas estatais, Dona Maria I conservou ativa a Companhia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Gilberto
Paim conclui que se torna clara aqui a dinâmica do patrimonialismo português:
manter as empresas estatais, mesmo que deem prejuízo à sociedade; o importante
é satisfazer os anseios da burocracia. A respeito, escreve o nosso autor: “O
que merece especial destaque, nesse parecer do poderoso Conselho Ultramarino, é
o empenho que o Estado faz para defender os seus feitos, justificando sempre a
criação de suas empresas. A burocracia tem meios de conservação de privilégios
e sabe empregar argúcia e habilidade para mantê-los, quando o clamor popular
reclama a sua extinção. Esse empenho torna-se perceptível nos méritos que o
Conselho decide atribuir à Companhia, embora pareçam predominar os seus
aspectos negativos”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn34" name="_ftnref34" style="mso-footnote-id: ftn34;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[34]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
nosso autor lança um olhar mais vasto sobre o fenômeno das Companhias de
Pombal, colocando-as no contexto da consolidação do Estado-empresário em
Portugal, fenômeno que aparece já em meados do século XVII, antes, portanto, do
consulado pombalino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Assim
conclui Gilberto Paim a sua análise: “Observemos bem o seguinte: entre o
lançamento da primeira empresa, no ano de 1649, e a decretação do fim das duas
últimas, a Cia. do Grão-Pará e a de Pernambuco e Paraíba, em 1788, gerações
sucessivas presenciaram a corrosão paulatina e o fracasso final das empresas
criadas por iniciativa governamental, com finalidades que nunca foram alcançadas.
Não é, pois, para ser esquecido o juízo crítico de João Lúcio de Azevedo <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn35" name="_ftnref35" style="mso-footnote-id: ftn35;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[35]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
no sentido de que a gente lusa estava mais inclinada à vida aventurosa e
habituada aos ganhos predatórios, do que à constância e a boa vontade em
servir, que constituem a base dos empreendimentos bem-sucedidos. Esse dado
cultural inextricável faz parte do legado que nos foi transmitido na era
colonial e não desaparecerá com facilidade”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn36" name="_ftnref36" style="mso-footnote-id: ftn36;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[36]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">II – Avaliação das
influências do modelo pombalino no século XX: a Petrobrás e a reserva de
mercado da informática.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Com
coragem incomum, somente explicável pelo seu patriotismo e por uma visão ampla
da problemática do Brasil em termos de desenvolvimento, Gilberto Paim elaborou,
em duas obras, a crítica à visão monopolística herdada do espírito pombalino pelas
empresas públicas no Brasil contemporâneo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sintetizou
a sua posição em torno a dois pontos essenciais: o monopólio da Petrobrás e o
monopólio da informática. Referir-me-ei, nesta segunda parte, a esses dois
aspectos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">1 – Crítica de Gilberto
Paim ao monopólio da Petrobrás.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
nosso autor sintetizou as suas idéias a respeito da Petrobrás na obra
intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</span></i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">.</span> <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn37" name="_ftnref37" style="mso-footnote-id: ftn37;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[37]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Não há dúvida acerca da importância que a Petrobrás representa para a economia
nacional, segundo o pensamento de Gilberto Paim. O nosso autor reivindicava,
contudo, uma atualização da empresa, para que não ficasse comodamente instalada
na visão monopolística comum no segundo pós-guerra. Os tempos eram outros,
certamente, na segunda metade do século XX, após os dois choques do petróleo
dos anos 70, a queda do Império Soviético no final dos anos 80 e a globalização
dos mercados, acelerada na transição do milênio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Assim,
o entulho monopolístico que caracterizou a empresa ao longo do passado século e
que ainda é marcante, correspondeu, no sentir de Gilberto Paim, a uma
“esperança frustrada”. Houve, evidentemente, toda uma geração que acreditou
rigorosamente no valor da Petrobrás como monopólio. A respeito, escreve
Gilberto Paim: “Os brasileiros que fizeram a campanha do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">petróleo é nosso </i>tinham como certo o enriquecimento nacional após a
instituição do regime de monopólio para a exploração do chamado ouro negro. Em
sua pregação em favor da presença do Estado como agente único no
desenvolvimento da indústria petrolífera, desde a extração do óleo bruto até a
distribuição de seus derivados, os dirigentes da campanha exaltavam essa
atividade como fonte de riqueza e poder.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Quem não estivesse acompanhando o movimento editorial sobre o grande
tema, para se convencer de tal verdade, podia confiar na palavra de figuras
civis eminentes, como Oswaldo Aranha, Juracy Magalhães, Arthur Bernardes,
Euzébio Rocha, Hermes Lima e Agamenon Magalhães, entre dezenas de outros
brasileiros ilustres. Eram petroleiros Osório Borba, Rafael Correia de
Oliveira, Joel Silveira e Gondim da Fonseca, entre outros jornalistas de grande
público. A idéia de segurança da Pátria vinha embutida na mensagem de generais
de indiscutível prestígio político, como Leitão de Carvalho, Góes Monteiro,
José Pessoa, Estillac Leal, Felicíssimo Cardoso e outros oficiais de alta
patente, que se distinguiam como ardorosos defensores do monopólio petrolífero”.
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn38" name="_ftnref38" style="mso-footnote-id: ftn38;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[38]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Essad
Bey,<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn39" name="_ftnref39" style="mso-footnote-id: ftn39;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[39]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
com a sua obra intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A luta pelo petróleo</span></i>, foi
entronizado pelos estatocratas brasileiros como o anjo do monopólio na
exploração do petróleo. A respeito, escreve Gilberto Paim: “(...) Bastaria a
leitura de algumas linhas desse eficiente manual do anti-imperialismo para se
adquirir a convicção de que as nações subdesenvolvidas, com subsolo rico em
hidrocarbonetos, não passavam de marionetes nas mãos dos que extraiam do
petróleo poder imenso e riqueza incomensurável. Tínhamos aí uma enciclopédia de
intrigas, jogos de bolsa, rebeliões e revoluções forjadas, ascensão e queda de
governantes, homicídios nunca esclarecidos, atos de sabotagem praticados em
larga escala contra campos petrolíferos e instalações industriais do petróleo,
subornos, escândalos, processos judiciais rumorosos, condenação à cadeia de
influentes personalidades, caídas em desgraça, guerra de morte entre empresas”.
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn40" name="_ftnref40" style="mso-footnote-id: ftn40;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[40]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Mas,
como foi frisado, Gilberto Paim achava que, se os tempos tinham mudado desde o
segundo pós-guerra até os dias atuais, era necessário revisar a concepção de
monopólio estatal que foi defendida, com ardor, por intelectuais e homens de
Estado. Entre os primeiros, além das personalidades mencionadas no parágrafo
anterior, mas contraposto ao ponto de vista de nacionalismo estatizante que
animava à maioria, ressalta a figura de Monteiro Lobato (1882-1948),<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn41" name="_ftnref41" style="mso-footnote-id: ftn41;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[41]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
o primeiro brasileiro a sofrer perseguições por causa de suas críticas à visão
monopolista oficial. Entre os segundos, além dos nomes de políticos citados, avulta
a presença de Getúlio Vargas (1883-1954). O monopólio petroleiro começou sendo
aclamado pela grande maioria. Mas, no decorrer das décadas, os benefícios do
empreendimento foram sendo questionados, de forma semelhante a como tinham sido
discutidos, pela opinião pública da época, os benefícios dos monopólios
pombalinos, analisados no item anterior deste trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
véu caiu, os artistas rasgaram a fantasia. O que restou de tudo isso foi um
empreendimento falido, sustentado pela Nação, que ainda paga o rombo que a
última geração de administradores irresponsáveis deixou para todos os
brasileiros. A jornalista Dora Kramer explicitou muito bem o tamanho atual do
rombo e a desgraça dessa empresa de que muita gente se orgulhava há sessenta
anos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
recente artigo, a mencionada jornalista escreveu: “Tantas o governo fez com a
Petrobrás, tanto usou e abusou politicamente da empresa que acabou criando um
passivo que pode se voltar contra seus interesses na campanha pela reeleição da
presidente Dilma Rousseff. Demorou, mas a conta das festividades chegou. A
imagem do então presidente Luiz Inácio da Silva de macacão e mãos lambuzadas de
petróleo anunciando a autossuficiência do Brasil tendo ao lado a ministra das
Minas e Energia, apresentada como responsável pelo êxito que não se realizou, é
um contraponto constrangedor ante a realidade atual. Perda expressiva do valor
de mercado, loteamento de cargos, manejo artificial de preços e negócios
esquisitos como esse da compra da refinaria no Texas ao custo inicial de US$
360 milhões para um gasto final de US$ 1,18 bilhão, são alguns dos pontos que o
PT - sempre acostumado a usar a Petrobrás para atacar os adversários - será
desafiado a explicar. Não espanta que a presidente Dilma, quando ministra da
Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, tenha
avalizado a compra da refinaria, conforme revelou o jornal <i>O</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estado de S. Paulo</i>. <b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></b>Afinal, o negócio só poderia mesmo ter
sido realizado com autorização do colegiado que, de acordo com a ata da reunião
realizada em 3 de fevereiro de 2006, tomou a decisão por unanimidade”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn42" name="_ftnref42" style="mso-footnote-id: ftn42;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[42]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Este
é o lamentável desfecho do monopólio petroleiro no Brasil. Com objetividade
acurada, Gilberto Paim tinha definido os males que o monopólio da Petrobrás
trouxe para o país, nos seguintes termos: “(...) Não faz sentido que uma
empresa internacional pague <i style="mso-bidi-font-style: normal;">royalties</i>
e impostos, que somam de 60 a 70% do valor do óleo extraído, como ocorre em
qualquer país estrangeiro onde opere, enquanto a Petrobrás paga aos Estados e
Municípios um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">royalty</i> equivalente a
cinco por cento do valor da produção, valor por ela arbitrado e pago com
atraso, sem correção monetária. Que deve preferir um governo estadual com
autoridade suficiente para administrar a forma de exploração de seus recursos
minerais – uma empresa estrangeira ou brasileira que lhe pague o valor acima
referido, ou a Petrobrás, com seus 5%? O velho imperialismo petrolífero fez da
Petrobrás sua sucessora nos Estados brasileiros onde opera, espoliando-os.
(...) O mundo mudou. Só a Petrobrás supõe intocável a boa vida que leva, ao
operar sem concorrentes, como sanguessuga do povo brasileiro, hoje bastante
menos hipnotizado do que antes”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn43" name="_ftnref43" style="mso-footnote-id: ftn43;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[43]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
nosso autor concluía assim a sua arrasadora catilinária contra o nefasto
monopólio petrolífero: “(...) Alguns dirigentes da empresa já percebem que os
dias do monopólio estão contados, ao se convencerem de que a burocracia extrai
vantagens exclusivistas de um estatuto de valor vencido. Nos dias que correm a
China Continental, com a ajuda de empresas estrangeiras, extrai mais de 4
milhões de barris diários de suas bacias sedimentares, terrestres e marítimas.
Outro grande sinal de mudança está no fato de que os países ex-comunistas do
Leste europeu aderem ao Fundo Monetário Internacional, ao Banco Mundial e ao
Acordo Geral de Tarifas e Comércio, ressuscitam a economia de mercado,
restauram a propriedade privada e suplicam ao Ocidente investimentos
estrangeiros, a serem aplicados particularmente nas chamadas áreas de segurança
nacional. Pois a segurança está na disponibilidade interna de produtos
escassos. Conservar a Petrobrás monopolista seria uma prova clínica de avançada
esclerose das lideranças nacionais”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn44" name="_ftnref44" style="mso-footnote-id: ftn44;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[44]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Roberto
Campos, no Prefácio que escreveu para a obra de Gilberto Paim que tenho citado
nestas páginas, referiu-se à esclerose das nossas lideranças nacionais em
termos dinossâuricos, com estas palavras escritas em 1994: “Atrasada em quase
tudo, a América Latina foi precoce na criação de monopólios estatais de
petróleo. A primeira foi a Argentina, em 1922, que é também hoje a mais radical
na privatização. Seguiu-se lhe o México, em 1983. A Petrossauro só foi criada
em 1953. Um fato curioso é que tanto na Argentina como no Brasil os ideólogos
principais do estatismo petroleiro foram generais: lá o general Mosconi e aqui,
o general Horta Barbosa. Partilharam ambos duas qualidades encontradiças nos
militares latino-americanos – nacionalismo raivoso e incompetência treinada.
Ambos esses cidadãos viam no petróleo não uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">commodity</i> econômica e sim um misto de símbolo político e unguento
religioso. Se os dinossauros biológicos foram destruídos por um meteoro
cósmico, os dinossauros burocráticos entram em extinção pelo impacto de dois
meteoritos e um meteoro econômico. Os meteoritos foram os dois choques do
petróleo (1973 e 1979). O meteoro, que mudou o clima mundial em desfavor do
estatismo, foi o colapso do socialismo, em 1989. Os meteoritos tiveram dois
efeitos: deslanchar a busca de novas fontes de petróleo, flexibilizando-se para
isso as restrições nacionalisteiras, e promover a conservação de energia,
reforçada esta por preocupações ecológicas”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn45" name="_ftnref45" style="mso-footnote-id: ftn45;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[45]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">2 – Crítica de
Gilberto Paim ao monopólio da informática.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Um
caso típico de burrice coletiva vinculada a uma opção pelo atraso: assim se
pode descrever o clima que tomou conta da alta cúpula do Estado brasileiro,
quando das discussões ensejadas pelo projeto de criação da Secretaria Especial
de Informática ao longo da década que vai de 1975 até 1986. Em tumultuadas
deliberações que mais pareciam sessões inquisitoriais contra o progresso da
tecnologia, num terreno tão sensível como a informática, o Brasil fez uma opção
clara pelo atraso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
nosso autor descreve o clima de xenofobia monopolística que se instalou no alto
escalão do governo em 1975, no melhor espírito do patrimonialismo pombalino.
Estas são as suas palavras a respeito: “Por mais que sejam proclamados como
reflexo do interesse nacional, certos atos administrativos se acham tão
distanciados da realidade que acabarão colidindo com esse interesse imaginário.
Assim pode ser descrita a trajetória da política nacional de informática,
oficialmente lançada em 1975, mas sem uma clara definição das linhas principais
da política do setor. Essa definição não demoraria de aparecer, ganhando a
marca de intolerância e intransigência, impregnada de fanatismo. Na residência
de um jovem ministro do Governo Geisel reuniram-se, em 1976, algumas figuras do
primeiro escalão para deliberar a respeito da intenção da IBM de produzir no país
um microcomputador que fazia sucesso no mercado externo. Era o IBM-32 que
acabou sendo rejeitado pela maioria dos presentes àquele encontro. Em busca de
conciliação, a empresa propôs que o computador seria fabricado no Brasil apenas
para a venda no mercado externo, assumindo compromisso por escrito de que
nenhuma de suas unidades seria colocada no país. Nova rejeição, apesar de a
proposta, se aceita, render divisas numa fase em que enfrentávamos sérios
problemas de balanço de pagamentos. A IBM foi produzi-lo no Japão, onde o mini
ganhou o nome de IBM-36, vendido no mercado interno japonês e no resto do
mundo. Foi um tremendo sucesso de vendas. O mesmo ocorreu com a proposta da
Hewlett Parker de fabricar aqui o seu HP-3000, cuja produção foi finalmente
transferida para o México, a Coréia do Sul e a China Comunista. Estava
consagrada a rejeição. Nenhuma das grandes empresas mundiais de informática
conseguiu autorização para fabricar aqui micro ou minicomputadores. Estava
firmado o grande princípio da autonomia tecnológica, a ser alcançada por meios
próprios, terminantemente excluída a colaboração estrangeira. Seus iniciadores
foram ministros civis. Os militares se encantaram com essa decisão e assumiram
o comando da política, criando, em 1978, a Secretaria Especial de Informática,
SEI, órgão caracterizado por sua intransigência na condução dos mais variados
assuntos da infinita área da eletrônica”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn46" name="_ftnref46" style="mso-footnote-id: ftn46;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[46]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
nosso autor engajou-se, ao lado do senador Roberto Campos, na luta em prol de
superar esse espírito obscurantista. Gilberto Paim defendia claramente um ponto
de vista liberal: sim à livre empresa! <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não
ao protecionismo e ao obscurantismo patrimonialista! Considerava que os pontos
de vista do senador, a respeito, representavam a sensatez e a modernidade, em
meio à maré de ignorância que se levantava contra as liberdades econômicas. O
sensato seria colocar o Brasil num nicho de mercado possível, na dura
competição que se estabelecia nos quatro cantos do planeta, no terreno da
informática. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
respeito, escrevia: “Como secretário-parlamentar do senador Roberto Campos,
pude acompanhar de perto a luta que a clarividência do pensador brasileiro o
levou a travar contra o obscurantismo. Na essência, defendia o senador a
instauração de uma política de estímulo à produção de software, deixando livre
a fabricação de computadores, pequenos ou grandes. Aproveitando e enriquecendo
a capacidade nacional de operar no desenvolvimento de soft, abreviaríamos o
tempo necessário ao domínio da parte principal da computação. O país dispunha
de massa crítica de nível universitário para ocupar lugar privilegiado na
produção mundial de programas de computador. Fabricar as máquinas representaria
um espaço em que fabricantes brasileiros deveriam disputar com concorrentes
estrangeiros os mercados interno e externo, ganhando terreno, certamente, as
empresas nacionais que fossem mais ágeis na busca de associação com empresas
estrangeiras de vanguarda na aplicação de tecnologias de ponta. Nos países
desenvolvidos o computador já era peça obrigatória nas escolas de todos os
níveis. Nos Estados Unidos até crianças nos cursos de alfabetização aprendiam a
lidar com essas máquinas. No Brasil dos anos oitenta não havia computador em
nenhuma escola primária ou secundária”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn47" name="_ftnref47" style="mso-footnote-id: ftn47;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[47]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Gilberto
Paim dedicou a obra intitulada: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Computador faz política</span></i><span style="mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">, <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn48" name="_ftnref48" style="mso-footnote-id: ftn48;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[48]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
</span>à discussão dessas questões. Recordava o nosso autor a fina ironia do
senador Campos quando, comentando a recusa do governo brasileiro à entrada da
indústria cibernética, assinalava os “(...) benefícios que o fechamento do
mercado brasileiro trazia a várias nações, por terem um concorrente a menos.
Pois a Escócia, a Irlanda, a Espanha e outras nações chegavam a subvencionar a
implantação de indústrias de alta tecnologia sem se preocuparem com a origem
dos capitais”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
problema, para Gilberto Paim, não era apenas do governo brasileiro. Era também
das elites pensantes. Associações profissionais, de docentes e pesquisadores,
fecharam com as propostas retrógradas do governo. “O atraso é nosso!”, parecia
que fosse a consigna de ordem. A respeito, escrevia: “Roberto Campos parecia
uma voz solitária em meio à fanfarra do nacionalismo tecnológico. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A SEI está atrasando o desenvolvimento
nacional de forma criminosa</i>, dizia ele. Mas quem abafava o seu discurso?
Não eram uns poucos militares, mas, pasmem, a Associação Nacional dos Docentes
em Ensino Superior, de braços dados com a União Nacional dos Escritores e a
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação! Como fora
criada por decreto, inconstitucional, a SEI precisava de uma lei para sancionar
seus atos antediluvianos, todos formando um modelo de intransigência
hitlerista. Cerca de duas centenas de entidades profissionais suplicavam ao
Congresso Nacional a urgente aprovação do projeto de lei que dava amplos
poderes aos coronéis que dominavam a Secretaria, agindo como verdadeiros
proprietários de um feudo administrativo. Entre essas entidades, além das já
supra citadas, estavam a Associação Brasileira de Imprensa, a Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência, a Sociedade Brasileira de Computação, a
Federação Nacional dos Engenheiros, a Coordenação Nacional dos Geólogos, a
Sociedade Brasileira de Genética, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisas
em Ciências Sociais, a Federação Nacional dos Médicos, a Federação Nacional dos
Jornalistas e muitas e muitas outras entidades altamente representativas de
segmentos da sociedade. Eram inumeráveis os sindicatos de trabalhadores de todo
o país que aplaudiam os atos do nacionalismo eletrônico”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn49" name="_ftnref49" style="mso-footnote-id: ftn49;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[49]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Em
que pese essa insensatez coletiva, anotava Gilberto Paim que “(...) O Brasil
estava diante de uma campanha de porte igual à do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">petróleo é nosso</i>. Durante a tramitação do projeto de lei de
informática, proposição de todo obscurantista, em 1984, centenas de
organizações de todo tipo fizeram chover sobre o Congresso Nacional memoriais
de apoio à política retrógrada da SEI. O atraso cultural brasileiro pode também
ser demonstrado com o fato de que nenhuma das entidades referidas jamais deu um
balanço no rol de prejuízos que a alucinada política de informática trouxe ao
país, como prova de arrependimento por ter contribuído para causá-los. Os
brasileiros provocaram o atraso e, apesar de comprovado esse fato, os Estados
Unidos foram muitas vezes acusados de não desejarem o progresso do Brasil na
área da eletrônica digital”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn50" name="_ftnref50" style="mso-footnote-id: ftn50;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[50]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Exceção
gloriosa ao lado de Roberto Campos e Gilberto Paim, foi o constitucionalista
Manoel Gonçalves Ferreira Filho (1934-), o “Maneco”, carinhosamente chamado
assim pelos seus discípulos da USP. O nosso autor sintetizou da seguinte forma
o cerne do arrazoado jurídico de Ferreira Filho, que considerava
inconstitucional a lei de informática: “Observava esse respeitado especialista
(...) que, em todas as Constituições brasileiras, está consagrada a liberdade
de trabalho, indústria e comércio, ou o livre exercício de qualquer espécie de
atividade socialmente útil, ou, enfim, a liberdade de iniciativa. Como primeiro
princípio na ordem econômica, acrescentava, a liberdade de iniciativa significa
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">liberdade de trabalhar num determinado
campo ou de se associar para trabalhar numa determinada atividade.</i> O
primado da iniciativa privada sobre a atuação econômica do Estado é um preceito
constitucional (...). No entanto, dizia o constitucionalista, o projeto de lei
mandado pelo Poder Executivo ao Congresso, sobre informática, procedia de uma
inspiração oposta à decorrente dos princípios constitucionais apontados (...)”.
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn51" name="_ftnref51" style="mso-footnote-id: ftn51;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[51]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">O
senador Roberto Campos leu o parecer do jurista Ferreira Filho, perante a
Comissão mista do Congresso que examinou o projeto de lei de informática. Foi
boicotado pelos próprios congressistas, que se recusavam a escutar as razões
bem ponderadas de Campos. Gilberto Paim sintetizou assim a triste
circunstância: “Acreditando, não obstante, que os deputados e senadores,
membros da Comissão, ainda poderiam colher o benefício de algum esclarecimento
com a leitura que se fizesse do parecer, o senador Campos pediu e obteve
permissão para ler o documento. Foi instintiva e instantânea a resposta dos
congressistas presentes: os dezesseis que votaram contra a proposição anterior,
fizeram o possível para provar o seu desinteresse pela leitura feita pelo
senador mato-grossense. Todos passaram a falar em voz alta, ou a produzir
ruídos propositais, de costas para o orador. Alguns se movimentaram na direção
dos aparelhos telefônicos, com isso tornando ostensivo o desinteresse pela
leitura penosa de 48 laudas em que se exauria Roberto Campos. Ninguém quis ouvir
uma frase sequer. (...). O projeto ganhou força de lei dando cobertura plena
aos insensatos da SEI”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn52" name="_ftnref52" style="mso-footnote-id: ftn52;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[52]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Conclusão<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Gilberto
Paim amargou o ostracismo da grande mídia, a que foi submetido pela Petrobrás,
num episódio somente comparável ao “assassinato de reputações” <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn53" name="_ftnref53" style="mso-footnote-id: ftn53;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[53]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
que a era lulopetista instalou no Brasil ou às odiosas devassas pombalinas
contra os que dissentiam do primeiro ministro de Dom José I. A perseguição aos
críticos da empresa patrimonialista é artimanha antiga da burocracia
monopolista, na tradição cartorial luso-brasileira, largamente ilustrada nestas
páginas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Como
foi destacado na primeira parte deste trabalho, Gilberto Paim nos legou uma
caracterização clara e completa do modelo econômico do pombalismo, centrado no
monopólio estatal. Esse modelo, certamente, foi revivido em vários momentos da
nossa história econômica, servindo como núcleo inspirador das políticas
públicas modernizadoras. Modernização, aliás, que, como no caso pombalino,
ficou a meio caminho. Isso em virtude da característica central do processo
modernizador no seio do Estado patrimonial, consistente no fato de se buscar a
racionalização não até atingir uma plena implantação desta, mas apenas restrita
à manutenção, pelo soberano patrimonial, das rédeas do poder. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Foi
o fenômeno apontado pelo economista John Maurice Clarke (1884-1963), denominado
por ele de “racionalidade administrativa variável”. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn54" name="_ftnref54" style="mso-footnote-id: ftn54;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[54]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
O Estado patrimonial se moderniza até onde não seja posta em risco a exclusiva
dominação do senhor patrimonial sobre a sociedade. Uma modernização que coloque
em risco o status quo do poder estabelecido não é aceita. Foi por esse motivo
que Pombal aprovou a entrada das idéias de Locke (163-1704), no que dizia
relação a tirar dos jesuítas o controle do ensino, não até o ponto de deixar se
expandir as idéias lockeanas relativas à substituição da monarquia absoluta
pela constitucional. Locke, assim, entrou pela metade no universo
luso-brasileiro. A crítica a essa mutilação foi efetivada, como se sabe, pela
geração dos primeiros liberais que aqui aportaram com D. João VI, entre os
quais sobressaía a figura de Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Já
no que tange às agruras sofridas pelo nosso autor em decorrência da sua crítica
à tendência estatizante e monopolística, tanto no caso do petróleo quanto no
relativo à informática, Gilberto Paim faz referência, em “Nota Explicativa” no início
da sua obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</span></i>, ao caso da fulminante
demissão de cioso administrador público, Geraldo Nóbrega, do cargo de diretor
financeiro da distribuidora de derivados da Petrobrás, que ocupou apenas
durante algumas semanas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O pecado? Ter
tentado gerir o seu setor com transparência. <a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftn55" name="_ftnref55" style="mso-footnote-id: ftn55;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[55]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ora,
o pecado de Gilberto consistiu em ter pensado o Brasil a partir de um ponto de
vista liberal, criticando com denodo o monopólio estatal e defendendo a livre
empresa e o bem-estar de todos os brasileiros, bem como as instituições que
garantem o exercício da liberdade, a começar pela representação. O nosso autor
queria um Brasil livre de odiosos monopólios que só faziam aumentar o tamanho
do leviatã patrimonialista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">A
crítica de Gilberto Paim ao monopólio petrolífero veio se somar à de Roberto de
Oliveira Campos, no que tange também à criação da SEI. Ambos lutaram na penosa
ação de discutir, com transparência e honestidade, as desvantagens dos
monopólios, tanto o petroleiro quanto o informático. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Se
de ambas as empreitadas de crítica ao estatismo Gilberto Paim e o seu amigo Roberto
Campos saíram aparentemente derrotados, as suas corajosas denúncias e as
lúcidas páginas que nos legaram são, hoje, roteiro de ação para as novas
gerações que, nesta conturbada quadra da história brasileira, tanto nas ruas
quanto na web, se organizam e se manifestam exigindo liberdade e transparência,
numa República que ameaça ser engolida pela maré montante da hegemonia
partidária e das práticas patrimonialistas. Permanecem as lições de cidadania e
de coragem intelectual desses dois grandes brasileiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia
Citada<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">AZEVEDO João Lúcio de. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Épocas
de Portugal econômico - Esboços de história</i></b>, Lisboa: Clássica Editora,
1988. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">CARREIRA, António. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As
Companhias Pombalinas</i></b>. Lisboa: Editorial Presença, 1982. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">GUIZOT, François. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Histoire de la civilisation en
Europe, depuis la chute de l´Empire Romain jusqu´a la Révolution Française</i></b>,
8ª edição, Paris: Didier, 1864. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">KRAMER, Dora. “Feitiço invertido”. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Estado de São Paulo</i></b>, 20 de Março de 2014.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">MONTEIRO LOBATO, José Bento Renato. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
escândalo do petróleo</i></b>. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">NUSSINBAUM, Lev. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A luta pelo petróleo</i></b>
(tradução de Charles Frankie; revisão de Monteiro Lobato); São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1935.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">PAIM, Antônio. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A querela do estatismo – A natureza
dos sistemas econômicos: o caso brasileiro</i></b>. 2ª edição. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>.
Rio de Janeiro: Associação Promotora de Estudos Econômicos, 1985.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Rio de Janeiro: Editorial Escrita, 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O filósofo do pragmatismo –
Atualidade de Roberto Campos</i></b>. (Prefácio de Francisco de Assis Grieco).
Rio de Janeiro: Editorial Escrita, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de
linha</i></b>. (Prefácio de Roberto Campos). Rio de Janeiro: Topbooks, 1994,
259 pgs.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">ROUSSEAU, Jean-Jacques. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Du contrat social</i></b>. </span><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">(Introdução e
cronologia a cargo de Pierre Burlegin). Paris: Garnier-Flammarion, 1966.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">SARAIVA, José Hermano (1919-2012),
historiador e político português, autor da obra clássica intitulada: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História
concisa de Portugal</i></b>. Lisboa: Europa-América, 1978.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">SCHNEIDER, Susan. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Marquês de Pombal e o Vinho do
Porto</i></b>. Lisboa: A Regra de Ouro, 1980.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt;">TEIXEIRA SOARES, Álvaro, embaixador. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Marquês de Pombal – A lição do passado e a lição do presente</i></b>. Brasília:
Editora da UnB, 1961. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">TUMA JÚNIOR, Romeu. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Assassinato
de reputações, um crime de Estado</i></b> (1ª edição), Rio de Janeiro:
Topbooks, 2013.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WITTFOGEL, Karl. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Le
despotisme oriental – Étude comparative du pouvoir total</i></b>. (Trad. de
Micheline Pouteau), Paris: Minuit, 1977.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia
de Gilberto Paim<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Livros
<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Amazônia de Pombal sob
ameaça.</span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Rio de Janeiro: Escrita, 2006. 2ª edição
revista e renomeada:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Amazônia ameaçada. Da Amazônia de Pombal à soberania sob ameaça.</i></b>
Brasília: Senado Federal, 2009. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Computador faz política. </span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rio
de Janeiro: Associação Promotora de Estudos Econômicos, 1985.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> <o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De Pombal à abertura dos
portos.</span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Rio de Janeiro: Escrita, 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Industrialização e economia
natural. </span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rio de Janeiro: ISEB, 1957.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">João Figueiredo: missão
cumprida.</span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> (Gilberto Paim, organizador). Rio de
Janeiro: Escrita, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O estoque brasileiro de capital
segundo sua origem</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.</span></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Rio
de Janeiro, 1975.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O filósofo do pragmatismo:
atualidade de Roberto Campos. </span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rio de Janeiro: Editorial
Escrita, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Petrobrás: um monopólio em
fim de linha. </span></i></b><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Prefácio de Roberto Campos). Rio de Janeiro:
Topbooks. 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Artigos
de Gilberto Paim publicados na revista <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta
Mensal <o:p></o:p></i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A confiança como âncora do
Real. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 41, n. 492, p. 69-74, mar. 1996. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A contrarrevolução de 1964. <b>Carta
Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.55, n.659, p. 27-45, fev. 2010. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A crise do setor elétrico. <b>Carta Mensal,</b>
Rio de Janeiro, v. 49, n. 579, p. 71-87, jun. 2003. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A dura liberdade da
conquista. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.51, n.604, p. 55-66, jul.
2005. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A expulsão dos jesuítas na
Era Pombalina: tema nebuloso. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.51, n.613,
p. 74-93, abr. 2006. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alternativas brasileiras. <b>Carta
Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 48, n. 574, p. 44-53, jan. 2003. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Antecedentes de uma grave
crise política. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.55, n.651, p. 73-87,
jun. 2009. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Armamentismo de Chávez. <b>Carta
Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.52, n.624, p. 42-65, mar. 2007. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Sudene de Celso Furtado. <b>Carta
Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.51, n.606, p. 3-15, set. 2005. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A teoria do isolamento à luz
do Nafta. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 47, n. 562, p. 37-48, jan.
2002. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conspiração ativa contra a
Amazônia. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.53, n.629, p. 3-18, ago. 2007.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Contas individuais na
Previdência. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.53, n.627, p. 69-80, jun.
2007. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Do socialismo Fabiano ao
desastre Keynesiano. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.53, n.632, p. 3-17,
nov. 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Formação de um potencial
revolucionário. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 39, n. 461, p. 55-63,
ago. 1993.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fracassada iniciativa
estatal de um bilhão e meio de dólares. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.
39, n. 464, p. 13-20, nov. 1993.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Graves equívocos na
historiografia luso-brasileira. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.52,
n.621, 22-43, dez. 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Informação para desvendar: O
mistério Amazônico. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 48, n. 567, p.
26-44, jun. 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lucas Lopes e a
eletrificação brasileira. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 42, n. 501,
p. 53-70, dez. 1996. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MST-FARC: uma analogia
perigosa. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.56, n.661, p. 58-77, abr.
2010. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Novos critérios de avaliação
da situação econômica brasileira. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 43,
n. 502, p. 65-70, jan. 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Novos horizontes da economia
petrolífera. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 40, n. 476, p. 57-67, nov.
1994. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O fator humano na expansão
do sistema elétrico. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 43, n. 509, p.
11-26, ago. 1997. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O grevismo a serviço do
atraso: Assembleias minúsculas ou inexistentes decretam a paralisação do ensino
superior. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.51, n.611, p. 55-63, fev.
2006. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O realismo de Juarez diante
da questão do petróleo. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 38, n. 452, p.
40-54, nov. 1992.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O populismo como via para a
Ditadura. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 48, n. 565, p. 26-41, abril
2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os desafios do comércio com
a China. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.56, n.681, p. 54-72, dez. 2011.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Petróleo: o deslocamento do
poder. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.56, n.677, ago. 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Programa do PT: modelo de
retrocesso político. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.56, n.663, p.
37-55, jun. 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Questões da transição
demográfica: população, desenvolvimento e meio ambiente. <b>Carta Mensal,</b>
Rio de Janeiro, v. 43, n. 506, p. 77-86, maio 1997. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Questões polêmicas da
revisão constitucional. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 39, n. 466, p.
3-14, jan. 1994. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Reforma tributária para
sustentação do Real. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 41, n. 486, p.
19-32, set. 1995. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Reservas indígenas -
Nacionalismo versus Populismo. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.54,
n.640, p. 3-21, jul. 2008. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Roberto Campos - diplomata,
economista e político. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v.51, n.609, 74-91,
dez. 2005. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sobre a República Socialista
Ianomâmi. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 41, n. 485, p. 3-13, ago.
1995. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Temas atuais de Roberto
Campos: Fundamentalismo Nativista. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 48,
n. 569, p. 3-24, ago. 2002. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma radiografia do crédito
estatizado. <b>Carta Mensal,</b> Rio de Janeiro, v. 39, n. 468, p. 54-67, mar.
1994.<o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b>NOTAS</b></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref1" title=""><!--[endif]--></a></span></span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Rio de Janeiro: Editorial Escrita, 2011.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 19-20.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos. </i></b>Ob. cit., p. 22-23.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> José
Hermano SARAIVA (1919-2012), historiador e político português, autor da obra
clássica intitulada: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História concisa de Portugal</i></b>.
Lisboa: Europa-América, 1978.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 26-27. O autor
cita a obra do historiador português José Hermano SARAIVA, intitulada: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">História
concisa de Portugal</i></b>, ob. cit., p. 251 seg.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 27-28. Antônio
PAIM, em obra memorável, traçou os aspectos essenciais do pombalismo, dos
ângulos cultural e político, colocando-os em relação com os aspectos
econômicos: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A querela do estatismo – A natureza dos sistemas econômicos: o caso
brasileiro</i></b>. 2ª edição. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Álvaro
TEIXEIRA SOARES, embaixador, escreveu a obra intitulada: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Marquês de Pombal – A lição do
passado e a lição do presente</i></b>. Brasília: Editora da UnB, 1961. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos.</i></b> Ob. cit., p. 31-32.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> A
respeito deste ponto, o historiador francês François GUIZOT, na sua clássica
obra <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Histoire
de la civilisation en Europe, depuis la chute de l´Empire Romain jusqu´a la
Révolution Française</i></b>, 8ª edição, Paris: Didier, 1864, p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>379 seg., destaca que tudo, no governo de
Luís XIV, era pensado em função de tornar a França um Estado Moderno. Já não se
faziam mais guerras por motivos pessoais como antigamente. As guerras em que o
monarca francês se embrenhou obedeceram unicamente a razões de Estado.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Ou de uma
nova nobreza integrada por servidores incondicionais do Czar. Essa nobreza de
origem burocrático foi, outrossim, uma das características marcantes da nobreza
que estabelecida, no Brasil, ao longo do Segundo Reinado (1841-1889).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos.</i></b> Ob. cit., p. 32.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos.</i></b> Ob. cit., p. 33.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 35<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 35-36.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos. </i></b>Ob. cit., p. 36.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 34-35.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 52-53.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 52.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Ficou
famosa, nos anais do espírito patrimonialista, a carta que o marquês encaminhou
ao seu sobrinho quando foi nomeado por ele Governador das Capitanias do
Maranhão e do Piauí. Nela, aconselha ao sobrinho que, na governança, atenda
fundamentalmente à classe mais numerosa dos pobres, não levando em consideração
a classe dos ricos que, além de serem pouco numerosos e menosprezar o povinho,
tentarão desestabilizá-lo no poder caso se sintam prestigiados em demasia. Cf.
a respeito, <a href="http://www.patrimonioslz.com.br/pagina171.htm">http://www.patrimonioslz.com.br/pagina171.htm</a>
<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 54-55.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Cf. PAIM,
Antônio. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A querela do estatismo – A natureza dos sistemas econômicos: O caso
brasileiro</i></b>. 2ª edição. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p.
65-77.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></b></span></div>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> ROUSSEAU,
Jean-Jacques. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Du contrat social</i></b>. (Introdução e cronologia a cargo de Pierre
Burlegin). Paris: Garnier-Flammarion, 1966, capítulo VIII.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 38.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Cf.
SCHNEIDER, Susan. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Marquês de Pombal e o Vinho do Porto</i></b>. Lisboa: A Regra de
Ouro, 1980, p.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>174 seg.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></b></span></div>
</div>
<div id="ftn25" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref25" name="_ftn25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 82-83.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn26" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref26" name="_ftn26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CARREIRA,
António. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Companhias Pombalinas</i></b>. Lisboa: Editorial Presença, 1982. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn27" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref27" name="_ftn27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 54-55. O autor se
baseia, neste texto, na pesquisa desenvolvida pelo historiador português António
Carreira na sua obra: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Companhias Pombalinas</i></b>. Ob. cit.,
1982.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn28" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref28" name="_ftn28" style="mso-footnote-id: ftn28;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 59-61.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn29" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref29" name="_ftn29" style="mso-footnote-id: ftn29;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 61-62.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn30" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref30" name="_ftn30" style="mso-footnote-id: ftn30;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 66.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn31" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref31" name="_ftn31" style="mso-footnote-id: ftn31;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 67.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn32" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref32" name="_ftn32" style="mso-footnote-id: ftn32;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 69-70.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn33" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref33" name="_ftn33" style="mso-footnote-id: ftn33;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[33]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Cit. por
PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 74.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn34" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref34" name="_ftn34" style="mso-footnote-id: ftn34;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[34]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 75.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn35" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref35" name="_ftn35" style="mso-footnote-id: ftn35;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[35]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> João
Lúcio de AZEVEDO (1855-1933), historiador português, uma de cujas obras
tornou-se um clássico para o estudo da economia no ciclo pombalino: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Épocas
de Portugal econômico - Esboços de história</i></b>, Lisboa: Clássica Editora,
1988.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn36" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref36" name="_ftn36" style="mso-footnote-id: ftn36;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[36]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Pombal à abertura dos portos</i></b>. Ob. cit., p. 103.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn37" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref37" name="_ftn37" style="mso-footnote-id: ftn37;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[37]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</i></b>. (Prefácio de Roberto
Campos). Rio de Janeiro: Topbooks, 1994, 259 pgs.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn38" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref38" name="_ftn38" style="mso-footnote-id: ftn38;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[38]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</i></b>. (Prefácio de Roberto
Campos). Rio de Janeiro: Topbooks, 1994, p. 15.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn39" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref39" name="_ftn39" style="mso-footnote-id: ftn39;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[39]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Essad Bey
era o pseudônimo utilizado pelo judeu, de origem russa, Lev NUSSINBAUM (1905-1942),
autor da conhecida obra intitulada: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A luta pelo petróleo</i></b> (tradução de
Charles Frankie; revisão de Monteiro Lobato; São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1935). Nesta obra, o autor analisava a exploração petroleira como a
grande arma dos imperialismos para prostrar as nações menos desenvolvidas e
proprietárias de grandes jazidas de hidrocarbonetos. O remédio apregoado
consistiria na organização de uma empresa petroleira estatal, que agiria como
monopólio, com a finalidade de defender a riqueza nacional contra a cupidez
estrangeira. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn40" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref40" name="_ftn40" style="mso-footnote-id: ftn40;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[40]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</i></b>. (Prefácio de Roberto
Campos). Rio de Janeiro: Topbooks, 1994, p. 25.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn41" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref41" name="_ftn41" style="mso-footnote-id: ftn41;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[41]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Cf.
MONTEIRO LOBATO, José Bento Renato. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O escândalo do petróleo</i></b>. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1936. Para o escritor paulista, o petróleo
constituía uma riqueza enorme, que deveria beneficiar a todos os brasileiros,
sem que fosse lícito que meia dúzia de burocratas e de empresários aliados a
eles sentassem encima e só permitissem a exploração monopolista que
beneficiasse minorias. Monteiro Lobato virou empresário do petróleo, tendo
fundado várias empresas de perfuração (Companhia Petróleos do Brasil, Companhia
Petróleo Nacional, Companhia Petrolífera Brasileira, Companhia de Petróleo
Cruzeiro do Sul, Companhia Mato-grossense de Petróleo). Foi vencido pela
burocracia patrimonialista do Estado brasileiro. O Estado getuliano não aceitou
a visão nacionalista que centrava, nos empreendedores nativos e não no Estado,
a iniciativa para a empresa petrolífera. Provavelmente, a visão corporativista
que animava a proposta de Monteiro Lobato desagradou ao chefe do Estado Novo
que, como bom castilhista, queria fazer do Estado empresário o fator de
enriquecimento nacional. O corporativismo econômico não era do agrado de
Getúlio. Daí a sua divergência com Francisco Campos (1891-1968). O paradoxo do
desfalque de Monteiro Lobato como empresário consiste em que foi levado pelas
circunstâncias a se aproximar dos comunistas, após a prisão que sofreu no
Estado Novo, motivada pelas suas críticas ao monopólio estatal. Ironias cruéis
da História. O escritor desiludiu-se por completo com a política estizante do
governo. Os burocratas do Estado Novo teimavam em dizer que no Brasil não havia
petróleo, mas negociavam por baixo dos panos com as companhias americanas. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn42" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref42" name="_ftn42" style="mso-footnote-id: ftn42;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[42]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> KRAMER,
Dora. “Feitiço invertido”. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Estado de São Paulo</i></b>, 20 de Março
de 2014.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn43" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref43" name="_ftn43" style="mso-footnote-id: ftn43;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[43]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</i></b>. Ob. cit., p. 28.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn44" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref44" name="_ftn44" style="mso-footnote-id: ftn44;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[44]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</i></b>. Ob. cit., p. 28-29.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn45" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref45" name="_ftn45" style="mso-footnote-id: ftn45;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[45]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> CAMPOS,
Roberto. “Prefácio”. In: PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</i></b>.
Ob. cit., p. 10.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn46" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref46" name="_ftn46" style="mso-footnote-id: ftn46;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[46]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O filósofo do pragmatismo – Atualidade de Roberto Campos</i></b>.
(Prefácio de Francisco de Assis Grieco). Rio de Janeiro: Editorial Escrita,
2002, p. 79.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn47" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref47" name="_ftn47" style="mso-footnote-id: ftn47;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[47]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O filósofo do pragmatismo – Atualidade de Roberto Campos</i></b>. Ob.
cit., p. 80.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn48" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref48" name="_ftn48" style="mso-footnote-id: ftn48;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[48]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>. Rio de Janeiro: Associação Promotora
de Estudos Econômicos, 1985.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i></b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn49" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref49" name="_ftn49" style="mso-footnote-id: ftn49;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[49]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política. </i></b>Ob. cit., p. 79.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn50" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref50" name="_ftn50" style="mso-footnote-id: ftn50;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[50]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O filósofo do pragmatismo – Atualidade de Roberto Campos</i></b>. Ob.
cit., p. 82.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn51" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref51" name="_ftn51" style="mso-footnote-id: ftn51;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[51]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>. Ob. cit., p. 85. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn52" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref52" name="_ftn52" style="mso-footnote-id: ftn52;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[52]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> PAIM,
Gilberto, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Computador faz política</i></b>. Ob. cit., p. 83-84. Na obra
intitulada: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Guia para os perplexos</i></b> (Rio de Janeiro: Editorial Nórdica,
1988, p. 16), Roberto Campos apresentava esta definição de Informática:
“Aliança entre militares, esquerdistas e empresários antidarwinianos. Estes
acreditam que deve sobreviver não o mais apto, e sim o mais protegido da
concorrência alheia. Artifício usado para induzir a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">maioria </i>– centenas de milhares de usuários – a se subordinar aos
interesses de uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">minoria</i> – poucas
dezenas – de industriais do setor. Também usado para garantir privilégios aos
que copiaram equipamentos estrangeiros antes dos outros. Segundo a seita,
produzir no país só é bom se o produtor tiver certificado de batismo local,
sendo, em caso contrário, preferível importar”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn53" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref53" name="_ftn53" style="mso-footnote-id: ftn53;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[53]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Faço
referência, aqui, à obra do delegado Romeu Tuma Júnior, intitulada: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Assassinato
de reputações, um crime de Estado</i></b> (1ª edição, Rio de Janeiro: Topbooks,
2013) que pôs a nu a política totalitária dos governos petistas no terreno da
informação, visando a montar falsos dossiês contra desafetos, com<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a finalidade de tirá-los da cena política.
Segundo o autor, tratou-se da tentativa de implantar no Brasil um Estado
policial.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn54" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref54" name="_ftn54" style="mso-footnote-id: ftn54;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[54]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> O
sociólogo alemão Karl WITTFOGEL (1896-1988) faz detalhada análise desse modelo
de “modernização pela metade” na sua obra <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Le despotisme oriental – Étude comparative
du pouvoir total</i></b>. (Trad. de Micheline Pouteau), Paris: Minuit, 1977.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn55" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2010%20-%20GILBERTO%20FERREIRA%20PAIM%20(1919-2013).docx#_ftnref55" name="_ftn55" style="mso-footnote-id: ftn55;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[55]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> “Dos
vinte e nove dias em que esteve no cargo – escreve Gilberto Paim -, ele dedicou
vinte e um a conversações com o Banco do Brasil, em Brasília, sobre a
concentração de todos os recursos financeiros disponíveis da empresa em conta
no estabelecimento oficial de crédito. Exercendo suas funções, nesse curto
período não chegou a ter a oportunidade de assinar um cheque sequer. A máfia
petrolífera percebeu o risco que corria com a presença desse homem no cargo
chave da empresa. Que aconteceria com os vastos dinheiros do monopólio e suas
subsidiárias, aplicados sem controle em diferentes agências de dezenas de
bancos? A aludida concentração no BB representava um exemplo a ser contornado
por todos os meios. Era um grave perigo a presença de Nóbrega! Por isso,
tentou-se envolvê-lo num processo rumoroso. Mas a Justiça agiu de forma
coerente. Finalmente, foi ele contemplado com decisões judiciárias, em duas
instâncias, que o absolveram de acusações malévolas (...). Não obstante esse e
outros exemplos semelhantes, os ingênuos que glorificam a Petrobrás continuam
na crença de que a empresa, responsável pelo endividamento externo e pela
subsequente desordem que afeta a economia nacional, é um santuário de
altruístas”. (PAIM, Gilberto. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Petrobrás: um monopólio em fim de linha</i></b>.
Ob. cit., p. 14.).<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-81583448837090745862020-05-12T06:30:00.002-07:002020-05-12T06:30:43.844-07:00Pensadores Brasileiros - FRANCISCO JOSÉ DE OLIVEIRA VIANNA (1883-1951)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFGf0NwEvY_blfVSwcjuDHO-ri17vS-xSXNxbT8c6RvYjY-KxZI1VNGCn-A6YQ-q347ZdSGAjZbE8LpGNwPH6HhoGnrhHRyvuQUHcoxZKxGuvegzPOOD2wSTzmPH9wIEUJCAJQtxPykkxz/s1600/OLIVEIRA+VIANNA+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1160" data-original-width="800" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFGf0NwEvY_blfVSwcjuDHO-ri17vS-xSXNxbT8c6RvYjY-KxZI1VNGCn-A6YQ-q347ZdSGAjZbE8LpGNwPH6HhoGnrhHRyvuQUHcoxZKxGuvegzPOOD2wSTzmPH9wIEUJCAJQtxPykkxz/s200/OLIVEIRA+VIANNA+1.jpg" width="137" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
pensamento sociológico de Oliveira Vianna constituiu, junto com as propostas
estratégicas de Lindolfo Boeckel Collor (1890-1942), o referencial teórico que
serviu a Getúlio Vargas (1883-1954) para elaborar a sua proposta modernizadora
do Estado e da sociedade brasileira, ao longo da década de 30 do século XX. A
sociologia de O. Vianna constituiu o marco conceitual que abriu as perspectivas
ao jovem deputado Getúlio Vargas, para compreender o alcance nacional da
problemática social, superando o vezo provinciano que o jovem castilhista tinha
herdado da sua formação no Rio Grande do Sul. Lindolfo Boeckel Collor
(1890-1942) e Oliveira Vianna representaram, também, o aspecto liberalizante
das reformas de Vargas, que encontraram, de outro lado, elementos definidamente
autoritários, que influíram de forma marcante nos rumos absolutistas do Estado
Novo, proclamado em 1937. Dois desses inspiradores autoritários foram, sem
dúvida, Francisco Campos (1891-1968) e o general Pedro Aurélio de Góes Monteiro
(1889-1956), o primeiro admirador do corporativismo de Mussolini e o segundo um
castilhista linha dura, que pretendia ver implantada no Brasil,
indefinidamente, a ditadura científica comteana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Oliveira
Vianna não foi um observador abstrato da sociedade em que vivia. Participou,
como acaba de ser mencionado, do amplo esforço modernizador e centralizador
empreendido pelo Estado getuliano. Mas seria injusto reduzir a obra do pensador
fluminense a um simples comentário tecido ao redor do élan autoritário da
década de trinta. Oliveira Vianna pensou, de maneira criativa, o autoritarismo
e a modernidade do Brasil e fez uma crítica sistemática aos extremos
liberal-oitocentista e patriarcal-clânico em que naufragaram as nossas reformas
desde o Império. Não se pode captar, de forma adequada, o alcance dos conceitos
do sociólogo fluminense, sem atender para a sua metodologia de trabalho e para
a sua idéia de cultura. Por isso, deter-me-ei nesses aspectos da sua magna
obra, após ter feito a exposição dos principais traços biobibliográficos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">I
- ASPECTOS BIO-BIBLIOGRÁFICOS DE OLIVEIRA VIANNA.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Francisco
José de Oliveira Vianna nasceu em Saquarema, na antiga Província Fluminense, em
20 de julho de 1883, na Fazenda do Rio Seco, e faleceu em Niterói, no Estado do
Rio de Janeiro, em 27 de março de 1951. O seu pai, Francisco José de Castro
Viana, fazendeiro do norte fluminense e coronel da Guarda Nacional, era a
encarnação do paterfamílias. A propósito, frisa o biógrafo de Oliveira Vianna, João
Batista de Vasconcellos Torres (1920-1982): "A incontrastável autoridade
do paterfamílias dava tons sublimes ao patriarcado. O núcleo larário tinha
muito de templo: um ambiente doméstico para melhor sobressair a solidariedade. A
sociedade era a fazenda, a família e os agregados, cujos interesses, fora do
círculo parental, eram ardorosa e fraternalmente defendidos pelo patrão".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
que pese a sua natural inclinação pelo estudo da matemática, o jovem Oliveira
Vianna viu frustrados os seus planos de ingressar na Escola Politécnica do Rio
de Janeiro. Cursou, então, a Faculdade de Direito, tendo-se bacharelado em
1905. Integrou, a seguir, o corpo docente do Colégio Abílio, de Niterói, como
professor de matemática. Já desde os últimos anos de estudos universitários,
colaborou ativamente no jornalismo: escrevia no <i>Diário Fluminense</i>, no
jornal <i>A Capital</i>, e logo em outros como <i>A Imprensa</i>, <i>O Paiz</i>
e a <i>Revista do Brasil</i>, de São Paulo. Praticamente não exerceu a
profissão de advogado, tendo preferido se dedicar ao estudo dos problemas
nacionais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Através
da atividade jornalística entrou em contato com Alberto Torres (1865-1917), de
cuja amizade recebeu forte impulso e influência intelectual para escrever o seu
primeiro livro, <i>Populações meridionais do Brasil - volume I: Populações do
Centro-Sul</i>, que terminou em 1918 e publicou em 1920. Em 1916 iniciou o seu
trabalho como professor de Teoria e prática do Processo penal, na Faculdade de
Direito do Estado do Rio de Janeiro (depois denominada de Faculdade de Direito
de Niterói). Por esse tempo, era forte a influência de Enrico Ferri (1856-1929),
cuja obra admirava o jovem professor, mais do ponto de vista sociológico do que
puramente criminalístico. A partir da publicação do seu primeiro livro em São
Paulo, sob os auspícios de José Bento Monteiro Lobato(1882-1948), com quem o
nosso autor teve grande amizade, tornou-se conhecido a nível nacional e
internacional. Sobre o primeiro volume de <i>Populações meridionais do Brasil</i>
escreveu o argentino José Ingenieros (1877-1925): "Pelo seu método, pelas
suas idéias, pela sua erudição, tem-me parecido uma das obras mais notáveis no
gênero que até agora foi escrita na América do Sul".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
intuição em que se baseia <i>Populações meridionais</i> consiste em identificar,
no latifúndio vicentista, as remotas origens patriarcais da organização social
brasileira. Esta evoluiria, consoante o nosso autor, no decorrer dos séculos
XVIII e XIX, até a consolidação do Estado Nacional no Império e o
fortalecimento político das oligarquias regionais na República Velha. Oliveira
Vianna dedicou as suas obras sociológicas ao estudo monográfico de aspectos
essenciais dessa complexa realidade, nos seguintes livros: <i>O idealismo da
Constituição</i> (1920), <i>Pequenos estudos de psicologia social</i> (1921), <i>Evolução
do povo brasileiro</i> (1923), <i>O ocaso do Império</i> (1925), <i>Problemas
de política objetiva </i>(1930), <i>Formation ethnique du Brésil colonial</i>
(1932), <i>Raça e assimilação</i> (1932). Depois da Revolução de 1930, que
levou Getúlio Vargas ao poder, Oliveira Vianna tornou-se consultor da Justiça
do Trabalho. Graças a essa posição, o nosso autor influiu, decisivamente, na
elaboração da nova legislação sindical e trabalhista. Assinale-se, desde logo,
que a sua influência não foi apenas técnico-jurídica, abrangendo também o campo
dos princípios. Como terei oportunidade de destacar mais adiante, Oliveira
Vianna considerava o insolidarismo como o traço mais caraterístico dos
indivíduos e dos grupos na sociedade brasileira, razão pela qual defendia o
papel coactivo e educador do Estado, na formação do que ele chamava de um
comportamento culturológico, capaz de se sobrepor ao espírito insolidário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Desfrutando
de uma situação em que poderia atuar nessa direção, não deixou de fazê-lo, como
se vê da parcela subsequente da sua obra, integrada pelos seguintes livros, que
materializam o seu pensamento acerca desse segmento da atuação culturológica: <i>Problemas
de direito corporativo</i> (1938), <i>Problemas de direito sindical</i> (1943)
e a coletânea de ensaios intitulada: <i>Direito do trabalho e democracia social
</i>(publicada em 1951). Teve a formação católica de Oliveira Vianna algum peso
na elaboração da sua obra no campo do direito do trabalho, como sugere
Vasconcellos Torres? Provavelmente sim, embora de forma mitigada. Amigo de
Getúlio Vargas, recebeu dele a indicação para ser ministro do Supremo Tribunal
Federal; mas declinou o oferecimento. Alegara razões de idade para se dedicar
ao estudo do direito civil e, além disso, manifestara a vontade de voltar aos
seus estudos sociológicos. Foi-lhe oferecido, então, outro importante cargo, o
de ministro do <i>Tribunal de Contas da União</i>, em 1940, que o nosso autor
aceitou, movido, em parte, pelo fato de o novo cargo não lhe impedir a
dedicação às suas pesquisas sociológicas. De fato, a circunstância permitiu-lhe
dar forma acabada à sua meditação, notadamente, mediante a complementação de <i>Populações
meridionais do Brasil</i>, com a publicação do segundo volume, dedicado ao
estudo intitulado: <i>Populações meridionais do Brasil: O campeador
rio-grandense</i>. Esta obra foi publicada, postumamente, em 1952. Outros
escritos do período foram: <i>Instituições políticas brasileiras</i> (1949), <i>Problemas
de organização e problemas de direção</i> (1952), <i>Introdução à história
social da economia pré-capitalista no Brasil </i>(livro publicado, postumamente,
em 1958), <i>História social da economia capitalista no Brasil </i>(1987), <i>História
da formação racial do Brasil</i> (obra ainda inédita) e <i>Ensaios inéditos</i>
(reunião de trabalhos esparsos do autor, como opúsculos e publicações em
revistas especializadas, obra publicada em 1991). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De
índole pessoal tímida e pouco inclinada às manifestações públicas, o nosso
autor, praticamente, não saiu da sua terra natal. Além de curtas viagens a São
Paulo, a São José dos Campos e às Estâncias hidrominerais de Minas Gerais, para
tratamento de saúde, não se afastou do Rio e do cenário fluminense. Declinou,
atenciosamente, os convites que lhe foram feitos em várias ocasiões; por
Getúlio Vargas, em 1928, para pronunciar uma conferência em Porto Alegre; pelo
governador gaúcho Flores da Cunha, alguns anos mais tarde; pelo amigo Afrânio
Peixoto, radicado em São Paulo. Igualmente, recusou o convite que lhe fez o
chanceler Oswaldo Aranha, em 1944, para chefiar uma missão de estudos do
Itamaraty ao Paraguai. Oliveira Vianna integrou a Academia Brasileira de Letras,
tendo sido eleito em 1937. Pertenceu, também, como membro correspondente, às
seguintes entidades culturais: Instituto Internacional de Antropologia,
Sociedade dos Americanistas de Paris, Sociedade Portuguesa de Antropologia e
Etnologia, Academia Portuguesa de História, União Cultural Universal de
Sevilha, Academia de Ciências sociais de Havana, Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">II
- BASES GNOSEOLÓGICAS PARA O ESTUDO DA REALIDADE BRASILEIRA.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Embora
sempre tivesse observado rigorosa fidelidade, em face dos conceitos relacionados
ao papel e abrangência da sociologia e do direito, muito tardiamente, porém, o ensaísta
fluminense preocupou-se com uma explicitação sistemática dos mesmos. Apenas em
1949, com a primeira edição de <i>Instituições políticas brasileiras</i>, Oliveira
Vianna expôs, sistematicamente, as que podemos considerar como suas bases gnosiológicas
para o estudo da realidade brasileira. Para que o leitor possa apreender, de
modo pleno, esse aspecto de sua meditação, cumpre desdobrá-lo deste modo: 1) o
primado da objetividade científica na obra de Oliveira Vianna; 2) a presença
dessa objetividade na própria atividade intelectual do escritor; 3) a
perspectiva gnosiológica de Oliveira Vianna: a culturologia do Estado num
contexto pluridimensional; 4) os complexos culturais e a morfologia do Estado,
segundo o ensaísta fluminense.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1)
A questão da objetividade científica.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
prefácio à quarta edição da obra: <i>Evolução do povo brasileiro</i>, (cuja
primeira edição foi de 1937), Oliveira Vianna reage contra a forma unilinear de
entender a evolução das sociedades, como se houvesse leis gerais que as
comandassem. Acolhendo os conceitos do sociólogo francês Gabriel Tarde
(1843-1904), o nosso autor considera que existem múltiplas tendências na
evolução das sociedades, e que é impossível reduzi-las a um único esquema. “Existe,
hoje, à luz das ciências sociais, o heterogêneo social de que falava Gabriel
Tarde, contraposto ao homogêneo social de Herbert Spencer (1820-1903)”.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
estudo das sociedades podemos encontrar, segundo Oliveira Vianna,
multiplicidade de linhas de evolução e de fatores que intervêm nessas linhas.
Para essa multiplicidade de tipos, - frisa o nosso autor -para essa variedade
de linhas de evolução, para este heterogenismo inicial “contribui um formidável
complexo de fatores de toda ordem, vindos da Terra, vindos do Homem, vindos da
Sociedade, vindos da História: fatores étnicos, fatores econômicos, fatores
geográficos, fatores históricos, fatores climáticos, que a ciência cada vez
mais apura e discrimina, isola e classifica. Estes predominam mais na evolução
de tal agregado; aqueles, mais na evolução de outro; mas, qualquer grupo humano
é, sempre, conseqüência da colaboração de todos eles; nenhum há que não seja a
resultante da ação de infinitos fatores, vindos, a um tempo, da Terra, do
Homem, da sociedade e da História. Todas as teorias, que faziam depender a
evolução das sociedades da ação de uma causa única, são, hoje, teorias
abandonadas e peremptas: não há, atualmente, monocausalismos em ciências
sociais".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entre
todos esses fatores e sem pretender ensejar uma explicação monocausalista,
Oliveira Vianna considerava de alta importância o elemento por ele chamado de
ambiente cósmico, ligado, basicamente, às condições do solo. Achava que, em seu
tempo, prevaleciam, em ciências sociais, os trabalhos monográficos, que tentavam
identificar os elementos específicos que intervinham em determinado meio cósmico.
Esses trabalhos deveriam ter, como ponto de partida, uma única preocupação:
conhecermo-nos a nós mesmos, deixando de lado as tentativas de acomodar a nossa
realidade a modelos preexistentes. A respeito, Oliveira Vianna era taxativo, em
<i>Evolução do povo brasileiro</i>: "Desde o momento em que a ciência
confessava a sua ilusão e reconhecia que as leis gerais, a que havia chegado,
não correspondiam à realidade das formas infinitas da vida, compreendi que a
melhor coisa a fazer não era insistir por encerrar a nossa evolução nacional,
dentro dessas fórmulas vãs ou querer subordinar nosso ritmo evolutivo a um
suposto ritmo geral da evolução humana - ao evolucionismo spenceriano, como fez
Sílvio Romero (1851-1914), à teoria filogenética de Ernst Haeckel (1834-1919),
como fez Fausto Cardoso (1864-1906), ou à lei dos três estados de Comte
(1798-1857), como têm feito os positivistas sistemáticos. Pareceu-me trabalho
inútil esforçar-me por descobrir, nos acontecimentos da nossa história, a
revelação dessas leis gerais, de que a própria ciência acabava de instaurar o
processo de falência. O mais sábio caminho seria tomar, para ponto de partida,
o nosso povo e estudar-lhe a gênese e as leis da própria evolução. Se estas
coincidissem com as supostas leis gerais, tanto melhor para a ciência e para
nós; se não, ficaríamos, pelo menos, conhecendo-nos a nós mesmos - o que já
seria alguma coisa, porque valeria o consolo de estarmos com a sabedoria dos
antigos".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Só
assim, renunciando, de início, a qualquer esquematismo preestabelecido, é
possível contribuir para a ciência social e para a materialização de uma
política orgânica. Unicamente a história, e Oliveira Vianna segue, aqui, o
pensamento de Leopold von Ranke (1795-1886) e de Theodor Mommsen (1817-1903), é
capaz de nos ajudar a reconstruir as diversas fases evolutivas de um povo
determinado, chegando, assim, a desvendar o seu modo de ser próprio. A
preservação dos valores da Civilização do Ocidente, no nosso meio, dependeria
desse trabalho de pesquisa histórica. Referindo-se aos nossos velhos
historiadores, Oliveira Vianna salienta que lhes faltam dois elementos
essenciais: o povo, que ele chama de massa humana e o meio cósmico. Eis as suas
palavras a respeito: "Duas coisas, realmente, não aparecem nas obras dos
nossos velhos historiadores, senão furtivamente e a medo, duas coisas sem as
quais a história se torna defectiva e parcial. A primeira é o povo, a massa
humana sobre que atuam os criadores aparentes da história: vice-reis,
governadores gerais, tenentes-generais, funcionários de graduação, diretamente
despachados da metrópole. A segunda é o meio cósmico, o ambiente físico em que
todos se movem, o povo e os seus dirigentes, e onde um e outros haurem o ar que
respiram e o alento que lhes nutre as células, e que age como o seu relevo, a
sua estrutura, o seu subsolo, a sua hidrografia, a sua flora, a sua fauna, o
seu clima, as suas correntes atmosféricas e as suas intempéries. Tudo isto
influi, tudo isto atua, tudo isto determina as ações dos homens na vida
cotidiana - e, entretanto, nada disto parece se refletir na explicação da nossa
gente".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Oliveira
Vianna afirma que nesse trabalho de pesquisa sobre a nossa gente, inspira-se no
mesmo espírito de objetividade e imparcialidade com que os técnicos agrícolas
estudam, por exemplo, os problemas do café. A respeito, escreve:
"Estudando as nossas realidades históricas e sociais, o nosso povo, a sua
estrutura, a sua psicologia, e a vida, a estrutura e a psicologia dos grupos
regionais, que o compõem, faço-o com o mesmo espírito de objetividade e a mesma
imparcialidade com que os técnicos do Serviço de Defesa Agrícola estão, agora,
estudando a praga vermelha dos cafezais da Paraíba ou os sábios de Manguinhos
estudaram, entre as populações do planalto e da costa, a função patogênica do <i>necator
americanus</i> (...). O meu grande, o meu principal empenho é surpreender o Homem,
criador da história, no seu meio social e no seu meio físico, movendo-se e
vivendo neles, como o peixe no seu meio líquido".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa
preocupação com a objetividade científica, comprometida com a observação
paciente de todos os detalhes do fenômeno social, tentando chegar a categorias
que expressem aquela realidade, faz-se presente em todas as obras de Oliveira
Vianna. Mesmo em pontos altamente discutidos e discutíveis - como na questão da
superioridade organizacional da raça ariana - não podemos deixar de reconhecer
um grande esforço de observação da realidade social. Ao expor, por exemplo, a
progressiva arianização da população brasileira, o autor procura alicerçar
todas as suas afirmações em dados estatísticos, hauridos dos recenseamentos
oficiais.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
E não deixa de reconhecer, com inegável sensibilidade de cientista, o caráter
hipotético das suas afirmações, abertas, sempre, à discussão pela comunidade
científica e ao confronto com a realidade.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2)
Testemunhos biográficos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa
preocupação pela objetividade condicionou, aliás, a metodologia de trabalho do
nosso autor. Segundo testemunho de seu biógrafo, Vasconcellos Torres, o
sociólogo fluminense tinha uma definida disciplina intelectual: "Quem
visse as pequeninas folhas de seu fichário, fichário no sentido de coleção
porque as suas notas eram apenas amarradas num barbante e separadas por
assunto, não suspeitaria que, na aparente desorganização com que se
apresentava, possuíam extraordinária unidade. Ele sabia encontrá-las no
instante preciso. De ver o carinho que nutria por esses papagaios, como os
denominava. Quando começava a escrever o livro, a atividade era febricitante e
ininterrupta. Na segunda leitura dos originais, incluía ou retirava trechos e,
digno de referência, era a papelada, um pedaço menos para outro duas vezes
maior que uma folha de almaço, colada e com tiras laterais que mais pareciam
serpentinas. A datilografia não representava o fim. O processo continuava.
(...) De quando em quando examinava recortes de jornais que lhe interessavam,
beneditinamente conservados numa pasta".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
autor de <i>Populações meridionais</i> não escrevia por escrever. Amadurecia,
pausadamente, uma idéia, até que a encontrava suficientemente clara para
divulgá-la. A carta que endereçou ao chanceler Oswaldo Aranha (1894-1960), em
1944, recusando o convite que lhe formulara para chefiar uma missão do
Itamaraty no Paraguai é bem significativa, porque revela, numa confissão
autobiográfica, a medida do seu compromisso como intelectual: "O apelo de
V. Exa. me encontra no momento justo, exato de um verdadeiro <i>demarage</i>
literário: o do recomeço da elaboração de uma obra, cuja conclusão há pouco
mais de dez anos fui forçado a interromper e que, por sua vez, representa o
labor de vinte anos de intensas leituras e penosas pesquisas arquivais sobre o
Brasil. São nada menos que quatro volumes, já compostos, embora em escorço
grosseiro e despolido. (...). Estes quatro volumes eu os havia composto no
período que vai de 1924 a 1932, depois de ter concluído o primeiro das <i>Populações
meridionais</i> e a <i>Evolução do povo brasileiro</i>. (...). Não se admire,
meu caro chanceler, de ter eu tantos livros no estaleiro, elaborados, mas
inéditos. É isto conseqüência do meu método um tanto extravagante de trabalho:
planejando o livro, escrevo-o logo (...), sem lavor literário (...); feito isto,
guardo-o; e só depois de vários anos é que o retomo para os trabalhos
definitivos de refusão, atualização e polimento".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hélio
Palmier, o último secretário particular de Oliveira Vianna, deu o seguinte
testemunho acerca da rigorosa disciplina científica do mestre: "Seu método
de trabalho era uma prova da sua probidade intelectual. Confessou-me, certa
vez, jamais ter idéia preconcebida de escrever um livro. Anotava fatos ou
observações em pequenos pedaços de papel - papagaios chamava-os - reunia-os,
depois de certo tempo, e, verificando a interrelação dos fenômenos observados,
deduzia fatos, estabelecia leis, e só então ia procurar os livros dos
estudiosos - dos sabidos, como dizia. Ditava-me, então, os originais.
Recebendo-os de volta, datilografados, na ânsia da perfeição recortava-os, emendava-os
ou inutilizava-os, mandando-me fazê-los de novo; e repetia essa operação várias
vezes. Elaborado o livro, guardava-o, para, mais tarde, anos depois, verificar
se os fatos estavam a confirmar as suas teses. Caso contrário, eliminava,
sumariamente, os pontos falhos. Na revisão das provas tipográficas, ainda não
satisfeito, fazia alterações, acrescentava frases, suprimia parágrafos".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">3)
Perspectiva gnosiológica: a culturologia do Estado num contexto poliédrico ou
pluridimensional.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
<i>Instituições políticas brasileiras</i>, Oliveira Vianna firma o que pode ser
chamado de bases gnosiológicas para o estudo da sociedade brasileira. O autor
salienta, em primeiro lugar, a presença do direito costumeiro do povo-massa.
direito que é, geralmente, desconhecido pelos legisladores. A respeito, frisa:
"Há, por exemplo, um largo setor do nosso direito privado que é
inteiramente costumeiro, de pura criação popular, mas que é obedecido como se
fosse um direito codificado e sancionado pelo Estado. Quero me referir ao
direito que chamo esportivo e que, só agora, começa a ser anexado pelo Estado e
reconhecido por lei. Este direito (...) organizou instituições suas,
peculiares, que velam pela regularidade e exação dos seus preceitos. Tem uma
organização, também própria, de Clubes, Sindicatos, Federações, Confederações,
cada qual com administração regular (...) e um Código Penal seu (...). Direito
vivo, pois. Dominados pela preocupação do direito escrito e não vendo nada mais
além da lei, os nossos juristas esquecem este vasto submundo do direito
costumeiro do nosso povo (...)".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Logo
a seguir, na mesma obra, o nosso autor aponta uma outra manifestação desse
direito costumeiro. Trata-se do que ele chama de <i>direito social operário</i>,
que é caracterizado nos seguintes termos: "Todo um complexo de normas e
regras (...), objetivado em usos, tradições, praxes, costumes, mesmo
instituições administrativas oficiosas. Era todo um vasto sistema, que regulava
as atividades (...), a vida produtiva de milhões de brasileiros, mas cuja
existência os nossos legisladores não haviam sequer pressuposto. Sistema
orgânico de normas fluidas, ainda não cristalizadas ou ossificadas em códigos;
mas, todas provindas da capacidade criadora e da espontaneidade organizadora do
nosso próprio povo-massa, na sua mais autêntica expressão".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Exemplo
desse direito social operário costumeiro seria o conjunto de normas práticas
que nortearam, ao longo de quatro séculos, o trabalho marítimo e da estiva.
Indicava que os técnicos do Ministério do Trabalho, respeitando as tendências
do povo massa, com muito bom senso, simplesmente incorporaram esse direito ao
texto legal. Achava, ainda, que preocupação idêntica orientou os técnicos do
Ministério na elaboração da legislação sindical, embora não pretendesse negar a
inspiração forânea. Tema predileto do pensador fluminense foi, justamente, a
afirmativa de que direito semelhante do nosso povo-massa vingou no campo
constitucional. Ignorando que o nosso povo sempre teve o seu direito público
próprio, costumeiro, a elite intelectual elaborou outro direito, teórico, que
sempre entrou em atrito com o primeiro. Oliveira Vianna sintetizava, assim, os
traços fundamentais desse direito público do povo-massa: "1) Na vida
política do nosso povo, há um direito público elaborado pelas elites e que se
acha concretizado na <i>Constituição</i>. 2) Este direito público elaborado
pelas elites, está em divergência com o direito público elaborado pelo
povo-massa e, no conflito aberto por esta divergência, é o direito do
povo-massa que tem prevalecido praticamente. 3) Toda a dramaticidade da nossa
história política está no esforço improfícuo das elites para obrigar o
povo-massa a praticar este direito por elas elaborado, mas que o povo-massa
desconhece e que se recusa a obedecer".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
conclui assim, ligando a problemática política à mais ampla problemática do
comportamento humano e da cultura, e assinalando o papel que corresponde a ele,
como cientista social, nesse contexto: "O meu objetivo será, pois, (...)
estudar o nosso direito público e constitucional, exclusivamente à luz dos
modernos critérios da ciência jurídica e da ciência política: isto é, como um
fato de comportamento humano. Dentro desse critério, os problemas de reformas
de regime, convertem-se em problemas de mudança de comportamento coletivo,
imposto ao povo-massa; portanto, em problemas de cultura e de culturologia
aplicada".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na
linha de Ralph Linton (1893-1953), Donald Pierson (1900-1995), Herbert Baldus
(1899-1970) e Edgar Willems (1890-1978), Oliveira Vianna entende o termo
cultura no sentido originário da palavra alemã <i>Kultur</i>, que os ingleses
traduziram como <i>culture</i> e que a escola sociológica francesa entendeu
como <i>ethnographie</i>. Esse termo refere-se ao meio social ou à formação
social. O ensaísta fluminense esclarece que só passou a utilizar esse termo na
última parte da sua obra (a partir de <i>Instituições políticas brasileiras</i>,
que data de 1949) e explica assim a razão desse atraso: "É que, dominado,
literariamente, pela preocupação do <i>lucidus ordo</i> cartesiano, sempre
fugi, por sistema, nos meus escritos, às expressões demasiadamente técnicas, só
acessíveis a mestres, a profissionais ou a iniciados, ou ainda não incorporadas
àquela língua franca da ciência, de que nos fala Linton". Mas esclarece
que passa a usar o termo cultura na acepção acima indicada, levando em
consideração que, em língua portuguesa, já se encontra uma bibliografia
suficiente para a correta interpretação sociológica do mesmo. Oliveira Vianna
menciona a Introdução à <i>Antropologia social</i> de Ralph Linton, bem como o <i>Dicionário
de etnologia e sociologia </i>de Baldus e Willems, a revista paulista
Sociologia e a obra <i>Teoria e pesquisa em sociologia</i> de Donald Pierson.
(Convém esclarecer que o livro de Ralph Linton foi traduzido por Lavínia Vilela
em São Paulo, em 1934, ao passo que a obra de Baldus e Willems foi publicado na
mesma cidade em 1939, ano em que apareceu, também em São Paulo, a obra de Pierson).
O sociólogo fluminense alerta, contudo, para o perigo de utilizar o termo <i>cultura</i>
fora do sentido sociológico, como cultura intelectual, salientando que essa foi
a dificuldade enfrentada por Fernando de Azevedo (1894-1974) na sua obra
intitulada: <i>A cultura brasileira</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quanto
à culturologia do Estado, especificamente, Oliveira Vianna frisa que esse é o
aspecto que mais lhe interessa e que pretende ter desenvolvido na maior parte
da suas obras, desde <i>Populações meridionais do Brasil</i> (1920) até <i>Instituições
políticas brasileiras </i>(1949); trata-se, portanto, do que poderíamos chamar
de objeto formal da sua sociologia, o aspecto específico sob o qual o
pesquisador fluminense estuda a realidade brasileira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
<i>culturologia do Estado</i>, salienta Oliveira Vianna, é especialidade assaz
descuidada por parte dos etnólogos. Confessa ter encontrado alguma coisa sobre
esse tema na <i>Social anthropology</i> de Paul Radin (1883-1959), nos <i>Principles
of Anthropology</i> de Carleton Coon (1904-1981) e Eliot Dismore Chapple
(1909-2003) e na obra clássica de Alexander Alexandrovich Goldenweiser
(1880-1940).<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn14" name="_ftnref14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Contudo, frisa o nosso
autor, "foram os franceses e não os americanos que me deram as melhores
sugestões sobre este ponto, e o livro de Alexandre Moret (1868-1938) e Georges Davy
(1883-1976), <i>Des clans aux empires</i> (Paris, 1932) é o mais sugestivo
trabalho que conheço sobre a genética do Estado". Em que pese o fato de
Oliveira Vianna ter lido a obra de Max Weber<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn15" name="_ftnref15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
(1864-1920), não chega a se interessar, contudo, pelo estudo que o sociólogo
alemão faz do Patrimonialismo, (tipologia que teria, aliás, encaixado
perfeitamente nas categorias telúricas do nosso autor). Weber interessa a
Oliveira Vianna sob dois aspectos especificamente: no estudo das comunidades de
aldeia na Europa feudal, e na análise do <i>oikós</i> do faraó, que o ensaísta
fluminense achava muito semelhante à autarquia econômica materializada no <i>engenho
real</i> descrito por Giovanni Antonio Andreoni (1649-1716), o célebre cronista
Antonil. Talvez o nosso autor achasse a categoria do Patrimonialismo weberiano
alheia ao contexto americano, levando em consideração o fato de o sociólogo
alemão ilustrar esse tipo ideal a partir das sociedades antigas, como a chinesa
ou a egípcia. A aplicação mais larga do conceito de Patrimonialismo, de modo a
situar nele o absolutismo ibérico pós-feudal seria feita posteriormente, na
análise de August Karl Wittfogel (1896-1988) no clássico livro intitulado: <i>Oriental
despotism </i>(1957).<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn16" name="_ftnref16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Analisando
as relações entre direito, cultura e comportamento social, Oliveira Vianna
lembra que dos métodos enumerados por Jacobsen como utilizáveis no estudo da
ciência política, do direito público e das instituições do Estado (histórico,
comparativo, filosófico, experimental, biológico, psicológico e legístico), só
apenas um tem sido aplicado no Brasil: o legístico, que "vê a sociedade
política apenas como uma coleção de direitos e obrigações expressos em lei e
tende a não levar em conta as forças sociais e extralegais, sem as quais,
entretanto, não seria possível nenhuma explicação que corresponda aos fatos da
vida do Estado".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn17" name="_ftnref17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Quanto ao moderno método científico ou sociológico, que se caracteriza pela
objetividade dos seus critérios, Oliveira Vianna supõe que, em geral, os nossos
juristas o consideraram sempre como uma impertinência, continuando fiéis à
metodologia de Rui Barbosa (1849-1923). O pioneirismo nesse campo é
representado por Alberto Torres (1865-1917), Sílvio Romero (1851-1914),
Euclides da Cunha (1866-1909) e por ele mesmo. A respeito, o nosso autor
escreve: "O segundo tipo de estudos - do direito como costume ou cultura -
tem o seu primeiro padrão nos ensaios de Torres, começando com a pioneiragem de
Sílvio e Euclides. Depois, no estudo sistemático e rigorosamente científico
que, nos meus livros, venho fazendo da história e da sociologia das nossas
instituições políticas e partidárias". Informa ter sido Sílvio Romero quem
primeiro o influenciou desde 1900, quando ainda era estudante. O elemento mais
importante dessa influência foi a revelação da escola lepleyana, cujo critério
monográfico Oliveira Vianna achou, então, o mais apropriado para o estudo do
povo brasileiro. O ulterior encontro com Alberto Torres (em 1914), quando o
nosso autor já era bacharel em Direito, bem como o estudo dos sociólogos
americanos e franceses, vieram aprofundar a herança recebida de Sílvio Romero e
Euclides da Cunha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para
Oliveira Vianna é um fato que o método sociológico aplica-se, cada vez com
maior intensidade, ao campo do direito. A grande preocupação é com a objetividade,
que ele entende assim: "Objetividade - eis o caráter que distingue esta
fase moderna da ciência do direito, esta nova metodologia, esta nova atitude
dos espíritos em face do fenômeno jurídico. Estudar a vida do direito criminal,
do direito internacional com a mesma objetividade com que Lévy-Bruhl
(1857-1926) estudou as funções mentais nas sociedades primitivas, ou
Radcliffe-Brown (1881-1955) os ritos mágicos dos indígenas das Ilhas Adaman, ou
Malinowski (1884-1942) a vida dos insulares da Melanésia - eis o ideal do
moderno estudo do direito como ciência social, seja o Direito Privado, seja o
Direito Público".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn18" name="_ftnref18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
seu ver, nesse esforço de aplicação do método sociológico ao direito, têm sido
de grande valor os trabalhos da Escola de Direito Comparado de Lyon, sob a
direção de Édouard Lambert (1866-1947), bem como a contribuição da Nova Escola
Americana de Jurisprudência – Oliver Wendell Holmes (1809-1894), <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Roscoe Pound (1870-1964), Benjamin Nathan
Cardozo (1870-1938), Louis Brandeis (1856-1941), Karl Llewellyn (1893-1962),
Felix Frankfurter (1882-1965), Huntington Cairns (1904-1985), Max Radin
(1880-1950), Jerôme Frank (1889-1957), etc. - . Considera que a influência das
ciências sociais (principalmente da psicologia social, da etnografia, da
economia política, da antropogeografia, da culturologia) sobre o direito, tem
contribuído para que esta disciplina se liberte, progressivamente, dos seus
elementos apriorísticos e se torne uma autêntica ciência social, cada vez mais
objetiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como
fazer - pergunta o nosso autor - um estudo do direito que possa ter peso
científico? A resposta é simples: referindo-o aos comportamentos sociais. Isso
porque (e aqui Oliveira Vianna segue o pensamento de Huntington Cairns na obra <i>The
Theory of legal science</i>, publicada em 1941), as ciências sociais podem ser
definidas como um tipo de conhecimento que tem como objetivo "o estudo do
comportamento humano, tal como se manifesta em ações na sociedade". Se a
base da cientificidade do direito é o comportamento social, conclui que ela
será constituída não pelo direito escrito - como se considerou no Brasil - mas
pelo direito costumeiro. A conseqüência que Oliveira Vianna tira dessa premissa
é clara: no povo-massa reside a base objetiva da cientificidade do direito, por
ser ele a fonte do direito público costumeiro. E conclui: "Em vez de um
problema de hermenêutica constitucional, torna-se, assim, o estudo do nosso
direito público e constitucional um problema de culturologia aplicada".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esta
conclusão implica na realização de um aprofundamento no sentido da cultura e da
sua influência, como força determinante dos comportamentos individuais. A
respeito deste ponto, o nosso autor critica, em primeiro lugar, o
panculturalismo de Spengler (1880-1936), Schmitt (1888-1985) <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e Frobenius (1849-1917), por se tratar de uma
reação extremada contra o biologismo unilateralista, que reduzia a sociedade a
um agregado de indivíduos. Oliveira Vianna critica a concepção panculturalista,
em decorrência da concepção determinística do homem que a empolga. A respeito,
frisa: "Para os culturalistas há então, na Cultura, uma virtualidade
própria - mística ou mágica, como quer que seja - que anula qualquer ação em
contrário do Homem, reduzido, assim, à condição de homúnculo ou menos do que
isto. Mesmo que este homem seja um grande homem".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn19" name="_ftnref19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40161878"><o:p></o:p></a></span></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk40161878;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esse
vício determinístico do panculturalismo provém do fato de considerar a cultura
como exterior ao homem. Esse extremo corresponde, no entanto, a uma primeira
fase da teoria culturalista. Entende que essa concepção, fundada na suposição
de que a cultura transcende ao homem, teria sido substituída por uma visão que
o nosso autor chama de imanência da cultura. Em relação a este ponto escreve:
"É que (as ciências sociais) acabaram encontrando a cultura dentro do
próprio homem e, portanto, imanente ao homem". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Oliveira
Vianna cita a este respeito, um texto de Abram Kardiner (1891-1981), que
exprime, claramente, a idéia de imanência: "Temos que reconhecer, porém,
que o indivíduo é o portador das instituições e o meio através do qual elas se
perpetuam. A cultura, que não é mais do que uma abstração do observador, existe,
unicamente, nas psiques dos indivíduos que compõem a sociedade. As
características do homem, que tornam possível a cultura, constituem os objetos
supremos do estudo". Assim, as ciências têm mostrado que toda cultura se
dá num contexto de reflexos condicionados por vários fatores, de forma tal que
ela, também, está dentro de nós. A conclusão seria que a cultura, entendida
desta forma ampliada, reconhecendo a existência independente da psique e da
estrutura física dos indivíduos, não os aniquila, mas preserva, pelo contrário,
a sua criatividade. As modernas pesquisas de cientistas como Malinowski, Mac
Iver (1844-1922) e outros, teriam demonstrado, claramente, as falhas do
panculturalismo: estudando sociedades primitivas, tais pesquisas chegaram à
conclusão de que as normas culturais vigentes em determinado meio têm um valor
relativo, quanto ao modo de sua execução. O qual demonstra a insuficiência do
contexto dado pela cultura, para explicar, de forma exclusiva e sem recorrer a
fatores diferentes, as variações de comportamento em relação à norma
preestabelecida (culturalmente).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Oliveira
Vianna expressa, deste modo, a sua divergência face aos os seguidores
americanos do panculturalismo: "O meu ponto de divergência com os
antropologistas da escola culturalista, Franz Boas (1858-1942) e seus
seguidores, é que eles consideram a cultura como um sistema social que encontra
explicação em si mesmo, ao passo que eu, embora aceite a concepção central da
etnologia americana - do regionalismo das áreas de cultura - contudo, não
aceito o panculturalismo desta escola, que quer tudo explicar em termos de
cultura, até os fenômenos fisiológicos, e se recusa a fazer intervir, na
formação e evolução das sociedades e da civilização, os fatores biológicos,
negando qualquer influência ao indivíduo ou à raça e à sua poderosa
hereditariedade". Na base da crítica do nosso autor está a firme
convicção, repetidas vezes afirmada, acerca "da importância que, na
elaboração das culturas e dos seus destinos, tem o homem, o seu temperamento,
as suas idiossincrasias pessoais - o poliedrismo da sua personalidade".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn20" name="_ftnref20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
que pese as críticas feitas ao panculturalismo, Oliveira Vianna não deixa de
reconhecer um alto valor heurístico à escola culturalista, quando desprovida
dessa metafísica sócio-vitalista, que faz da cultura <i>entelechia</i>
responsável por tudo quanto acontece nas sociedades. Justamente na medida em
que um cientista como Ralph Linton consegue relativizar, em alguma medida, a
função cultural, nos seus estudos sobre as relações entre personalidade e
cultura, é dada a esta variável a sua adequada dimensão, apesar da originária inspiração
desse autor na escola culturalista. As possibilidades desta escola, aliás,
estão chegando aos seus limites, afirma Oliveira Vianna. Pode-se fazer, hoje, a
previsão de que "não está muito longe o dia em que a sociologia terá de
reconhecer - na gênese das culturas e nas transformações das sociedades - não
apenas o papel da hereditariedade individual e do grande homem, mas mesmo o
papel da raça. Na verdade, tudo parece afluir para uma grande síntese
conciliadora. (...). O certo, porém, é que passou, definitivamente, a época dos
exclusivismos monocausalistas".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn21" name="_ftnref21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
que termos se efetivaria essa síntese conciliadora? O nosso autor assim explica
esse processo: "Em suma, o quadro clássico dos fatores da Civilização e da
História se está restaurando. Em vez de uma causa única - meio só (Buckle), ou
raça só (Lapouge), ou cultura só (Spengler, Frobenius, Boas) - a ciência
confessa que tudo se encaminha para uma explicação múltipla, eclética,
conciliadora: Raça + Meio + Cultura. Com estes elementos é que ela está
recompondo o quadro moderno dos fatores de Civilização". Quanto ao tipo em
que se inspira esta posição, Oliveira Vianna frisa: "É o que esperamos do
trabalho científico feito sob a inspiração daquela <i>integralist sociology</i>,
de que nos fala Pitirim Sorokin (1889-1968) e que concebe a realidade social
como um complexo multifário (<i>a complex manifold</i>)". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">À
luz dessa perspectiva conciliadora, ou melhor, segundo os termos usados pelo
próprio autor, poliédrica, Oliveira Vianna entende a totalidade da sua obra
como um esforço para aproximar-se desse grupo de fatores (Raça, Meio, Cultura),
fazendo recair a ênfase em algum deles. Daí o caráter monográfico da sua obra.
A respeito, afirma: "Nos meus livros anteriores, (...) tenho investigado
todos esses grupos de fatores da nossa formação e da nossa evolução histórica e
social: o meio antropogeográfico (clima e solo), os fatores biológicos e
heredológicos (linhagem e raça) e os fatores sociais (cultura), embora com
outra tecnologia. Retomo, agora, (em <i>Instituições políticas brasileiras</i>),
depois de dez anos de forçada interrupção, estes meus estudos sobre a nossa
formação social. (...). Por agora, irei investigar, neste volume, e de forma
monográfica e especializada, unicamente o papel da cultura na formação da nossa
sociedade política e na evolução e funcionamento do Estado no Brasil".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn22" name="_ftnref22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
nosso autor conclui assim, salientando o caráter multidimensional da sua
pesquisa: "É claro que, estudando a cultura, não irei estudá-la apenas no
seu aspecto puramente geográfico, como é dos estilos; mas também (enquanto é)
um complicado e delicado mecanismo que as sociedades humanas constroem, sob o
condicionamento do Meio e da História, para selecionar, distribuir e
classificar os valores humanos, gerados em seu seio pelas matrizes biológicas
da Linhagem e da Raça".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">4)
Complexos culturais e morfologia do Estado.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estes
dois elementos formam parte, também, do quadro gnosiológico de Oliveira Vianna.
Sem caracterizarmos o conteúdo de ambos os conceitos, não poderíamos proceder a
uma interpretação do pensamento do sociólogo fluminense. Quanto ao conceito de
complexo cultural, Oliveira Vianna frisa: "O complexo representa um
conjunto objetivo de fatos, signos ou objetos, que, encadeados num sistema, se
correlacionam a idéias, sentimentos, crenças e atos correspondentes. (...). É
toda uma multidão de fatos, objetos, signos, utensílios, etc., que se prendem a
usos, costumes, tradições, crenças, artes, técnicas, que, por sua vez, se
prendem, igualmente, a idéias, sentimentos, condutas, tudo correlacionado com
estes tópicos peculiares da atividade econômica: - e cada um destes tópicos
forma um complexo".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn23" name="_ftnref23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
todo complexo cultural encontramos dois tipos de elementos: externos ou
objetivos (fatos, coisas, signos, tradições), e internos ou subjetivos
(sentimentos, idéias, emoções, julgamentos de valor, etc.). Os primeiros
constituem os chamados elementos transcendentes da cultura, ao passo que os
segundos são os seus elementos imanentes. A interrelação desses dois grupos de
elementos é complexa. Oliveira Vianna a explica assim: "Estes elementos
conjugados ou associados formam um sistema articulado, onde vemos objetos ou
fatos de ordem material, associados a reflexos condicionados, com os
correspondentes sentimentos e idéias. Estes elementos penetram o homem,
instalam-se mesmo dentro da sua fisiologia: e fazem-se enervação,
sensibilidade, emoção, memória, volição, motricidade. Os quadros mentais do
indivíduo se constituem de acordo com estes complexos: estes lhes dão das
coisas e do mundo uma representação coletiva, como dizia Émile Durkheim
(1858-1917). Tanto que já se começa a lançar os fundamentos de uma nova
especialização científica: a sociologia do conhecimento, de que a obra de Karl Mannheim
(1893-1947) é, decerto, um belo exemplo". Do ponto de vista psicológico,
portanto, um complexo cultural é um sistema ideio-afetivo, do qual se derivam
atitudes ou comportamentos com projeção social, numa sincronia de
sensibilidades, emoções, sentimentos, preconceitos, preferências, repulsões,
julgamentos de valor, deliberações, atos omissivos ou comissivos de conduta. O
nosso autor chama a atenção para um fato importante: quando se pretende mudar
um determinado complexo cultural a nível exclusivamente objetivo ou
transcendente, (promulgando, por exemplo, uma nova constituição em nome de Deus
ou do povo), as possibilidades de sucesso de tal mudança são mínimas, pois a
ela opor-se-á o elemento subjetivo ou imanente (sentimentos, crenças,
preconceitos, praxes seculares dessa comunidade humana). Por isso, salienta
Oliveira Vianna, têm fracassado tantas reformas no nosso meio latino-americano:
porque os reformadores, imbuídos de espírito legalista, acham que mudando as
leis vão mudar os hábitos da população, que permanece sempre alheia ao
formalismo externo. Oliveira Vianna endossa a afirmação de Karl-Gustav Jung
(1875-1961) de que os traços culturais imanentes se transmitem pelo
inconsciente coletivo, e "tudo é como se eles se imprimissem ou se
contivessem nos genes das próprias raças formadoras".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quanto
à morfologia do Estado, Oliveira Vianna identifica quatro tipos: Estado-aldeia,
Estado-cidade, Estado-império e Estado-nação. Faz uma detalhada análise do
primeiro tipo, ilustrando, especialmente, o funcionamento das aldeias
hidráulicas da Península Ibérica, seguindo a terminologia de Maurice Aymard),
de acordo à exposição feita por Joaquim Costa na obra: <i>Colectivismo agrario
en España</i>. O nosso autor, contudo, considera isoladamente estas comunidades
reduzidas, supondo-as verdadeiras democracias telúricas, sem enxergar o
contexto mais largo do despotismo hidráulico que vingou na Península Ibérica
durante a ocupação sarracena. Registra, é certo, as dificuldades enfrentadas
por essas comunidades de aldeia, quando se defrontaram com o absolutismo
pós-feudal, não só na Península Ibérica, mas, também, no resto da Europa. A
impressão que se tem, ao ler a morfologia do Estado elaborada por Oliveira
Vianna, é que ele desconhece o fenômeno do feudalismo em toda a sua
profundidade, especialmente no relacionado à passagem da organização feudal à
moderna realidade do Estado. Não estabelece - ao contrário de Weber - uma
diferenciação de tendências, nesse surgimento do Estado moderno. Por isso,
junta, sem maior preocupação, os Estados em que vingou a formação de tipo
patrimonial aos Estados em que o poder patrimonial do monarca foi controlado,
tendo surgido instituições de governo representativo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
seguinte trecho de Oliveira Vianna, referido indistintamente a todos os países
da Europa, exprime de forma clara essa confusão: "Estes grandes Estados
imperiais não se assentavam, porém, sobre bases democráticas - ao modo dos
Estados-aldeias ou dos Estados-cidades das épocas anteriores. Neles, o soberano
não era o povo, como havia sido antes e como veio a ser depois; mas, o Rei.
Este Rei tinha um caráter místico ou religioso nos predicamentos da sua
investidura: era um soberano carismático; quer dizer: por sua graça divina.
Deus o havendo escolhido e consagrado para esta missão, era em nome de Deus que
ele, Rei, governava os povos. Por força desta designação divina é que ele
exercia os poderes do Estado: o Poder Executivo, o Poder Judiciário e o Poder
Legislativo. (...). Em síntese: O Estado-império que governou e administrou a
Europa até a Revolução Francesa, era uma organização de estrutura nitidamente
aristocrática. O Rei, soberano por graça de Deus, dirigia a Nação e a
administrava, rodeado de uma casta nobre e privilegiada, com direito de
exclusividade ao exercício do governo e de todos os cargos públicos. Esta
nobreza irradiava das Cortes e dos bastidores palacianos, para todos os postos
administrativos das Províncias e dos Municípios, bem como para as longínquas
colônias d'além-mar, integrantes do Império. E foi o que ocorreu aqui durante o
período colonial (1500-1822)".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftn24" name="_ftnref24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
nosso autor ignora, aqui, a Revolução Gloriosa (1688) que ensejou, na
Inglaterra, o primeiro ensaio sistemático de governo representativo e deu
origem à monarquia constitucional. Esta experiência, e não a Revolução
Francesa, foi, certamente, o núcleo de inspiração da filosofia política liberal.
E constituiu a primeira tentativa bem sucedida de pôr um freio ao
fortalecimento do Estado Patrimonial. Oliveira Vianna identifica como primeiro
Estado-nação a França. Tal Estado, para ele, é de origem muito recente. A
respeito, frisa: "O mundo civilizado só o viu aparecer depois da Revolução
Francesa, com o reconhecimento do princípio da soberania do povo e o advento
das democracias europeias". A limitação da perspectiva escolhida por
Oliveira Vianna na sua análise do Estado moderno, condicionou o seu estudo
sobre a realidade brasileira. Ao passo que valoriza a democracia como um desejo
da Nação, no momento da escolha de alternativas concretas para materializar
esse ideal, o sociólogo fluminense voltar-se-á para os exemplos em que, no seu
sentir, materializou-se realmente a democracia: O Estado-aldeia e o
Estado-cidade da Antigüidade. A sua visão do Estado moderno terminou sendo
polarizada por uma das formas que este assumiu historicamente: o Estado
Patrimonial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conclusão.-</span></b><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Apesar das deficiências teóricas que
afetam a análise de Oliveira Vianna sobre o Estado Moderno, uma coisa é certa:
o pensador fluminense rejeita e supera definitivamente o monocausalismo
sociológico, que vingou nas diversas teorias de inspiração cientificista acerca
da formação social brasileira, ao longo do século XIX e ainda no século XX. Um
outro mérito inegável é a rica tipologia sociológica com que soube ilustrar a
organização política do Brasil, desde a Colônia até o século XX. Ninguém que
pretenda fazer um estudo sério sobre a evolução sócio-política brasileira,
poderá se dar ao luxo de ignorar conceitos básicos da sociologia de Oliveira
Vianna, tais como os de povo-massa, homens de mil, clã parental, clã político,
clã eleitoral, solidariedade de família senhorial, responsabilidade coletiva
familiar, sinecurismo parlamentar, burocratismo orçamentívoro, etc. Justamente
o espírito científico do pensador fluminense se revela no rigor metodológico
por ele seguido no processo de formulação dos conceitos sociológicos,
extraídos, como vimos, de uma rigorosa observação dos fatos sociais e do
confronto com os dados da experiência. Tendência salutar, hoje mais do que
nunca extremamente necessária, em face da perniciosa ideologização das ciências
sociais. Por todos esses motivos, mas principalmente pelo fato de ter inserido
a sociologia brasileira na rica corrente do culturalismo sociológico,
prolongando a tendência ensejada por Sílvio Romero e continuada por Alcides
Bezerra (1891-1938), a figura de Oliveira Vianna é, sem dúvida, pioneira no
hodierno pensamento social e político brasileiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b>BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">TORRES,
Vasconcellos [1956]. Oliveira Vianna, sua vida e sua posição nos estudos
brasileiros de sociologia. Rio de Janeiro / São Paulo: Freitas Bastos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo [1997]. Oliveira Vianna e o papel modernizador do Estado
Brasileiro. (Apresentação de Antônio Paim). Londrina: Editora da Universidade
Estadual de Londrina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1930]. Problemas de política objetiva. 1ª edição.
São Paulo: Companhia Editora Nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1932]. Formation éthnique du Brésil colonial.
Paris.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1938]. Problemas de direito corporativo. Rio de
Janeiro: José Olympio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40077765"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA, Francisco José de Oliveira
[1938]. Raça e assimilação. 3ª edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk40077765;"></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1939]. As novas diretrizes da política social. Rio
de Janeiro: Serviço de Estatística e Previdência do Trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1951]. Direito do trabalho e democracia social: o
problema da incorporação do trabalhador no Estado. Rio de Janeiro: José
Olympio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1952]. Problemas de organização e problemas de
direção: o povo e o governo. 1ª edição, Rio de Janeiro: José Olympio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1956]. Evolução do povo brasileiro. 4ª edição, Rio
de Janeiro: José Olympio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1958]. Introdução à história social da economia
pré-capitalista no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1973]. Populações meridionais do Brasil - volume I:
Populações rurais do Centro-Sul. 6ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40087141"><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA, Francisco José de Oliveira
[1974]. Instituições políticas brasileiras. 3ª edição. Rio de Janeiro: Record.
2 Volumes.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk40087141;"></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1987]. História social da economia capitalista no
Brasil. (Apresentação e organização de Antônio Paim). Belo Horizonte: Itatiaia;
Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2 volumes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1987]. Populações meridionais do Brasil. - 1º
volume: Populações rurais do Centro-Sul; 2º volume: O campeador Rio-Grandense.
3ª edição. Belo Horizonte: Itatiaia; Niterói: Universidade Federal Fluminense.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira [1991]. Ensaios Inéditos: reunião de trabalhos
esparsos, opúsculos e publicações em jornais e revistas especializadas.
(Apresentação de Marcos Almir Madeira). Campinas: Editora da Universidade
Estadual de Campinas - UNICAMP.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">[A
primera parte desta apresentação fué preparada, especialmente, para o Proyecto
Ensayo, da Universidade de Georgia (USA), divulgado no Portal <a href="http://www.ensayistas.org/">www.ensayistas.org</a> . A segunda parte, atualizada
para esta versão eletrônica, foi publicada, inicialmente, na revista <b><i>Convivium</i></b>,
São Paulo, vol. 31, no. 6, novembro-dezembro 1983: pg. 395-414, com o siguiente
título: "A idéia de cultura em Oliveira Vianna"]. Abril 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<b>NOTAS</b><br />
<b><br /></b>
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40078182"><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">TORRES, João Batista de Vasconcellos. <b><i>Oliveira
Vianna, sua vida e sua posição nos estudos brasileiros de sociologia</i></b>.
Rio de Janeiro / São Paulo: Freitas Bastos, </span></a><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">1956,
p. 19.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Evolução do povo brasileiro</i></b>. 4ª
edição, Rio de Janeiro: José Olympio, 1956, p. 26-27.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span><a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40077389"><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA, Francisco José de Oliveira. <b><i>Evolução
do povo brasileiro</i></b>. Ob. cit., p. </span></a><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">37.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Evolução do povo brasileiro</i></b>. Ob.
cit., p. 48.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40077845"><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA, Francisco José de Oliveira. <b><i>Evolução
do povo brasileiro</i></b>. Ob. cit., p.</span></a><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> 50.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="color: black; font-size: 10.0pt;">VIANNA, Francisco José de Oliveira. <b><i>Raça e
assimilação.</i></b> 3ª edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938, p.
127-165. VIANNA, Francisco José de Oliveira. <b><i>Evolução do povo brasileiro</i></b>.
Ob. cit., p. 186-191.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Evolução do povo brasileiro</i></b>. Ob.
cit., p. 5-6.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40085562"><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">TORRES, João Batista de Vasconcellos. <b><i>Oliveira
Vianna, sua vida e sua posição nos estudos brasileiros de sociologia</i></b>. </span></a><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Rio de
Janeiro / São Paulo: Freitas Bastos, p. 79-80.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Apud </span><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">TORRES,
João Batista de Vasconcellos. <b><i>Oliveira Vianna, sua vida e sua posição nos
estudos brasileiros de sociologia</i></b>.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Ob. cit., p. 80.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">TORRES,
João Batista de Vasconcellos. <b><i>Oliveira Vianna, sua vida e sua posição nos
estudos brasileiros de sociologia</i></b>. Ob. cit., ibid.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span><a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40102765"><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">VIANNA, Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições
políticas brasileiras</i></b>. 3ª edição. Rio de Janeiro: Record. Volume I,
1974</span></a><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">. P. 22-23.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>.
3ª edição. Ob. cit., p. 27.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>.
Volume I, p. 27.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Deste importante autor de origem ucraniana, duas obras sobressaem: <b><i>Totemismo</i></b>
(1910) e <b><i>Antropologia, uma introdução à cultura primitiva </i></b>(1937).<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Cf. </span><span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>.
3ª edição, já citada, vol. I, pgs. 93, 95, 114-115, 123-124, 291.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cf. WITTFOGEL, Karl August. <b><i>Oriental despotism</i></b>. Yale University
Press, 1957.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Cf. <span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>.
3ª edição, já citada, vol. I, pgs. 33-34.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40161914"><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>. Ob.
cit., I vol. P. </span></a><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">35.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk40162508"><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>. Ob.
cit., I vol. P. </span></a><span style="color: black; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">44.</span><span style="color: black; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>. Ob.
cit., I vol. P. 57.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>. Ob.
cit., I vol. P. 70-71.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>. Ob.
cit., I vol. P. 71-72.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>. Ob.
cit., I vol. P. 74.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2009%20-%20FRANCISCO%20JOS%C3%89%20DE%20OLIVEIRA%20VIANNA%20(1883-1951).docx#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras</i></b>. Ob.
cit., I vol. P. 104-106.</span><o:p></o:p></div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4197150027776126398.post-21030962889205228172020-05-09T13:02:00.001-07:002020-05-09T15:17:46.186-07:00Pensadores Brasileiros - LINDOLFO LEOPOLDO BOECKEL COLLOR (1890-1942)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWXXHNpHN7HdarYDlx-mFTCo1Xfs3v8kjLsZWwUWt9ZRgXmDRsQk0bL9HEwqHa2VIkbM3gVAB_NbTBwLBS3CKSKvn2a9hbfy-uyGFhGFaW_Y7ajrTYwZwgCeInP3J9SHygQVzVOYiTwkgu/s1600/LINDOLFO+COLLOR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="262" data-original-width="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWXXHNpHN7HdarYDlx-mFTCo1Xfs3v8kjLsZWwUWt9ZRgXmDRsQk0bL9HEwqHa2VIkbM3gVAB_NbTBwLBS3CKSKvn2a9hbfy-uyGFhGFaW_Y7ajrTYwZwgCeInP3J9SHygQVzVOYiTwkgu/s1600/LINDOLFO+COLLOR.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Duas figuras
são essenciais para compreender as reformas conservadoras realizadas no ciclo
getuliano: do ângulo sociológico, Francisco José de Oliveira Vianna
(1883-1951); do ponto de vista político e estratégico, Lindolfo Leopoldo
Boeckel Collor (1890-1942). O primeiro elaborou o quadro conceitual e
metodológico, a partir do qual é possível compreender a passagem do Brasil
patriarcal e rural ao Brasil industrializado, presidido pelo Estado nacional; o
segundo pensou os mecanismos práticos para tornar realidade o surgimento e
consolidação deste último. Ambos os autores elaboraram uma proposta que se
situou como alternativa ao autoritarismo tradicional e ao liberalismo
oitocentista da República Velha, tendo dado ensejo a um modelo que se aproxima
das hodiernas formas de social-democracia, embora as propostas, por ambos
apresentadas, fossem muito parcas no que tange à adoção das instituições do
governo representativo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tanto
Oliveira Vianna quanto Boeckel Collor foram críticos do liberalismo na sua
versão individualista e laissezferista e acreditavam, à maneira de John Maynard
Keynes (1883-1946), na capacidade intervencionista do Estado na efetivação do
processo modernizador. Mas, ao mesmo tempo, um e outro se bateram pela defesa
das liberdades civis. De origem doutrinária castilhista, ou seja positivista tutelar,
Boeckel Collor se distanciou, paulatinamente, da feição autoritária, para se
aproximar de um modelo doutrinário mais acorde com o luteranismo, que
professava, como religião de família. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Formado na
sociologia de Fréderic Le Play (1806-1882), Oliveira Vianna inseria-se no
contexto do que se convencionou em denominar de "culturalismo
sociológico", herdeiro da teoria social formulada por Sílvio Romero (1851-1914),
nas últimas décadas do século XIX, que atribuía importante papel ao estudo dos
valores, na identificação das causas da ação social, e se distanciava das
propostas positivistas ou positivistas-marxistas, ao rejeitar o monocausalismo
em ciências sociais, tentando construir modelos teóricos hauridos da
experiência e com valor relativo (os denominados por Oliveira Vianna de
"complexos culturais"), muito próximos, aliás, dos tipos ideais
weberianos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O curioso é
que ambos os autores inspiraram a ação modernizadora de Getúlio Vargas
(1883-1954), um castilhista de feição saint-simoniana, pragmático antes de mais
nada. Boeckel Collor e Oliveira Vianna inspiraram, também, a feição mais aberta
do getulismo, que contava, de outro lado, com mentores intelectuais
decididamente autoritários como, por exemplo, Francisco Campos (1891-1968), tributário
das idéias corporativistas do fascismo, ou o general Pedro Aurélio de Góes
Monteiro (1889-1956), um castilhista linha dura, defensor da <i>ditadura
científica</i>. Assim, a influência de Boeckel Collor e de Oliveira Vianna é
responsável, sem dúvida, pelos aspectos modernizadores e liberalizantes do
regime getuliano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A influência
de Lindolfo Collor deu-se, inicialmente, na fundamentação doutrinária da
Aliança Liberal, em 1929, e, após a Revolução de 30, na formatação da política
social ao redor do Ministério do Trabalho, em cuja criação Vargas não tinha se
empenhado muito, tendo sido de Lindolfo a idéia de organização dessa pasta.
Oliveira Vianna passou a influir no Estado getuliano após a saída de Collor do
governo, em 1932, se integrando ao Ministério do Trabalho, como consultor. Mas
a sua influência doutrinária já tinha se exercido sobre Getúlio, quando da
passagem deste pelo Congresso Nacional, entre 1923 e 1926. À luz da sociologia
de Oliveira Vianna, efetivamente, o jovem parlamentar Getúlio Vargas descobriu
a dimensão nacional dos problemas brasileiros, se distanciando, portanto, da
tacanha perspectiva provinciana circunscrita ao Rio Grande do Sul, em que os
castilhistas da primeira geração tinham se fechado. É imprescindível, portanto,
para a compreensão do Brasil moderno, que emergiu da longa passagem de Getúlio
pelo poder (1930-1945; 1951-1954), entender o pensamento e a ação política de
Lindolfo Boeckel Collor e de Oliveira Vianna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">I - TRAÇOS
BIO-BIBLIOGRÁFICOS DE LINDOLFO COLLOR.</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lindolfo
Leopoldo Boeckel Collor nasceu em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, em 4 de fevereiro
de 1890, filho de João Boeckel e Leopoldina Schreiner Boeckel. Órfão de pai,
acrescentou ao próprio sobrenome o do padrasto, Antônio João Collor, alemão
nato e pequeno empresário do ramo de navegação fluvial do rio Caí, em quem
encontrou, sempre, sólido apoio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nos anos de
1906 e 1907, Lindolfo estudou no Seminário da Igreja Episcopal do Rio Grande e
participou, ativamente, da vida religiosa, pregando o evangelho na cadeia
pública do Rio Grande, sob a orientação<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>do reverendo Américo Vespúcio Cabral (1870-1937). Colaborou com as
atividades pastorais da Igreja Episcopal em Porto Alegre, como professor na
Associação Cristã de Moços. Em 1908, Lindolfo formou-se em farmácia, na “pouco
prestigiosa” Escola de Farmácia de Porto Alegre, mas nunca exerceu a profissão
de farmacêutico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ainda moço, em
1921, aos 21 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar
como redator do <i>Jornal do Comércio</i> e, a partir de 1919, como
diretor de <i>A Tribuna.</i> Em 19 de fevereiro de 1914, Lindolfo
Boeckel Collor casou-se, no Rio de Janeiro, com Hermínia Bartolomeu de Souza e
Silva, filha de Luiz Bartolomeu de Souza e Silva (1864-1932), jornalista e
deputado pelo Paraná, dono do jornal <i>A Tribuna</i>. Depois de casado, o
nosso autor formou-se na já extinta Academia de Altos Estudos Sociais,
Jurídicos e Econômicos, fundada pelo Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, no Rio de Janeiro. Em 1920, participou da fundação do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em 1921 foi
nomeado diretor de <i>A Federação,<b> </b></i>órgão do Partido
Republicano Rio-Grandense; pesaram nessa nomeação as suas estreitas relações
com o líder dessa agremiação, Antônio Augusto Borges de Medeiros (1863-1961).
Nesse jornal, o jovem editorialista escreveu, em 1922, o célebre editorial
"Pela Ordem", contra o levante tenentista de 5 de julho, publicado na
edição do dia 7. Eis os trechos mais importantes do mencionado editorial, que
revelava a índole conservadora do republicano de inspiração castilhista:
"Nada mais absurdo nem mais condenável do que corrigir uma violência com
outra violência. Se nós abordássemos agora esta estrada, daríamos início,
lamentavelmente, a um retrocesso histórico em demanda das turbulentas origens
caudilhescas da maior parte dos Estados americanos (...). Não cabe à orientação
política que vem combatendo a candidatura Bernardes a mínima responsabilidade
nesses acontecimentos. E se fosse verdade, como já se começa a assoalhar, que
políticos houvera instigadores do motim, a mais ampla devassa no caso só
serviria para pôr mais uma vez em alto e inconfundível relevo a correção da
política rio-grandense, em todo o desenrolar dessa campanha de opinião que levamos
travada contra os defraudadores do regime. Inabaláveis no nosso posto de
convicção, não pouparemos, dentro da ordem, o último esforço pela integridade
da Constituição e pela moralidade do regime. Pela desordem civil não
contribuirá o Rio Grande do Sul. (...). Dentro da ordem sempre; nunca pela
desordem, parta de onde partir, tenda para onde tender - é este o nosso lema,
supremo e inderrocável".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lindolfo
Collor foi, desde a sua juventude, figura controvertida no Rio Grande do Sul,
segundo testemunha Vianna Moog. Espírito independente, mesmo em relação aos
seus mais estreitos colegas de Partido como Getúlio Vargas, o nosso autor
sofreu, ao longo de sua vida pública, os dissabores da perseguição e do exílio.
Esse traço altivo da personalidade impressionou ao seu mais importante
biógrafo, Clodomiro Vianna Moog (1906-1988), que relata assim a resposta que o
ilustre gaúcho dava aos que indagavam pelos motivos das suas prisões: "Por
que o prenderam, doutor Collor? - Porque estava solto. Tempos depois,
verificado que não tivera qualquer participação nas intentonas de direita ou
esquerda daqueles confusos tempos, soltavam-no. - Como é que o soltaram, doutor
Collor? - Naturalmente, porque estava preso. Era orgulhoso demais para
queixar-se ou imprecar".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No final do
ano 1910 Lindolfo Collor elegeu-se deputado à Assembléia Legislativa do Rio
Grande do Sul. Em 1923, foi eleito deputado federal. Na Câmara, foi membro da
Comissão de Finanças e presidente da Comissão de Diplomacia dessa casa do
Congresso. Tomou parte em várias reuniões internacionais, como a Conferência
Interamericana de Havana, reunida em 1928. Desempenhou importante papel na
Convenção que criou a Aliança Liberal, em 1929, sendo da sua lavra o respectivo
Manifesto. Destacou-se, também, como um dos mais ativos articuladores da
Revolução de 1930, ao lado de Getúlio Vargas, Borges de Medeiros, João Neves da
Fontoura (1887-1963), Oswaldo Aranha (1894-1960), etc. Triunfante o movimento
revolucionário que levou Getúlio Vargas ao poder como chefe do governo
provisório, em 1930, foi o primeiro titular do Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, criado por sugestão sua. O novo Ministério desempenhava
as funções de organismo técnico federal para a elaboração, aplicação e
fiscalização das novas leis trabalhistas, e reuniu nos seus quadros os antigos
juristas, intelectuais e parlamentares que lutavam em prol dessa legislação. O
ministro Boeckel Collor estava rodeado de ilustres socialistas humanitários
como Evaristo de Moraes (1871-1939), seu primeiro consultor jurídico, Joaquim
Pimenta (1886-1963), Agripino Nazareth (1886-1961), etc.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lindolfo
permaneceu à frente dessa pasta de 26 de novembro de 1930 a 4 de abril de 1932,
um período realmente curto para a grande tarefa que conseguiu realizar, pois
durante esse breve espaço de tempo Boeckel Collor deitou as bases da legislação
social e trabalhista brasileira. Vianna Moog sintetizou, assim, as mais
importantes realizações do primeiro ministro do Trabalho: "A 11 de
novembro de 30 já aparecia o primeiro decreto assinado por Getúlio Vargas, e
referendado por Lindolfo Collor: limitava a entrada no território nacional de
passageiros de terceira classe e dispunha sobre a localização e amparo de
trabalhadores nacionais. Depois, o que alterava as disposições referentes à
aplicação dos fundos das Caixas de Aposentadorias e Pensões. Depois, o que
estendia ao pessoal dos serviços de força e luz e telefones, a cargo dos
Estados, Municípios e particulares, o regime de um decreto que beneficiava
apenas aos funcionários de determinada companhia, em detrimento dos demais. (E
os decretos se sucediam). Este que modificava a organização do Instituto de
Previdência dos funcionários públicos da União; aquele organizava o
Departamento Nacional do Trabalho; aquele outro regulava a sindicalização das
classes patronais e operárias. Ao cabo de poucos meses, com o hábito muito
brasileiro de magnificar as coisas, já havia quem se orgulhasse de possuirmos
no Brasil a legislação social mais avançada do mundo".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tamanha obra
criativa, em tão curto prazo, só teria paralelo, consoante Vianna Moog, com a
de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), o Patriarca da Independência,
que em período quase idêntico deitou os alicerces jurídicos do Império
brasileiro. Ao analisar, mais adiante, o embasamento político da Aliança
Liberal, aprofundarei nas razões que explicam essa criatividade. Mencionarei,
de momento, duas: a compreensão, por parte da elite que formou a segunda
geração castilhista (na qual se inseria Boeckel Collor) de que só com um grande
esforço modernizador, originado no Estado, seria possível responder às
intrincadas questões colocadas pela problemática social, que a República Velha
tinha enfrentado apenas parcialmente e que, especialmente durante a presidência
de Arthur Bernardes (1875-1955) fora reduzida, no contexto do crônico estado de
sítio, a caso de polícia. Outro fator poderia ser mencionado: a peculiar forma
em que os castilhistas da segunda geração entenderam as relações entre o
direito privado e o direito público, considerando o direito coletivo, ou
direito sindical, como elo de união entre os dois primeiros. Na exposição de
motivos que acompanhava o Decreto no. 19.770 de 19 de março de 1931, que
ensejava a formação do sindicato único, Lindolfo frisava que "o direito
coletivo, ou o direito sindical, é o traço de união ou o termo de passagem
entre o direito privado e o direito público".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As antigas
inimizades ensejadas no meio militar a partir do seu editorial "Pela
Ordem" que, como frisamos, reagia contrariamente à revolta tenentista de
22, terminaram conspirando contra a permanência do ilustre gaúcho à frente do
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O empastelamento do <i>Diário
Carioca</i> pelos militares do <i>Clube 3 de Outubro</i>, que
apoiaram a Revolução de 30, precipitaria a renúncia de Boeckel Collor, em 4 de
abril de 1932. Junto com ele, abandonavam o governo outros importantes
castilhistas da segunda geração como João Neves da Fontoura, Maurício Cardoso
(1888-1938) e Batista Luzardo (1892-1982). A carta dirigida por Lindolfo a
Getúlio Vargas por ocasião de sua renúncia é, como frisa Vianna Moog, um claro
testemunho de dignidade cívica e reflete uma grande sensibilidade frente à
questão das liberdades civis, que pouco sensibilizavam o Chefe do Governo Provisório.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De resto, já
se havia dado, no seio do Castilhismo, essa divisão, em duas oportunidades: no
decorrer da guerra civil entre Pica-paus (positivistas) e Maragatos (liberais)
(1891-1897), que separaria os castilhistas ortodoxos da ala mais liberal
liderada por Fernando Abbott (1857-1924), Barros Cassal (1858-1903) e Assis
Brasil (1857-1938), e no transcurso da revolução federalista de 1923, quando as
duas correntes se polarizaram ao redor do mesmo Assis Brasil de um lado, e de
Borges de Medeiros, de outro. No entanto, o liberalismo que empolgava à que
poderíamos chamar de corrente moderada do Castilhismo, não chegaria a
amadurecer num claro modelo de governo representativo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vale a pena
transcrever os trechos mais significativos da carta do ilustre demissionário:
"Senhor Doutor Getúlio Vargas, chefe do Governo Provisório: Insistindo no
pedido que ontem lhe fiz verbalmente da minha demissão do cargo de Ministro do
Trabalho, Indústria e Comércio, devo rapidamente resumir as causas que me impõem
essa decisão que é irrevogável. Quanto a mim, posso dizer de ânimo sereno que,
nesta agitada fase governamental que deveria ser de construção ponderada e
serena e não de sistematizada confusão, procurei sempre, quanto possível,
alhear-me da mediocridade das politiquices pessoais que atingiram, de um tempo
a esta parte, a verdadeiros paroxismos de intriga. Por amor do Brasil, do Rio
Grande do Sul e da Revolução, fui transigindo, até onde me era possível, com
esse estado de coisas. Agora, porém, qualquer contemporização e transigência se
confunde com fraqueza e a contemporização com covardia (...). São de ontem as
minhas pregações da tribuna parlamentar e na imprensa da Aliança Liberal, em
favor da liberdade de opinião, que foi um dos postulados básicos da campanha de
renovação em que me coube a responsabilidade de ser um dos <i>leaders, </i>embora
de menor valia. Devo afirmar a V. Exa. - e V. Exa. sabe que eu falo a verdade -
que se me fosse dito que a Revolução se faria, precisamente, para manietar e
sufocar essa liberdade que é a pedra angular das sociedades organizadas, eu não
teria sido, como fui, um dos elementos decisivos da conspiração que deflagrou
no movimento de 3 de outubro. (...). Pode V. Exa. estar certo de que ninguém
mais do que eu lamenta essa resolução a que sou levado por imperiosas e
indeclináveis razões de ordem cívica. Fiz o que pude para evitar que as coisas
chegassem a tal extremo. Hoje, cumpro o meu dever, e se com o cumpri-lo estou
pesaroso e não ufano, deve levar-se o fato à convicção que tenho da gravidade
do momento, bem como a antigas ligações de estima que me prendem a V. Exa. De
V. Exa. amigo atento, (a) Lindolfo Collor".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
desenvolvimento posterior dos fatos históricos, em que sobressaía um
enrijecimento do regime, por cima da retórica liberal que tinha empolgado
parcialmente à Aliança Liberal, colocaria Lindolfo Boeckel Collor em oposição
ao Estado getuliano. Assim, ele participou da Revolução Constitucionalista de
32, lutando numa das colunas revolucionárias que, no Rio Grande, apoiavam o
movimento desfechado em São Paulo. Derrotada a Revolução Constitucionalista,
Lindolfo exilou-se na Argentina, de onde retornaria ao ser convocada a
Assembléia Constituinte. Ocupou o cargo de Secretário das Finanças do
governador José Antônio Flores da Cunha (1880-1959), no Rio Grande do Sul.
Participou, também, da União Democrática Brasileira e apoiou a candidatura de
Armando de Salles Oliveira (1887-1945) à Presidência da República. Decretado o
Estado Novo, em 1937, o nosso autor foi várias vezes preso e chegou a ser
deportado para a Europa, de onde regressou muito doente, em 1942. Foi detido
novamente, tendo sido solto apenas poucas semanas antes de morrer no Rio de
Janeiro, em 21 de setembro do mesmo ano, com 52 anos incompletos. Segundo
testemunho de Vianna Moog, Getúlio Vargas tentou se reconciliar com o antigo
colaborador, lhe oferecendo, pelo seu intermédio, a embaixada do Brasil na
Colômbia, cargo que Lindolfo não pôde aceitar por causa da doença.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O nosso
autor colaborou, regularmente, em jornais do Brasil e do exterior. Publicou,
entre outras, as seguintes obras: <i>Sinal dos Tempos</i>, <i>O
Brasil e a Liga das Nações</i>, <i>O Convênio de Montevidéu</i>, <i>Europa
1939</i> e <i>Garibaldi e a Guerra dos Farrapos</i>. Deixou um ensaio
inédito sobre a vida e a obra de Camillo Castelo Branco (1825-1890). Grande era
a inteligência política e a capacidade de análise histórica de Lindolfo Boeckel
Collor, como testemunha a sua obra. Mais adiante referir-me-ei ao seu <i>Manifesto
da Aliança Liberal.</i> Em decorrência dos múltiplos exílios e prisões a
que foi submetido, o autor de <i>Garibaldi e a Guerra dos Farrapos<b> </b></i>considerava
que o verdadeiro historiador é aquele que, exilado do espaço e do tempo em que
vive, interpreta os documentos históricos à luz do momento psicológico em que
foram redigidos. A vida intelectual foi, para a sua agitada carreira de
político e de exilado, "uma indeclinável necessidade do espírito" e a
entendia como uma "ruptura de contato com o mundo circunjacente",<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
para haurir, nas inesgotáveis fontes da história, o sentido do presente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vianna Moog
destacou uma virtude marcante de Lindolfo Collor: unidade de pensamento e ação.
A respeito, frisa: "Se é certo, como afirma Goethe, haver poucos homens
que, possuindo entendimento, tenham, ao mesmo tempo, qualidades de ação,
Lindolfo Collor pertenceu a este reduzido número de eleitos. Pensar para ele
era agir. Era a um tempo pensamento e ação. Agiu sempre, sem parar nunca. Jamais
fez alto, jamais pediu tréguas para recobrar forças em meio do caminho".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">II - IDEAIS
POLÍTICOS QUE INSPIRARAM A PROPOSTA MODERNIZADORA DE LINDOLFO COLLOR.</span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Centrarei a
atenção nos quatro ideais políticos fundamentais do estadista
sul-rio-grandense: 1) o seu conceito de bem público, 2) a sua idéia de
democracia representativa, 3) a sua concepção de justiça social e 4) a sua
visão acerca da política econômica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1) O bem
público, por cima dos interesses individuais.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Podemos afirmar que Lindolfo Boeckel Collor foi a
encarnação do ideal castilhista da <i>pureza de intenções</i>, em face da
administração da República. Se contrapondo ao vício que Oliveira Vianna
identificou como "complexo de clã",<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
típico da formação política brasileira, o nosso autor soube, como poucos,
identificar o espaço do bem público. A República não podia ser, para ele,
clientela de apaniguados dos donos do poder.<b> </b>A <i>res publica</i>,
para o ilustre gaúcho, girava na órbita da busca diuturna do bem público.
Contrário à falsa idéia da privatização do poder para favorecer aos amigos,
Lindolfo enxergava, no espírito republicano, fundamentalmente, o desinteresse
pessoal na construção do bem-estar da Nação. A perda da "substância
política", para Boeckel Collor, consistia no esquecimento do bem público,
que acarretava a relativização das convicções e o predomínio dos interesses
individuais. Eis a forma em que, em 1936, em discurso pronunciado em Novo
Hamburgo (Rio Grande do Sul), o nosso autor identificava criticamente essa
situação na vida pública brasileira: "Vivemos num período de
desconcertantes confusões doutrinárias e de exacerbadas paixões pessoais. Na
nervosa instabilidade dos nossos dias, os princípios, as normas, as regras de
ação comum valem cada vez menos, a coerência das atitudes já quase nada vale.
Sentimos todos que se vem processando dentro de nós mesmos uma dissociação de
valores, um lento desmoronar de convicções, fenômeno que se poderia
caracterizar como sendo uma perda gradual da <i>substância política</i>.
Rompem-se os diques das convicções partidárias: o interesse individual passa a
prevalecer sobre o coletivo. Em conseqüência, tudo que é de natureza privada
hipertrofia-se no nosso mundo interior: os pendores egoísticos se dilatam,
amplia-se desmesuradamente a superfície das susceptibilidades pessoais, a
submissão consciente desaparece, o inconformismo e a vaidosa rebelião das
vontades tomam o seu lugar. E daí, a passos rápidos, o ceticismo das elites e a
anarquia mental das massas".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa análise,
de rara atualidade, coloca o nosso autor na trilha da tradição castilhista do
culto ao bem público, por cima das rixas partidárias ou dos interesses
subalternos. Era o espírito do que os castilhistas da primeira hora chamavam
de <i>reino da virtude</i>. Arthur Ferreira Filho (1899-1996) sintetizou
admiravelmente essa concepção. Para Castilhos, "somente os puros, os
desambiciosos, os impregnados de espírito público deveriam exercer funções de
governo. No seu conceito, a política jamais poderia constituir uma profissão ou
um meio de vida, mas um meio de prestar serviços à coletividade, mesmo com
prejuízo dos interesses individuais. Aquele que se servisse da política para
seu bem-estar pessoal, ou para aumentar sua fortuna, seria desde longo indigno
de exercê-la. Em igual culpa no conceito castilhista, incorreria o político que
usasse das posições como se usasse de um bem de família. (...). Como
governante, Júlio de Castilhos imprimiu na administração rio-grandense um traço
tão fundo de austeridade que, apesar de tudo, ainda não desapareceu".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> A
primeira geração castilhista, certamente, deu testemunho vivo dessa integridade
moral. Borges de Medeiros, por exemplo, viveu sempre modestamente. Como
presidente do Rio Grande do Sul, ia a pé de casa para o palácio; quando recebia
alguma visita ilustre, o governo alugava um carro de praça.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O senador
gaúcho José Gomes Pinheiro Machado (1851-1915) foi o castilhista de maior
nomeada a nível nacional até 1915, devido ao fato de que, como vice-presidente
do Senado, exerceu uma verdadeira <i>ditadura branca </i>sobre a
República. Como Borges e Castilhos, Pinheiro Machado materializou as virtudes
republicanas, numa mistura <i>à la</i> Robespierre de integridade
moral, autoritarismo e inclinações jacobinas. O seu principal biógrafo, Costa
Porto,<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> diz
dele: "Honesto e puro no trato dos dinheiros, compreende-se como lhe
doeria qualquer suspeita nesta matéria delicada". Inúmeros fatos comprovam
essa apreciação. Durante a insurreição federalista sul-rio-grandense, por
exemplo, rejeitou o pagamento oferecido pelo presidente da República, Floriano
Peixoto (1839-1895), em reconhecimento aos seus serviços, obrigando os subalternos
a fazer o mesmo. Certa vez chegou a pagar, de seu próprio pecúlio, a
importância de mil contos, a fim de saldar uma quota da dívida pública
brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">À
honestidade pessoal em relação aos dinheiros públicos, Pinheiro Machado juntava
uma concepção do bem público bem semelhante à de Castilhos e Borges. Os <i>supremos
interesses da Nação</i> traduziam, para ele, essa esfera. A procura
destes <i>supremos interesses</i> constituía o objetivo final das
suas atividades e o núcleo do seu pensamento político. Tais interesses
identificavam-se com a defesa do regime republicano, entendido como o
fortalecimento do Partido Republicano Rio-Grandense. A essa visão de
superioridade do bem público sobre qualquer forma de interesses particulares,
Pinheiro Machado juntava uma concepção sacra da República. De si próprio
afirmava: "Eu (...) sou um convencido. Acredito que a forma republicana é
a única que nos pode dar a liberdade; é a única que se afeiçoa à nobreza dos
sentimentos humanos, é a única que eleva os homens, é a única que pode elevar a
Nação ao apogeu da civilização. É por isso, que eu tenho pela forma republicana
predileção (...), levando minhas convicções aos últimos limites, não podendo
compreender a vida política senão sob esse regime". Era, em síntese,
um <i>místico da República</i>, segundo a acertada expressão de Costa
Porto. Nesse contexto hierático, o próprio Pinheiro considerava-se "o
pálio debaixo do qual se guardava a hóstia republicana".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lindolfo
Boeckel Collor formou-se no contexto dessa elevada concepção do bem público.
Entendia a luta político-partidária não como briga imediatista e fisiológica
pela posse do poder e das benesses da burocracia, mas como ação programática,
desinteressada e disciplinada, pautada, exclusivamente, pela busca do bem
coletivo. No discurso de Novo Hamburgo, já citado, o nosso autor frisava a
respeito: "Abastardam-se e se transformam em facções os partidos que fazem
tábua rasa das definições programáticas e subordinam os interesses da
coletividade aos de um pequeno número, permitindo, destarte, que uma parte
demagogicamente magnificada prevaleça sobre o todo. Assim tem sido através dos
tempos, em todas as latitudes políticas, em todos os climas de cultura". E
concluía, um pouco mais adiante: "Por disciplina partidária se entende o
abandono dos pontos de vista pessoais em benefício de uma opinião coletiva,
expressa pela chefia do partido".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn14" name="_ftnref14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os
castilhistas da segunda geração, à cuja cabeça colocava-se Lindolfo Boeckel
Collor, deram uma contribuição definitiva à modernização do país, ao
estabelecerem, claramente, a distinção entre esfera pública e privada.
Efetivamente, o vício fundamental da República Velha (1889-1930) consistia
no <i>complexo de clã</i> implantado na política, como se esta fosse
uma extensão das preocupações domiciliares das oligarquias, sendo a <i>res
publica</i> administrada como <i>res privata</i> ou <i>coisa
nossa</i>. A disciplina castilhista do bem público limpou os espíritos desse
indesejável patotismo, e abriu as portas para que se formulasse, ao ensejo da Aliança
Liberal, amplo programa de modernização nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pela
primeira vez, depois do Império, falava-se uma linguagem verdadeiramente
cívica, superadas as barreiras provincianas do clientelismo oligárquico e
autoritário. "Falar à Nação - frisava o nosso autor no início do <i>Manifesto
da Aliança Liberal</i>,<b><i> </i></b>escrito no final de 1929<b><i> </i></b>-
neste momento extremo, equivale à certeza, que lhe queremos transmitir, de que
a nossa atividade cívica não lhe agravará os males, mas procurará evitar, por
todos os meios legais ao nosso alcance, que a prepotência do mando, a fonte
viciosa dos poderes constitucionais, o acintoso desrespeito à vontade do povo,
em matéria de seu exclusivo direito, venham a ter, no Brasil, a chancela do
irremediável. Se isso acontecesse, não poderia ser para bem da Nação".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn15" name="_ftnref15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> [<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39917305">Collor, 1982: 50</a>]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A grande
falha da República Velha consistia, no sentir de Lindolfo, em que era dirigida
por caprichos pessoais. "O Brasil anseia por medidas, não por homens. Os
nossos homens de governo, à falta de uma invariável tradição de nível comum,
por si só já não se impõem à confiança do povo. A Nação pergunta pelos seus
princípios, pelas medidas de governo que pretendem realizar, e indaga ainda
qual a corrente partidária que se constitui em garantia da sua execução".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn16" name="_ftnref16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2) Consolidação
da democracia representativa.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Boeckel
Collor salientava que o objetivo fundamental da Aliança Liberal deveria ser
"a restituição ao povo do que só ao povo pertence", ou seja, o
exercício da sua soberania. Em outras palavras, tratava-se de restituir à
palavra <i>República</i> o seu sentido original, de forma que ela
"se reafirme entre nós como a imaginaram os seus apóstolos e fundadores,
como o seu consolidador a praticou, como a entenderam sempre (...) os mais
eminentes dos seus servidores".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn17" name="_ftnref17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> O
caminho apontado pelo nosso autor, para restituir à República o seu sentido
original, era este: o fortalecimento da democracia representativa. Ela era, em
primeiro lugar, a condição definitiva para que a anistia proposta no <i>Manifesto
da Aliança Liberal </i>produzisse os seus frutos. Eis a forma em que o
ilustre gaúcho vincula os ideais de paz e de democracia: "Mas não basta
que os brasileiros vivam em paz. Nas democracias, a paz sem agitação de idéias
e sem o pleno exercício dos direitos políticos, não é paz, mas estagnação. A
paz na República não pode ser como a tranqüilidade dos mangues, que é
decomposição. Ora, em todo regime de pensamento livre, o direito político
fundamental, o direito que prima sobre os demais, o direito dos direitos é o
que assegura ao povo a liberdade na escolha dos seus governantes. Como
decorrência desse postulado, afirma-se em toda república normalmente organizada
o princípio de que não é lícito aos homens, que a administram, indicar,
escolher, e menos impor os seus substitutos".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn18" name="_ftnref18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas se a paz
e a democracia estavam estreitamente unidas, Boeckel Collor entendia que só se
poderiam preservar as instituições republicanas, se a democracia apregoada não
se limitasse à eleição dos governantes, mas fosse, também, representação da
vontade popular. Eis um texto de indiscutível inspiração liberal em que o nosso
autor, com rara sensibilidade de estadista, resgatava a melhor tradição
política do Império: a representação. "Outros países, vizinhos ao nosso,
já compreenderam de há muito que só existe um caminho seguro para evitar as
desordens políticas, os sobressaltos na tranqüilidade pública e prevenir
definitivamente os desastres das guerras civis. Esse caminho é o da perfeita,
da rigorosa representação da vontade popular. Na infância das nacionalidades
americanas, dava o Brasil a esses povos, flagelados pelo caudilhismo e
atormentados pela anarquia, lições de sociabilidade política, de apelo à ordem,
de respeito aos poderes constituídos. Hoje, parados nós a meio da jornada,
podem alguns dentre eles gloriar-se de possuírem os aparelhos legais mais
adiantados para o registro seguro e inviolável da opinião eleitoral".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn19" name="_ftnref19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Arrostando
sem devaneios o problema fundamental da República Velha, a corrupção eleitoral,
Boeckel Collor propunha a revisão profunda do sistema em vigor. Para ele, tal
providência constituía, no momento, "a mais instante das necessidades na
remodelação do (...) arcabouço legal", já que "sem eleições honestas,
não há vida pública (digna) desse nome". O ilustre gaúcho consignava as
seguintes propostas, deitando assim os alicerces do <b><i>Código de
Justiça Eleitoral</i></b> que viria a ser instaurado pouco depois, em 1932,
e que possibilitou acabar de vez com as fraudes na apuração das votações:
"Na reforma do nosso sistema eleitoral, a primeira condição a ser atendida
deve ser a da inscrição automática dos eleitores. (...) As dificuldades, muitas
vezes insuperáveis, que hoje se opõem como chicana política aos alistandos,
devem desaparecer das nossas práticas eleitorais" [Collor, 1982: 65-66].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">3)
Implantação da justiça social.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Podemos
afirmar sem exagero que o <b><i>Manifesto da Aliança Liberal</i></b>, de
autoria de Lindolfo Boeckel Collor, constitui a primeira proposta sistemática,
no Brasil, no sentido de implantar a justiça social nos terrenos trabalhista,
educacional e da administração de justiça. No que respeita à questão
trabalhista, é evidente o pioneirismo do nosso autor. Evaristo de Morais Filho
lembra que Collor, de formação positivista, "levava para o governo o firme
propósito de incorporação do proletariado na sociedade moderna", chegando
até citar nominalmente Comte, na <i>Exposição de Motivos</i> do
Decreto no. 19.770 de 19 de março de 1931. Efetivamente, era de típico sabor
comteano o arrazoado do nosso autor que se referia, outrossim, à legislação
francesa: "Guiados por essa doutrina - frisava Lindolfo - nós saímos
fatalmente do empirismo individualista, desordenado e estéril, que começou a
bater em retirada há quase meio século, para ingressarmos no mundo da
cooperação social, em que as classes interdependem umas das outras e em que a
idéia do progresso está subordinada à noção fundamental da ordem".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn20" name="_ftnref20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas, se a
inspiração era positivista, seria exagero identificar como corporativista ou
fascista a legislação de 1931, efetivada pelo nosso autor, mesmo porque ele
sempre se mostrou avesso a essas idéias, bem como ao nazismo, o que lhe
ocasionou ser arrolado, pelo regime hitleriano, como pertencente ao grupo
dos <i>não ensináveis</i> e defensor das democracias ocidentais.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn21" name="_ftnref21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Como
de forma oportuna frisou Evaristo de Morais Filho (1933-1997), "o mérito
de Collor foi o de saber cercar-se de antigos líderes e lutadores socialistas,
tais como Agripino Nazareth, Evaristo de Morais (consultor jurídico do
Ministério), Joaquim Pimenta, Carlos Cavaco, Deodato Maia. (...). Nenhum dos
colaboradores de Collor era de direita ou favorável a qualquer manifestação
corporativo-fascista".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn22" name="_ftnref22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Destaquemos
que a feição corporativista da legislação trabalhista brasileira só se efetivou
quando da <i>Consolidação das Leis do Trabalho</i>, elaborada, em 1943,
por Francisco Campos, que se inspirou na <i>Carta del Lavoro</i> de
Mussolini, mais de dez anos depois de o nosso autor ter deixado o Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De outro
lado, a independência de espírito que sempre caracterizou a Lindolfo Boeckel
Collor (sendo uma prova disso a sua carta de renúncia ao Ministério, citada
atrás), revelou-se, também, na formulação das leis trabalhistas. Pressões
patronais houve, segundo testemunhou Evaristo de Moraes; no entanto, o nosso
autor "resistiu às incursões atrevidas de certas empresas que pretenderam
influir na atividade legislativa do Ministério, moldando-a pelos interesses
capitalísticos".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn23" name="_ftnref23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não há
dúvida quanto ao caráter pioneiro das preocupações trabalhistas de Boeckel
Collor. Como acertadamente lembra Rosa de Araújo, "o primeiro passo para a
instituição da justiça do trabalho é dado na gestão Collor com o projeto de
Comissões Mistas de Conciliação entre empregados e empregadores".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn24" name="_ftnref24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Getúlio
Vargas continuou, depois de o nosso autor ter abandonado o Ministério, a ampla
tarefa legislativa nesse terreno. Mas, certamente, algo se perdeu com a saída
de Collor: a dimensão democrática que ele soube imprimir ao processo de
legislação trabalhista, que, sob a inspiração de Getúlio, viu-se contaminada
com o vezo estatizante e corporativista que passou a animar, posteriormente,
a <i>Consolidação das Leis do Trabalho</i>.<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn25" name="_ftnref25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A proposta
trabalhista do nosso autor, muito pelo contrário, alicerçava-se na idéia de
proteção aos interesses dos trabalhadores, num contexto de liberdade sindical
bem distante do clientelismo (ou <i>peleguismo</i>) que caracterizou,
depois, ao trabalhismo getuliano. Eis as palavras de Boeckel Collor a respeito,
no <i>Manifesto da Aliança Liberal</i> (escrito por ele, como já
frisamos, em 1929): "A liberdade sindical para todas as indústrias e
profissões e para os proletários em geral é, hoje, princípio vitorioso no
mundo. A proteção aos interesses dos operários deve ser completa. A conquista
das oito horas de trabalho, o aperfeiçoamento e a ampliação das leis de férias,
dos salários mínimos, a proteção das mulheres e dos menores, todo esse novo
mundo moral que se levanta nos nossos dias, em amparo do proletariado, deve ser
contemplado pela nossa legislação, para que não se continue a ofender os brios
morais dos nossos trabalhadores com a alegação de que o problema social no
Brasil é um caso de polícia".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn26" name="_ftnref26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
relacionado à questão educacional, o pensamento de Boeckel Collor no <i>Manifesto</i> era
claro. Reivindicava maior participação da União no apoio à educação, nos seus
três níveis, propunha a criação de uma "força coordenadora central"
de todo o sistema de ensino, postulava a ampliação do ensino profissional, de
acordo com as necessidades do país e lançava a idéia de uma reforma da
Universidade, garantidas a "autonomia administrativa e didática".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn27" name="_ftnref27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> No
tocante à administração de justiça, o nosso autor considerava que a
reorganização da Justiça Federal era uma das necessidades prementes do momento,
levando em consideração que "não há justiça boa quando é tardia".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn28" name="_ftnref28" style="mso-footnote-id: ftn28;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Lindolfo
propunha a criação de tribunais regionais e a preservação da independência da
magistratura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">4) Política
econômica.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
contribuição fundamental da segunda geração castilhista foi, no sentir de
Antônio Paim, a formulação e a prática do princípio do "equacionamento
técnico dos problemas".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn29" name="_ftnref29" style="mso-footnote-id: ftn29;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Para
os gaúchos que, junto com Getúlio Vargas, decidiram empreender ampla política
modernizadora, as reformas dever-se-iam estender a todos os terrenos da
economia: funcionalismo público, ordem econômica, transportes, balança
comercial e balança de pagamentos, tarifas, finanças, etc. É clara a visão
integrada de todos esses aspectos, que animava a Lindolfo Collor. Ele inseria,
por exemplo a proposta de criação do estatuto do funcionalismo público (idéia
que ensejaria, posteriormente, o Departamento Administrativo do Serviço Público
- DASP), no contexto da preocupação mais larga com a eficiência do sistema e
com o combate "ao filhotismo e ao parasitismo, verdadeiras pragas que nos
infelicitam".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn30" name="_ftnref30" style="mso-footnote-id: ftn30;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No que tange
à ordem econômica, Boeckel Collor achava que se deveria dar uma resposta
racional à vocação agrícola do país. A respeito, frisava: "impõe-se, em
primeiro lugar, o amparo à agricultura. Essa é uma recomendação a que nenhuma
plataforma de governo deixaria de fazer referência. No entanto, é preciso
reconhecer que a produção agrícola do país está muito longe de apresentar o
desenvolvimento que seria para desejar". Especificamente no relacionado ao
café, o nosso autor propunha a formulação de uma política amadurecida, que
promovesse "a celebração de um convênio internacional, para salvaguarda de
interesses comuns, com os produtores de outros países". De outro lado,
preocupava a Lindolfo a questão da monocultura cafeeira; a respeito, frisava:
"Urge que, a par da defesa do café, nos esforcemos por aumentar, quanto
possível, o volume de outros produtos, de necessidade no consumo interno e de
colocação mais ou menos fácil nos mercados estrangeiros".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn31" name="_ftnref31" style="mso-footnote-id: ftn31;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em relação
aos transportes e à vinculação que essa questão tinha com a política econômica,
o nosso autor salientava: "O problema econômico dos transportes,
principalmente em países novos como o Brasil, consiste em aumentar, por meio de
fretes razoáveis, a produção da tonelagem a transportar. (...). Em matéria de
construções ferroviárias, o governo, pode dizer-se, tem estado de braços
cruzados. Ora, é simplesmente um contrassenso falar em aumento da produção, sem
a correspondente atenção ao problema dos transportes. Quem não cuida de
aumentar, melhorar, baratear a circulação da riqueza, não poderá dizer que teve
em mínimo apreço os problemas econômicos do país". De outro lado,
preocupado com o desequilíbrio da balança comercial e da balança de pagamentos,
o nosso autor considerava que essa questão se equacionaria com uma adequada
política de produção agrícola, que conduzisse a importar menos e exportar mais.
a respeito, frisava: "O déficit da nossa balança de pagamentos quase se
cancela com a supressão da importação de gêneros agrícolas, que o Brasil pode e
deve produzir para o seu consumo".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn32" name="_ftnref32" style="mso-footnote-id: ftn32;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No terreno
das finanças públicas, as propostas veiculadas pelo nosso autor são, ainda
hoje, de rara atualidade. Para ele, a questão negativa fundamental era o
excessivo gasto público escorado no vício da <i>contabilidade oculta.</i> Parece
como se as palavras do grande sul-rio-grandense tivessem sido pronunciadas em
face da hodierna hipertrofia do Estado orçamentívoro, com a sua “contabilidade
criativa”. Lembremo-las: "Para regularidade na administração do erário
nacional, cremos de inadiável necessidade a adoção de medidas severas na
fiscalização dos gastos públicos e a condenação absoluta dos processos de
contabilidade oculta, dentro dos quais ressaltam, como padrão inconfundível, as
despesas do governo feitas por intermédio do Banco do Brasil. Fora de dúvida,
por outro lado, que, como base da receita, o nosso regime tributário exige
modificações tendentes à diminuição dos impostos indiretos, que oneram as
classes mais necessitadas".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn33" name="_ftnref33" style="mso-footnote-id: ftn33;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[33]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Espírito
aberto às necessidades democráticas da modernidade, Boeckel Collor não hesitava
em colocar limites à capacidade intervencionista e tutelar do Estado. Diante,
por exemplo, das dificuldades financeiras que atravessava o Distrito Federal
nessa época, o nosso autor propunha conceder à Capital a autonomia política e
administrativa. A respeito, frisava: "A administração do Distrito Federal
avizinha-se, hoje, da falência. (...). Em presença do descalabro que aí se
patenteia aos olhos de todos, queremos crer que a cidade do Rio de Janeiro, se
pudesse livremente escolher os seus administradores, não estaria, como está,
com a sua situação financeira beirando o abismo. Em face da completa falência
da tutela federal, somos, pois, pela autonomia do Distrito".<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn34" name="_ftnref34" style="mso-footnote-id: ftn34;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[34]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conclusão.- </span></b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Identifiquei a figura de Lindolfo Boeckel Collor à
luz do princípio da <i>moralidade administrativa</i> castilhista. Se
bem é certo que o nosso autor incorporou, com desassombro, a virtude
republicana da <i>pureza de intenções</i>, superou, contudo, o preconceito
positivista em relação ao governo representativo. Longe do ditado castilhista
que se tornaria famoso, de que <i>o regime parlamentar é um regime para
lamentar</i>, o nosso autor defendia abertamente a representação, como forma de
convívio político garantidora da paz social. Dinamizou, de outro lado, o ideal
comteano de <i>incorporação do proletariado à sociedade</i> (expresso
no artigo 74 da <i>Constituição castilhista</i>), sem contudo cair, como
vimos, nas formas corporativistas e tutelares que posteriormente vingaram.
Boeckel Collor se aproximava mais das hodiernas formas de democracia social ou
de social-democracia, abertas à participação dos operários e dos empresários em
sindicatos livres. Defendeu, com dignidade, contra o autoritarismo getuliano, a
liberdade de expressão. E lutou com coragem em prol do estabelecimento do
estado de direito, tendo-se engajado na Revolução Constitucionalista de 1932.
Criticou, outrossim, abertamente, o nazismo, o fascismo e as formas de
totalitarismo ensejadas pelo comunismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Num momento
histórico como o atual, em que o Brasil sofre com uma crise de liderança e de
identidade, em que muitos duvidam da capacidade de o país vir a se tornar uma
grande Nação, em que pesquisas de opinião revelam a descrença popular em face
da classe política, é saudável lembrar a figura de um estadista como Lindolfo
Boeckel Collor. Quando as Nações perdem o rumo do seu destino, mais do que a
retórica, falam os exemplos dos grandes homens. Boeckel Collor é um paradigma
de dedicação à causa republicana. Nada mais apropriado para terminar esta
exposição, do que lembrar o testemunho do grande sul-rio-grandense, em discurso
pronunciado no Rio de Janeiro em 1934: "Mais do que palavras, o Brasil
deve exigir dos seus filhos, com projeção maior ou menor sobre os seus
destinos, atitudes e exemplos. Um exemplo de renúncia vale sempre infinitamente
mais, aos olhos do povo, do que as melhores intenções e as palavras mais
sábias, quando não acompanhadas da imediata comprovação das atitudes. Este é,
se não estou em engano, um dos sinais dos nossos tempos: o desprestígio da
palavra. As multidões reclamam afirmações concretas. As palavras podem ser
tergiversadas. Só os exemplos convencem. Olhai para o Brasil. Onde já sofreu a
palavra <i>política</i> maior desprestígio e desmoralização mais
completa?"<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftn35" name="_ftnref35" style="mso-footnote-id: ftn35;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">[35]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; line-height: 115%;">BIBLIOGRAFIA<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39932711"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">ALEMANHA,
MRE (Ministério das Relações Exteriores) [1939].<b><i> Ofício do
Ministério de Relações Exteriores da Alemanha ao Instituto Ibero-Americano, de
3 de abril de 1939.</i></b> Arquivo Federal Koblenz. Cópia fornecida pelo
Departamento de História da Universidade do Estado de Louisiana, Baton Rouge,
Estados Unidos da América.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39932711;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39933438"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">ARAÚJO, Rosa
Maria Barboza de [1981]. <b><i>O batismo do trabalho: a experiência de
Lindolfo Collor. </i></b>(Prefácio de Evaristo de Morais Filho). Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39933438;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39918163"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel [1933]. "Exposições de motivos". In: Alfredo João
Louzada (organizador). <b><i>Legislação trabalhista. Coletânea de decretos
feita por determinação do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio.</i></b> Rio
de Janeiro: Imprensa Nacional, pg. 400 seg.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39918163;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">COLLOR, Lindolfo Boeckel [1934]. "Discurso
pronunciado no Hotel Glória, em 5 de setembro de 1934". In: Américo
Palha, <b><i>Lindolfo Collor, um estadista da Revolução.</i></b><i> </i>Rio
de Janeiro: Serviço de Documentação do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, 1956, pg. 50.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39915228"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel [1936]. <b><i>O sentido histórico do Castilhismo.
Discurso pronunciado em Novo Hamburgo, no dia 2 de agosto de 1936, por ocasião
da posse da primeira diretoria do Grêmio Republicano Lindolfo Collor.</i></b> Porto
Alegre: Livraria Globo.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39915228;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39914610"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel [1977]. <b><i>Garibaldi e a Guerra dos Farrapos.</i></b> 2ª
edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: Instituto Nacional do
Livro.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39914610;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">COLLOR, Lindolfo Boeckel [1982]. "Manifesto da
Aliança Liberal", in: Brasil, Congresso Nacional, Câmara dos
Deputados. <b><i>Aliança Liberal - Documentos da campanha presidencial,
1929. </i></b>(Introdução de Ricardo Vélez Rodríguez). 2ª edição.
Brasília: Câmara dos Deputados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39916268"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">COSTA PORTO
[1951]. <b><i>Pinheiro Machado e seu tempo.</i></b> Rio de Janeiro:
José Olympio.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39916268;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39915548"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">FERREIRA
FILHO, Arthur [1958]. <b><i>História geral do Rio Grande do Sul.</i></b> Porto
Alegre: Livraria Globo.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39915548;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39915945"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">FONTOURA,
João Neves da [1958]. <b><i>Memórias - Volume I: Borges de Medeiros e o
seu tempo.</i></b> Porto Alegre: Livraria Globo.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39915945;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39933739"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">LIMA
SOBRINHO, Barbosa [1988]. "Ministro Lindolfo Collor". In: <b><i>Jornal
do Brasil, </i></b>edição de 3 de janeiro de 1988, 1º caderno, pg. 11.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39933739;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">LOVE, Joseph [1970]. "Índice cronológico dos
papéis de Antônio Augusto Borges de Medeiros, 1909-1932, arquivados no
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre".
In: <b><i>Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, </i></b>Rio
de Janeiro, (janeiro-março 1970): pg. 269 seg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">MOOG, Clodomiro Vianna [1944]. "Retrato de
Lindolfo Collor". In: <b><i>Lanterna Verde, Boletim da Sociedade
Felipe de Oliveira. </i></b>Rio de Janeiro, no. 8 (julho 1944).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39909462"></a><a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39910983"><span style="mso-bookmark: _Hlk39909462;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">MOOG, Clodomiro Vianna [1978].
"Lindolfo Collor e a questão social no Brasil". In: Elmano Cardim
(organizador). <b><i>Posse de Vianna Moog no Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro - Discursos.</i></b> Rio de Janeiro: Gráfica
Olímpica Editora, pg. </span></span></a><span style="mso-bookmark: _Hlk39909462;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">19-45.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39909462;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39933370"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">MORAES,
Evaristo de [1934]. "Legislação social-trabalhista". In:<b><i> Revista
do Trabalho.</i></b> Rio de Janeiro, volume II, no. 8 (julho de 1934): pg.
1 seg.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39933370;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">MORAIS FILHO, Evaristo de [1976]. "Sindicato e
sindicalismo no Brasil desde 1930". In: <b><i>As tendências atuais do
direito público (Estudos em homenagem ao professor Afonso Arinos). </i></b>Rio
de Janeiro: Forense.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">MORAIS FILHO, Evaristo de [1978]. <b><i>Introdução
ao direito do trabalho.</i></b> 2ª edição. São Paulo: LTr.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39933044"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">MORAIS
FILHO, Evaristo de [1986]. "Estado e sindicatos no Brasil: os mecanismos
da coerção sindical". In: <b><i>O Estado de São Paulo - Suplemento
Cultura, </i></b>ano VI, no. 336 (edição de 22-11/1986): pg. 8.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39933044;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39934481"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">PAIM, Antônio
[1978]. <b><i>A querela do estatismo.</i></b> Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39934481;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39935402"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">PALHA,
Américo [1956]. <b><i>Lindolfo Collor, um estadista da Revolução. </i></b>Rio
de Janeiro: Serviço de Documentação do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39935402;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39909169"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">SILVA, Hélio
[1971]. <b><i>O ciclo Vargas, volume I - Sangue na areia de Copacabana.</i></b> 2ª
edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.<o:p></o:p></span></a></div>
<span style="mso-bookmark: _Hlk39909169;"></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1980]. <b><i>Castilhismo,
uma filosofia da República.</i></b> 1ª edição. Porto Alegre: Escola
Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Caxias do Sul: Universidade de
Caxias do Sul.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1988]. "Lindolfo
Collor e a plataforma modernizadora da Aliança Liberal". In: <b><i>Semana
de Lindolfo Collor.</i></b> Belém-Pará: Tribunal Regional do Trabalho da
Oitava Região, pg. 27-47.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">VIANNA, Francisco José de Oliveira [1987]. <b><i>Instituições
políticas brasileiras, volume I - Fundamentos Sociais do Estado. </i></b>Belo
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Niterói:
Editora da Universidade Federal Fluminense.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">* * *<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">(Este trabalho foi preparado especialmente pelo
autor para el <i>Proyecto Ensayo, <a href="http://www.ensayistas.org/">www.ensayistas.org</a>
</i>a partir de artigo publicado, em 1988, pelo Tribunal Regional do Trabalho
de Belém do Pará, com o título: "Lindolfo Collor e a plataforma
modernizadora da Aliança Liberal", com motivo da <b><i>Semana de
Lindolfo Collor</i></b>). Março de 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><b>NOTAS</b></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;"><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref1" title=""><!--[endif]--></a></span></span>
<span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">pud SILVA, Hélio. <b><i>O ciclo Vargas, volume
I - Sangue na areia de Copacabana.</i></b> 2ª edição. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1971. P. 283-284.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MOOG, Clodomiro Vianna. "Lindolfo Collor e a questão social no
Brasil". In: Elmano CARDIM (organizador). <b><i>Posse de Vianna Moog
no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - Discursos.</i></b> Rio de
Janeiro: Gráfica Olímpica Editora, 1978, pg. 26-27.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
Cf. </span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MORAIS FILHO, Evaristo de. <b><i>Introdução ao direito do trabalho.</i></b> 2ª
edição. São Paulo: LTr, 1978, p. 162.</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MOOG, Clodomiro
Vianna [1978]. "Lindolfo Collor e a questão social no Brasil". In:
Elmano Cardim (organizador). <b><i>Posse de Vianna Moog no Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro - Discursos.</i></b> Rio de Janeiro:
Gráfica Olímpica Editora, pg. 38.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MORAIS FILHO, Evaristo de. "Sindicato e sindicalismo no Brasil
desde 1930". In: <b><i>As tendências atuais do direito público
(Estudos em homenagem ao professor Afonso Arinos). </i></b>Rio de Janeiro:
Forense, 1976, p. 196.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo Boeckel. <b><i>Garibaldi e a Guerra dos Farrapos.</i></b> 2ª
edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: Instituto Nacional do
Livro, 1977, p. 15.</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MOOG, Clodomiro Vianna. "Retrato de Lindolfo Collor".
In: <b><i>Lanterna Verde, Boletim da Sociedade Felipe de Oliveira. </i></b>Rio
de Janeiro, no. 8 (julho 1944), p. 6.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> VIANNA,
Francisco José de Oliveira. <b><i>Instituições políticas brasileiras,
volume I - Fundamentos Sociais do Estado. </i></b>Belo Horizonte:
Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Niterói: Editora da
Universidade Federal Fluminense, 1987, p. 161.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo Boeckel. <b><i>O sentido histórico do Castilhismo.
Discurso pronunciado em Novo Hamburgo, no dia 2 de agosto de 1936, por ocasião
da posse da primeira diretoria do Grêmio Republicano Lindolfo Collor.</i></b> Porto
Alegre: Livraria Globo, 1936, p. 9-10.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">FERREIRA FILHO, Arthur. <b><i>História geral do Rio Grande do Sul.</i></b> Porto
Alegre: Livraria Globo, 1958, p. 149.</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
Cf. </span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">VÉLEZ Rodríguez, Ricardo. <b><i>Castilhismo, uma filosofia da
República.</i></b> 1ª edição. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia
São Lourenço de Brindes; Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1980, p.
97. Cf. LOVE, Joseph. "Índice cronológico dos papéis de Antônio Augusto
Borges de Medeiros, 1909-1932, arquivados no Instituto Histórico e Geográfico
do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre". In: <b><i>Revista do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, </i></b>Rio de Janeiro,
(janeiro-março 1970): pg. 269. Cf. FONTOURA, João Neves da. <b><i>Memórias
- Volume I: Borges de Medeiros e o seu tempo.</i></b> Porto Alegre:
Livraria Globo, 1958.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COSTA PORTO. <b><i>Pinheiro Machado e seu tempo.</i></b> Rio
de Janeiro: José Olympio, 1951, p. 180.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Apud COSTA PORTO, <b><i>Pinheiro
Machado e seu tempo</i></b>, ob. cit., p. 233.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo Boeckel. <b><i>O sentido histórico do Castilhismo.
Discurso pronunciado em Novo Hamburgo, no dia 2 de agosto de 1936, por ocasião
da posse da primeira diretoria do Grêmio Republicano Lindolfo Collor.</i></b> Porto
Alegre: Livraria Globo, 1936, p. 11-16.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39917853"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo Boeckel. "Manifesto da
Aliança Liberal", in: BRASIL – CONGRESSO NACIONAL – CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança
Liberal - Documentos da campanha presidencial, 1929.</i></b></span></a><b><i><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span></i></b><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">(Introdução
de Ricardo Vélez Rodríguez). 2ª edição. Brasília: Câmara dos Deputados. 1982,
p. 50.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL –
CONGRESSO NACIONAL – CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929.</i></b>, Ob. cit., P. 54.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo
Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL – CONGRESSO
NACIONAL – CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal - Documentos da
campanha presidencial, 192.</i></b>, p. 52.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL –
CONGRESSO NACIONAL – CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929</i></b>, ob. cit., p. 57.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL –
CONGRESSO NACIONAL – CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929</i></b>, ob. cit., p. 65.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo
Boeckel. "Exposições de motivos". In: Alfredo João LOUZADA
(organizador). <b><i>Legislação trabalhista. Coletânea de decretos feita
por determinação do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio.</i></b> Rio
de Janeiro: Imprensa Nacional, 1933, pg. 400 seg.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Cf. </span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ALEMANHA, MRE (Ministério das Relações Exteriores).<b><i> Ofício
do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha ao Instituto Ibero-Americano,
de 3 de abril de 1939.</i></b> Arquivo Federal Koblenz. Cópia fornecida
pelo Departamento de História da Universidade do Estado de Louisiana, Baton
Rouge, Estados Unidos da América, 1939.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MORAIS FILHO, Evaristo de. "Estado e sindicatos no Brasil: os
mecanismos da coerção sindical". In: <b><i>O Estado de São Paulo -
Suplemento Cultura, </i></b>ano VI, no. 336 (edição de 22-11/1986): pg. 8.</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 12.0pt;"> </span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">MORAES, Evaristo de. "Legislação social-trabalhista". In:<b><i> Revista
do Trabalho.</i></b> Rio de Janeiro, volume II, no. 8 (julho de 1934): pg.
1 seg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ARAÚJO, Rosa Maria Barboza de. <b><i>O batismo do trabalho: a
experiência de Lindolfo Collor. </i></b>(Prefácio de Evaristo de Morais
Filho). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981, p. 159.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn25" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref25" name="_ftn25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Cf. </span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">LIMA SOBRINHO, Barbosa. "Ministro Lindolfo
Collor". In: <b><i>Jornal do Brasil, </i></b>edição de 3 de
janeiro de 1988, 1º caderno, pg. 11.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn26" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref26" name="_ftn26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39934218"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo Boeckel. "Manifesto da
Aliança Liberal", in: BRASIL, CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança
Liberal - Documentos da campanha presidencial, 1929. </i></b></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">(Introdução
de Ricardo VÉLEZ Rodríguez). 2ª edição. Brasília: Câmara dos Deputados, 1982,
p. 71.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn27" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref27" name="_ftn27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39934344"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL,
CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929. </i></b>Ob. cit., p. </span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">68-69. </span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn28" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref28" name="_ftn28" style="mso-footnote-id: ftn28;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://draft.blogger.com/null" name="_Hlk39934627"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR, Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL,
CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929. </i></b>Ob. cit., p. </span></a><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">71.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn29" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref29" name="_ftn29" style="mso-footnote-id: ftn29;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PAIM, Antônio [1978]. <b><i>A querela do estatismo.</i></b> Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978, p. 73.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn30" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref30" name="_ftn30" style="mso-footnote-id: ftn30;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL,
CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929. </i></b>Ob. cit., p. 72.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn31" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref31" name="_ftn31" style="mso-footnote-id: ftn31;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL,
CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929. </i></b>Ob. cit., ibid.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn32" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref32" name="_ftn32" style="mso-footnote-id: ftn32;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL,
CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929. </i></b>Ob. cit., p. 73-74.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn33" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref33" name="_ftn33" style="mso-footnote-id: ftn33;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[33]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL,
CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929. </i></b>Ob. cit., p. 76-77.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn34" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref34" name="_ftn34" style="mso-footnote-id: ftn34;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[34]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">COLLOR,
Lindolfo Boeckel. "Manifesto da Aliança Liberal", in: BRASIL,
CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS. <b><i>Aliança Liberal -
Documentos da campanha presidencial, 1929. </i></b>Ob. cit., p. 77.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn35" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ricardo%20&%20Paula/Documents/ARTIGOS%20BLOG%20E%20DEFESA/PENSADORES%20BRASILEIROS%20-%2008%20-%20LINDOLFO%20COLLOR%20(1890-1942).docx#_ftnref35" name="_ftn35" style="mso-footnote-id: ftn35;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">[35]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Apud </span><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PALHA, Américo. <b><i>Lindolfo Collor, um
estadista da Revolução. </i></b>Rio de Janeiro: Serviço de Documentação do
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, 1956, p. 50.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
</div>
<br />Ricardo Vélez-Rodríguezhttp://www.blogger.com/profile/11757214540789415219noreply@blogger.com0