A situação não é das melhores
após a negociação feita pelo enfraquecido governo Temer com os caminhoneiros
grevistas: mais um reforço do pano de fundo patrimonialista que nos assoberba e
que sai caro para o bolso do contribuinte.
A negociação feita no Planalto, na
noite de domingo, certamente não foi a melhor para a sociedade brasileira que
pagará o pato pelas concessões feitas. É claro que os impostos escorchantes
embutidos no preço dos combustíveis são um peso que penaliza os contribuintes. Mas
não se trata de algo que afete unicamente aos caminhoneiros. A solução dada
pelo Governo deveria visar, como diriam os utilitaristas, “a felicidade geral da
Nação”, não apenas o bem-estar de uma parcela da mesma. O que aconteceu foi o
seguinte: foi atendido quem tinha na mão armas para fazer
valer as suas reivindicações. Típica chantagem de grevista que fala grosso para
um governo acostumado à negociação patrimonialista, sem levar em consideração a
totalidade dos cidadãos.
Marcos Lisboa, em artigo
publicado na Folha de S. Paulo, foi ao cerne da questão quando escreveu: “O
acordo imposto ao governo federal pede reserva de mercado a sindicatos de
motoristas autônomos para oferecer serviços de transporte, que ficariam
dispensados da lei de licitação; pede tabelamento de preços para transporte por
caminhões. A conta será paga pelo contribuinte. Por todos nós. O descontrole do
país resulta dos muitos grupos que defendem seus interesses particulares ainda
que em benefício do país, em meio a salvadores da pátria que acham razoável
descumprir a lei para fazer o que acham melhor. Dissemina-se o desrespeito à
norma legal”.
Com o precedente adotado de atender a quem mais grita à margem da lei, abre-se a porta para o que conhecido economista identificou como "desobediência tributária", a ser posta em prática por outros grupos que acharem que têm poder de chantagem sobre um governo fraco e pusilânime. Ruim para todos nós. e ruim para o Brasil.
Os gatos gordos do lulopetismo, sediados no Sindicato dos Petroleiros, vinculado à CUT, já anunciaram greve "de apoio" aos caminhoneiros, com o objetivo óbvio de pescar em águas turvas e dar oxigênio ao chefe Lula, no seu esforço impatriótico de surfar em cima da crise.
Como faz falta no Brasil uma estadista da altura de Margareth Thatcher (primeira-ministra entre 1979 e 1990), que diante de um escolho semelhante ao encontrado pelo atual presidente, não titubeou por um instante: privatizou a estatal inglesa, a British Petroleum, tomada de assalto pelo sindicato de trabalhistas que fez mergulhar a economia do país em penosa pendente de reivindicações descabidas, praticadas pelos gatos obesos do estatismo. Consequência: a Inglaterra dos anos 80 saiu do buraco, retomou o fôlego e a economia cresceu aceleradamente para benefício de todos os cidadãos.
No Brasil das políticas meia-sola já estamos certos de uma coisa: os 30% da reserva de mercado que garante fretes da Companhia de Abastecimento aos grevistas autônomos, bem como os 10 bi de redução de tributos serão pagos por nós, contribuintes.
Solução pela metade. Tomara que os motoristas em greve, pelo país afora, respeitem o pacto assinado com o Planalto, voltem ao trabalho hoje e desobstruam as estradas que, fechadas, comprometem o dia a dia dos cidadãos deste país.
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