Londrina: domingo 13 de Março de 2016: 90 mil contra Lula e Dilma (Foto: Folha de Londrina). |
Brasília: 17 de Março de 2016: Dilma dá pose a Lula como Ministro da Casa Civil (Foto: Divulgação). |
Contrariamente ao que pensava Tocqueville em A
democracia na América, como sendo a República “O reino tranquilo da
maioria”, para os petralhas ela é o reino intranquilo da minoria. Por um
motivo: Lula, Dilma et caterva privatizaram
as instituições republicanas, para coloca-las a serviço de si próprios e dos
seus amigos, tendo, de outro lado, cooptado empresários para que vendessem
criminosamente bens e serviços superfaturados à Petrobrás, a fim de a elite
petralha se beneficiar financeiramente e abastecer o Partido para se tornar
hegemônico.
É isso que está levando as multidões às ruas. Os petralhas
incorreram no vício que Aristóteles, na sua Política, assinalava como
característica dos regimes corruptos: estes ocorrem quando os que governam
fazem-no exclusivamente em benefício próprio. Ora, a dupla Dilma-Lula, com a
posse do ex-presidente como novo ministro da Casa Civil, pensou em termos
puramente domésticos, como se o Palácio do Planalto fosse a “casa da mãe
Joana”. Tudo é gerido, nesta República de araque, em benefício exclusivo da
grande família lulopetralha. Para o resto, a maioria esmagadora dos cidadãos
deste país, não há uma explicação que deva ser dada.
Acresce a isso a deformação que Lula, como populista, impingiu
ao Estado Democrático de Direito e às Instituições Republicanas. Para ele, estas
são dispensáveis, num clima de patrimonialismo rasteiro, sendo que, como frisava
Ruy Castro, “Lula transferiu a Presidência para o mictório de botequim” (“O
Estilo é o homem”, Folha de S. Paulo, 16/03/2016).
Convenhamos que o ex-presidente encarna assim a figura mais atrasada do líder
patrimonialista, aquele identificado com personagens lendários das letras
latino-americanas, como o Patriarca (que remete à figura do ditador venezuelano
Juan Vicente Gómez), que presidia uma republiqueta de bananas, onde burocratas
se misturavam com pedintes e filhos das amantes, num clima de bordel caribenho,
segundo a contundente narrativa de García Márquez em O outono do Patriarca (1975).
Ou como o personagem central (o chefete provinciano Facundo
Quiroga) da obra de Domingo Faustino Sarmiento, intitulada: Facundo,
civilização e barbárie no pampa argentino (1846). Quiroga semeava a
miséria entre pobres, remediados e ricos da Província de São Luís, na
Argentina, taxando-os com uma carga tributária insuportável, tendo-os submetido
previamente ao terror policial para “abrandá-los”.
Em ambos os casos, na Venezuela e na Argentina, o líder
patrimonialista é essencialmente preguiçoso, somente se preocupando em se
locupletar, bem como à sua corja de familiares e apaniguados, tendo as
instituições republicanas caído na paralisia total. Tanto na narrativa de
García Márquez, quanto na de Sarmiento, só restou o poder privatizado na fazenda
do tirano, que de público não tinha mais nada, pois tudo se converteu em função
particular do Caudilho. As notícias eram, segundo García Márquez, ilicitamente
editadas por uma engenhoca que lia diretamente os pensamentos do dono do poder
e os formatava com grande rapidez, para manter incólume “a nau do progresso
dentro da ordem”, a fim de “esconjurar a incerteza do povo num poder de carne e
osso que, na última quarta-feira de cada mês, divulgava um informe sedativo de
sua gestão de governo através da rádio e da televisão”. Convenhamos que os
chefetes petralhas foram, com a ajuda dos marqueteiros, muito eficientes na
arte de fabricar mentiras e divulga-las aos quatro ventos, tendo para isso
decuplicado os gastos da Presidência da República com propaganda, ao longo dos
anos de desgovernos petistas.
É claro o clamor das ruas nestes tempos de descarada
reformulação do poder por parte dos petralhas, tendo Dilma se colocado como
coadjuvante da ópera bufa dirigida por Lula e encenada apenas pelos militantes
do PT e os poucos colaboradores que restaram dos outros partidos, que já
começam a abandonar a nau em perigo.
Três coisas exigem os cidadãos irados nas passeatas e
manifestações que tomaram conta das praças, ruas e avenidas das cidades
brasileiras: 1 – a saída de Dilma da presidência, pela via da renúncia ou do
impeachment; 2 - a submissão de Lula à Justiça, a fim de que responda pelos
seus crimes de enriquecimento ilícito e de atentado contra as instituições
republicanas; 3 – a defesa da Magistratura (notadamente do juiz Sérgio Moro),
do Ministério Público, da Polícia Federal e outras instâncias que colaboram com
as autoridades na administração de justiça.
Segundo o que se vê pelo Brasil afora, os cidadãos deste país
não estão dispostos a abrir mão de sanear as instituições. Não adianta
políticos espertalhões, da oposição, tentarem capitalizar para os seus currais eleitorais
a insatisfação da sociedade. Onde eles têm aparecido têm sido devidamente
enxotados. A mensagem é clara: os brasileiros querem renovação da forma de
fazer política. Ou os candidatos para as próximas eleições municipais reciclam
os seus discursos e as suas propostas, ao vão colher a derrota nas suas bases.
A mensagem vale para as autoridades dos três poderes. Para o
Executivo é clara: o tempo de Dilma acabou. Para os Magistrados vale também: os
cidadãos estão de olho nas decisões dos tribunais e não aceitarão pedaladas
jurídicas destinadas a manter incólumes os interesses dos donos do poder. Para
o Legislativo é meridiana: os representantes do povo devem representar mesmo os
interesses dos cidadãos, sendo necessário que o Congresso se ocupe, de forma
prioritária, da reforma política, de modo a revalorizar a representação, com a
adoção de mecanismos de aproximação entre eleitor e eleito, como é o caso do
voto distrital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário