Introdução -
Toda sociedade que aspire ao amadurecimento
democrático precisa discutir a questão da moral social. Esta discussão, no seio
da cultura brasileira, tradicionalmente foi atribuída a instâncias verticais,
encampadoras do poder de decisão sobre os cidadãos. Tais instâncias, na nossa
história cultural, polarizaram-se ao
redor de quatro grandes núcleos: Família Patriarcal, Estado, Mídia e Igreja. Em
torno a essas forças centrípetas consolidaram-se os modelos de moral social. É
meu propósito, nesta exposição,[1] identificar
tais modelos e discutir a sua validade,
face aos requerimentos hodiernos do ideal democrático que é, sem dúvida, o grande desideratum
da sociedade brasilera.
É necessário, de entrada, partir
de algumas precisões conceituais.[2]
Por moral entendemos um conjunto de normas de conduta, adotado como
absolutamente válido por uma comunidade humana, numa época determinada. Por
ética entendemos a reflexão sistemática sobre a moral. Esta, por sua vez, abarca uma dupla dimensão: pessoal e social.
A moral, na sua dimensão pessoal, foi definida por Max Weber[3]
como moral de convicção, que consiste
no imperativo categórico da consciência, o qual não admite negociação e exige total obediência, sem calcular as
conseqüências, se aproximando do ideal do “sim, sim, não, não” apregoado por
Cristo no Evangelho. Mas a moral pode ser, também, considerada na sua dimensão
social e consiste, então, no mínimo comportamental a ser exigido de todos os
membros de uma determinada sociedade, para que ela funcione como todo orgânico.
Irmã gêmea da moral social é a moral de
responsabilidade que caracteriza o ideal comportamental do homem público,
de quem se espera que proceda respeitando o imperativo da sua consciência, mas
levando em consideração, também, os resultados previsíveis da sua ação. Esse
ideal moral também se encontra presente naquele princípio evangélico que
aconselha ser “prudentes como serpentes”
e “singelos como pombas”, onde a singeleza pode ser interpretada como
obediência à voz da consciência e a prudência como obediência ao princípio do
cálculo dos resultados da ação.
A moral
social, de outro lado, pode ser considerada como passível de duas tipologias:
vertical e horizontal. A caraterística da primeira consiste em ser estruturada
a partir de uma minoria social que impõe o seu ideal comportamental ao resto da
sociedade. A segunda consiste na moral social de tipo consensual, que emerge a
partir da negociação entre interesses divergentes e se consolida como consenso
a partir dessa negociação. A temática da moral social de tipo consensual foi
colocada pelos moralistas ingleses a partir do século XVII, no contexto do mais
amplo esforço em que se engajou a intelligentsia
britânica desse período, para pensar as instituições do governo representativo.
Oito modelos de moral social
podem ser identificados na nossa história cultural: de saber de salvação,
pombalino, castilhista-getuliano, messiânico-populista, salvador militar,
patrimonialista, estetizante e consensual. Analisarei cada um deles, destacando
a relação que possuem com os núcleos de poder social ao redor dos quais se
consolidaram (família patriarcal, Estado, mídia, Igreja). É importante
salientar, entretanto, que tais modelos não constituem categorias estanques nem
reificações concretas, se tratando, melhor, de tipos ideais encontradiços,
muitas vezes, entrelaçados na complexa realidade social. Assim, por exemplo, os
modelos messiânico-populista, salvador militar e patrimonialista acham-se
tradicionalmente geminados nos vários tipos de caudilhismo em que a nossa
história é particularmente rica. Especial atenção dedicarei à análise do modelo
consensual, pelo fato de ser ele, hodiernamente, o único que garante a completa
institucionalização da democracia no Brasil, superando os vícios do
patrimonialismo e do democratismo.
I - O modelo do “saber de salvação”.
No período colonial,
estruturou-se a concepção de moral social chamada por Luis Washington Vita[4]
(1921-1968) de “saber de salvação”. Consistia ela na convicção de que o homem
está na terra como “passando uma noite ruim numa pousada ruim”, segundo as
palavras da mística espanhola Santa Teresa de Avila (1515-1582). Se o que
interessa é a salvação da alma, se não somos mais do que “um vil bicho da terra
e um pouco de lodo”, segundo a expressão de Nuno Marques Pereira[5]
(1652-1733) pouco interessava,
logicamente, este mundo e a organização racional do convívio político. A
"res publica” ficava nas mãos de Deus, destino que nos séculos XVII e
XVIII concretizou-se no absolutismo alicerçado em razões religiosas. Sem dúvida
que o ideal monástico da fuga do mundo, apregoado no Brasil por Marques Pereira
no seu ensaio, publicado mais de cinco vezes, em Portugal, ao longo do século
XVIII e intitulado: Compêndio narrativo
do peregrino da América,[6] levava
a reforçar o poder absoluto do monarca.
Em que pese o fato de essa
proposta ter sido formulada no período colonial, não podemos deixar de
reconhecer a sua presença nas propostas teocrático-moralizantes de
tradicionalistas inspirados no passado medieval, como Plínio Correia de
Oliveira (1908-1995). A inspiração ética do tradicionalismo insere-se, quando
aplicada à política, no contexto do pensamento anti-utópico descrito por Karl Mannheim
(1893-1947):[7]
a proposta dos tradicionalistas é a negação das utopias perseguidas pelos
progressistas.[8]
Como uma das idéias-chave destes sempre foi a valorização da razão e da
liberdade individual, os tradicionalistas defendem a tutela da tradição sobre o
indivíduo.[9]
No caso de Plínio Correia de Oliveira, fundador e primeiro ideólogo do
movimento Tradição, Família e Propriedade,
essa tutela estabelecer-se-ia mediante uma volta ao passado medieval, quando a
Igreja controlava a consciência das pessoas. A moralidade da "res
publica" estaria garantida quando
voltássemos a adotar uma estrutura de "cristandade", com a Igreja
exercendo o controle sobre os costumes, com a ajuda de "ordens
militares" como os Templários.
II - O modelo pombalino.
A essência das reformas
efetivadas, em Portugal, por Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782),
Marquês de Pombal, consistia na "aritmética política", que segundo
Antônio Paim (1927)[10]
baseava-se em dois princípios: o Estado, convertido em empresário e possuidor
da ciência aplicada, garante a riqueza da nação; em segundo lugar, compete ao
Estado, presidido pelo déspota ilustrado, regular a moral dos cidadãos e a
ordem social e política.
A questão da moralidade (tanto a
privada quanto a pública) era, portanto, função do Estado que, numa concepção
hegeliana avant la lettre ganhava a
caraterística de ente moral. A problemática moral escapa, conseqüentemente, do
foro individual ou da iniciativa de grupos sociais, para se situar no terreno
do Leviatã que, segundo se supõe, conseguirá garantir a moralidade pública e a
ordem social. As reformas efetivadas pelo Marquês tiraram da Igreja as funções
educativas e de controle direto sobre os costumes, para colocá-las sob o
império do Estado, num contexto de galicanismo
eclesial, ou de cooptação do poder espiritual pelo temporal.
Convém lembrar que a geração que
fez a Independência formou-se na Universidade pombalina[11] e,
graças a isso, a idéia estatizante que inspirava a moralidade pública, entrou a
formar parte essencial do patrimônio cultural brasileiro. Não foi, somente, a
tendência ao empreguismo orçamentívoro que o Brasil herdou do ciclo pombalino,
mas, também, a idéia, fortemente enraizada na cultura política, de que a
questão moral não é incumbência do indivíduo, mas que é função exclusiva do
Estado.
Essa passagem da questão moral do
âmbito individual e social para o estatal, produziu no Brasil um fortalecimento
muito grande do autoritarismo. Quando a tendência centrípeta e estatizante do
cientificismo pombalino se encontrou com a filosofia comteana, na segunda
metade do século XIX, deu ensejo à forma autoritária e moralizadora do
positivismo, que empolgou os próceres da República, com Benjamim Constant
Botelho de Magalhães (1836-1891) à testa. Plantada no terreno fértil das
Faculdades de Direito, essa tendência formou várias gerações de advogados republicanos, inspirados, como
Júlio de Castilhos (1860-1903), por exemplo, no mais ardente jacobinismo
moralizador.[12]
À sombra do estatismo pombalino
encontrou refúgio um submodelo de moral social, que tinha se desenvolvido na
cultura ibérica, ao longo dos séculos XV e XVI, e que foi identificado por
Américo Castro (1885-1972),[13]
Jaime Jaramillo Uribe (1917-2015) e por Oliveira Vianna[14]
(1883-1951). Trata-se do submodelo que identifico como "ética do
atalho" ou do "não
trabalho" e que consiste no preconceito em face ao trabalho produtivo,
considerado como castigo pelo pecado original, e que conduz ao ideal da
apropriação "heróica" da riqueza na guerra santa contra o infiel e à
identificação do trabalho como atividade de párias e não de senhores. Tanto a
cultura espanhola quanto a portuguesa, no período dos descobrimentos e da
colônia, estiveram profundamente enraizadas nesse complexo cultural, que
encontrou formulação prática na idéia do Estado-empresário, guindado por Pombal
à dignidade de demiurgo produtor de riquezas. A mediação estatal libertava o homem
ibérico do castigo do trabalho produtivo e garantia a posse das riquezas
produzidas pelo Pai-Estado. Em trabalhos anteriores,[15] tenho
identificado esse submodelo de "ética do atalho" como fonte
culturológica do fenômeno da corrupção, estreitamente vinculado ao
"complexo de clã" ou "espírito de patota".
III - O modelo castilhista-getuliano.
Como continuadora do modelo estatizante pombalino, a ditadura castilhista, iniciada, no Rio Grande do Sul, por Júlio de Castilhos (1860-1093), consolidada ali por Borges de Medeiros (1863-1961) e continuada, a nível nacional, por Getúlio Vargas (1882-1954), constituiu eficaz reificação do espírito hobbesiano no Brasil. O modelo da ditadura castilhista alicerçava-se em dois princípios: de um lado, na busca da regeneração moral da sociedade a partir de uma intervenção autoritária do Estado; de outro, na legitimação dessa presença estatal mediante o apelo à ciência, no contexto do princípio comteano de que "o poder vem do saber".[16]
Como continuadora do modelo estatizante pombalino, a ditadura castilhista, iniciada, no Rio Grande do Sul, por Júlio de Castilhos (1860-1093), consolidada ali por Borges de Medeiros (1863-1961) e continuada, a nível nacional, por Getúlio Vargas (1882-1954), constituiu eficaz reificação do espírito hobbesiano no Brasil. O modelo da ditadura castilhista alicerçava-se em dois princípios: de um lado, na busca da regeneração moral da sociedade a partir de uma intervenção autoritária do Estado; de outro, na legitimação dessa presença estatal mediante o apelo à ciência, no contexto do princípio comteano de que "o poder vem do saber".[16]
Castilhos revelou-se mais
autoritário que o próprio Comte (1798-1857). Se bem é certo que a "física
social" do filósofo de Montpellier ensejava uma visão determinista do
homem como destacava, com propriedade, Stuart Mill[17] (1806-1873),
o regenerador francês não caia, no entanto, no estatismo. Chegar-se-ia à ordem
social e política, no seu entender,
mediante um processo pedagógico e moralizador, efetivado, pacificamente,
por uma elite de cientistas e apóstolos da humanidade, que tentaria mudar as
mentes e os corações a partir de uma pregação desinteressada. Já o gaúcho Júlio
de Castilhos acreditava, diretamente, no poder do Estado que, consolidado de
forma autoritária, imporia a ordem social e política de forma compulsória.
A questão da moralidade pública,
tão apregoada pelos castilhistas e tão vivida por eles no seu ideal de
"reino da virtude" (deve-se reconhecer, com justiça, o seu fervor,
quase religioso, na administração dos dinheiros públicos) seria incumbência do
Estado. O ditador, supremo legislador, era o grande centro de moralização da
sociedade. Os castilhistas tornaram realidade a idéia do Estado artífice da
revolução moralizadora que, numa visão antecipada do leninismo, os socialistas portugueses, Joaquim Pedro de Oliveira
Martins (1845-1894) e Antero de Quental (1842-1891), tinham concebido, em fins
do século XIX.
O modelo getuliano expandiu-se a
nível nacional, tendo modernizado e viabilizado, tecnocraticamente, o modelo
castilhista. Dois princípios guiaram a estruturação do Estado autoritário e
modernizador de Vargas: de um lado, o do equacionamento técnico dos problemas;
de outro, o da alergia antidemocrática, concretizada no slogan de inspiração castilhista: "o regime parlamentar é um
regime para lamentar". A questão da moralidade pública foi reduzida, por
Getúlio, a simples problema técnico, que deveria ser equacionado pelo Estado
autoritário, com o auxílio dos conselhos técnicos integrados à administração.
[18]
[18]
IV - O modelo messiânico-populista.
Este modelo da moral social brasileira está profundamente enraizado na cultura, pois foi herdado da tradição sebastianista portuguesa. O sebastianismo, na sua essência, corresponde ao que Jacob Leib Talmon[19] (1916-1980) identifica como um modelo de "Messianismo Político". Originada na gesta de Alcácer-Quibir, quando, em batalha contra os sarracenos, o rei português dom Sebastião foi morto, a tradição sebastianista desenvolveu-se junto com a crença de que o rei não teria morrido, teria se ocultado e voltaria para libertar o seu povo. Essa tradição passou a inspirar boa parte da literatura popular brasileira, especialmente nos remotos e miseráveis sertões do nordeste. Prova dessa rica influência foi elaborada por Euclydes da Cunha (1866-1909),[20] quando relatou as lutas de Antônio Conselheiro (1830-1897) conta o governo republicano, no final do século XIX. O escritor peruano e Prêmio Nobel de Literatura, Mário Vargas Llosa (1936)[21] deu vida ao relato do sociólogo brasileiro, no seu romance intitulado: A guerra do fim do mundo.
Este modelo da moral social brasileira está profundamente enraizado na cultura, pois foi herdado da tradição sebastianista portuguesa. O sebastianismo, na sua essência, corresponde ao que Jacob Leib Talmon[19] (1916-1980) identifica como um modelo de "Messianismo Político". Originada na gesta de Alcácer-Quibir, quando, em batalha contra os sarracenos, o rei português dom Sebastião foi morto, a tradição sebastianista desenvolveu-se junto com a crença de que o rei não teria morrido, teria se ocultado e voltaria para libertar o seu povo. Essa tradição passou a inspirar boa parte da literatura popular brasileira, especialmente nos remotos e miseráveis sertões do nordeste. Prova dessa rica influência foi elaborada por Euclydes da Cunha (1866-1909),[20] quando relatou as lutas de Antônio Conselheiro (1830-1897) conta o governo republicano, no final do século XIX. O escritor peruano e Prêmio Nobel de Literatura, Mário Vargas Llosa (1936)[21] deu vida ao relato do sociólogo brasileiro, no seu romance intitulado: A guerra do fim do mundo.
A corrupção, a exploração, o
desespero das massas oprimidas, todos os males que o povo humilde sofre,
encontrarão remédio definitivo na gesta histórica de um novo salvador, que a
Providência enviará. Tal é a essência da crença sebastianista que hoje, como
ontem, sobrevive na alma popular brasileira. Prova de que essa crença é, ainda hoje,
oxigênio que dá vida à esperança popular, foi a entrevista que José Henrique
Nazareth (aposentado em 2013, com 78 anos de idade)[22] um
humilde contínuo do palácio presidencial brasileiro, concedeu à revista Istoé, em 1990. À pergunta: - "Agora Collor o que é?" –
Nazareth respondeu: "Ele é o corpo e o sangue de Cristo, é esse o sangue
que vai transformar, que vem a nós como um novo Belém, a terra prometida. Ele é
o Messias que vai levar o povo à terra onde vamos comer mel".
Não é necessário destacar o
enorme cabedal de paternalismo autoritário que se encerra nessa mentalidade. A
duríssima e longa ditadura getuliana, durante as décadas de 30 e 40, bem como o
posterior ciclo salvador militar, deram provas suficientes dos extremos de
paternalismo e de manipulação popular de que é capaz o messianismo republicano
brasileiro.
V - O modelo salvador militar.
Juarez Távora (1898-1975), um dos oficiais do Exército que protagonizaram as famosas revoluções tenentistas, ao longo dos anos vinte, revelou, em certa oportunidade, a índole salvadora que assumiram as intervenções militares ao longo do período republicano. Estreito colaborador de Vargas no governo provisório (1930-1934), que se organizou depois da revolução de 1930, procurou um dos assessores jurídicos do governo, o sociólogo Oliveira Vianna, e lhe pediu que elaborasse um modelo de Constituição. Como no modelo apresentado pelo assessor não aparecesse definido o papel dos militares, assim o explicou: "A nossa atitude em política é a de quem observa um banquete. Quando o banquete se converte em rega-bofe, então entraremos com a espada moralizadora".[23]
Juarez Távora (1898-1975), um dos oficiais do Exército que protagonizaram as famosas revoluções tenentistas, ao longo dos anos vinte, revelou, em certa oportunidade, a índole salvadora que assumiram as intervenções militares ao longo do período republicano. Estreito colaborador de Vargas no governo provisório (1930-1934), que se organizou depois da revolução de 1930, procurou um dos assessores jurídicos do governo, o sociólogo Oliveira Vianna, e lhe pediu que elaborasse um modelo de Constituição. Como no modelo apresentado pelo assessor não aparecesse definido o papel dos militares, assim o explicou: "A nossa atitude em política é a de quem observa um banquete. Quando o banquete se converte em rega-bofe, então entraremos com a espada moralizadora".[23]
As Forças Armadas entenderam,
dessa forma salvadora, o seu papel na política brasileira, ao longo do período
republicano: assim foi durante a República Velha (1891-1930), com as chamadas
"salvações"; assim foi durante o longo governo getuliano (1930-1945),
que se apoiou na jovem oficialidade do Clube 3 de Outubro; assim foi quando
Getúlio deixou o poder em mãos do marechal Eurico Gaspar Dutra (1883-1974),
depois da Segunda Guerra Mundial em 1945; assim foi em 54, com a intervenção dos chefes militares, que
levou o presidente constitucional Getúlio Vargas ao suicídio; assim foi em 64,
com a chamada "revolução salvadora".
Não há dúvida, como sugere Alfred
Stepan[24]
(1936-2017) de que essa concepção salvadora encaixou na praxe do
"poder moderador", à qual se acostumaram os brasileiros, ao longo de
mais de cinquenta anos de Império. Desaparecida a figura do Imperador, a partir
da instauração da República, em 1889, continuou presente, contudo, a idéia de
que um poder superior ao Parlamento e ao jogo político-partidário, deveria
exercer uma espécie de tutela sobre a sociedade, a fim de evitar que os
interesses privados dos políticos terminassem prevalecendo sobre o interesse
público. As Forças Armadas, no sentir de Stepan, passaram a exercer essa função
moderadora.
Paulo Mercadante[25]
(1923-2013) destaca o fato de que, no cumprimento de sua missão salvífica e
moderadora, os militares brasileiros inspiraram-se no modelo weberiano da ética
de convicção (baseada na preservação do valor absoluto da honra), e rejeitaram
(porque o consideravam oportunista) o modelo de ética de responsabilidade,
identificado por Weber[26]
como próprio do homem público, que calcula, nas suas ações, o resultado que
delas provirá. Essa visão salvadora,
baseada no código de honra, encontrou primorosa manifestação no final do
Império, quando, por causa da chamada "questão militar", o marechal
Deodoro da Fonseca (1827-1892) desembainhou no Parlamento a espada e exclamou:
"a honra do Exército está acima da lei!".
Antônio Paim[27]
(1927) lembra que esse sentido da moral de convicção que não admite
negociações, fez com que a intervenção militar de 1964 se revestisse de feição
autoritária. Esse espírito revelar-se-ia, entre outras coisas, na forma autoritária
em que foram entendidos os "objetivos nacionais permanentes" os
quais, formulados pela elite militar, passaram a ser interpretados como
paradigmas inquestionáveis pelos líderes da ESG.
VI - O modelo patrimonialista.
Nas suas obras fundamentais Oliveira Vianna[28] destacou um fato fundamental da formação social brasileira: a tendência a confundir público com privado. Não existe, na mentalidade do povo, nem na das elites, claramente definida, a linha de demarcação entre interesses familiares e aqueles pertencentes à esfera pública. Parece como se ambas ordens de interesses coexistissem, de modo indiferenciado, no mesmo universo. Esse fato levou a sabedoria popular a cunhar slogans como "aos amigos marmelada, aos inimigos bordoada"; "aos amigos os cargos, aos inimigos, a lei"; "governar é nomear, demitir e prender"; "é dando que se recebe", etc.
Nas suas obras fundamentais Oliveira Vianna[28] destacou um fato fundamental da formação social brasileira: a tendência a confundir público com privado. Não existe, na mentalidade do povo, nem na das elites, claramente definida, a linha de demarcação entre interesses familiares e aqueles pertencentes à esfera pública. Parece como se ambas ordens de interesses coexistissem, de modo indiferenciado, no mesmo universo. Esse fato levou a sabedoria popular a cunhar slogans como "aos amigos marmelada, aos inimigos bordoada"; "aos amigos os cargos, aos inimigos, a lei"; "governar é nomear, demitir e prender"; "é dando que se recebe", etc.
A idéia subjacente a todas essas
expressões é a de que a coisa pública é patrimônio familiar para ser
distribuído entre consanguíneos, amigos e apaniguados. Nada mais ilustrativo
dessa mentalidade do que os "trens da alegria", com que ocupantes de
cargos públicos recompensam, generosamente, familiares e amigos. Outro exemplo eloquente
desse espírito privatizante e orçamentívoro, são as gordas remunerações que, na
nossa história republicana, membros dos corpos legislativos aprovam em
benefício próprio, fato que levou Simon Schwartzman (1939)[29] a
escrever que, enquanto a política é, para outros povos, um meio de beneficiar
os negócios, para os brasileiros é o grande negócio.
A origem desse espírito
privatizante é situada por Oliveira Viana no "complexo de clã",
proveniente do latifúndio. A primeira experiência que tivemos como povo, logo
depois do descobrimento, foi a da casa grande, presidida pela figura
todo-poderosa do "senhor de engenho", autoridade patriarcal amada e
temida ao mesmo tempo, que com a "guarda de corp" ao seu serviço, garantia a sobrevivência de clientes,
familiares, amigos e apaniguados, perseguindo os seus inimigos até a morte. Em
que pese o fato de o Brasil ter-se convertido, a partir dos anos 70, num país
predominantemente urbano, a tendência privatizante herdada do "complexo de
clã” é, ainda, o pano de fundo que inspira, muitas vezes, a participação
política. Seria uma fantasia ignorar, hodiernamente, essa tendência herdada do
"complexo de clã". É verdade que a participação em partidos
estruturados programaticamente, que caracteriza a vida política brasileira nas
últimas décadas, promete mudanças significativas. Mas, ainda, há muito
clientelismo e espírito familístico nas nossas estruturas políticas.
A discussão da moralidade pública
passa, necessariamente, pelo caminho da crítica ao "complexo de clã",
que afeta a cultura política. Não se pode falar em gestão ética da coisa pública,
enquanto a noção de República coincidir mais com a de coisa nossa ou "res
privata". José Murilo de Carvalho (1939)[30]
escreveu a respeito: "(...) a
República fracassou até agora. A proposta republicana, seja no modelo liberal,
seja no autoritário, significa sempre participação, reforma social,
desenvolvimento da cidadania, da vida pública. De um sistema político que
incorpore a população, um sistema que não procure excluir, mas que, ao
contrário, procure construir uma nação. A nossa República não tem, nesse ponto,
um saldo muito positivo para apresentar".
VII - O modelo estetizante.
Segundo Mário Vieira de Mello[31] (1912-2006) o brasileiro adotou, no terreno moral, um comportamento estetizante. A bondade ou malícia dos atos humanos não se deduz do seu ajustamento, ou não, a um imperativo categórico proveniente da consciência moral, mas da exteriorização, como num palco, dos próprios sentimentos.
Segundo Mário Vieira de Mello[31] (1912-2006) o brasileiro adotou, no terreno moral, um comportamento estetizante. A bondade ou malícia dos atos humanos não se deduz do seu ajustamento, ou não, a um imperativo categórico proveniente da consciência moral, mas da exteriorização, como num palco, dos próprios sentimentos.
A propósito, afirma Viera de
Mello:[32]
"(...) De um modo geral (o brasileiro) parece ser, nos nossos dias, um
homem que se contempla a si mesmo e que contempla os outros como se o mundo
fosse um grande palco e como se a vida devesse estar destituída de sentido, no
caso de que não pudesse se constituir como um espetáculo ao qual assistiriam um
certo número de pessoas assíduas e atentas. Esse traço que se encontra
certamente em outros países que, como o nosso, tenham sido submetidos à
influência do estetismo, apresenta-se naturalmente na nossa psicologia em graus
muito variados, indo desde o simples desejo de não deixar passar inadvertido um
mérito, uma ação, uma qualidade ou uma intenção louvável, até as manifestações
excessivas de um exibicionismo sem pudor ou de um cabotinismo indiferente às
exigências mais rudimentares da modéstia. O brasileiro de nossos dias é pouco
sensível às qualidades da alma que são menos óbvias, as qualidades que são, por
assim dizer, invisíveis. Escapa-lhe completamente o sentido valioso de um gesto
de renúncia, de uma palavra não proferida, o valor moral associado à repressão
silenciosa de um movimento de egoísmo, de vaidade ou de orgulho. A
exteriorização dos sentimentos parece constituir para ele a única garantia de
que tais sentimentos existem. Essa psicologia de extrovertidos poderia
naturalmente, através de explicações de tipo supostamente científico, ser
justificada à luz das condições raciais e somáticas do povo ou climáticas do
país. Mas, em verdade, é a compreensão do mundo como um palco a que conduz o
brasileiro a uma exteriorização excessiva dos seus sentimentos que, muitas vezes,
não é possível levar a cabo sem uma certa falta de sinceridade (...)".
Manifestação concreta desse
modelo ético deu-se, a meu ver, no fenômeno do chamado
"bacharelismo", ou comportamento estetizante do advogado brasileiro
de início de século. Rui Barbosa (1849-1923), máxima expressão da advocacia,
assumiu, na sua vida pública, a condição de ator, profundamente admirado ou
odiado. "Durante muito tempo a imagem de Rui Barbosa - escreve Nelson Saldanha (1933-2015)[33]
- representou um símbolo de enorme relevância,
tanto para as elites intelectuais quanto para o público comum. Um símbolo que
ocasionalmente funcionou ao contrário, com oscilações entre a idolatria e o
repúdio. Símbolo do bacharel e do advogado, bem como do orador liberal, do
jornalista palavroso, da cultura que chegou a ser chamada de 'ornamental', Rui
Barbosa não foi apenas uma vocação: a sua figura foi promovida pela
circunstância, cujos valores e tendências em matéria cultural ele exemplarmente
encarnou. O 'ruismo', como adesão de várias gerações ao seu estilo verbal e aos
conteúdos que defendeu, foi fenômeno explicável nos quadros da classe média
brasileira, fascinada pelo saber e pelas hipérboles. O Rui Barbosa polimórfico
e versátil correspondeu à dispersão que foi regra entre os intelectuais da
época: jornalismo, advocacia, teoria política e, ao mesmo tempo, a vida entre
os livros e no gabinete (...)".
VIII - O modelo de moral social de tipo
consensual.
Antônio Paim foi quem primeiro propôs este modelo na sua obra intitulada: Modelos éticos,[34] escrita em 1983 e publicada posteriormente. Ali, o autor analisa a forma em que foi tematizada, pela primeira vez, a moral social na Inglaterra no século XVII, e segue os passos que ela percorreu ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX. Assim como Kant (1724-1804) firmou as bases da moral do dever (chamada por Weber de "ética de convicção"), os moralistas ingleses formularam a moral social de tipo consensual. Na sua essência, ela consistiria no seguinte: nas sociedades modernas, multitudinárias e pluralistas, vários padrões de moral individual (fixados pela família, a igreja,, a escola e o convívio social) muitas vezes se contrapõem. Sem que isso signifique relativização da moral individual, cuja essência consiste no imperativo categórico ou consciência do dever moral, tornou-se necessária a formulação negociada de uma moral social, que indique o mínimo que passará a ser exigido de qualquer cidadão. Não é desejável que esse mínimo seja fixado por uma determinada confissão religiosa; poder-se-ia dizer que ela seria privilegiada face às outras. Também não é desejável que esse mínimo seja fixado de forma imperativa pelo Estado: além de não ser ele ente moral (pois é fruto, como frisa Thomas Paine (1737-1809), de nossas fraquezas e não das nossas virtudes), ficaria seriamente comprometida a evolução democrática da sociedade.
Antônio Paim foi quem primeiro propôs este modelo na sua obra intitulada: Modelos éticos,[34] escrita em 1983 e publicada posteriormente. Ali, o autor analisa a forma em que foi tematizada, pela primeira vez, a moral social na Inglaterra no século XVII, e segue os passos que ela percorreu ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX. Assim como Kant (1724-1804) firmou as bases da moral do dever (chamada por Weber de "ética de convicção"), os moralistas ingleses formularam a moral social de tipo consensual. Na sua essência, ela consistiria no seguinte: nas sociedades modernas, multitudinárias e pluralistas, vários padrões de moral individual (fixados pela família, a igreja,, a escola e o convívio social) muitas vezes se contrapõem. Sem que isso signifique relativização da moral individual, cuja essência consiste no imperativo categórico ou consciência do dever moral, tornou-se necessária a formulação negociada de uma moral social, que indique o mínimo que passará a ser exigido de qualquer cidadão. Não é desejável que esse mínimo seja fixado por uma determinada confissão religiosa; poder-se-ia dizer que ela seria privilegiada face às outras. Também não é desejável que esse mínimo seja fixado de forma imperativa pelo Estado: além de não ser ele ente moral (pois é fruto, como frisa Thomas Paine (1737-1809), de nossas fraquezas e não das nossas virtudes), ficaria seriamente comprometida a evolução democrática da sociedade.
A questão da moral social, de
tipo consensual, remete-nos a outra, igualmente essencial: a necessidade de
promover a educação básica, a fim de que a sociedade possa deliberar acerca de
seus problemas morais. É claro que, numa sociedade de pobres e analfabetos,
impor-se-á, autoritariamente, a minoria ilustrada e poderosa. Isso não
significa que a questão da moral social deva ser relegada às calendas gregas,
mas que deve haver uma equilibrada evolução da sociedade nos planos econômico,
político e cultural.
Falar em moral social de tipo
consensual no Brasil de hoje - como em
qualquer país latino-americano ou do terceiro mundo -, implica em encarar os
problemas do estatismo, dos graves desequilíbrios na distribuição da riqueza,
do analfabetismo, etc. O primeiro passo, certamente, consiste em chegar à
convicção de que não haverá democracia, enquanto os nossos povos não tenham a
capacidade de fixar, por si próprios, de maneira consensual, a moral social que
deve presidir o convívio político. Sem essa base moral, os decretos e as leis
são letra morta. Somente a consciência moral é base para a democracia e para a
mudança. Como frisa Michel Crozier[35]
(1922-2013), "não se muda a sociedade por decreto".
Na sociedade brasileira,
tradicionalmente, (ao longo da nossa história quadrissecular), a moral social
foi formulada de maneira vertical, quer pela Igreja - quando ainda prevalecia a cultura agrária
-, quer pelo senhor de engenho - nos
remotos tempos da casa grande -, quer pelo Estado autoritário - até o final do ciclo militar -, quer pela
mídia - nos tempos, mais recentes, da
abertura e da atual experiência democrática -. Um fato novo, no entanto, começou a se generalizar no país, notadamente,
após a Constituição de 1988 a qual, embora carregada, ainda, de vícios
corporativistas e casuístas[36],
pode ser chamada de "Constituição cidadã", justamente pelo fato de
ter sido concebida a partir da perspectiva do cidadão, não do Estado (como era
praxe na nossa tradição constitucional).
Esse fato novo é o seguinte: a
sociedade brasileira tem tomado, paulatinamente, consciência de que ela própria
deve se engajar na discussão e na fixação dos princípios de moral social. Essa
consciência tem-se desenvolvido, com maior intensidade, após o affaire Collor de Mello, que conduziu à
renúncia de um mandatário eleito a partir da pregação do binômio
moralidade-modernidade. Desiludida em face à incapacidade moralizadora do
Estado, a sociedade tem acordado para múltiplas e variadas iniciativas que
possuem, como base comum, a preocupação com a discussão dos princípios da moral
social, bem como com o pressuposto de que ela deve ser formulada
consensualmente.
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(Tradução de L. Hegenberg e Octani Silveira da Mota; prefácio de M. T.
Berlinck). São Paulo: Cultrix, 1993.
NOTAS
[1] Trabalho
apresentado na Reunião da ANPOF, Aguas de Lindoia, SP, 19 a 23 de Outubro de
1996. Algumas datas foram atualizadas.
[3]
Cf. WEBER,
Max. Ensaios de sociologia.
(Tradução de W. Dutra). Rio de Janeiro: Zahar. 1981. WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações.
(Tradução de L. Hegenberg e Octani Silveira da Mota; prefácio de M. T.
Berlinck). São Paulo: Cultrix, 1993.
[4] VITA,
Luís Washington (organizador). Antologia do pensamento social e político
no Brasil. (Seleção e notas de L. W. Vita). Washington: União
Panamericana; São Paulo: Grijalbo. 1968, p. 17-18.
[5] Cf. MOOG
Rodrigues, Anna Maria (organizadora e introdutora). Moralistas do século XVIII (Antologia). Rio de Janeiro:
PUC/Documentário/Conselho Federal de Cultura. 1979.
[6] Cf. PEREIRA,
Nuno Marques. Compêndio narrativo do peregrino da América. 6ª
edição. (Nota e estudo de Varnhagen, Leite de Vasconcelos, Afrânio Peixoto,
Rodolfo García e Pedro Calmon). Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras,
1939, 2 vol., (Coleção Afrânio Peixoto). 7ª edição. Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Letras, 1988, 2 vol.
[7] Cf. MANNHEIM, Karl. Ideología y utopía: introducción a la sociología del conocimiento.
2ª edição. Madrid: Aguilar. 1966.
[8] Cf. CORDI,
Cassiano. O tradicionalismo na
República Velha. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho (tese de
doutorado em Pensamento Brasileiro). 1984. MACEDO, Ubiratan Borges de. A liberdade no Império. São Paulo:
Convívio. 1977.
[9] Cf. VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo. Liberalismo y
conservatismo en América Latina. Bogotá: Tercer Mundo. 1978, p. 85-112.
[10]
Cf.
PAIM, Antônio. A querela do estatismo.
1ª edição, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.PAIM, Antônio, (organizador).
Pombal na cultura brasileira.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro/Associação Cultural Brasil-Portugal, 1982.
[11]
Cf.
BARRETTO, Vicente. A ideologia liberal
no processo de independência do Brasil. Brasília: Câmara dos Deputados,
1973.
[12] VÉLEZ
Rodríguez-RODRÍGUEZ, Ricardo. O
Castilhismo. 2ª edição, Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1994. VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo. "Pressupostos éticos na organização do Estado",
in: Ensaio, Rio de Janeiro, I,
no. 4, pgs. 43-52, 1994. VÉLEZ Rodríguez, Ricardo. A ditadura republicana segundo o Apostolado Positivista. 2ª
edição, Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1994. VÉLEZ Rodríguez, Ricardo. A propaganda republicana. 2ª edição, Rio de Janeiro:
Universidade Gama Filho, 1994.
[13]
Cf.
CASTRO, Américo. España en su
historia. Buenos
Aires: Eudeba. 1950. JARAMILLO Uribe, Jaime. El pensamiento político colombiano en el siglo XIX. Bogotá: Temis, 1974.
[14] Cf.
VIANNA, Francisco José de Oliveira. Introdução à história social da economia
pré-capitalista no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.
[15] Cf. VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo. "Autoritarismo
e corrupção", in: Convivium, São
Paulo, no. 2, 1985.
[16]
Cf.
VÉLEZ Rodríguez, Ricardo. Castilhismo,
uma filosofia da República. Porto Alegre: EST; Caxias do Sul:
Universidade de Caxias do Sul, 1980. VÉLEZ-Rodríguez, Ricardo. O Castilhismo. 2ª edição, Rio de
Janeiro: Universidade Gama Filho, 1994.
[17]
Cf.
MILL, John Stuart. Comte y el
positivismo. (Tradução de D. Negro Pabón). 2ª edição. Buenos Aires:
Aguilar, 1972.
[18] Cf. VÉLEZ
Rodríguez, Ricardo. "Tradição centralista e Aliança Liberal",
Introdução. In: BRASIL, CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS, Aliança Liberal: Documentos da campanha
Presidencial. Brasília: Câmara dos Deputados, 1982.
[19] Cf. TALMON,
J. L. Mesianismo político: la etapa
romántica. (Trad. de Antonio Gobernado). México: Aguilar, 1969, p.
21-140.
[22] Cf. FERNÁNDEZ,
Bob. "O poder segundo Very well:
contínuo do Planalto há 28 anos, José Nazareth faz uma radiografia do país a
partir de suas entranhas". In: Istoé-Senhor,
São Paulo, no. 1070, p. 8, 1990.
[23] Apud
ALMEYDA, Dayl de. "Oliveira Vianna dita normas", in: Vasconcellos
Torres, Oliveira Vianna, sua vida e
sua posição nos estudos brasileiros de sociologia. Rio de Janeiro/ São
Paulo: Freitas Bastos, 1956, p. 184.
[24] Cf.
STEPAN, Alfred. Os militares na
política. (Tradução de I. Tronca). Rio de Janeiro: Artenova, 1975.
[25]
Cf.
MERCADANTE, Paulo. Militares &
civis: a ética e o compromisso. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
[26] Cf. WEBER,
Max. Ciência e política: duas
vocações. (Tradução de L. Hegenberg e Octani Silveira da Mota; prefácio
de M. T. Berlinck). São Paulo: Cultrix, 1993.
[27] Cf. PAIM,
Antônio. A querela do estatismo. 1ª edição. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1978.
[28]
VIANNA,
Francisco José de Oliveira. Populações
meridionais do Brasil e Instituições políticas brasileiras. (Introdução
de Antônio Paim), 1ª edição num único volume. Brasília: Câmara dos Deputados,
1982.
[29]
SCHWARTZMAN, Simon. Bases do
autoritarismo brasileiro. 1ª edição, Rio de Janeiro: Campus, 1982.
[30] CARVALHO,
José Murilo de. "Ainda não proclamamos a República", in: Jornal
do Brasil, 5-11-89, primeiro caderno, 1989, p. 13.
[31] MELLO, Mário Vieira de. Desenvolvimento e cultura: o problema do estetismo no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
[33] SALDANHA,
Nelson. "Rui Barbosa e o bacharelismo liberal", in: Adolpho Crippa
(organizador), As idéias políticas no
Brasil, São Paulo: Convívio, vol. II, 1979, p. 164.
[34] Cf. PAIM,
Antônio. Modelos éticos. São
Paulo: Ibrasa; Curitiba: Champagnat, 1992.
[36] Cf.
MERCADANTE, Paulo (organizador). Constituição
de 1988: o avanço do retrocesso. Rio de Janeiro: Rio Fundo Editora,
1990.
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