Grupo de "Parkour Londrina". No centro, o Professor Luiz. |
A palavra “parkour” surgiu em 1998 e
provém do termo francês “parcours”, que significa percurso. Consiste em
percorrer uma certa distância superando obstáculos, mediante ágeis manobras que
incluem saltos, escaladas sem auxílio de equipamentos, só com a habilidade e a
força do corpo.
A paisagem urbana é o espaço mais
adequado à prática do “parkour”. São utilizadas técnicas da ginástica olímpica
e das artes marciais. Os seus praticantes se chamam ”traceurs”. A prática
surgiu na França, nos anos 80 do século passado. O criador foi David Belle, que
cresceu numa família de bombeiros e se inspirou, para a nova atividade, em
técnicas de salvamento e fuga em emergências.
É necessário, na prática do “parkour”,
o controle sobre o medo e muito treinamento na utilização das técnicas de
movimentação, superando obstáculos os mais variados. O grupo Le Parkour
Brasil foi criado em 2004. No Reino Unido, a prática do “parkour”, chamada
também de “freerunning”, foi reconhecida como esporte a partir de 2017, sendo
Sebastien Foucan um dos fundadores dessa modalidade.
O “parkour” inspirou até a produção de
filmes de ação como Cassino Royale, de 2006
(dirigido pelo neo-zelandês
Martin Campbell), em que o protagonista, James Bond, representado pelo
ator Daniel Craig, pondo em prática todo tipo de performances na superação de
obstáculos de grande porte, como altíssimos guindastes, persegue o terrorista
“Mollaka” num canteiro de obras que representa o aeroporto de Miami. A
performance de Craig conferiu ao filme uma grande popularidade e sagrou o ator como
o legítimo sucessor de James Bond.
A convite do pastor Paulo, meu amigo,
fui com a Paula e o Pedrinho assistir a uma aula de “parkour” dirigida no
Zerão, em Londrina, pelo professor Luiz, que há vários anos organizou um grupo que
pratica essa modalidade de exercício, do qual participam mais de trinta
pessoas, aos sábados e aos domingos. A sessão é iniciada com a prática de
alongamentos. Os participantes, de todas as idades, distribuem-se em pequenos
grupos por faixa etária, à frente dos quais há, sempre, um aluno avançado que
dá as orientações específicas.
A orientação geral da sessão corre por
conta do professor Luiz, que é formado em educação física pela UEL. No decorrer
das práticas, o professor e os seus auxiliares se mostram exigentes e atenciosos
para com os alunos. Às crianças, especialmente, professor e auxiliares aproveitam
para dar algumas dicas comportamentais em torno a princípios éticos, como obediência
ao que foi combinado e cumprimento do regulamento, cuja norma fundamental é o
cuidado para com o próprio corpo e a atitude de respeito para com todas as
pessoas, sejam elas da idade que forem. Conversei com o professor Luiz e ele me
disse que o “parkour” é, para ele, uma grande realização, em decorrência da
resposta entusiástica que vê nos seus alunos. “É uma forma de democratizar a
educação física, abrindo um espaço que é, ao mesmo tempo, lazer e prática
disciplinada dos exercícios físicos”, disse-me o professor.
O nosso filhinho Pedro adorou o
“parcours” e não perde essa aula por nada do mundo. Pedro é muito ativo e gosta
de ter, sempre, o corpo em movimento. O “parkour” encaixou perfeitamente na sua
dinâmica de desenvolvimento. Gostei de ver a diversidade de pessoas que
participam, conferindo às aulas um sentimento de proximidade e camaradagem
entre os participantes. Até o cachorrinho de um dos alunos frequenta, com
regularidade, as atividades, e já virou mascote do grupo.
O professor Luiz pena para que a
prefeitura de Londrina libere um espaço adequado à atividade, no Zerão. Ele
próprio se dispõe a dotar o espaço físico, no gramado, de alguns objetos que
tornarão as sessões bem mais atraentes. A dificuldade consiste em que o
professor não consegue, da Prefeitura, a liberação de um caminhão que traga
para o local os objetos que ele já preparou. Ajudarei o professor Luiz nessa
empreitada, falando com alguns dos vereadores e deputados da nossa cidade.
As atividades do “parkour Londrina” já
se tornaram nacionalmente conhecidas. O testemunho do professor Luiz, ao regressar
de um encontro internacional de “parkour” ao qual assistiu, com um dos seus
colaboradores, no Rio de Janeiro, em agosto deste ano, deixou-o muito animado,
pois não encontrou ninguém que no Brasil, ou no exterior, tivesse conseguido
reunir, por vários anos, com continuidade, um grupo tão expressivo.
Na dinâmica do grupo de “parkour
Londrina” há dois elementos fundamentais: primeiro, a grande dedicação do
professor, que não cobra nada dos seus alunos. Em segundo lugar, o ambiente de
amizade com que o professor Luiz consegue manter unido o grupo, graças a uma
dinâmica pedagógica de acolhimento e de respeito às pessoas. O “parkour
Londrina” é uma atividade que deve continuar e que precisa receber o apoio do
poder público do Município, como espaço vital de formação da consciência cidadã
e de prática sadia e disciplinada dos exercícios físicos.
“Parkour Londrina” já virou uma marca
registrada da nossa cidade. A camiseta, vermelha como a nossa terra, é ornada
com dois ícones: as estrelas, no céu, e o tênis pé no chão. As imagens
simbolizam o pulo que, praticando o “parkour”, podemos dar, nos aproximando do
céu estrelado dos nossos ideais e desafios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário