A morte do soldado da Força Nacional que foi assassinado ao entrar, guiado pelo GPS, na "Comunidade" da Maré, mais do que um caso isolado, é a prova de que os narco-terroristas cariocas peitam as instituições do Estado. Tudo decorrente da "pacificação meia-sola" efetivada no Rio ao longo dos últimos dez anos. Se era para ter feito algo semelhante ao que os colombianos fizeram, em Medellín e Bogotá, entre 2002 e 2007, os bandidos que não tivessem deposto as armas e se submetido aos tribunais, já deveriam ter sido eliminados pela Polícia e pelas Forças Armadas.
Mas nada disso aconteceu em tempo e o
resultado é esse: "Comunidades" como a da Maré, reféns dos chefetes
do narcotráfico armados como nunca e que, em plena Olimpíada, desafiam as
Forças da Ordem, os cidadãos, os jornalistas estrangeiros e os brasileiros. O
crime organizado cresceu e se tornou forte no Rio pelo conluio trágico entre
populismo e espírito do politicamente correto.
Desde os tristes tempos dos governos
Brizola até hoje, é isso o que acontece. O lulopetismo só fez reforçar esse
estado de coisas, de mãos dadas com os populistas acomodados no poder do Estado
e do Município. Os momentos de lucidez foram sufocados pelo desleixo na
administração do Estado e da cidade. A Olimpíada passará, ficarão, pelo menos,
as obras de infraestrutura (muitas delas superfaturadas), mas no quesito
"segurança pública" todos saimos perdendo, a Cidade Olímpica, o
Estado do Rio de Janeiro e o Brasil. Estrangeiros e patrícios que vieram à
Cidade Maravilhosa estão registrando tudo, como os jornalistas que tiveram o
seu ônibus "apedrejado". Restará a nós, brasileiros, retomarmos a
vida e administrar o caos que se instalou com a pacificação "meia
sola" implantada nos últimos anos.
Pacificação para valer implicava
muito mais do que as medidas parciais postas em execução na última década, com
grande aparelho de propaganda. Como foi feito em Medelín e Bogotá, cidades
visitadas pelo governador fluminense em 2007, teria sido necessário realizar um
conjunto complexo de ações que contemplassem três planos: econômico,
jurídico-político e cultural.
No primeiro, tanto em Bogotá quanto
em Medellín foram elaborados, em parceria de empresários e poder público,
estudos tendentes à dinamização do comércio e da indústria, a fim de acelerar o
crescimento econômico e a mais racional das inclusões, a decorrente dos benefícios
do desenvolvimento que gera empregos. Os nossos vizinhos têm crescido a taxas
de causar inveja, que se situam entre 4,5 e 6,5 por cento ao ano.
No
tocante à variável jurídico-política, foi feita uma teia de reformas que
possibilitaram a eficácia do combate ao terrorismo, centralizando nos
respectivos prefeitos (alcaides) metropolitanos a gestão das políticas de
segurança. Reformas do aparelho policial e dos corpos das Forças Armadas que
iriam colaborar nas ações de pacificação foram feitas com dois intuitos:
aproximar as Forças da Ordem dos cidadãos, de forma a que estes confiassem
nelas, e treinamento do pessoal militar para que executasse as ações de pacificação
com um adequado embasamento legal e com a devida transparência.
Essas
medidas institucionais foram acompanhadas de perto pela sociedade civil,
mediante a criação, nas respectivas cidades, do movimento “Como Vamos”, do qual
participam estudantes, professores, grêmios econômicos (que aglutinam os
empresários da indústria e do comércio, bem como os bancos), profissionais
liberais, membros da Igreja, imprensa e organizações comunitárias, divulgando
mensalmente, no jornal de maior circulação, os resultados da avaliação sobre os
vários itens das políticas traçadas visando à segurança.
No
tocante à variável cultural (dirigida a desenvolver o sentimento de participação
cidadã) nas áreas pacificadas e após um prazo de 120 dias, a respectiva
Prefeitura entregava às comunidades um conjunto de obras educacionais e sociais
denominado de “Parque-Biblioteca” que abarcava: luxuosa biblioteca pública, campos
esportivos, escola municipal, posto de saúde, agência bancária e ligação com o
transporte de massa (em Medellín, conexão com o metrô mediante bondinhos; em
Bogotá, conexão dos bairros mediante micro-ônibus com o Trans-Milênio, o
sistema de ônibus articulados que percorrem a cidade de norte a sul e de leste
a oeste).
Todas
essas medidas locais foram acompanhadas, no plano nacional, por uma política de
segurança pública efetivada com a finalidade de modernizar as Forças Armadas e
a Polícia Nacional e por políticas sociais que reforçassem a inclusão social. O
programa “Bolsa Família” brasileiro foi adotado com modificações que o tornaram
eficiente, ao cobrar o governo resultados das famílias beneficiadas, a fim de
que não se tornasse ajuda crônica e irresponsável como aconteceu no nosso país.
Assinale-se,
para terminar, que as políticas efetivadas foram financiadas pelos governos
locais com a parceria dos empresários locais: efetivamente, 90% das obras para
construção dos Parques-Bibliotecas foi financiado mediante a modalidade de
parcerias público-privadas, sem que se desenvolvessem ações de corrupção como
tem acontecido no Brasil.
No
Brasil, longe de as políticas pacificadoras se complementarem com políticas
sociais e econômicas, o governo federal, embriagado com o populismo lulopetista,
terminou piorando as coisas ao desmoralizar a ação das autoridades contra o
crime organizado e ao adotar um esquema de megacorrupção para perpetuar no
poder o partido do governo .
Esse
é o quadro da nossa precária segurança pública no Rio Olímpico. Poderia ter
sido de outra forma, se as autoridades regionais e nacionais tivessem tido bom
senso e não deixassem prosperar o vírus da corrupção. Mas ainda é tempo para
começar a mudar no sentido de políticas bem definidas e de colaboração efetiva
com o setor privado. Os cariocas merecem uma cidade em ordem e segura. Pelo menos,
merecem observar alguma perspectiva de mudança. Deixar como está ninguém merece!
É de se dizer como a invocação: Io grido: abbi pietà di noi.
ResponderExcluirObrigado pelo teu comentário, Selvino. É mesmo encomendar a todos os santos!!
Excluir