Pela porta dos
fundos. Essa foi a imagem mais forte da saída de Dilma do governo. Em que pese
o fato de Lula e a petralhada, com Stédile, terem tentado organizar uma
“caminhada” do Planalto até o Palácio da Alvorada, acompanhando a mandatária
afastada, rapidamente desistiram da ideia ao perceber o número esmirrado de
simpatizantes que toparia a brancaleônica marcha. Como registrou O
Antagonista (12-05-2016): “Abortaram a brilhante ideia porque não havia
gente suficiente para carregar o caixão”.
Ouvi o
discurso de Temer e gostei. Nada de promessas mirabolantes. Sensatez e pé no
chão nas propostas. Reconhecimento de que pode errar, embora tenha toda a
vontade do mundo para acertar. Valorização da livre imprensa e dos demais
mecanismos de comunicação entre o poder e o povo. Diminuição do tamanho do
Estado, simbolizada na redução de ministérios de 32 para 23 e na volta das
privatizações de empresas estatais. Destaque para as áreas em que o Estado tem
de se fazer presente: saúde, segurança e educação. Reforma da Previdência para
sarar a ferida por onde jorra o dinheiro público. Valorização da operação
“Lava-Jato”, que se tornou “referência nacional”, bem como da Magistratura. Manutenção
de políticas sociais justas e bem equilibradas no orçamento. Respeito à
mandatária afastada. Destaque para o fato de estar assumindo a Presidência em
virtude da força das Instituições. Valorização do Congresso que, por ampla maioria,
colocou Dilma em escanteio. Pregação da união nacional, num momento em que é
necessário salvar o País do abismo da crise moral, da inflação e do descrédito
internacional. Elaboração de um orçamento transparente, em que não se neguem os
96 bilhões deixados pela roubalheira e a incapacidade petista.
O discurso do
golpismo foi-se embora com os petralhas. Voltarão, é claro, à praça pública,
como oposição, esgrimindo as mesmas armas e vociferando a surrada retórica. Mas
o processo de impeachment deixou claro quem e quantos são eles. A sua
representação, pelas contas das recentes votações na Câmara e no Senado, mal
chega a 27%. Fora do poder, essa porcentagem vai diminuir ainda mais no seio da
sociedade brasileira. O problema deles é que são totalitários, não deixando
espaço para quem deles diverge. Ora, os totalitarismos somente são aceitáveis
para quem está dentro deles. Para quem está do lado de fora, ele é veneno que
deve ser evitado. Assino embaixo das palavras do Reinaldo Azevedo no seu post
de hoje:
“Que coisa
curiosa! Se os petistas não tivessem reduzido todas as divergências à luta
entre boa-fé, de que se querem monopolistas, e a má-fé – a vontade do outro -,
então viveríamos no que um poeta chamou certa feita de ‘a cidade exata, aberta e clara’, em que as divergências não se
fazem de virtudes que se negam. (...) Dilma se foi! Fico feliz porque ela me
deixava mais cansado do que bravo. Seguirei tocando a minha vidinha (...)”.
É claro que o Estado patrimonial continua vivo.
Só foi desmanchada a sua versão totalitária que o tornaria permanente. A “ponte
para o futuro”, na qual Temer pretende transitar, pode se constituir num
processo de diminuição do vício do patrimonialismo do Estado brasileiro. Se
este consiste em ser mais forte do que a sociedade, o fortalecimento das
instituições democráticas certamente ajudará no desmonte do Leviatã e na sua
substituição por um Estado democrático e moderno, posto a serviço da Nação. Temos
bons motivos, portanto, para comemorar o fim da era lulopetralha.
Boa reflexão.
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