Aécio Neves, o meu candidato. |
Considerada do ângulo dos vários candidatos, poderíamos
frisar que a campanha não foi satisfatória, em decorrência do fato de que estes
não expuseram, de forma clara, desde o início, programas de governo elaborados
previamente. Consistiu, mais, numa briga de palanque, desenvolvida ao ensejo
das conveniências de momento, ao sabor das circunstâncias e tendo como norte as
pesquisas de intenção de voto.
A candidata oficial, Dilma, pecou por fazer da campanha
simples espaço de propaganda, sem nenhum compromisso com a verdade e sem
mostrar o mínimo respeito para com a inteligência dos eleitores, tratando-os
como se fossem simples fichas manipuláveis pelos marqueteiros de plantão. Nada
de expor, de forma clara e honesta, um programa mínimo de governo. Nos vários
debates havidos ao longo destas semanas, Dilma foi grossa, mentirosa, chata e chegou
até o desplante de utilizar o espaço tradicionalmente concedido na ONU ao
primeiro mandatário brasileiro, ao ensejo da abertura oficial das sessões, para
fazer da tribuna desse colegiado internacional simples palanque a serviço do
seu partido. A maior parte do tempo da intervenção de Dilma girou ao redor da
propaganda político-partidária, tendo-se dedicado a falar, para uma plateia que
escutava com desinteresse, das façanhas e realizações que o PT teria consolidado
em doze anos de desgoverno.
Segundo vários analistas destacaram, a candidata do
PT mostrou, mais uma vez, por que o Brasil da era lulopetralha é considerado,
no espaço internacional, como um “anão diplomático”, ao ensejo do alinhamento
da primeira mandatária brasileira ao lado dos terroristas do Estado Islâmico e
contra os países que organizaram a reação armada, liderados
pelos Estados Unidos. Dilma, em matéria de diplomacia e política internacional,
segue as pegadas do seu mestre, Lula, que se alinhou célere, durante os seus
dois governos, ao lado de ditadores e genocidas e iniciou a criminosa política
de desmonte das tradições republicanas no Itamaraty. Vergonha internacional! A
petralhada poderia ter-nos poupado dessa humilhação perante a Organização das
Nações Unidas!
O candidato do PSDB, Aécio Neves foi, disparado, o melhor nos
debates. Educado, objetivo, claro, respondeu às indagações dos seus
interlocutores, sem cair na lengalenga propagandística cozinhada no fogão dos
marqueteiros. Largou os punhos de renda costumeiros dos tucanos, nas oportunas e
duras críticas que desferiu contra Dilma e o seu partido. Criticou a candidata
do PSB pela forma açodada em que elaborou o seu programa de governo, costurando
propostas socialdemocratas do PSDB com itens da cartilha socialista. Aécio revelou-se
à altura da tradição mineira, como digno rebento do legado de Tancredo Neves. Agradou aos seus seguidores, entre os quais eu
me incluo. Mas não agradou o suficiente. Teve uma falha séria: deixou para os
últimos dias da campanha a apresentação completa do seu programa de governo,
dando a impressão de esperteza para não ser criticado e abrindo o flanco para
que a candidata Marina Silva tomasse carona oportunista nas propostas tucanas.
Ora, Aécio tinha meios de fazer, desde o início, uma apresentação objetiva de
um programa de governo que o PSDB tem. Não bastava dizer, como frisou, que já
era conhecido o receituário tucano. Era necessário, na campanha, apresentar o
programa integral e explica-lo progressivamente, ao ensejo das circunstâncias propiciadas pelos debates. O PSDB tem excelentes economistas, cientistas políticos e
sociólogos de renome internacional, a começar pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. Aécio pecou exatamente por mineirice, ou seja, por ter confiado
demais na política de pé de ouvido, descuidando o debate aberto. Costurar
alianças como fez o candidato Aécio claro que é importante. Mas as
circunstâncias pediam coisas novas.
E a novidade consistia, certamente, nas várias propostas que
o PSDB elaborou, ao longo das últimas décadas, nos terrenos econômico, das
políticas sociais, das relações internacionais e das políticas culturais e que,
atualizadas na aplicação oportuna às atuais circunstâncias, teriam elevado o
tônus dos debates e satisfeito ainda mais o eleitorado. Como destacou a
jornalista Dora Kramer, Aécio, enquanto senador, não entrou em cena
oportunamente como verdadeiro oposicionista. Poupou o PT de críticas
necessárias na tribuna parlamentar. Entrou em campanha como político respeitador do sistema,
sem que a opinião pública o tivesse registrado, na sua memória, como opção
crítica de oposição verdadeira e forte aos desmandos petralhas. A sua queda nas
intenções de voto para Marina Silva decorreu, certamente, dessa falha.
A candidata Marina Silva foi guindada aos céus dos altos
índices de intenção de voto pelo inesperado desaparecimento trágico de Eduardo
Campos. O messianismo político é combustível de fácil ignição no cenário
político. Não é necessário exagerar, contudo. Versões conspiracionistas tentaram
potencializar os fatos, como se o candidato do PSB tivesse sido vítima de um
plano diabólico da CIA, para colocar em destaque uma candidata que teria as
bênçãos dos poderosos do planeta. Por essa trilha esotérica, poder-se-ia pensar
que a agência americana teria treinado, no serpentário de Baal, o astuto réptil
que induziu Adão e Eva a comer da fruta proibida, com a finalidade de instaurar
a guerra entre os homens, a fim de favorecer, na trágica história humana, os
fabricantes de armas. Marina não se explica por essas fantasiosas análises de pseudociência.
Ela foi considerada pela opinião pública, sob os holofotes da campanha, como
opção viável diferente da inescrupulosa petralhada. E, de forma inteligente e
oportunista, pinçou elementos aproveitáveis da proposta tucana, no terreno
macroeconômico e nas políticas sociais. Acertou em cheio. Mas, é pena, de forma
temporária, como tudo que acontece sob o calor da emoção messiânica.
Conseguirá, ao ensejo desse élan, chegar como a opção das oposições no final da
campanha e nas urnas? Os fatos dirão.
Torço sinceramente para que, nesta última semana de campanha,
o meu candidato, Aécio Neves, continue recuperando o fôlego e consiga chegar,
na reta final da eleição presidencial, como o preferido do eleitorado para
suceder Dilma no comando do Brasil. É, sem dúvida, a opção mais lúcida e a que
melhor conseguirá pacificar um país bastante dividido pelos desgovernos do
patrimonialismo petralha e pela estúpida campanha ideológica desenvolvida pelo
PT. É a melhor opção para, depois do final deste lamentável governo, refazer a
nossa economia, já bastante golpeada pela burrice estatizante e corporativa de
três mandatos que foram infelizmente escolhidos pelo povo brasileiro que,
decerto, pagará a conta – como já a está pagando – de tantos abusos e da
cleptocracia que se apossou do Estado.