Da esq. para dir.: Maria, Arsênio, Leonardo, Anna Maria, Ricardo, Rosa, o mestre Antônio Paim, Augusta e Antônio Roberto |
No passado 7 de Abril, um grupo de familiares, amigos e discípulos de Antônio Paim, comemoramos em São Paulo os 87 anos do mestre. O evento aconteceu na Tasca do Zé e da Maria, em Pinheiros. A filha Augusta (que mora em S. Paulo) e a amiga Rosa Mendonça de Brito (residente em Manaus), planejaram tudo. Foi uma festa surpresa para o querido mestre. As organizadoras teriam gostado que mais amigos e discípulos do Antônio Paim estivessem presentes. Mas com o corre-corre foi difícil entrar em contato com mais pessoas.
Estiveram presentes: Maria e Arsênio Corrêa (S. Paulo), Leonardo Prota (Londrina), Anna Maria Moog (Petrópolis), Ricardo Vélez Rodríguez (Londrina), Rosa Mendonça de Brito (Manaus), Augusta Fonseca Paim (S. Paulo) e Antônio Roberto Batista (S. Paulo).
Estiveram presentes: Maria e Arsênio Corrêa (S. Paulo), Leonardo Prota (Londrina), Anna Maria Moog (Petrópolis), Ricardo Vélez Rodríguez (Londrina), Rosa Mendonça de Brito (Manaus), Augusta Fonseca Paim (S. Paulo) e Antônio Roberto Batista (S. Paulo).
Antônio Paim é um desses educadores que conseguem manter nexos de amizade com as várias gerações de discípulos que passaram pelas suas aulas. Coloco, a seguir, os depoimentos de três discípulos do mestre: Anna Maria Moog, Rosa Mendonça de Brito e Arsênio Corrêa.
Eis o depoimento da Anna Maria Moog: "Ao receber o e-mail de Rosa (Mendonça de Brito) propondo
que eu fosse, dali a dois dias, participar de um jantar comemorativo do
aniversário de mestre Antonio Paim, pensei que não conseguiria me desvencilhar
dos compromissos prévios. Mas logo decidi colocar tudo de lado e viajar
para S. Paulo . Valeu a pena. Foi uma enorme alegria estar com amigos de
longa data, unidos justamente pela amizade, respeito e admiração que
nutrimos pela figura de Paim. Ao longo dos anos, Antonio Paim tem sido nosso norte, a
referência inelutável para seus amigos, ex-alunos e admiradores de sua obra,
sobre todos os temas relativos à cultura, à filosofia, à moral e à política.
Acima de ser referência intelectual, reconhecemos nele o homem de bem, de
postura discreta mas capaz de iluminar com suas palestras inteligentes e, por
vezes, espirituosas, nossas reuniões. O homem que nunca faltou com
seu apoio aos que a ele recorreram e jamais, jamais deixou um amigo 'na
mão'.Inúmeros depoimentos sobre sua pessoa já o declamaram de
sobejo. Por esse, e muitos mais motivos, o jantar dos 87 anos do
jovem Antonio Paim foi festejado com alegria, mormente porque
proporcionou aos amigos a oportunidade de lhe demonstrar mais uma vez o carinho
que lhe temos e a alegria de o abraçarmos".
A seguir, o depoimento de Rosa Mendonça de Brito: "O encontro com Paim, Augusta, Anna Moog, Leonardo Prota e
Ricardo Vélez, encontro de mestre e
discípulos, colegas e amigos, em São Paulo, na Tasca do Zé e da Maria me fez
retroceder no tempo e chegar a 1975, 39 anos atrás, quando da seleção para o Mestrado
em Filosofia da PUC/RJ. Vencidas as duas etapas da seleção, a avaliação do
projeto de dissertação e prova de língua estrangeira, tinha que encarar uma
entrevista com três professores do Programa. Lembro-me que tive de passar pelo
crivo de Celina Junqueira e de Antonio Paim, não me recordo do nome do outro
professor. Naquele momento, quando da entrevista, uma pergunta de Paim
me marcou profundamente. O mestre perguntou: 'EU GOSTARIA QUE VOCÊ ME EXPLICASSE
POR QUE O HUME DESPERTOU O KANT DO SONO DOGMÁTICO?' Minha resposta foi: 'não sei,
faço tal afirmação porque ela sempre esteve presente nos livros que estudei e
nas aulas dos meus professores, mas nunca li ou ouvi qualquer explicação sobre
a afirmação'. A resposta para o desconhecimento foi uma bela aula que nunca mais
esqueci. Aceita, após aprovação na seleção, para compor a turma de
Mestrandos de 1976, voltei a encontrar Antonio Paim em sala de aula. Minha
intenção era fazer o Mestrado em Filosofia da Ciência, mas suas aulas me
levaram a optar pela área de Filosofia Brasileira e procurá-lo para pedir - e
confesso que bastante temerosa -, para que ele me orientasse. Para minha
satisfação, ele aceitou. Naquela jornada, a fim de suprir a minha deficiência
de conhecimentos - me sentia uma formiga diante de elefantes - e não
decepcioná-lo, estudava pelo menos 18 horas por dia. Entrava na PUC às sete da
manhã e saía às dez da noite, quando a Biblioteca fechava. Em casa, estudava
pelo menos até 2 da madrugada, mas valeu a pena! Paim se colocava a disposição
e, além disso, disponibilizava livros, orientava na busca de documentos e obras
que deveria estudar. Defendida a Dissertação, em 1979, voltei para Manaus, mas
não perdi o contato com o Mestre, que já considerava amigo. Com a criação do Doutorado em Filosofia Luso-Brasilera, na
Gama Filho, submeti para a seleção de 1982 o meu Projeto de Tese com tema
sugerido por Paim, feito da seguinte forma: 'Você topa realizar um estudo sobre
a Filosofia de Kant no Brasil? É um estudo denso, mas é muito importante para o
pensamento brasileiro'. Eu lhe perguntei: 'O senhor acha que eu tenho
competência para realizar este trabalho?' A resposta foi: 'sim, tenho certeza que você fará um bom trabalho'. Era
um estudo que ele pretendia realizar 5 anos mais tarde, mas que, acreditando na
minha capacidade, o delegou a mim. Diante da demonstração de confiança, senti-me lisonjeada e, apesar de apavorada
com a dimensão e profundidade do estudo, resolvi aceitar o desafio. Enfrentei algumas dificuldades: doença, fechamento do setor
de obras raras da Biblioteca Nacional, 2 filhos pequenos (Márcio com 1 ano e
meio e Gisele com dois anos e oito meses), falta de empregada de confiança.
Apesar disso, consegui com a orientação segura e indispensável de Paim,
concluir o doutorado em três anos, tendo a honra de ter como membros da banca de
defesa, além de Antonio Paim, Anna Maria Moog, Creuza Capalbo, Ricardo Vélez e
Aquiles Guimarães, amigos queridos a partir de então.Naquele momento, além da dimensão de educador, descobri em
Paim uma dimensão humana fantástica. Nunca passou a mão na minha cabeça, ao
contrário, exigia o máximo de mim, cobrava o tempo todo, mas ajudava sempre
através de discussões, de indicação de onde encontrar com pessoas ou
instituições o material para o desenvolvimento do trabalho que envolvia
pesquisa em obras raras. Evaristo de Moraes Filho, por intermédio de Paim, me
disponibilizou a sua biblioteca particular, em sua casa, para que ali
realizasse estudos em obras não encontradas em outro lugar. Paim fez muito mais! Levando em consideração que eu tinha
duas crianças pequenas, fazia a minha orientação em seu apartamento no Leme,
com isso, tornei-me amiga de Rita, sua mulher, e suas filhas Juliana e Augusta.
Toda semana, quando ia para o encontro de orientação e não tinha com quem
deixar os meus filhos, eu os levava. Juliana e Augusta ficavam com eles
enquanto me era dado o privilegio de receber magníficas aulas. Paim foi
fundamental para o meu desenvolvimento intelectual. Ser-lhe-ei eternamente
grata. Ele será sempre o meu guru e mestre favorito!"
A seguir, transcrevo o depoimento de Arsênio Corrêa:
A seguir, transcrevo o depoimento de Arsênio Corrêa:
"Antonio
Paim sempre disseminando conhecimento, conhecimento é vida, vida é alegria e a
alegria é a razão de viver do ser humano. Antonio Paim é um mestre na mais pura
acepção, porque a busca do saber é incessante, vibrante, contagia a todos que
com ele convivem. Aprendi com ele que a pesquisa deve ser constante, sem ela nós
somos ultrapassados, o tempo deve ser aproveitado, ao ser humano cabe construir
e manter o conjunto do saber da humanidade, isso ele nos faz ver em todos os
encontros. Aprendi com o mestre o valor da cultura".
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