O economista André Lara Rezende apresentou, na festa literária de Paraty, uma original análise acerca das desgraças do Patrimonialismo tupiniquim. Segundo o autor, o modelo estatizante de desenvolvimentismo está esgotado. Em outros termos, o Patrimonialismo, em matéria de economia e de gestão do Estado, não está mais respondendo às expectativas dos brasileiros. Também pudera: como muito bem mostrou Antônio Paim na sua obra A querela do estatismo (1ª edição, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978), tal modelo remonta-se ao despotismo esclarecido de Pombal, no século XVIII. E como destacou Simon Schwartzman na sua obra Bases do autoritarismo brasileiro (1ª edição, Rio de Janeiro: Campus, 1982), tal modelo constitui o que denominou de neo-patrimonialismo, que não é mais do que uma modernização pela metade. O governo petista, que teima em manter esse anacronismo, deixou de auscultar o que de fato almeja a sociedade brasileira. A seguir, a lúcida análise do mencionado economista.
O mal-estar contemporâneo
Por André Lara Resende
(In: Valor Econômico, 5 de Julho de 2013)
Nenhuma liderança soube captar e
expressar o mal-estar contemporâneo. Este é provavelmente o seu elemento novo:
a internet viabiliza a mobilização antes que surjam as lideranças.
Na tentativa de interpretar o
protesto das ruas nas grandes cidades brasileiras, há uma natural tentação de
fazer um paralelo com os movimentos similares nos países avançados, sobretudo
da Europa, mas também nos EUA – Occupy Wall Street – assim como com os da
chamada Primavera Árabe. As condições objetivas são, contudo, muito distintas.
A Primavera Árabe é um fenômeno de países totalitários, onde não há
representação democrática. Não é o caso do Brasil. Na Europa, sobretudo nos
países mediterrâneos periféricos mais atingidos pelos efeitos da crise
financeira de 2008, houve uma drástica piora das condições de vida. O
desemprego, especialmente entre os jovens, subiu para níveis dramáticos. Mais
uma vez, não é o caso do Brasil.
Nem os críticos mais radicais
ousariam argumentar que o Brasil de hoje não se enquadra nos moldes das
democracias representativas do século XX. Podem-se culpar os desacertos da
política econômica nos últimos seis anos. Embora devam ficar mais evidentes
daqui para a frente, os efeitos negativos da incompetência da política
econômica só muito recentemente se fizeram sentir. Fato é que, desde a
estabilização do processo inflacionário crônico, houve grandes avanços nas
condições econômicas de vida dos brasileiros. Nos últimos 20 anos, houve ganho
substancial de renda entre os mais pobres. Ao contrário do que ocorreu em
outras partes do mundo, até mesmo nos países avançados, a distribuição de renda
melhorou. O desemprego está em seu mínimo histórico.
É verdade que a inflação, especialmente
a de alimentos, que se faz sentir mais intensamente pelos assalariados, está em
alta. Por mais consciente que se seja em relação aos riscos, políticos e
econômicos, da inflação, é difícil atribuir à inflação o papel de catalisadora
do movimento das ruas nas últimas semanas. Só agora a taxa de inflação superou
o teto da banda – excessivamente generosa, é verdade – da meta do Banco
Central.
Os dois elementos tradicionais da
insatisfação popular – dificuldades econômicas e falta de representação democrática
– definitivamente não estão presentes no Brasil de hoje. Inflação, desemprego,
autoritarismo e falta de liberdade de expressão não podem ser invocados para
explicar a explosão popular. O fenômeno é, portanto, novo. Procurar
interpretá-lo de acordo com os cânones do passado parece-me o caminho certo
para não o compreender.
O movimento de maio de 1968 na
França tem sido lembrado diante das manifestações das últimas semanas. O
paralelo se justifica, pois maio de 68 é o paradigma do movimento sem causas
claras nem objetivos bem definidos, uma combustão espontânea surpreendente, que
ocorre em condições políticas e econômicas relativamente favoráveis. Movimento
que, uma vez detonado, canaliza um sentimento de frustração difusa – um
“malaise”- com o estado das coisas, com tudo e todos, com a vida em geral.
A novidade mais evidente em
relação a maio de 68 na França é a internet e as redes sociais. Embora não
tivesse expressão clara na vida pública francesa, a insatisfação difusa poderia
ter sido diagnosticada, ao menos entre os universitários parisienses. No Brasil
de hoje, a irritação difusa podia ser claramente percebida na internet e nas
redes sociais. O movimento pelo passe livre fez com que este mal-estar
transbordasse do virtual para a realidade das ruas. Tanto os universitários
franceses de 68, quanto os internautas do Brasil de hoje, não representam
exatamente o que se poderia chamar de as massas ou o povão, mas funcionam
igualmente como sensores e catalisadores de frustrações comuns.
Quais as causas do mal-estar
difuso no Brasil de hoje, que transbordou da internet para a realidade e levou
a população às ruas?
Parecem ter dois eixos
principais. O primeiro, e mais evidente, é uma crise de representação. A
sociedade não se reconhece nos poderes constituídos – Executivo, Legislativo e
Judiciário – em todas suas esferas. O segundo é que o projeto do Estado
brasileiro não corresponde mais aos anseios da população. O projeto do Estado,
e não do governo, é importante que se note, pois a questão transcende governos
e oposições. Este hiato entre o projeto do Estado e a sociedade explica em
grande parte a crise de representação.
O Estado brasileiro mantém-se
preso a um projeto cuja formulação é do início da segunda metade do século
passado. Um projeto que combina uma rede de proteção social com a
industrialização forçada. A rede de proteção social inspirou-se nas reformas
das economias capitalistas da Europa, entre as duas Grandes Guerras, reforçadas
após a crise dos anos 1930. Foi introduzida no Brasil por Getúlio Vargas, para
a organização do mercado de trabalho, baseado no modelo da Itália de Mussolini.
A industrialização forçada através da substituição de importações, introduzida
por Juscelino Kubitschek nos anos 1950, e reforçada pelo regime militar nos
anos 1970, tem raízes mais autóctones. Suas origens intelectuais são o
desenvolvimentismo latino-americano dos anos 1950, que defendia a ação direta
do Estado, como empresário e planejador, para acelerar a industrialização.
Não nos interessa aqui fazer a
análise crítica do projeto desenvolvimentista que, com altos e baixos, aos
trancos e barrancos, cumpriu seu papel e levou o país às portas da modernidade
neste início de século. Basta ressaltar que o desenvolvimentismo, em seus dois
pilares – a industrialização forçada e a rede de proteção social – dependem da
capacidade do Estado de extrair recursos da sociedade. Recursos que devem ser
utilizados para financiar o investimento público e os benefícios da proteção
social.
Diante da baixa taxa de poupança
do setor privado e da precariedade da estrutura tributária do Estado, a
inflação transferiu os recursos da sociedade para o Estado, até que nos anos
1980 viesse a se tornar completamente disfuncional. Com a inflação
estabilizada, a partir do início dos anos 1990, o Estado se reorganizou para
arrecadar por via fiscal também os recursos que extraía através do imposto
inflacionário. A carga fiscal passou de menos de 15% da renda nacional, no
início dos anos 1950, para em torno de 25%, nas décadas de 1970 a 90, até
saltar para os atuais 36%, depois da estabilização da inflação. O Brasil tem
hoje uma carga tributária comparável, ou mesmo superior, à das economias mais
avançadas.
O projeto do PT no governo
revelou-se flagrantemente retrógrado. É essencialmente a volta do nacional-
desenvolvimentismo.
Apesar de extrair da sociedade
mais de um terço da renda nacional, o Estado perdeu a capacidade de realizar
seu projeto. Não o consegue entregar porque, apesar de arrecadar 36% da renda
nacional, investe menos de 7% do que arrecada, ou seja, menos de 3% da renda
nacional. Para onde vão os outros 93% dos quase 40% da renda que extrai da
sociedade? Parte, para a rede de proteção e assistência social, que se expandiu
muito além do mercado de trabalho organizado, mas, sobretudo, para sua própria
operação. O Estado brasileiro tornou-se um sorvedouro de recursos, cujo
principal objetivo é financiar a si mesmo. Os sinais dessa situação estão tão
evidentes, que não é preciso conhecer e analisar os números. O Executivo, com
39 ministérios ausentes e inoperantes; o Legislativo, do qual só se tem más
notícias e frustrações; o Judiciário pomposo e exasperadoramente lento.
O Estado foi também incapaz de
perceber que seu projeto não corresponde mais ao que deseja a sociedade. O
modelo desenvolvimentista do século passado tinha dois pilares. Primeiro, a
convicção de que a industrialização era o único caminho para escapar do
subdesenvolvimento. Países de economia primário-exportadora nunca poderiam
almejar alcançar o estágio de desenvolvimento das economias industrializadas.
Segundo, a convicção de que o capitalismo moderno exige a intervenção do Estado
em três dimensões: para estabilizar as crises cíclicas das economias de
mercado; para prover uma rede de proteção social; e, no caso dos países subdesenvolvidos,
para liderar o processo de industrialização acelerada. As duas primeiras
dimensões da ação do Estado são parte do consenso formado depois da crise dos
anos 1930. A terceira decorre do sucesso do planejamento central soviético em
transformar uma economia agrária, semifeudal, numa potência industrial em
poucas décadas. A proteção tarifária do mercado interno, com o objetivo de
proteger a indústria nascente e promover a substituição de importações,
completava o cardápio com um toque de nacionalismo.
O nacional- desenvolvimentismo,
fermentado nos anos 1950, teve sua primeira formulação como plano de ação do
governo na proposta de Roberto Simonsen. Embora sempre combatido pelos
defensores mais radicais do liberalismo econômico, como Eugênio Gudin, autor de
famosa polêmica com Roberto Simonsen, e posteriormente por Roberto Campos, foi
adotado tanto pela esquerda, como pela direita. Seu período de maior sucesso
foi justamente o do “milagre econômico” do regime militar.
Na década de 1980, a inflação se
acelera e se torna definitivamente disfuncional. As sucessivas e fracassadas
tentativas de estabilização passam a dominar o cenário econômico. Com a
estabilização do real, a partir da segunda metade da década de 1990, ainda com
algum constrangimento em reconhecer que o nacional-desenvolvimentismo já não
fazia sentido num mundo integrado pela globalização, o país parecia estar em
busca de novos rumos. A vitória do PT foi, sem dúvida, parte da expressão desse
anseio de mudança.
Nos dois primeiros anos do
governo Lula, a política econômica foi essencialmente pautada pela necessidade
de acalmar os mercados financeiros, sempre conservadores, assustados com a
perspectiva de uma virada radical à esquerda. A partir daí, o PT passou a pôr
em prática o seu projeto. Um projeto muito diferente do que defendia enquanto
oposição. O projeto do PT no governo, frustrando as expectativas dos que
esperavam mudanças, muito mais do que o aparente continuísmo dos primeiros anos
do governo Lula, revelou-se flagrantemente retrógrado. É essencialmente a volta
do nacional-desenvolvimentismo, inspirado no período em este que foi mais
bem-sucedido: durante regime militar. A crise internacional de 2008 serviu para
que o governo abandonasse o temor de desagradar aos mercados financeiros e, sob
pretexto de fazer política macroeconômica anticíclica, promovesse
definitivamente a volta do nacional-desenvolvimentismo estatal.
O PT acrescentou dois elementos
novos em relação ao projeto nacional-desenvolvimentista do regime militar: a
ampliação da rede de proteção social, com o Bolsa Família, e o loteamento do
Estado. A ampliação da rede de proteção social se justifica, tanto como uma
inciativa capaz de romper o impasse da pobreza absoluta, em que, apesar dos
avanços da economia, grande parte da população brasileira se via aprisionada,
quanto como forma de manter um mínimo de coerência com seu discurso histórico.
Já a lógica por trás do loteamento do Estado é puramente pragmática. Ao
contrário do regime militar, que não precisava de alianças difusas, o PT
utilizou o loteamento do Estado, em todas suas instâncias, como moeda de troca
para compor uma ampla base de sustentação. Sem nenhum pudor ideológico, juntou
o sindicalismo de suas raízes com o fisiologismo do que já foi chamado de
Centrão, atualmente representado principalmente pelo PMDB, no qual se encontra
toda sorte de homens públicos, que, independentemente de suas origens, perderam
suas convicções ao longo da estrada e hoje são essencialmente cínicos.
Há ainda um terceiro elemento do
projeto de poder do PT. Trata-se da eleição de uma parte do empresariado como
aliada estratégica. Tais aliados têm acesso privilegiado ao crédito favorecido
dos bancos públicos e, sobretudo, à boa vontade do governo, para crescerem,
absorverem empresas em dificuldades, consolidarem suas posições oligopolísticas
no mercado interno e se aventurarem internacionalmente como “campeões
nacionais”.
A combinação de um projeto
anacrônico com o loteamento do Estado entre o sindicalismo e o fisiologismo
político, ao contrário do pretendido, levou à sobrevalorização cambial e à
desindustrialização. Só foi possível sustentar um crescimento econômico
medíocre enquanto durou a alta dos preços dos produtos primários, puxados pela
demanda da China. A ineficiência do Estado nas suas funções básicas –
segurança, infraestrutura, saúde e educação – agravou-se significativamente.
Ineficiência realçada pela redução da pobreza absoluta na população, que
aumentou a demanda por serviços de qualidade.
A insatisfação difusa dos
protestos pode vir a ser catalizadora de uma mudança profunda de rumo, que abra
o caminho para um novo desenvolvimento (na foto, manifestantes sobem ao teto do
Congresso).
Loteado e inadimplente em suas
funções essenciais, enquanto absorvia parcela cada vez maior da renda nacional
para sua própria operação, o Estado passou a ser visto como um ilegítimo
expropriador de recursos. Não apenas incapaz de devolver à sociedade o mínimo
que dele se espera, mas também um criador de dificuldades. A combinação de uma
excessiva regulamentação de todas as esferas da vida, com a truculência e a
arrogância de seus agentes, consolidou o estranhamento da sociedade. Em todas
as suas esferas, o Estado deixou de ser percebido como um aliado,
representativo e prestador de serviço. Passou a ser visto como um insaciável
expropriador, cujo único objetivo é criar vantagens para os que dele fazem
parte, enquanto impõe dificuldades e cria obrigações para o resto da população.
O contraste da realidade com o ufanismo da propaganda oficial só agravou o
estranhamento e consolidou o divórcio entre a população e os que deveriam ser
seus representantes e servidores.
A insatisfação com a democracia
representativa não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. As razões dessa
insatisfação ainda não estão claras, mas é possível que o modelo de
representação democrática, constituído há dois séculos para sociedades menores
e mais homogêneas, tenha deixado de cumprir seu papel num mundo interligado de
7 bilhões de pessoas, e precise ser revisto. O debate público deslocou-se das
esferas tradicionais da política para a internet e as redes sociais. Ameaçada
pelo crescimento da internet e habituada ao seu papel de agente da política
tradicional, a mídia não percebeu que o debate havia se deslocado.
No caso brasileiro, perplexa com
sua aparente falta de repercussão e pressionada financeiramente pela competição
da internet, uma parte da mídia desistiu do jornalismo de interesse público e
passou a fazer um jornalismo de puro entretenimento. Mesmo os que resistiram,
cederam, em maior ou menor escala, à lógica dos escândalos. Foram incapazes de
compreender a razão da sua falta de repercussão, pois não se deram conta de que
o público e o debate haviam se deslocado para a internet. Surpreendida pelo
movimento de protestos, num primeiro momento, a mídia não foi capaz de avaliar
a extensão da insatisfação. Transformou-se ela própria em alvo da irritação
popular. Em seguida, aderiu sem convencer, sempre a reboque do debate e da
mobilização através da internet. A favor da mídia, diga-se que ninguém foi
capaz de captar a insatisfação latente antes da eclosão do movimento das ruas.
As pesquisas apontavam, até muito recentemente, grande apoio à presidente da
República, considerada praticamente imbatível, até mesmo por seus eventuais
adversários nas próximas eleições. Nenhuma liderança soube captar e expressar o
mal-estar contemporâneo. Este é provavelmente o seu elemento novo: a internet
viabiliza a mobilização antes que surjam as lideranças. Tanto as possibilidades
como os riscos são novos.
O projeto
nacional-desenvolvimentista combina o consumismo das economias capitalistas
avançadas com o produtivismo soviético. Ambos pressupõem que o crescimento
material é o objetivo final da atividade humana. Aí está a essência de seu
caráter anacrônico. Os avanços da informática permitiram a coleta de um volume
extraordinário de evidências sobre a psicologia e os componentes do bem-estar.
A relação entre renda e bem-estar só é claramente positiva até um nível
relativamente baixo de renda, capaz de atender às necessidades básicas da vida.
A partir daí, o aumento do bem-estar está associado ao que se pode chamar de
qualidade de vida, cujos elementos fundamentais são o tempo com a família e os
amigos, o sentido de comunidade e confiança nos concidadãos, a saúde e a
ausência de estresse emocional.
Os estudos da moderna psicologia
comprovam aquilo que de uma forma ou de outra, mais ou menos conscientemente,
intuímos todos: nossa insaciabilidade de bens materiais advém do fato de que o
bem-estar que nos trazem é efêmero. Para manter a sensação de bem-estar,
precisamos de mais e novas aquisições. O consumismo material tem elementos
parecidos com o do uso de substâncias entorpecentes que causam dependência
física e psicológica.
No mundo todo, a população parece
já ter intuído a exaustão do modelo consumista do século XX, mas ainda não
encontrou nas esferas da política tradicional a capacidade de participar da
formulação das alternativas. Apegada a fórmulas feitas, a política continua
pautada pelos temas e objetivos de um mundo que não corresponde mais à
realidade de hoje. As grandes propostas totalizantes já não fazem sentido. O
nacionalismo, a obsessão com o crescimento material, a ênfase no consumo
supérfluo, os grandes embates ideológicos, temas que dominaram a política nos
últimos dois séculos, perderam importância. Hoje, o que importa são questões
concretas, relativas ao cotidiano, questões de eficiência administrativa para
garantir a qualidade de vida.
É significativo que os protestos
no Brasil tenham começado com a reivindicação do passe livre nos transportes
públicos urbanos. A questão da mobilidade nas grandes metrópoles é
paradigmática da exaustão do modelo produtivista-consumista. A indústria
automobilística foi o pilar da industrialização desenvolvimentista e o
automóvel o símbolo supremo da aspiração consumista. O inferno do trânsito nas
grandes cidades, que se agrava quanto mais bem-sucedido é o projeto
desenvolvimentista, é a expressão máxima da completa inviabilidade de
prosseguir sem uma revisão profunda de objetivos. Ao que parece, a sociedade
intuiu a falência do projeto do século passado antes que o Estado e aqueles que
deveriam representá-la – governo e oposição, Executivo, Legislativo e imprensa
– tenham se dado conta de que hoje trabalham com objetivos anacrônicos.
A insatisfação difusa dos
protestos pode vir a ser catalizadora de uma mudança profunda de rumo, que abra
o caminho para um novo desenvolvimento, não mais baseado exclusivamente no
crescimento do consumo material, mas na qualidade de vida. Para isso, é preciso
que surjam lideranças capazes de exprimir, formular e executar o novo
desenvolvimento.
André Lara Resende é
economista. Este texto foi apresentado na Festa Literária de Paraty (Flip), em
debate com o filósofo Marcos Nobre, no sábado 6 de Julho. O texto foi repassado pelo professor Simon Schwartzman no seu blog.
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