François Guizot, o líder dos Doutrinários (Wikipedia) |
A primeira via, do liberalismo telúrico, foi aprofundada por mim no meu livro
intitulado: Estado, cultura y sociedad en la América Latina [Vélez, 2000].
A segunda, identificada com a influência do liberalismo doutrinário, foi estudada
na obra que escrevi ao ensejo da minha pesquisa de pós-doutorado na França e
que se intitula: O liberalismo francês: a tradição doutrinária e a sua influência no
Brasil [Vélez, 2012]. Tratarei, no presente comentário, acerca desta
vertente.
Uma vez consolidadas as instituições independentes
das metrópoles espanhola e portuguesa, amadurecemos no reformismo de inspiração
liberal pela mão dos doutrinários
franceses e dos precursores deles, como Benjamin Constant de Rebecque. Mas, por outro lado, inspiramo-nos, também,
no republicanismo revolucionário de feição rousseauniana e, nos momentos de
antítese autoritária, no bonapartismo ou no tradicionalismo à la Joseph de Maistre ou Luís de
Bonald. Síntese paradoxal da dupla inspiração em Rousseau e Bonaparte foi, por
exemplo, Simón Bolívar, embora ele pretendesse ser mais discípulo do filósofo
de Genebra do que encarnação de Napoleão Bonaparte, Imperador dos Franceses. As
mudanças sociais foram pensadas, outrossim, à luz dos socialistas utópicos seguidores de Augusto Comte e de Henri-Claude
de Saint-Simon, bem como nos escritores que, no final do século XIX,
vulgarizaram os ideais socialistas, como Émile Zola.
Esta tese da inspiração estrangeira (ibérica
e ibero-americana, especialmente) nos autores franceses, aliás, não é nova. É
do próprio François Guizot, que na sua Histoire de la civilisation en Europe
(capítulo 14), ao fazer o balanço do que a França significou no contexto da
civilização ocidental, afirma que a marca registrada dessa influência consistiu
em ter realizado, de maneira superlativa, todas as grandes mudanças que foram
concretizadas de forma moderada pela Inglaterra. A França, efetivamente, viu
derrubar-se o mundo feudal muito cedo sob o tacão de Ferro de Filipe o Belo,
deu ensejo ao mais radical dos absolutismos monárquicos que possibilitou a Luís
XIV afirmar "L'État c'est moi", efetivou de maneira cruenta a
revolução burguesa descabeçando literalmente o Ancien Régime, consolidou um modelo jacobino de República
alicerçado no democratismo rousseauniano, que passou a ser o arquétipo pelo
qual se pautaram as novas Repúblicas surgidas na América Espanhola e
Portuguesa, ao longo do século XIX, etc.
A respeito desse caráter superlativo das
realidades e das idéias políticas na França - e no continente europeu, em
contraposição à Inglaterra -, escreveu Guizot: "Ao contrário, nos Estados
do continente, cada sistema, cada princípio, tendo desfrutado do seu momento e
dominado da maneira mais completa, mais exclusiva, o seu desenvolvimento
produziu-se em muita maior escala, com mais grandeza e brilho. A realeza e a
aristocracia feudal, por exemplo, comportaram-se na cena continental com mais
audácia, amplitude e liberdade. Todos os experimentos políticos, chamemo-los
assim, foram mais exteriores e mais acabados. Daí resultou que as idéias
políticas - falo das idéias gerais e não
do bom senso aplicado à direção dos negócios
- elevaram-se a maior altura e
desenvolveram-se com mais vigor racional. Cada sistema, pelo fato de ter-se
apresentado, de certa forma, sozinho e de ter permanecido durante muito tempo
em cena, pôde ser considerado no seu conjunto, pôde-se remontar aos princípios,
descer até as suas últimas conseqüências e estabelecer plenamente a sua
teoria" [Guizot, 1864: 383-384].
No que tange ao liberalismo, a experiência
dos doutrinários está bem mais
próxima de nós, ibero-americanos, do que as lições que nos poderiam dar os
ingleses ou os norte-americanos. Isso porque a França do século XIX reproduzia
com grande fidelidade as contradições que vivemos, nos nossos países, nessa centúria
e ao longo do século XX, como também neste paradoxal início de milênio. A
evolução política contemporânea, na Espanha, em Portugal, na América espanhola
ou no Brasil, processou-se de forma muito mais parecida à França do século XIX,
do que aos Estados Unidos ou à Inglaterra.
As idas e vindas da nossa política têm
oscilado entre os extremos do mais feroz caudilhismo (e da sua variante
contemporânea de desavergonhado populismo) e do anárquico democratismo. As
lutas dos liberais ibero-americanos, em defesa da liberdade e do governo
representativo, têm se aproximado muito mais dos ingentes esforços feitos por
Guizot e pelos demais doutrinários
para dotar a França de instituições que garantissem a frágil planta da
democracia, do que das reformas racionais efetivadas por Pitt ou Gladstone, na
Inglaterra, a fim de ver triunfante o Império britânico, um empreendimento alicerçado
na livre iniciativa e na tranqüila e rotineira representação de interesses,
sistematizada por Locke nos seus Dois tratados sobre o governo (1690).
A idéia é de José Ortega y Gasset, que concluía em 1937: "este grupo de doutrinários, de quem todo mundo riu e
fez troça, é, no meu entender, o mais valioso que houve na política do
Continente ao longo do século XIX" [apud Díez, 1984: 19].
La Sorbonne nos tempos de Guizot (Diamond Guide, 1872) |
A repercussão das idéias dos doutrinários no mundo ibérico e
ibero-americano começou, aliás, já no século XIX. Os liberais espanhóis,
liderados por Cánovas del Castillo, e que integraram a denominada Geração dos Doutrinários de 1845,
inspiraram-se diretamente nos seus homólogos franceses, notadamente em Guizot
[cf. Díez, 1984: 25]. A influência deste fez-se sentir, em Portugal, já no
pensamento de Alexandre Herculano. Algo semelhante ocorreu no Brasil entre os
denominados por Oliveira Vianna de Homens
de Mil, que constituíram a geração de estadistas formados por dom Pedro II
e que foram os responsáveis pela estabilidade política do Segundo Reinado. Um
desses Homens de Mil foi o visconde
de Uruguai, Paulino Soares de Sousa, que fundamentou boa parte do seu Tratado
de Direito Administrativo nas idéias e nas propostas reformistas de
Guizot [cf. Sousa, 1960]. Outros estadistas como o Conselheiro José Tomás
Nabuco de Araújo e o seu filho, Joaquim Nabuco, confessavam-se seguidores de
outro doutrinário, o mestre de Guizot
e seu padrinho político, Pierre-Paul Royer-Collard [cf. Chacon, 2002: 229]. Vale
a pena lembrar, aqui, que as idéias dos precursores do liberalismo doutrinário,
Benjamin Constant e Madame de Staël, já estavam presentes no pensamento da
geração anterior, quando da vinda da corte portuguesa para o Brasil. Dois
ministros de dom João VI acusaram essa influência: Silvestre Pinheiro Ferreira
e dom Pedro de Souza Holstein, conde e duque de Palmela.
Entre os argentinos, para citar apenas um
nome, encontramos importante tributário da dinâmica histórica idealizada por
Guizot em Domingo Faustino Sarmiento, que foi presidente do seu país e que
escreveu essa magnífica obra que conta a história das origens do
patrimonialismo platino intitulada: Facundo, civilización o barbarie,
publicada em 1846. Efetivamente,
Sarmiento, como já o fizera Guizot em relação à Europa, considerava a formação
argentina como fruto dialético da contraposição de dois princípios: a liberdade
bárbara do gaúcho (encarnado em
Facundo Quiroga e em Rosas) e o princípio centralizador da ordem, que faz uso
do direito, construindo o Estado sobre as leis (papel civilizador que pretendia
desempenhar o próprio Sarmiento e a elite de educadores-políticos por ele
inspirada) [cf. Sarmiento, 1996].
Os traços marcantes dos doutrinários são os seguintes, segundo François Guizot: 1) Eles foram eminentemente homens de ação moderados, que pretenderam
defender as conquistas da Revolução de 1789, notadamente os ideais de liberdade
e de democracia, bem como o ideal de progresso da sociedade humana. Prevaleceu
neles, no entanto, mais o primeiro aspecto do que o segundo. Mas, ao
analisarmos a sua obra, vemos que ela se encaminhava no sentido de alargar o
voto paulatinamente, embora se contrapusessem à retórica democrática,
polarizada muitas vezes ao redor dos republicanos. Achemos muito conservador ou
não o primeiro ministro de Luís Filipe, Guizot foi, afinal de contas, quem
destacou, em alto e bom som, que no mundo moderno iniciou-se uma caminhada
irreversível rumo à democracia. 2)
Os doutrinários eram, ao mesmo tempo,
homens de estudo, que tinham uma dupla finalidade: de um lado, identificar as
raízes históricas da civilização ocidental e, no contexto dela, da cultura
francesa, a fim de pensar as novas instituições em consonância com as próprias
tradições; de outro lado, substituir a filosofia sensualista dos ideólogos por
um ecletismo espiritualista compatível com a prática religiosa. Alguns doutrinários, como Royer Collard, eram
católicos de origem jansenista, outros protestantes, como François Guizot. Mas
todos eles se caracterizavam pela moderação em matéria religiosa, e por
defenderem a separação das igrejas em face do Estado. 3) Do ângulo filosófico, os doutrinários
professavam um espiritualismo contrário ao sensualismo de Condillac e ao
excessivo materialismo dos ideólogos. Dois autores deitaram as bases, na
França, para os fundamentos filosóficos dos doutrinários,
no seio da corrente denominada de ecletismo
espiritualista: Royer-Collard (que se inspirou fundamentalmente na filosofia escocesa do senso comum de
Reid) e Victor Cousin (que alargou os fundamentos doutrinários do ecletismo
incorporando a filosofia alemã, notadamente o hegelianismo e que, junto com
Maine de Biran, tributário de Kant, deu carta de cidadania filosófica ao espiritualismo) [cf. Paim, 1997:
371-386; Díez, 1984: 34-42]. Na reação espiritualista apontada deitam raízes,
aliás, os pressupostos humanísticos de Tocqueville e Aron. 4) Ao juntarem a
dimensão prática à teórica, os doutrinários
encarnaram um tipo especial de ética pública, a do intelectual-homem de ação, que se contrapõe paradoxalmente à
proposta dicotômica de Max Weber, que distinguia de forma radical entre ética dos intelectuais e ética dos políticos. Os doutrinários não tinham dificuldade em
admitir que o intelectual deve iluminar o político e que o político deveria
fazer pousar na terra o intelectual. 5)
Quanto ao modelo político defendido, os doutrinários
eram partidários da monarquia constitucional com parlamento bicameral,
sendo tributários, neste aspecto, dos autores ingleses.
La Sorbonne atualmente. |
Existe, pois, uma tradição doutrinária, que foi preparada pela ação e o pensamento de
três importantes precursores: Jacques Necker, a sua filha Germaine Necker de
Staël-Holstein (a conhecida Madame de Staël) e Benjamin Constant de Rebecque. A
hipótese dos precursores do liberalismo doutrinário não é nova:
foi levantada no século XIX por Sainte-Beuve e adotada presentemente por Lucien
Jaume, sendo que este último autor considera que há em Madame de Staël e em Constant
mais um perfil libertário, enquanto que em Necker e Guizot prevalece um ponto
de vista centrado nas instituições governamentais, que confere ao seu
liberalismo um caráter mais conservador. Tocqueville, no sentir de Jaume, teria
resgatado a ênfase libertária de Madame de Staël e Benjamin Constant [cf.
Jaume, 1997: 14-21]. Observa-se, na ação precursora de Madame de Staël, a sua
inspiração na filosofia kantiana, no esforço empreendido por ela para dotar ao
liberalismo de uma base filosófica sólida (de inspiração transcendental),
contraposta ao utilitarismo.
A tradição
doutrinária, encarnada pela geração
de Guizot, prolonga-se na obra e no pensamento de dois importantes autores:
Alexis de Tocqueville e Raymond Aron. O primeiro, apesar de crítico das reformas
conservadoras de Guizot, manteve-se fiel aos seus ensinamentos no que tange aos
pressupostos espiritualistas na concepção do homem, bem como no que diz
respeito aos rumos da historiografia e à defesa das instituições liberais do
governo representativo e da monarquia (embora, como também fez o próprio
Guizot, tivesse admitido para a França - de forma passageira, é verdade - uma República
liberal). Aron, filho do século XX, ampliou o estudo sobre os fundamentos
filosóficos da historiografia no contexto do neokantismo e se engajou
corajosamente, ao mesmo tempo, na defesa da liberdade e da democracia
representativa num contexto republicano. Ambos, Tocqueville e Aron, conservaram
o traço marcante dos doutrinários, ao
terem sido pensadores e homens de ação. Tocqueville, como parlamentar, ensaísta,
ministro de Estado, jornalista e estudioso dos assuntos da administração
pública e do governo; Aron, fundamentalmente como jornalista combativo e
estudioso sistemático das grandes questões suscitadas pela democracia contemporânea. Ambos, Tocqueville e Aron, contrapõem-se aos doutrinários na questão da democracia.
Não que estes a negassem frontalmente: as reformas por eles realizadas a
prepararam. Mas Tocqueville e Aron defendem de maneira explícita o ideal
democrático, coisa que os tradicionais doutrinários
não chegaram a fazer. Ambos, Tocqueville e Aron, finalmente, pensaram de
maneira sistemática a problemática internacional do seu tempo. Ora, neste ponto
eles superam os seus mestres doutrinários,
que não chegaram a formular uma teoria das relações internacionais.
Os estudos sobre os doutrinários percorreram uma tripla etapa: em primeiro lugar, entre
1857 e 1900 prevaleceram, na França, as aproximações de tipo biográfico (como,
por exemplo, os estudos realizados por Faguet sobre Royer-Collard e Guizot, ou
os de Thureau-Dangin sobre o regime orleanista). Em segundo lugar, na primeira
metade do século XX, nas décadas de 20 e 30, o interesse pelas idéias dos doutrinários foi aumentando
progressivamente, destacando-se os estudos realizados por Charles Pouthas e
Pierre de la Gorge. Em terceiro lugar, a fase contemporânea de interesse pelos
doutrinários parece que tem uma dupla fonte: a divulgação, na França, das obras
de Tocqueville por Raymond Aron, a partir dos seminários oferecidos na Sorbonne
nos anos 50 (trata-se, aqui, de uma fonte indireta, pois o interesse por
Tocqueville vai conduzir aos doutrinários);
de outro lado, a valorização que Ortega y Gasset fez do pensamento doutrinário
nos seus ensaios e nas conferências universitárias, ao longo dos anos 40 e 50
do século passado.
Nas últimas décadas, duas iniciativas vieram
acelerar o interesse pelos doutrinários: de
um lado, os estudos sistemáticos dedicados por Pierre Rosanvallon à obra de
Guizot e, de outro, os ciclos de debates e os seminários promovidos pelo Centre
de Recherches Politiques Raymond Aron, sob a iniciativa de François Furet,
Françoise Mélonio, Pierre Manent e do próprio Rosanvallon. A estas realizações
soma-se o trabalho incentivado por entidades de cultura como a Associação
Benjamin Constant (de Lausanne, Suíça), a Sociedade de Estudos Staëlianos
(presidida por Simone Balayé), a Sociedade Tocqueville (presidida por Daniel
Bell e que publica La Revue Tocqueville junto com a Universidade de Toronto) o
Castelo de Coppet (à cuja frente está o conde d'Haussonville) e a Fundação
Guizot-Val Richer [cf. Jaume, 1997: 21; Díez, 1984: 20-25].
Os meus estudos sobre o liberalismo
doutrinário foram sintetizados na obra, de minha autoria, já citada: O
liberalismo francês: a tradição doutrinária e a sua influência no Brasil
(que aparece em edição digital de 2012, no Centro de Documentação do Pensamento
Brasileiro). Nessa obra, dei continuidade aos estudos já realizados, na década
anterior, na França, sobre o pensamento de Alexis de Tocqueville, que deram
ensejo ao livro, publicado em 1998, sob o título de: A democracia liberal segundo
Alexis de Tocqueville. Antônio Paim e José Osvaldo de Meira Penna
(fundadores da Sociedade Tocqueville, no Rio de Janeiro, em 1986) leram pacientemente
a versão original dos meus trabalhos, anotando as gralhas de digitação e
fazendo sugestões. Eles deram-me, outrossim, muitos subsídios teóricos a partir
de 1993, quando lhes apresentei o projeto inicial para estudar a obra de
Tocqueville. Os colegas do Círculo de
Estudos do Liberalismo, no Rio de Janeiro, também contribuíram para o meu
trabalho, com oportunas observações acerca dos fundamentos teóricos do
pensamento dos doutrinários; menciono
com especial destaque os nomes de dois deles: os saudosos amigos Ubiratan
Macedo, coordenador do Círculo e Ítalo da Costa Jóia. A consulta às fontes francesas acerca dos doutrinários e os seus precursores, bem
como sobre a obra de Tocqueville e Aron, contou com a generosa e eficaz
orientação de Françoise Mélonio do Centre
de Recherches Politiques Raymond Aron em Paris. Graças à sua indicação pude
entrar em contato com pesquisadores do pensamento tocquevilliano e aroniano
como Seymour Drescher, Pierre Manent, Reiji Matsumoto e Elisabeth Dutartre.
Jean-Pierre Perchellet, da Société des
études staëliennes, teve a gentileza de me enviar os Cahiers staëliennes,
fonte valiosíssima para o estudo dos ideais doutrinários. André Bueno
(doutorando em Filosofia da Universidade Gama Filho) forneceu-me os belos
exemplares da obra de Necker intitulada: Dernières vues de politique et de finance -
1802. Anna Maria Moog Rodrigues, da Academia Brasileira de Filosofia,
presenteou-me com os dois volumes do Cours de Politique Constitutionnelle - 1872
de Benjamin Constant. Recebi valiosas indicações bibliográficas acerca da
influência dos doutrinários na América Espanhola, de Otto Morales Benítez, da
Academia Colombiana de História.
Foi de grande valor para o meu trabalho o
diálogo com pesquisadores americanos (especialmente Daniel Mahoney e Robert
Royal), sobre a atualidade de Tocqueville e Aron em face da problemática
latino-americana contemporânea, no IX Encontro de Estudos Políticos promovido
por João Carlos Espada, na Universidade Católica Portuguesa em novembro de
2001. Ao ensejo deste evento pude discutir, outrossim, as teses centrais da
sociologia de Aron com os alunos da pós-graduação em ciências políticas dessa
Universidade. Foram muito valiosas as indicações bibliográficas fornecidas pelo
embaixador Carlos Henrique Cardim, diretor do Instituto de Relações
Internacionais em Brasília. Os seminários sobre o liberalismo, promovidos ao
longo da década de 90 pelo saudoso Og Leme (do Instituto Liberal do Rio de
Janeiro) e Emílio Pacheco (do Liberty
Fund), e continuados, na década seguinte, sob a coordenação de Roberto
Fendt, foram de grande utilidade para analisar o pensamento dos doutrinários em confronto com outras
manifestações do pensamento liberal. Recebi orientações precisas acerca da
influência dos liberais franceses do século XIX sobre o pensamento político em
Portugal, de José Esteves Pereira (da Universidade Nova de Lisboa), Eduardo
Soveral (da Universidade do Porto), António Braz Teixeira (da Universidade
Autônoma de Lisboa) e José Pereira Bairrada (da Universidade Católica
Portuguesa). Nos Congressos Brasileiros de Filosofia promovidos por Miguel
Reale, em 1999 e 2002, pude discutir com pesquisadores brasileiros e
estrangeiros alguns pontos do Liberalismo Doutrinário. Oportunidade semelhante
foi-me oferecida por Leonardo Prota, nos Colóquios bianuais de Filosofia
Brasileira realizados em Londrina a partir de 1989. Os vários Ciclos de Debates acerca do
Liberalismo Clássico, coordenados, ao longo dos anos 90 do século passado, por
Alex Catharino de Souza no Rio de Janeiro, representaram, para mim, foro
privilegiado para discutir as idéias básicas dos doutrinários e dos seus
precursores.
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(Apresentação de Antônio Paim). Salvador-Bahia: Centro de Documentação do
Pensamento Brasileiro, 2012 (edição digital).
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