Presentemente, na França, estima-se (o
Censo não registra a religião dos recenseados) que os muçulmanos correspondam
aproximadamente a seis milhões de pessoas, equivalentes a cerca de 10% da população
(66 milhões). Assinale-se que parcela substancial desse contingente é
constituída de emigrantes das antigas colônias
situadas no Norte da África (Marrocos, Tunísia, Mali e Argélia) que, na
maioria dos casos adotam a cultura francesa e criam os descendentes tratando de
integrá-los.. Nessa circunstância, o CFCM segue uma linha que o distancia do
islamismo fundamentalista e radical, sem embargo de que marquem presença no país
e cometam atentados terroristas hediondos, a exemplo do assassinato dos jornalistas
do periódico humorista Charlô. Por
sua vez, o governo força essa integração, revestindo-se do poder de cassar
cidadania e expulsar radicais tão logo sejam identificados. Emblemático da
política de integração é a proibição de sinais exteriores que distingam os
muçulmanos do comum da pessoas, a exemplo do uso da burka.
Le
Figaro (edição de 2/06/2015) dá grande destaque a livro do reitor da Grande
Mesquita de Paris, Dalil Boubakeur --Letre
ouverte aux Français (Editions Kero)-- que vem de exercer o mandato de
Presidente do mencionado Conselho (CFCM). De certa forma, pareceu-nos que
complementa a interpretação de Ayaan Hirtsi Ali, que tivemos oportunidade de
comentar, de que já dispomos de tradução brasileira, a cargo da Companhia das
Letras.
Dalil Boubakeur responsabiliza diretamente a
Arábia Saudita pela difusão do islamismo radical. Diz expressamente que “impõe
sua visão graças a seu petróleo”. Na França, é identificado como salafismo. A linha que preconiza
consiste em não deixar apenas nas mãos do Estado a incumbência de combatê-los.
De forma prática, o Conselho Francês do
Culto Muçulmano estimula a criação de órgãos regionais aptos a assumir essa
linha do mesmo modo que mesquitas mais representativas. Na edição que estamos
seguindo são apontados vários exemplos, que em síntese referimos a seguir.
Na visão do imã de Alfortvisse, Abdelali
Mamoun, “não se trata de fechar as mesquitas mas de desembaraçar as associações
mantenedoras de malfeitores que se incumbem de difundir o ódio.” O reitor da
grande mesquita de Lyon, Kamel Kabtane, por sua vez, ao comentar a reação
contrária aos acontecimentos do mês de janeiro (assassinato dos jornalistas
antes referido), adverte: não se deve
condenar as comunidades em seu conjunto, cabendo reconhecer que, dada a
enormidade da tarefa, “não podemos agir sozinhos. Temos necessidade do Estado.”
O Presidente do Conselho Regional do
Culto Muçulmano de Rhones-Alpes, Abdelikader Laid Bendidi destaca a importância
da vitória jurídica alcançada pela Mesquita de Oullins, apoiada pela CRCM,
contra iman auto proclamado, ao mesmo tempo em que chama a atenção para a
necessidade de manter-se vigilantes contra os salafistas.
Le
Figaro registra a opinião do padre Christophe Roucou, que considera “bom conhecedor do assunto”,
encarregado das relações da Igreja Católica com as entidades islamitas: “O
problema é o contraste entre a lentidão institucional das instâncias muçulmanas
e a urgência dos acontecimentos. As jovens gerações, sensíveis a esse distanciamento,
perdem a confiança. Quanto aos radicais, afastam-se das mesquitas. Será
necessário esperar uma geração para superar esses distanciamentos.”
Por fim, o jornal destaca a atuação do
Ministro do Interior e dos Cultos, Bernard Cazeneuve. Este enfatiza que o
Estado é inflexível contra os pregadores do ódio religioso. Declara: “os
incitadores do ódio não são tolerados”. Indica que, desde 2012, quarenta imans
foram expulsos e vinte deles são objeto de instrução que terminará por expulsá-los.
é...pode ser.
ResponderExcluirMAM