A tipologia sociológica do Patrimonialismo estudado
por Max Weber (1864-1920) na sua obra póstuma de 1921, Economia e sociedade, [1]
conserva ainda toda a sua vitalidade. Historiadores e sociólogos têm se valido
da mesma para melhor compreender o que se passa no Oriente, na África, na
América Latina e alhures. Acontece que por se tratar de uma tipologia, não é
uma realidade acabada, mas apenas um tipo ideal referido, sempre, aos contextos
históricos em que surgiram Estados mais fortes do que a sociedade.
Weber considerava que o Patrimonialismo constituía um
tipo de governo que poderia se contrapor ao encarnado pelo Estado
contratualista, aquele que surgiu na modernidade a partir de uma experiência
feudal completa, como a ocorrida na Europa Ocidental. A este modelo Weber
contrapunha o Patrimonialista, decorrente da concentração de funções políticas
numa única mão, que passou a administra-lo tudo como propriedade familiar ou
patrimonial.
No modelo contratualista, em decorrência do fato de
que no feudalismo o poder estava disseminado na sociedade, não concentrado num
único núcleo, tornou-se possível a diversificação em ordens de interesse
diferentes, tendo dado lugar às classes sociais (nobreza, burguesia,
proletariado), que passaram a lutar pela posse do poder, como muito bem
ilustrou François Guizot (1787-1874) na sua obra clássica, História da civilização européia,
desde a queda do Império Romano até a Revolução Francesa. [2]
A política poderia se definir, segundo frisava o sociólogo francês, como “luta
de classes”. É sabido que Marx (1818-1883) foi influenciado por esta categoria
elaborada por Guizot. Essa diversificação de interesses levou a que o Estado
moderno surgisse a partir de um contrato social, ou de um processo de negociação
entre as classes que lutavam pela posse do poder.
Já no modelo patrimonialista, o Estado moderno surgiu
a partir da hipertrofia de um poder patriarcal original, que alargou a sua
dominação doméstica sobre territórios, pessoas e coisas extrapatrimoniais,
tendo passado a administrar a res publica
como res privata ou coisa nossa,
dando ao Estado esse caráter familístico e clânico tão típico do
patrimonialismo latino-americano.
Na Europa Ocidental ocorreram dois processos de
retardamento cultural que impediram a rápida organização do Estado Moderno, que
somente se consolidou no século XIX na Alemanha (sob Bismark) e na Itália (sob
Cavour e Garibaldi). O retardamento político italiano, segundo Maquiavel
(1469-1527), tornou-se endêmico por força da ação dissociativa do Papado, que
impediu durante séculos a aglutinação das cidades e dos diversos principados ao
redor de um centro de poder mais forte. Não podendo reunir tudo sob seu comando
absolutista, os Papas terminaram inviabilizando a unidade italiana, que no
século XVI se anunciava através da dominação da dinastia austríaca dos
Hohenstaufen. Daí o fato de Maquiavel esperar por um príncipe que conseguisse
dominar o papado, a fim de dar ensejo à unidade nacional. O secretário
florentino pensou inicialmente no filho do Papa Alexandre VI, César Borgia,
para pôr fim à indevida intromissão dos pontífices de Roma na política
italiana. No entanto, o seu projeto não deu certo, talvez pela índole facciosa
do seu candidato a rei da Itália. Passou Maquiavel a esperar a unidade que não
viu, de um rebento da casa dos Médicis de Florença, Lourenço o Magnífico, a
quem dedicou O Príncipe. [3]
A Itália renascentista apostava num “salvador da pátria” que garantisse a
unidade nacional. Jacob Burkhardt, no seu clássico: A cultura da renascença na Itália,
[4]
estudou em detalhe essas personalidades, salientando o seu caráter polimórfico
e de forte individualidade, que cooptavam condottieri
para as suas empreitadas.
O fenômeno das máfias na Itália decorre em grande
medida desse retardamento cultural. Os chefes mafiosos agem como uma autoridade
patriarcal que enxerga a política em função dos seus interesses econômicos
clânicos. É um fenômeno muito semelhante ao dos senhores patrimoniais locais,
encontradiços na América Latina. Eles são geralmente os responsáveis, no
continente latino-americano, pela insegurança, o terror e a instabilidade que
constituem marcas registradas da história dos países que se situam nessa parte
do mundo. Assim os via, por exemplo, Tocqueville (1805-1859). [5]
Roberto Saviano traça na sua obra: Gomorra,
[6]
um vivo quadro da forma de agir de um segmento da máfia italiana, a Camorra,
que domina em Nápoles. É meu propósito, nestas páginas, sintetizar os aspectos
que me pareceram mais marcantes na viva narrativa do jornalista italiano. [7]
A obra consta de duas partes. A primeira é integrada pelos seguintes capítulos:
O Porto, Angelina Jolie, O sistema, A guerra de Secondigliano, Mulheres. A
segunda parte consta dos seguintes capítulos: Kaláshnikov, Concreto armado, Dom
Peppino Diana, Hollywood, Aberdeen-Mondragone, Terra dos fogos.
Destacarei os seguintes pontos que mais me marcaram ao
longo da leitura da obra: 1 – O Porto (ou o esqueleto da empresa mafiosa). 2 –
Angelina Jolie (ou vestindo a beleza no ateliê da Camorra). 3 - O Sistema (ou o
organograma do inferno). 4 – Kaláshnikov (ou a democratização do assassinato).
5 – Dom Peppino Diana (ou a dignidade contra a tirania).
1 - O Porto
(ou o esqueleto da empresa mafiosa).
Saviano elabora uma radiografia completa dos
esqueletos que se escondem por trás das enormes construções de concreto armado
e das construções residenciais no porto de Nápoles. O elemento primordial da
sua narrativa é a forma em que os chefes da máfia napolitana tornaram-se bosses, empresários que visam unicamente
o lucro, fazendo tabula rasa das
restantes variáveis: políticas, éticas, culturais e socioeconômicas que
caracterizaram a empresa capitalista segundo a análise weberiana. O boss da Camorra é, como os aventureiros
piratas da Somália, os chefes dos militantes da Al Qaeda, os donos dos cartéis latino-americanos
de drogas ou os líderes das maras na
América Central, um inescrupuloso empresário que põe o seu lucro acima de
qualquer outra variável, adotando, de entrada, o modelo ético que é denominado
de “totalitário”. [8] O boss é antes de tudo, um pragmático. Faz
aliança com qualquer pessoa que lhe garanta a preeminência no negócio e não
crie obstáculos para o seu lucro, mesmo que tenha de compartilhar com ele os
ganhos obtidos.
O porto de Nápoles foi praticamente privatizado pela
Camorra que, nas sombras da informalidade, deitou as raízes da sua múltipla
presença nesse cenário que se converteu em porta de entrada para as mercadorias
ilegais na Europa Ocidental. O principal beneficiário externo desse estado de
coisas foi a indústria chinesa, que deságua nos armazéns do porto e numa imensa
galeria de pequenas construções que o circundam, milhões de toneladas de
mercadorias fantasmas que, a partir daí, ganham os mercados da Europa, dos
Estados Unidos, da América Latina, da África ou do Japão.
Eis a descrição que Saviano faz desse cenário: “Na
atualidade, em Nápoles descarrega-se quase exclusivamente mercadorias
provenientes da China: 1.600.000 toneladas. As declaradas. Pelo menos outro
milhão passa sem deixar rastro. Segundo a Agência de Alfândegas, no porto de
Nápoles 60 por cento da mercadoria escapa à inspeção da alfândega, 20 por cento
dos recibos de impostos não são comprovados e há cinquenta mil falsificações:
99 por cento é de procedência chinesa, e calcula-se em duzentos milhões de
euros os impostos não pagos por semestre. Os contêineres que devem desaparecer
antes de serem fiscalizados encontram-se nas primeiras fileiras. Todos os
contêineres são numerados, mas há muitos com a mesma numeração. Dessa forma, um
contêiner inspecionado abre caminho para todos os seus homónimos ilegais. O que
se descarrega na segunda, na quinta pode ser vendido em Modena ou Gênova, ou
acabar nas estantes de Bonn e Mônaco (...).” [9]
É evidente que para que acontecesse tal infiltração da
economia informal seria necessário que houvesse uma estrutura burocrática que atuasse
nas sombras. Quando a noite domina o cenário napolitano - frisa Saviano -, “dir-se-ia
que no porto já não há mais ninguém; os contêineres, os barcos e os caminhões
parece deslocarem-se animados por um movimento perpétuo. Velocidade sem
barulho”. [10] A
principal figura desse exército das sombras é um gerente sob o comando do boss da Camorra, geralmente um chinês
cuja característica fundamental é o silêncio e o anonimato. Ele é o responsável
pela operação de desembarque das mercadorias em lanchas rápidas, nas quais são
colocados um ou dois contêineres tirados dos navios, que conduzem esse
carregamento até as construções, que como células de uma colmeia ocupam os
interstícios entre os armazéns do porto em casas que foram literalmente limpas
de paredes ficando somente a casca, tudo devidamente mimetizado para que não
chegue ali a ação fiscalizadora da polícia, que se concentra nos armazéns, a
fim de cumprir com as recomendações recebidas da autoridade portuária do
Mercado Comum Europeu.
A respeito escreve Saviano: “O projeto de armazenar os
fardos nos pisos tinha sido idealizado por alguns comerciantes chineses a raíz
de que a autoridade portuária de Nápoles apresentou a uma delegação do
Congresso estadunidense o plano sobre a segurança. Este último prevê dividir o
porto em quatro zonas – para cruzeiros, para cabotagem, para mercadorias e para
contêineres – e determinar os riscos de cada uma delas. Depois da publicação
deste plano de segurança, para evitar que se pudesse obrigar a polícia a
intervir ou que os jornais escrevessem durante tempo demais sobre a questão e
inclusive que câmaras de TV fossem à procura de alguma cena interessante,
muitos empresários chineses decidiram que era necessário deitar pesada cortina
de silêncio sobre tudo (...)”. [11]
A mão de obra é cooptada entre desempregados
napolitanos, refugiados africanos, consumidores de drogas que recebem a dose
necessária dos contratantes, enfim, trata-se de um exército que não reclama e
que age em silêncio por necessidade de sobrevivência. Eles podem também prestar
serviços de pali ou olheiros
colocados em lugares estratégicos, para avisar qualquer movimento da polícia ou
de estranhos. Qualquer deslize nos serviços prestados é castigado com o
assassinato sumário do culpado.
2 – Angelina
Jolie (ou vestindo a beleza no ateliê da Camorra).
Os chineses organizaram, junto com a Camorra, um
empreendimento de alta costura na região conhecida como “triângulo chinês”, que
está situada entre as cidades de San Giuseppe Vesuviano, Terzigno e Ottaviano.
Os trabalhadores desse polo de alta costura são chineses ilegais trazidos por
“cabeças de serpente”, guias pertencentes à máfia chinesa. Os chineses
trabalham febrilmente como escravos e a sua característica fundamental é não
serem notados por ninguém. Saviano conta a história de uma bela chinesa, Zhang,
que trabalhava num desses encraves de serviço escravo. Um mecânico italiano se
apaixonou por ela. Ela resistiu. Terminou sendo assassinada brutalmente pelo
pretendente, sem que nada se dissesse na comunidade chinesa.
A alta costura chinesa foi montada pela Camorra
cooptando profissionais de desenho de moda que são remunerados a preços abaixo
do mercado e sem nenhum vínculo empregatício. É a história de Pasquale, um
designer napolitano que seria contratado a preço de ouro em qualquer fábrica de
moda em Londres, Nova Iorque ou Paris. Pasquale desenhou um vestido que foi
encomendado a uma firma italiana por uma conhecida artista de cinema. Cortou e
costurou o vestido fantástico numa aula virtual destinada a formar designers chineses
para a Camorra. Tudo foi filmado e a “aula” assistida em direto pelos donos do
empreendimento. As explicações acerca de como escolher a tela e sobre a forma
de realizar o corte do tecido eram traduzidas em direto ao chinês por uma
locutora que explicava, passo a passo, as acuradas técnicas de Pasquale. Depois
da “aula” de corte, o designer recebeu o seu pagamento e sumiu no anonimato.
Dias depois, assistindo à cerimônia da entrega do Oscar, a mulher de Pasquale,
Luíza, ficou surpreendidíssima: o vestido que tinha sido desenhado por Pasquale
estava no corpo nada menos que de Angelina Jolie!
A respeito escreve Saviano: “(...) Angelina Jolie
percorria a alfombra da noite dos Oscar com traje de chaqueta de raso branco
precioso. Um desses feitos sob medida, desses que os designers italianos,
disputando, dão de presente às estrelas Esse vestido tinha sido confeccionado
por Pasquale numa fábrica clandestina de Arzano. Somente lhe disseram: Este
vai para América. Pasquale tinha feito centos de vestidos que tinham ido
aos Estados Unidos. Recordava perfeitamente aquele traje sastre branco. Ainda
recordava as medidas, todas as medidas. O corte do decote, os milímetros das
mangas dos braços. E a calça. Tinha passado a mão pelas perneiras e ainda
recordava o corpo nu que todos os modistas imaginam. Um nu sem erotismo,
desenhado nas suas fibras musculares, nos seus ossos de porcelana. Um nu para ser
vestido, uma mediação entre músculo, osso e porte. Tinha ido buscar a tela ao porto, recordava
ainda perfeitamente aquele dia. Tinham-lhe encarregado três vestidos, sem dizer
mais nada. Sabiam a quem estavam destinados, mas ninguém tinha lhe informado”. [12]
Eis um retrato claro da forma em que se consolida, em
Nápoles, a alta costura chinesa, que repassa as suas peças para o mercado
italiano, europeu e americano, derrubando preços e concorrentes. Como se
estrutura essa grande empresa de produção e comércio? Detalharei mais dados num
dos próximos itens, ao analisar o inferno da Camorra. Somente destaco o
sentimento de frustração do designer Pasquale, após ter colocado o seu gênio e
a sua experiência a serviço da máfia, que somente queria suga-lo sem valorizá-lo
como pessoa.
Roberto Saviano sintetizou da seguinte forma os
sentimentos do designer: “Voltei a ver Pasquale dois meses depois. Tinha sido
enviado a trabalhar com caminhões. Transportava todo tipo de mercadorias –
legais e ilegais – para as empresas vinculadas à família Licciardi de
Secondigliano. (...) O melhor modista do mundo conduzia os caminhões da Camorra
entre Secondigliano e o lago Garda. Invitou-me a jantar e a dar um passeio no
seu enorme caminhão. Tinha as mãos vermelhas e os nós rachados. Como a todos os
caminhoneiros que passam horas ao volante, gelavam-se lhe as mãos e tinha má
circulação. A expressão do seu rosto não era serena, tinha escolhido esse
trabalho por despeito, por despeito com o seu destino, um chute no traseiro da
vida. Mas era impossível continuar suportando essa situação, embora manda-lo
tudo ao diabo significasse viver pior. Enquanto jantávamos, levantou-se para ir
cumprimentar uns amigos. Deixou a carteira encima da mesa. Apareceu uma página
de revista dobrada em quatro. Abri-a. Era uma foto, uma portada de Angelina
Jolie vestida de branco. A chaqueta diretamente sobre a pele. Era necessário
ter talento para vesti-la sem escondê-la. O tecido deveria acompanhar o corpo,
delineá-lo fazendo com que os movimentos o marcassem. (...) Estou seguro de que
olhando para essa obra mestra que criou com as suas mãos, Pasquale era feliz.
Uma felicidade raivosa. Mas isso ninguém o saberá jamais”. [13]
3 - O
Sistema (ou o organograma do inferno).
A Camorra, após a Segunda Guerra Mundial, tinha
desenvolvido uma dinâmica de penetração do comércio na Europa depauperada pela
guerra. Aos poucos, os napolitanos que tinham integrado esse primeiro grupo de
mascates, foram sedimentando a sua presença comercial na área têxtil, vendendo
em condições favoráveis tecidos, sapatos e roupas. Com o correr dos anos, um
clã napolitano integrado por membros da Camorra em Secondigliano, tornou-se
líder dos demais clãs. O processo de crescimento foi simples: colocar a lei de
lado para ampliar os negócios. Assim surgiu o Sistema. Trata-se, segundo
Saviano, mais de “um termo eloquente, um mecanismo mais do que de uma
estrutura. A organização criminal coincide diretamente com a economia, a
dialética comercial é a ossatura do clã. (...) Tudo aquilo que em outros
lugares era impossível por causa da rigidez dos contratos, da lei, do copyright, no Norte de Nápoles se
conseguia. A periferia, se estruturando em torno ao poder empresarial do clã,
permitia movimentar capitais astronômicos, inimagináveis para qualquer
conglomerado industrial legal. Os clãs tinham criado polígonos industriais
inteiros de produção têxtil e de fabricação de couros e peles capazes de
produzir vestidos, chaquetas americanas, sapatos e camisas idênticos aos das
grandes casas da moda italiana”. [14]
O domínio progressivo do clã de Secondigliano foi
semelhante à alavancagem que, em Medellín, Pablo Escobar (1949-1993) deu ao
contrabando de mercadorias efetivado pela sua família, os Escobar Gaviria.
Tornou-se líder, simplesmente porque dispensou a legalidade e passou, de forma
clara, a dominar os outros clãs familiares na base da violência. Nada mais
pedagógico para um clã do que se apresentar como capaz de qualquer coisa.
Assim, Escobar rapidamente passou do contrabando de mercadorias trazidas
ilegalmente dos Estados Unidos via Panamá, para a venda do que o mercado
americano mais apreciava: a maconha potencializada e, logo depois que a erva
passou a ser produzida na Califórnia, a cocaína refinada nas selvas
colombianas, a partir da pasta de coca proveniente do Perú. [15]
O clã de Secondigliano firmou-se como o líder da
indústria têxtil paralela, capaz de copiar qualquer modelo que a alta costura
das firmas italianas do norte produzia. Mais: estabeleceu, de forma muito
eficiente e acelerada, a penetração dos napolitanos nas exclusivas lojas que,
em cidades européias e em Nova Iorque, vendiam as grandes grifes. A expertise
dos mafiosos de Secondigliano foi copiada pela indústria legal: os empresários
faziam vista grossa diante da ousada presença dos napolitanos, a fim de não
perder clientela. Mesmo que tivessem de vender a preços mais baixos, passaram a
conviver com os membros infiltrados da Camorra. Quando deram por si, já estavam
dentro de uma organização maior, que a Justiça italiana passou a denominar de O Diretório, numa referência ao caráter
centralizador da estrutura de poder emergente da Revolução Francesa.
Assim caracteriza Saviano essa organização chefiada
pela máfia napolitana: “(...) O Diretório
era o nome que os magistrados da DDA (Direção do Distrito Antimáfia) de Nápoles
tinham dado a uma estrutura econômica, financeira e operacional composta por
empresários e boss representantes de
diferentes famílias da zona norte de Nápoles. Uma estrutura com finalidade
propriamente econômica. O Diretório,
como o órgão colegiado do Termidor francês, representava o poder real da
organização mais do que as baterias de fogo e os setores militares”. [16]
Passaram a trabalhar e a conviver, lado a lado, os
membros dos clãs dominados pelos mafiosos de Secondigliano: os Licciardi, os
Contini, os Mallardo, os Lo Russo, os Bocchetti, os Stabile, os Prestieri, os
Bosti, os Sarno, os Di Lauro, etc., junto com os representantes da indústria
têxtil legal: Valent, Vip Moda, Vocos, Vitec, Casoria, Arzano, Melito, que
ingressaram também no caminho das cópias extralegais de modelos exclusivos de
Valentino, Ferré, Versace e Armani, “que depois eram vendidas em todos os
cantos do Planeta”. [17]
A indústria têxtil italiana tinha sido tomada de assalto pelos métodos da
Camorra e agia em consórcio periclitante com ela!
As atividades econômicas da Camorra, certamente, não
paravam por aí. Estendiam-se a tudo quanto fosse lucrativo: narcotráfico,
armas, prostituição e contrabando. Logo mais, ao analisar o poder de fogo do
clã de Secondigliano, abordarei estes aspectos. Os negócios da Camorra foram os
responsáveis, também, pela aproximação dos mafiosos em relação aos políticos.
Os clãs partiram para, em alguns casos, apoiar claramente ou simplesmente tirar
do caminho concorrentes inoportunos dos políticos amigos. Far-se-á referência a
este ponto também um pouco mais adiante.
4 –
Kaláshnikov (ou a democratização do assassinato).
A entrada em cena das armas de guerra marca um limite
significativo no caminho da violência dos grupos mafiosos. Pode-se falar de um
antes e um depois desse fato. Assim aconteceu no Rio de Janeiro quando, no
primeiro governo de Leonel Brizola, a polícia ficou impossibilitada de subir
nos morros à procura de meliantes entre 1983 e 1986, simplesmente porque as
autoridades estaduais achavam que tal medida era discriminatória contra negros
e pobres. Sabe-se que a decisão teve uma finalidade nitidamente populista: não
incomodar esse eleitorado fiel, que constituía a massa de manobra do
“socialismo moreno” brizolista. A partir desse período, os traficantes tornaram-se
fortes nesses redutos e passaram, mancomunados com o cartel de Medellín, a
importar armas de guerra: os fuzis de assalto AR-15. [18]
Algo semelhante ocorreu em Secondigliano: a entrada de
armas de guerra marcou um antes e um depois dos conflitos entre os clãs da
Camorra e destes com as autoridades, a partir dos anos oitenta. A circunstância
que tornou possível a aquisição de armamento de guerra por parte da Camorra foi
a queda da Cortina de Ferro. Os mafiosos aproveitaram os espaços de penetração
nos antigos países comunistas do Leste europeu e adquiriram, das forças armadas
desmanteladas, grandes depósitos de armas, notadamente de fuzis kaláshnikov.
Eis o relato de Saviano a respeito: “Logo assim que
caiu a tela socialista, a Camorra reuniu-se com os dirigentes dos partidos
comunistas em decomposição. Sentou à mesa de negociações em representação do
Ocidente poderoso, capaz e silencioso.
Conhecedores da crise, os clãs compraram extraoficialmente aos estados
do Leste – Romênia, Polônia, a antiga Iugoslávia - depósitos inteiros de armas, pagando durante
anos o salário aos vigilantes, aos guardas, aos oficiais encarregados da
conservação dos recursos militares. Em síntese, pois, uma parte da defesa
daqueles países passou a ser custeada pelos clãs. O melhor modo, no fundo, de
ocultar as armas era conservá-las nos quartéis. Assim, durante anos e apesar da
alternância dos dirigentes, dos conflitos internos e das crises, os boss mantiveram como referência, não o
mercado negro de armas, mas os depósitos dos Exércitos do Leste à sua inteira
disposição”. [19]
Para garantir o transporte dos armamentos entre os
depósitos nos países do Leste e a Itália, os boss da Camorra foram no mínimo originais: roubaram alguns
caminhões da OTAN, tendo mantido a pintura original dos mesmos. Assim, puderam
trazer, sem problema, os armamentos necessários até Nápoles, a fim de abastecer
aos matadores dos clãs. É evidente que na circulação dos caminhões roubados
rolou muito dinheiro da Camorra para silenciar policiais e gendarmes. Mas tudo foi
feito sem sofrer perdas significativas. O clima de leniência em face das
atividades das máfias ficou claro num texto que Saviano achou numa revista da
OTAN, destinada aos familiares dos militares americanos que iriam servir na
Itália. Eis o teor do texto: “Para entender onde vocês vão morar, devem pensar
nos filmes de Sergio Leone. É como no Remoto Oeste: está quem manda, há
tiroteios, bem como regras não escritas e inatacáveis. Mas não é para vocês se
preocuparem: para com os cidadãos e militares estadunidenses haverá o máximo
respeito e a máxima hospitalidade. Em qualquer caso, saiam da zona militar
unicamente quando necessário”. [20]
As obscuras atividades mafiosas no terreno da
aquisição de armamentos não ficou reduzida, apenas, à compra dos fuzis de
assalto kaláshnikov. Abarcou, também a aquisição fraudulenta de carros de
assalto e blindados. A respeito, escreve Saviano: “A sabedoria do poder leva
implícita uma paciência que amiúde não possuem os empresários mais hábeis.
Dentre os clãs que integram a Camorra, o Di Lauro foi
aquele que aperfeiçoou o aparelho militar, juntamente com a estrutura do
comércio de tóxicos, de longe o negócio mais lucrativo dos mafiosos. A
organização conta com cinco níveis: o primeiro, de promotores e financiadores,
é integrado pelos quatro máximos dirigentes do clã, que controlam as atividades
do tráfico e venda através de uma ampla rede de afilhados diretos. O segundo
nível é integrado pelos que manejam diretamente a droga, a compram e a
preparam, a fim de que seja distribuída aos vendedores pelos denominados
“camelos”, que contam com defesa legal caso sejam presos. O terceiro nível é
formado pelos denominados “chefes de praça”, aqueles membros do clã que estão
em contato permanente com os “camelos” e com os “pali” ou olheiros; são os
encarregados de elaborar os mapas com as rotas de fuga e de administrar os
lugares onde se guarda a droga e onde se pratica a “cortada”, ou seja, o
preparo para a venda em pequenas quantidades. O quarto nível, o que enfrenta
mais riscos, é constituído pelos “camelos”, ou transportadores da droga. O
quinto nível corresponde à equipe militar, integrada por um grupo brutal de
choque e uma ampla rede de colaboradores para as ações armadas. Calcula-se que
este nível é integrado por aproximadamente trezentas pessoas entre matadores ou
“killers” e colaboradores. Cada nível divide-se em outros sub-níveis, que se
relacionam diretamente com o seu chefe, sendo desconhecida por eles a
totalidade da estrutura; parece que os mafiosos aprenderam essa forma de
organização do Partido Comunista, a fim de impedir a delação dos restantes
membros da organização perante as autoridades.
A organização total do grupo mafioso parece-se mais com uma colcha de
“fractais”, ou cachos de banana cujas unidades são mais cachos,
indefinidamente.
Os lucros da atividade de tráfico de drogas pelos clãs
da Camorra são enormes. Somente o Clã Di Lauro fatura com essa atividade
ilícita quinhentos mil euros por dia. Um quilograma de coca custa aproximadamente
mil euros ao produtor; quando chega aos mafiosos atravessadores já custa trinta
mil euros. Trinta quilos convertem-se em cento e cinquenta depois da primeira
“cortada”: um valor de mercado de aproximadamente quinze milhões de euros.
Ilustrando a logística do clã Di Lauro para as
atividades militares, escreve Saviano: “Uma organização que contava como mínimo
com trezentas pessoas, todas pagas. Uma estrutura complexa onde tudo estava
colocado numa ordem precisa. Estava o parque de carros e de motos, sempre
disponível como uma estrutura de emergência. Estava a armeria, escondida e
conectada com uma rede de ferreiros preparados para destruir as armas
imediatamente após serem usadas para os homicídios. Havia uma rede logística
que permitia aos killers ir, logo
depois de praticar um assassinato, para treinarem num polígono regular de tiro
onde eram registradas as entradas, a fim de misturar os traços de pólvora de
bala e ter um álibi para eventuais exames de stub. O stub é o que mais
temem todos os killers; a pólvora de
bala que jamais desaparece e que constitui a prova mais acachapante. Havia,
também, uma rede que facilitava a roupa aos grupos de choque, training anódino e casco integral de
motorista, que era destruído imediatamente depois. Uma empresa invulnerável, de
mecanismos perfeitos ou quase. Não se trata de ocultar uma ação, um homicídio,
uma inversão, mas simplesmente de fazer com que seja indemonstrável perante um
tribunal”. [21]
Os lucros astronômicos dos traficantes da Camorra
garantem regular distribuição de ganhos entre os “trabalhadores” a serviço da
empresa de narcotráfico. Saviano sintetizava essa situação referindo-se aos
pagamentos regulares que a Camorra paga no norte de Nápoles. A respeito
escreve: “Os soldos são distribuídos semanalmente: cem euros para os vigilantes,
quinhentos para o coordenador e caixa dos camelos de uma praça, oitocentos para
o camelo e mil para aquele que se ocupa dos armazéns e esconde a droga em casa.
Os turnos vão das três da tarde até meia-noite e da meia-noite até as quatro da
madrugada; de manhã é muito raro que haja vendas porque há muita polícia
rondando. Todos têm um dia de descanso e se chegarem tarde à praça de venda da
droga, por cada hora é descontada a soma de cinquenta euros do pagamento
semanal”. [22]
O mercado da droga é o da morte. São numerosos os
casos de viciados que morrem no teste de pureza da cocaína misturada com outras
substâncias, no denominado “corte” ou “cortada”. Para saber se a mistura feita
pelos traficantes é comercializável, as gangues da Camorra distribuem cocaína
com a mistura feita entre viciados utilizados como cobaias. Se o provador
morre, calcula-se outra proporção de mistura até a operação ter sucesso.
As faidas ou
lutas entre duas famílias do crime organizado, típicas da máfia napolitana,
deixam um rastro constante de assassinatos nas ruas de Nápoles e das cidades
vizinhas. “O furgão que recolhe os mortos – escreve Saviano – vai continuamente
de um lado para outro, desde Scampia até Torre Annunziata. Recolhe, amontoa,
retira cadáveres de gente assassinada. A Campânia é o território da Itália onde
há mais assassinatos e ocupa um dos primeiros lugares do mundo. As rodas do
carro mortuário são bastante lisas; bastaria com fotografar os pneus
enferrujados (...) para ter a imagem símbolo desta terra (...)”. [23]
O negócio do narcotráfico, no sul da Itália como na
Colômbia, fez investimentos pesados na construção civil, a fim de branquear os
milhões de euros acumulados nas transações ilegais. De forma análoga ao
Petrolão brasileiro, a indústria da construção na Itália foi a atividade
econômica por onde a hemorragia do dinheiro público passou a engrossar os
bolsos dos mafiosos.
Assim como a Camorra penetrou na indústria da moda, contaminando-a
com a sua identidade marginal, a indústria da construção civil foi sendo
ocupada pelo espírito e os dinheiros mafiosos, através do clã dos Casali. A
respeito escreve Saviano: “Estas empresas tendem a agir de forma extremadamente
competitiva. Possuem autênticas colônias criminais nas regiões de Emília, Toscana,
Úmbria e o Vêneto, onde as auditorias e os controles antimáfia são mais leves e
permitem a transferência de seções empresariais inteiras. Os Casalesi primeiro
impuseram a mordida (ou contribuição forçada) aos empresários do norte da
Campânia e agora gerenciam diretamente o mercado. Nas províncias de Modena e de
Arezzo, os Casalesi têm nas suas mãos a maior parte dos negócios da construção
e importam mão de obra basicamente casertana”. [24]
A ocupação da indústria da construção civil pela máfia
napolitana terminou marcando com o signo da marginalidade uma atividade antes
livre da cooptação criminosa. A Itália viu associada aos interesses da Camorra
uma das principais fontes de ingresso do país. “A concreção do cimento e dos
tijolos – escreve Saviano -, é a única materialidade que verdadeiramente
conhecem os bancos italianos. Pesquisa, laboratório, agricultura, artesanato,
os diretores da banca os entendem como territórios difusos, lugares sem
presença da gravidade sequer. Habitações, planos, azulejos, tomadas de telefone
e de corrente: essas são as únicas concreções que reconhecem. Eu sei e tenho as
provas. Sei como tem sido construída média Itália. E mais de média. Conheço as
mãos, os dedos, os projetos. (...) Os empresários italianos que triunfam provêm
do cimento”. [25]
Nem o meio ambiente escapou á cooptação da Camorra. O
sul da Itália, pelas mãos dos mafiosos napolitanos, transformou-se no
vertedouro do lixo tóxico do norte do país e da Europa Ocidental em geral. Para
lá são levados milhões de toneladas de lixo tóxico não reciclado, com as
consequências trágicas conhecidas para a saúde dos moradores. Aumentaram
brutalmente nas últimas décadas os índices de doenças provocadas pela
contaminação ambiental, notadamente o câncer e as deformações genéticas. “Os resíduos
tinham inchado a barriga do sul da Itália - escreve Saviano -, tinham-na
estendido como um ventre grávido, cujo feto não se desenvolveria jamais e que
abortaria dinheiro para logo voltar a ficar grávido, até abortar de novo e logo
novamente se inchar até destruir o corpo, sufocar as artérias, obturar os
brônquios e destruir as sinapses. Continuamente, continuamente,
continuamente...”. [26]
5 – Dom
Peppino Diana (ou a dignidade contra a tirania).
Em que pese o fato de coletividades humanas optarem
pelo “suicídio político”, como lembrou o prêmio Nobel Mário Vargas Llosa, [27]
há, na região dominada pela Camorra, salutar reação da sociedade civil contra
esse cenário de cooptação, destruição e morte. A voz mais forte foi a do padre
Peppino Diana que, desde o púlpito, questionou com coragem os desmandos da
máfia napolitana, conclamando as pessoas para que não se deixassem cooptar por
essa maré de obscurantismo e violência.
As palavras de denúncia do jovem sacerdote napolitano
na sua paróquia de San Nicola de Bari não poderiam ter sido menos contundentes:
“Assistimos impotentes à dor de tantas famílias que veem os seus filhos acabar
miseravelmente como vítimas ou mandantes das organizações da Camorra (...). Hoje
a Camorra é uma forma de terrorismo que infunde temor, impõe as suas leis e
trata de se converter num componente endêmico da sociedade da Campania. Os
camorrista impõem, mediante a violência, as armas e os punhos, regras
inaceitáveis: extorsões que fizeram com que nossas terras se convertessem cada
vez mais em áreas objeto de subvenções e ajudas, sem nenhuma capacidade
autônoma de desenvolvimento; comissões de 20 por cento e mais sobre os
trabalhos de construção, que desencorajariam ao mais ousado dos empresários;
tráficos ilícitos para a aquisição e a venda de substâncias estupefacientes
cujo uso deixa montes de jovens marginalizados e massas de trabalhadores à
disposição das organizações criminais; enfrentamentos entre diferentes facções
que se lançam como devastadores sobre as famílias de nossas terras; exemplos
negativos para toda a faixa adolescente da nossa população, autênticos
laboratórios de violência e do crime organizado (...). Nosso compromisso
profético de denúncia não deve e não pode esmorecer; Deus nos chama a sermos
profetas. O Profeta faz o papel de sentinela: vê a injustiça e reclama o
projeto originário de Deus (Ezequiel, 3, 16-18); O Profeta lembra o passado e se serve dele
para entender o novo no presente (Isaías, 43); o Profeta invita a viver e ele
mesmo vive a solidariedade no sofrimento (Gênese 8, 18-23); o Profeta assinala
como prioritária a via da justiça (Jeremias 22,3; Isaías, 58). Aos sacerdotes
nossos pastores e irmãos pedimos que falem claro nas homilias e em todas
aquelas ocasiões que requeiram um testemunho valoroso. À Igreja, que não
renuncie ao seu papel profético, a
fim de que os instrumentos da denúncia e da mensagem se convertam em capacidade
para produzir uma nova consciência no sinal da justiça, da solidariedade dos valores
éticos e civis”. [28]
Como não podia deixar de ser numa terra dominada pela
Camorra, Dom Peppino Diana foi assassinado por um killer quando se preparava para celebrar a missa dominical. Saviano
recupera a mensagem do corajoso sacerdote, faz suas as palavras do pastor e ele
mesmo escreve a sua obra como denúncia contra um estado de coisas inaceitável,
mesmo que isso tenha lhe custado a tranquilidade e a necessidade de se acolher
à proteção das autoridades, sob o anonimato.
Roberto Saviano não se considera religioso. Mas
encontrou nas palavras de Dom Peppino Diana um testemunho em prol da verdade e
da valorização da palavra como denúncia das injustiças, que ele, na sua condição
de jornalista, assume à maneira de um imperativo categórico. “Nunca, na minha
vida, nem por um momento sequer, senti-me um devoto. E, no entanto a palavra de
Dom Peppino encontrava em mim um eco que conseguia transcender a linha
religiosa. Forjava um método novo que vinha refundar a palavra religiosa e política.
Uma fé na possibilidade de criticar a realidade (...). Uma palavra capaz de
rastrear o curso do dinheiro seguindo as pegadas do seu fedor (...)”. [29]
A corajosa atitude de Dom Peppino Diana tem sido
lembrada não apenas por Saviano, mas por outros jornalistas. Entre profetas e
profissionais da imprensa não deixa de haver, nestes conturbados tempos de
cinismo econômico e político, um elo de ligação. Após os múltiplos assassinatos
de jornalistas ocorridos recentemente em Paris, com motivo do atentado
terrorista contra Charlie Hebdo, mais do que nunca ficou clara essa ligação. Jornalistas
e profetas se assemelham. Ambos denunciam os atentados contra a dignidade
humana. Ambos defendem a liberdade e, frequentemente, pagam com a sua vida pela
coragem de falar em nome dos injustiçados.
A memória de Dom Peppino não morreu entre os
napolitanos graças aos seus familiares e aos jornalistas. A propósito escreve
Saviano: "Os que defenderam a sua memória foram os amigos de sempre, os
familiares e as pessoas que seguiam as sua trajetória, como o jornalista
Raffaele Sardo, que tem guardado a sua memória em artigos e livros, e a
jornalista Rosaria Capacchione, que tem pesquisado as estratégias dos clãs, as
astúcias dos arrependidos, o seu poder complicado e brutal”. [30]
Bibliografia
BURCKHARDT, Jacob. La
Civilisation en Italie au temps de la Renaissance. (Tradução francesa
de M. Schmitt). Paris: Plon, 1877, 2 volumes.
GUIZOT, François. Histoire
de la Civilisation en Europe depuis la chute de l´Empire Romain jusqu´à la
Révolution Française. 8ª edição. Paris: Didier, 1864.
MAQUIAVEL,
Nicolau. O Príncipe. Edição comemorativa dos 500 anos da obra. São
Paulo: Geração Editorial, 2013.
PAIM,
Modelos
éticos: introdução ao estudo da moral, Curitiba: Champagnat, 1994.
SALAZAR, Alonso. La
parábola de Pablo – Auge y caída de un gran capo del narcotráfico. 1ª
edição. Medellín: Planeta, 2001.
SAVIANO,
Roberto. Gomorra. (Tradução ao espanhol de Teresa Clavel y Francisco J.
Ramos Mena). 24ª edição. Barcelona: Debolsillo / Penguin Random House, 2007.
TOCQUEVILLE, Alexis de. Oeuvres II – De la Démocratie en Amérique.
Paris: Gallimard, 1992, p. 471.
VARGAS
LLOSA, Mário. “Suicídio político em voga”. O Estado de S. Paulo, 08/02/2012,
pg. A14.
VÉLEZ
RODRÍGUEZ, Ricardo. “Violência e narcotráfico no Rio de Janeiro – Perspectivas
e impasses no combate ao crime organizado”. Carta Mensal, Rio de
Janeiro, vol. 49, nº 586 (janeiro 2004): p. 7-70.
WEBER, Max. Economía y sociedad. 1ª
edição em espanhol. (Tradução de José Medina Echavarría et alii). México: Fondo de Cultura Económica, 1944, 4 volumes.
[1] WEBER, Max. Economía
y sociedad. 1ª edição em espanhol. (Tradução de José
Medina Echavarría et alii). México:
Fondo de Cultura Económica, 1944, 4 volumes. A parte correspondente ao
Patrimonialismo é desenvolvida por Weber no 4º volume.
[2] GUIZOT,
François. Histoire de la Civilisation
en Europe depuis la chute de l´Empire Romain jusqu´à la Révolution Française. 8ª edição. Paris: Didier,
1864.
[3] Cf.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Edição comemorativa dos 500 anos da obra. São
Paulo: Geração Editorial, 2013.
[4] BURCKHARDT,
Jacob. La Civilisation en Italie au temps de la Renaissance. (Tradução
francesa de M. Schmitt). Paris: Plon, 1877, 2 volumes.
[5] Cf. TOCQUEVILLE, Alexis
de. Oeuvres II – De la Démocratie en Amérique.
Paris: Gallimard, 1992, p. 471.
[6]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. (Tradução ao espanhol de Teresa Clavel y Francisco J.
Ramos Mena). 24ª edição. Barcelona: Debolsillo / Penguin Random House, 2007.
[7] Assim
é apresentado o autor da obra pelos editores, na primeira contracapa do livro:
“Roberto Saviano (Nápoles, 1979)
tornou-se conhecido em 2006 ao publicar Gomorra, que foi publicado em mais
de quarenta países e até agora vendeu mais de três milhões de exemplares em
todo o mundo. O filme, cujo roteiro é do próprio Saviano, obteve o Prêmio
Especial do Júri do Festival de Cannes. Após as ameaças recebidas pelos clãs da
Camorra que denuncia no seu livro, dezessete prêmios Nobel assinaram um manifesto
que gerou um movimento de solidariedade e apoio internacional do qual formam
parte centenas de milhares de pessoas. Saviano colabora com os principais
jornais internacionais, como El País, The
Times, The Washington Post, L´Espresso, La Repubblica, Expressen ou Die Zeit. Os seus livros mais recentes
são: O
contrário da morte (2007) e A beleza e o inferno (2009), que em
2010 obteve o Prêmio Livro Europeu na categoria de ensaio. Desde 2006, vive sob
proteção oficial”.
[8]
Antônio Paim caracterizou adequadamente este modelo ético, como aquele que
decorre do pressuposto de que “os fins justificam os meios”. Cf. PAIM, Modelos
éticos: introdução ao estudo da moral, Curitiba: Champagnat, 1994.
[9]
SAVIANO, Roberto. Gomorra, ob. cit., p. 19-20.
[10]
SAVIANO, Roberto. Gomorra, ob. cit., p. 20.
[11]
SAVIANO, Roberto. Gomorra, ob. cit., p. 22.
[12]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p.47.
[13]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 49-50.
[14]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 51-52.
[15] SALAZAR, Alonso. La
parábola de Pablo – Auge y caída de un gran capo del narcotráfico. 1ª
edição. Medellín: Planeta, 2001.
[16]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 52-53.
[17]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 53.
[18] Cf.
VÉLEZ RODRÍGUEZ, Ricardo. “Violência e narcotráfico no Rio de Janeiro –
Perspectivas e impasses no combate ao crime organizado”. Carta Mensal, Rio de
Janeiro, vol. 49, nº 586 (janeiro 2004): p. 7-70.
[19]
SAVIANO, Roberto. Camorra, ob. cit., p. 176-177.
[20]
Cit. por SAVIANO, Roberto. Camorra. Ob. cit., p. 177.
[21]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 75-76.
[22]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 77.
[23]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 96.
[24]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 225.
[25]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 233-234.
[26] SAVIANO,
Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 303.
[27]
VARGAS LLOSA, Mário. “Suicídio político em voga”. O Estado de S. Paulo, 08/02/2012,
pg. A14.
[28][28]
SAVIANO, Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 241-242.
[29] SAVIANO,
Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 247.
[30] SAVIANO,
Roberto. Gomorra. Ob. cit., p. 256.
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