Marco Archer Cardoso Moreira, o brasileiro fuzilado na Indonésia, julgado por tráfico de drogas. |
Algo anda errado
quando a Presidente toma as dores pela execução do traficante
brasileiro, sem que paralelamente o seu governo pareça se incomodar com a
terrível estatística que nos envergonha, de 50 mil cidadãos assassinados
por compatriotas todos os anos. Convenhamos que, no nosso caso, a coisa é pior
do que na Indonésia: pratica o Brasil a “pena de morte” extraoficial contra os
seus cidadãos, imposta pelos marginais ou por forças policiais despreparadas,
que disparam a toque de caixa, como ocorreu na Baixada Fluminense, em 2 de
agosto do ano passado, quando uma patrulha assassinou pelas costas a jovem
Haíssa Vargas Motta, de 22 anos. Sou contra a pena de morte. Acho que esse
instituto legal deve desaparecer da face da Terra. Já temos violência
suficiente com o que se passa nas guerras pelo mundo afora. Mas também sou
contra a dupla moral do governo brasileiro, que toma as dores de um sentenciado
à pena capital em outro país por tráfico de drogas e ignora a sorte de milhares
de cidadãos barbaramente executados, na sua própria pátria, sem culpa provada,
sem direito a defesa e sem juízo.
Os parâmetros
brasileiros de violência são insustentáveis para qualquer país civilizado. O
nosso índice de 24,3 homicídios por 100 mil habitantes (dados de 2012) é
injustificável de todo ponto de vista. Países que sofreram grandes conflitos
como a Espanha, com uma guerra civil que, na década de trinta do século passado,
deixou mais de um milhão de mortos, hoje têm patamares de violência bem menores
do que os nossos. Em 2013, o índice de homicídios por cem mil habitantes na
Espanha foi de 0,64. Enquanto isso, 154 pessoas são assassinadas por dia no
Brasil, sendo que jovens do sexo masculino e negros constituem a maior parte
das vítimas. Entre 2002 e 2012 foram executados na guerra informal brasileira
556.000 cidadãos, cifra muito superior ao total de mortos nos conflitos que
assolam atualmente o mundo. O Brasil é, hoje, em números absolutos, líder
global de assassinatos.
Identifico duas causas
para o grave fenômeno que nos assola: a cultura do Patrimonialismo e a crise de
valores morais em que mergulhou a nossa sociedade.
Quanto à primeira
causa, a mentalidade patrimonialista que privatiza o bem público para poucos,
fez da res publica “coisa nossa”, num
esquema mafioso que faz com que o Estado somente preste serviços aos altos burocratas
e aos políticos, deixando ao relento o resto dos brasileiros, a grande maioria
deles, diga-se de passagem. Lula, Dilma e a cúpula da cleptocracia se tratam no
Hospital Albert Einstein, com tudo a que um cidadão do primeiro mundo tem
direito. Os cidadãos brasileiros, com plano de saúde ou sem ele, morrem na fila
de espera, antes de serem atendidos. O
PT nivelou por baixo a saúde da população, tornando todos os serviços péssimos,
tanto os do SUS quanto os dos planos. O ministro da saúde conseguiu, semana
retrasada, a proeza de debitar na conta do cidadão que paga plano o não
funcionamento dos mesmos.
Quanto à segunda causa, a ladroagem
institucionalizada inspirada na ideologia gramsciana, conseguiu a proeza de
destruir as bases da moral social, atacando os valores que davam sustentação à
nossa sociedade. Longe de ter equacionado a educação para a cidadania, os
petralhas conseguiram derrubar a escala de valores morais em que assentava o
nosso convívio coletivo, suscitando o ódio entre os cidadãos e atacando
instituições tradicionais como a família, a religião e o culto aos heróis da
nossa história, tendo-os substituído por marginais e facínoras, com cujos nomes
são rebatizados pontes, praças, ruas e espaços públicos. Nesse crescendo de
dialética da destruição logo mais sucumbiremos todos, se as coisas continuarem
pelo caminho escolhido pelos arquitetos do caos.
Nesse contexto de anomia e de
demolição axiológica e institucional, torna-se impossível ao nosso país fazer
frente ao terrorismo islâmico, que assoma as garras pelo mundo afora
assassinando uma média de 100 mil cristãos por ano notadamente na África, fuzilando
a queima roupa jornalistas na Europa, tendo iniciado essa guerra (a terceira
conflagração mundial) em 2001, com os ataques de Al-Qaeda aos Estados Unidos.
Somente com um grande esforço dos
cidadãos deste país, o Brasil conseguirá se soerguer dessa vala em que foi
jogado, na última década, pelo populismo irresponsável travestido de salvador
da pátria.
Excelente comentário professor!
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