Chega ao fim de forma um tanto triste esta Copa das Copas da nossa mediocridade, com "Padrão FIFA" de transparência, por conta das gatunagens das empreiteiras Delta e Companhia, que, aliadas ao descaso do Governo Federal e de algumas administrações estaduais e municipais, já estão causando vítimas com a queda de viadutos e por conta também da turminha do "Fofana & Cia", especializada em desviar entradas para os jogos e repassá-los a preço de ouro aos otários e espertinhos pela via de uma equipe bem treinada de cambistas internacionais e tupiniquins.
Pego parcialmente da imprensa internacional o título deste comentário. "Siete goles y un funeral" rezava a manchete de conhecido jornal portenho inspirada no conhecido filme, intitulado: "Quatro casamentos e um funeral" (do diretor britânico Mike Newell, 1994). Prefiro, no entanto, "destino" a "funeral" no título destas linhas, a fim de deixar uma janela aberta por onde possa entrar uma luz de esperança. Inspiro-me, para tanto, em título de um outro clássico do cinema: "Sete homens e um destino" (western do diretor americano William Roberts, 1960).
A participação "meia-sola" da equipe brasileira foi realmente lamentável. Poderia ter sido bem melhor sem a teimosia do Filipão, sem e "generosa" disciplina que concedeu dias livres à equipe enquanto os outros treinavam e sem a campanha midiática da Globo erguida sobre o espírito triunfalista de praxe. Claro que pesou a falta de espírito esportivo do colombiano Zúñiga, que tirou ardilosamente da competição o artilheiro Neymar e que foi absolvido, de forma absurda, pela FIFA, enquanto o atacante mordedor do Uruguai já tinha sido punido com exemplar disciplina. Do ponto de vista das obras de infra-estrutura, as coisas teriam saído bem melhor sem a conhecida corrupção dos políticos e dos empresários por eles cooptados, que poderiam ter trilhado o caminho das obras preparatórias com mais transparência e menor peso para o bolso dos contribuintes.
Pelo menos, aos trancos e barrancos, a infraestrutura aeroportuária e rodoviária funcionou, bem como o trabalho das equipes que organizaram o espetáculo nos vários estádios e a segurança, em que pese a excessiva tolerância com os fornecedores e consumidores de drogas na Vila Madalena, em São Paulo, que protagonizaram, sob o olhar "compreensivo" das autoridades, um verdadeiro feirão do pó, que azucrinou a vida dos moradores desse bairro. O resultado da competição está aí e não adianta chorar sobre o leite derramado. Vamos olhar para frente, sendo a primeira providência tirarmos algumas lições dos fatos.
Primeira lição: é possível ter uma equipe excelentemente treinada, técnica, entroçada, sem um custo extraordinário. Está aí o exemplo da equipe alemã, uma verdadeira máquina de fazer gols sem a catimba sul-americana e respeitando as regras do jogo. Belo espetáculo deu aos torcedores e ao público em geral a turma da Alemanha. E, como rezava cartaz carregado por um torcedor, com um governo que garante aos cidadãos desse país, não só bom futebol, mas também hospitais, escolas, segurança e habitação de primeiro mundo.
Segunda lição: a hospitalidade correu por conta do povo brasileiro, que soube receber os visitantes estrangeiros de braços abertos e com a típica alegria que nos caracteriza perante outras nações. A festa do futebol foi bonita. Fraterno foi o convívio de brasileiros e estrangeiros ao longo destes dias. As ruas foram sendo ornamentadas com símbolos do nosso esporte mor, pelas crianças e pelos jovens que saíram com as suas famílias e bichinhos de estimação de forma entusiasmada e ordeira. Amigos se reuniram, pelo país afora, para assistir juntos às apresentações dos vários times, ao redor de improvisados churrasquinhos e lanches. Foi lindo ver famílias inteiras entrando nos estádios e animando com cantorias e "olés" a nossa seleção, bem como aquelas equipes que foram consideradas mais afins ao nosso jogo. Fantasias originais coloriram o desfile de torcedores na entrada dos estádios e pelas avenidas das nossas cidades. Tudo em ordem e sem depredação do patrimônio público. Os brasileiros conseguimos dar aos nossos visitantes uma prova de civilidade e calor humano. Isso é importante porque forma parte do nosso "soft power", neste contexto instável de uma globalização problemática.
Terceira lição: vamos fazer o dever de casa na campanha que já está rolando para as eleições de outubro, exigindo rigorosa prestação de contas das obras feitas, das não feitas e daquelas que caíram e vitimaram pessoas, por conta da falta de fiscalização, do superfaturamento e das falcatruas de empreiteiras e gestores públicos desonestos. Tudo isso tem de ser cobrado nas próximas semanas. Assim estaremos sedimentando a base para outros empreendimentos de caráter internacional que se avizinham, como as Olimpíadas do Rio.
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