(Artigo escrito em 2005)
A problemática da violência no campo, no Brasil, deve ser enxergada à luz de duas
variáveis presentes na formação social brasileira: a tradição patrimonialista
do Estado e o legado
rousseauniano presente no
messianismo político, introduzido no campo pelos teólogos da libertação e pelos
seus discípulos, os fundadores do Movimento dos Sem-Terra. Ambas as variáveis
se entrecruzam, de forma a dar ensejo a uma complexa realidade, somente
analisável à luz de estudos monográficos, que abarquem os seus vários níveis de
manifestação. Certamente é de todo insuficiente, para a compreensão do
fenômeno, o conjunto de conceitos da sociologia marxista, refém da que
Wanderley Guilherme dos Santos denominava de “matriz ideológica radical”, que
pressupõe que todos os conflitos somente podem ser explicados à luz de um
binômio conceitual previamente selecionado, com exclusão de quaisquer outras
categorias. Esse binômio pode ser o de “campo/cidade”, ou o de
“opressor/oprimido” [cf. Santos, 1978]. Ora, o nosso cientificismo republicano
ancorou definitivamente no segundo, tendo dado ensejo, em não poucos casos,
como Antônio Paim diz (se referindo a conhecido ideólogo do passado regime), a
um “discurso da confusão voluntária” [Paim, 2002a: 134].
O Estado, na tradição
patrimonialista (que está em alta,
nestes tempos de loteamento do espaço público entre clientelas políticas) é gerido
como bem de família. Torna-se presente ali onde convém aos interesses
particulares do estamento governante. Desaparece a idéia de República, como
espaço de todos a ser gerido racionalmente e com vistas ao bem comum. O “bem
público” é o bem do estamento burocrático que domina o Estado. Não é, como na
tradição liberal de Benjamin Constant de Rebecque, aquilo que diz respeito à
preservação dos interesses de todos. Por isso o Estado não se torna presente,
através das suas instituições, em todo o território nacional. Uma das causas da
violência no campo é essa: a ausência do Estado. Na recente onda de crimes que
têm manchado as terras do Pará com o sangue de ativistas e posseiros, uma das
razões da desgraça é essa ausência. O chefe do gabinete de Segurança Institucional
da Presidência da República, general Jorge Armando Félix, dizia isso
recentemente, com as seguintes palavras: “reconheço que é espasmódica a
presença do governo e vamos fazer todo o possível para que não aconteçam
tensões. O governo pretende se estruturar no estado, numa área em que os
governos têm estado ausentes (...). Garanto que viemos para ficar. A lei vai
ser aplicada em locais em que talvez nunca tenha sido (aplicada)” [in: Éboli,
“General diz que governo está no Pará para ficar”, O Globo, 03/03/2005, 14]. É justamente essa não aplicação da lei, em face
dos grileiros e do MST, que tem servido como combustível para a crise. Ao longo
deste trabalho mostraremos de que maneira o Movimento dos Sem-Terra tem-se
aproveitado dessa irresponsabilidade do Estado.
No que tange ao legado
rousseauniano presente no
messianismo político, devemos lembrar, em primeiro lugar, que a
democracia conheceu, na modernidade, duas versões: a unanimista e a consensual.
A primeira foi sistematizada por Jean-Jacques Rousseau e repousa sobre os
seguintes sete princípios: 1) a finalidade da vida em sociedade consiste em
garantir a felicidade dos indivíduos; 2) somente será possível aos indivíduos,
em sociedade, atingirem a felicidade, se renunciarem à defesa dos seus interesses
individuais; 3) como os indivíduos foram tornados egoístas pela sociedade, é
necessário que uma minoria de puros, identificados com o bem público, os submeta a um banho catártico que os limpe das
impurezas do individualismo; 4) a comunidade dos indivíduos despidos dos seus
interesses individuais constitui a vontade
geral; 5) nessa comunidade de homens puros vigora a unanimidade, sendo a
dissidência considerada como um atentado à felicidade geral, devendo ser
rigorosamente eliminada; 6) na organização do Estado deve ser levada em
consideração a busca daquele modelo que melhor garanta a unanimidade; 7) o
modelo de governo ideal para se conseguir a unanimidade é o da democracia
direta, que se exprime de forma plebiscitária [cf.Vélez, 2002: 109-118].
Sabemos, pela
experiência histórica, que o modelo rousseauniano terminou privilegiando
regimes ditatoriais e, no século XX, totalitários. Esse seria o reino da paz perpétua, não no sentido liberal que
Kant lhe deu, mas na acepção literal que o gênio de Könisberg viu inscrita na
porta do cemitério da sua cidade, circunstância que o inspirou, aliás, na
formulação da pergunta de se não haveria outra paz a que os seres humanos
pudéssemos aspirar, diferente da dos túmulos.
A versão consensual
da democracia foi sistematizada pelos pensadores liberais, notadamente Baruch
Espinosa, John Locke, Immanuel Kant, Benjamin Constant de Rebecque, François
Guizot, John Stuart Mill e Alexis de Tocqueville. Os seus princípios são os
seguintes: 1) a finalidade da vida em sociedade consiste em garantir aos
indivíduos o gozo dos seus direitos inalienáveis à vida, à liberdade e às
posses; 2) a partir da realização desses direitos os indivíduos podem
construir, seguindo as suas tendências, o seu projeto de felicidade, não
havendo, para esta, uma fórmula única; 3) o exercício dos direitos inalienáveis
dos indivíduos, em sociedade, traduz-se num aspecto material concreto: a
legitimidade da luta em prol dos próprios interesses, que são essencialmente
diferenciados, sendo necessário respeitar o pluralismo e a tolerância em face
dos interesses dos outros; 4) não há na sociedade interesses individuais
espúrios, sendo o único limite, na defesa dos próprios interesses, o imposto
pelo respeito aos dos outros; 5) na organização do Estado deve ser privilegiado
aquele modelo que melhor se ajustar à representação dos interesses dos
indivíduos, visto que, no mundo moderno, tornou-se praticamente impossível
gerir os negócios públicos mediante a prática da democracia direta em
assembléias; 6) nas sociedades modernas, de massas, a diferenciação de
interesses evidenciou a inevitabilidade do conflito social, que passou a ser
disciplinado superando-se a fase das guerras civis, mediante a prática da
representação e a institucionalização dos partidos políticos; as decisões são
tomadas, no seio da sociedade pluralista, de forma consensual; 7) a vida
política consiste na construção de consensos, que se efetivam mediante a
prática da representação política e , também, mediante a prática da democracia
direta a nível local, sem que esta exclua a representação. Nos últimos dois
séculos aperfeiçoaram-se os mecanismos eleitorais e a técnica parlamentar,
visando a alargar a representação a todos os indivíduos da sociedade e a
garantir a defesa dos interesses das minorias.
O mundo no qual Kant
enxergava a possibilidade da paz perpétua era o da sociedade consensual, que
possibilitasse a defesa dos interesses de todos. Somente haveria, para o
pensador alemão, paz perpétua, quando
imperasse nos diferentes países a República, ou seja, o governo representativo
que respeitasse a liberdade e os interesses de todos os indivíduos, sem
exclusão de ninguém e pondo em prática o imperativo categórico da transparência
[cf. Kant, 1989].
É por todos conhecido o
desfecho que tiveram esses dois modelos no último século: consolidou-se no
leste europeu, no oriente, na África e em alguns países da América Latina, um
modelo de democracia totalitária, de tipo unanimista, com todas as
caraterísticas avassaladoras do indivíduo assinaladas pelo filósofo de Genebra.
Diríamos que a humanidade viveu, entre 1917 e 1989, o século do totalitarismo,
com os milhões de vítimas que causou a intolerância da vontade geral,
posta em mãos de minorias fanáticas. Mas felizmente o modelo consensual
sobreviveu à loucura totalitária, constituindo hoje o ideal que atrai as
atenções em boa parte do mundo. A onda
liberal, que se espraiou pelo globo afora, foi uma das caraterísticas
marcantes na virada do milênio.
O sentido que para a
tradição liberal sempre teve a representação, é o da preservação dos interesses
dos cidadãos. A longa noite do autoritarismo republicano certamente escamoteou
no Brasil a questão, deixando no ar o preconceito contra a representação de
interesses e abrindo a porta para a prática da cooptação, tão do agrado dos
espíritos totalitários. Todos sabemos a que conduziu esse preconceito,
alimentado pelo castilhismo-getulismo: uma elite de burocratas passou a se
considerar representante dos interesses dos cidadãos, dando ensejo a esse
verdadeiro mostrengo que consiste no estatismo patrimonial, segundo o qual a nomenclatura tupiniquim sente-se dona do
país e dirige os destinos da República ao seu bel-prazer, sem prestar contas a
ninguém. Propostas rousseaunianas que desprezam a democracia representativa e
que propõem a substituição dela pelo assembleísmo unanimista, certamente
ajudarão a reforçar, no país, essa tradição patrimonialista.
Ora, no clima de
agitação política que tomou conta do país nos últimos dois anos, juntaram-se as
duas vertentes sociológicas do patrimonialismo e do rousseaunianismo,
como se esta fosse a única maneira válida de se atingir a democracia no Brasil.
O balão de ensaio para essa visão unanimista foi o Estado do Rio Grande do Sul,
onde, no governo Olívio Dutra, o PT colocou em marcha ousada política para
fazer ressuscitar o velho espírito castilhista do Partido único, da repressão
desmedida à oposição, do amordaçamento da imprensa, da politização da Brigada
Militar, enfim, da instauração de um modelo autoritário de República que já parecia
coisa do passado. Convênios foram celebrados com Cuba, lídima representante
continental do totalitarismo, para formar funcionários públicos do governo
gaúcho na prática de táticas de domínio de massas e de amedrontamento, no
terreno da segurança pública. A ascensão do Movimento dos Sem-Terra
beneficiou-se dessa política autoritária, passando os militantes a ter campo
aberto para a prática das invasões, sem que houvesse a adequada repressão à
violação da lei.
É meu propósito
caracterizar o Movimento dos Sem-Terra nesse contexto hodierno do avassalador
crescimento do Estado patrimonial brasileiro. Os líderes do MST agem como se
fossem sobranceiros à lei. Incorporaram o modelo ético totalitário, segundo o
qual os fins justificam os meios. Agir com ideais democráticos torna justo
qualquer meio para atingir os objetivos colimados. É assim como o mencionado
Movimento semeia a instabilidade e o desrespeito às instituições, acobertado
nessa cortina de fumaça de um governo que é meio stablishment, meio
oposição. O governo do PT aplica a mais ortodoxa das legalidades na cobrança de
impostos, na manutenção da política macroeconômica, no pagamento dos juros da
dívida externa, na utilização ad nauseam do expediente das medidas
provisórias, na legítima luta em prol de ver o Brasil representado no Conselho
de Segurança da ONU, etc. Mas, ao mesmo tempo, age com tom de palanque como se
oposição estalinista fosse, apresentando projetos malucos de controle estatal
da mídia e da cultura, desconhecendo os direitos mínimos dos anciões numa
máquina previdenciária injusta que tritura esperanças, fortalecendo a evidente
ilegalidade do MST mediante visitas oficiais às invasões de terras produtivas e
repassando religiosamente generosas verbas que alimentam a beligerância de
militantes que, claramente, optaram pelo desrespeito à lei e às instituições
democráticas.
O Movimento dos
Sem-Terra suscitou, quando do seu surgimento, uma grande onda de esperança pelo
país afora. Por fim aparecia uma organização destinada a dar voz aos que careciam
de representação, na grande malha de interesses clânicos em que terminou se
inviabilizando, em não pouca medida, a nossa vida parlamentar. Ora, era
necessária a criação de um Partido que organizasse politicamente os camponeses
pobres do interior, que ficaram boiando na hinterlândia existente entre as
agroindústrias, no Norte, no Centro-Oeste, no Nordeste, no Sul, no Sudeste
deste imenso país. O repto do MST era grande. Grandes eram também as suas
chances de aglutinar, num agrupamento político de significativa densidade,
esses interesses esquecidos. Mas, com o correr dos anos, a utopia foi-se
esvaindo na prática da malandragem às custas do Tesouro. O MST deixou de ser Mito
e se transformou em prosaica realidade de clientelismo, de violência, de
abafamento da verdade, de desrespeito à lei e aos demais cidadãos. Poderia
ter-se transformado em Realidade renovadora dos nossos costumes republicanos.
Mas não aconteceu esse belo ideal.
Como foi possível
chegar a esse estado de coisas? É o que tentarei explicar, na medida em que for
analisando algumas das características mais marcantes do Movimento dos
Sem-Terra. Desenvolverei os seguintes
itens: I – Origens do Movimento. II – Períodos de desenvolvimento do MST. III –
Modelo estratégico (econômico, político e militar) do Movimento. IV – Modelo
educacional dos Sem-Terra. V – O MST no contexto internacional. VI – Aspectos
jurídicos do MST. Numa última parte deste estudo, à maneira de Considerações
Finais, centrarei a atenção nas alternativas que se desenham para o Brasil
a partir das variáveis estudadas, numa perspectiva estratégica, centrada na
idéia de que o Brasil deve organizar, neste século que se inicia, um Estado
moderno, pluralista e aparelhado com projetos viáveis e democráticos, que
ajudem a torna-lo uma grande Nação.
Os nossos projetos
estratégicos, no ciclo republicano, infelizmente foram pensados no contexto do
autoritarismo tecnocrático, de inspiração comteana e saint-simoniana e de
origem, mais imediatamente, castilhista. Isso aconteceu com o Estado Novo de
Getúlio. Isso afetou, ainda, na segunda parcela do século passado, à proposta
desenvolvida pelo ciclo militar. Regredimos claramente em relação ao que se
tinha conseguido no Império, quando uma elite aberta à ciência e à cultura e
conhecedora do que se passava no resto do mundo, concebeu projetos estratégicos
abertos à defesa da liberdade e da modernidade, como Ubiratan Macedo lembra ao
ensejo do estudo da obra do Visconde do Uruguai [cf. Macedo, 1978: 221-243].
Nunca é tarde para começar. Talvez tenha chegado a hora de dar início à
formulação de um pensamento estratégico de longo curso, que pense o Brasil do
século XXI a partir de uma perspectiva de Estado, abandonando de vez velhos
complexos neocoloniais e patrimonialistas, e deixando para trás os estéreis
radicalismos ideológicos.
I - Origens do Movimento dos Sem-Terra
São nítidas as origens do MST, segundo os seus
historiadores. Elas deitam raízes na pregação dos teólogos da libertação, que
deram ensejo ao surgimento de inúmeras Comunidades Eclesiais de Base, ao longo
do Brasil, no decorrer das décadas de 60 a 80 do século passado. O Movimento
constituiu-se como organização de abrangência nacional em janeiro de 1984, após
o primeiro encontro nacional, em Cascavel, Paraná. O seu centro de atuação foi
a região sul do Brasil. Como frisa Émerson Silva, “a crise da agricultura
familiar no norte do Estado do Rio Grande do Sul provocada pela modernização
agrícola, pela alta densidade demográfica da região e pelas condições culturais
(religião) e políticas (recrudescimento das mobilizações populares),
transformou o Alto Uruguai numa região vital para a organização do MST” [Silva,
2004: 37-38]. Nessa influência religiosa foi de capital importância a releitura
dos textos bíblicos, notadamente do Antigo Testamento, à luz de uma perspectiva
política que privilegiava a ação dos pobres, destacando os ideais de autonomia,
historicidade, democracia, participação e partilha.
Eis a forma em que o
citado autor aglutina esses ideais ao redor do conceito político de direção
coletiva do Movimento: “As influências do ideário do MST não se resumem à
análise de experiências anteriores, mas também à intervenção dos agentes de
pastoral vinculados à Teologia da Libertação. No processo constitutivo do
movimento, valores intrínsecos ao trabalho pastoral da Teologia da Libertação,
como autonomia, sujeito histórico, democracia, participação e partilha, foram
relevantes na formação do movimento. A característica política do MST, que
citamos anteriormente, em grande medida senta raiz na relação de setores da
Igreja Católica e da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB), cuja
práxis foi incentivar a luta à ação dos sem-terra para conquistarem terra no
Estado de origem, não aceitando mais a política de colonização do governo militar
da época. Esse trabalho de evangelização, orientado pelos conceitos de
autonomia e participação política, de auto-organização baseada no Livro
do Êxodo, da Bíblia, e de distribuição em oposição ao de
acumulação, influenciou a composição teórica e organizativa do MST. Expressões
dessa influência são o modelo de movimento de massas, a direção coletiva e o
caráter político” (o destaque no texto é nosso) [Silva, 2004: 130-131].
Modelo de movimento
de massas, direção coletiva, caráter político: eis três elementos
essenciais à configuração do ideário do MST como corolário do messianismo
político da Teologia da Libertação. Messianismo que, certamente, abrange não
apenas a releitura dos textos bíblicos, mas também uma concepção estratégica de
tomada do poder no seio das comunidades camponesas, por parte de ativistas
formados ideologicamente nas teses do marxismo–leninismo. Trata-se de um
messianismo vivenciado no contexto do que se denomina de militância, entendida
como “um engajamento ativo pela efetiva realização dos objetivos implicados
numa causa social, política, religiosa, à qual se aderiu voluntariamente. Ela
é, portanto, uma forma de agir diferente da simples realização de uma
determinada atividade, profissional ou benévola, com horários a cumprir, ainda
que sejam flexíveis, ou com leis trabalhistas a respeitar” [Ferreira, 2001:
65]. Os três itens destacados anteriormente mostram essa presença da ideologia
revolucionária no discurso dos formatadores ideológicos do MST. Após a pregação
dos teólogos e dos seus discípulos os catequistas ou agentes de pastoral,
os camponeses gaúchos já não seriam mais os mesmos.
A eficiência dos novos
pregadores foi grande no esforço em prol de deitar por terra a velha ordem
agrária, alicerçada no respeito à legalidade. A doutrina pregada não foi o
cristianismo tout-court, mas uma versão eclética de um messianismo
político que misturava cristianismo e marxismo. A respeito, frisa Émerson da
Silva: “A ação de agentes de pastoral vinculados à Teologia da Libertação
possibilitou os primeiros instrumentos teóricos para que os indivíduos saíssem
da postura passiva e passassem a organizar o MST” [Silva, 2004: 102]. Facilitou
esse trabalho político-pastoral, o fato de o interior do Estado do Rio Grande
do Sul ser muito rico em vocações sacerdotais. Não são poucos os jovens
camponeses que ali passam pelo Seminário. O próprio João Pedro Stédile
reconhece isto, quando afirma que “a maioria dos militantes mais preparados do
movimento teve uma formação progressista em seminários da Igreja. Essa base
cristã não veio por um viés do catolicismo ou da fraternidade. A contribuição
que a Teologia da Libertação trouxe foi a de ter abertura para várias idéias.
Se tu fizeres uma análise crítica da Teologia da Libertação, ela é uma espécie
de simbiose de várias correntes doutrinárias. Ela mistura o cristianismo com o
marxismo e com o latinoamericanismo” [Stédile / Fernandes, 1999: 59].
É interessante destacar que há uma incoerência no
discurso da liderança do MST. Enquanto que os teólogos da libertação destacavam
que a finalidade das comunidades eclesiais de base consistia fundamentalmente
em propiciar uma nova forma de vivência do cristianismo politizado, mas sem
pretender uma organização centralizada do poder [cf.Boff, 1994: 29; Silva,
2004: 49-50], o que terminou acontecendo, de fato, foi a submissão das
comunidades eclesiais a uma ação centralizada, pensada desde cima pelos
dirigentes do Movimento, afinados com a Comissão de Pastoral da Terra da CNBB,
que passou a agir não propriamente como instância pastoral ou evangelizadora,
mas como partido político para a implantação do socialismo coletivista no
Brasil.
O fenômeno não é novo e
revela que, na estrutura mental dos Teólogos da Libertação, sem bem é certo que
se falasse de formas locais e espontâneas de vivência do cristianismo, os
próprios ativistas cristãos utilizaram uma estratégia de rigoroso centralismo,
semelhante à dos comunistas. Já em 1981 o sacerdote português José Narino de
Campos (ferrenho opositor ao salazarismo), frisava na sua obra intitulada Brasil:
uma Igreja diferente: “A crise da Igreja Católica no
Brasil acompanhou a crise da Igreja no resto do mundo, porém aprofundando-a sob
vários aspectos. A primeira consideração que ocorre ao espírito do observador,
numa visão retrospectiva de vinte anos, é a extrema velocidade com que os
bispos evoluíram neste imenso país, do tradicionalismo que os distinguia para
uma das mais avançadas posições do progressismo cristão. Outra característica
do processo resulta de ter sido comandado, sistemática e firmemente, pelo órgão
superior da hierarquia eclesiástica, a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB). Dominada pelos radicais a complexa estrutura da Conferência,
puderam em poucos anos ser impostos, de cima para baixo, os novos cânones de
comportamento, de um modo que faz muito lembrar a rebelião coletiva do
Episcopado holandês. Existe uma diferença: no Brasil a maior parte dos bispos
não aderiu aos desvios da teologia, mas tornou-se prisioneira e, desejando-o ou
não, conivente da atuação da CNBB. (...) Alguns dos instrumentos mais eficazes
na imposição das mudanças foram as publicações de propriedade da Igreja, a
substituição dos seminários por formas empíricas de formação dos novos padres,
a promoção anual da Campanha da Fraternidade, os retiros e cursos de
espiritualidade, o sentido de confronto dado às relações da Igreja com o poder
civil, a deformação da liturgia e da educação nos colégios católicos,
destinados em geral às classes ricas, etc.” [Campos, 1981: 3-4].
Em outros termos: um
eficiente aparelho (no mais puro sentido leninista) apoderou-se da
administração da CNBB e enquadrou sem escrúpulos todo mundo, na opção de
cristianismo politizado que interessava a eles, embora essa não fosse a escolha
pessoal da maioria. Este fenômeno foi, aliás, sob diversos matizes, elemento
predominante na radicalização dos cristãos latino-americanos nos movimentos de
ação católica (JUC, JEC, JOC), muitos dos quais terminaram descambando na opção
guerrilheira que tanto sangue fez verter ao longo do nosso Continente, graças à
ação eficiente de lideranças radicais, sobretudo sacerdotes que estudaram em
centros europeus como Louvain.
Mas voltemos à ação do Movimento dos Sem-Terra. A
centralização imposta ao MST pelos seus dirigentes, em acordo com a Comissão de
Pastoral da Terra da CNBB possibilitou que, já no governo Lula, o Movimento
indicasse como Ministro do Desenvolvimento Agrário um ativista vinculado à ação
das comunidades eclesiais de base no Rio Grande do Sul (Miguel Rossetto). A
opção coletivista que terminou assumindo o MST levou importantes estudiosos a
concluírem que “esta proposta, transformada em diretriz oficial a partir de
1988, entrou em conflito com a realidade da produção agrícola e suas
particularidades, com as características socioculturais dos assentados, com a
dinâmica própria da vida rural e, também, com as dificuldades macroeconômicas
impostas à atividade produtiva agropecuária” na década de noventa do século
passado [Navarro/Moraes/Menezes, 1999: 51].
Em que pese esse
processo de centralização, as comunidades eclesiais de base continuam sendo as
células inspiradoras da ação revolucionária do MST. A respeito deste ponto,
frisa Émerson da Silva: “O MST foi gestado a partir da conscientização política
promovida pelas Comunidades Eclesiais de Base e grupos da Pastoral da Terra.
Percebem-se, ainda hoje, na organização do movimento, elementos teóricos e
objetivos identificados com a Teologia da Libertação, como, por exemplo, a
democracia direta e a participação autônoma dos militantes. (...) A formação do
MST, a partir do diálogo com a Igreja progressista, desenvolveu dois princípios
organizativos: a ampla participação do militante na estrutura do movimento e a
heterodoxia teórica, ou seja, o estudo da cultura popular, da realidade social
e econômica como ponto de partida para a elaboração teórica” [Silva, 2004:
49-50].
Papel importante no
trabalho ideológico desenvolvido pelas comunidades eclesiais de base no seio do
MST, corresponde à denominada “mística” do Movimento. Uma ação de caráter
revolucionário, a ocupação de uma fazenda, por exemplo, é precedida de um
período de preparação doutrinária, em que a leitura de textos bíblicos
interpretados pelos pregadores é fundamental. Desenvolve-se assim uma espécie
de “liturgia revolucionária”, que não é nova, pois já tinha sido posta em
prática pelos movimentos guerrilheiros nos países andinos, no decorrer das
décadas de 60 e 70 do século passado, com sacerdotes oficiando “missas
revolucionárias” antes do empreendimento de ações armadas (como acontecia, por exemplo,
no Exército de Liberação Nacional da Colômbia, chefiado pelo padre-guerrilheiro
Manuel Pérez). No caso do MST, ouçamos o seguinte testemunho: “Para ocuparem a
fazenda Bacaraí (Rio Grande do Sul), em 1989, os sem-terra realizaram um
período de preparação no ano anterior. Por meio do diálogo com agentes de
pastoral vinculados com a Teologia da Libertação e com representantes do MST,
optaram por organizar-se para conquistar a terra. O contato inicial com o
movimento ocorreu em meio ao contexto histórico de ascensão dos movimentos
sociais, sobretudo do próprio MST, no final da década de 1980” [Silva, 2004:
106].
A “mística”, para o
MST, tem o caráter de amálgama subjetiva do Movimento para a realização das
suas ações transformadoras da realidade. Novos missionários do cristianismo
politizado pela Teologia da Libertação, os líderes das comunidades entram numa
espécie de transe místico, que lhes dá coragem para as novas ações e que eles
repassam para os seus subordinados. Algo semelhante ao que acontece nas madrassas
muçulmanas no Oriente Médio e no Paquistão, onde a pregação radical dos
Mulás antecede às ações terroristas dos militantes suicidas, como foi destacado
por Naipaul na sua obra Entre os fiéis.
Surge, ao ensejo dessa
“espiritualização revolucionária”, uma nova liturgia em que os paramentos são
as roupagens do camponês militante, ou os utensílios do trabalho agrícola. Eis
o testemunho de um estudioso em relação a este ponto: “Outro elemento presente
no MST, decorrente da Teologia da Libertação, é o da mística. Para os agentes
de pastoral identificados com a Teologia da Libertação, mística é sinônimo de
mistério, daquilo que é revelado por intermédio da simbologia e que permite a
identificação do indivíduo com o grupo (...). O MST realiza a mística para
promover a identificação ideológica e cultural dos sem-terra. Nesse processo, a
simbologia (danças, dramatização, cantos, rituais) representa aquilo que não é
expresso corriqueiramente pelo diálogo verbal. O sentimento de crença na
mudança da sociedade é socializado pela totalidade do grupo, (pelo) movimento,
por meio de símbolos-sínteses, como uma música que fale da luta histórica do
camponês, como as ferramentas de trabalho do camponês, ou por uma dramatização
que remonta a uma passagem histórica do grupo ou de uma liderança relevante
para o MST, como Paulo Freire ou Che Guevara. A mística, para o MST, é uma
prática social que possibilita a unidade interna e é inovadora na sociedade
brasileira. Acreditamos que o movimento adaptou a mística desenvolvida pelos
agentes de pastoral à sua necessidade de expandir a capacidade de mobilização
da militância para dar conta dos desafios enfrentados pelo MST” [Silva, 2004:
52].
Já o Che Guevara tinha
dado à empresa revolucionária esse caráter de cruzada mística. É famoso o texto
do ativista argentino, em que ele compara a luta armada para implantar o
comunismo a um martírio consciente. Esse chamado revolucionário considerava o
Che, deveria ser dirigido, sobretudo, à juventude. Eis as suas palavras: “Nós,
os socialistas, somos mais livres porque somos mais plenos; somos mais plenos
pelo fato de sermos mais livres. O esqueleto da nossa liberdade completa está
formado, falta a substância protéica e a roupagem; criá-los-emos. A nossa
liberdade e o seu fundamento cotidiano têm cor de sangue e estão cheios de
sacrifício. O nosso sacrifício é consciente: quota para pagar a liberdade que
construímos. O caminho é longo e desconhecido em parte: conhecemos as nossas
limitações. Faremos o homem do século XXI: nós mesmos. Forjar-nos-emos na ação
cotidiana, criando um homem novo com uma nova técnica. A personalidade joga o
papel de mobilização e direção, enquanto encarna as mais altas virtudes e
aspirações do povo e não se afasta do caminho. Quem abre o caminho é o grupo de
vanguarda, os melhores entre os bons, o Partido. A argila fundamental da nossa
obra é a juventude: nela depositamos a nossa esperança e a preparamos para
tomar das nossas mãos a bandeira. Se esta carta balbuciante aclara alguma
coisa, cumpriu o objetivo com que a envio. Receba a nossa saudação ritual, como
um aperto de mãos ou um Ave Maria Puríssima. Pátria ou morte” [Guevara,
1977: II, 383-384].
A “mística” do MST tem
a sua história, uma espécie de “saga libertadora”, que o faz entroncar com
outros movimentos messiânicos já vivenciados por grupos radicais, que lutaram
pela terra na história brasileira. “O MST, frisa Emerson Silva, identifica-se
com a história do messianismo, (do) cangaço e das ligas camponesas. Conforme o
olhar do movimento sobre a história social do Brasil, o MST classifica as
disputas de terras no período de 1888 a 1964 em três tipos: as lutas
messiânicas, que se deram entre 1888 e a década de 1930; as lutas radicais
localizadas e espontâneas, entre 1930 e 1954; e as lutas organizadas, com caráter
ideológico e de alcance nacional, entre 1950 e 1964. Este último nível de
organização foi representado pelas Ligas Camponesas, pelo Movimento dos
Agricultores Sem-Terra (MASTER) e pela União dos Lavradores e Trabalhadores
Agrícolas (ULTRAB). E o MST considera-se herdeiro direto das Ligas Camponesas”
[Silva, 2004: 54]. Essa saga libertadora não se circunscreve, contudo, ao
Brasil. A Mística dos Sem-Terra vincula-se, ultrapassando o espaço e o tempo, à
mística que animou, no século passado, aos cristãos pelo socialismo, que
lutaram nos países hispano-americanos, notadamente no Chile, para implantar o
regime coletivista na sua pátria [cf. Torres, 2001: 64].
Qual era o principal
objetivo prático a ser atingido com essa “mística”? Ou, em termos mais especializados,
seguindo a linguagem dos historiadores do MST, qual “a alteração subjetiva do
ideário dos sem-terra” a ser atingida? O objetivo era claro: passar a entender
a subordinação econômica como fruto da lógica da injustiça social. A
perspectiva da visão imobilista tradicional “relativa à acumulação foi
transferida para uma nova dinâmica que mobilizou os sem-terra: a distribuição”
[Silva, 2004: 51]. Poder-se-ia explicitar esse processo da seguinte forma: “A
Igreja começa a trabalhar o problema não na perspectiva da acumulação, mas na
perspectiva da distribuição. É isso que vai marcar toda a posição dela até
hoje, trabalhar com a idéia do pobre e da pobreza, e não com a idéia da
acumulação” [Martins, 1985: 119].
II - Períodos de desenvolvimento do Movimento dos Sem-Terra
Os estudiosos identificam cinco períodos na evolução
do MST. Os limites entre eles estão fixados pelas alterações no ideário
político do Movimento. Acompanhemos a caracterização de cada uma dessas etapas.
1) O primeiro período
corresponde à retomada das mobilizações pela terra em 1979. Os
trabalhadores rurais sem-terra tornaram-se conscientes de que deveriam
empreender caminho diferente ao escolhido pelos militares no Estatuto da
Terra. Os planos de colonização propostos pelo governo deveriam ser
rejeitados, pois tinham como finalidade desmobilizar o campesinato,
integrando-o passivamente, à maneira getuliana, ao sistema produtivo
capitalista. Nesta primeira etapa de denúncia e de rejeição ao modelo
tecnocrático-militar, foi de grande valor a pregação dos teólogos da libertação
e de seus auxiliares. “Eles difundiram valores tais como comunitarismo, sujeito
histórico, autonomia, que foram ressignificados pela cultura e experiência
histórica dos sem-terra, promovendo, dessa forma, a criação da subjetividade
necessária para o desenvolvimento do MST” [Silva, 2004: 65]. Ou, como frisa
João Pedro Stédile, “o trabalho da Igreja foi fundamental para despertar uma
nova consciência nos camponeses. Talvez não foi tanto uma consciência de classe
no sentido marxista, mas a consciência da necessidade de se organizar”
[Stédile, 2001: 111].
Este primeiro período é
marcado, de acordo com os historiadores do Movimento, pela retomada de um ideal
antigo, acalentado pelas Ligas Camponesas: a Reforma Agrária como meio para
acabar com o monopólio estabelecido pela classe dominante. A respeito, escreve
conhecida historiadora: “O receio da reforma agrária proposta por João Goulart,
sob a pressão das massas populares, gerou o golpe de Estado urdido pela classe
dominante e assumido pelos militares. O MST foi buscar a ponta do novelo que
ficou perdida desde o aniquilamento das Ligas Camponesas pelos militares em
1964 (...), principalmente porque defendiam uma reforma agrária, para acabar
com o monopólio da terra pela classe dominante” [Morissawa, 2001: 120]. O MST
tomaria emprestados aos movimentos populares pela terra anteriores a 1964,
alguns elementos que são assim elencados por um dos estudiosos: “A experiência
dos camponeses, positiva ou negativa, ocorrida no período pré-64, não determina
diretamente a constituição do MST, mas alguns elementos são pinçados e
ressignificados pelos sem-terra, tais como: ocupação como meio de luta e
dependência política do Estado (Movimento dos Agricultores Sem-Terra – MASTER),
radicalidade da proposta de reforma agrária, massificação da mobilização,
direção centralizada por pessoas estranhas ao meio camponês (Ligas
Camponesas)” [Silva, 2004: 57-58]. Um pouco mais adiante, ao tratarmos do
modelo econômico-político dos Sem-Terra, desenvolveremos mais as implicações
práticas desses empréstimos doutrinários.
2) O segundo período
corresponde à unificação das lutas e surgimento do MST, nos anos 1984-1985. Os
sem-terra e trabalhadores rurais chegaram à conclusão de que era necessário
conferir à luta pela terra uma organização coletiva. Isso se deu no I Encontro
Nacional do MST, realizado em Cascavel, Paraná, em janeiro de 1984. A propósito
disto, frisa Emerson da Silva: “O surgimento do MST é síntese do processo de
lutas locais dos camponeses e trabalhadores rurais, cuja organização nacional
surgiu a partir da generalização do conflito pela terra no Brasil e da
necessidade de aglutinar forças para disputar com o Estado uma política agrária
alternativa (àquela) que estava sendo aplicada pelos militares” [Silva, 2004:
66].
3) O terceiro período
caracteriza-se pela consolidação dos assentamentos e pela organização da
produção por parte do MST, entre 1986 e 1988. O dilema enfrentado nesta
etapa foi o de se deveriam sair do Movimento aqueles camponeses que tivessem
conquistado a posse da terra. Foi elaborada, então, pelos diretores do MST, uma
noção ampla do que seria um “sem-terra”. Este consistiria, fundamentalmente,
num militante a serviço incondicional do Movimento. (Isto explica, aliás, o
estranho fenômeno de militantes urbanos do MST, que pernoitam nas
cidades, mas que, durante o dia, fazem uma pontinha no assentamento a eles
assinalado). Ficou claro que os assentamentos não visavam apenas à produção a
partir da posse da terra, mas a garantir a permanência de um movimento
revolucionário no campo. A luta pela reforma agrária, segundo o MST, contempla
a diuturna mobilização dos assentados, a fim de continuar lutando em prol da
formulação e realização de políticas públicas que garantam a permanência dos
Sem-Terra nas propriedades invadidas [cf. Stédile, 2001c: 112].
4) O quarto período é o
da crise na produção, da repressão política e da “síntese produtiva”, entre
1989 e 1994. Os ativistas do MST chegaram à conclusão de que manter um
modelo de agricultura familiar, de subsistência, não era suficiente. Tornava-se
necessário integrar a agricultura familiar dos assentamentos ao mercado, mas
evitando que surgisse, neles, a livre iniciativa capaz de fazer deslanchar uma
produtividade não controlada pelo Movimento. Para manter o trabalho dos
assentados numa dimensão coletivista que possibilitasse, além de comercializar
produtos para subsistir, manter a sua permanente mobilização, foi criado o
Sistema Cooperativista dos Assentamentos – SCA. Com a finalidade de fazer frente
à repressão política do governo federal, que passou a “criminalizar” as
invasões de terras, foi deflagrado amplo processo de formação de lideranças
cooperativistas, mediante a instauração do Curso Técnico em Administração de
Cooperativas (TAC), cujo centro irradiador foi a Escola José de Castro, em
Veranópolis (Rio Grande do Sul).
5) O quinto período é o
de superação dos efeitos do neoliberalismo, entre 1994 e 2005, e de
tentativa de implantação, no país, de um modelo de socialismo coletivista.
Em face da política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso, que deu
continuidade à implantação do denominado “programa neoliberal no país” e no
qual a agricultura brasileira modernizou o padrão tecnológico da agroindústria,
provocando – no sentido dos analistas do Movimento - o desemprego e aumentando
o poder de latifundiários e de empresas agropecuárias, notadamente as
estrangeiras, o MST partiu para a mobilização nacional tendo realizado, em
1997, a Marcha Nacional por Terra com destino à Brasília, que durou dois meses.
Além disso, o Movimento vestiu a camisa de luta de caráter internacional pela
reforma agrária e inseriu-se na Via Campesina (de que trataremos mais
adiante). O balanço das atividades revolucionárias do MST no período apontado é
assim sintetizado em documento da Pastoral da Terra: os conflitos agrários
tiveram um aumento considerável (no período 1995-1999). Em 1995, foram
registradas 146 ocupações de terras no Brasil, ao passo que, em 1998, esse
número subiu para 599 ocupações [CPT, 1999: 21].
III - Modelo estratégico (econômico-político-militar) do Movimento dos
Sem-Terra
Sobre o pano
de fundo ideológico acima descrito, os teóricos do MST desenvolveram um modelo
estratégico de índole coletivista (com ênfase nos aspectos econômico e político),
que visa à tomada do poder para transformar radicalmente a sociedade
brasileira. As características marcantes desse modelo são as seguintes:
1) O
modelo obedece a uma síntese heterodoxa de idéias, caracterizada por um
discurso que mistura, numa espécie de caldo ideológico denominado de ecletismo
teórico, conceitos provenientes do marxismo-leninismo, do maoísmo,
da Teologia da Libertação, da pedagogia de Paulo Freire, da teoria política de
Gramsci, da mística New Age, da reflexão sobre a realidade histórica
brasileira, etc. Em que pese isto, estudiosos simpáticos ao movimento frisam
que “não se importaram modelos externos e estabeleceu-se um diálogo reflexivo
com a objetividade histórica” [Silva, 2004: 71].
É bem
verdade que, além das influências ideológicas apontadas, os teóricos do
Movimento privilegiam aqueles autores que, do ângulo marxista ou dos interesses
das lutas populares, se debruçaram sobre a questão agrária na América Latina. A
respeito, frisa Emerson Silva: “O MST tem como referência algumas experiências
históricas e intelectuais da questão agrária na América Latina, tais como José
Martí, Caio Prado Júnior, Che Guevara, a Revolução Cubana e as Ligas
Camponesas. A identificação do MST com a cultura insurgente do campesinato
latino-americano é consubstanciada, sobretudo, na constituição teórica do MST,
cujo caráter criativo, não ortodoxo e adequado à realidade nacional está em
harmonia com a tradição de lutas sociais agrárias, que recusa a importação de
esquemas teóricos estranhos à realidade, tal como a reflexão de José Martí em Nossa
América ou Caio Prado Júnior na Revolução Brasileira”
[Silva, 2004: 129].
2) O
modelo é definido como “uma estratégia de resistência ao capitalismo”, com
dois objetivos econômicos: a) democratização do uso da terra, modernização e
implantação definitiva da agricultura familiar, como alternativa para a
agricultura vinculada ao grande capital, que deve ser combatida; b) a
manutenção do sem-terra no campo, mediante trabalhos que lhe garantam a
sobrevivência, de forma a torná-lo independente do grande capital.
A
finalidade do MST não é, com certeza, a Reforma Agrária. Alude-se a esta como
meio para efetivar a mobilização dos camponeses. Mas uma Reforma Agrária
voltada para a produção capitalista, é simplesmente descartada. A finalidade
buscada é a resistência ao capitalismo atrás apontada. É o que fica claro no
seguinte texto de um dos historiadores do Movimento: “De fato, durante algum
tempo, no governo, acreditava-se que assentando as famílias acampadas, o
problema dos sem-terra estaria resolvido. Que as famílias que pleiteavam terra
são somente as que estão acampadas. E que, afinal, não existiria tanto
sem-terra. Todavia, o problema não se resolvia, mas se multiplicava. E isso
acontece pelo fato de o assentamento não ser o fim da luta, mas sim o
território de início de novas lutas, e porque pelas experiências históricas e
(pela) consciência política, os sem-terra sabem que só colherão o que
plantarem” [Fernandes, 2001: 42].
Manifestação
importante da luta contra a Reforma Agrária capitalista consiste na sistemática
ocupação de terras, não apenas de latifúndios improdutivos, mas também daqueles
que, embora produtivos, estejam, no sentir dos ativistas do MST, a serviço das
classes dominantes e do capitalismo internacional. A sistemática ocupação de
terras, antes de qualquer outra medida, essa foi uma das heranças que o MST
tomou dos movimentos contestatórios anteriores a 1964, como o MASTER (Movimento
dos Agricultores Sem-Terra) e as Ligas Camponesas. O que se vê neste ponto é um
enorme preconceito contra a iniciativa privada, a empresa capitalista e o
enriquecimento daí decorrente. Certamente, são aspectos que o MST herda da
antiga tradição contra-reformista, tão presente na nossa cultura.
Somente
poderá se falar em Reforma Agrária quando tiver sido implantado no Brasil o
modelo de socialismo marxista apregoado pelos teólogos da libertação. O
Movimento dos Sem-Terra adotou esse pressuposto na sua proposta política. As mudanças
estruturais que conduzirão à implantação do coletivismo agrário constituem
a condição sine qua non da ação política do Movimento. “O MST, frisa
Emerson Silva, caracteriza-se por propor mudanças estruturais na sociedade
brasileira como única forma de efetivação da reforma agrária e justiça social
para todos os segmentos subalternos, tanto da cidade como do campo, pois o
diálogo conflituoso do MST com o Estado corporifica a estratégia política do
movimento” [Silva, 2004: 130]. É da mesma inspiração o teor das seguintes
palavras de um documento oficial do MST, que apregoa uma Reforma Agrária que
substitua a atual estrutura capitalista por uma sociedade igualitária e
socialista: “Essa proposta de reforma agrária se insere como parte dos anseios
da classe trabalhadora brasileira de construir uma nova sociedade: igualitária
e socialista. Desta forma, as propostas de medidas necessárias fazem parte de
um amplo processo de mudanças na sociedade e, fundamentalmente, de alteração da
atual estrutura capitalista de organização da produção” [MST, 1998: 19].
Como o
capitalismo da agroindústria se materializou, na economia brasileira, no modelo
agroexportador que possibilita ao governo negociar a dívida externa mediante a
geração de superávits primários na economia, torna-se imperativo para o MST
lutar frontalmente contra o agronegócio, que estaria vinculado exclusivamente
ao benefício do latifúndio e das multinacionais. Nessa contestação, vale a
prática da democracia direta plebiscitária, tão do agrado, aliás, dos
ditadores. A democracia representativa simplesmente é ignorada. O Movimento,
vale a pena lembrar, colaborou estreitamente com a CNBB e com outros
organismos, na realização, em 2001, do Plebiscito Nacional da Dívida Externa,
bem como na programação, no ano seguinte, do Plebiscito Nacional da Área de
Livre Comércio das Américas. Nessas iniciativas destinadas a enfraquecer, no
Brasil, o agronegócio, a fomentar o isolacionismo em relação à Alca e a
estimular o calote internacional, o MST ganhou o apoio de entidades
internacionais. No caso específico das manifestações contra a Alca, um
representante da Christian Aid (agência britânica ligada ao Ministério
de Desenvolvimento e Relações Internacionais, o antigo Gabinete Colonial)
participou dos trabalhos do Tribunal da Dívida Externa, organizado pela CNBB e
o MST. Além disso, em outubro de 1997, o viceministro George Fowles recebeu em
Londres, com apoio dessa entidade, a visita de um dos principais líderes do
MST, Delwek Matheus. A supracitada entidade organizou, de outro lado, a viagem
de Deolinda Alves de Souza, esposa de José Rainha, pelas principais capitais da
Europa [cf. MSIA, 1999: 8-10].
A
adoção, pelos militantes do MST, da agricultura ecológica não corresponde
propriamente a um critério para tornar lucrativa a produção dos assentamentos,
melhorando a sua competitividade. O cerne desta opção é a contraposição ao
sistema perverso do capitalismo, como se houvesse alternativas produtivas
não-capitalistas, ou como se todas as formas de produção capitalista estivessem
a priori comprometidas com a destruição da natureza. Contestação,
essa é a palavra de ordem. A respeito, frisa Emerson Silva: “A ação política
que representa a organização da produção e do trabalho em torno do cultivo
ecológico estabelece um modelo alternativo ao capitalista, no qual a
agricultura está direcionada à acumulação de capital das corporações
industriais do ramo de máquinas, agrotóxicos e fertilizantes químicos. (...) A
disputa pela manutenção econômica dos assentados não pode estar dissociada da
contestação das estruturas sociais” [Silva, 2004: 118].
As
políticas públicas dos últimos governos, incluindo a segunda administração de
Fernando Henrique Cardoso, só serviram – no sentir dos teóricos do MST - para
aumentar a concentração da riqueza e beneficiar a minoria dos que sempre se
enriqueceram, as denominadas classes dominantes. “Nas últimas décadas, frisa
documento do MST, as classes dominantes e seus governos aplicaram uma política
econômica para a agricultura na busca permanente de quatro objetivos básicos:
a) produzir para exportar; b) produzir para o mercado interno a preços baixos,
com a finalidade de manter baixo o custo da reprodução da força de trabalho
(...), c) liberar mão de obra no campo
para a cidade como pressão para baixar os salários; d) produzir matérias-primas
baratas para a indústria” [MST, 1995: 6]. Convenhamos que tal caracterização,
além de simplória, é falaciosa. Nem uma palavra se diz da política de
assentamentos deflagrada pelos dois governos do PSDB. De outro lado, produzir
para exportar não é nenhum crime econômico, muito pelo contrário, é a condição
básica para gerar divisas, a fim de melhorar a situação das contas públicas e
poder investir nas áreas essenciais da saúde e da educação.
3) O
meio através do qual são conseguidos os dois objetivos mencionados, consiste na
efetivação do cooperativismo coletivista de inspiração maoísta. Esta forma
de associação é assim caracterizada: “um cooperativismo alternativo ao modelo
econômico capitalista, demonstrando para a sociedade que é possível organizar a
economia sobre outras bases e valores” [Silva, 2004: 62]. Tal modelo deve
produzir dois efeitos correlatos: em primeiro lugar, educação coletivista dos
produtores para que abandonem qualquer veleidade individualista e, em segundo
lugar, capacidade para liberar lideranças para atuar no movimento. Decorre
desse modelo cooperativo maoísta o fortalecimento do movimento. A propósito,
frisa documento oficial do MST: “Esse paradigma produtivo privilegiava o
trabalho coletivo. Os sem-terra que trabalhavam de forma individual serão
incorporados, em grande parte, a partir da maturação desse modelo. Na primeira
metade da década de 1990, ocorreu um período de crise das cooperativas
implantadas. Como síntese desse processo, a cooperação agrícola passou a
contemplar os assentados por meio do mutirão e da troca de serviço, dos grupos
semicoletivos, das associações, dos grupos de trabalho coletivos” [MST, 1997:
29-30].
4) O
modelo pressupõe, nos terrenos político e do planejamento econômico, o velho
“centralismo democrático”, ao qual foi se chegando – segundo os analistas
do MST - através das contradições sofridas pelas várias cooperativas isoladas,
até que estas descobriram que somente na cooperação coletivista de todos era
possível superar as contradições econômicas. O termo coletivo tem o sentido de
identificar grupos de assentados que abandonaram uma cooperativa fechada e
estabeleceram, com outras cooperativas, uma relação de produção cooperada ou de
massas. Quem exerce, em última instância, o controle sobre o planejamento
econômico das várias cooperativas integradas ao MST? Embora se fale em
“participação de todos”, é claro que há uma elite burocrático-técnica que
define políticas e assinala metas estratégicas. É isso que Zander Navarro
identifica como “princípios coletivistas”, que dominam ao MST. Para este
analista, “aos poucos o MST centralizou suas decisões (...) tornando-se menos
democrático e aberto à participação de seus aderentes (...). Tornou-se,
portanto, nos anos recentes, um movimento de quadros, em consonância com o
manual leninista” [Navarro, 1996: 90].
Trata-se,
portanto, de um movimento de massas administrado ferreamente à luz de
princípios coletivistas. Que o MST responde a essa estrutura, ninguém oculta.
Não se submete nem a um sindicato, nem a uma igreja. Surgido ao ensejo da pregação
da Teologia da Libertação, o Movimento é autonomamente dirigido, de maneira
leninista, pelos seus quadros. O seguinte trecho, de João Pedro Stédile e de
Bernardo Mançano Fernandes, deixa claro esse caráter autônomo do Movimento: “O
I Encontro Nacional do MST foi realmente fundamental porque definiu a concepção
do movimento. Majoritariamente, acreditávamos que um movimento de luta pela
terra, pela reforma agrária, só daria certo se fosse um movimento de massas.
Não poderia ser nem um movimento de sindicato nem de Igreja. Por último,
adotou-se a concepção de que o movimento deveria ser independente, manter sua
autonomia” [Stédile/ Fernandes, 1999: 50]. Mas, trata-se de uma autonomia
rigorosamente controlada pelos dirigentes do MST, que exercem sobre o Movimento
uma direção coletiva. Tudo, desde o acampamento até a organização
nacional, gira em torno de comissões. Mas estas devem obedecer ao que for
determinado pelas comissões superiores, a nível estadual e a nível nacional. No
topo da pirâmide, há uma direção nacional de 21 membros, que é a que dita as
normas fundamentais [cf. Stédile, 2001c: 122].
5) Os
ideólogos do MST ressuscitaram o velho modelo pombalino do Estado Empresário. Em
decorrência do fato de o capital, o mercado e o lucro terem sido banidos do
modelo coletivista apontado, o resultado econômico não poderia ser outro: a
falência dos assentamentos. Para equacionar este problema, o Estado-Empresário
garante a sobrevivência dos mesmos mediante a generosa distribuição, aos
militantes, de auxílios e incentivos. O Movimento aproxima-se, assim, do modelo
econômico defendido pelo PT antes do processo eleitoral de 2003 [Cf. Paim,
“Ainda o socialismo petista”. In: Jornal da Tarde. 21/02/1994]. O
raciocínio é o seguinte: contra a agroindústria poluidora (que deve ser
esfacelada), fortaleça-se a agricultura ecológica familiar financiada pelo
Estado. Para que isto se torne possível, é necessário que o Movimento dos
Sem-Terra esteja sempre em atitude de luta, constantemente mobilizado em
contínuas ações de agitação e de ocupação de terras. Garantir a presença do MST
na mídia, na internet e demais instrumentos hodiernos de comunicação, é
fundamental.
O que
se tem visto nos últimos anos comprova realmente essa estratégia. Maciços e
barulhentos movimentos de agitação no campo e nas cidades (“Abril Vermelho” e
outros), acuam o governo federal que, para evitar maiores problemas e não ser
alcunhado de neoliberal, termina transferindo vultuosas somas do orçamento da
agricultura familiar para o Movimento dos Sem-Terra. Isso aconteceu no segundo
governo de Fernando Henrique Cardoso e acontece mais explicitamente agora,
incluindo visitas presidenciais e dos ministros de Estado aos assentamentos que
invadiram terras produtivas. Recente levantamento feito pela revista Veja
mostrou que o Governo do PT já pagou 22 milhões de reais, pelo menos,
para três cooperativas de assessoria técnica e educacional ligadas ao MST e
investigadas por suspeita de desvio de dinheiro para financiar invasões. Foram
pagos, também, 7,2 milhões de reais para “programas de alfabetização” de
assentados ou acampados que, na prática, “são cursos de doutrinação” do
Movimento. Foram repassados, pelo Ministério da Educação, 300 mil reais para a
expansão da Escola Nacional Florestan Fernandes, a universidade do MST,
que tem como finalidade, segundo um dos dirigentes do Movimento, “formar
quadros para ocupar terras” [Rizek, 2005: 43].
Existe
uma paradoxal coincidência entre o repasse de verbas oficiais às cooperativas
do MST sob suspeita de desvio de dinheiro e o aumento do número de invasões a
propriedades: em 2001 foram repassados ao Movimento 2,3 milhões de reais e o
número de invasões foi de 158; em 2002 o repasse caiu um pouco, para 1,8 milhão
de reais e as invasões também caíram para 103; já em 2003, os repasses
aumentaram para 7,3 milhões e as invasões, paradoxalmente, cresceram para 222;
em 2004, para 11,2 milhões de reais recebidos pelas cooperativas, as invasões
pularam para 327. Para facilitar as coisas, o MST plantou os seus
representantes no próprio coração do Estado. Dos 29 superintendentes do Incra
(que tem como função mediar nos conflitos agrários) 12 são ativistas
diretamente ligados ao Movimento, ou simpatizantes dele [cf. Rizek, 2005:
43-44]. Estes dados revelam o funcionamento do mecanismo que apontávamos acima:
agitação e invasões do MST, seguidas de repasse de verbas oficiais. Tudo
facilitado pela privatização patrimonialista do Estado pela corporação dos
militantes.
Esta é
uma variante do que as FARC praticam na Colômbia, onde vige o denominado clientelismo
armado. Para os guerrilheiros não bombardearem a cidade escolhida como
objeto da chantagem, o município deve aprovar o repasse do 10% do orçamento à
organização guerrilheira [cf. López/Rodríguez/Lesmes, 1992: 26-32]. Versão
primorosa desse clientelismo “na marra”, decorrente da ocupação ilegal
de terras ou prédios públicos pelos militantes, foi dada por José Rainha
Júnior, em entrevista dada aos jornalistas Daniel Hessel Teich e José Luiz
Longo: “Nossa tática é a mesma: ocupar. Como você acha que saiu essa verba do
Procera? Quando nós ocupamos a agência do Banco do Brasil de Teodoro Sampaio e
ocupamos a sede regional de Presidente Prudente. O dinheiro saiu em prazo
recorde. O Estado é obrigado a nos dar esse incentivo, e ele vai ter que fazer
isso, vai ter que construir casa para a gente, sim. Não adianta vir e falar que
não tem dinheiro. Olha para a minha cara e vê se eu pareço um burro. Não pareço
e não sou. Tenho pouca instrução, mas sei o que quero e sei o que acontece
neste país” [Teich/Longo, “Conquistamos a atenção do país”. In: O Globo, 15/10/1995].
É
evidente que a prática desse populismo agrário, de distributivismo
irresponsável, tem trazido sérios entraves ao desenvolvimento agrícola do país.
Roberto Campos, uma das vozes mais lúcidas do Brasil nas últimas décadas do
século passado, afirmava em 1998: “Como fui o principal articulador do Estatuto
da Terra, proclamado pelo governo Castelo Branco, no período 1964-67,
considero-me com autoridade para falar sobre reforma agrária. Assente sobre o
tripé da tributação progressiva sobre latifúndios improdutivos, colonização de
novas áreas e, apenas excepcional e residualmente, a desapropriação em áreas de
conflito agudo, o Estatuto, se implementado com a urgência que merecia, teria
evitado a acumulação de pressões explosivas, que estão levando a um radicalismo
ideológico, ineficaz como solução agrária e sangrento como instrumento
político. (...) No momento vivemos um paradoxo. Terras foram desapropriadas,
talvez em excesso. Lavradores desanimados não encontram compradores para suas
terras. E pequenos e médios produtores reclamam que o governo gasta dinheiro
demais para assentar os sem-terra de duvidosa vocação agrícola, enquanto
faltam crédito e apoio para os que já produzem” [Campos, 1998: 15].
6) O
modelo estratégico do MST tem o seu aspecto militar. Embora alguns grupos
dissidentes (como o Movimento de Libertação dos Sem-Terra, MLST, dirigido por
Bruno Maranhão, da ala Brasil Socialista do PT) tenham apelado para a
necessidade de o confronto ser realizado à maneira das guerrilhas, a tática
desenvolvida assemelha-se, no entanto, à utilizada pelas forças regulares.
Eis o
relato que, dessa modalidade de luta, fez o jornalista Daniel Hessel Teich, que
entrevistou o major Cavagnari, da Unicamp: “A tática empregada pelos
integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) em nada
lembra a das formações guerrilheiras. A avaliação é feita pelo diretor do
Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, major Geraldo Lesbat Cavagnari
Filho, que compara as ações do MST à tática geralmente utilizada pelas forças
regulares, mais precisamente aos ataques de infantaria dos grandes exércitos. –
A guerrilha age em pequenos grupos, de forma oculta e clandestina, e sempre
recua à primeira resposta mais potente do inimigo – diz o major Cavagnari.
Especialista em estratégia militar, Cavagnari pondera que a comparação entre a
tática do MST e das forças regulares não pode ser levada às últimas
conseqüências, porque os sem-terra não constituem um grupo armado ou
paramilitar. Mesmo que alguns de seus integrantes tenham armas, o grupo não se
impõe pela violência. – O MST se apóia no grande número de famílias que executa
as invasões e, em maior grau, na simpatia que setores da sociedade têm pela
causa. Na opinião de Cavagnari, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra deve
ser definido como um movimento de insurgência civil pacífico que tenta ganhar o
apoio da sociedade para suas ações. O professor diz que o confronto armado é um
risco aceito pelo MST, mas não desejado, pois os sem-terra sabem que, na
maioria dos casos, não têm chance de vencer a polícia ou grupos paramilitares:
- Eles fazem uma resistência ativa e não se intimidam com as pressões
representadas pela reação dos fazendeiros ou da polícia. Na verdade, a morte de
companheiros em confrontos desse tipo só aumenta a motivação dos sem-terra –
assinala o professor da Unicamp, citando como exemplo o massacre de Corumbiara”
[Teich, “Movimento age na contramão das guerrilhas”, O Globo, 15/10/95,
p.13].
Vale a
pena chamar rapidamente a atenção para algumas contradições presentes nas
apreciações estratégicas do major Cavagnari: “os sem-terra não constituem um
grupo armado ou paramilitar, mesmo que alguns de seus integrantes tenham
armas”; “o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra deve ser definido como
um movimento de insurgência civil pacífico; o confronto armado é um risco
aceito pelo MST. Eles fazem uma resistência ativa e não se
intimidam com as pressões representadas pela reação dos fazendeiros ou da
polícia. Na verdade, a morte de companheiros em confrontos desse tipo só
aumenta a motivação dos sem-terra” (o grifo, em itálica, é da
minha autoria). Seria santa ingenuidade pensar que, após a radical pregação dos
teólogos da Pastoral da Terra e dos militantes contra qualquer tipo de
empreendimento capitalista, não ocorresse, como resultado natural, a cupidez
dos pobres arregimentados pelo MST, para se apropriarem democraticamente
(ou seja, na marra ou com violência) das terras por eles almejadas.
Grupos imensos de desempregados são tocados pelos militantes rumo ao confronto
com os legítimos proprietários, ou com os grileiros de terras públicas, como
está acontecendo no Pará. A intensidade do conflito aumenta, na medida em que
são maiores as expectativas – deflagradas pelo populismo governamental – de
ganhar terra de graça. A respeito desse fenômeno, escreve a jornalista Soraya
Aggege, utilizando dados da Pastoral da Terra, do Incra e do Ministério do
Trabalho: “(...) Os conflitos estão mais concentrados em Mato Grosso, Goiás,
Tocantins, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Em 2003, foram 1.960 conflitos.
No governo anterior, os números eram menores: 925 em 2002, 880 em 2001 e 660 em
2000. Os confrontos teriam aumentado por causa da expectativa da reforma
agrária, em especial nas áreas com mais terras públicas (...)” [Aggege, “As
muitas Anapus do Brasil”, O Globo, 27/02/2005].
O líder
sem-terra José Rainha tem também a sua versão da tática do Movimento. Vejamos a
forma em que o ativista entende o processo de luta do MST, de acordo com a
reportagem feita pelo jornalista José Luiz Longo, em 1995: “Embora se considere
discípulo de frei Betto (um dos principais representantes da chamada ala
progressista da Igreja Católica no Brasil), José Rainha Júnior já ouviu falar
do chinês Tsun Zu, autor da obra A arte da guerra, um dos
clássicos da estratégia militar. Com Tsun Zu aprende-se que a ação é a base de
tudo e que não basta invadir territórios: é preciso ocupa-los. - Todas as
nossas vitórias políticas foram resultado das ocupações. Sem elas, nunca
teríamos conseguido abrir negociações e avançar – diz Rainha. Intuitivo, ele
pratica a teoria de Tsun Zu com desenvoltura. A invasão da fazenda São Domingos
[ocorrida no início de outubro de 1995] foi um exemplo. A área fora escolhida
sete dias antes. Além de Rainha, apenas outras duas pessoas, de sua absoluta
confiança, sabiam qual seria o alvo. – Uma vez cientes do acerto da decisão
política, não faz sentido discutirmos detalhes específicos da invasão. Isso tem
que ficar para alguns, para garantir a segurança de todos. A atenção com a
segurança é rigorosa. Na véspera, assembléias foram convocadas nas fazendas
Santa Clara e Washington Luiz e no Acampamento Primeiro de Abril. A equipe do Globo
ficou no acampamento, mas foi avisada de que não poderia sair até a madrugada,
quando seria dado o toque de acordar para os sem-terra entrarem em marcha. A
comunicação entre as fazendas e o acampamento era feita por sinais de luz. Às 4
horas, Rainha e seus colaboradores mais próximos chegaram ao acampamento e
deram ordem para começar a operação. Uma hora e meia depois, os 500 soldados recrutados já estavam
sulcando as terras da Fazenda São Domingos, estratégica para o movimento
avançar sobre latifúndios improdutivos na região” [Longo, “Estratégia é militar”,
in: O Globo, 15/10/1995].
Cândido
Mendes Prunes, vice-presidente do Instituto Liberal, escreveu um valioso
depoimento acerca da tática empregada pelo MST, no que tange à ocupação das
terras mais ricas do país e à preparação de ações visando à paralisação das
mais importantes rodovias federais, com o propósito, possivelmente, de uma
futura tomada do poder. Após percorrer mais de 8.000 quilômetros, do sul ao
norte do Brasil, no início de 2004, eis a conclusão a que chega: “O MST está
teoricamente em condições de paralisar todo o transporte rodoviário do Sul,
Sudeste e Nordeste. Não há estrada (e entroncamento) importante onde não exista
nas proximidades um acampamento do MST. Aliás, há mais acampamentos do MST do
que postos da polícia rodoviária em determinadas estradas. Na hipótese de o MST
ser um movimento revolucionário, como muitas vezes os seus próprios líderes
reconhecem, ele ocupa uma situação única de poder rapidamente paralisar o País.
Nem o Exército poderia a ele se contrapor rapidamente. Mesmo que não existam
armas nesses acampamentos, não é difícil com uma ou duas centenas de pessoas
rapidamente bloquear uma rodovia. Aliás, a existência de barracos fechados e a
dificuldade de alguém de fora penetrar nos acampamentos permite levantar a
suspeita de que possam existir armas para serem utilizadas em caso de
confronto. (...) As Lideranças do MST estão usando um expressivo contingente de
pobres e miseráveis como massa de manobra” [Prunes, 2004: 19-20].
Essa
tática, aliás, não é nova. Ao longo dos anos 90 as FARC desenvolveram, na
Colômbia, procedimento semelhante, que conduziu, sob o fraco governo Pastrana,
à criação da “República Revolucionária de El Caguán” na região central do país.
Tendo controlado previamente os principais entroncamentos rodoviários, os
guerrilheiros passaram a seqüestrar facilmente políticos, profissionais
liberais, comerciantes e fazendeiros, que eram levados à República
guerrilheira, de onde não poderiam pensar em fugir. Isso explica por que a
Colômbia tornou-se o paraíso dos seqüestros, com mais de 3 mil pessoas mantidas
em cativeiro. El Caguán converteu-se num verdadeiro Estado dentro do
Estado. Nesse território “liberado”, os narcoguerrilheiros organizaram grandes
laboratórios para o refino da cocaína e da heroína (com campos de pouso para a
exportação da droga), e a partir daí passaram a atacar de forma sistemática as
instituições legitimamente constituídas da Colômbia, bem como a exercer o
terrorismo em larga escala contra os cidadãos indefensos, dando guarida, no
território controlado pelos militantes, a bandidos das mais variadas
procedências (inclusive a terroristas do IRA, que passaram a dar cursos de
fabricação de bombas), tornando esses lugares verdadeiros paióis de armamento
pesado e centros de suprimentos para as colunas armadas da organização
guerrilheira. Campos de treinamento foram abertos e as FARC passaram a alegar,
a partir daí, que deveriam ser tratadas como forças beligerantes que
controlavam já parte do território nacional, com direito a manter representação
em outros países. Algo que, em menor escala, já acontece nos acampamentos do
MST (onde se refugiam bandidos e onde há armamentos para a prática de crimes,
como se tem sabido ao ensejo de assassinatos de camponeses e representantes da
lei, como o que ocorreu recentemente em Pernambuco). Algo que já acontece,
outrossim, nas favelas controladas pelos narcoterroristas, principalmente no
Rio de Janeiro, mas também em outras cidades como São Paulo, Porto Alegre, Belo
Horizonte, Recife, Vitória, etc. O projeto de criar uma “República do Pontal”,
veiculado pelo líder do MST José Rainha Júnior, não estaria direcionado a
fundar um Estado dentro do Estado, à semelhança de El Caguán?
Tentemos
sintetizar a tática militar do MST, à luz dos textos citados e levando em
consideração, também, o acontecido no país entre 1995 e 2005. Os passos da
mencionada tática são os seguintes:
A –
Arregimentação, pelos agentes da Pastoral da Terra e pelos militantes do
Movimento, de famílias pobres e desempregadas de áreas rurais e urbanas, com a
finalidade de engajá-las em grupos de doutrinação política, onde são
ideologizadas pelos militantes em torno aos ideais do MST;
B –
Organização dessas famílias em acampamentos provisórios, geralmente às margens
de estradas, que possibilitem o seu rápido deslocamento;
C –
Preparação, nesses acampamentos, das ações de invasão de terras (produtivas ou
improdutivas, de acordo com as necessidades do Movimento em cada região). O
relato que acabamos de citar de José Rainha Júnior dá detalhes da forma em que
devem ser tomadas as decisões. Prevalece, nelas, a deliberação de um petit
comité, integrado pela vanguarda do Movimento, que impõe, de maneira
vertical, as suas determinações à massa. Há toda uma aparelhagem de logística
para garantir a mobilização dos acampados, que evidentemente é cara (são comuns
as caravanas de ônibus e caminhões que os transportam até o lugar a ser
invadido). O financiamento de todo esse empreendimento é garantido por verbas
internacionais que chegam ao MST através de ONGs com registro legal, pois o
Movimento nunca o teve. Mas também contam os recursos recebidos do INCRA, bem
como os pedágios cobrados pelo MST dos membros do Movimento que já foram
assentados. Outro meio de financiamento são as expropriações democráticas,
que, em algumas regiões do país como Pernambuco, infernizam a vida dos
caminhoneiros, que são vítimas de constantes assaltos nas barreiras
montadas pelos militantes;
D -
Ocupação da propriedade escolhida e organização, nela, do assentamento
correspondente, submetido ao rigoroso controle do modelo cooperativo
coletivista descrito em páginas anteriores. Esse modelo cooperativo abarca a
prestação de serviços de saúde e de educação no interior do assentamento, tudo
condicionado à fidelidade incondicional às diretrizes do Movimento. Quem não se
submeter é sumariamente expulso como inimigo da causa dos sem-terra.
Assassinatos de camponeses refratários têm acontecido, no contexto desse
processo disciplinador. O assentamento, já constituído, vira centro de intensa
atividade propagandística do Movimento, com visitas programadas de políticos de
esquerda, artistas da TV, jornalistas e intelectuais. Até um certo turismo
militante de simpatizantes estrangeiros tem-se desenvolvido.
E –
Elaboração e execução de uma política de mobilização do assentamento em
questão, junto com os outros assentamentos já consolidados na região ou no
Estado, a fim de fortalecer a presença do Movimento dos Sem-Terra. O caso mais
bem-sucedido tem se dado no Rio Grande do Sul, onde, a partir da eleição de Olívio
Dutra, o PT passou a trabalhar em estreita colaboração com o MST, mediante a
politização, pela Secretaria de Segurança Pública, da Brigada Militar, a
cooptação de alguns juízes (partidários do denominado direito alternativo)
e a elaboração, pela Secretaria da Agricultura, de políticas claramente
favoráveis ao Movimento e desfavoráveis aos que se lhe contrapuserem. Essa
situação conduziu a uma marginalização crescente dos produtores tradicionais e
à conseqüente organização de milícias para defesa das propriedades. Valha
anotar que a tradição de caudilhismo ligada aos ensaios de Partido Único que
foram deflagrados, no início do século XX, pelos castilhistas, pareceu
ressuscitar no clima de crescente estatismo e intolerância, ensejado pela
administração petista no Estado sulino. O atual governo Rigotto tenta fazer
regredir esse clima perverso, para voltar aos trilhos de um republicanismo
pluralista e tolerante. Em outros Estados, como em São Paulo, os ativistas do
MST simplesmente passaram a apregoar a constituição de uma República dos
Sem-Terra (semelhante à que consolidaram as FARC na Colômbia com a complacência
do fraco governo Pastrana), que se denominaria “Estado do Pontal” [cf.
Tomazela, “A última do MST: criar o Estado do Pontal”, Jornal da
Tarde, 14/04/2002].
F – As
ações do MST, a nível estadual e nacional, pressupõem uma liderança que se
situa no topo da pirâmide do poder, com total controle ideológico e estratégico
sobre os membros, embora possam variar, de maneira circunstancial, as
modalidades de ação que se desenvolvem nos vários assentamentos ou nos
acampamentos. O uso da Internet e dos demais meios de comunicação é corriqueiro
no Movimento, na circulação de notícias e de ordens entre as lideranças
nacionais e as dos assentamentos e acampamentos. Poder-se-ia falar, por isso,
de um Movimento em rede, semelhante às FARC, ao Exército Zapatista de
Libertação Nacional e, no plano mais geral, à rede Al-Quaeda, embora,
certamente, o MST no tenha chegado aos excessos terroristas desta última
organização.
7) A
estratégia posta em marcha pelo MST é explicitada, pelos estudiosos simpáticos
ao Movimento, numa linguagem recheada de termos típicos do marxismo tupiniquim,
como se pode observar nos seguintes trechos: “Com o aprimoramento do modelo
produtivo, o movimento passou a rediscutir alguns elementos centrais na
configuração anterior, como, por exemplo, a convicção na possibilidade de o
assentamento realizar a acumulação primitiva de capital, e passou a compreender
que o assentamento deve disputar a mais-valia social por intermédio da luta
política” [Silva, 2004: 74]. Ou neste outro: “A síntese produtiva avançou, no
atual contexto, para a produção agroecológica e agroindustrial como meio de
agregar valor aos produtos. Assim sendo, o que norteia, de fato, a construção
do modelo de trabalho do movimento é a consciência do sem-terra de que
conseguirá reproduzir-se socialmente na medida em que resistir ao capitalismo
desagregador do seu cotidiano social. Portanto, no acampamento inicia-se a
discussão acerca do paradoxo produtivo do sistema capitalista, possibilitando a
participação dos acampados na construção do arcabouço teórico do MST” [Silva,
2004: 75].
IV -
Modelo educacional dos Sem-Terra
O
conceito de educação no MST surgiu ao ensejo da doutrinação dos camponeses,
pelos Teólogos da Libertação e os seus auxiliares, os agentes de pastoral.
Ponto central desse fenômeno pedagógico consistiu na releitura dos textos
bíblicos, numa óptica de messianismo político e tendo como meta preparar
gerações de militantes, que se comprometessem totalmente nas ações do
Movimento, obedecendo com rigor às determinações das lideranças. A educação
apregoada situa-se, certamente, para além da sala de aula, abarcando o meio no
qual os educandos vivem o seu dia a dia, o acampamento e o assentamento.
Conhecido
estudioso sintetizou da seguinte forma essa influência exercida pelos Teólogos
Libertadores: “O Conceito de educação no MST tem significado amplo; não está
circunscrito somente à escola. A análise simples das atividades de militância, de
trabalho e de caráter social no acampamento ou assentamento, possibilita a
recriação subjetiva do sem-terra. Sendo assim, a educação representa o
exercício pedagógico de reflexão e construção da autonomia intelectual do
sem-terra, a partir da leitura do contexto no qual está inserido. Essa prática
é herança da intervenção dos agentes de pastoral, identificados com a Teologia
da Libertação. A atividade dos religiosos, (...) foi no sentido de politizar a
luta dos sem-terra, ou seja, de conscientiza-los da necessidade de constituir
coletivamente uma organização capaz de enfrentar o Estado e os latifundiários,
para conquistar a terra prometida. Para tanto, o livro Êxodo
servia como exemplo nas reflexões dos religiosos e das religiosas nas
Comunidades Eclesiais de Base que trabalhavam com os sem-terra. Era uma
metáfora. Relacionava-se à busca da terra por parte dos judeus, que fugiam do
Egito, com a disposição dos sem-terra em se organizarem para conquistar terra
para trabalhar. Fez-se essa apreciação da trajetória histórica do MST, porque
se entende ser a chave da concepção de educação do movimento. O objetivo
central da metodologia empregada pelos agentes de pastoral era estimular
valores tais como autonomia política e intelectual, organização comunitária e análise
coletiva da realidade social e econômica” [Silva, 2004: 76-77. Cf. Zabatiero,
1996. Arango, 1996].
Os
documentos oficiais do MST insistem em que o perfil educacional do Movimento
deve privilegiar a formação dos futuros militantes para a ação. “Nossa educação
deve alimentar o desenvolvimento da chamada consciência organizativa,
que é aquela onde as pessoas conseguem passar da crítica à ação organizada de
intervenção concreta na realidade. Para isso, os processos pedagógicos precisam
ser organizados de modo a privilegiar esta perspectiva de ação” [MST, 1996: 7].
Outro elemento importante é a denominada “reformulação cultural”, que consiste
numa espécie de conversão aos ideais coletivistas do Movimento, algo semelhante
à conversão religiosa, que deve abarcar a pessoa por inteiro e a comunidade
também. A reformulação cultural é algo comum aos assentamentos e deve
ocorrer em dois níveis: individual (mudança de hábitos para se acomodar melhor
às exigências do Movimento) e grupal, no terreno dos ideais do MST (através da
reflexão do grupo sobre as contradições presentes no assentamento). Essa
metodologia faz parte do arcabouço teórico do MST, sendo um fenômeno comum em
todos os assentamentos. As fontes dessa pedagogia são variadas, mas situadas
todas no paradigma da esquerda de inspiração coletivista: a herança gramsciana
presente na obra de Paulo Freire e as idéias pedagógicas de Krupskaya, Pistrak,
Makarenko e José Martí [Cf. Caldart, 2000: 168; Silva, 2004: 79].
Lenta e imperceptivelmente, nas duas últimas décadas,
O MST criou, ao longo do país, financiado com os dólares provenientes de ajudas
externas, notadamente dos católicos alemães e com total apoio da Pastoral da
Terra da CNBB, uma rede muito bem estruturada de escolas de ensino básico, em
que são repassados às crianças e jovens os ideais do marxismo-leninismo, que já
pareciam coisa do século passado. Ora, está saindo da fornalha dessa rede de
ensino radical a primeira leva de jovens que foram submetidos a um processo de
lavagem cerebral pelos eficientes pedagogos do Movimento. Como informou a
Revista Época (no. 268, 7 de julho de 2003) na matéria intitulada
“MST: os filhos querem a revolução”, de autoria do jornalista Alexandre Mansur,
“enquanto o MST é recebido por Lula – com direito a boné e biscoitinhos -, seus
novos líderes acham que a solução para o país é a revolução”.
Filhos de uma geração de ativistas que não duvidava
em colocar as suas crianças na linha de frente das invasões para constranger a
polícia, os jovens do MST, formados no radicalismo político, constituem hoje
uma massa de 50 mil militantes, perfeitamente disciplinados ao redor de um
único propósito: implantar no Brasil, pela via revolucionária, o comunismo.
Fenômeno novo? De forma nenhuma. Isso já se deu na Colômbia, onde as FARC e os
demais movimentos guerrilheiros, a partir dos anos 70, começaram a montar uma
eficaz rede de escolas de formação radical entre os jovens camponeses, de onde
recrutam o seu exército. Ícone dessa geração de militantes dos Sem-Terra, como
destaca Alexandre Mansur, é João Paulo Rodrigues, de 23 anos, que foi criado e
educado no Pontal do Paranapanema e que estava presente na sessão de populismo
explícito em que o Presidente Lula, num gesto imprudente, atiçou a fogueira do
radicalismo rural ao colocar na sua cabeça o boné do MST.
Com a miopia que
caracteriza as elites que não valorizam as idéias, as lideranças do nosso país
não somente relegaram para as calendas gregas a questão da formação dos mestres
para o ensino básico, como deixaram que se instalasse entre nós essa aberração
da educação para o caos. Vale lembrar aqui a advertência de John Maynard
Keynes: “Estou convencido de que a força dos interesses escusos se exagera
muito em comparação com a firme penetração das idéias. É natural que elas não
atuem de maneira imediata, mas só depois de certo intervalo; isso porque, no
domínio da filosofia econômica e política, raros são os homens de mais de vinte
e cinco ou trinta anos que são influenciados por teorias novas, de modo que as
idéias que os funcionários públicos, os políticos e mesmo os agitadores aplicam
aos acontecimentos atuais têm pouca probabilidade de ser as mais recentes.
Porém, cedo ou tarde, são as idéias, e não os interesses escusos, que
representam um perigo, seja para o bem ou para o mal".
O cerne do cardápio
acadêmico do MST é, com certeza, o velho marxismo-leninismo. O jornalista
Alexandre Mansur resumia assim o credo radical dos jovens militantes: “João
Paulo Rodrigues e seus colegas da nova geração do MST acreditam que o país só
muda com uma revolução socialista. A força jovem dos Sem-Terra cresceu na roça,
mais bem alimentada que seus pais, os primeiros a ser assentados. Segue os
ensinamentos de Marx, Lênin e Mao-Tse-Tung e deixou a casa para conclamar as
massas e tirar as elites do poder”. Referindo-se aos métodos de ensino na rede
do MST, Mansur frisa: “Parte essencial dessa pedagogia são as chamadas místicas, peças de teatro que encenam
passagens históricas das revoluções comunistas e do MST”, obviamente deixando
do lado de fora a queda do Muro de Berlim, a democratização na Rússia e o
desenvolvimento capitalista na China. Expressando essa confusa mistura
ideológica do Movimento, editorial do jornal O Globo frisava que
“não se deve esquecer que na essência a ideologia do MST é de transgressão à
lei. Quando é assim, abre-se espaço para a criminalidade em geral” [O Globo,
10/02/2005: 5].
Formulemos a pergunta
que se faziam os senadores romanos nos momentos de grandes agitações no
Império: “Cui prodest?” (“A quem beneficia o fato?”) – Ora não sejamos
ingênuos, essa onda de radicalismo pedagógico e de engajamento de toda uma
geração jovem no movimento revolucionário, favorece a implantação de um modelo
de socialismo coletivista no Continente sul-americano. Longe de o processo
pedagógico do Movimento dos Sem-Terra se concentrar numa formação puramente
teórica, a sua preocupação é com a aplicação dos princípios do marxismo e da
Teologia da Libertação, num concreto processo de criação e consolidação do
mencionado modelo coletivista. A pedagogia do MST é caracterizada por Roseli
Salete Caldart como uma “pedagogia em movimento”, que tem duas “mentalidades”:
a do acampamento e a do assentamento. Essas duas variantes respondem a
necessidades materiais concretas, quer dos acampados, quer dos assentados. As necessidades
dos primeiros concretizam-se em resistir às ações de despejo; as dos segundos
são polarizadas pela preocupação em torno à produção e às moradias, a fim de
garantir os meios econômico-sociais que possibilitem a sua permanência na terra
[cf. Caldart, 1997: 163]. Maria Nobre Damasceno considera que o esforço em prol
de responder a essas necessidades esbarra em limites internos, tais como a
resistência do assentado em mudar a forma de produção tradicional, alicerçada
na iniciativa individual. Erradicar essa mentalidade é coisa muito difícil [cf.
Damasceno, apud Silva, 2004: 78].
É claro que a ação
educativa do MST não se reduz à formação de quadros para a militância. Há uma
preocupação concreta com a formação técnica que responda aos planos de produtividade
fixados pelas lideranças para os assentamentos. Há, outrossim, uma preocupação,
louvável, em alguns assentamentos, com a formação humanística. Para responder à
necessidade de formação técnica dos assentados foi criado o Instituto de
Educação Josué de Castro (que oferece os cursos de técnico em administração de
cooperativas e o normal de nível médio). Outra iniciativa importante é o curso
sobre realidade brasileira, oferecido pelo MST nos prédios da Unicamp para
jovens provenientes de assentamentos de várias regiões do país, no período de
férias acadêmicas. Até 2000 já tinham passado por essa experiência mais de mil
jovens assentados. Além de conhecimentos técnicos, os alunos têm possibilidade
de entrar em contato com manifestações da cultura universal (por exemplo, a
Orquestra Sinfônica de Campinas executou peças clássicas, sendo explicadas aos
assistentes as características dos vários instrumentos). Estes são aspectos
positivos. Mas, infelizmente, estão enquadrados dentro da proposta, mais ampla,
de fortalecer, antes de tudo, o Movimento. Diríamos que o dirigismo e a volúpia
política do MST terminam contaminando iniciativas louváveis como as que
acabamos de descrever. A tentativa de formação humanística nas escolas dos
assentamentos é deglutida perversamente pela tendência ao dirigismo leninista.
Afinal de contas, haverá coisa menos humanística do que educar para o
coletivismo?
Iniciativa importante
no esforço de formação de quadros por parte do MST foi a criação da Escola
Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, São Paulo (em janeiro de 2005),
cujo custo de 1,3 milhões de dólares foi financiado por entidades estrangeiras
de orientação cristã (Frères des Hommes, da França e Caritas, da
Alemanha), além de ter recebido, também, apoio financeiro do Banco do Brasil. O
jornalista Roldão Arruda frisava o seguinte, se referindo às atividades
de ensino superior do MST: “A escola nacional faz parte de um conjunto de
iniciativas que a organização vem tomando nesse setor. Em universidades
federais de diferentes Estados já estão em andamento convênios com o movimento,
para a formação de pessoas originárias de seus acampamentos e assentamentos. Um
exemplo são os cursos de agronomia voltados especificamente para esse público
nas federais do Pará e de Sergipe. Se tudo correr como querem os líderes do
MST, Guararema deve se tornar uma área voltada para cursos de pós-graduação e
especialização” [Arruda, 2005: 4]. Embora a orientação da escola nacional
Florestan Fernandes seja de oferecer cursos de pós-graduação em ciências
humanas, se levarmos em consideração o caráter doutrinário e dogmático do MST
nos seus anteriores ensaios de formação, mesmo os desenvolvidos nas
Universidades federais, provavelmente a orientação não mudará no novo
empreendimento, se perdendo, portanto, uma oportunidade excelente para o
Movimento arejar as suas idéias, colocando-as em confronto com outras
abordagens teóricas da problemática social, diferentes das suas.
Conhecedor da estrutura
doutrinária e da ação política e cultural do MST (pois antes de fazer doutorado
em sociologia na Inglaterra foi militante do Movimento), Zander Navarro
caracterizou assim o dogmatismo dos quadros, em que pese o fato de muitos deles
terem freqüentado os cursos programados especialmente para eles nas Universidades
Federais: “A interdição do MST ao diálogo político com o chamado campo
democrático e popular distancia-se de uma fantasiosa firmeza ideológica,
mas demonstra, inversamente, uma nítida fragilidade, pois vem forçando seus
dirigentes e militantes ao malabarismo retórico, à apologia da própria
organização e à estreiteza analítica. A repetição de formas de ação coletiva e
de visões de mundo esposadas por seus dirigentes, espantosamente únicas
e pasteurizadas nos diversos estados, em um país, pelo contrário, tão diverso e
heterogêneo, reflete, isto sim, insegurança ideológica e incerteza quanto aos
caminhos a serem trilhados. Formando seus jovens militantes a partir de
limitados quadros de referência, a organização recorre a uma visão
instrumentalista da política, como meio de incidir, através de militantes que
deveriam comandar seu próprio arbítrio e liberdade de interpretação, não na
realidade sobre a qual atuam, mas servindo, antes de mais nada, a outros
propósitos (...) nem sempre claramente manifestados a todos os membros do
Movimento. Adicionalmente, como é notório, praticamente nenhum dos convênios
celebrados pela organização com as universidades públicas (...) amplia
realmente um conjunto de conhecimentos novos para os militantes sem-terra
participantes, mas usualmente apenas chancelam a própria visão política do
Movimento sobre o mundo rural. Desafortunadamente, em nome da disciplina e de
incontáveis receituários comportamentais impostos, seus militantes sequer
alcançam algum tipo de consciência política própria, pois são compelidos à
repetição monocórdia do discurso dos dirigentes principais, retirando-lhes
expressiva margem de especificidade de ação e interpretação de formas de lutas
adequadas à diversidade regional do país, tolhendo talentos organizativos e
cerceando a formação livre e genuína de novas lideranças” [Navarro, 2002:
262-263].
Isso sem falar do que
acontece com a formação da arraia miúda do MST, os simples assentados. A
dieta educacional à que são submetidos lembra muito a disciplina totalitária
imposta por Pol-Pot aos camponeses cambojanos, ou a férrea diretriz estalinista
ou maoísta que fez as desgraças do proletariado na Rússia ou na China. Eis a
forma em que Zander Navarro caracteriza a educação popular do “Homem Novo” pelo
MST: “Aproximam-se mais do bizarro e menos de normas organizativas os
exemplos, que se repetem, da criação de códigos disciplinares para os
militantes do MST e, ainda mais grave, para as famílias assentadas (neste
último caso, imposição não apenas ilícita, mas ilegítima). Inicialmente, na
segunda metade dos anos oitenta, difundiu-se a conhecida e infamante cartilha
que descrevia os supostos vícios dos agricultores que não desejavam
submeter-se aos coletivos instituídos pela organização, vícios estes que
deveriam ser combatidos pelos militantes, a qualquer preço, para formar o Novo
Homem. (...) Além da superação dos supostos vícios, as famílias
sem-terra também passaram a ser cobradas, nos anos noventa, em função de novas
receitas, como aquelas que exigem de todos adesão à cartilha dos sete
valores principais e, também, ao estrito cumprimento do manual das dez
lições que os chamados coletivos de formação devem considerar em suas
atividades (...). Espremidas entre o peso da dominação política das oligarquias
agrárias, de um lado, e as excentricidades propostas pelo MST, de outro,
torna-se difícil imaginar quais são as chances reais de emancipação das
famílias rurais mais pobres, mesmo no sentido restrito (...)” [Navarro, 2002:
263, nota 1].
Os aspectos
educacionais do MST ancoram numa base axiológica identificada com o que Antônio
Paim denominou de ética totalitária. Segundo este modelo, o
comportamento ético não decorre dos meios, mas dos fins a serem atingidos. A
formulação tradicional desse modelo expressa-se no princípio de que os fins
justificam os meios [cf. Paim, 1994b]. A respeito do tipo de
comportamento dos militantes, escreveram os jornalistas Eduardo Salgado e
Leandra Peres: “Como trabalham em prol de multidões de pobres, os líderes desse
movimento parecem acreditar que estão acima da lei. Qualquer solução duradoura
para a questão agrária brasileira começa por manter as ações do MST dentro dos
limites da legalidade” [Salgado/Peres, 2003: 78]. Ora, como a finalidade
pretendida pelo Movimento é boa, ou seja, democratizar a propriedade rural,
qualquer meio é válido: utilização de mecanismos coletivistas, desconhecimento
da legislação vigente, intimidação, chantagem, roubo, seqüestro de funcionários
de fazendas que estão na mira do Movimento, assassinato, cárcere privado, desobediência
às ordens da Justiça, etc. Por ser popular, o MST pode tudo. Convenhamos que a
onda de perplexidade desencadeada pelo Movimento ao longo do país decorre desse
modelo de ética totalitária, que, casado com a mística dos
militantes, termina desaguando no fundamentalismo, porta de entrada para
o terrorismo.
V - O MST no contexto internacional
Capítulo
importante na caracterização do Movimento dos Sem-Terra é o relativo aos seus
relacionamentos com outras entidades, nacionais e estrangeiras, e aos compromissos
que daí decorrem. É amplo o leque de entidades com as quais o MST mantêm trocas
de informações e com as que desenvolve projetos vinculados aos seus objetivos.
As mais significativas parcerias do Movimento são efetivadas com Via
Campesina (México), Caritas (Alemanha), Frères des Hommes (França),
Christian Aid (Reino Unido), Anti-Slavery International (Reino
Unido), Exército Zapatista de Libertação Nacional (Chiapas, México), Coordenação
Latino-Americana de Organizações do Campo – CLOC (México), Fundo Mundial
para a Natureza – WWF (Reino Unido), Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia - FARC, Foro de São Paulo, Foro Social Mundial (Porto
Alegre), Comissão Pastoral da Terra da CNBB (Brasília), Conselho
Indigenista Missionário – CIME (Brasília), União Internacional para a
Conservação da Natureza – UICN, Grupo Europeu de Trabalho da Amazônia – EWGA,
Interfaith Peace Council (Reino Unido), Franciscans International (Itália),
Développement et Paix (Canadá), Centro de Recuperação e Difusão da
Memória Histórica do Movimento Popular Latino-Americano – MEPLA (Havana –
Cuba), Grassroots International (USA), Frövänerna (Suécia), Conselho
Mundial de Igrejas (Suíça), Mani Tese (Itália), Friends of the
MST (USA), etc.
Parece de especial importância a vinculação do MST à
Via Campesina. Por esse motivo, deter-nos-emos neste ponto. A mencionada
entidade foi criada pelo MST, em parceria com a Coordenação Latino-Americana
de Organizações do Campo (CLOC), em 1995. Via Campesina aglutina
hoje organizações de mais de 80 países. A finalidade principal da entidade
consiste em estimular o desencadeamento de ondas insurrecionais camponesas nos
países em vias de desenvolvimento, notadamente na América Latina e na Ásia,
contra as denominadas políticas econômicas neoliberais. O MST age como
engrenagem principal de Via Campesina. Dela participam, também,
organizações camponesas e indígenas de Honduras, Nicarágua, Cuba, México,
Bolívia, Canadá e Índia, com forte apoio, no plano logístico, oferecido por
organizações não-governamentais da Espanha.
No terreno das realizações, Via Campesina
organizou, na década passada, uma série de eventos, dentre os que cabe destacar
a Conferência Internacional de Tlaxcala (México), em abril de 1996. Os
participantes deixaram sentadas as bases do que seria uma política
ambientalista, cujos pontos centrais são os seguintes: 1) que a dívida
internacional seja transformada em projetos de proteção ao meio-ambiente; 2)
deve-se vincular as ações ecológicas às políticas indigenistas; 3) os projetos
de geração de energia devem ser estritamente avaliados, em função dos impactos
ambientais e sociais; 4) deve-se estimular a cooperação internacional em prol
da agricultura orgânica. No final da reunião de Tlaxcala, os editores da
revista espanhola Rebelión foram encarregados da secretaria
operacional de Via Campesina. A mencionada publicação afirmou, numa das
suas matérias sobre o citado evento: “Os anos 90 têm-se caracterizado, em
muitos países, por um vasto movimento de ocupação de terras protagonizado por
camponeses sem terras. O mais importante, pelo tamanho e significado, é o MST
do Brasil”. Para os redatores da citada revista, as esquerdas internacionais
percorreram três etapas, entre meados do século passado e os tempos atuais. A
primeira etapa correspondeu às gestas revolucionárias dos anos 60, lideradas
por Cuba. A segunda encontrou a sua manifestação no Foro de São Paulo, no
início dos anos 90. A terceira onda, que corresponde ao atual clima
insurrecional contra o neoliberalismo, é encabeçada pelo MST [MSIA, 1999:
9-10].
Outras realizações de Via Campesina foram a
Conferência Internacional celebrada na Índia, em 1999, contra o uso de sementes
transgênicas na agricultura, bem como a campanha deflagrada, em vários países
latino-americanos, contra a adesão à Aliança de Livre Comércio das Américas
(ALCA) e contra o pagamento da dívida externa. Essas ações foram planejadas,
junto com o MST, no decorrer do Curso de Capacitação de Militantes de Base
do Cone Sul, realizado em Sidrolândia (Mato Grosso do Sul), entre 19 de
abril e 18 de maio de 1999, no qual participaram ativistas do Brasil, México,
Cuba, Nicarágua e Honduras, que discutiram acerca dos passos que deveriam ser
dados para provocar movimentos de desestabilização política no continente
sul-americano. Em virtude desse fato, analistas qualificaram o evento de
Sidrolândia como “uma reunião de terroristas”.
Mas o tema central do Curso desenvolvido em
Sidrolândia foi projetar a imagem do MST, entre os ativistas latino-americanos,
como líder dos movimentos sociais contestatórios. Os representantes do MST
confirmaram que a bandeira de tomada de terras para a reforma agrária era
apenas uma ação de resistência, visando um fim mais amplo. Uma das
características do Movimento que mais impressionou foi a inspiração mística de
líderes e militantes. Analistas internacionais frisaram a respeito: “Uma mescla
de marxismo com valores relacionados à chamada Nova Era e um culto pagão à Mãe
Terra, conjunto elaborado pelos gurus da Teologia da Libertação, Frei
Betto e Leonardo Boff e ao qual atribuem conotações religiosas denominando-o a
mística do MST, cuja doutrinação tomou boa parte do curso de Sidrolândia.
Por conta desses traços culturais, o MST está sendo promovido como novo
paradigma insurrecional em toda a Ibero-América” [MSIA, 1999: 8-9].
Terminemos este item fazendo referência a duas
importantes organizações com as que o MST tem desenvolvido regulares contatos
ao longo da última década: o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) e
as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Em junho de 1996, o EZLN
promoveu uma reunião internacional em La Trinidad (Chiapas – México), com a
finalidade de coordenar ações conjuntas com outros movimentos
latino-americanos. Dessa reunião o MST trouxe importante iniciativa: a idéia de
criar zonas autônomas dentro do território nacional, como a chamada República
do Pontal, proposta por militantes do Movimento. Idéia semelhante, aliás, à
que as FARC realizaram na denominada República de El Caguán (uma área de
42 mil quilômetros quadrados, situada em pleno coração da Colômbia, que
praticamente dividiu em dois o território desse país, tendo conduzido quase à
balcanização do mesmo). A presença das FARC no MST é fato documentado pela
imprensa nacional e estrangeira. Conforme tem sido noticiado, um importante
guerrilheiro das FARC, Carlos Bernardes, o Comandante Bernal, desde 1998 tem
visitado o Brasil de forma regular, com a finalidade de dar palestras e manter
contatos com as lideranças do MST e de outros agrupamentos revolucionários do
campo. Isso sem esquecer que a organização guerrilheira colombiana conseguiu
estabelecer em Brasília escritório de representação [cf. MSIA, 1999: 2;
Subcomandante Marcos, 1998].
VI - Aspectos jurídicos do MST
O Movimento
dos Sem-Terra, do ângulo jurídico, age como uma espécie de ectoplasma,
sem identidade definida, mas presente na sociedade. Como os dirigentes do
Movimento tiveram sempre extremo cuidado para não conferir, ao mesmo, estatuto
jurídico, não pode ser responsabilizado perante a lei. Mas, como necessita de
apoio material e logístico para as suas iniciativas revolucionárias, vale-se da
fachada de organizações legalizadas, que lhe garantem a base institucional para
os seus empreendimentos. As entidades mediadoras são a Associação Nacional
de Cooperação Agrícola – ANCA e a Confederação de Cooperativas de
Reforma Agrária no Brasil – CONCRAB.
Os professores Mario Losano, da Universidade
de Milão, e Marcela Varejão, da Universidade Federal da Paraíba, estudaram
detalhadamente a estrutura jurídica do Movimento. Eis a forma em que Mario
Losano destaca as características atrás apontadas: “O MST não é uma pessoa
jurídica reconhecida, mas é uma associação de fato (...). Isto, de um lado,
torna o MST não punível pelas ocupações e pelos eventuais delitos conexos com
elas, e, de outro lado, torna-o uma entidade economicamente invisível, com a
qual é tecnicamente complicado empreender uma abordagem jurídica ou econômica
direta, já que, à sua volta, não está obrigado a prestar contas a nenhuma
entidade de controle. Os controles não faltam, mas eles são, quando muito,
bilaterais, em face da entidade doadora e da entidade destinatária” [Losano,
2004: 154. Cf. Varejão, 2004: 165-226]. Ora, a entidade destinatária dos
auxílios é, sempre, não o MST, mas alguma das associações mediadoras atrás
apontadas. O Movimento possui, assim, uma situação jurídica semelhante à das
FARC, na Colômbia, que sempre se mimetizaram por trás de entidades de fachada,
o que as torna dificilmente imputáveis pelo mau uso que façam dos recursos recebidos,
ou pelos crimes que vierem a cometer. Nisso, as entidades em apreço
inspiraram-se nas atividades das máfias de narcotraficantes, muito criativas em
matéria de montagem de empresas de fachada, que lhes possibilitam o lavado de
dinheiros escusos e a prática dos mais variados crimes.
Quem da
forma mais contundente tem colocado a nu o absoluto desprezo do MST pela ordem
institucional e legal, é o professor Miguel Reale. O mestre paulista lembra que
o fundamento da democracia é o respeito à ordem legal. “A obediência à lei,
frisa, é o supedâneo primordial da democracia, a qual repousa sobre dois
pilares expressamente proclamados pelo nunca assaz louvado Art. 5o
da Constituição de 1988: o de que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei, e o de que ninguém será
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Ora,
considera o pensador, o MST colocou-se por fora do arcabouço legal que dá
embasamento à vida democrática no nosso país e, portanto, deve ser combatido
como entidade à margem da lei. Esse fato, gravíssimo, revela a crise da
legalidade na ordem social brasileira. Ouçamos as suas palavras a respeito:
“Mas não é preciso volver ao passado para constatar a crise de legalidade por
que passa o mundo contemporâneo, a começar pelo Brasil, onde o Movimento dos
Sem-Terra, dia a dia, comprova seu espírito antidemocrático e subversivo. Não o
faz só por palavras, em desafios afrontosos de seus chefetes, mas através de
constantes invasões de propriedades produtivas ou não. Uma coisa que não perdôo
ao governo tão capaz do presidente Fernando Henrique Cardoso é a inexplicável
tolerância que tem tido quanto aos abusos do MST, mesmo quando este proclamou
abertamente seus propósitos de derrubada do regime político vigente no país.
Confesso que nada me revoltou tanto como o contínuo diálogo fraterno
mantido por Ministros de Estado com os atrevidos líderes de um movimento que é
a expressão viva da ilegalidade” [Reale, 2003: 67 e 69].
Que diria o
ilustre pensador paulista, em face do quadro atual em que o Presidente da
República prestigia com a sua presença o supracitado Movimento, visitando
assentamentos consolidados em fazendas produtivas que foram invadidas pelos
Sem-Terra? No caso do passado governo, o Chefe do Executivo foi vítima do que
Robert Dahl denomina de “a tentação social-democrata”. Embora comprometido com
a manutenção das instituições democráticas e convicto de que o sistema
capitalista de livre iniciativa devia ser preservado, Fernando Henrique claudicou
em face da aplicação da lei aos que sistematicamente a desconheciam, os líderes
do MST. Isso para não ser denominado de autoritário ou neoliberal
pelos revolucionários de plantão. Convenhamos que de pouco valeu essa
claudicação, haja vista a saraivada de críticas e de injúrias proferidas,
posteriormente, pelos líderes do Movimento contra o ex-primeiro mandatário.
Considerações Finais
Quais as alternativas que se descortinam para o país
em face do Movimento dos Sem-Terra, notadamente no que diz respeito à
consolidação da democracia e a atingir um autêntico desenvolvimento econômico
no terreno da agricultura e da agroindústria?
1) Destaquemos, em
primeiro lugar, que a posição do Movimento dos Sem-Terra em face da
agroindústria é errada. Não se pode condenar, a priori, esse
importante segmento da economia. Ele é responsável pelos repetidos superávits
da nossa balança comercial. Lutar contra a agroindústria é cometer suicídio
econômico. Estudos da FIPE/USP, efetivamente, mostram que, no Brasil, a agricultura
familiar responde por 10% do PIB, ao passo que a patronal, ligada ao
agronegócio, responde pelo 21%. Isso não significa que a agricultura familiar
tenha de ser esquecida. Esta é importante, se colocada em harmonia com a
agroindústria, não tida como algo contrário a ela. Ora, nos pronunciamentos dos
líderes do Movimento, somente encontramos preconceito e ameaças à
agroindústria. Nos países desenvolvidos, houve um equilíbrio entre ela e a
agricultura familiar. Pretender que um país das dimensões e da diversidade
econômica e cultural do Brasil vai solucionar todos os seus problemas de
produção de alimentos com agricultura familiar, é uma infantilidade que está
muito longe do conhecimento sério das nossas possibilidades. Deve haver
políticas que melhorem o nível dos agricultores vinculados à agricultura
familiar. Mas essas políticas têm de contemplar a forma em que deve ser feito
isso, certamente integrando esses produtores ao mercado nacional e
internacional e equilibrando a produção destes com a da agroindústria.
2) Em segundo lugar, anotemos que há
muito de romantismo de bon sauvage nas abordagens que intelectuais
estrangeiros e brasileiros fazem acerca do movimento dos Sem-Terra, como,
aliás, de outros movimentos sociais na América Latina e no mundo em
desenvolvimento. O arrazoado é mais ou menos o seguinte: como a finalidade
desses ativistas é boa (a luta contra a pobreza e as desigualdades sociais),
também são boas a sua visão de mundo e a sua política, em geral. Nenhuma
análise crítica acerca dos métodos violentos que esses ativistas utilizem.
Nenhum reparo à estrutura altamente repressiva em que veiculam as suas
novidades revolucionárias. Esse auto-engano foi praticado pelos intelectuais
franceses em face da Revolução Cubana, sacralizada, num início, por pensadores
como Jean-Paul Sartre.
Em relação à prática
desse vício epistemológico (que poderia ser enquadrado na categoria dos Idola
Fori de Francis Bacon) pelos admiradores dos Sem-Terra, escreveu Zander
Navarro: “incluindo a maioria das referências acadêmicas até aqui produzidas,
encontram-se os estudos norteados pelo encantamento ingênuo, fruto não
necessariamente da incapacidade de investigação social de seus autores, mas
derivados da análise que é antecedida de pressupostos falsos, qual seja, uma
idealização do objeto de estudo e uma positividade a priori
estabelecida, que santifica, antes mesmo de conhece-las, as organizações que
representam as classes subalternas, tornadas virtuosas por definição prévia.
Normalmente, são estudos realizados de forma apressada, quando implicam em
visitas a campo e coleta de dados e, assim, permanecem na superfície dos
fenômenos e processos sociais. Seus autores são, quase sempre, membros das
classes médias urbanas e tal enfeitiçamento pode, muitas vezes, assumir feições
patéticas, inclusive inesperadas aberrações antropológicas. Quando, por
exemplo, espantam-se com as falas de sem-terra e de membros das famílias
rurais mais pobres, as quais, se são consistentes em sua expressão, às vezes
são banais opiniões sobre a vida cotidiana, porém cerimoniosamente incluídas em
tais estudos, como provas do saber popular, como se tais pessoas, por
mais humildes e marginalizadas que fossem, habitassem outro mundo e não uma
sociedade que se transformou notavelmente nos últimos cinqüenta anos” [Navarro,
2002: 263-264].
Ora, a perspectiva de o
Movimento dos Sem-Terra dar certo diminui, em proporção direta à ausência de
análises críticas acerca das suas opções erradas. Tornou-se politicamente
correto, no meio acadêmico brasileiro, tecer loas incondicionais aos Sem-Terra.
Cursos são oferecidos aos Sem-Terra nas Universidades públicas, sem que um só
arranhão sofra o dogmatismo das suas lideranças. A imprensa, devemos
confessa-lo, tem cumprido corajosamente com a sua missão de manter a sociedade
informada acerca das pretensões e ideais dos Sem-Terra. Essa função crítica e
de esclarecimento tem estado ausente, infelizmente, do meio universitário, com
raras exceções como a representada por Zander Navarro e os seus colegas
pesquisadores.
3) Destaquemos, em
terceiro lugar, que o caminho para resolver a problemática agrária consiste em retomar
a política iniciada nos governos de Fernando Henrique Cardoso, no sentido de
consolidar a Reforma Agrária dentro de um claro marco de legalidade, acabando
com a insegurança jurídica da propriedade fundiária, com total respeito às
propriedades produtivas e à legislação em vigor, com o auxílio de uma Justiça
rápida e desconhecendo sumariamente a legitimidade de expropriações, pelo
Incra, de terras invadidas. O Partido dos Trabalhadores está sentindo na pele,
hoje, as dificuldades criadas pelos líderes dos Sem-Terra, ao observar a forma
criminosa como eles têm incentivado as invasões de fazendas produtivas, a fim
de pressionar o repasse de verbas da Agricultura Familiar para as cooperativas
dominadas pelo Movimento. As recentes medidas do governo Lula, no sentido de
rever o orçamento destinado à Reforma Agrária, talvez revelem a intenção de
mudar de posição em face do MST, se desligando o governo federal do incondicional
apoio que até agora deu ao Movimento. Esta entidade, as suas lideranças e os
seus membros, precisam urgentemente serem enquadrados dentro da lei, que por
outro lado é aplicada com rigor aos demais brasileiros. Terá o governo do PT
coragem para tanto?
Não podemos desconhecer
que as duas administrações sociais-democratas de Fernando Henrique realizaram o
maior programa de reforma agrária num regime democrático no mundo atual. Num
total de oito anos foram instaladas 635 mil famílias, o triplo do que se tinha
conseguido no longo período de 1964-1994 (218 mil famílias). O erro do
ex-presidente Cardoso foi duplo: não ter insistido de forma contundente na
importância do agronegócio e, de outro lado, não ter tido suficiente pulso para
enquadrar nos marcos da lei a ação criminosa das lideranças do MST. Isso, afora
o fato de que Fernando Henrique não enxugou suficientemente o gasto público em
áreas em que isso poderia ser feito (privatização da Petrobrás, por exemplo), a
fim de carrear recursos para reconstruir a infraestrutura portuária e a malha
rodoferroviária, de forma a diminuir o custo Brasil e aplainar o caminho para o
escoamento das safras agrícolas.
Nunca será demais
insistir em que não haverá Reforma Agrária válida sem o amparo legal
correspondente. A violência no campo decorre, fundamentalmente, da “insegurança
jurídica da propriedade fundiária”, como indicava recentemente, com muito bom
senso, o deputado Francisco Graziano [“Insegurança fundiária”, O Globo, 01/03/2005].
“Nem o proselitismo político – frisa Graziano - nem a repressão militar (...)
resolverão a encrenca. Imperioso, isso sim, será ir à raiz do problema: a
fragilidade da estrutura agrária e a impunidade contra as invasões de terra.
Aqui está o germe da violência no campo. Graúdos grileiros ou modestos
sem-terra se equiparam no esbulho. Ambos descrêem no poder público e não temem
represália do governo. Um se espelha no exemplo do outro, foices se equiparam a
motoserras. (...) O Brasil, para se livrar do resquício medieval que mata no
campo, precisa urgentemente de um moderno Código Agrário. Uma legislação nova,
radical, que fixe definitivamente a estrutura fundiária do país (...). Seria
fundamental titular, em processo sumário, todos os posseiros, que somam 500 mil
produtores rurais precários. Na seqüência, seria a vez dos assentados da
reforma agrária, quase 600 mil famílias. Capitalismo neles. Terras devolutas,
nem pensar mais, chegou sua hora. Escritura nelas”.
4) Por último, vale a
pena lembrar que, sem uma reforma política que dê chão firme à representação
e à vida partidária, não teremos instrumentos capazes de nos conduzir, como
nação democrática, rumo ao futuro. Precisa ser desmontada, o quanto antes,
a tendência atual rumo à desvalorização total da representação parlamentar, e
sua substituição por um regime de cooptação de tipo soviético. Essa pretensão
equivale a crime de lesa pátria e, se triunfante, sepultará de vez a
possibilidade de vermos a nossa economia se desenvolver como o país necessita,
além de termos frustradas as esperanças democráticas. Somente a consolidação
das instituições de governo representativo nos permitirá marchar com segurança
pelo caminho do desenvolvimento e da paz.
O amadurecimento da
democracia representativa pressupõe, no momento atual, o compromisso dos atores
políticos em torno a determinados princípios, sem os quais tornar-sei-ia
impossível o convívio democrático. Este repousa, certamente, na adoção de uma
moral social ou ética de mínimos, que fixe, por consenso da Nação, o
mínimo comportamental que deve ser observado para que a sociedade politicamente
organizada não se desagregue. Acontece que, no fundo da crise de legalidade
criticada pelo professor Miguel Reale, estabeleceu-se no nosso país uma crise
de valores morais decorrente da perda de sentido da cidadania (pois o
ensino básico não cumpre com o seu cometido fundamental de garanti-la a todos
os cidadãos). Como decorrência disso, é comum observar que as pessoas, embora
critiquem a violência e a anomia reinantes, não se sentem moralmente comprometidas
com as instituições democráticas. Nesse contexto de vácuo axiológico
formatou-se a reação da esquerda ao costumeiro autoritarismo e ao domínio da
classe política tradicional, nos anos recentes. Moral da história: a nossa
esquerda não se sente moralmente comprometida com o respeito às instituições,
daí a oposição antipatriótica que tradicionalmente tem exercido em face dos
governos. E, nos momentos atuais, o que encontramos? Repetição, por parte dos
políticos que se consideravam progressistas, dos mesmos esquemas da
“política alimentar”, tão criticada por Oliveira Vianna.
“A esquerda brasileira
é burra” chegou a afirmar, há alguns anos atrás, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. Diríamos que ela está, em termos gerais, tremendamente
desatualizada. Os ideais que a movimentam ainda são os velhos chavões do
nacionalismo radical, do culto ao estatismo tout-court, com idolatria
por Cuba e os representantes ideológicos do marxismo-leninismo. A ideologia que
movimenta aos líderes e militantes do MST é prova disso. A esquerda precisa,
neste início de século, de um novo roteiro, a fim de não cair no arquétipo de
“esquerda reacionária”, segundo o qual pautam o comportamento não poucos
ativistas dos foros internacionais promovidos pelos arautos do denominado progressismo.
Isso tem sido apontado como um fenômeno não exclusivo do Brasil, mas típico das
esquerdas a nível internacional, por variados autores. Cito apenas um, Horacio
Vasquez-Rial, autor da sugestiva obra intitulada La izquierda
reaccionaria.
É possível, sim, termos
no Brasil, hoje, políticas de Estado pensadas a partir de um socialismo
democrático ou de uma posição social-democrata. Não faltam fontes de
inspiração, como, por exemplo, Pierre Rosanvallon (na França), ou Anthony
Giddens (Inglaterra), Norberto Bobbio e Massimo D’Alema (Itália). Não faltam
exemplos, no nosso país, de esforços teóricos consistentes, desde os
precursores do ideal socialista no início do século XX, com o denominado socialismo
humanitário (Evaristo de Moraes, Joaquim Pimenta), até os dias atuais,
nessa mesma vertente, com pensadores como Evaristo de Moraes Filho ou Wanderley
Guilherme dos Santos, ou, no terreno das propostas sociais-democratas, com
Fernando Henrique Cardoso, Carlos Henrique Cardim, Bolívar Lamounier, Hélio
Jaguaribe, etc. Mas ainda é muito grande o número de intelectuais e ativistas
que acham que deve ser revivido o velho marxismo-leninismo, como se essa fosse
a única fórmula válida de fazer política, com exclusão de todas as outras
posições.
Propostas de liberalismo
social estão também sobre o tapete, a fim de serem discutidas e avaliadas,
em face dos grandes problemas pelos que o país atravessa. O liberalismo
equaciona sim a questão social. Inspirados em Tocqueville, Aron e nos autores
do liberalismo clássico, temos hoje não poucos pensadores (arrolados pelos
afoitos analistas de esquerda como neoliberais pura e simplesmente), que
em muito contribuiriam para enriquecer o debate acerca das momentosas questões
sociais. Miguel Reale, José Guilherme Merquior, Roque Spencer Maciel de Barros,
Antônio Paim, Ubiratan Macedo, Roberto Campos, José Osvaldo de Meira Penna,
etc. têm hoje ampla obra escrita, que ainda é, infelizmente, mal conhecida e,
por incrível que pareça, patrulhada nas Universidades. Nos Institutos Liberais,
outrossim, tem sido consolidada ampla e séria reflexão sobre os problemas da
democracia contemporânea, à luz dos pensadores do neoliberalismo (Hayek, von
Mises, etc.). Autores como Og Leme, Donald Stewart, Roberto Fendt, Ubiratan
Iorio, Luis Alberto Machado, etc., têm dado importante contribuição nesse
contexto de idéias. No âmbito das opções conservadoras, sobressai o trabalho
desempenhado no Centro de Economia Personalista, no Rio de Janeiro, por Alex
Catharino de Souza. Ora, os nossos centros de estudos superiores deveriam ser o
núcleo por excelência de reflexão sobre os problemas nacionais, abrangendo
todos os pontos de vista seriamente colocados, sem temor ao debate e ao
confronto de idéias.
Paralelamente, carece o
Brasil de centros de estudos estratégicos que avaliem as potencialidades
do país a médio e longo prazo. Louvável esforço têm empreendido algumas
instituições militares de ensino e pesquisa como a ESG, a Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército e o Instituto de Geografia e História Militar no Rio
de Janeiro, em prol de manter um diálogo vivo com o meio acadêmico, em torno ao
estudo das questões estratégicas. Mas ainda é grande o descaso no meio
universitário, em face desta importante iniciativa. Certamente é difícil alguém
empreender estudos estratégicos no que concerne às nossas políticas agrárias,
por exemplo, animado pelo espírito de revolução marxista-leninista que ainda
empolga aos militantes do MST. Seria necessário que estes depusessem o
dogmatismo e se abrissem ao mundo das idéias e da valorização do diálogo
acadêmico e pluralista.
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