Capa da obra A era dos assassinos (Rio: Record, 2008), dos historiadores russos Yuri Felshtinsky e Vladimir Pribilovski. |
“Eta mundo velho sem porteira!” como
dizia aquele personagem gaúcho de Erico Veríssimo em O tempo e o vento. Os
tempos que vivemos não são para menos. Particularmente no Brasil, onde cada dia
pioram os índices econômicos e as expectativas políticas ficam um tanto
incertas. Era para a opinião pública já ter esconjurado Dilma. Mas processo
eleitoral é isso, está sujeito a esse sobe e desce das intenções de voto. Eu,
por mim, acho que chega de PT no poder. O país não aguenta mais tanta
mediocridade.
Mas, se por
aqui chove, fora do Brasil não para de chover. Temos sido inundados nas últimas
semanas por notícias pouco otimistas. Os dois fatos que estão marcando de forma
mais nítida o noticiário internacional são, de um lado, a criminosa derrubada
do Boeing da Malaysia Airlines na Ucrânia, com os seus quase trezentos mortos e,
em segundo lugar, o conflito israelense-Hamas em Gaza.
Por trás de
ambos os fatos esconde-se a mão torta dos aliciadores. No caso do Boeing
derrubado na Ucrânia, aparece a sombra de Putin. No caso do conflito entre
Israel e o Hamas, desenha-se a silhueta do Irã e dos radicais do mundo islâmico,
que com o seu apoio indiscriminado aos terroristas do Hamas pretenden varrer do
mapa Israel e iniciar assim a ofensiva final contra o Ocidente.
No caso das
tramoias de Putin para desestabilizar a Ucrânia depois da anexação da Criméia,
a estratégia do czar não é nova e obedece ao figurino histórico da Grã Rússia:
se firmar no panorama internacional mediante uma série de ações que deixem
clara a vocação despótica e conquistadora da antiga potência, metendo medo nas
potências ocidentais. A mensagem foi clara no caso do assassinato dos passageiros
e tripulantes do Boeing 777: não mexam com os interesses estratégico-expansionistas
da Rússia. Esse é assunto interno e de prioridade A para o czar e a sua patota,
que configuram o que os críticos do regime russo Yuri Felshtinsky e Vladímir Pribilovski denominaram de “a era dos
assassinos”.[1]
No caso do
conflito entre israelenses e terroristas do Hamas na Faixa de Gaza, a pretensão
estratégica das potências extremistas que os apoiam, a começar pelo Irã, também
é clara: varrer do mapa primeiro Israel e, depois, todas aquelas potências
ocidentais (a começar pelos Estados Unidos) que são consideradas infiéis pelos
militantes djadistas. Os ataques indiscriminados contra os cristãos no Iraque e
na África formam parte dessa estratégia maluca, de alcance universal. É curioso
observar como os governos moderados do mundo islâmico, a começar pela Arábia
Saudita, a Jordânia, os Emirados Árabes e o Egito, são definitivamente contrários
ao Hamas e às suas teses terroristas.
O trágico
para nós, brasileiros, é que o governo da presidente Dilma se alinhou, na
maluca política externa da petralhada comandada pelo chanceler de fato Marco
Aurélio García, com as posições que beneficiam tanto a Putin quanto ao Hamas,
tornando o nosso país um “anão” diplomático (na expressão cunhada pelo governo
israelense, que traduz a indignação e a perplexidade das potências ocidentais
com a leviandade da política externa brasileira).
Não temos
mais um pensamento estratégico que comande as nossas relações exteriores. Tudo
se faz de improviso, ou de acordo aos interesses ideológicos dos petralhas. Mas
não se leva em consideração nem a longa trajetória do Itamaraty, nem os
interesses da sociedade brasileira, que se recusa a ver convertido o Brasil num
pária internacional, alinhado com o que há de pior no cenário global: a Cuba
dos irmãos Castro, a ditadura norte-coreana, o Hamas e o czar Putin.
[1]
FELSHTINSKY, Yuri e PRIBILOVSKI, Vladimir. A era dos assassinos – A nova KGB e o
fenômeno Vladimir Putin. (Tradução de Marcelo Schild). Rio de Janeiro:
Record, 2008.
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