Terminou 2011 e a sensação que temos no Brasil, é de que as coisas ficaram a meio caminho. O país apareceu, nos índices internacionais que medem o PIB, como 6ª economia do Mundo, tendo desbancado dessa posição à Grã Bretanha. De entrada, digamos que é um resultado relativo que, para a sofrida classe média, não se traduziu em grande coisa. Impostos e serviços básicos (como a eletricidade, que teve aumento significativo para bancar a “luz para todos”) aumentaram mais do que o normal. Como tampouco houve melhora significativa para o chamado “povão” (as pessoas continuam morrendo nas filas do SUS). Claro que os beneficiários dos programas sociais (“bolsa-família” e outras benesses) tiveram ganhos relativos. Mas de cunho precário, levando em consideração que não houve a posta em prática de políticas públicas que efetivamente os tirassem da faixa da pobreza, sem precisar dos subsídios estatais. Mais animador seria um passo à frente na recuperação da nossa economia, na sua capacidade produtiva, para aumentar o crescimento econômico de forma sustentável. Acontece que este ficou praticamente em zero no ano que se foi. E será muito modesto (se tudo correr bem), neste ano que começa. Tudo por conta do mal de sempre: o estatismo que nos afoga a todos. O custo da máquina pública é enorme e, de outro lado, a ação regulatória do governo dirige-se a tolher a livre iniciativa, em decorrência principalmente da absurda carga tributária, que não diminui, muito pelo contrário aumenta: em 2011 o Leviatã comemorou estar arrecadando mais de um trilhão de reais!
Os lulopetistas, é claro, atribuíram o 6º lugar atingido pelo PIB brasileiro à sua “magnífica” gestão da economia. O fenômeno de aumento do Produto Interno Bruto poderia, no entanto, ser interpretado, de forma mais realista, nos seguintes termos: o fato de os governos de Fernando Henrique Cardoso terem feito o dever de casa no que tange às privatizações e ao saneamento das contas públicas, aliado ao boom das commodities nos últimos dez anos, fizeram com que a produção brasileira fosse alavancada de maneira positiva no contexto global, notadamente em decorrência da compra, pela China, dos nossos produtos de exportação (minério de ferro, petróleo e alimentos), em que pese a crise financeira européia e norte-americana. Diria que a nossa produção cresceu por inércia (se destacando, aqui, o agronegócio). Palmas para os bravos produtores rurais, que conseguiam fazer frente às chantagens do governo em matéria de legislação ambiental e que continuaram sorteando, com grande sacrifício, as investidas dos “movimentos sociais” estimulados pela petralhada e a CNBB, (mencionemos especialmente o MST e quejandos, que ao longo do consulado lulista se apropriaram de parcela significativa dos recursos orçamentários dedicados à agricultura familiar). É claro que Lula, ao longo do seu segundo mandato, conseguiu colocar freio á voracidade de Stedile e companhia, não para parar com a sangria ao tesouro, mas para destinar mais recursos aos “programas sociais” (bolsa família e congêneres), que garantiram o triunfo da candidata petista nas eleições de 2010.
Em matéria de desenvolvimento econômico, no entanto, o saldo é negativo. O Brasil não fez o dever de casa no que tange à modernização da infra-estrutura. Portos, aeroportos, estradas federais e estaduais, ficaram a ver navios. O gargalo da infra-estrutura paralisa, hoje, o crescimento econômico. E compromete os eventos internacionais esportivos em que o governo lulista nos embarcou irresponsavelmente, sem ter garantido os recursos orçamentários e sem ter olhado para os prazos.
No entanto, no que diz relação à alegre distribuição de recursos orçamentários entre ONGs cooptadas pelo governo e “companheiros”, a farra foi incomensurável. Segundo dados levantados pela imprensa e que são de conhecimento público (cf. Veja, edição 2240, 26-10-2011, pg. 78 seg.) nos nove anos de governos petistas (oito de Lula e um da Dilma) foram despejados pelo ralo da corrupção e do dinheiro não controlado, uma média de 85 bilhões de reais por ano, num total que chega à astronômica soma de 600 bilhões de reais. Nunca se roubou tanto na história deste país! Ao que tudo indica, as coisas vão continuar assim, haja vista que a faxina contra a roubalheira, que a atual presidente começou a estancar, corajosamente, identificando os atos de corrupção como crimes, virou tímida espanação de “malfeitos” quando as investigações passaram por perto de figuras do PT, se limitando o governo a punir com a demissão apenas alguns corruptos da base aliada.
Em matéria institucional, as coisas são preocupantes neste ano. A maré montante do PT pretende culminar o aparelhamento do Estado brasileiro, colocando-o definitivamente a serviço dos seus interesses partidários, excluindo, evidentemente, o resto da Nação, que passaria a ser tratada como simples massa de manobra na perpetuação da petralhada no poder. O divisor de águas da definitiva subserviência do Judiciário será o julgamento do Mensalão. Se os petistas conseguirem protelá-lo e engavetá-lo, estaremos em face da definitiva cooptação da nossa mais importante Corte pelos interesses partidários, com grave risco para a democracia. Digamos algo semelhante do convalido Legislativo, praticamente paralisado pelo alude de medidas provisórias. Desejável seria que se reerguesse uma sólida oposição, partindo da discussão do pacto federativo (como quer Aécio Neves), ou tomando o caminho da renovação da representação, mediante a adoção do voto distrital e a valorização das eleições municipais (como pretendem alguns ícones do DEM). Esperemos para ver.
O que resta a nós, cidadãos pagadores de impostos, é continuarmos a botar a boca no trombone da mídia e dos nossos blogs, na esperança de que a sociedade brasileira reaja contra a letargia e comece a pressionar os seus representantes para que façam o dever de casa. Antes de que o Leviatã do partido único tome conta, definitivamente, do Brasil.
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