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domingo, 5 de setembro de 2010

CUBANIZAÇÃO PARA OS DISSIDENTES

 Amigos, não tenham dúvida de que começou o processo de "cubanização" para dissidentes no Brasil. Leiam o relato abaixo, do Wiki repórter Firmino 500, do Recife, publicado em 09/08/2010 sob o título de: "Cadê o Yves Hublet?" O fato do desaparecimento do escritor Yves Hublet mereceu a atenção do Senador Alvaro Dias, como fica registrado no boletim de imprensa que cito mais adiante. Para finalizar, colocarei, como homenagem ao bravo escritor Yves Hublet, artigo que publiquei em 2005, ao ensejo das bengaladas que o bom velinho proporcionou ao então poderosíssimo  Zé Dirceu, em Brasília. Como membro do PEN Clube do Rio de Janeiro, não podia ficar calado diante desse fato nebuloso, justamente porque atinge a escritor reconhecido. Seria grave se se tratasse de um cidadão comum. Mais grave ainda é esse fato, em se tratando de um escritor, que garante aos seus concidadãos o esclarecimento a que eles têm direito. Diz o articulista que a polícia prendeu Yves Hublet por "porte ilegal de arma". Seria a bengala? Ou, talvez, a arma mais perigosa para os governos autoritários: a razão posta a serviço da cidadania? E dessa arma não podemos abrir mão!

Cadê o Yves Hublet?

Publicado em 09/08/2010



A grande imprensa silencia sobre a estranha morte do escritor Yves Hublet, o mesmo que deu uma bengalada magistral na cabeça de José Dirceu na época do mensalão.  Apenas  na internet se divulga e também alguns poucos jornalistas como Boechat , na sua coluna da revista IstoÉ , alem  do  senador Álvaro Dias que já levantou o assunto na tribuna do Senado.

O fato é que no dia 26/7, em Brasilia , morreu o Sr.Yves Hublet e até aí, nada demais, porque morrer faz parte da vida. Mas as circunstâncias em que aconteceu é que são elas...

Após o episódio da bengala, Yves Hublet, escritor de histórias infantís, passou por diversos problemas no Brasil e achou por bem mudar-se para a Bélgica, já que tinha dupla nacionalidade. Em maio deste ano, veio a Curitiba tratar da publicação de um novo livro e, antes de voltar para a Bélgica,  fez escala em Brasília, momento em que Hublet foi preso, acusado de porte ilegal de arma (seria a fatídica bengala?) e mantido incomunicável.  Logo depois, adoeceu na prisão e levado ao hospital peninteciário,  onde morreu - dizem que de câncer, certamente daqueles hiper fulminantes.

Não tinha parentes, e desconhece-se o destino dado ao seu corpo, chegando a se aventar a hipótese do corpo ter sido cremado. Caso se confirme, seria interessante que as autoridades responsáveis  apontassem o familiar de Hublet no Brasil que autorizou sua cremação...já que para esse procedimento é necessária prévia autorização.

E se não foi cremado...que se indique onde foi enterrado, pois senão esse assunto pode começar a cheirar mal...

  • Alvaro Dias questiona circunstâncias da morte de Yves Hublet
  • O senador Alvaro Dias (PSDB/PR) questionou hoje em plenário as circunstâncias da morte do escritor curitibano Yves Hublet - conhecido como o "Homem da Bengala", por ter, em 2005, desferido bengaladas no então deputado José Dirceu, que estava sendo processado por envolvimento no mensalão. Hublet faleceu em Brasília no último dia 27 de julho, aos 72 anos.

  • Alvaro Dias informou que, segundo relato de seu editor e amigo Airo Zamoner, da editora Protexto, após o episódio da bengalada, Yves Hublet, escritor infanto-juvenil de fábulas ecológicas, enfrentou vários problemas no Brasil e mudou-se para a Bélgica, pois tinha dupla cidadania. Ele voltou em maio para Curitiba para discutir a publicação de um livro, e antes de retornar à Bélgica foi até Brasília. Segundo o editor, ao descer do avião, Hublet foi preso em Brasília e ficou incomunicável. No presídio teria adoecido e foi hospitalizado, sob escolta. Alegou-se que estava com câncer. Uma ex-namorada de Curitiba de nome Solange foi quem recebeu telefonema de Brasília comunicando o falecimento do Yves. O corpo teria sido cremado na capital federal.

  • "A autoridade tem que esclarecer a sociedade. Por que foi preso? Qual a razão dessa prisão? Em que circunstâncias ele veio a falecer? Isso não foi divulgado. Os relatos do seu editor e amigo fraterno situam, sem deixar dúvidas, que as circunstâncias que envolvem a morte de Yves precisam ser melhor esclarecidas.

  • Também manifesto solidariedade aos seus amigos e aos seus eventuais parentes que, porventura, estejam em Curitiba ou em qualquer parte desse País. O nosso mais profundo sentimento pelo falecimento de Yves", disse Alvaro Dias.

  • Yves foi fundador e presidente da Associação Cultural Paranaense de Autores Independentes por duas gestões. Foi fundador da União Brasileira de Escritores (seção Paraná) e seu primeiro presidente. Sua primeira obra, "Artes & Manhas do Mico-Leão" foi um sucesso de público e crítica tendo sido adotada nas escolas de todo o País. "Grande Guerra de Dona Baleia" e "Planeta Água" foram livros de sucesso entre outros igualmente adotados pelas grandes redes de ensino de Curitiba e Brasília.

BENGALADAS DE PAPAI NOEL (09-12-2005)

Ricardo Vélez Rodríguez

Incomodado com tanta safadeza, o Bom Velhinho fantasiou-se de escritor, vestiu paletó e gravata, entrou no Congresso Nacional em Brasília, esperou pacientemente e, quando Zé Dirceu apareceu, perdeu a compostura e deu-lhe umas boas bengaladas. Lavou a alma de muitos brasileiros que, em circunstância semelhante, teriam feito a mesma coisa. O que teria irritado tanto Papai Noel? Digamos, de entrada, que o mesmo que incomoda a tantos cidadãos: a cara de pau do indigitado Zé Dirceu e do petismo no poder. Acham que porque representam algum tipo de socialismo, podem fazer e desfazer, à vista de todos, estando obrigados os brasileiros a perdoa-los numa boa, só porque são militantes petistas. O PT, evidentemente, não inventou a arte de furtar. Já tem séculos de existência, como testemunha a clássica obra, anônima, que data do século XVII e que leva o mesmo título: A arte de furtar.

Nesse mesmo século, aliás, o padre Antônio Vieira queixava-se, numa de suas cartas, da corrupção que grassava entre os Ministros de Sua Majestade: “Perde-se o Brasil – escrevia o ilustre pregador – porque alguns ministros de Vossa Majestade não vêm aqui buscar o nosso bem, vêm aqui buscar os nossos bens”. O padre Vieira lamentava que, tendo sido enviados para tomar conta de Pernambuco, estes altos funcionários foram além da sua missão e chegaram a arrasar a antiga Capitania. E afirmava a seguir: “Esse tomar o alheio, ou seja, o do Rei e o dos povos, é a origem da doença. E as várias artes e modos e instrumentos de tomar são os sintomas que, sendo por natureza muito perigosos, tornam cada vez mais mortal a doença. E se não, pergunto, a fim de que se conheçam melhor as causas dos sintomas: Toma nesta terra o Ministro da Justiça? – Sim, toma. Toma o Ministro da Fazenda? – Sim, toma. Toma o Ministro da Milícia? – Sim, toma. Toma o Ministro de Estado? – Sim, toma”.

O que incomoda na corrupção que ora grassa ao ensejo do mensalão e da máquina de afanar dinheiro público montada pelo Zé Dirceu et caterva, é a cara de pau deles. Querem que engulamos todas essas safadezas, em nome da ciência social petista: eles são os iluminados que sabem para onde deve ir a sociedade, em direção ao socialismo redentor, e, conseqüentemente, devem ser perdoados de quaisquer deslizes. Os militantes petistas encamparam a ética totalitária, segundo a qual os fins justificam os meios. O arrazoado funciona mais o menos assim: nós, petistas, somos a vanguarda do povo, os melhores entre os bons, porque somos portadores da mensagem salvadora, o socialismo coletivista. Logo, nós temos direito a nos impormos ao resto da sociedade, que deverá pagar, via dinheiro público desviado das estatais, o funcionamento da nossa máquina político-partidária. Dois mecanismos administrativos são necessários ao funcionamento da máquina partidária petista: organização de um fundo partidário financiado com dinheiro público das estatais e financiamento de um mecanismo de cooptação que garanta ao PT a fidelidade dos partidos da base aliada. A idéia do mensalão ajusta-se a esta exigência.

Se a opinião pública, através da imprensa ou do Congresso, exigir explicações através das CPIs, a resposta é clara: não sabemos de nada, a começar pelo Chefe do Estado. Ou a culpa é da imprensa que inventa inverdades e está a serviço do imperialismo, ou que exagera os pequenos defeitos, sem olhar para as grandes qualidades dos governantes. De resto, pouco importa a voz do Congresso, integrado por “trezentos picaretas”, como disse Lula quando abandonou o seu mandato de deputado. Lembro-me, a respeito do “Não sabia de nada”, ou do “Fui traído pelos colaboradores”, de irônica sextilha do poemeto campestre Antônio Chimango, escrito em 1915 por Ramiro Barcellos, para criticar a cara de pau da liderança castilhista: “Quando um erro cometeres / O que bem se pode dar / Tu não deves olvidar / Como se sai da enrascada: / A culpa é da peonada / O patrão não pode errar!”.

O petismo no poder desprestigiou a arte de furtar que, infelizmente, grassa na nossa tradição patrimonialista. Desprestigiou-a ao lhe conferir aparência de consenso ético. O velho ademarismo afirmava, sincero e cafajeste, em claro e bom som: “rouba, mas faz”. O cinismo petista proclama o seguinte imperativo antiético: afana dinheiro público à vista de todos, e fala que todo mundo faz caixa dois, logo é pecadilho de menor monta. Enquanto isso, imperturbável e teimoso, como de praxe, Zé Dirceu não se arrepende: vai processar Papai Noel.

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