resumo. A obra de arte literária, em que pese o seu
caráter estético, revela, de fato, “o homem como ele é”, nas palavras de Nelson
Rodrigues. Na criação literária, não fala o homem da razão, mas a emoção toma a
palavra. E, à sua sombra, revela-se o que de mais profundo há em nos: as
crenças fundamentais, aquelas que tiramos do fundo do coração nos momentos de
aperto. O autor desenvolve, neste texto, uma análise do poemeto campestre Antônio
Chimango, escrito por Ramiro Barcelos em Porto Alegre, em 1915, como
crítica contundente ao modelo de “ditadura científica” organizada, no Rio
Grande do Sul, por Júlio de Castilhos, tendo sido esse modelo adotado,
ulteriormente, por Getúlio Vargas, em nível nacional, na sua longa permanência
no poder (1930-1945; 1951-1954). O ponto central destacado na obra é a
subserviência de todos perante a vontade onipotente do líder, fosse ele
Castilhos ou Borges de Medeiros. Este último é a personagem central do poemeto,
recebendo o nome de “Chimango”, em alusão ao apelido que levavam os seguidores
de Castilhos nas guerras civis gaúchas.
Palavras-chave:
Patrimonialismo, Castilhismo, Ditadura Científica, Cultura Gaúcha.
ABSTRACT. The literary work of art, despite its aesthetic
character, reveals, in fact, "man as he is," in the words of Nelson
Rodrigues. In literary creation, does not the man of reason, but emotion takes
the floor. And in its shadow, it is revealed that the deeper is in us: the
fundamental beliefs, those who took from the heart in times of tightening. The
author develops in this text, an analysis of the short poem country Antonio
Chimango, written by Ramiro Barcelos in Porto Alegre in 1915 as scathing
critique of the model of "scientific dictatorship" organized in Rio
Grande do Sul, by Julio de Castilhos, having been adopted this model, later, by
Getulio Vargas, at the national level, in his long tenure in power (1930-1945;
1951-1954). The point highlighted in the work is the subservience of all before
the omnipotent will of the leader, was he Castilhos or Borges. The latter is
the central character of the short poem, receiving the name
"Chimango," referring to the nickname that led the followers of
Castilhos in gaucho civil wars.
Keywords: Patrimonialism,
Castilhismo, Scientific Dictatorship, Gaucha Culture.
Embora não possamos reduzir a obra literária ao seu
conteúdo sociopolítico, é bem possível analisa-la sob esse ângulo, a fim de
examinar o ambiente da época, o Sitz im Leben, a sua estrutura como
realidade social. Isso quer dizer que a própria obra literária é um fato
social. Podemos afirmar o que Adolph Siegfred Tomars frisava, em 1940, na sua Introdução
à Sociologia da Arte: “As instituições estéticas
não se baseiam em instituições sociais; nem sequer formam parte de instituições
sociais; são instituições sociais de um determinado tipo e estão intimamente
relacionadas às demais”.[1] Ou
podemos aderir ao que René Wellek e Austin Warren afirmam na sua Teoria
Literária:
A literatura é uma instituição social que
utiliza como meio próprio a linguagem, criação social. Os artifícios literários
tradicionais, como o simbolismo e o metro, são sociais pela sua mesma natureza;
são convenções e normas que somente podem ter-se produzido na sociedade. Mas,
além disso, a literatura representa a vida; e a vida é, em grande medida, uma
realidade social, mesmo quando tenham sido objeto de imitação literária o mundo
natural e o mundo interior ou subjetivo do indivíduo. O próprio poeta é membro
da sociedade, e possui uma condição social específica; recebe um certo reconhecimento
e recompensa sociais; dirige-se a um público, mesmo que hipotético. Mais
exatamente, a literatura nasceu, em geral, em íntimo contato com determinadas
instituições sociais, e pode acontecer que, na sociedade primitiva, não
possamos sequer distinguir a poesia do ritual da magia, do trabalho ou do jogo.
A literatura possui também uma função ou uso social, que não pode ser puramente
individual. Daí que grande parte das questões colocadas pelos estudos
literários sejam, ao menos em última instância ou por derivação, questões
sociais; questões de tradição e convenção, de normas e gêneros, de símbolos e
mitos”. [2]
O fato de reconhecermos o caráter social da literatura não
nos autoriza, no entanto, a pretender identificar a obra literária com um
determinado fator monocausalista. Como acertadamente frisa Oliveira Vianna,
“não há atualmente monocausalismos em ciências sociais”.[3] De
forma tal que a identificação unilateral entre obra literária e um aspecto
determinado da vida social, por exemplo, o econômico, termina por empobrecer a
feição social mesma da literatura. A respeito, frisam Wellek e Warren:
Em geral (...), a pesquisa relativa a
literatura e sociedade é colocada de uma forma mais curta e exterior.
Formulam-se questões sobre as relações da literatura com uma situação social
dada, com um determinado sistema econômico, social e político; fazem-se
tentativas para expor e definir a influência da sociedade sobre a literatura e
para fixar e julgar o lugar da literatura na sociedade. Essa aproximação sociológica
da literatura é cultivada particularmente pelos que professam uma filosofia
social específica. Os críticos marxistas não só estudam essas relações entre a
literatura e a sociedade, como também possuem o seu conceito claramente
definido acerca do que devem ser tais relações, tanto na nossa sociedade atual
como na futura sociedade sem classes. Praticam a crítica valorativa, baseada em
critérios políticos e éticos não literários. Não só nos dizem o que foram e são
as relações sociais da obra de um autor, mas o que deveriam ter sido ou
deveriam ser. Não somente são estudiosos da literatura e da sociedade, mas
profetas do futuro, admoestadores, propagandistas; e torna-se-lhes difícil
separar essas duas funções.[4]
Por essas razões, quem se aproxima da obra literária para
nela estudar o conteúdo social, ou melhor, para analisa-la como fato social,
deve levar sempre em consideração e elemento que serve de mediador entre as
forças sociais do meio e a obra de seu mundo, que é um universo. Talvez a
atitude certa seja a que Heidegger propõe na sua Carta
sobre o Humanismo:
A linguagem é a casa do ser. Nesta
habitação do ser mora o homem. Os pensadores e os poetas são os guardas desta
habitação. A guarda que exercem é o consumar a manifestação do ser, na medida
em que a levam à linguagem e nela a conservam (...). O pensar (...) deixa-se
requisitar pelo ser para dizer a verdade do ser (...).[5]
Essa exigência de respeito pelo ser da obra foi explicada
por Fidelino de Figueiredo como decorrente da dinâmica espiritual da cultura:
“O dinamismo revolucionário das obras de pensamento está aderido à própria
inspiração individual, que já recebeu da coletividade e da época tudo que tinha
para receber”. [6]
Do que levamos exposto, depreende-se uma regra que
assumiremos como pauta da abordagem do aspecto sociopolítico da obra Antônio
Chimango. Deixaremos que o autor nos fale através
das quadrilhas em que manifestou a sua corajosa crítica ao regime borgista, sem
pretendermos assinalar previamente o que considerarmos essencial ou secundário.
Alicerçados em estudos que fizemos do castilhismo como filosofia política, [7]
limitar-nos-emos a ampliar os aspectos em que o texto poético fizer ênfase. Não
pretendemos, contudo, esgotar o rico conteúdo sociopolítico da obra; tampouco
trataremos do valiosíssimo aspecto da linguagem gaúcha, que tem merecido
acuradas análises de parte de estudiosos como Carlos Reverbel, Rodrigues Till,
Augusto Meyer, etc. Será nosso propósito, simplesmente, deter a atenção nos
aspectos sociopolíticos que, numa leitura despretensiosa de Antônio
Chimango, saltaram à nossa vista.
Uma breve consideração sobre o autor. Ramiro Fortes de
Barcelos (1851-1916), sob o pseudônimo de “Amaro Juvenal”, escreveu Antônio
Chimango – Poemeto campestre, em 1915.
Nasceu em Cachoeira do Sul (RS), a terra natal de Fontoura Xavier e de João
Neves da Fontoura. Tendo cursado os estudos secundários em Porto Alegre,
completou o curso superior na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1874.
Como todos os jovens da sua geração, participou ativamente da propaganda e da
política republicanas, e teve papel de destaque na imprensa gaúcha, notadamente
nos jornais Correio do Povo e A Federação. Escrevia assinando os seus comentários e artigos, ora com o
seu próprio nome, ora com os pseudônimos de “Amaro Juvenal” ou “Rafael de
Matos”.
Barcelos foi parlamentar, tendo representado o Rio Grande
do Sul como senador, durante 18 anos. “Ágil folhetinista, polemista vigoroso,
crítico arguto, poeta cheio de inspiração cívica”, assim o caracterizou
Rodrigues Till.[8] Embora
os seus escritos se reduzam à obra jornalística e à sátira política Antônio
Chimango, críticos como Carlos Reverbel não
duvidam em considerar esta última como “uma das primeiras, senão a primeira
obra clássica da literatura rio-grandense, condição de que poderiam
compartilhar os Contos gauchescos e lendas do sul, de J. Simões Lopes Neto, e O
Continente, de Érico Veríssimo”. [9]
Testemunho insuspeito da grandeza humana de Ramiro
Barcellos foi-nos dado pelo seu conterrâneo João Neves da Fontoura, que nas
suas Memórias assim escreve sobre o
nosso autor:
(...) Sendo médico, falava sobre Direito
com a segurança de um profissional do foro. Nunca vi talento mais variado,
cultura mais enciclopédica. Sabia tudo. Discorria sobre tudo com proficiência.
E com beleza, pois era, ao mesmo tempo, um verdadeiro homem de letras.
Jornalista, ilustrava A Federação com suas graciosas crônicas ao tempo da
propaganda, sob o pseudônimo de Amaro Juvenal. Poeta, escreveu o Antônio Chimango, uma sátira contra o Sr. Borges de Medeiros, com o qual
rompera nos últimos anos de vida. O poemeto é um dos melhores documentos
folclóricos do Rio Grande, ainda que tenha muito de inspiração do Martín Fierro. Senador da República, durante longos anos, enfrentou Rui
Barbosa, criticando da tribuna o plano financeiro do brande baiano, quando
Ministro da Fazenda do Governo Provisório. O debate entre ambos foi acesso e
por vezes rigorosamente pessoal.[10]
A “Oferta” da obra revelava duas coisas: em primeiro lugar,
a busca da liberdade. Em segundo lugar, o amor às tradições gaúchas. Eis o teor
daquela:
Ao Rio Grande
Oferta
Velho gaúcho – insaciável
De fazer aos mandões guerra,
Nestas páginas encerra
Por um pendor invencível
Seu amor – incorrigível –
Às tradições desta terra.
Aprofundemos um pouco na idéia de “fazer aos mandões
guerra”. A sátira Antônio Chimango foi motivada pelo autoritarismo de Borges de Medeiros
(1863-1961), que ensejou o rompimento entre ambos, em 1915. Carlos Reverbel
sintetizou assim o episódio:
Por sugestão de Pinheiro Machado, que
comandava a política nacional, Borges de Medeiros aceitou o nome do Marechal
Hermes da Fonseca, para concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Ramiro
Barcellos, acompanhado por alguns próceres do Partido Rio-Grandense,
insurgiu-se contra a indicação do marechal à senatoria, passando, então, a
chefiar uma facção dissidente, que terminaria apresentando o seu nome ao
Senado, em oposição ao de Hermes da Fonseca. Veio a eleição e Ramiro Barcellos,
que já representava o Rio Grande do Sul no Senado durante dezoito anos, foi
fragorosamente derrotado, mesmo porque, naquela época os candidatos governistas
sempre venciam.[11]
Simon Schwartzman salientou o fato de os gaúchos, quando na
oposição, aderirem sempre às
reivindicações liberais, enquanto que, quando sediados no poder, tenderem
costumeiramente ao centralismo autoritário. [12]
Essa observação torna-se patente na primeira e na segunda gerações
castilhistas. Enquanto que o próprio Júlio de Castilhos (1860-1903) e seus
correligionários aderiram à pregação liberal e republicana para fazer oposição
à Monarquia, proclamada a República e colocados no poder em 1891, no Rio Grande
do Sul, ensejam uma “ditadura
científica” pautada pela Constituição estadual redigida por Castilhos nos
moldes positivistas. Surge então, do seio do próprio castilhismo, o primeiro
núcleo oposicionista liberal, com Assis Brasil, Pedro Moacir, Barros Cassal e
Fernando Abbott. Esse grupo desfechou o golpe contra Castilhos em 1892.
Chegando ao poder, esquece todos os princípios liberais com base nos quais
criticava o autoritarismo excludente de Castilhos e pratica o mesmo vício,
recusando-se a compartilhar o poder com os seus aliados da véspera que ajudaram
na derrubada do ditador, os seguidores de Gaspar da Silveira Martins
(1835-1901).
Polarização semelhante ocorreria entre os castilhistas
quando da quinta reeleição de Borges em 1923, que causou a revolta federalista
sob o comando de Assis Brasil (1857-1938). Os federalistas insistiram em
reivindicações liberais de descentralização do poder, enquanto os borgistas,
instalados nele, propugnavam pela manutenção do centralismo autoritário.
Nova eclosão de reivindicações liberais, de cunho
oposicionista, empolgaria a ação da segunda geração castilhista na época da
Aliança Liberal, quando Getúlio Vargas (1883-1954), Lindolfo Collor
(1891-1942), João Neves da Fontoura (1889-1963) e Batista Luzardo (1893-1982)
apresentaram, ao lado dos mineiros, amplas reivindicações liberais. É do
próprio Getúlio Vargas a expressão, num comício de 1930, de “anistia ampla,
geral e absoluta”. No entanto, uma vez conquistado o poder, Getúlio ensejaria
forte movimento centralizador e autoritário, com a conseqüente reação dos seus
colegas castilhistas: seriam, de uma forma ou de outra, perseguidos pelo Estado
getuliano, Lindolfo Collor, Maurício Cardoso (1888-1938), Barros Cassal, João
Neves da Fontoura e até o próprio Borges de Medeiros que, após a consolidação
de Getúlio no poder e perdidas as chances de se eleger para a Presidência da
República, de positivista se transformou em liberal, ao escrever, no seu exílio
em Pernambuco, a obra O Poder Moderador na República Presidencialista
(1933). [13]
A posição crítica de Amaro Juvenal em relação ao borgismo
pode-se explicar fazendo referência ao contexto de oposição-liberalismo, situação-autoritarismo,
típico da política sul-rio-grandense, a que acabamos de fazer referência.
Conseqüentemente, o espírito liberal de Amaro Juvenal ia até a crítica ao
borgismo, sem, contudo, contestar o autoritarismo castilhista. Isso é patente,
por exemplo, nas sextilhas 80 e 81, que dizem assim:
Tudo
em orde e bem cuidado,
Cada
coisa em seu lugar;
Sabia
o dono mandar
À
peonada gaúcha.
O
Coronel Prates, [14]
cuepucha!
Tinha
um Dom particular.
Era
um home de respeito,
Trabalhador,
camperaço:
Tinha
firmeza no braço,
Na
vista a mesma firmeza;
Pois,
era aquela certeza
Quando
sacudia o laço!
Amaro Juvenal reconhece que só com o pulso firme de
Castilhos a ordem era mantida no Rio Grande. A sextilha 84 frisa que:
E a peonada da Estância...
Isso é que era de se ver!
Moçada guapa a valer,
Na porteira do curral,
Cada qual, com seu bagual
À espera do amanhecer.
Os peões em ordem, a Estância progride. Esse era o binômio
“Ordem e Progresso”, sob o punho de ferro do Coronel Prates. Eis a descrição da
fartura gaúcha, nas quadrilhas 78 e 79:
Estância linda era aquela,
Onde a vista se estendia
Por mais de uma sesmaria
De campo todo gramado;
Era de fama o seu gado,
Quer de corte, quer de cria.
Lá não se via macega,
Tudo grama de forquilha,
Trevo era mato e flechilha;
Muita fartura de aguada;
Cada cerca d’invernada
De moirão e coronilha.
Contrastando com a figura patriarcal do Coronel Prates,
Amaro Juvenal nos apresenta a Antônio Chimango (Borges de Medeiros), franzino
desde o nascimento e carregando a má estrela dos débeis e medíocres. Eis o
relato da vinda ao mundo do Chimango e dos seus primeiros dias, nas sextilhas
11, 12 e 13:
Nos cerros de Caçapava
Foi que viu a luz do dia,
À hora d’Ave-Maria,
De uma tarde muito suja;
Logo cantou a coruja
Em honra de quem nascia.
Veio ao mundo tão flaquito,
Tão esmirrado e chochinho
Que, ao finado seu padrinho,
Disse espantada a comadre:
“Virgem do Céu, Santo Padre!
Isso é gente ou passarinho?”
“- Você parteira e não sabe?
Isto logo se descobre:
Terneiro de campo pobre
Não tem quartos nem papada,
É produção desgraçada
Que não vale nem um cobre”.
A magreza e a debilidade física prenunciavam a mediocridade
de quem só ascenderia por mão alheia. É o que nos diz Amaro Juvenal nas
sextilhas 18 e 19:
Inda aos três anos mamava
E só dizia: - tetéia,
Numa magreza mui feia,
Quase como a se sumir,
Pra dar um passo ou subir
Era só por mão alheia.
Mesmo ansim tão fanadinho,
Pescoço cheio de figas,
Levado por mãos amigas
E a bênção dos seus
padrinhos,
Foi crescendo a bocadinhos,
Cheio de manha e lombrigas.
Amaro Juvenal põe em boca da cigana que passa pela Estância
o futuro do Chimango: parasita que galgará os mais altos cargos, sem esforço de
sua parte. Eis a premonição da cigana, nas sextilhas 26, 30, 31 e 32:
Vira-bosta é preguiçoso
Mas velhaco passarinho;
Pra não fazer o seu ninho
Se apossa do ninho alheio;
Este há de, segundo creio,
Seguir o mesmo caminho.
(....)
Ninguém se fie, portanto,
Neste tambeiro mansinho;
E o digo porque adivinho
E percebo muito bem
Na linha torta que tem
Perto do dedo minguinho.
Este, pois, que aqui se vê
C’um jeitinho de raposa,
Parece um Mané de Souza,
Mas, isto é só na aparência;
Inda há de ter excelência,
Inda há de ser grande cousa.
Ansim falou a cigana
E toda a gente se ria
Das bobagens que dizia
Sobre a sorte do miúdo;
Amigos, aquilo tudo
Tinha de ser algum dia.
A infância do Chimango revelaria uma criança doente e
medrosa. É o que Amaro Juvenal relata nas quadrilhas 44, 45 e 46:
Tinha já mudado os dentes
E andava de camisola
O Chimango, um tramanzola
Molhava à noite o pelego;
Tinha medo de morcego,
Corria, vendo pistola.
No meio da gurizada,
Quando brincava de laço,
Era o Chimango o palhaço,
Nunca acertava um pealo;
E se montava a cavalo,
Não troteava...era no passo.
Andava sempre atempado:
Volta e meia, era churrio,
Pontadas pelo vazio,
Dor de barriga, enxaqueca,
Catapora tosse seca...
Mas, nunca tinha fastio.
A juventude do Chimango seria um prolongamento dessa
infância frágil. Um elemento assinala Amaro Juvenal no caráter dele: a
mediocridade arrivista, que o predispunha, admiravelmente, ao “dedodurismo” na
Estância. Eis o quadro da mocidade do Chimango, nas sextilhas 87, 89, 90 e 91:
Não saiu lendo por cima,
Mas, um pouco soletrado;
Ficou sendo um aporreado
Como tantos que eu conheço
Que se vendem por bom preço
Por terem pêlo pintado.
(....)
Mas, vendo o Coronel Prates
Que se criava um remisso,
Foi-lhe inventando serviço
Mesmo ali pelo terreiro:
Cuidar porco no chiqueiro,
Puxar água num petiço.
Socar quirera pros pintos,
Dar milho aos galos de rinha,
Apalpar cada galinha
Pra ver as que tinham ovo;
Ouvir o que dizia o povo
Miúdo, lá na cozinha.
Desse ofício ele gostava
Como peru de cupim:
Sutil como borlantim,
Desempenhava o papel
E informava ao Coronel
Tudo, tintim por tintim.
Amaro Juvenal caracteriza a política sul-rio-grandense como
uma privatização do poder por parte de uma autoridade patriarcal única e
inquestionável, que governa sem prestar contas a ninguém e que distribui
sinecuras aos que se deixarem cooptar pela autoridade. Em termos sociológicos,
a caracterização de Amaro Juvenal corresponde perfeitamente ao complexo de clã,
tão maravilhosamente descrito, na região dos pampas, por Oliveira Vianna no segundo volume de Populações
Meridionais do Brasil, [15] que se insere, de outro lado, na realidade do Estado
patrimonial, estudado pela sociologia weberiana. [16]
O poder é entendido como prolongamento das funções
domésticas do Patriarca. Na Quarta e na Quinta Rondas do poema, Amaro Juvenal
situa, nesse contexto, a sucessão do Coronel Prates pelo Chimango. Nas
sextilhas 113 e 114, o poeta explica o teor desse processo:
Co tempo o Coronel Prates
Se foi sentindo pesado;
Tinha muito trabalhado
Naquela vida campestre,
Onde ele, com mão de mestre,
Tinha tudo preparado.
Um dia chamou o Chimango
E disse: “escuta, rapaz,
Vais ser o meu capataz;
Mas, tem uma condição:
As rédeas na minha mão,
Governando por detrás.”
O sucessor deve, portanto, se deixar cooptar pelo
Patriarca. E a mediocridade e subserviência do novo governante são evidente
garantia de controle da situação por parte do Coronel Prates. É o que Amaro
Juvenal expressa nas sextilhas 117 e 120:
Toda minha gente é boa
Pra parar bem um rodeio,
Boa e fiel, já lo creio;
Mas, eu procuro um mansinho,
Que não levante o focinho
Quando eu for meter-lhe o freio.
(....)
Eu poderia tomar outro
Pra encarregar das
prebendas;
Mas, para evitar contendas
E que briguem por engodos,
Pego o mais fraco de todos;
E assim quero que
m’intendas.
A fim de preparar o Chimango para as funções de capataz da
Estância, o Coronel Prates encomenda ao amigo Aureliano, seu secretário, “pardo
velho muito antigo” (sextilha 121), para que lhe ensine a arte de governar. As
lições de “maquiavelismo gaúcho” que Aureliano dá ao Chimango refletem
deliciosamente o autoritarismo castilhista da Constituição estadual de 1891,
que ensejou um Estado mais forte do que a sociedade, a fim de exercer a tutela
moralizadora alicerçada na filosofia positivista.[17]
O princípio patrimonialista de que “o chefe não erra” é
traduzido assim pelo velho Aureliano, na sextilha 127:
Quando um erro cometeres
(O que bem se pode dar)
Não deves ignorar
Como se sai da rascada:
A culpa é da peonada;
O patrão não pode errar.
Um princípio típico do patrimonialismo é, segundo Max
Weber, [18] o
aniquilamento, pelo monarca, de qualquer autoridade que possa competir com a
sua. O velho Aureliano formula princípio semelhante na sextilha 128:
Quando vires um peão,
Mesmo o melhor no serviço,
Ir pretendendo por isso
Adquirir importância...
Bota pra fora da Estância,
Mas, sem fazer rebuliço.
Outros princípios da ética patrimonialista seriam os
seguintes, segundo as sextilhas 132 e 133:
Não percas isto de vista:
C’os cotubas ter paciência,
C’os fracos muita
insolência,
C’os milicos muito jeito;
Não ter amigos – do peito;
Nisto está toda a ciência.
Dizem que não crer é bom,
Pra quem ser forte deseja;
Mas tu deves ir à igreja,
Bater nos peitos também;
E te fará muito bem
Pedir que ela te proteja.
Princípio norteador do autoritarismo castilhista foi o
seguinte slogan: “o regime parlamentar é um regime para lamentar”.
Conseqüentemente, a Constituição gaúcha esvaziava, na prática, o Poder
Legislativo. E os pleitos eleitorais converteram-se em fraudes tuteladas pelo
Executivo estadual. Os direitos individuais foram convertidos em dúbias garantias
de “Ordem e Progresso”, com as quais culminava a Constituição redigida por
Castilhos. Esse desprezo pela democracia representativa foi traduzido assim
pelo velho conselheiro Aureliano, nas sextilhas 141 e 142:
O povo é como boi manso,
Quando novilho, atropela,
Bufa, pula, se arrepela,
Escrapateia e se zanga;
Depois, vem lamber a canga
E torna-se amigo dela.
Home é bicho que se doma
Como qualquer outro bicho;
Tem, às vezes, seu capricho,
Mas, logo larga de mão,
Vendo no cocho a ração,
Faz que não sente o rabicho.
Quando da morte do Coronel Prates, “Toda a Estância de São
Pedro / Ficou como atordoada”(sextilha 172). E o Chimango, muito esperto,
interpretou em proveito próprio o testamento do Coronel, que dispunha “Que a
peonada escolhesse / Dentre si o mais sisudo”(sextilha 174). Vê-se aqui a
grande estimação que Ramiro Barcellos devotava a Júlio de Castilhos; culpado
pela crise em que mergulhou a Estância após a morte do Coronel Prates não foi o
sectarismo dele. O responsável por tudo seria diretamente o Chimango e mais
ninguém.
Tudo decaiu na Estância após a morte do Coronel. José
Turuna (o senador José Gomes Pinheiro Machado – 1851 / 1915 -, que fez ruir a
candidatura de Ramiro Barcellos ao Senado), consegue dividir com o Chimango o
espólio do antigo Patriarca. Eis de que forma Amaro Juvenal refere esse
episódio, criticando asperamente a política de bastidores de Pinheiro Machado,
sem, contudo, desconhecer a bravura do senador, assassinado em 1915 (sextilhas
183, 184, 188, 189 e 193):
Antigamente, da Estância
Um certo José Turuna
Que havia feito fortuna
Do coronel protegido,
Pra outros pagos tinha ido
Morar nos campos da Tuna.
Era um gaúcho atrevido
Quer a pé, quer a cavalo
Cola atada ao Cantagalo;
Prata em penca de guaiaca,
Dispondo de muita vaca,
Levava a vida em regalo.
(...)
Sobre a Estância de São
Pedro
Fundava grande esperança
De a receber por herança,
Por morte do Coronel;
Mas, sem fazer arranzel
Deu outro jeito na dança.
Fez que não deu pela coisa
Armada pelo Chimango;
Sabia que aquele frango
Esporas mesmo não tinha,
Não agüentava uma rinha
Não sustentava um fandango.
(...)
Entre os dois fizeram vaca
No jogo co’a peonada
E tendo a sorte escorada
Um em São Pedro, outro em
Tuna
Mas afinal, o Turuna
Foi quem ficou co’a parada.
Essa aliança entre o Chimango e o Turuna fez a Estância
mergulhar em profunda crise. É o que Juvenal nos diz nas sextilhas 195, 196 e
197:
Os anos foram passando
E o Chimango no poleiro,
Combinado c’o parceiro
E sem mais ouvir conselho,
Foi levando tudo a relho
Sem resistência e folheiro.
Tudo o que era de valor
Daquela gente campeira
Que tinha feito carreira
Quando o coronel vivia,
Não vale nada hoje em dia,
Não passa de bagaceira.
Pobre Estância de São Pedro
Que tanta fama gozaste!
Como assim te transformaste
Dentro de tão poucos anos;
De destinos tão tiranos
Não há ninguém que te
afaste!
Simon Schwartzman [19]
frisa que a situação fronteiriça teria conferido ao Rio Grande do Sul,
características típicas das regiões situadas nos confins dos grandes impérios
continentais europeus. Schwartzman resume assim essas características,
salientando a primazia dos gaúchos na política nacional, a partir de 1930:
O Rio Grande parece ter desempenhado no
Brasil um papel semelhante ao que Portugal e Espanha desempenharam na Europa
cristã: como um posto militar de fronteira, desenvolveu a sua própria
ortodoxia, o positivismo - em uma combinação peculiar soma tradição militar
local e cultura boiadeira – e uma forte oligarquia estadual, que reunia forças
tanto para a luta contra o inimigo espanhol e portenho quanto para a luta pela
autonomia em relação ao Império brasileiro. A região era a base da ala mais
importante do exército brasileiro, fornecendo, também, uma parte considerável
dos seus quadros. Desempenhou um papel bastante ativo na política nacional,
desde a criação do Partido Republicano Rio-Grandense em 1882, na derrubada do
Império, em 1889, e daí em diante. Em 1930, chegou ao poder nacional com
Vargas, que tinha sido anteriormente governador do Rio Grande do Sul, de acordo
com os interesses de Borges de Medeiros, o chefe político do Estado, e com ele
os gaúchos literalmente atrelaram seus cavalos na capital nacional. Vargas
novamente, em 1950, Goulart, em 1961, Costa e Silva, Médici e Geisel, depois de
1964, todos esses presidentes gaúchos atestaram a marcante vocação do Rio
Grande para o poder nacional, através de seus filhos civis e militares.
Essa vocação do Rio Grande para o poder nacional foi também
cantada por Amaro Juvenal, nas sextilhas que dedica à política do vice-presidente
do Senado, José Gomes Pinheiro Machado, o José Turuna, que se no Rio Grande
acabou com a Estância, por se ter aliado ao Chimango, na Estância dele (o
Congresso Nacional) dominava com ar soberano e tinha as coisas em ordem. As
sextilhas 185, 186 e 187 dizem assim:
Tinha uma Estância asseada,
Galpão coberto de zinco,
Mangueiras, tudo era um
brinco;
Não perdia uma carreira; Se
um lhe batia – primeira -,
Já tinha o cinqüenta e
cinco.
Astuto por natureza,
Com fama de valentia,
O certo é que ele sabia
Impor c’um ar soberano
E sempre ganhar de mano
No jogo em que se metia.
Tinha atrevimento e sorte
E muita liga consigo,
Jeitos de caudilho antigo;
Por bom modo ou a sopapo,
No que não fosse bem guapo
Punha logo pé-de-amigo.
Amaro Juvenal não deixou de criticar a ortodoxia
castilhista, o positivismo, sem, contudo, envolver o Coronel Prates, fazendo
recair no Chimango a responsabilidade pela adoção da esdrúxula religião, que
teria sobreposto à sua primeira formação cristã. [20]
Escreve a respeito Amaro Juvenal, nas sextilhas 201, 202 e 203:
Dizem até que o Chimango,
Apesar de batizado,
Vive como um renegado
E deixou de ser cristão;
Que tem outra religião,
Na qual anda enfeitiçado.
E nessa tal bruxaria,
Em vez de Nossa Senhora,
Uma outra mulher adora
Que tem um nome estrangeiro;
(Em português é – terneiro [21]
Segundo ouvi cá de fora).
Dizem que é boa irmandade,
Mas eu, que nada sei disto,
Me vou ficando com Cristo
E co’a Virge do Rosário:
Pois que neste mundo vário
Muita coisa se tem visto.
Não escapou ao autor do Antônio Chimango a aguda observação, feita também por José Veríssimo, da
conveniência de se professar a religião comtiana, para alguém ser bem aceito
nas altas esferas. A propósito, Amaro Juvenal frisa nas sextilhas 204 e 205:
Porém da tal novidade
Muito gandulo aproveita
E tem logo a cama feita,
Se se diz da devoção;
Se é desta laia o peão
O Chimango não rejeita.
Com a tal religião nova
Tudo é possível fazer;
Basta o Chimango querer
E não há mais embaraço:
Quem resmunga vai pro laço,
Pois a regra é obedecer.
Traço este, aliás, bem típico do patrimonialismo e do
despotismo oriental, que ordinariamente cooptam o fator religioso, como meio
para consolidar o poder político. [22] A
ortodoxia positivista, aliada ao autoritarismo do Chimango, contribui, segundo
Amaro Juvenal, para a crise da Estância gaúcha. É o que o autor afirma na
sextilha 201:
E tudo mais em São Pedro
Vai morrendo, pouco a pouco,
A manotaços e a soco
Rolando para um abismo;
Pois c’o tal positivismo,
O home inda acaba louco.
A ortodoxia comtiana teria sido responsável, no sentir de
Amaro Juvenal, pela errada política econômica do Chimango. Não seria descabido
pensar que tal coisa houvesse de fato acontecido, a julgar pelas informações
dadas por Ivan Lins na sua História do Positivismo no Brasil, [23] acerca dos exageros dos engenheiros castilhistas, que
condicionavam o tamanho das represas, às medidas ideais propostas por Augusto
Comte. De qualquer forma, Amaro Juvenal expressa a sua crítica à errada
política agrícola do Chimango, nas sextilhas 208, 209 e 210, que rezam assim:
O desmando vê-se em tudo,
Não é só na criação;
Parece, por maldição
Que deu-lhe o tangolomango,
Pois, até quer o Chimango
Que não se plante feijão.
E se plantar, não se venda;
Quem o vender vai pro rol;
E isso é feito à luz do sol,
Que ansim quer o seu
capricho;
Feijão é pra criar bicho
E apodrecer no paiol.
Deu-lhe a veia pra embirrar
Com tudo o que se põe à
mesa;
Até a batata inglesa
Das iras não lhe escapou.
Quanta batata grelou
Ninguém sabe com certeza.
Duas observações para terminar. Em primeiro lugar, em que
pese o pseudônimo usado por Ramiro Barcelos, a publicação, em 1915, da obra Antônio
Chimango, financiada pelo autor, equivalia a uma
declaração de guerra contra o ditador todo-poderoso. Ninguém ignorava quem era
o autor. Carlos Reverbel [24]
escreveu o seguinte, se referindo à primeira edição da obra:
Apresenta na capa uma caricatura de
Borges de Medeiros, com a cara de Chimango, feita pelo autor, que assim também
revela certo talento para o desenho. Não traz indicação de editora nem de
tipografia, mas foi impressa em papel de boa qualidade, sendo nítida a
composição e bem revisado o texto. Trata-se, pois, de uma edição clandestina, o
que se compreende, dadas as características da obra e as circunstâncias do
momento. Ninguém ignorava, entretanto, que o livro fora mandado imprimir por
conta do autor.
Em segundo lugar, como salientam os críticos Carlos
Reverbel, Rodrigues Till e Augusto Meyer, a obra tem hoje, sobretudo, um valor
artístico, sendo considerada por Meyer, no “Estudo crítico” feito para a edição
de 1961, da Editora Globo, como “a sátira mais viva da literatura brasileira”. [25]
Consideramos que um dos valores fundamentais do poemeto
campestre de Ramiro Barcelos, enquanto obra de arte literária, consiste em
recriar belamente os traços marcantes da cultura política patrimonialista na
sociedade gaúcha. Ilustrar esse aspecto foi o propósito do presente artigo.
Bibliografia
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IV.
[1] TOMARS, Adolf Siegfred. Introduction to the Sociology
of Art. México,
1940. Cit. por René WELLEK e Austin WARREN, in: Teoría Literaria, Madrid:
Gredos, 1969, p. 112.
[2] WELLEK, René e WARREN, Austin.
Teoría
Literaria. Ob.
cit., p. 112.
[3]
VIANNA, Francisco José de Oliveira. Evolução do povo brasileiro. 4a.
Edição, Rio de Janeiro: José Olympio, 1956, p. 28.
[4] WELLEK e WARREN, Teoría
Literaria, ob. cit., p. 113.o
[5]
HEIDEGGER, Martin. “Sobre o Humanismo – Carta a Jean Beaufret”. In: HEIDEGGER, Conferências
e escritos filosóficos. (Tradução de Ernildo Stein). São Paulo: Abril
Cultural, 1979, p. 149.
[6]
FIGUEIREDO, Fidelino de. “Pequeno prólogo” à História literária de
Portugal – Séculos XII-XX. Coimbra: Nobel, 1944, p. 7-10, in: PEREIRA,
Carlos de Assis (organizador), Ideário crítico de Fidelino de Figueiredo.
São Paulo: USP – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1962, p. 437.
[7] Cf. VÉLEZ RODRÍGUEZ, Ricardo. Castilhismo:
uma filosofia da República. 1a. Edição. Porto Alegre: EST;
Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1980. Da nossa autoria também,
cf. O Castilhismo, 2a. Edição. Rio de Janeiro:
Universidade Gama Filho, 1994.
[8]
TILL, Rodrigues. “Posfácio” à 21a. Edição de Antônio Chimango.
(Prefácio de Carlos Reverbel; organização, capa, notas e posfácio de
Rodrigues Till; ilustrações de Mário Mattos). Porto Alegre: Martins, 1978, p.
75.
[9] Prefácio
de Carlos REVERBEL à edição, já citada, de Antônio Chimango.
[10]
FONTOURA, João Neves da. Memórias – 1o. Volume. Borges de
Medeiros e seu tempo. Porto Alegre: Globo, 1958, p. 170-171.
[11]
REVERBEL, Carlos. Prefácio à edição citada de Antônio Chimango, p.
8.
[12] Cf. SCHWARTZMAN, Simon. Bases
do autoritarismo brasileiro. 1a. Edição. Rio de Janeiro:
Campus, 1982, p. 100.
[13]
MEDEIROS, Antônio Augusto Borges de. O Poder Moderador na República
Presidencialista. Recife: Oficinas Gráficas do Diário de Pernambuco,
1933, 175 p. Cf. PAIM, Antônio, “Borges de Medeiros e a Constituição de 1934”.
Apêndice à obra, organizada por Antônio Paim, .A filosofia política
positivista, Rio de Janeiro: PUC / Documentário / Conselho Federal de
Cultura, 1979, vol. I p. 121. Sobre as incoerências do liberalismo da segunda
geração castilhista, cf. o nosso ensaio “Tradição Centralista e Aliança
Liberal”, introdução à obra: Aliança Liberal – Documentos da Campanha
Presidencial, 2a. Edição, Brasília: Câmara dos Deputados,
1982.
[14]
Amaro Juvenal dá o nome de “Coronel Prates” a Castilhos, fazendo uma troca dos
sobrenomes do Patriarca Gaúcho, cujo nome completo era: Júlio Prates de
Castilhos.
[15]
Cf. VIANNA, Francisco José de Oliveira. Populações Meridionais do Brasil
– 2o. Volume: O campeador rio-grandense. 2a.
Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra / Fundação Oliveira Vianna / Governo do
Estado do Rio de Janeiro, 1974.
[16]
Os principais representantes dessa corrente no Brasil são: Raimundo Faoro (Os
donos do poder, Porto Alegre: Globo, 1958); Antônio Paim (A
querela do estatismo, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978); Simon Schwartzman (Bases do
autoritarismo brasileiro, 1a. Edição, Rio de Janeiro:
Campus, 1982) e José Osvaldo de Meira Penna (O dinossauro, São
Paulo: Queiroz, 1987).
[17]
Cf. a nossa obra Castilhismo, uma filosofia da República, (prefácio
de Antônio Paim), 2a. Edição corrigida e acrescida, Brasília: Senado
Federal, 2000, p. 131-156.
[18] WEBER, Max, Economia y
Sociedad. (Tradução española de José Medina Echavarría et
alii), 1ª. Edição em espanhol. México: Fondo de Cultura Económica, 1944, vol. IV, p. 131 seg.
[19]
SCHWARTZMAN, Simon. Bases do autoritarismo brasileiro. Ob. cit., p. 34.
[20] Nos
seus últimos anos, o líder gaúcho converteu-se ao Catolicismo, sua religião de
infância.
[21] O autor
refere-se a Clotilde de Vaux, que era cultuada na Religião da Humanidade de
Comte.
[22]
Cf., de nossa autoria, “Tradição autoritária e direitos humanos na América
Latina”. Boletim do Centro de Ciências Humanas, Universidade
Estadual de Londrina, vol. 1, no. 3 (novembro 1981): p. 2-7.
[23]
Cf. LINS, Ivan Monteiro de. Historia do Positivismo no Brasil, 2a.
Edição, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967.
[24]
REVERBEL, Carlos. Prefácio à edição, já citada, de Antônio Chimango, p.
8. Carlos Reverbel salienta que a segunda edição da obra, aparecida em 1923,
por ocasião da Revolução Federalista, foi datada com o ano de 1915, sendo
também clandestina.
[25]
Citado por Rodrigues Till, no posfácio à edição já citada, de Antônio
Chimango, p. 74.