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segunda-feira, 19 de junho de 2017

INSTITUTO DE HUMANIDADES: 30 ANOS (1986-2016)

(Da esq. para a dir.): Arsênio Eduardo Corrêa, Antônio Paim, Ricardo Vélez Rodríguez e Leonardo Prota. Colóquio Antero de Quental, setembro de 2009, Tiradentes (MG).



O Instituto de Humanidades completou, em 2016, 30 anos de existência. Vale a pena lembrar, com motivo dessa data, as realizações fundamentais. Recordo que Antônio Paim dizia, aos que fomos os seus alunos, que era necessário pensar acerca da forma em que se poderia enfrentar o problema da carência de estudos humanísticos no Brasil. Tais estudos, tradicionalmente, estavam ligados à formação geral do antigo Segundo Grau. Mas, no Nível Superior, tinham desaparecido por força da tradição cientificista que se apossou dos centros de formação e das próprias Universidades.

Os ciclos de modernização que os estudos superiores enfrentaram, tanto no período getuliano quanto no ciclo militar, só fizeram reforçar a carência de formação humanística, tendo sido esta substituída pelas opções técnicas e profissionalizantes. Em artigo escrito no meu blog, deixei isso registrado[1]. Em Leonardo Prota e em mim, a preocupação de Antônio Paim encontrou uma caixa de ressonância, que se manifestou na criação do Instituto de Humanidades, em 1986, por iniciativa do nosso mestre.

O ponto de partida para os rumos que deveria ter o Instituto, no que tange à divulgação da Cultura Ocidental, foi o artigo publicado por Antônio Paim em 1983 com o título: “As Humanidades e a Universidade Brasileira: proposta para obtenção de novo consenso”, (Revista Humanidades, Universidade de Brasília, vol. I, nº 2, janeiro-março 1983). Nesse texto, Paim sintetizou o caminho percorrido hodiernamente pelas grandes universidades do mundo anglo-saxão, no que tange ao estudo das Humanidades. Dois modelos são apresentados: o adotado pelo Saint-John´s College, campus de Annapolis e Santa Fe, nos Estados Unidos, e o modelo escolhido pela Open University inglesa.

O primeiro modelo enfatiza que o saber da Humanidade está contido num cânone de livros (Great Books) escolhido de forma a abarcar os grandes períodos da Civilização Ocidental, desde as suas origens até a época contemporânea. O “Curso de Humanidades” do Saint-John´s College consiste na leitura sequencial de aproximadamente 140 obras básicas, que espelham os valores fundantes da nossa Civilização, e que dão conta das grandes descobertas do Pensamento Ocidental. Os alunos, com a ajuda do tutor, leem as obras do cardápio acadêmico e, sobre elas, elaboram os seus papers e estruturam as monografias.

Em relação ao segundo modelo, ele parte da pressuposição de que o aluno, hoje, precisa de material introdutório aos vários ciclos da Civilização Ocidental, a fim de melhor apreender o fundamento axiológico dos mesmos, bem como os grandes achados da História do Pensamento, sem que se descuide a leitura da bibliografia básica de cada período. Como esta opção é oferecida na modalidade de “Ensino à Distância” adotado pela Open University de Londres, são publicados os manuais introdutórios, que vão acompanhados de material instrucional (questões a serem debatidas ao ensejo das várias leituras). Pela sua proximidade com a experiência de ensino superior no Brasil, esta opção pareceu-nos a mais apropriada e decidimos organizar os conteúdos do nosso Curso de Humanidades seguindo esses parâmetros.

Antes, porém, de lembrar as principais realizações do Instituto, gostaria de contar como encontrei Leonardo Prota e de que forma ele foi encaminhado, por mim, para fazer o seu doutorado em Pensamento Luso-Brasileiro na Universidade Gama Filho.

Eu tinha entrado por concurso público no quadro de professores do Departamento de História e Filosofia da Universidade Estadual de Londrina, no início de 1981. O reitor da UEL era o professor José Carlos Pinotti, um gestor decidido que deitou as bases para os programas de pós-graduação dessa Universidade, ao longo dos anos 80. O interesse dele em contratar professores com pós-graduação, nas várias áreas, técnicas e humanas, prendia-se justamente à sua preocupação por fomentar a criação de cursos de pós-graduação, então praticamente inexistentes nessa Universidade. Pinotti considerava que, sem eles, notadamente na área das Ciências Humanas e das Humanidades, não se sedimentaria a contento a tradição de pesquisa científica na UEL.

Vindo de São Paulo, onde ao longo do final dos anos 70 e início da década de 80 trabalhei arduamente na tentativa de me firmar economicamente, encontrei em Londrina um remanso de paz com bastante tempo disponível no belo campus da Universidade Estadual, a fim de preparar as minhas aulas e terminar a redação da tese de doutorado que defendi no final de 1982 na Universidade Gama Filho, no programa de pós-graduação criado pelos professores Antônio Paim e Eduardo Abranches de Soveral, na área de Pensamento Luso-Brasileiro. Uma vez defendida a minha tese, fui convidado por Antônio Paim, no início de 1983, para trabalhar com ele na pós-graduação da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. Precisava de um substituto para a coordenação do Curso de Pós-graduação em História do Pensamento Político Brasileiro, que eu tinha criado em 1981 na UEL. Como Leonardo Prota tinha se vinculado recentemente e contava com ampla e sólida formação humanística, encontrei nele o candidato para me substituir na coordenação do Curso.

Leonardo, no entanto, achava que era necessário, para bem desempenhar a sua função de coordenação, ter o doutorado na área de Pensamento Luso-Brasileiro, programa que na época somente era oferecido pela Universidade Gama Filho. Assim, o meu amigo candidatou-se em 1983 para fazer o curso de doutorado, tendo sido selecionado. Sob a orientação de Antônio Paim, Leonardo passou a pesquisar a forma em que tinham se desenvolvido as Universidades brasileiras longe da tradição humanística, defeito ausente das Universidades europeias e americanas com as quais o meu amigo estava familiarizado. Efetivamente, ele tinha cursado os seus estudos iniciais na Itália (nas áreas de filosofia e teologia), tendo–os completado, nos Estados Unidos, com um mestrado em educação feito na City University of Los Angeles.

Orientado pelo professor Paim, Leonardo terminou defendendo, na Universidade Gama Filho, em 1985, a sua tese intitulada: Imperativo atual: a busca do modelo diversificado de Universidade, que foi publicada com o título: Um novo modelo de Universidade, pela editora Convívio de São Paulo, em 1987. Na linha desta temática, Antônio Paim tinha escrito o livro intitulado: A Universidade do Distrito Federal e a ideia de Universidade (Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1981), de que se louvou Leonardo Prota e no qual o autor destacava como, embora tivesse sido planejada a criação da Faculdade de Humanidades na reforma efetivada nos anos 60, no entanto nunca chegou a se concretizar no modelo oficial, tendo as Universidades brasileiras descambado simploriamente pelo caminho da formação profissionalizante e da superespecialização, com abandono da formação humanística e da pesquisa, se fechando no limitado modelo pombalino tão criticado por Anísio Teixeira.


(Da esq. para a dir.): Ricardo Vélez Rodríguez, Arsênio Eduardo Corrêa e esposa Maria, e Antônio Paim. Comemoração dos 30 anos do Instituto de Humanidades, na residência de Arsênio e Maria, em São Paulo. 25-06-2017.



(Da esq. para a dir.: Ricardo Vélez Rodríguez, Arsênio Eduardo Corrêa e Antônio Paim).  25-06-2017.

Logo de entrada, Antônio Paim e Leonardo Prota acharam que o Instituto de Humanidades deveria trabalhar em duas frentes: em primeiro lugar, para preencher o vácuo existente no Brasil no que tangia à Formação Humanística, mediante um curso aberto que criasse espaço para o estudo da História da Cultura Ocidental, que seria oferecido tanto ao público universitário como à sociedade em geral, nos moldes seguidos pela Open University inglesa, ou seja, com textos introdutórios às várias seções, além da indicação da bibliografia fundamental. Tal opção respondia melhor à praxe seguida nos estudos superiores no Brasil (como já foi frisado), segundo as quais era necessário fornecer ao aluno, de entrada, uma síntese da informação fundamental.

Em segundo lugar, os meus amigos achavam que o Instituto de Humanidades deveria agir em outra frente: na educação para a cidadania, elaborando uma proposta que fosse apresentada aos professores de ensino fundamental, a fim de ser desenvolvida nas quatro primeiras séries do primeiro grau.

A proposta inicial de Antônio Paim e de Leonardo Prota concretizou-se rapidamente no plano editorial, a fim de dar sustentação às atividades docentes, tanto no plano institucional de Faculdades ou Universidades que adotassem a nossa proposta de estudos humanísticos no currículo das Ciências Humanas, quanto no terreno dos cursos livres, de extensão.

Foi assim como, nos anos seguintes, publicamos as seguintes obras, da lavra conjunta de Paim, Prota e minha: Curso de Humanidades: apresentação geral  (São Paulo: Instituto de Humanidades, 1986); Curso de Humanidades: História da Cultura (São Paulo: Instituto de Humanidades, 1988); Curso de Humanidades: Política (São Paulo: Instituto de Humanidades, 1989); Curso de Humanidades: Moral (Londrina: Editora da UEL, 1997); Curso de Humanidades: Religião (Londrina: Editora da UEL, 1997); Curso de Humanidades: Filosofia (Londrina: Editora da UEL, 1998). A preparação do material instrucional que acompanhava todas essas unidades foi elaborada sob a coordenação da professora Maria Clutilde de Abreu, vinculada ao Instituto de Humanidades desde 1995, depois de ter se familiarizado com a metodologia do ensino à distância, mediante estágio realizado na Universidade de Ensino à distância de Madri. Em 1999, a editora Expressão e Cultura, do Rio de Janeiro, publicou versão resumida de todo esse material, na obra intitulada: Bases e características da Cultura Ocidental, que foi escrita em colaboração por Antônio Paim, Leonardo Prota e por mim (215 pgs.).

De outro lado, a proposta de discussão de um modelo de educação para a cidadania deu ensejo à obra em colaboração de Paim, Prota e minha, intitulada: Educação para a cidadania: compêndio (Londrina: Editora UEL, 1996), que foi reeditada com o título de: Cidadania: o que todo cidadão precisa saber (Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1999), tendo ganhado também da mesma editora versão popular em tamanho de livro de bolso, com o mesmo título (Rio de Janeiro, 1999).

Qual foi o resultado obtido pelo Instituto de Humanidades nas suas atividades nestes trinta anos?

No que tange ao oferecimento do Curso de Humanidades, terminou vingando a alternativa institucional, em detrimento das que poderíamos chamar de Atividades Livres. Já desde o começo, ficou clara a dificuldade para oferecer o Curso no contexto destas últimas, pela falta de canais permanentes de comunicação que nos colocassem em contato com as pessoas interessadas. Foi assim como Leonardo Prota endereçou as atividades do Instituto, no Estado do Paraná, ao redor de convênio assinado entre a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Campo Mourão e o Instituto de Humanidades, a fim de oferecer o Curso na modalidade de pós-graduação lato sensu (como especialização, com duração aproximada de 460 horas), a ser ministrado pela Faculdade de Educação de Campo Mourão, a partir de meados de 1989.

Essa atividade teve pleno sucesso e se estendeu por um período de 10 anos, ao longo dos quais grande número de funcionários da Prefeitura de Campo Mourão, bem como pessoas ligadas à Faculdade e à Comunidade, fizeram o Curso de Humanidades. O efeito dessa atividade foi marcante: mudaram os parâmetros da gestão municipal para um comportamento de maior respeito à pessoa humana, o que se manifestou em medidas práticas, como a humanização do trânsito e em projetos que visavam a implantar, na gestão municipal, um ambiente de cordialidade e respeito para com as pessoas, dando ensejo a um maior cuidado da prefeitura no que tange ao planejamento de áreas de laser e de acesso à cultura.

Além dessa atividade no plano de Cursos de Pós-graduação, Leonardo Prota partiu para ampla divulgação dos estudos das Humanidades em cursos de extensão (com duração de 30 a 60 horas), oferecidos a partir do Centro de Estudos Filosóficos de Londrina, por ele criado em 1989. Esta entidade ofereceu, assim, o Curso de Humanidades em múltiplas edições, ao longo das décadas de 1990 e 2000, abarcando as cidades paranaenses de Londrina, Apucarana, Jandaia, Ibiporã, Cambé, etc., através de convênios com centros educacionais privados. Na própria Universidade Estadual de Londrina foram oferecidas algumas edições do Curso de Humanidades, na modalidade de extensão, ao longo do mesmo período.

Caminho semelhante ao seguido por Leonardo Prota no Paraná passei a percorrer nas cidades onde eu lecionava: Juiz de Fora, em Minas Gerais (onde passei a residir em 1989) e Rio de Janeiro (para onde inicialmente me mudei, vindo do Paraná, em 1983). Em 1984 foi criado o Curso de Mestrado em Pensamento Brasileiro na Universidade Federal de Juiz de Fora, com a colaboração do Professor Paim e minha, além da participação de professores dessa Universidade como José Carlos Rodrigues, Aristóteles Ladeira Rocha e Joel Neves, que tinham feito o seu doutorado em Pensamento Luso-Brasileiro na Universidade Gama Filho.

Em 1990 criei o Centro de Estudos Filosóficos de Juiz de Fora, a fim de aglutinar os alunos do Curso de Mestrado em Pensamento Brasileiro da UFJF. A minha ideia era oferecer o Curso de Humanidades a partir desse Centro. Experiência semelhante à de Leonardo no Paraná (eu não contava com os nexos necessários para atividades em cursos livres na sociedade local), levou-me a oferecer o Curso de Humanidades através do Departamento de Filosofia da UFJF, como atividade de extensão.

Assim, o Curso de Humanidades foi oferecido, ao longo dos anos 90, como Curso de Extensão (com 60 horas de duração) do Departamento de Filosofia da UFJF. Frequentaram o Curso alunos da graduação em Filosofia e da pós-graduação em Pensamento Brasileiro, bem como alunos do Curso de Serviço Social da UFJF. O resultado foi a procura do Mestrado em Pensamento Brasileiro, por parte dos alunos da graduação que tinham feito o Curso de Humanidades. Este serviu, também, como complementação dos conhecimentos humanísticos para os alunos do Curso de Mestrado, que criaram a Revista Phibra para divulgar os seus trabalhos.

No caso dos alunos provenientes da Faculdade de Serviço Social, foi interessante notar que os conteúdos do Curso de Humanidades levaram-nos a questionar a orientação exclusivamente marxista das disciplinas oferecidas pela Faculdade, exigindo uma abertura intelectual então inexistente nesse núcleo.

Paralelamente, desenvolvi Cursos de Extensão em Humanidades (com duração entre 30 e 60 horas), ao longo das décadas de 90 e 2000, em convênio com as seguintes instituições: Faculdades de Comunicação e História da Universidade Gama Filho, Faculdade de Educação da Academia de Comércio em Juiz de Fora, Faculdade de Filosofia Santa Marcelina de Muriaé (Minas Gerais), Instituto São Tomás de Aquino de Juiz de Fora, Faculdade de Filosofia de Cataguases (Minas Gerais), Faculdade de Educação da Serra dos Órgãos (Teresópolis, RJ), Curso de Turismo da Faculdade São José de Santos Dumont (MG), Programa de Mestrado em Educação da Universidade Católica de Petrópolis (RJ), Faculdade de Turismo do Senac-Senai - Hotel Grogotó em Barbacena (MG), Faculdade Eclesiástica João Paulo II (Rio de Janeiro), Centro de Formação da Empresa Brasileira de Correios (Rio de Janeiro) e Centro de Estudos de Pessoal do Exército (Rio de Janeiro). A experiência obtida nesses cursos foi positiva: mostrou o crescente interesse dos alunos pelas Humanidades, com abertura para uma nova dimensão, mais humana, nas atividades profissionais.

Ao lado destas realizações, divulguei entre os professores do Ensino Fundamental a proposta de Educação para a Cidadania da lavra de Paim, Prota e minha, em assessorias que prestei, entre 1986 e 1998, à Secretaria Municipal de Educação da prefeitura de Juiz de Fora.

Na Universidade Gama Filho, ao lado do Programa de Pós-graduação em Pensamento Luso-Brasileiro, o Professor Paim criou, em 1984, o Núcleo de Ensino à Distância, com apoio da Vice-Reitoria Acadêmica (sob a direção do saudoso Professor Manuel José Gomes Tubino), com a minha colaboração e a da professora Maria de Jesus Abreu, membro do Instituto de Humanidades.

O objetivo do Núcleo consistia em oferecer Cursos de pós-graduação lato sensu e de extensão na modalidade de ensino à distância em Política, abarcando as principais doutrinas contemporâneas, com a finalidade de dar embasamento às organizações Político-Partidárias. Foram editados pelo Instituto de Humanidades, em 1994, em convênio com a Gama Filho, os textos básicos, bem como o material instrucional do Curso de Introdução ao Pensamento Político Brasileiro (em 13 volumes e que foi oferecido em nível de especialização, com 360 horas de duração, sob a coordenação de Antônio Paim). Foi editado, da mesma forma, em 1995, o material de Introdução ao Estudo do Liberalismo (em cinco volumes coordenados por Antônio Paim, com a colaboração de Leonardo Prota e minha, tendo sido este curso oferecido sob a modalidade de extensão) e do curso de  Social-Democracia, (em cinco volumes coordenados por Carlos Henrique Cardim, da Universidade de Brasília, com a colaboração de Antônio Paim, Leonardo Prota e minha, sendo este curso oferecido também sob a forma de extensão). Foi publicada também, por Edições Humanidades de Londrina, como material complementar, a coleção intitulada: Introdução à Ciência Política (em cinco volumes), de autoria de Antônio Paim, Leonardo Prota e minha (2002).

O trabalho do Instituto de Humanidades, nos planos editorial e de ensino à distância, abarcou toda a década de 90 e se estendeu até 2002, sendo uma das experiências pioneiras, no Brasil, da modalidade desse tipo de ensino, que se tornaria muito disseminado nas décadas seguintes, com as experiências de conjuntos universitários como a UNOPAR e a Universidade Estácio de Sá, com projetos que se estenderam a todo o país, abarcando as mais diversas áreas. O Instituto de Humanidades foi pioneiro, assim, do ensino à distância no nosso país.

Interessante destacar que, no Rio Grande do Sul, na Universidade Federal de Santa Maria, o professor Selvino Antônio Malfatti realizou o Curso de Introdução ao Pensamento Político Brasileiro, do Instituto de Humanidades, no início dos anos 90, na modalidade de Curso de Especialização, com a colaboração dos professores Paim e Prota, bem como minha. Foi uma realização que alimentou o debate sobre a redemocratização brasileira, destacando a validade do ponto de vista liberal.

Um desdobramento contemporâneo dessas atividades é constituído pela disciplina Ciência Política que é oferecida por mim, a partir de março de 2017, (com duração de 60 horas), no Curso de Administração da Faculdade Arthur Thomas de Londrina (onde leciono a partir de 2014). Utilizo para esse programa o material da coleção Introdução à Ciência Política do Instituto de Humanidades, que resumi em volume de 150 páginas, em edição digital do Instituto de Humanidades e da Faculdade Arthur Thomas.

A Diretoria do Instituto de Humanidades, com sede em São Paulo, é constituída assim: 1986 / Antônio Paim – Presidente. Leonardo Prota (1930-2016) Diretor Executivo no período 1990/2010. Arsênio Eduardo Corrêa, Diretor Executivo a partir de 2010. Membros do Instituto: Anna Maria Moog Rodrigues (a partir de 2016); Franco Nero Dias Marçal (a partir de 2005); Maria Clutilde de Jesus Pinto de Abreu (1995/2010); Maria Cristina de Oliveira Espínola (a partir de 1990); Ricardo Vélez Rodríguez (a partir de 1986).

Uma última observação: trabalhando com Arno Wehling, coordenador do Curso de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uni-Rio), na preparação do curriculum de Mestrado em Arquivologia (que começou a ser oferecido em 1997), observamos a necessidade de apresentar aos alunos da pós-graduação em História e em disciplinas afins (como a Arquivologia), opções diferentes do marxismo que grassava nesse meio nas várias Universidades brasileiras. Assim, foi inserida disciplina que quebrava o monolitismo ideológico tradicional, que era lecionada por mim sob o rubro: “História das Idéias Políticas”, utilizando o material do curso de Política do Instituto de Humanidades. Já era patente, naquela época, a insatisfação dos alunos da graduação e da pós-graduação, com a surrada retórica da vulgata marxista que empobrecia sobremaneira o curriculum acadêmico.

Participando de Seminários Nacionais em várias Universidades (em anos recentes), nas áreas de Ciência Política, Relações Internacionais e História, observei que a recusa ao marxismo já era grande no meio acadêmico e o interesse pelo estudo de temas vinculados ao liberalismo e às doutrinas conservadoras estava em aumento. Registrei essas impressões em duas matérias que postei no Portal Defesa da UFJF. [2]

Á luz dessa experiência e da constatação de que aumentaram muito os portais e sites dedicados ao estudo do liberalismo e de outras doutrinas diferentes do marxismo, chego à conclusão de que, nos próximos anos, as novas gerações encontrarão no material preparado pelo Instituto de Humanidades, fonte de inspiração para novas realizações. A atual geração digital certamente fará o dever de casa, aproveitando os materiais que o Instituto de Humanidades hoje oferece, fruto do intenso trabalho destes trinta anos. [Cf.  www.institutodehumanidades.com.br ]

St. John´s College, Annapolis (Maryland), USA

St. John´s College, Cambridge, UK
St. John´s College - Santa Fe (New Mexico), USA



[1] Cf. “Um caso típico de voo de galinha: as políticas públicas em educação de 1964 até 2014”, in: Pensadordelamancha, 22/02/2014 –  http://pensadordelamancha.blogspot.com.br/2014/02/um-caso-tipico-de-voo-de-galinha-as.html .
[2] Cf. Ricardo Vélez Rodríguez, “Roteiros da jovem historiografia brasileira”, Portal Defesa da UFJF, 29-10-2013 [ http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/RJHB.pdf ]. Cf., também, de minha autoria: “Nova geração liberal – Reflexões com motivo do IV Encontro Estudantil de Relações Internacionais”, Portal Defesa da UFJF, 22-10-2013 

Um comentário:

  1. Passei por esta escola de Humanidades através do doutorado em Pensamento Luso-brasileiro e de contatos com meus mestres - Antonio Paim, Ricardo Vélez, Leonardo Prota -. Trouxe para o sul esta experiência e coordenei a estruturação do curso de pós-graduação em Pensamento Político Brasileiro na Universidade Federal de Santa Marias.

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