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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

TIAGO ADÃO LARA (1930-2019, IN MEMORIAM)


Faleceu recentemente, em Juiz de Fora, o amigo e pensador Tiago Adão Lara.  Tiago, ex-sacerdote salesiano, dedicou-se ao estudo do Pensamento Brasileiro. Nasceu na cidade de São Tiago, em Minas Gerais. Entre  1942 e 1950 cursou estudos no Seminário Salesiano de São João del Rei. Fez o curso de Teologia em Turim, na Itália (entre 1953 e 1957), tendo cursado, ulteriormente, a especialização em Filosofia na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica (1971). 

Cursou o Mestrado em Pensamento Brasileiro na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1976-1977) e, depois, fez o Curso de Doutorado em Pensamento Luso-Brasileiro na Universidade Gama Filho (entre 1982 e 1983). Ao ensejo desse Curso, o conheci no Rio de Janeiro. Tiago foi membro do corpo docente da Faculdade de Filosofia, Ciências de Letras de São João del Rei, dirigida pelos padres salesianos. Foi professor, também, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (em Belo Horizonte). No início dos anos 80 entrou, por concurso público, como professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia, onde se aposentou em 1991.

Dedicou-se, nas últimas décadas, à pesquisa da História da Filosofia, com apoio das Universidades Federais de Uberlândia e de Juiz de Fora. Um dos temas mais caros ao pensamento de Tiago Adão Lara relacionou-se com a questão da Justiça, à luz da Teologia da Libertação, tema pelo qual passou a se interessar após a sua especialização em Filosofia na Universidade Católica de Louvain, um centro importante na divulgação e aprofundamento desse tipo de reflexão teológica, levando em consideração que dali surgiram vários dos grandes teóricos da mencionada Teologia, como o ex-padre Camilo Torres, na Colômbia. 

No Brasil, Tiago acompanhou de perto o Movimento dos Sem Terra, tendo dedicado ao mesmo vários dos seus ensaios no terreno da ética e da teologia. Embora simpatizante do MST, Tiago Adão Lara professou, sempre, um ideal de tolerância para com os que pensavam diferente dele. Assim, integrou-se, construtivamente e sem dificuldades, no grupo maior de pesquisadores e professores da Filosofia Brasileira, reunido pelos professores Antônio Paim, Leonardo Prota e José Maurício de Carvalho ao redor da temática das Filosofias Nacionais, em diálogo com a Filosofia Portuguesa contemporânea. Participou dos vários Colóquios Antero de Quental reunidos no Brasil pelo Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, bem como de alguns dos Colóquios Tobias Barreto patrocinados pelo mesmo Instituto, em algumas Universidades portuguesas. Participou, outrossim, em Londrina, dos vários encontros de professores e pesquisadores da Filosofia Brasileira, organizados pelo saudoso Leonardo Prota, entre 1989 e 2003. 

Meus sentimentos para sua esposa, Maria Helena.

Bibliografia de Thiago Adão Lara.

As raízes cristãs do pensamento de Antônio Pedro de Figueiredo. São João del Rei: Faculdade Dom Bosco de Filosofia, 1977, 345 p.

Pombal e a cultura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Brasil-Portugal, Editora Tempo Brasileiro, 1982, 137 p. (Organizador, em colaboração com Antônio Paim).

História da Filosofia, do Renascimento aos nossos dias. 5ª edição. Petrópolis: Vozes, 175 p. (Coleção Caminhos da Razão no Ocidente).

Tradicionalismo católico em Pernambuco. Recife: Fundação Joaquim Nabuco / Editora Massangana, 1988, 161 p.

A filosofia nas suas origens gregas. 2ª edição. Petrópolis: Vozes, 1992, 231 p. (Coleção Caminhos da Razão no Ocidente).

A escola que não tive, o professor que não fui.  São Paulo: Cortez; Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia, 1996, 246 p.

A filosofia nos tempos e contratempos da Cristandade Ocidental. Petrópolis: Vozes, 1999.

Estudos sobre o Autor.

PAIM, Antônio. O estudo do pensamento filosófico brasileiro. 2ª edição. São Paulo: Convívio, 1986, p. 54-72.

PAIM, Antônio. "LARA, Tiago Adão".  In: Dicionário biobibliográfico de autores brasileiros. Brasília: Senado Federal; Salvador - Bahia: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, 1999, p. 264-265.

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