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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

"DERRUBARAM UM HOMEM E LEVANTARAM UMA NAÇÃO"

Os mitos, dizia Ortega y Gasset, morrem de dentro para fora, não de fora para dentro. Com o mito lulopetista está acontecendo isso: o líder, Lula, morreu políticamente, em que pese todos os esforços do "Mecanismo" para mantê-lo vivo. Morreu porque ele próprio deixou de acreditar naquilo que significava para o país. Dedicou-se a saqueá-lo, em lugar de zelar pelo bem de todos os brasileiros. Lula passará à história como Macunaíma, "o herói sem nenhum caráter", segundo a incomparável ficção de Mário de Andrade (1928). 

Gozado como tanto a social-democracia quanto o socialismo petista pretendiam dar enterro definitivo ao getulismo. E fracassaram, ao tentar prolongá-lo. Porque a proposta de modernização do Brasil que ambas as correntes apresentaram e tentaram implementar, consistiu justamente naquilo que Fernando Henrique tanto criticou em Getúlio: uma modernização pela metade, sem a participação ativa da Nação. Tudo foi devidamente desinfectado das incômodas verificações sociais, e empacotado observando as regras da propaganda do politicamente correto. A mídia foi devidamente aparelhada pelo petismo e pelo PSDB. Chegou-se ao extremo do que Goebbels consideraria uma obra mestra de ficção politicamente correta. Nada, nem a mídia digital, escapa hoje aos engenheiros do socialismo caboclo. Vejamos a tremenda aparelhagem da imprensa nesta campanha que se alastra penosamente, surpreendendo-nos a cada dia com novas investidas contra a liberdade de informação. Só vale a verdade oficial dos Partidos interessados. Nada de dar explicações à sociedade!

Até eu, simples comentarista digital do que acontece no Brasil, comecei a receber, no meu blog e no face, visitas indesejadas de militantes tucanos e petistas que passaram a atacar os meus posts com a devida truculência. De outro lado, as fotos dos protestos anti-Bolsonaro foram "corrigidas" nos jornais para incrementar o tamanho da multidão. Uma pequena "reconstrução" na máquina da história, que Goebbels aplaudiria com entusiasmo. Por outra parte, foi realmente constrangedor o debate de domingo passado entre os presidenciáveis, na Record. Sem a presença de Bolsonaro, todos cerraram fileiras ao redor da aniquilação do candidato ausente. Ninguém, salvo o cabo Daciolo, do Patriotas, centrou a atenção naquilo que era essencial: qual o projeto de governo e quais as novidades que cada um trazia. 

Os candidatos combinaram um ataque feroz ao líder das pesquisas. Imperativo categórico: Bolsonaro não pode ser eleito! Uma pergunta incômoda: Já combinaram com os milhões de brasileiros que saíram às ruas no domingo 30 de setembro? Pelo teor das "releituras" das fotos feitas pela mídia aparelhada, foram quatro gatos pingados. Quatro gatos pingados que ocuparam toda a extensão da areia de Copacabana e que se estenderam de um extremo ao outro da Avenida Paulista! Haja cegueira criativa!

O Nobel de Literatura Mário Vargas Llosa, em recente artigo publicado na imprensa, alertava para o drama das eleições do próximo domingo: segundo ele, deveremos escolher entre morrer de tiro ou de facada. Admiro profundamente a obra do grande escritor peruano. Já dediquei páginas ao seu romance A guerra do fim do mundo (1981), onde reconstrói magnificamente a saga de Antônio Conselheiro e de Canudos. Achei genial a sua descrição da ditadura de Rafael Leônidas Trujillo em República Dominicana, elaborada no alentado romance A festa do bode (2000). É um verdadeiro estudo de caso sobre a gestão do público como privado no contexto do sanguinolento patrimonialismo hispano-americano. Achei bela e humana a reconstrução da saga do diplomata britânico sir Roger Casement no romance intitulado O sonho do Celta (2010). Casement combateu o criminoso patrimonialismo de peruanos e belgas nas plantações de borracha na Amazônia e nas profundezas das florestas do Congo, mas terminou sendo sentenciado a morte pelos ingleses em 1916, por causa do seu ardente patriotismo irlandês. Como é também genial a caracterização que outro Nobel, Gabriel García Márquez, faz do mesmo vício do poder como bem de família, em O outono do patriarca (1975), dedicado à truculenta ditadura antecessora do chavismo, do autocrata venezuelano Juan Vicente Gómez, que governou seu país a ferro e fogo entre 1908 e 1938.

Comentando a assertiva de Vargas Llosa da escolha que nos espera entre o tiro e a facada, os fatos da rua Halfeld em Juiz de Fora já escolheram a facada para o candidato líder nas pesquisas. Só que, por essas ironias da História que o grande Nelson Rodrigues, no caso dos azares do futebol, atribuía ao "sobrenatural de Almeida", a facada consolidou-se como o ponto de partida do crescimento estonteante da popularidade do Mito, como passou a ser chamado, nesta campanha, o candidato preferido dos brasileiros, Jair Messias Bolsonaro. De nada adiantam esperneios nem truculências. As manifestações multitudinárias que inundaram as ruas desde 2013 pedindo uma nova forma de república, não como Res Privata mafiosa, mas como República para todos, repetem-se nesta modorrenta campanha. O que os brasileiros almejam é que a República simplesmente os leve em conta. Ora esse anseio está contido no slogan da campanha de Bolsonaro: "Mais Brasil e menos Brasília". 

De nada adiantam facadas nem aparelhamentos da imprensa e da mídia digital. O torrente da insatisfação popular tomou conta das ruas. E voltará a elas, em forma de tsunami, caso se concretize o pretendido golpe contra a vontade popular na manipulação das urnas eletrônicas no próximo domingo. Manipulação que não é impossível de acontecer, segundo deixam claro repetidos alertas como os efetivados pelo jornalista José Nêumanne Pinto, o escritor e professor Olavo de  Carvalho e o jovem ensaísta Rodrigo Constantino. 

Apenas para mencionar um dos pontos que geram preocupação: a manutenção das urnas eletrônicas foi entregue, pelo TSE, à firma venezuelana Smartmatic, segundo consta da licitação aberta pelo mencionado Tribunal. Essa firma forneceu, para as eleições deste ano, 30 mil impressoras e 75 mil urnas (com o correspondente software). A Smartmatic já tinha prestado serviços ao TSE nas últimas três eleições nacionais (2012, 2014 e 2016). Entre os serviços prestados pela mencionada firma consta, segundo declarou um dos técnicos, "a comunicação de dados e de voz entre áreas remotas do país e o Tribunal, usando tecnologia satelital". 

Ora, cabe a pergunta se a transmissão desses dados é controlada pelo Tribunal e se a firma encarregada de transmiti-los poderia alterar números de votos. São perguntas óbvias e que necessariamente devem ser respondidas com claridade. Causa espécie que tenha sido vencedora do processo de licitação, logo uma firma venezuelana que também tem prestado serviços nas últimas eleições efetivadas na Venezuela que, convenhamos, não se caracterizaram pela sua transparência.  

Estamos de olho! Derrubaram um homem e levantaram uma Nação! Não nos roubarão na próxima eleição!

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