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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

ÍNDICES ACADÊMICOS PÍFIOS DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS



renaTO PEDROSA: O BRASIL NO RANKING UNIVERSITÁRIO THE 2017-2018

Amigos, vale a pena ler este interessante artigo de Renato Pedrosa, da Unicamp, que revela a queda dos índices acadêmicos das Universidades brasileiras ao longo da última década. Devemos, sim, discutir as razões desse baixo rendimento. A meu ver, o modelo brasileiro para as Universidades está falido. É corporativista demais. É estatizante demais. E há dedicação de menos. Os critérios de avaliação da produção de docentes e pesquisadores deveriam ser revistos. Há muito corporativismo. Os governos Lula e Dilma repassaram recursos continuados aos DCEs. Para que melhorasse a produção acadêmica? Duvido. O que ficou claro é que os colegiados de estudantes das Universidades públicas foram cooptados para que não atrapalhassem a roubalheira petista. Houve maconha à vontade e produtividade acadêmica de menos! Obras de expansão foram promovidas pelo governo federal durante o ciclo lulopetista, de forma atabalhoada, sem cuidar dos índices de produtividade acadêmica nas instituições existentes. Recursos enormes foram gastos sem que ficasse clara a prestação de contas. Esse capítulo deveria ser aberto pelo TCU. Tudo para bem do país, para ver se, daqui para frente, podemos dizer que estamos investindo direito o dinheiro dedicado à educação superior.


TRANSCRITO DO BLOG DE SIMON SCHWARTZMAN

Renato H. Pedrosa, Pesquisador do Laboratório de Estudos em Educação Superior DPCT/IG da Unicamp.
Os resultados do ranking mundial de universidades THE 2017-18, publicados no dia 5/9, receberam atenção da mídia, que enfatizou o fato de que o número de instituições brasileiras entre as 1000 melhores do mundo caiu de 27 para 21, em relação ao ranking do ano anterior. Apesar de ser um ponto importante, há outros aspectos da participação brasileira que merecem comentário.
Primeiramente, o ranking anterior (THE 2016-2017) listava 981 instituições, o corrente inclui 1.102. O número total de universidades brasileiras subiu de 27 para 32, um aumento de participação de 2,8% para 3,0% do total.
Como comparação, o número de universidades chinesas passou de 52 para 63 (de 5,3% para 5,7% do total), e o número delas entre as 1000 primeiras passou de 52 para 60, indicando que o sistema chinês ampliou sua competitividade, enquanto o do Brasil o perdeu, por esse critério. Olhando o grupo das 500 primeiras classificadas, o Brasil passou de duas (USP e Unicamp) para três universidades (Unifesp a mais). A China, em comparação, tem 22 universidades nesse grupo (eram 21 no ano anterior). Mas o maior contraste está no grupo de elite, as 200 primeiras. Ali, o Brasil não tem nenhuma instituição, a China coloca sete, sendo duas entre as 50 primeiras (U. Peking, 27a, e U. Tsinghua, 30a). A Coreia do Sul, outro país asiático, tinha 25 universidades no ano passado e agora inclui 27. Entretanto, coloca quatro entre as top200 e duas entre as 100 primeiras. Entre as 500 primeiras, são 11 universidades, nos dois últimos rankings, mostrando um desempenho muito superior ao do Brasil.
Observando o grupo brasileiro em mais detalhes, destacam-se a ascensão da Unifesp, que subiu de faixa, da 601-800 para a 501-600, com escore final passando de 27,5 para 30,9; a queda da UFPr, do grupo 601-800 para o 1000+, com queda no escore final de 19,0 para 12,6 pontos; e a eliminação da UFBa (que estava no grupo >800 com escore 13,1). Como é impossível que uma instituição apresente variações reais muito significativas entre dois anos, parte das variações se deve a mudanças na forma como as universidades passam as informações para os órgãos que desenvolvem os rankings. Esse deve ser o caso da UFPr e da UFBa.
Hoje, na China, na Coreia do Sul e mesmo em países europeus nos EUA, há órgãos internos nas universidades cuja finalidade é coletar, organizar e transferir informações para órgãos de governo e outros, como os que publicam os rankings. Isso ainda é incipiente no Brasil, mas os dados desses dois últimos anos do THE mostram que, com poucas exceções, todas as universidades melhoraram seus escores finais, algumas significativamente, além da Unifesp: Unesp (+3,4), UFSCar (+3,4), UFABC (+2,9), UEL (+2,8), UFCe (+2,7), UFPe (+2,6) e UFOP (+2,5). As que apresentaram queda no escore final foram: USP (-0,8), UERJ (-1,7), UFLavras (-2,4) e a UFPr (-6,4) (veja a tabela geral com escores nos dois anos, classificações no ranking e no grupo, e variação entre escores).

Um comentário final: muitos questionaram como a Unicamp poderia ter sido a primeira colocada no ranking THE Latin America e agora aprece atrás da USP no ranking mundial. A resposta está em como os indicadores estão construídos. Tanto os de ensino quando os de pesquisa levam em conta pesquisas de reputação, sendo que, no caso do THE LaTam, os pesquisados são pessoas da AL. No caso do THE internacional, são pessoas de todo mundo. A USP seria mais reconhecida no contexto mais amplo do que no contexto restrito, em relação à Unicamp, resultando na inversão da classificação.

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