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terça-feira, 3 de maio de 2016

DE LAGARTO PARA O MUNDO: A SUSPENSÃO DA WHATSAPP E O PENSAMENTO DE SÍLVIO ROMERO

Sílvio Romero (1851-1914), precursor da Sociologia brasileira e formulador da corrente do "Culturalismo Sociológico".


O Ilustre Juiz de Lagarto (Sergipe) que bloqueou a WhatsApp, deixando incomunicados por três dias mais de 100 milhões de brasileiros, poderia recordar o pensamento de um lagartense ilustre, Sílvio Romero (1851-1914), um dos precursores do pensamento sociológico brasileiro. 

Para Sílvio Romero não há monocausalismo em ciências sociais. A realidade é mais complexa do que a nossa vã imaginação. Ora, a decisão monocrática do ilustre magistrado do Sergipe pressupõe que ele está à par de todas as variáveis da vida social. Se é para desmontar uma quadrilha de narcotraficantes, o caminho certamente não é deixar incomunicados 100 milhões de cidadãos. Há outros meios. Mas isso não passou pela cabeça do juiz, que, em decorrência do clima positivista ainda imperante nas Faculdades de Direito, acha que está de posse da ciência, que lhe garante o conhecimento irrefutável da realidade "como ela é".  

O debate que se desenvolve nos Estados Unidos sobre caso similar, está deixando claro que a polícia e a magistratura têm que investir mais em inteligência e em tecnologia, a fim de não estorvar a vida dos pagadores de impostos. 

É evidente que há uma desproporção entre o meio e o fim almejado com a decisão judicial em causa. É como se pretendesse alguém, para livrar a criancinha da picada da vespa, eliminar o perigoso inseto com um tiro de canhão que mataria, certamente, o indesejável bicho, mas também eliminaria "acidentalmente" a inocente vítima. 

O problema, a meu ver, é a estrutura patrimonial do Estado brasileiro, inchado e ineficiente, potencializada pelo vírus do cientificismo de magistrados e causídicos. É mais fácil sacrificar os interesses dos cidadãos do que os órgãos de segurança e a magistratura serem mais eficientes e menos alheios à sociedade a que devem servir!

A magistratura brasileira, aliás, está dando um show de bola, pela mão do honrado juiz Sérgio Moro (pertencente à jovem geração de advogados paranaenses formados na crítica ao cientificismo positivista e abertos ao culturalismo apregoado por Sílvio Romero e Miguel Reale). 

Sérgio Moro consegue driblar as dificuldades colocadas pela petralhada no poder, a fim de dar prosseguimento à operação Lava-Jato, ao mesmo tempo que obedece, com elegância e dentro da lei, às pouco compreensíveis exigências impostas pelo Ministro Teori Zavascki do Supremo, quando as investigações chegam perto do Molusco. Tudo bem: malgré tout qui se passe, a rigorosa investigação do juiz Sérgio Moro segue em frente e a consequência direta é que o PT já não consegue mais intimidar nem a Justiça nem os cidadãos de bem deste país. 

Dilma e Lula vão ter o destino que merecem: a saída do palco da política, o xilindró e o esquecimento. Bem que o ilustre juiz de Lagarto poderia ver todas estas coisas e não repetir, no futuro, decisões monocráticas semelhantes à que deixou incomunicados milhões de brasileiros.

2 comentários:

  1. Faltou dizer que este juizinho conquistou a fama nacional e internacional de ser um
    completo boçal "aloprado" razão pq foi intimado pelo CNJ para justificar sua esdrúxula aberração. coisa de quem quer "aparecer".
    Só podia ser de Sergipe mesmo.

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  2. Bom, de Sergipe tem coisa boa e coisa ruim. Só para ficar no exemplo relatado no meu artigo, já bastaria Sílvio Romero para deixar nas alturas a cultura sergipana! Obrigado pelo teu comentário e grande abraço!

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