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quarta-feira, 7 de julho de 2010

AS MÚLTIPLAS CARAS DE PAU DOS PETRALHAS

Mal começou a campanha e os petistas mostram a que vieram e quem eles são. Vieram para culminar a obra de desmonte das instituições democráticas no Brasil. Todos eles são caras de pau, a começar pela candidata Dilma Rousseff, que não teve a menor vergonha de afirmar que o programa apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral, na segunda-feira, 5 de Julho, não é para valer, tendo-o substituído por novo texto. Ora, ora, isso é fazer de todos nós, eleitores, um bando de ignorantes e ingênuos. Será que vamos engolir mais essa? O Lula já tinha feito coisa semelhante quando revogou o programa do Partido, em 2002, a famosa “Carta do Recife”, substituindo-o, a toque de caixa, pela memorável “Carta aos Brasileiros”, com base na qual desenvolveu a sua campanha. O problema é que os petistas, Dilma, Lula e os militantes do Partido, não acreditam nas instituições democráticas. Guardaram dos seus anos de comunismo o menosprezo pelas denominadas “instituições burguesas” que, como ensinavam Marx e Lênin, deveriam simplesmente ser destruídas para, sobre as suas ruínas, erguer a “ditadura do proletariado”.

Lula acrescentou, sobre essa herança perversa do marxismo-leninismo inserida na ideologia petista, o componente populista. Para essa forma de fazer política, o que importa é estabelecer uma espécie de “convívio emocional” entre o líder e o povão que ele diz representar, prescindindo das instituições. Como afirma um dos mais importantes estudiosos contemporâneos do fenômeno, o cientista francês Pierre-André Taguieff, na sua obra A Ilusão populista (Paris, 2007), o líder populista é um demagogo cínico que apregoa a salvação do povinho destruindo as instituições democráticas. Isso é, nem mais nem menos, o que Lula tem feito: desmoralizar as instituições de direito, a começar pela representação política, a justiça, os tribunais de contas e a vida político-partidária, para, sobre as cinzas da anomia, erguer a sua figura de salvador da pátria. O atual presidente não duvida um instante em comprometer a credibilidade da nossa diplomacia, tirando dela qualquer seriedade ao acomodá-la aos seus interesses populistas. Acaba de fazer isso na visita ao ditador e genocida Teodoro Obiang Ngema Mbasongo, da Guinê Equatorial, alcunhando essa vulgar iniciativa de “pragmatismo”.

O “nosso guia” já tinha tomado atitude semelhante, em múltiplas oportunidades, ao longo dos seus quase oito anos de mandato, em face de outros autocratas como o presidente do Sudão, ou saindo na defesa incondicional dos populistas latino-americanos Chávez, Morales, Corrêa, Ortega, para não falar da sua amizade incondicional com os irmãos Castro, que presidem a mais antiga satrapia ibero-americana. E, por falar em Sátrapas, Lula desmoralizou ainda mais a nossa política externa, ao se alinhar, desavergonhadamente, com o presidente iraniano, cuja legitimidade, nas eleições que o guindaram de novo ao poder, é questionada no próprio Irã e pela comunidade internacional. Tudo com a finalidade de deixar uma porta aberta para uma desvairada corrida atômica, banida pela nossa Carta Magna. Aliando-se com quem não deve, Lula terminou, de outro lado, brigando com quem não deve, colocando pedras no caminho de dois países latino-americanos que derrubaram as tentativas de tomada acintosa do poder por populistas ou totalitários: foram decepcionantes as reiteradas críticas do seu governo às ações empreendidas pelo presidente Uribe, da Colômbia, contra as FARC (ainda não consideradas terroristas pelo governo brasileiro), bem como a tragicômica encenação na embaixada brasileira em Honduras, para prestigiar o golpista ex-presidente Zelaya, aliado de Chávez.

Mas voltemos à nossa cena de campanha presidencial que começa. Como muito bem esclareceu o candidato José Serra, as diretrizes de um programa de governo são "a alma" do que se quer - e alguns pontos que constavam da primeira versão da equipe de Dilma são o que o PT realmente defende, "como a facilitação de invasão de terras". Ele citou, ainda, o controle da imprensa. "É tema em que a gente sabe o que eles pensam. Sempre que podem, isso é dito, depois eles vêm e corrigem". O que os adversários mostram, frisou Serra, "não são duas caras, são várias caras". E acrescentou: "Nós temos uma só cara, a minha cara". Garantiu, em seguida, que as diretrizes de seu programa foram "minuciosamente escritas". Dilma, certamente, aprendeu com o mestre a mefistofélica arte de apresentar várias “caras de pau” à opinião pública. Tentativa que, em debates abertos e limpos, certamente será colocada a nu e devidamente exorcizada.

Num outro aspecto a candidata Dilma deixa ver a sua “cara de pau”, ao afirmar que a apresentação de vários pontos programáticos conflitantes é praxe normal nos Partidos. Fazendo caminhada pelas ruas centrais de Porto Alegre - ao lado do candidato petista ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro - Dilma foi cobrada pelo episódio do duplo programa e se defendeu com as seguintes palavras: "Nós não concordamos com a posição expressa (sobre controle da mídia, aborto e invasão de terras)", afirmou. "Tem coisas do PT com as quais concordamos, coisas com as quais não concordamos, e assim nos outros partidos também". Ora, isso é sofisma de distração. Imaginem os caros leitores a sagrada indignação dos petralhas, caso algum partido da oposição fizesse o que eles fazem, e apresentasse ao eleitorado vários programas conflitantes. Seria um deus-nos-acuda de rasgação de vestes e imprecações. Sem essa: todos os Partidos são obrigados a apresentar à opinião pública o seu programa, com base no qual se desenvolverá a campanha. Nem mais nem menos. E dos petistas esperamos que respeitem essa norma mínima da democracia.

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