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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

LIÇÕES DE UMA CAMPANHA CHOCHA

Aécio Neves, o meu candidato.
A primeira fase da campanha presidencial chega languidamente ao seu fim, envolta no nevoeiro das chuvas desta primavera incipiente. A característica marcante foi, a meu ver, a escassa empolgação que produziu na opinião pública brasileira, em decorrência, principalmente, dos tapumes que a legislação eleitoral vigente coloca à análise e discussão de propostas de governo. Seria necessário revê-la para que, futuramente, a campanha seja o que em realidade deveria ser: um debate livre entre os cidadãos e os candidatos, tendo como fulcro os programas de governo.

Considerada do ângulo dos vários candidatos, poderíamos frisar que a campanha não foi satisfatória, em decorrência do fato de que estes não expuseram, de forma clara, desde o início, programas de governo elaborados previamente. Consistiu, mais, numa briga de palanque, desenvolvida ao ensejo das conveniências de momento, ao sabor das circunstâncias e tendo como norte as pesquisas de intenção de voto.

A candidata oficial, Dilma, pecou por fazer da campanha simples espaço de propaganda, sem nenhum compromisso com a verdade e sem mostrar o mínimo respeito para com a inteligência dos eleitores, tratando-os como se fossem simples fichas manipuláveis pelos marqueteiros de plantão. Nada de expor, de forma clara e honesta, um programa mínimo de governo. Nos vários debates havidos ao longo destas semanas, Dilma foi grossa, mentirosa, chata e chegou até o desplante de utilizar o espaço tradicionalmente concedido na ONU ao primeiro mandatário brasileiro, ao ensejo da abertura oficial das sessões, para fazer da tribuna desse colegiado internacional simples palanque a serviço do seu partido. A maior parte do tempo da intervenção de Dilma girou ao redor da propaganda político-partidária, tendo-se dedicado a falar, para uma plateia que escutava com desinteresse, das façanhas e realizações que o PT teria consolidado em doze anos de desgoverno. 

Segundo vários analistas destacaram, a candidata do PT mostrou, mais uma vez, por que o Brasil da era lulopetralha é considerado, no espaço internacional, como um “anão diplomático”, ao ensejo do alinhamento da primeira mandatária brasileira ao lado dos terroristas do Estado Islâmico e contra os países que organizaram a reação armada, liderados pelos Estados Unidos. Dilma, em matéria de diplomacia e política internacional, segue as pegadas do seu mestre, Lula, que se alinhou célere, durante os seus dois governos, ao lado de ditadores e genocidas e iniciou a criminosa política de desmonte das tradições republicanas no Itamaraty. Vergonha internacional! A petralhada poderia ter-nos poupado dessa humilhação perante a Organização das Nações Unidas!

O candidato do PSDB, Aécio Neves foi, disparado, o melhor nos debates. Educado, objetivo, claro, respondeu às indagações dos seus interlocutores, sem cair na lengalenga propagandística cozinhada no fogão dos marqueteiros. Largou os punhos de renda costumeiros dos tucanos, nas oportunas e duras críticas que desferiu contra Dilma e o seu partido. Criticou a candidata do PSB pela forma açodada em que elaborou o seu programa de governo, costurando propostas socialdemocratas do PSDB com itens da cartilha socialista. Aécio revelou-se à altura da tradição mineira, como digno rebento do legado de Tancredo Neves.  Agradou aos seus seguidores, entre os quais eu me incluo. Mas não agradou o suficiente. Teve uma falha séria: deixou para os últimos dias da campanha a apresentação completa do seu programa de governo, dando a impressão de esperteza para não ser criticado e abrindo o flanco para que a candidata Marina Silva tomasse carona oportunista nas propostas tucanas. Ora, Aécio tinha meios de fazer, desde o início, uma apresentação objetiva de um programa de governo que o PSDB tem. Não bastava dizer, como frisou, que já era conhecido o receituário tucano. Era necessário, na campanha, apresentar o programa integral e explica-lo progressivamente, ao ensejo das circunstâncias propiciadas pelos debates. O PSDB tem excelentes economistas, cientistas políticos e sociólogos de renome internacional, a começar pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Aécio pecou exatamente por mineirice, ou seja, por ter confiado demais na política de pé de ouvido, descuidando o debate aberto. Costurar alianças como fez o candidato Aécio claro que é importante. Mas as circunstâncias pediam coisas novas.

E a novidade consistia, certamente, nas várias propostas que o PSDB elaborou, ao longo das últimas décadas, nos terrenos econômico, das políticas sociais, das relações internacionais e das políticas culturais e que, atualizadas na aplicação oportuna às atuais circunstâncias, teriam elevado o tônus dos debates e satisfeito ainda mais o eleitorado. Como destacou a jornalista Dora Kramer, Aécio, enquanto senador, não entrou em cena oportunamente como verdadeiro oposicionista. Poupou o PT de críticas necessárias na tribuna parlamentar. Entrou em campanha como político respeitador do sistema, sem que a opinião pública o tivesse registrado, na sua memória, como opção crítica de oposição verdadeira e forte aos desmandos petralhas. A sua queda nas intenções de voto para Marina Silva decorreu, certamente, dessa falha.

A candidata Marina Silva foi guindada aos céus dos altos índices de intenção de voto pelo inesperado desaparecimento trágico de Eduardo Campos. O messianismo político é combustível de fácil ignição no cenário político. Não é necessário exagerar, contudo. Versões conspiracionistas tentaram potencializar os fatos, como se o candidato do PSB tivesse sido vítima de um plano diabólico da CIA, para colocar em destaque uma candidata que teria as bênçãos dos poderosos do planeta. Por essa trilha esotérica, poder-se-ia pensar que a agência americana teria treinado, no serpentário de Baal, o astuto réptil que induziu Adão e Eva a comer da fruta proibida, com a finalidade de instaurar a guerra entre os homens, a fim de favorecer, na trágica história humana, os fabricantes de armas. Marina não se explica por essas fantasiosas análises de pseudociência. Ela foi considerada pela opinião pública, sob os holofotes da campanha, como opção viável diferente da inescrupulosa petralhada. E, de forma inteligente e oportunista, pinçou elementos aproveitáveis da proposta tucana, no terreno macroeconômico e nas políticas sociais. Acertou em cheio. Mas, é pena, de forma temporária, como tudo que acontece sob o calor da emoção messiânica. Conseguirá, ao ensejo desse élan, chegar como a opção das oposições no final da campanha e nas urnas? Os fatos dirão.


Torço sinceramente para que, nesta última semana de campanha, o meu candidato, Aécio Neves, continue recuperando o fôlego e consiga chegar, na reta final da eleição presidencial, como o preferido do eleitorado para suceder Dilma no comando do Brasil. É, sem dúvida, a opção mais lúcida e a que melhor conseguirá pacificar um país bastante dividido pelos desgovernos do patrimonialismo petralha e pela estúpida campanha ideológica desenvolvida pelo PT. É a melhor opção para, depois do final deste lamentável governo, refazer a nossa economia, já bastante golpeada pela burrice estatizante e corporativa de três mandatos que foram infelizmente escolhidos pelo povo brasileiro que, decerto, pagará a conta – como já a está pagando – de tantos abusos e da cleptocracia que se apossou do Estado. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O MENSALÃO II E AS ELEIÇÕES

Dizia recentemente o candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, que o seu era um programa de governo que pouparia ao Brasil surpresas desagradáveis, em decorrência do nível de transparência que o caracterizaria e pelo fato de que a sua proposta de exercício do poder se situaria na linha de fazer do Estado uma instituição a serviço da sociedade e não um instrumento de enriquecimento de uma minoria às custas da Nação. Estava certo o candidato peessedebista. Chega de surpresas negativas! Se há uma coisa que está faltando na onda política dos governos lulopetistas, ao longo da última década, é transparência, de um lado, e de outro, espírito público que lhes teria permitido entender o Estado e o governo como instituições a serviço dos brasileiros e não como um negócio das arábias para o PT e coligados. 

A mais recente surpresa foi, como tem sido fartamente noticiado nestas semanas, a protagonizada pelo partido do governo, o PT, nas declarações feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, ao ensejo da sua delação premiada, que colocou na linha de tiro importantes figuras do mundo da política, citando os nomes de mais de trinta altas autoridades que teriam se beneficiado com a dinheirama roubada do Tesouro brasileiro. O Mensalão II, o da Petrobrás, é muito mais grave que o primeiro, tanto pela soma do dinheiro desviado (calculada em mais de 10 bilhões de reais), quanto pela estrutura da engenharia de corrupção montada e a duração do achaque aos cofres públicos, entre 2004 e 2012. Tudo, evidentemente, sob o comando impune da cúpula petralha que, no decorrer dos últimos meses esvaziou a CPI mista no Congresso, tendo-a colocado sob o rígido controle dos petistas, que céleres impediram qualquer revelação danosa ao partido, bolando até uma farsa de declarações previamente montadas nos bastidores do poder, com a finalidade de poupar os figurões da Petrobrás e do PT.

A manobra criminosa é semelhante à do primeiro Mensalão: garantir uma fonte de dinheiro para tornar possível a perpetuação dos lulopetistas e aliados no poder. Tudo pago, evidentemente, pelo contribuinte, ocultando da sociedade as articulações, os gestores e os beneficiários, bem como o montante do dinheiro surrupiado dos cofres públicos e os beneficiários da farsa. Façanha macunaímica do Novo Príncipe, o PT, que é capaz de cooptar todo mundo! 

A estrutura da ladroagem e do projeto de corrupção continuada é forte demais para passar desapercebida. Os historiadores do futuro, certamente, compará-la-ão ao ciclo pombalino, em que, ao redor do Primeiro Ministro português, o Marquês de Pombal, organizou-se copiosa fronda burocrática integrada por espertalhões partidários do governante patrimonialista, invadindo todos os espaços da aparelhagem estatal, constituindo, segundo os críticos da época, um verdadeiro "cupinzeiro" que corroeu, de dentro para fora, as entranhas do Estado português, empobrecendo brutalmente a população. Ora, desmontar o Leviatã patrimonialista é tarefa de séculos, como o mostra a história portuguesa. Somente no século XX e com a entrada na Comunidade européia, é que foi possível estabelecer, em Portugal, controles institucionais continuados sobre o núcleo do poder, a fim de que servisse a todos os cidadãos.

Raimundo Faoro, no seu clássico livro de 1958, Os donos do poder, deixou clara essa característica quase sempiterna do patrimonialismo tupiniquim, em palavras que parecem mais o anúncio de uma exasperante escatologia da malandragem, do que uma luz de esperança. Escreveu o saudoso jurista de Bagé: "A longa caminhada dos séculos na história de Portugal e do Brasil mostra que a independência sobranceira do Estado sobre a nação não é a exceção de certos períodos, nem o estágio, o degrau para alcançar outro degrau previamente visualizado. O bonapartismo meteórico, o pré-capitalismo que supõe certo tipo de capitalismo, não negam que, no cerne, a chama consome as árvores que se aproximam de seu ardor. (...) O estamento burocrático, fundado no sistema patrimonial do capitalismo politicamente orientado, adquiriu o conteúdo aristocrático, da nobreza da toga e do título. A pressão da ideologia liberal e democrática não quebrou, nem diluiu, nem desfez o patronato político sobre a nação, impenetrável ao poder majoritário, mesmo na transação aristocrático-plebeia do elitismo moderno. (...) O poder - a soberania nominalmente popular - tem donos, que não emanam da nação, da sociedade, da plebe ignara e pobre. (...) O Estado, pela cooptação sempre que possível, pela violência se necessário, resiste a todos os assaltos, reduzido, nos seus conflitos, à conquista dos membros graduados de seu estado-maior. E o povo, palavra e não realidade dos contestatários, que quer ele? (...) A lei, retórica e elegante, não o interessa. A eleição, mesmo formalmente livre, reserva-lhe a escolha entre opções que ele não formulou".

Assino embaixo da caracterização que fez recentemente Reinaldo Azevedo, do Leviatã patrimonialista engordado pela petralhada há dez anos no poder. Eis como o notável jornalista caracterizou o centenário monstro, ao ensejo do arroto mais espantoso que já se ouviu sair de suas entranhas, o Segundo Mensalão:

"O esquema da Petrobras, que chamo aqui de Petrolão, em tudo reproduz o mensalão. Não é diferente nem mesmo a postura do Poder Executivo, da Presidência da República. Dilma repete, ainda que de modo um tanto oblíquo, o conteúdo da frase célebre de seu antecessor: Eu não sabia, ainda que, no comando da Petrobras, durante os oito anos de governo Lula e em quase dois da atual gestão, estivesse José Sérgio Gabrielli, um medalhão do PT, o principal responsável pela compra da refinaria de Pasadena. Nada, nada mesmo, lembra tanto a velha política como a gestão miserável que tomou conta da Petrobras. Infelizmente para o país, o nome de Eduardo Campos, antecessor de Marina Silva na chapa presidencial do PSB, aparece no centro do escândalo. As falas de petistas e peessebistas se igualavam na desconversa até ontem. Nesta segunda, Marina Silva mudou um pouco o tom (...). Para arremate da imoralidade, um ministro como Gilberto Carvalho (...) vem a público para atribuir a corrupção desavergonhada ao sistema de financiamento de campanha. Segundo ele, caso se acabem com as doações privadas, isso desaparecerá. Trata-se de uma falácia espantosa. Ao contrário: se e quando as doações de empresas forem extintas, mais as estatais estarão entregues à sanha dos partidos. Escreverei isto aqui pela enésima vez: é claro que o PT não inventou a corrupção. Os larápios já aparecem em textos bíblicos; surgem praticamente junto com a civilização. Mas nenhum outro partido na história da democracia (e até das ditaduras), que eu me lembre, buscou naturalizar a prática corrupta como mera necessidade, como uma imposição dos fatos, como tática de sobrevivência. Até quando?" [http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/os-desavergonhados/  08/09/2014].
Se me fosse dado indicar um caminho seguro, no seio desta campanha de sobressaltos e denúncias bombásticas, indicaria o seguinte: que somente fiquem no páreo da disputa presidencial aqueles candidatos que não aparecem vinculados aos desmandos petralhas, tanto no primeiro, quanto no segundo Mensalão. Essa seria uma solução que estaria atenta à dignidade nacional e à preservação da boa fé que deve acompanhar os pleitos eleitorais. Como vamos votar em alguém sobre quem pairem dúvidas acerca da sua honestidade no trato da coisa pública? Somente assim não teríamos surpresas desagradáveis depois de uma eleição que os cidadãos de bem encaramos como uma faxina da casa.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

MARCOS POGGI DE ARAÚJO: A LEI É PARA TODOS (ALHURES...)

Amigos, em tempos de blindagem lulopetista em favor dos companheiros que roubaram na Petrobrás, chegando a pôr em risco a sobrevivência da empresa, valha lembrar um caso, não semelhante mas apenas análogo (o montante de dinheiro em questão é infinitamente menor no caso desta narrativa em relação ao affaire da petralhada na Petrobrás). Repasso texto que me foi encaminhado pelo meu amigo Marcos Poggi de Araújo, do Rio de Janeiro.

Para nós, que:

a)      criticamos os valores prevalecentes na cultura ocidental (em especial a anglo-saxônica protestante) que, tanto na Europa como em certos países fora dela, resultaram no tipo de vida que o proletariado com certo grau de qualificação leva, e que não se diferencia muito da vida da  maioria dos industriais e comerciantes (vale dizer, dos burgueses), na medida em que tanto uns quanto os outros vão com a família de avião passar férias em resorts tropicais, têm automóveis de boa qualidade, televisores de plasma 3D, DVDs, laptops e i-phones, além de freqüentarem teatros e restaurantes nos fins de semana e de contarem com serviços de saúde de qualidade e de boas escolas para seus filhos;

b)     mentimos à vontade (sobretudo as autoridades), na maior cara de pau, não apenas para o agente de trânsito, mas  também para a polícia, o tabelião, o juiz e o povo ... e nunca dá nada;

c)      vemos, passivamente, investigados e investigadores, ao arrepio da lei, em relações promíscuas, combinando previamente os detalhes das investigações;

d)     podemos roubar, estuprar e matar... e se, por acaso, pegos, não precisamos passar muito tempo na cadeia;

e)      privilegiamos o compadrio e, invariavelmente, procuramos blindar, acobertar e justificar os erros e os crimes dos nossos cupinchas ...

... para nós, fica mesmo muito difícil de entender os ingleses ... como pode ser conferido na história abaixo do deputado e ministro britânico Chris Huhne.
O Ex-deputado inglês Chris Huhne e a sua ex-mulher, Vicky Price.


Em 2003, um deputado inglês chamado Chris Huhne foi pego por um radar dirigindo em alta velocidade. Para não perder a carteira, pois na Inglaterra é feio uma autoridade infringir a Lei, a mulher dele, Vicky Price, assumiu a culpa.

O tempo passa, o deputado vira Ministro da Energia, o casamento acaba, a Vicky decide se vingar e conta a história pra imprensa. Como é na Inglaterra, o tal do Chris Huhne é obrigado a se demitir primeiro do ministério e depois do Parlamento. ACABOU A HISTORIA? NÃO!!!

Segurança nacional? Nem pensar, infrator é infrator.

Privilégio porque é político? Nadica de nada!

Só mesmo nesses paisinhos capitalistas europeus um ministro perde o cargo por mentir para um guarda de trânsito.

Porque aqui sim,  neste maravilhoso paraíso chamado Brasil, a primeira lei que um guarda de trânsito aprende é saber com quem está falando.

Na Inglaterra é crime mentir para a Justiça e ontem a Justiça sentenciou o casal envolvido na fraude do radar em 8 meses de cadeia pra cada um. E vão ter de pagar multa de 120 mil libras, uns 350 mil reais.

Segredo de Justiça? Nem pensar, julgamento aberto ao público e à imprensa.

E o que disse o Primeiro Ministro David Cameron quando soube da condenação do seu ex-ministro: "É uma conspiração da mídia conservadora para denegrir a imagem do meu governo." Certo? Errado!

O que disse o Primeiro Ministro David Cameron acerca do seu ex-ministro foi o seguinte: “É pra todo mundo ficar sabendo que ninguém, por mais alto e poderoso que seja, está fora do braço da Lei.”

Estes ingleses são um bando de botocudos!